Buscar

Letra de Cambio

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Letra de Câmbio
2
2.1 Previsão Legal
Uniformização no tratamento dos títulos: para facilitar as trocas econômicas realizadas entre os vários países.
Primeira tentativa: Conferência de Haia de 1910, com 89 países presentes, elaboração de uma lei uniforme (com 88 dispositivos) e um projeto de convenção (com 26 dispositivos), subscritos por 31 países, Em razão das reservas aos países da Common Law, as regras não prosperaram.
3
Segunda tentativa: Conferência de Haia de 1912, com participação de 32 países. Elaborou-se uma convenção (31 dispositivos) e uma lei uniforme (80 dispositivos) sobre as letras de câmbio e notas promissórias, com adesão de 27 países, além de um projeto sobre os cheques. Foi prejudicada pela Primeira Guerra Mundial.
Terceira tentativa: Convenção de Genebra, realizada em 1930, com adoção de três convenções, por parte de 27 países, inclusive o Brasil:
1ª Convenção: texto padrão da LUG;
2ª Convenção: Conflitos da legislação entre os diversos países;
3ª Convenção: obriga os países a não condicionarem a validade da letra de câmbio à regularidade fiscal.
4
2.1.1 Lei Uniforme de Genebra
A LUG traz dois tipos de normas:
As necessárias e imprescindíveis à uniformização: de aceitação obrigatória pelos signatários.
As não necessárias: aquelas onde poderiam ser feitas reservas. Não são introduzidas no ordenamento local ou se são, serão introduzidas de forma diferente. Representam possibilidade de derrogação de normas da LUG.
Nem todo texto da LUG precisa ser seguido pelos países signatários.
5
Reenvio: tarefa do legislador nacional de regular diretamente determinado assunto, sem derrogar as normas da LUG. 
Também é reenvio quando se faz referência à legislação estrangeira que se encontra no direito indicado pela regra de conflito de foro.
A lei do Estado a que pertence o subscritor do título é considerada a lei aplicável para regular a capacidade do que praticou o ato. Exemplos de reenvio os artigos 6º, 15, 16 e 17 do Anexo II e artigos 2º e 5º da Convenção (regulam conflitos de leis).
6
Foram regidos inicialmente no Brasil pelo Código Comercial de 1850, artigos 354 a 424.
Código Comercial foi revogado parcialmente pelo Decreto n. 2.044/1908 que incorporou as evoluções do período alemão.
O Brasil aderiu à Convenção de Genebra em 1942 através da Legação Brasileira em Berna ao Secretário-geral da Liga das Nações.
As convenções só se incorporaram ao ordenamento jurídico brasileiro por meio do Decreto n. 57.663/66.
A LUG foi incorporada com as reservas permitidas pelos artigos 2, 3, 5, 6, 7, 9, 10, 13, 15, 16, 17, 19 e 20 do Anexo II. O Brasil não adotou integralmente a LUG, tendo feito 13 das 23 reservas permitidas.
7
Em razão de inexistência de lei posterior disciplinando a matéria objeto das reservas, discutiu-se se a LUG teria efetividade no Brasil e se revogou ou não o Decreto n. 2.044/1908.
O STF decidiu a questão:
Pela eficácia imediata no país da Convenção Internacional aprovada pelo Congresso em Decreto Legislativo e promulgada por decreto do Presidente da República. 
Também se decidiu pela manutenção da vigência do Decreto n. 2.044/1908, em relação às reservas e omissões da LUG.
8
Temos o seguinte panorama hoje:
Legislação primária: LUG, naquilo que não for objeto de reservas.
Legislação secundária: Decreto n. 2.044/1908, em relação às reservas e omissões da LUG.
Legislação supletiva: Código civil, na ausência de regra da legislação (art. 903).
Art. 903, CC. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.
9
2.2 Histórico
Período Italiano: Idade Média - As cidades italianas trocavam mercadorias e tinham moedas diferentes. Havia necessidade da troca da moeda de uma cidade para outra para que o comércio se realizasse. Essa troca era feita pelos bancos, por meio do contrato de câmbio.
Banqueiro recebia o dinheiro e entregava ao comerciante um documento reconhecendo a dívida (cautio) e uma ordem de pagamento em moeda (lettera di pagamento).
Depois de algum tempo houve a fusão entre os dois documentos, surgindo então a letra de câmbio.
Instrumento de troca de moeda, de transporte de dinheiro. O documento ainda não era um título de crédito.
Haviam quatro partes envolvidas: o banqueiro que recebia o dinheiro e emitia a letra (sacador); a pessoa que dava o dinheiro e recebia a letra (tomador); a pessoa encarregada de pagar (sacado); a pessoa encarregada de receber.
10
Período Francês: Ordenança de 1.673 e CCom. de 1850. Aumentou-se o uso da letra de câmbio, inclusive aos não comerciantes. Gradativamente foram impondo-se mudanças no regime original e ela passou de instrumento de transporte de dinheiro a instrumento de pagamento.
O sacado, algumas vezes não honrava o pagamento da letra de câmbio e houve necessidade de criar uma forma de responsabilização para o sacado: o aceite, ou emissão de sua concordância.
A ausência do sacado na cidade gerava outro problema: passa-se a admitir a transferência do título para que outra pessoa pudesse receber o valor estipulado. Quem transferia o documento também garantia o pagamento do título.
A letra de câmbio passa a ser um instrumento de pagamento.
11
Período Germânico: A evolução da letra de câmbio ocorreu no direito alemão, a partir de meados do século XIX.
Torna-se um instrumento de crédito.
São consagrados os princípios do direito cambial, representando a letra de câmbio um valor em si mesma (abstração e autonomia)
Protegem-se os terceiros de boa-fé que adquirem o título. 
12
2.3 Definição
“É um título de crédito formal, autônomo e completo, que contém a obrigação de fazer pagar determinada soma de dinheiro, no tempo e no lugar designados” (José A. Saraiva).
Título à ordem criado por saque, emitido em favor de alguém, transferível por endosso, que se completa pelo aceite e se garante por aval.
O sacador (emitente) cria o título dando uma ordem de pagamento ao sacado (devedor) para que pague determinada quantia ao beneficiário (credor).
Título completo, formal, autônomo e abstrato.
13
2.4 Partes
14
2.5 Requisitos
 A lei determina requisitos essenciais que a letra de câmbio deve preencher.
É possível a emissão de um título de crédito em branco. O preenchimento das lacunas pode ser feito pelo próprio credor do título, que possui uma espécie de mandato (CC, art. 891) para preencher o documento. Presume-se que os requisitos foram lançados na época de criação do título (Decreto n. 2.044/1908, art. 3º).
Nesse preenchimento, o credor deve agir dentro das condições combinadas, expressa ou tacitamente com o devedor. Presume-se a boa-fé do credor, competindo ao devedor provar a má-fé, que uma vez demonstrada torna o título inexigível.
15
Art. 891, CC. O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser preenchido de conformidade com os ajustes realizados. 
	Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes previstos neste artigo pelos que deles participaram, não constitui motivo de oposição ao terceiro portador, salvo se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé.
Art. 3º, Decreto n. 2.044/1908. Esses requisitos são considerados lançados ao tempo da emissão da letra. A prova em contrário será admitida no caso de má-fé do portador.
Súmula 387, STF. A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto.
16
Os requisitos podem ser intrínsecos, essenciais ou legais e ainda supríveis.
Requisitos intrínsecos: são aqueles estabelecidos pelo Código Civil para a realização de todo e qualquer negócio jurídico:
Art. 104, CC. A validade do negócio jurídico requer:
	I - agente capaz;
	II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
	III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Requisitos legais ou essenciais: são aqueles determinados pela legislação (LUG, arts. 1º e 2º). A falta de um deles torna o título um mero documento probatório e não uma letra de câmbio.
17
Cláusula
cambial: expressão “letra de câmbio” inserta no texto do título.
Ordem de Pagamento: mandado puro e simples de pagamento de determinada quantia.
Nome do sacado.
Data de vencimento (na ausência o título é à vista).
Lugar de pagamento (na ausência é o domicílio do sacado).
Nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga, do beneficiário.
Data e lugar da emissão.
Assinatura do sacador.
18
Art. 1º A letra contém: 
	1. a palavra "letra" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título; 
	2. o mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada; 
	3. o nome daquele que deve pagar (sacado); 
	4. a época do pagamento; 
	5. a indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; 
	6. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 
	7. a indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada; 
	8. a assinatura de quem passa a letra (sacador). 
19
Art. 2º. O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito como letra, salvo nos casos determinados nas alíneas seguintes: 
	A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à vista. 
	Na falta de indicação especial, o lugar designado ao lado do nome do sacado considera-se como sendo o lugar do pagamento, e, ao mesmo tempo, o lugar do domicilio do sacado.
	A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designado, ao lado do nome do sacador. 
20
Requisitos supríveis: aqueles que em caso de ausência não afastam a validade do documento como letra de câmbio. São eles:
Local de emissão – serve para identificar a legislação aplicável àquele título. Exige-se um local, seja o de emissão ou o local próximo ao nome do sacador. Sem local algum a letra é nula.
Local de pagamento – se não indicar, a letra deverá ser paga no local ao lado do nome do sacado que será considerado seu domicílio. 
Vencimento – caso a letra não indique quando o pagamento deve ser feito, a letra será pagável à vista.
21
2.6 Vencimento
À VISTA – exigível de imediato, no local de pagamento. Deve ser apresentada ao sacado no prazo máximo de 1 ano, a contar da sua data de emissão, se outro prazo não for estipulado na cártula (art. 34, LUG).
 
DATA CERTA, DATA FIXADA OU DATA MARCADA – quando a data está fixada no título. 
A CERTO TERMO DE VISTA – se conta o vencimento da data do aceite pelo sacado.
A CERTO TERMO DE DATA – é o número “x” de dias contados da data da emissão do título de crédito.
22
Art. 34, LUG. A letra à vista é pagável a apresentação. Deve ser apresentada a pagamento dentro do prazo de um ano, a contar da sua data. O sacador pode reduzir este prazo ou estipular um outro mais longo. Estes prazos podem ser encurtados pelos endossantes. 
	O sacador pode estipular que uma letra pagável à vista não deverá ser apresentada a pagamento antes de uma certa data. Nesse caso, o prazo para a apresentação conta-se dessa data. 
23

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando