Buscar

ARTIGO A ALIENAÇÃO PARENTAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS, VERSÃO FINAL

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

���
Curso de Direito						 Artigo Original
A SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS
PARENTAL ALIENATION SYNDROME AND ITS CONSEQUENCES
Marcelo Aparecido de Melo
 Aluno do Curso de Direito
Gianni Nery Mota
 Professor 
RESUMO
Introdução: o presente trabalho tem a finalidade de mostrar para a sociedade à importância da criação da Lei 12.318/2010 que prevê acerca da Alienação Parental, as formas em que se apresentam e suas reais consequências jurídicas e psicológicas. Portanto, serão explanadas as condutas que podem configurar este tipo de Alienação e quais os motivos para sua aplicação, além dos malefícios que a Síndrome da Alienação Parental (SAP) pode desencadear na criança ou adolescente. Por fim, serão mencionadas as consequências e os métodos de prevenção desta Alienação, objetivando assim, garantir os direitos fundamentais do menor e dos seus genitores.
Palavras-Chave: Alienação Parental (AP); Lei 12.318/2010; Síndrome da Alienação Parental (SAP).
ABSTRACT
Introduction: This paper aims to show to society the importance of the creation of Law 12.318 / 2010 that provides for the Parental Alienation, the ways in which they present itself and their real legal and psychological consequences. Therefore, the behaviors that may configure this type of Alienation and the reasons for its application will be explained, as well as the harm that Parental Alienation Syndrome (PAS) can cause in children or teenagers. Finally, the consequences and prevention methods of this Alienation will be mentioned, aiming at assuring the fundamental rights of the minor and his parents. 
Keywords: Parental alienation (PA); Law 12,318 / 2010; Parental Alienation Syndrome (PAS).
Contato: marcelocelg@hotmail.com
�
INTRODUÇÃO 
De acordo com Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona, “a expressão Síndrome de Alienação Parental (SAP) foi cunhada por Richard Gardner, Professor do departamento de Psiquiatria Infantil da Faculdade de Columbia em Nova York nos Estados Unidos no ano de 1985” (GAGLIANO; PAMPLONA, 2011, p. 603).
 	Tal síndrome acontece na infância nos casos em que há disputas de guarda da criança ou adolescente, nesta fase são introduzidas pelo Alienante ao menor a implantação de falsas memórias a fim de que este passe a repudiar o genitor Alienado.
 	Normalmente, as práticas de Alienação Parental são aplicadas em razão do término do relacionamento conjugal, na qual uma das partes não aceitando o fim do relacionamento, de maneira egoísta e cruel acaba usando irresponsavelmente o menor contra o outro ex-cônjuge ou ex-companheiro. Os motivos que levam o Alienante a praticar tais condutas são: ciúme, rejeição, inveja, vingança, possessividade ou até mesmo para evitar a fiscalização financeira do uso da pensão alimentícia dada a criança ou adolescente.
 	Em face das mudanças culturais e das práticas da alienação parental estarem sendo aplicadas com habitualidade, nasceu a necessidade de se criar uma norma que penalizasse esta conduta. Dessa forma, em 26 de agosto de 2010 foi criada e tipificada a Lei 12.318, que visa coibir a infração de Alienação Parental. 
 	Portanto, faz oportuno mencionar adiante os tipos de configuração da Alienação Parental, os danos que esta síndrome pode ocasionar, bem como os métodos preventivos e eficazes para proteção do menor e do genitor Alienado.
MATERIAIS E MÉTODOS
Critérios Éticos: proteção e garantia da criança ou adolescente e do genitor Alienado de ter acesso ao convívio com sua família. São fatores que independe dos genitores estarem ou não numa relação conjugal, mas sim do direito absoluto do Alienado e do menor de manter seus laços afetivos com sua família maternal e paternal em qualquer situação.
 Caracterização do Estudo: Analisar casos em que configuram as práticas de Alienação Parental e sua Síndrome; as consequências jurídicas e psicológicas e os métodos de prevenção que podem ser eficazes a fim de garantir o direito absoluto ao convívio familiar.
Amostra: o presente trabalho será elaborado por pesquisas dadas por meio: bibliográfico, artigos científicos, legislação brasileira e sites direcionados para o tema em análise.
Procedimentos do estudo: A pesquisa será apresenta visando ressaltar a importância da criação da Lei 12.318 de 2010; mostrar as formas em que pode ser identificada as condutas que configuram a Alienação Parental e seus impactos negativos na criança ou adolescente após ter sido implantada as falsas memórias (Síndrome da Alienação Parental) e o que o genitor alienado ou até mesmo a sociedade pode fazer para prevenir e evitar a efetivação das práticas desta Alienação.
1 – A EFICÁCIA DA LEI 12.318 DE 2010 E SEUS ASPECTOS GERAIS 
	A prática de Alienação Parental vem sendo utilizada há anos, tanto que a primeira vez que houve uma análise mais aprofundada do tema foi em 1985 pelo psiquiatra Richard Gardner.
 	O psiquiatra começou a observar que tais condutas eram aplicadas normalmente em casos em que havia separação conjugal e disputas de guarda do menor. Diante disso, um dos genitores movidos por sentimentos fúteis e cruéis acabava usando a criança ou adolescente como escudo de sua vingança para atingir o ex-companheiro.
	Com a promulgação da Lei do divórcio no Brasil, as mudanças culturais e evolução da sociedade, houve consideravelmente um aumento na ruptura conjugal, e em consequência, foram intensificadas as práticas alienatórias no país.
Em face de tal cenário, surgiu a necessidade de criar uma norma que considerasse tais condutas como ilícitas, e em prol, pudesse haver a devida punição do Alienador.
	Com intuito de proteger os laços familiares e garantir os direitos fundamentais do menor e do genitor Alienado, foi criada no Brasil em 26 de Agosto de 2010 a Lei de Alienação Parental.
Após longos anos de espera, finalmente foi aprovada em 26/08/2010 (véspera do Dia do Psicólogo), a Lei nº 12.318/2010, que trata da Alienação Parental. A proposta inicial havia partido do dr.Elízio Luiz Perez, Juiz do 2º TRT de São Paulo, e após consultas a profissionais e pessoas que também vivenciam a alienação, e tornou-se o Projeto de Lei nº 4.053/2008, de autoria do Deputado Régis de Oliveira (PSC-SP); ao ser aprovado por unanimidade na Câmara, seguiu para o Senado, onde tornou-se o PLC nº 20/2010, tendo como relator o Senador Paulo Paim (PT-RS), e também foi aprovado naquela Casa na íntegra. Porém, o texto final aprovado pelo Presidente Lula teve dois artigos vetados, que serão vistos adiante (SILVA, 2011).
	A presente Lei prevê em seu texto rol meramente exemplificativo, podendo ser configurado como Alienação Parental qualquer ato abusivo que viole os direitos absolutos da criança ou adolescente e do genitor Alienado de manter seu convívio em família.
Art. 2o - Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. 
Parágrafo único.  São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros:  
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; 
II - dificultar o exercício da autoridade parental; 
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; 
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; 
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; 
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar
ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; 
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós. 
O nascimento desta Lei foi um grande marco brasileiro, conquanto, esta não deve andar sozinha, para ter uma eficácia melhor na sua aplicação no plano jurídico deve estar amparada pelos princípios Constitucionais, do Código Civil (CC) e estatuto da criança e adolescente (ECA). 
Portanto, far-se-á necessário citar alguns dispositivos das leis acima a fim de reforçar a proteção dos direitos e garantias do menor e do genitor Alienado, e evitar tais práticas abusivas, como também esclarecer e expor todas as possibilidades jurídicas preventivas.
A LEI DE ALIENAÇÃO PARENTAL EM CONSONÂNCIA COM A CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA DE 1988
Antes da criação da Lei de Alienação Parental existia outras formas de proteção à família e ao menor, porém não de forma tão específica como após a tipificação desta norma.
Vale destacar que esta Lei deve andar atrelada a outros princípios e normas jurídicas que já amparavam os direitos absolutos e inerentes à toda família. Assim sendo, entende que a Lei 12.318 de 2010 em sua aplicação deverá seguir os princípios constitucionais para ter harmonia e equilíbrio em sua estrutura.
Os princípios constitucionais são especialmente importantes para a hermenêutica constitucional, porque se traduzem em autênticos valores fundamentais, a serem compreendidos pelo intérprete da Constituição, quando da aplicação das demais normas constitucionais e infraconstitucionais (ZIMERMMANN, 2004, p. 189).
 A Constituição Federal de 1988 prevê em seus artigos 226 a 230 sobre os direitos da família, da criança, do adolescente, do jovem e do idoso. Como o tema é de suma importância para compreensão do instituto da Alienação Parental, faz oportuno mencionar alguns artigos:
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. Regulamento
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
 
Ao analisar o artigo 227 da Constituição Federal com a Lei de Alienação Parental, nota-se que aquele se correlaciona com o art. 3° da Lei 12.318/10:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
Art. 3o A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda.
A LEI DE ALIENAÇÃO PARENTAL EM CONSONÂNCIA COM O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
A Lei de Alienação Parental deve também respeitar o previsto no Código Civil brasileiro, principalmente, no que tange os princípios protecionistas citados na parte de Direito de Família.
O Livro IV do código Civil de que trata sobre o Direito de Família faz menção aos direitos e deveres do casamento, divórcio, guarda do menor e todos os direitos e garantias da criança ou adolescente, os quais não podem ser cortados pela separação dos genitores.
Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos.
Parágrafo único. Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, não poderá importar restrições aos direitos e deveres previstos neste artigo.
Além disso, o Código Civil menciona no seu capítulo XI sobre a proteção dos filhos, estando presente neste capítulo 08 artigos (do 1.583 a 1.590), sendo relevante transcrever alguns destes dispositivos para uma melhor análise entre o código e a Lei supramencionada.
Art. 1.586. Havendo motivos graves, poderá o juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira diferente da estabelecida nos artigos antecedentes a situação deles para com os pais.
Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação.
Parágrafo único.  O direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz, observados os interesses da criança ou do adolescente.
 Ante o exposto, mais uma vez restou comprovado que o mero fato de haver separação conjugal não dá direito ao genitor Alienante de interferir nos laços afetivos entre o infante e o genitor Alienado.
O interesse do filho, portanto, em matéria de visita, é de ordem pública, e deve ser soberanamente apreciado pelo juiz, levando-se em consideração três ordens de fatores: o interesse da criança, primordialmente; as condições efetivas dos pais, secundariamente, e, finalmente, o ambiente no qual se encontra inserida a criança. O interesse maior do filho justifica toda e qualquer modificação ou supressão do direito sempre que as circunstancias exigirem (GONÇALVES, 2010, p. 291)
1-3 A LEI DE ALIENAÇÃO PARENTAL EM CONSONÂNCIA COM O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO BRASIL 
A Lei 8.069/90 que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) nasceu exclusivamente com um único objetivo: defender integralmente os direitos absolutos e fundamentais de todo menor.
Nota-se que tanto o Estatuto, como a Lei de Alienação Parental tem como finalidade precípua proteger os direitos e garantias inerentes a todo infante.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA):
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
A razão lógica deste princípio vim sempre expresso nas normas jurídicas se dá em prol da criança ou adolescente ser considerada
parte frágil diante dos seus direitos e garantias, em outras palavras, são hipossuficientes, uma vez que estão em processo de formação psicológica, podendo ser facilmente manipulados em face da ausência de maturidade.
Portanto, restou comprovado que o princípio da prioridade absoluta em razão do menor é de extrema importância para efetivação dos seus direitos, pois o mesmo tema fora citado na Lei da Alienação Parental, no Código Civil, na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do adolescente.
Diante do exposto, é perceptível a relevância de fazer tal comparação entre as normas, a fim de evidenciar que juntas encontram apoio entre si, e em consequência, tornam-se mais fortes para o combate das práticas de Alienação Parental.
2 – FORMA DE IDENTIFICAÇÃO DAS PRÁTICAS DE ALIENAÇÃO PARENTAL
		A Alienação Parental é identificada quando o genitor Alienante tentar manipular a criança ou adolescente, atribuindo falsas acusações contra o genitor Alienado, com intuito de afastar o menor do seu convívio familiar.
	Conforme o citado anteriormente, as práticas alienatórias começam a ser aplicadas e se configuram no momento em que há ruptura da relação conjugal em litígio e a consequente disputa da guarda do infante.
	Corrobora Mônica Guazzelli apud Maria Berenice Dias, 2011, p. 462/463:
Muita das vezes, quando da ruptura da vida conjugal, se um dos cônjuges não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, o sentimento de rejeição, ou raiva pela traição, surge um desejo de vingança que desencadeia um processo de destruição, de desmoralização, de descrédito do ex-parceiro. Nada mais do que uma “lavagem cerebral” feita pelo guardião, de modo a comprometer a imagem do outro genitor, narrando maliciosamente fatos que não ocorreram ou não aconteceram conforme a descrição feita pelo alienador. Assim, o infante passa aos poucos a se convencer da versão que lhe foi implantada, gerando a nítida sensação de que essas lembranças de fato aconteceram. 
	Normalmente, nos casos em que não existe uma separação consensual, um dos genitores acaba usando o menor como escudo de sua vingança para atacar o outrem.
	Em regra, os motivos que levam os genitores a praticarem as condutas alienatórias são os mais insignificantes e desprezíveis possíveis, tendo em vista que são motivados por: vingança, amargura, raiva, traição, não aceitação da separação, sentimento de abandono, inveja ou até mesmo a fim de evitar a fiscalização do uso da pensão alimentícia, entre outros motivos fúteis.
	As práticas de Alienação Parental não se restringe apenas na figura materna ou paterna, podendo tais atos serem praticados pelos avós, tios, irmãos ou qualquer indivíduo que tenha convívio com a criança ou adolescente.
	De acordo com o entendimento do Defensor Público Joaquim Azevedo Lima Filho:
Na maioria dos casos (percentual superior a 90%) são as mães que têm a guarda dos filhos é mais comum que essas manipulem as crianças e adolescentes contra o pai, sugerindo ao menor que o pai é pessoa perigosa ou irresponsável, controlando ou dificultando os horários de visitas, passeios e viagens e criticando as atitudes do genitor e dos familiares ligados ao pai. Em alguns casos extremos chegam a fazer enganosas acusações de abuso sexual impetradas pelo pai ou mesmo falsas agressões físicas ou psíquicas contra os menores. Alegam sempre que sua atitude visa proteger a criança do pai que, na sua versão, não merece confiança (LIMA, 2012).
	Diante disto, é de suma importância que a sociedade entenda quais são as condutas ou atos que podem configurar as práticas de Alienação Parental para que possam tentar coibi-las.
	Assim sendo, faz oportuno citar novamente o artigo segundo da Lei 12.318/2010, rol meramente exemplificativo, a fim de sanar quaisquer dúvidas acerca do modo de configuração da Alienação Parental:		
Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. 
Parágrafo único.  São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia praticados diretamente ou com auxílio de terceiros: 
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; 
II- dificultar o exercício da autoridade parental; 
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; 
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; 
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; 
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; 
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós.
	Como o artigo acima é um rol exemplificativo, a Alienação Parental poderá se configurar das mais variadas formas possíveis. A identificação desta Alienação sempre será dada quando o genitor tentar desqualificar a imagem do genitor Alienado, a partir deste momento, diariamente, o Alienante tentará introjetar falsas acusações ou memórias na cabeça da criança ou adolescente, objetivando afastá-la do seio familiar.
	De acordo com Maria Berenice Dias:
O filho é convencido da existência de determinados fatos e levado a repetir o que lhe é afirmado como tendo realmente acontecido. Nem sempre consegue discernir que está sendo manipulado e acaba acreditando naquilo que lhe foi dito de forma insistente e repetida. Com o tempo, nem o alienador distingue mais a diferença entre verdade e mentira. A sua verdade passa a ser verdade para o filho, que vive com falsas personagens de uma falsa existência, implantando-se, assim, as falsas memórias (DIAS, 2011, p.463).
3 - DISTINÇÃO ENTRE ALIENAÇÃO PARENTAL E SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL
 	Ainda que a Alienação Parental (AP) e a Síndrome da Alienação Parental (SAP) seja na maioria da vezes utilizadas como termos sinônimos, não se confundem, sendo de extrema importância fazer esta diferenciação a fim de que possam ter uma melhor compreensão dos efeitos que tais condutas podem desencadear no menor.
A Alienação Parental é um processo que se desenvolve quando é colocado em prática os atos alienatórios; e se, estes atos chegarem na finalidade do genitor Alienante, os quais são: a implantação das falsas memórias na cabeça do menor contra o Alienado, somente neste momento, será configurada a Síndrome da Alienação Parental. 
 Segundo o entendimento da Maria Berenice Dias:
Síndrome significa um distúrbio, são sintomas que se instalam em consequência da extrema reação emocional ao genitor, cujos filhos foram vítimas. Já a Alienação são os atos que desencadeiam verdadeira campanha de desmoralização levada a efeito pelo alienante. (DIAS, Maria Berenice, 2013, p. 16).
Em outras palavras, a AP é um processo que de fato desencadeia a SAP, porém, não necessariamente terá a Síndrome quando restar comprovado que houve a Alienação, pois aquela somente se configura quando houver a efetivação da implantação das falsas memórias na psique do infante, ou seja, a Síndrome da Alienação Parental nada mais é que as consequências advindas dos atos alienatórios consumados.
	Madaleno esclarece tal distinção:
De acordo com a designação de Richard Gardner, existem diferenças entre a síndrome da alienação parental e apenas a alienação parental; a última pode ser fruto de uma real situação de abuso, de negligência, de maus-tratos ou de conflitos familiares, ou seja, a alienação, o alijamento do genitor é justificado
por suas condutas (como alcoolismo, conduta antissocial, entre outras), não devendo se confundir com os comportamentos normais, como repreender a criança por algo que ela fez fato que na SAP é exacerbado pelo outro genitor e utilizado como munição para injúrias. Podem, ainda, as condutas do filho ser fator de alienação, como a típica fase da adolescência ou meros transtornos de conduta. Alienação é, portanto, um termo geral que define apenas o afastamento justificado de um genitor pela criança, não se tratando de uma síndrome por não haver o conjunto de sintomas que aparecem simultaneamente para uma doença específica. (GARDNER, Richard, 1.987, apud, MADALENO, Ana Carolina, 2013, p. 51).
	Por outro lado, afirma Richard Gardner apud Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (2011):
A síndrome de Alienação Parental (SAP) é um distúrbio da infância que aparece quase exclusivamente no contexto de disputas de custódia de crianças. Sua manifestação preliminar é a campanha denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita pela própria criança e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da combinação das instruções de um genitor (o que faz a ‘lavagem cerebral, programação, doutrinação’) e contribuições da própria criança para caluniar o genitor alvo. Quando o abuso e/ou a negligência parentais verdadeiros estão presentes, a animosidade da criança pode ser justificada, e assim a explicação de Síndrome de Alienação Parental para hostilidade da criança não é aplicável (GAGLIANO; PAMPLONA, 2011, p. 603).
	Estudos apontam que existem 03 (três) diferentes níveis de estágio da Síndrome de Alienação Parental, os quais são denominados como: leve, médio ou moderado, grave ou severo.
	A diferença destes estágios se dá em razão da complexidade dos atos alienatórios, a forma com que se instalam as falsas memórias na cabeça da criança ou adolescente e o modo que este começa a agir contra o Alienado. 
	Exemplificando: se o menor após iniciada a campanha difamatória ainda consiga conviver com o genitor Alienado, considera-se grau leve; caso aumente a frequência da difamação e este passe aceitar as falsas acusações e se mostrar conivente com o Alienador passará para o segundo grau da SAP que é o médio ou moderado; agora no último estágio que é o nível grave ou severo a Síndrome foi totalmente instalada, fazendo gerar no menor o sentimento de recusa em manter os laços afetivos com o genitor Alienado.
	Por fim, é de suma importância frisar que não é necessária a instalação da Síndrome de Alienação Parental para ser aplicada a Lei 12.318 de 2010, bastando que seja configurado os atos de AP para aplicá-la no caso concreto, pois a referida Lei tem a finalidade precípua de proteger e coibir a caracterização desta infração.	
4 – CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DA SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL (SAP)
 
Uma vez instalada a SAP, esta comprometerá o desenvolvimento normal e sadio da criança ou adolescente, podendo desenvolver problemas psiquiátricos temporários ou definitivos.
 	Afirma Jussara Meirelles apud Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2011) que “se o filho é manipulado por um dos pais para odiar o outro, aos poucos, suavemente se infiltrando nas suas ideias, uma concepção errônea da realidade, essa alienação pode atingir pontos tão críticos que a vítima do ódio, já em desvantagem, não consegue revertê-la” (GAGLIANO; PAMPLONA, 2011, p.604).
Assegura Carlos Roberto Gonçalves que “cria-se nesses casos, em relação ao menor, a situação conhecida como ‘órfão de pai vivo’ ” (GONÇALVES, 2011, p. 305).
 	É de suma importância ter ciência que os efeitos do trauma infantil variará de acordo com os seguintes fatores: idade, personalidade, temperamento, grau de maturidade psicológica da criança ou adolescente, além de levar em conta o domínio emocional que o Alienante tem sobre o menor.
As consequências em face deste trauma pode ser dada de inúmeras formas, entretanto, estudos apontam que infantes que tiverem tal síndrome, normalmente apresentam ser portadores de doenças psicossomáticas, sintomas de agressividade, sentimentos de abandono e ódio, bloqueio de aprendizagem, dificuldade em manter laços na vida social, podendo até se tornar adultos depressivos que rejeitam ter relacionamentos matrimoniais ou constituir sua prole, transtornos de identidades, desorganização mental que em um grau mais elevado pode despertar o interesse ao suicídio.
Portanto, corrobora a Psicanalista Maria Socorro e Psicopedagoga Terezinha Teixeira:
Estas crianças e adolescentes emaranhadas neste processo de alienação parental, frequentemente, desenvolvem alguns sintomas como: irritabilidade com colegas da escola e em casa; falta de ânimo para as atividades escolares e suas tarefas do dia a dia; agressividade com colegas, professores e familiares; não conseguem uma relação estável, quando adultas; apresentam alguns distúrbios psicológicos como depressão, ansiedade e pânico; quando mais velhos passam a utilizar drogas e álcool como forma de aliviar a dor e a culpa da alienação (SARAIVA; JOCA, 2013).
 
Destarte, o Juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 1° Vara de Família de Campo Grande, menciona que:
Estas crianças herdam os sentimentos negativos que a mãe separada ou o pai separado sofrem. É como se elas, as crianças, também tivessem sido traídas, abandonadas, pelo pai (ou mãe). Com isto, um ser inicialmente mais puro (criança) passa a refletir os sentimentos negativos herdados. Tendem, em um primeiro momento, a se reprimir, a se esconder, perdem o foco na escola, depois se revoltam, criam problemas na escola ou no círculo de amizades. Com o tempo, passam a acreditar que o pai (ou mãe) afastado é realmente o vilão que o guardião pintou. Sentem-se diferentes dos amigos, um ser excluído do mundo, rejeitado pelo próprio pai (ou mãe). Alguns repetem as frustrações amorosas dos pais na sua vida pessoal. Outros não suportam os sentimentos ruins e partem para o álcool ou coisa pior. A formação daquela criança passa a contemplar um vazio, uma frustração que não a ajudará no futuro. Outros, finalmente, ao crescerem e reencontrarem o pai (ou mãe) afastado, percebem que foram vítimas da alienação e se voltam contra o alienador, que passa a ocupar a figura de vilão da história e o feitiço se vira contra o feiticeiro (FILHO, 2011)
De acordo com François Podevyn as crianças ou adolescentes vítimas da SAP podem desencadear as seguintes sequelas:
Os efeitos nas crianças vítimas da Síndrome da Alienação Parental podem ser uma depressão crônica, incapacidade de adaptação em ambiente psicossocial normal, transtornos de identidade e de imagem, desespero, sentimento incontrolável de culpa, sentimento de isolamento, comportamento hostil, falta de organização, dupla personalidade e às vezes suicídio. Estudos têm mostrado que, quando adultas, as vítimas da Alienação têm inclinação ao álcool e às drogas, e apresentam outros sintomas de profundo mal-estar. O sentimento incontrolável de culpa se deve ao fato de a criança, quando adulta, constata que foi cúmplice de uma 35 grande injustiça ao genitor alienado. O filho alienado tende a reproduzir a mesma patologia psicológica que o genitor alienador. (2001)
 	Porquanto, nota-se que a Síndrome de Alienação Parental é uma patologia psíquica extremamente grave para o infante, caso não seja impedida a tempo poderá obter sequelas irreversíveis.
Diante disso, ficou em evidência a necessidade e importância da sociedade em compreender a Lei 12.318 de 2010, tendo como finalidade o combate de todo e qualquer ato de Alienação contra a criança ou adolescente.
5 – CONSEQUENCIAS JURÍDICAS APLICADAS AO ALIENADOR 
 	Normalmente, nos casos em que há resquícios de atos de Alienação Parental as partes não conseguem ter um diálogo saudável, o que faz dificultar qualquer composição amigável. Nessa situação, o genitor Alienado não tendo outro meio para reverter e sanar tal problemática acaba acionando o judiciário.
Rege o artigo 4º da lei 12.318/2010
que o processo que houver indícios de práticas de AP tramitará de forma prioritária,” in verbis”:
Art. 4o Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de ofício, em qualquer momento processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência, ouvido o Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para preservação da integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para assegurar sua convivência com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se for o caso. 
Parágrafo único.  Assegurar-se-á à criança ou adolescente e ao genitor garantia mínima de visitação assistida, ressalvados os casos em que há iminente risco de prejuízo à integridade física ou psicológica da criança ou do adolescente, atestado por profissional eventualmente designado pelo juiz para acompanhamento das visitas. 
Uma vez comprovado os atos alienatórios, o poder de decisão do genitor Alienante sobre quem convive com o menor passa a ser do Juiz e do Ministério Público, os quais em conjunto tomarão medidas cabíveis, urgentes e necessárias para a preservação da integridade moral, psíquica e física do infante. 
A referida Lei prevê que havendo indícios de práticas alienatórias o Juiz poderá determinar a realização de perícia psicológica ou biopsicossocial. Neste laudo será analisado os seguintes requisitos: entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico de relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma de como o menor se apresenta acerca de eventual acusação em face do genitor Alienado.
O laudo pericial será realizado por perito ou pela equipe multidisciplinar habilitados, dentro do prazo de 90 (noventa) dias, podendo este prazo ser prorrogado somente pelo Magistrado. Na descrição do laudo conterão as respostas das análises citadas no parágrafo anterior, e em prol, a conclusão se houve ou não os atos de Alienação contra o menor e o genitor Alienado.
O artigo 5º da Lei faz alusão ao modo em que será feita a análise para verificação dos atos alienatórios:
 Art. 5o Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou biopsicossocial. 
§ 1o O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra genitor. 
§ 2o A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental.  
§ 3o O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência de alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em justificativa circunstanciada. 
 A equipe multidisciplinar será composta por médico, psicólogo, psiquiatra e perito social, tendo que ser uma perícia detalhada, aprofundada e especializada. Como é uma tarefa árdua identificar a aplicação dos atos de AP, se faz necessário que os profissionais designados para esta atribuição tenham capacitação ou treinamento específico, a fim de evitar qualquer possibilidade de erro no laudo pericial. 	
 Se no laudo ficar constatado que houve as práticas alienatórias, o juiz determinará algumas medidas, as quais serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso. Por exemplo, nos casos de acusação de abuso sexual contra a criança ou adolescente a apuração será de forma minuciosa e com muita cautela, pois trata de um tipo de alienação extremamente grave.
Constatado que houve a conduta de abuso sexual, a este genitor será aplicado sanções mais severas, como a destituição do poder familiar. Em contrapartida, se for verificada que a acusação não passa de meros atos de AP, o Alienante poderá ser punido com a suspensão ou perda do poder familiar, sem prejuízo de outras medidas cabíveis, concluindo assim, que a aplicação da penalidade pode ser de forma cumulativa a depender do nível da gravidade in casu. 
Portanto, fica evidente a importância do papel dos peritos nesta problemática, pois são responsáveis por detectar a instalação da SAP ou da configuração dos atos de AP.
Por sua vez, é relevante transcrever o artigo. 6o da Lei 12.318/10, o qual prevê as formas de penalização de quem pratica atos de AP ou SAP:
Art. 6o Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: 
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; 
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; 
III - estipular multa ao alienador; 
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; 
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão; 
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; 
VII - declarar a suspensão da autoridade parental. 
Parágrafo único.  Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de convivência familiar. 
 
 	Faz oportuno mencionar que aplicação desta lei não se aplica apenas aos genitores, podendo ser ampliada a qualquer pessoa que tenha responsabilidade ou convívio familiar com o menor.
 	Ademais, também é importante saber que o Magistrado não fica preso a conclusão do laudo pericial, podendo formar seu juízo de valor por outros meios de provas presentes nos autos do processo.
Em virtude do aludido, ficou comprovado que a criação da Lei 12.318 de 2010 não foi um avanço somente para o Judiciário, como também para as partes que se sentem violadas dos seus direitos e garantias fundamentais de manter seu convívio familiar saudável e em equilíbrio.
6 – MEDIDAS DE PREVENÇÃO AS PRÁTICAS DE ALIENAÇÃO PARENTAL 
 	A legislação brasileira prevê a modalidade de guarda compartilhada como medida de prevenção e combate aos casos de Alienação Parental ou sua Síndrome. 
Esta modalidade conserva os laços afetivos e mantém o equilíbrio na relação familiar entre os genitores e seus filhos, por esta razão a guarda compartilhada é usada de forma preferencial, não sendo aplicada somente em casos excepcionais.
Dispõe a Lei de Alienação Parental que:
Art. 7o A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por preferência ao genitor que viabiliza a efetiva convivência da criança ou adolescente com o outro genitor nas hipóteses em que seja inviável a guarda compartilhada. 
Em face disso, entende que a guarda compartilhada é considerada a medida mais eficaz para coibir os atos de Alienação, uma vez que permite que os genitores de forma conjunta atuem em igualdade de direitos, obrigações, despesas e tempo com o menor, fazendo que continuem exercendo sua autoridade parental e convívio com este, mesmo após o rompimento da relação conjugal. 
 Segundo entendimento de Waldyr Grisard Filho (2009, p. 115):
Este modelo, priorizando o melhor interesse dos filhos e a igualdade dos gêneros no exercício da parentalidade, é uma resposta mais eficaz à continuidade das relações da criança com seus dois pais
na família dissociada, semelhantemente a uma família intacta. É um chamamento dos pais que vivem separados para exercerem conjuntamente a autoridade parental, como faziam na constância da união conjugal, ou de fato.
 Conquanto, existe outras formas para coibir os atos alienatórios, dentre estas, vale a pena mencionar o Programa de Atenção Integral ás Famílias (PAIF), o qual tem como finalidade o fortalecimento dos vínculos familiares.
	A forma de atuação do PAIF é dada por meio de serviços socioassistenciais, socioeducativos, de convivência e elaboração de projetos para inclusão produtiva da família. O seu objetivo é sempre fortalecer e potencializar: os laços familiares, o direito a proteção social básica, além de traçar medidas para ampliação da capacidade de proteção social e de prevenção de situações de risco.
	Ademais, é importante saber que o PAIF é o principal serviço de proteção social básico do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), que tem como atribuição oferecer exclusivamente e de modo obrigatório o Programa de Atenção Integral a Família (PAIF), que garante atendimento prioritário as famílias em situação de vulnerabilidade e riscos sociais.
	Portanto, nota-se que há uma preocupação tanto do Judiciário, como do Governo por meio dos seus programas sociais, para encontrar uma solução plausível e coerente para de fato combater ou pelo menos tentar diminuir as práticas de Alienação Parental e suas consequências.
7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos fatos narrados, restou comprovado que os atos de Alienação Parental e a instalação da sua Síndrome, são práticas usadas com frequência, logo após o rompimento matrimonial.
Ao longo deste trabalho, foi necessário frisar o marco jurídico dado pela criação da Lei 12.318 de 2010, sendo imprescindível fazer os apontamentos do seu texto de Lei e a devida associação com os outros ramos do direito, tendo com finalidade uma melhor compreensão do instituto como forma de garantir maior efetividade ao combate dos Atos Alienatórios.
Ao fazer os apontamentos da referida Lei, ficou esclarecido que esta prevê: as possibilidades de punição do Alienador, os métodos de prevenção e a identificação das práticas abusivas de AP aplicadas ao menor.
Por conseguinte, é primordial fazer uma reflexão acerca dos comportamentos que motivam e impulsionam o Alienador a cometer tal infração, objetivando assim, buscar a melhor solução, seja ela na área social, estatal, judicial ou até mesmo no poder legislativo.
Vale ressaltar, a importância da sociedade em saber como se configura os atos de AP, os malefícios que trazem para a criança ou adolescente e ao genitor Alienado, além do que pode ser feito para impedir a consumação de tais atos. 
É essencial a conscientização não apenas da população, como também a dos: magistrados, promotores, assistentes sociais, advogados, psicólogos, e principalmente, das famílias que vivem a fase da dissolução conjugal, para que tenham a sensibilidade necessária e saibam lidar com seus filhos, mesmo após a separação.
No mais, ficou evidente a irresponsabilidade do genitor Alienante em praticar as condutas de AP, o qual pelo simples capricho e egoísmo acaba usando o menor como escudo de sua vingança, sem sequer importar com as consequências psíquicas, físicas e morais que podem desencadear na criança ou adolescente, sendo para aquele irrelevante o sofrimento do infante e do genitor que sofre as acusações.
É importante que as condutas alienatórias sejam identificadas a tempo de serem tratadas e revertido o quadro diagnosticado, pois o abuso emocional aplicado ao infante é considerado destrutivo, o qual deixa cicatrizes não físicas, porém, invisíveis, com consequências drásticas e por tempo indeterminado, podendo algumas deixar sequelas para o resto da vida.
Portanto, conclui-se que a parte mais prejudicada é a criança ou adolescente, uma vez que é considerada alvo frágil e de fácil manipulação, sendo colocada injustamente entre os conflitos de disputa da guarda e o fogo cruzado da separação dos genitores.
Ademais, fica claro que todas as partes sofrem com essa situação, por isso o estudo em questão tem sua valia, pois visa esclarecer, identificar e conscientizar a todos sobre a grande problemática que acarreta as práticas de Alienação Parental, e a consequente instalação da Síndrome. 
REFERÊNCIAS
BARRETO, Lucas Hayne Dantas. Artigo: Considerações sobre a Guarda Compartilhada. Disponível em: <http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/28287-28298-1-PB.pdf>. Acesso em: 11 de nov de 2019.
BRASIL. Alienação Parental (2010). Lei n° 12.318 de 2010: promulgada em 26 de agosto de 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm>. Acesso em: 10 de out. de 2019.
BRASIL. Código Civil (2002). Lei nº 10.406 de 2002: promulgada em 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 29 de out de 2019. 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 29 de out de 2019. 
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). Lei n° 8.069 de 1990: promulgada em 13 de julho de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 29 de out de 2019.
CAMPOS, Alessandra Barboza de Souza; GONÇALVES, Charlisson Mendes. Artigo: Síndrome da Alienação Parental: Possíveis consequências para o desenvolvimento psicológico da criança. Disponível em: <https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1044.pdf>. Acesso em: 04 de nov de 2019.
CHAVES, Karine Belmont. Artigo: Síndrome da Alienação Parental, Disponível em: <http://karinebelmont.blogspot.com.br/2010/05/sindrome-de-alienacao-parental.html>. Acesso em: 03 de nov de 2014.
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.
GAGLIANO, Pablo Stolze, PAMPLONA, Rodolfo Filho. Novo curso de direito civil, volume VI: Direito de Família – As Famílias em perspectiva constitucional. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
GOMES, Jocélia Lima Puchpon. Síndrome da Alienação Parental: o bullying familiar, São Paulo: Imperium Editora e Distribuidora de Livros, 2011.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: direito de família. 7. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2010.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 6: direito de família. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2011.
ZIMMERMANN, Augusto. Curso de direito constitucional. 3. ed. Rio de Janeiro: Lúmen júris, 2004.
LEMES, Lenita Maria. Artigo: Guarda Compartilhada Como Forma de Prevenção à Síndrome da Alienação Parental. Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-de-familia/guarda-compartilhada-como-forma-de-prevencao-a-sindrome-da-alienacao-parental/ >. Acesso em: 11 de nov de 2019.
LIMA, Joaquim Azevedo Filho. Artigo: Alienação Parental segundo a lei 12.318/2010. Disponível em: <http://dp-pa.jusbrasil.com.br/noticias/2957478/artigo-alienacao-parental-segundo-a-lei-12318-2010>. Acesso em: 01 de nov de 2019. 
PALMEIRA, Beatriz Soares. Artigo: ALIENAÇÃO PARENTAL E A RELAÇÃO FAMILIAR: consequências jurídicas. Disponível em: <http://repositorio.aee.edu.br/bitstream/aee/546/1/Monografia%20- %20Beatriz%20Soares.pdf >. Acesso em: 01 de nov de 2019.
RAMADAN, Kaled Raed Mohamed. Artigo: Alienação Parental: os aspectos gerais e a eficácia da Lei 12.318/10. Disponível em: 
<http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/13822/1/PDF%20- %20Kaled%20Raed%20Mohamed%20Ramadan.pdf>. Acesso em: 31 de out de 2019.
ROQUE, Yader de Castro; CHECHIA, Valéria Aparecida. Artigo: Síndrome de alienação parental: consequências psicológicas na criança. Disponível em: <http://unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/revistafafibeonline/sumario/36/30102015191548.pdf>.
Acesso em: 02 de nov de 2019.
SARAIVA, Maria Socorro Moreira de Figueiredo; JOCA, Terezinha Teixeira. Artigo Alienação Parental: um fogo cruzado. Disponível em: <http://www.wagnerpereira.adv.br/artigosdetalhes.php?idartigo=20#.UouYJMSkpXY>. Acesso em: 01 de nov de 2019.
SCARIOT, Flavia. Artigo: Análise da Alienação Parental: um ato de violência aos menores. Disponível em:< https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/16458/TCCE_GP_EaD_2013_SCARIOT_FLAVIA.pdf?sequence=1&isAllowed=y >. Acesso em: 06 de nov de 2019.
SILVA, Denise Maria Perissini da. Artigo: Pais, escola e alienação parental. Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-106/pais-escola-e-alienacao-parental/>. Acesso em: 30 de out de 2019.
SILVA, Denise Maria Perissini da. Artigo: A nova Lei da Alienação Parental. Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-88/a-nova-lei-da-alienacao-parental/>. Acesso em: 01 de nov de 2019.
SILVA, Laila Reis da; ANDRADE, Pedro Antônio Ribeiro de. Artigo: Alienação Parental – uma nova Lei para um velho problema. Disponível em: <http://nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/documentos/artigos/c5ac6adad6c92eed073a3c741cdec745.pdf >. Acesso em: 01 de nov de 2019.
TOSTA, Marlina Cunha. Artigo: Síndrome de Alienação Parental: a criança, a família e a lei. Disponível em: <http://www.pucrs.br//wp-content/uploads/sites/11/2018/09/marlina_tosta.pdf>. Acesso em: 04 de nov de 2019.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando