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Plano de Aula: Aula 05 - O Setor Público e Tributação I ECONOMIA POLÍTICA - CCJ0252 Título Aula 05 - O Setor Público e Tributação I Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 5 Tema O Setor Público e Tributação I Objetivos Compreender a atividade financeira do Estado. Entender o conceito de Dívida Pública. Conhecer a legislação orçamentária e o Direito Constitucional. Estrutura do Conteúdo O SETOR PÚBLICO E TRIBUTAÇÃO I A Atividade Financeira do Estado Conceito de Dívida Pública Interna Princípios orçamentários Abaixo, apresentamos de forma resumida os aspectos a serem abordados pelos professores sobre o conteúdo da aula. As questões aqui colocadas deverão ser contextualizadas procurando associar aos fatos recentes. A Atividade Financeira do Estado No sistema capitalista de produção, em que se inclui o modelo brasileiro, o governo se engaja na economia, modificando o perfil da sociedade, através da transferência de renda, impostos, incentivos, subsídios, fornecimento de bens públicos, entre outros. O desenvolvimento da atividade do governo na área fiscal envolve as seguintes funções: a) Função distributiva, quando o governo afeta a distribuição de renda através do sistema tributário ou através de programas governamentais. Ajustes distributivos tornam-se necessários ao observar-se injustiça na distribuição da renda e da riqueza, e o governo implementa medidas fiscais (impostos e transferências) visando reduzir a desigualdade de renda. No Brasil, o sistema de tributação progressiva do imposto de renda pessoal e programas sociais se enquadram neste modelo. Como categoria de função distributiva, observa-se, em primeiro lugar, os programas de assistência pública, em que o governo atua no sentido de prover condições mínimas de subsistência às famílias necessitadas. Em determinadas situações, torna-se imprescindível esta ajuda, em face das conseqüências negativas que a pobreza poderá causar à economia e ao meio- ambiente. Em segundo lugar, observam-se os programas de seguro social, em que o governo assiste aos indivíduos que necessitam deste auxílio em função de alguma fragilidade frente à sociedade. A aposentadoria por idade ao trabalhador agrícola e o seguro desemprego são exemplos de programas de seguro social; b) Função estabilizadora, quando o governo interfere na economia procurando alcançar um elevado nível de emprego, estabilidade de preços e um alto nível de crescimento econômico. O sistema de mercado impede que seja alcançado automaticamente o pleno emprego e a estabilidade de preços, tornando-se necessária a atuação do governo no desenvolvimento da função estabilizadora da política fiscal. A irredutibilidade salarial existente em nossa legislação não permite um rápido ajuste quando se verifica um desequilíbrio no mercado de trabalho. Por sua vez, um desequilíbrio entre os níveis de demanda e oferta na economia, poderá gerar um processo inflacionário, com danos ao sistema de mercado. Em ambos os casos, tornam-se necessário a intervenção do governo para restaurar o equilíbrio no mercado. Para obter um elevado nível de crescimento econômico, o governo poderá atuar no fornecimento de infra-estrutura básica (estradas, portos, etc.) ou na concessão de incentivos à produção e no financiamento de recursos de longo prazo ao setor privado. c) Função alocativa, quando o governo fornece bens e serviços públicos que não são oferecidos pelo setor privado ou são oferecidos em quantidade insuficiente. O bem ou serviço público puro tem como característica a impossibilidade de excluir seu acesso por qualquer indivíduo e a ausência de custos pelo acesso de outro indivíduo aos seus benefícios. Portanto, o princípio da exclusão não se aplicaria ao bem ou serviço público puro, pois a participação de outro indivíduo não implicaria em redução do uso pelos demais. Como exemplos, incluem-se as praças públicas e o sistema de iluminação pública das rodovias. A Constituição Federal brasileira de 1988 atribuiu responsabilidade adicional ao governo para fornecer educação e saúde à população, seja porque o setor privado não é capaz de atender toda a população, seja porque pelo princípio da exclusão parcela significativa da população poderia ser excluída de seu acesso pela incapacidade de arcar com os custos dos serviços. A impossibilidade de parcela da população em financiar o ensino de seus filhos em uma instituição particular, exige a atuação do governo no fornecimento de ensino público. O mesmo processo ocorre no que tange à saúde, em que o setor privado é incapaz de fornecer este serviço a toda população, e parcela da sociedade não dispõe de recursos para usufruir da rede privada de atendimento. Conceito de Dívida Pública Interna A Dívida pública interna consiste na dívida realizada pelo governo com pessoas da sociedade para financiar os seus gastos que não são cobertos pela arrecadação de tributos ou quando o governo tem como objetivo exercer sua função estabilizadora na economia. Os bancos que desenvolvem atividades no mercado financeiro, mantém em suas carteiras uma parte significativa desta dívida, ao deterem títulos da Dívida Pública que lastreiam, basicamente, o endividamento do governo federal. Particulares ou empresas podem adquirir estes títulos da Dívida Pública, mas costumam comprar títulos nos bancos (títulos de renda fixa, etc.) que dão suporte a estes títulos da dívida interna. O Orçamento da União, dos estados e dos municípios é formado por receitas (arrecadação de tributos) e despesas (gastos do governo). O Superávit primário surge quando o montante de arrecadação de tributos excede o montante de gastos do governo. O inverso corresponde ao déficit primário. O déficit nominal ou total corresponde à necessidade de financiamento do setor público em seus diversos níveis: União, estado, município, empresas estatais e Previdência Social. O déficit operacional corresponde ao resultado primário acrescido dos juros (dívida passada). Se o resultado primário focaliza as receitas e despesas num determinado período, no entanto, o resultado operacional leva em consideração também os débitos passados que precisam ser financiados através de juros. O elevado nível da taxa de juros Selic no Brasil, em certos períodos, tem transformado os esforços do governo em gerar um superávit primário (receitas de tributos maiores que os gastos do governo) em déficit operacional ao incluir os juros referentes às dívidas passadas. Princípios orçamentários No capítulo referente às finanças públicas na Constituição Federal de 1988, arts. 165 a 169, estão previstas as condições orçamentárias. Os incisos I, II e III art. 165 prevêem que ?as Leis de iniciativa do Poder executivo estabelecerão, I- o plano plurianual; II- as diretrizes orçamentárias; III- os orçamentos anuais. No parágrafo 4o. do mesmo art. prevê ? os planos e programas nacionais , regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional?. Por sua vez, a Lei no. 4.320 de 17/03/64 (Lei do Orçamento) estabeleceu normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. A Lei do Orçamento contém a discriminação da receita e despesa evidenciando a política econômica financeira do governo Os princípios orçamentários previstos na Constituição Federal brasileira, na Lei do Orçamento e nas Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDOs) são os seguintes: - Unidade na qual cada esfera de governo deve possuir apenas um orçamento baseado numa única política orçamentária. O art. 2º. da Lei no. 4.320/64 diz que ?A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e da despesa, de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidadee anualidade?. - Universalidade em que a Lei orçamentária deve incorporar todas as receitas e despesas, sendo que, não deve ser excluída nenhuma instituição pública. O art. 3º. da Lei 4.320/64 determina que ?a lei do Orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as operações de crédito autorizadas em lei?. - Anualidade em que é determinado um período de tempo para o orçamento, geralmente um ano. O & 5º. do art. 165 da Constituição Federal brasileira determina que ?A lei orçamentária anual compreenderá [...]?. - Legalidade em que o orçamento é objeto de uma lei específica. A base para este princípio encontra-se no art. 166 da Constituição Federal brasileira de 1988 em que ?Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum?. - Exclusividade na qual a lei orçamentária deverá conter apenas questões orçamentárias e financeiras, não sendo incluídas normas pertencentes a outros campos jurídicos. O & 8º. do art. 165 da Constituição Federal brasileira determina que ?A Lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa [...]?. - Especificação, especialização ou discriminação em que a autorização legislativa se restrinja as despesas específicas e não a autorizações globais. O art. 5º. da Lei 4.320/64 define ? A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras [...]?. - Publicidade em que o orçamento deve ser divulgado ao ser aprovado e transformado em lei. O art. 37 da Constituição Federal brasileira de 1988 diz que ?A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]?. - Equilíbrio em que as receitas e despesas que fazem parte do orçamento devem manter uma paridade, sem apresentar déficits ou superávits excessivos. O inciso III do art. 167 da Constituição Federal brasileira de 1988 veda ?a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta?. - Orçamento-Bruto em que as receitas e despesas que fazem parte do orçamento devem aparecer pelo valor bruto sem quaisquer deduções. O art. 6º. Da Lei no. 4.320/64 determina que ?Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções?. - Não-vinculação das receitas em que estas não devem estar vinculadas a determinadas despesas, para que possam ser alocadas racionalmente segundo o interesse da sociedade. O inciso IV do art. 167 da Constituição Federal brasileira de 1988 veda ?a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa [...]?. A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar no. 101 de 04/05/2000) obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios a uma ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social entre outras. Aplicação Prática Teórica Estudo de Caso: Governo prevê gasto maior do que receita em 2016 e propõe mínimo de R$ 865,50 Os ministros do Planejamento, Nelson Barbosa, e da Fazenda, Joaquim Levy, entregaram nesta segunda-feira (31) ao presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o projeto do Orçamento de 2016. De acordo com Barbosa, a proposta foi entregue com previsão de déficit (gastos maiores que as receitas) de R$ 30,5 bilhões, que representa 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). [...] Esta é a primeira vez na história, segundo o ministério, que o projeto do Orçamento para o próximo ano tem previsão de déficit. Com ele, o governo admite formalmente que a meta fiscal, de 0,7% do PIB, fixada em julho deste ano, não será atingida. Essa meta já era inferior ao objetivo inicial do governo, anunciado em novembro do ano passado, de que o setor público registraria um superávit primário (receitas maiores que os gastos, sem contar os juros) de ao menos 2% do PIB em 2016 (que correspondia a R$ 126,7 bilhões). Esse valor foi confirmado em abril. O governo optou por admitir que as contas públicas terão, no ano que vem, déficit fiscal inédito após ver naufragar sua ideia de retomar a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). O tributo arrecadaria cerca de R$ 80 bilhões em 2016, grande parte destinada aos cofres do governo, e aumentaria a previsão de receitas para o próximo ano cobrindo também o rombo orçamentário. A proposta, porém, contou com forte rejeição da sociedade e do empresariado e foi abandonada, pois teria de passar pelo crivo do Congresso Nacional. [...] De acordo com a Constituição, o Orçamento deve ser aprovado pelo Congresso até dezembro de cada ano. Quando isso não acontece, o governo só pode gastar no ano seguinte o correspondente a 1/12 do orçamento do ano anterior, até que o novo orçamento seja aprovado. O orçamento deste ano só foi aprovado pelo Congresso em março, depois de a votação ser adiada algumas vezes. Com a demora para a aprovação, alguns ministérios tiveram que interromper projetos ou retardar verbas previstas para alguns programas. (Correio do Estado - Mato Grosso do Sul, 31/08/2015) Indagações: A partir do texto, mostre a situação do orçamento para o ano de 2016. Fundamente a resposta. Como o governo poderia evitar a situação de déficit que se apresenta para o ano de 2016? Fundamente a resposta. Comente sobre os riscos para a economia da existência de déficits reiterados no orçamento. Pontos a serem abordados: O aluno deverá comentar a partir do texto sobre a importância de se manter o equilíbrio entre as receitas e despesas constantes no orçamento. Em caso de desajuste medidas duras deverão ser tomadas para evitar os impactos inevitáveis na ordem econômica. Comentar também sobre os riscos para a economia se os déficits se tornarem persistentes afetando as variáveis macroeconômicas. A população mais pobre seria fatalmente a mais prejudicada com esse estado de coisas. QUESTÕES PARA A AULA 1) São considerados princípios orçamentários previstos na Constituição Federal brasileira com EXCEÇÃO da: a) Legalidade. b) Exclusividade. c) Anualidade. d) Retroatividade. e) Universalidade. 2) Na atividade financeira do Estado, na Função Alocativa o governo: a) fornece bens e serviços públicos que não são oferecidos pelo setor privado ou são oferecidos em quantidade insuficiente. b) interfere na economia procurando alcançar um elevado nível de emprego. c) afeta a distribuição de renda através do sistema tributário ou através de programas governamentais. d) interfere na economia procurando alcançar a estabilidade de preços. e) interfere na economia procurando alcançar um alto nível de crescimento econômico.
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