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Direito trabalhista (pós-reforma) HORAS EXTRAS E MODALIDADES DE COMPENSAÇÃO 1 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 1. Jornada extraordinária ........................................................................................................ 2 1.1. Horas extras .................................................................................................................. 3 1.2. Sistema de compensação de jornada.......................................................................... 4 1.3. Horas in itinere .............................................................................................................. 4 Exercícios ...................................................................................................................................... 5 Gabarito ........................................................................................................................................ 6 Resumo ......................................................................................................................................... 7 2 Introdução Nessa apostila será dado seguimento a outras peculiaridades sobre a jornada de trabalho. Você já deve saber que é possível prorrogar a jornada diária de trabalho em até duas horas. Prorrogação essa que chamamos de jornada extraordinária. Essas horas trabalhadas após o limite da jornada normal de trabalho serão estudadas agora, nesse momento você terá a oportunidade de aprofundar o conhecimento sobre a incidência da jornada extraordinária, as modalidades de compensação e as horas in itinere. Você já ouviu falar nas horas in itinere? Pois então, horas in itinere é aquele tempo que o empregado leva de deslocamento até a sede da empresa, pois então, sobre essas horas houve uma alteração significativa na CLT e precisamos ficar atento a essa mudança. Vamos mergulhar no assunto? Objetivo • Analisar a incidência de horas extras e horas in itinere. • Aprofundar as modalidades de compensação 1. Jornada extraordinária Você sabe por que as horas extras nunca são pagas em percentual inferior a 50% de acréscimo a hora normal? Esse percentual de 50% é garantia constitucional e está previsto no art. 7º, inciso XVI da Constituição Federal, que dispõe que o serviço extraordinário superior será remunerado em no mínimo 50% ao valor da hora normal. Veja que é no mínimo 50%, o que nada impede acordo coletivo ou negociação coletiva estipulado um percentual maior, a menor nunca! CAI NA PROVA! Embora o art. 241 da CLT traga a previsão de adicional de 25% sobre a hora extra, é importante saber que tal adicional, foi elevado pela Constituição Federal ao patamar de 50% (CF, art. 7º,XVI), portanto, não existe horas extras com adicional de 25%, o mínimo é o adicional0 de 50%. 3 Continuando os estudos sobre jornada de trabalho, podemos classificar a jornada como sendo normal, que é quando o empregado não excede os limites legais, ou ainda extraordinária, sempre quando ultrapassar o limite da jornada previamente fixada por lei ou instrumento normativo em vigor. 1.1. Horas extras A jornada extraordinária, também chamada de suplementar, extravagante ou excedente, é aquela que excede ao limite diário de oito horas previsto na Constituição. Por exemplo: Ocorre jornada extraordinária, quando o empregado trabalha após o limite de oito horas diárias ou quarenta e quatro horas semanais. A hora em sobrejornada deve ter o acréscimo de 50% do valor da hora normal (art. 7º, XVI da Constituição Federal). O próprio nome da jornada já menciona seu caráter extraordinário, por isso, deveria ser evitada, pois as horas suplementares são uma exceção que, a rigor não deveriam ocorrer. Contudo, ocorrendo com habitualidade, o valor percebido a título de horas extras integra a remuneração do trabalhador para o cálculo das gratificações semestrais. Importante, esclarecer que não serão descontados e nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários (art. 59, §1º da CLT), esclarecendo o legislador por meio do dispositivo, dúvidas que poderiam surgir com o apontamento do horário. Que minutos seriam esses? São aqueles minutos em que o empregado bate o ponto um pouco antes do horário de entrada e/ou um pouco depois do horário de saída, pois dependendo do número de funcionários de uma empresa, torna-se humanamente impossível, registrar o ponto no horário. Sendo que nos cinco minutos antes ou depois, não serão computados como horas extras. Também não serão computadas como período extraordinário, conforme dispõe o art. 4º, § 2º e incisos da CLT, a que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos, quando o empregado por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares como: práticas religiosas; descanso; lazer; estudo; alimentação; atividades de relacionamento social; higiene pessoal; troca de roupa ou uniforme, quando não houver a obrigatoriedade de troca na empresa. 4 1.2. Sistema de compensação de jornada Os critérios de compensação de jornada mantiveram-se em sua redação original com a introdução da Lei n.13.467/2017, dessa forma, o art. 59, § 2º da CLT, autoriza que seja anual, porém não exclusivamente, como veremos adiante. Dispõe o §2º do art. 59 da CLT: § 2º Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. A compensação de jornada de trabalho pode ser ajustada por acordo coletivo, convenção coletiva, ou por acordo individual. Isto é, o regime de compensação ocorre quando houver o aumento da jornada em um dia pela correspondente diminuição em outro dia, de forma a garantir o módulo semanal de 44 horas ou 220 horas/mensal. Um exemplo bem conhecido é a compensação do dia de sábado, conforme você viu, a duração normal de trabalho é de oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais, facultado a compensação da jornada por meio de acordo ou convenção coletiva de trabalho. Contudo, um empregado que trabalho oito horas por dia de segunda a sexta, tem no final o somatório de 40 horas trabalhadas, faltando ainda laborar quatro horas que deverão ser laboradas aos sábados. Dessa forma, para evitar o trabalho aos sábados, por meio de acordo ou convenção coletiva, estipula-se a compensação de sábado para quê, o empregado trabalhe 8 horas e 44 minutos por dia, de segunda a sexta, que totaliza a jornada semanal de 44 horas. Quando o regime de compensação for estabelecido por acordo individual verbal, a compensação deve ocorrer no mesmo mês (art. 59, §6º da CLT). Descumpridas as normas quanto à compensação, não implicará a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária, mas apenas o excesso semanal (mais de 44 horas),na qual serão devidos o adicional de 50% pelas horas excedentes. Ocorrendo habitualidade no trabalhando extravagante, não descaracterizará o acordo de compensação de jornada e o banco de horas. Por fim, não é permitido o regime compensatório na modalidade “banco de horas”. Também não é válido acordo de compensação de jornada em atividade insalubre, ainda que estipulado em norma coletiva, sem a necessária inspeção prévia e permissão da autoridade competente (art. 60 da CLT). 1.3. Horas in itinere Antes da Lei nº 13.467/17, as horas in itinereera conhecida como o tempo que o empregado despendia até o local de trabalho e vice-versa, por qualquer meio de 5 transporte, que não seriam contabilizados como jornada de trabalho, contudo, seria contabilizado como jornada de trabalho se o local fosse de difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecesse a condução. Dessa forma, quando o local era de difícil acesso e não possuía transporte público regular, o tempo despendido era computado como jornada de trabalho, sendo que quando ocorresse o extrapolamento da jornada de trabalho, as horas a mais eram, inclusive, consideradas extraordinárias e ensejariam o adicional respectivo. Ocorre quê, a Lei n. 13.467/17, alterou o parágrafo 2ºdo artigo 58 da CLT, excluindo as horas in itinere como contagem do tempo de serviço. Na atual lei vigente, o tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, por qualquer que seja o meio de transporte, não será computado como jornada de trabalho, por entender o legislador que esse tempo o empregado não está à disposição do empregador. Portanto, percebe-se que a nova redação do art. 58, §2 da CLT, não deixou margens para questionamento, deixando claro que as horas in itinere não serão consideradas como jornada de trabalho. Exercícios 1) (IBADE, 2018) O que o trabalhador recebe quando excede a jornada contratual de trabalho, ocorrendo quando o registro de presença for anterior ao da entrada ou posterior ao da saída é conhecido como: a) Hora extra. b) Reembolso. c) Diária. d) Contribuição. e) Gratificação. 2) (Autor, 2019) A Constituição Federal, no art. 7º, XIII, faculta a compensação de horários de trabalho. Por meio desse procedimento, o excesso de horas em determinada jornada é compensado pela diminuição de horas em outra. Acerca da compensação de horários, assinale a alternativa correta: a) A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de jornada. b) É inválido, acordo de compensação de jornada em atividade insalubre, ainda que estipulado em norma coletiva, sem a necessária inspeção prévia e permissão da autoridade competente, na forma da CLT. 6 c) A compensação de jornada de trabalho não pode ser ajustada por acordo individual. d) A compensação de jornada de trabalho somente é válida se ajustada por acordo ou convenção coletiva de trabalho, sendo vedado acordo individual escrito para tal fim. e) Todas as alternativas estão corretas. 3) (Autor, 2019) A empresa ABC contratou Roberto, que mora em uma cidade do interior há 40 km da sede da empresa. O local onde fica a empresa e onde Roberto reside não possui transporte público regular, tendo o empregador que fornecer a condução. Sobre horas in itinere, análise as afirmativas abaixo e marque a alternativa correta: I – O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo empregador, até o local de trabalho de difícil acesso, ou não servido por transporte público regular, e para o seu retorno é computável na jornada de trabalho. II – A incompatibilidade entre horário de início e término da jornada do empregado e os do transporte público regular é circunstância que também gera o direito as horas in itinere. III – O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo empregador, até o local de trabalho de difícil acesso, ou não servido por transporte público regular, e para o seu retorno não é computável na jornada de trabalho. IV – O fato de o empregador cobrar, parcialmente ou não, importância pelo transporte fornecido, para local de difícil acesso ou não servido de transporte regular, não afasta o direito à percepção das horas in itinere. a) Estão corretas as afirmativas I e II. b) Estão corretas as afirmativas II, III e IV. c) Apenas a afirmativa I está correta. d) Apenas a afirmativa III está correta. e) Apenas a afirmativa IV está correta. Gabarito 1. Alternativa A. 7 A jornada extraordinária, também conhecida como suplementar, extravagante, excedente ou simplesmente como hora extra, é aquela que excede ao limite diário de oito horas previsto na Constituição. 2. Alternativa B. Nas atividades insalubres, assim consideradas as constantes dos quadros mencionados no capítulo "Da Segurança e da Medicina do Trabalho", ou que neles venham a ser incluídas por ato do Ministro do Trabalho, Industria e Comercio, quaisquer prorrogações só poderão ser acordadas mediante licença prévia das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho, as quais, para esse efeito, procederão aos necessários exames locais e à verificação dos métodos e processos de trabalho, quer diretamente, quer por intermédio de autoridades sanitárias federais, estaduais e municipais, com quem entrarão em entendimento para tal fim. 3. Alternativa D. O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador. Resumo A jornada extraordinária é aquela que excede ao limite diário de oito horas prevista na Constituição. O empregado que excede as oito horas diárias, terá direito ao acréscimo de 50% sobre a hora normal excedente e se houver habitualidade integrarão a remuneração do obreiro nas gratificações semestrais. Porém, até cinco minutos antes de iniciar o labor ou até cinco minutos depois de terminar o expediente, as atividades particulares que o empregado exercer dentro das dependências da empresa, não serão computados como hora extra. O sistema de compensação poderá ser firmado por meio de acordo individual, acordo coletivo ou convenção coletiva de trabalho, permitindo que se trabalhe a mais num dia, para corresponder a diminuição de outro dia. Lembrando que sendo as horas suplementares habituais, não descaracterizará o acordo de compensação de jornada. Não é válido acordo de compensação de jornada em atividade insalubre, ainda que estipulado em norma coletiva, sem a necessária inspeção prévia e permissão da autoridade competente. 8 As horas in itinere é o tempo que o empregado gasta do percurso casa- trabalho e vice-versa, atualmente esse tempo não é contabilizado como jornada de trabalho, mesmo que o local não tenha transporte público regular. 9 Referências bibliográficas BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei nº 5.442, de 01.mai.1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm: Acesso em 22 de março de 2019. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 22.mar.2019 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho: De acordo com a reforma trabalhista. 14ª edição. São Paulo: Método, 2017. DELGADO, Mauricio Godinho. Cursode Direito do Trabalho. 12ª edição. São Paulo: LTr, 2013. FRANCO FILHO, Georgenor de Souza. Curso de Direito do Trabalho: de acordo com a Lei n. 13.467/17 e a MP n. 808/2017. 4ª edição. São Paulo: LTR, 2018. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 11ª edição. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. MARTINEZ, Luciano. Reforma Trabalhista: entenda o que mudou. 2ª edição. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. SARAIVA, Renato; SOUTO, Rafael Tonassi. Direito do Trabalho. 20ª edição. Salvador: Editora Juspodivm, 2018. SILVA, Homero Batista Mateus da. CLT comentada. 1ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019
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