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Avaliacao de Sustentabilidade Ecologica-Economica e Social em Gaza (1)

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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE GAZA 
DIVISÃO DE AGRICULTURA 
 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOLOGIA 
 
 
 
 
SUSTENTABILIDADE EM AGROECOSSISTEMA DE BASE FAMILIAR NA 
PROVÍNCIA DE GAZA 
 
 
 
 
AUTOR: Eugénio da Piedade Edmundo Sitoe 
ORIENTADOR: Doutor António Elísio 
 
 
Lionde, Setembro de 2019 
 
 
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE GAZA 
DIVISÃO DE AGRICULTURA 
MESTRADO EM AGROECOLOGIA 
 
 
SUSTENTABILIDA EM AGROECOSSISTEMAS DE BASE FAMILIAR NA PROVÍNCIA 
DE GAZA 
 
 
 
 
 
 
 
AUTOR: Eugénio da Piedade Edmundo Sitoe 
ORIENTADOR: Doutor António Elísio 
 
 
 
 
 Lionde Setembro de 2019 
 
“Dissertação apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação em Agro-ecologia no Instituto 
Superior Politécnico de Gaza como requisito 
para obtenção do grau de Mestre em Agro-
ecológico”. 
 
MEMBROS EXAMINADORES DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 
DE 
EUGÉNIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOE 
 
 
APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOLOGIA, DA 
FACULDADE DE AGRICULTURA DO INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE GAZA, 
EM AGOSTO DE 2019. 
 
Membro Examinador 
 
____________________________________________________ 
Doutor Carlos Agostinho Balate 
(Docente do Instituto Superior Politécnico de Gaza) 
 
______________________________________________________ 
Doutor Mário Tuzine 
(Docente do Instituto Superior Politécnico de Gaza) 
 
______________________________________________________ 
Doutor Luiz Comissário 
(Docente do Instituto Superior Politécnico de Gaza) 
 
 
 
DECLARAÇÃO 
 
Declaro por minha honra que este trabalho de culminação do curso é resultado da minha 
investigação pessoal e das orientações dos meus tutores, o seu conteúdo é original e todas as 
fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final. 
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para o 
propósito semelhante ou de obtenção de qualquer grau académico. 
 
 
Campos do Instituto Superior Politécnico de Gaza - ISPG 
Setembro de 2019 
 
Eugénio da Piedade Edmundo Sitoe 
_____________________________________ 
 
 
 
 
ÍNDICE 
Conteúdos Páginas 
 
RESUMO .................................................................................................................................. I 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1 
1.1. Problematização e Justificação ................................................................................................ 2 
1.2. Objectivos do Estudo ............................................................................................................... 3 
2.3. Hipótese ...................................................................................................................... 4 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 5 
2.1 Conceito de agricultura sustentável .......................................................................................... 5 
2.2. Princípios e características da agricultura sustentável ............................................................. 5 
2.3. Sustentabilidade ....................................................................................................................... 5 
2.4 Dimensões de sustentabilidade ................................................................................................. 6 
2.5. Relações entre as dimensões em agroecossistemas.................................................................. 7 
2.6. Agricultura familiar em Moçambique ...................................................................................... 7 
2.7. Métodos de avaliação de sustentabilidade de agroecossistemas .............................................. 8 
2.8. Atributos da sustentabilidade em agroecossistemas................................................................. 9 
 3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 11 
3.1. Área de estudo ........................................................................................................................ 11 
3.2. Determinação da amostra e colecta de dados ......................................................................... 12 
3.3. Avaliação dos indicadores ..................................................................................................... 13 
3.3.1. Descrição e interpretação dos indicadores de sustentabilidade......................................... 13 
a) Indicadores de sustentabilidade ecológico ............................................................................. 13 
b) Indicadores de sustentabilidade económico ........................................................................... 15 
c) Indicadores de sustentabilidade social .................................................................................... 16 
3.4. Cálculo dos indicadores de sustentabilidade avaliados .......................................................... 18 
3.5 Análise de dados gerados na quantificação dos indicadores ................................................... 18 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 19 
4.1. Indicadores da Dimensão Ecológico ...................................................................................... 19 
4.2. Indicadores da Dimensão Económica .............................................................................. 24 
4.4. Índices de Sustentabilidade Geral ........................................................................................ 31 
5. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 35 
6. RECOMENDAÇÕES .................................................................................................. 37 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 38 
 
 
ÍNDICE DE FIGURAS 
Conteúdos Páginas 
Figura 1 – Representação esquemática da localização da área de estudo. ............................. 11 
Figura 2. Destruição de restos de culturas com recurso a fogo .............................................. 12 
Figura 3. Indicadores de Sustentabilidade ecológico das unidades de produção agrícola de 
Nhocuene. ....................................................................................................................... 23 
Figura 4. Indicadores de sustentabilidade económica das unidades de produção de 
Nhocuene. ....................................................................................................................... 27 
Figura 5: Indicadores de sustentabilidade social das unidades de produção familiar de 
Nhocuene. ....................................................................................................................... 31 
Figura 5. Índices de Sustentabilidade Geral das unidades de produção de Nhocuene. .......... 32 
Figura 6. Consolidação dos indicadores de sustentabilidade (Ecológica, Social e 
Económica). .................................................................................................................... 34 
 
 
ÍNDICE DE TABELAS 
Conteúdos
Páginas 
Tabela 1. Indicadores de sustentabilidade ecológico, utilizados para avaliar as unidades de 
produção familiar de Nhocuene ..................................................................................... 14 
Tabela 2. Indicadores de sustentabilidade económico, utilizados para avaliar as unidades de 
produção familiar de Nhocuene ..................................................................................... 15 
Tabela 3. Indicadores de sustentabilidade social, utilizados para avaliarem as unidades de 
produção familiar de Nhocuene ..................................................................................... 17 
Tabela 4. Faixas de notas com base em escalas usuais .......................................................... 18 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Dedico este trabalho de culminação do curso de Mestrado em Agroecologia: 
 
A Deus, pai amado e misericordioso, e a todos benfeitores. 
Ao meu pai, Edmundo Francisco Sitoe, 
A minha maravilhosa mãe, Lina Henriques Mucavele, por seu carinho e apoio 
incansável. 
Aos meus amados irmãos, pela ajuda que me concederam no decorrer do 
percurso académico. 
Aos meus avos. 
A minha família maravilhosa. 
A todo ser que busca seu aprimoramento 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A efectuação desta pesquisa, somente foi possível graças a inúmeras pessoas, que 
colaboraram com este estudo. Manifesto a minha gratidão a todas elas e de forma especial. 
A DEUS, por me ter acompanhado durante toda a minha caminhada; 
Ao Instituto Superior Politécnico de Gaza (ISPG), por tornar possível a concretização de um 
sonho e em particular ao SDAE pela colaboração no trabalho de campo. 
À minha família, especialmente na figura da minha querida e amada mãe (Lina Henrique 
Mucavele), por todo amor e confiança em mim depositado, pela compreensão na ausência e 
pela maravilhosa colaboração nos afazeres de meu dia a dia. Como em tantas outras vezes, 
minha mãe sacrificou muitos de seus momentos de descanso para garantir que eu tivesse o 
tempo livre necessário aos estudos. Saiba que o seu apoio foi de grande importância para esta 
pesquisa e que espero retribuí-la com muitos motivos para orgulhar-se. 
Ao Doutor António Elísio, meu orientador, por todos os conhecimentos repassados, pelo 
carinho nas conversas, pelo zelo nas orientações e no acompanhamento desta pesquisa. O 
pouco tempo desde que nos conhecemos já foi suficiente para construir a amizade e para 
perceber-lhe como um exemplo de vida e de dedicação, ao qual procurarei sempre seguir 
com afinco. 
Aos colegas de Programa de Pós-graduação em Agroecologia de 2017, por terem 
compartilhado tantos bons momentos comigo, em especial ao Eng. Bento e Paty. 
Aos agricultores familiares de Nhocuene, pelo tempo dedicado, pela confiança depositada no 
trabalho e por me terem acolhido com tanto carinho. 
Aos docentes das disciplinas que estudei, e a todos que, em menor ou maior intensidade, 
contribuíram para a realização desse trabalho. 
 
 
SIGLAS E ABREVIAÇÕES UTILIZADAS 
 
cm: centímetro. 
DUAT: Direito de uso e aproveitamento da terra. 
FAO: Food and Agriculture Organization of the United Nations 
FESLM: Framework for the Evaluation of Sustainable Land Management. 
GIRA: Grupo Interdisciplinar de Tecnologia Rural Apropriada - México. 
ha: Hectares. 
hab/km2 : habitantes por quilómetros quadrado. 
IDEA: Indicateurs de durabilite desexploitations agricoles. 
IDS: Método de desenvolvimento integrado sustentável (Biogramas). 
IISD: International Institute for sustainabledevelopment. 
INE: Instituto Nacional de Estática. 
ISPG- Instituto Superior Politécnico de Gaza. 
M.O: Matéria orgânica. 
MESMIS: Marco para la Evaluación de Sistemas de Manejo Incorporando Indicadores 
de Sustentabilidad. 
PIB: Produto Interno Bruto. 
SIDAE: Serviços Distritais de Actividades Económicas. 
UP’s: Unidade de produção. 
 
 I 
 
 RESUMO 
 
Este trabalho, teve como objectivo, avaliar a sustentabilidade da actividade agrícola de 
Nhocuene, através da metodologia MESMIS. No total, foram utilizados 23 indicadores 
compostos por 3 dimensões (ecológico, económico e social). Os resultados obtidos, 
evidenciam que a área apresenta muitos pontos críticos de sustentabilidade, com uma média 
geral de 4. Os pontos críticos de maior abrangência que comprometeram a sustentabilidade do 
agroecossistema foram: (i) na dimensão ecológica- produtividade (4), intensidade de uso da área 
(3), matéria orgânica c/ origem na propriedade (4), variação de produtividade (4), área com cultivo 
orgânico (0), diversidade de técnicas alternativas (3) e perda de colheita (3); (ii) na dimensão 
económica- controlo económica dos preços dos produtos (média 3), controlo financeiro das 
actividades desenvolvidas (0), forma de apresentação dos produtos nos mercados (1), destino 
do produto produzido (3) e dificuldade de acesso a crédito rural (3) e (i) na dimensão social- 
pessoas ocupadas por ha (2), satisfação com actividade desenvolvida (4), grau de escolaridade 
(4), participação em cursos de agricultura (0), organizações e associações (0) e satisfação com 
assistência técnica pública (4). Estes resultados mostraram a necessidade de intervenções para 
transição sustentável das 3 dimensões, sendo que, como forma de se alcançar a 
sustentabilidade deste agroecossistema, sugere-se que se opte pela utilização de técnicas de 
cultivo que levem em consideração os índices baixos de sustentabilidade encontrados. 
 
 
Palavras-chave: Dimensões de sustentabilidade, agricultura familiar. 
 
ABSTRACT 
This work aimed to evaluate the sustainability of Nhocuene's agricultural activity through the 
MESMIS methodology. In total, 23 indicators consisting of 3 parameters (ecological, 
economic and social) were used. The results show that the area has many critical 
sustainability points, with an overall average of 4. The most important critical points that 
compromised the sustainability of the agroecosystem were: (i) in the ecological-productivity 
dimension (4), intensity of use of area (3), organic matter with origin on property (4), 
productivity variation (4), area with organic cultivation (0), diversity of alternative techniques 
(3) and loss of harvest (3); (ii) the economic dimension - economic control of product prices 
(average 3), financial control of activities carried out (0), the way products are presented on 
markets (1), the destination of the product produced (3) and the difficulty of access to rural 
credit (3) and (i) in the social dimension- persons employed by ha (2), satisfaction with 
activity (4), educational level (4), participation in agricultural courses (0), organizations and 
associations (0 ) and satisfaction with public technical assistance (4). These results showed 
the need for interventions for the sustainable transition of the 3 parameters, and, as a way to 
achieve the sustainability of this agroecosystem, it is suggested that the use of cultivation 
techniques that take into account the low sustainability indices found. 
 
Keywords: Dimensions of sustainability, family farming.
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 1 
 
1. INTRODUÇÃO 
A gestão ambiental dos agroecossistemas, tem sido o maior desafio no contexto da 
agricultura familiar. Uma vez que a maior parte dos estudos realizados, tem seu maior foco 
nos processos de produção, observa-se uma lacuna em relação a métodos e ferramentas 
que auxiliem o agricultor familiar, na gestão sustentável do seu agroecossistema, (Reis e 
Cândido, 2013). 
De acordo com Altieri (2013) a definição de sustentabilidade dos agroecossistemas é
uma 
ferramenta, que incorporação quatro indicadores em suas respectivas dimensões 
nomeadamente: ecologicamente correcto, socialmente justo, economicamente viável e 
culturalmente aceitável. A partir desta interpretação, pode ser melhor entendido o 
contraponto entre a agricultura convencional baseada nos princípios da "Revolução Verde" 
e a "Agricultura Orgânica" que assenta-se em correntes de "Agricultura Alternativa" e 
assenta sobre o conceito de agroecossistemas (Claro & Claro, 2004). 
A agricultura convencional, tem foco na produção dos alimentos, através do uso de agros 
químicos, mecanização e alto consumo energético, enquanto, a agricultura alternativa, 
busca a aproximação da sustentabilidade com uso de práticas, técnicas e produtos que 
minimizem o impacto ambiental negativo ou mesmo levem à recuperação de um ambiente 
degradado, considerando as dimensões ecológicas, económicas e sociais. 
O conhecimento de vários conceitos1 que fazem parte da avaliação da sustentabilidade dos 
agroecossistemas são fundamentais para entender o que está acontecendo nas unidades de 
produção de base familiar, e permite a obtenção de novas propostas de desenvolvimento 
sustentável para o futuro (Netto, 2015). Esta avaliação parte do princípio de um 
entendimento de uma agricultura sustentável e abordagem nas dimensões socio-
econômicas e ambientais, sempre com a família no centro das questões levantadas 
(Caporal e Costabeber, 2004). Baseado nesse pressuposto, o uso de práticas de maneio 
ecológico que prioriza a manutenção ou melhoramento da fertilidade do solo, qualidade da 
 
1 Referentes a produtividade, estabilidade, Resiliência, confiabilidade, Adaptabilidade, equidade e a Auto 
dependência ou autogestão 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 2 
 
água e do meio ambiente, é uma das alternativas menos caras para o sector familiar 
(Calegare & Silva-Júnior, 2011). 
A agricultura em Moçambique, é vista como pilar base, para a erradicação da pobreza, dai 
a preocupação do governo em promover o aumento dos níveis actuais de produção e 
produtividade. Esta actividade é feita por cerca de 83% da população de base familiar, sob 
condições de sequeiro e contribui em cerca de 22,7% do PIB, nacional, (INE, 2018). 
Uma das dificuldades encontradas por vários agricultores familiares, é saber o quanto um 
agroecossistema especifico é saudável, ou mais literalmente, em que estado de saúde e 
sustentabilidade se encontra depois de várias actividades nelas desenvolvidas com os 
pressupostos da agroecologia, (Altieri, 2013). 
Nas unidades de produção de base familiar de Nhocuene, é evidente a prática da actividade 
agrícola, na busca de produtos distintos, com menos ou sem uso de produtos agrotóxicos. 
Esta actividade traz mais uma oportunidade real para as regiões de Nhocuene, que trazem 
consigo incertezas da manutenção de sustentabilidade de ordem económica, tecnológica e 
ambiental a longo período de tempo, (Observações Pessoais 2018). 
O presente trabalho teve como objectivo, avaliar a sustentabilidade do agroecossistema de 
base familiar de Nhocuene, nas dimensões ecológica, económica e social usando o método 
MESMIS (marco para avaliação de sustentabilidade, incorporando indicadores de 
sustentabilidade), 
 1.1. Problematização e Justificação 
Em Nhocuene, é evidente o desenvolvimento da actividade produtiva familiar, na busca de 
produtos distintos, com menos ou sem uso de produtos agrotóxicos. Estas actividades 
trazem consigo incertezas de ordem económica, tecnológica e ambiental, (Observações 
Pessoais 2018). 
Uma das dificuldades encontradas por vários extensionistas, e agricultores familiares, é 
saber o quanto um agroecossistema especifico é saudável, ou mais literalmente, em que 
estado de saúde e sustentabilidade se encontra depois de várias actividades nelas 
desenvolvidas com os pressupostos da agroecologia, ou seja, até que ponto as expectativas 
de produtores e consumidores estão sendo satisfeitas. A falta de conhecimento das 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 3 
 
consequências advindas das práticas de maneio inadequado, afecta a estabilidade ecológica 
de agroecossistema de Nhocuene, onde a agricultura praticada é de subsistência com 
menos ou sem uso de produtos agrotóxicos para o aumento da produção e produtividade 
agrícola, (Observações Pessoais 2018). 
A avaliação da sustentabilidade dos agroecossistemas são fundamentais para entender a 
situação actual das unidades de produção de base familiar, e permite a obtenção de novas 
propostas de desenvolvimento sustentável para o futuro. Esta avaliação parte do princípio 
de um entendimento de uma agricultura sustentável e abordagem nas dimensões socio-
econômicas e ambientais, sempre com a família no centro das questões levantadas. 
Baseado nesse pressuposto, o uso de práticas de maneio ecológico que prioriza a 
manutenção ou melhoramento da fertilidade do solo, qualidade da água e do meio 
ambiente, é uma das alternativas menos caras para o sector familiar, dai que a pesquisa 
procura avaliar a sustentabilidade do agroecossistema de Nhocuene. Por outro lado, o 
estudo permitirá identificar e avaliar os pontos críticos da cadeia de produção de base 
familiar nesta região, desde a produção até a comercialização dos produtos. 
1.2. Objectivos do Estudo 
Objectivo Geral 
 Avaliar a sustentabilidade de agroecossistema de base familiar de Nhocuene na 
dimensão ecológica, econômica e social. 
Objectivos Específicos 
 Caracterizar o agroecossistema de base familiar de Nhocuene e os seus níveis de 
sustentabilidade; 
 Identificar indicadores sustentáveis em cada dimensão (ecológica, económica e social) 
avaliadas nas unidades de produção familiar em Nhocuene; 
 Identificar os pontos críticos de sustentabilidade do agroecossistema em cada 
dimensão (ecológica, económica e social) avaliada e; 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 4 
 
 Identificar e propor prováveis soluções e recomendações de produção sustentáveis em 
função do estado do agroecossistema em estudo. 
1.3. Questões de partida: 
 Até que ponto a utilização de agroquímicos para o controlo das pragas, doenças e 
das ervas daninhas, assim como a destruição da biomassa resultante do processo de 
limpeza do terreno para o desenvolvimento da actividade produtiva influencia no 
estado de sustentabilidade do agroecossistema de Nhocuene? Ou por outro lado, em 
que estado de sustentabilidade o agroecossistema de Nhocuene se encontra depois de 
várias actividades nelas desenvolvidas com os pressupostos da agroecologia? 
 
1.4. Hipótese 
Hipótese Nula (Ho) 
De acordo com Rodrigues (2014) um agroecossistema em estado óptimo de 
sustentabilidade é caracterizada por apresentar condições de auto-regulação do seu 
propósito produtivo em função do tempo. Partido deste prossuposto, e de acordo com as 
observações pessoais em Nhocuene, o agroecossistema é caracterizado por utilização de 
agroquímicos para o controlo das pragas, doenças e das ervas daninhas, assim como a 
destruição da biomassa resultante do processo de limpeza do terreno para o 
desenvolvimento da actividade produtiva. Deste modo foi hipotetizado que o 
agroecossistema de base familiar em análise, esta em estado óptimas de 
sustentabilidades, em relação aos indicadores da dimensão ecológica, económica e 
social. 
 
 
 
 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO
SITOOE 5 
 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
2.1 Conceito de agricultura sustentável 
Masera et al.(2000), Melo & Cândido (2013) a agricultura sustentável é aquela que 
respeita o meio ambiente, é justa do ponto de vista social, ambiental, cultural, político, 
éticos e consegue ser economicamente viável. A agricultura para ser considerada 
sustentável deve ser olhada como um processo de construção social, que garanta, às 
gerações futuras, a capacidade de suprir as necessidades de produção e qualidade de vida 
no planeta. 
A produção agrícola para ser sustentável necessita atender a todas múltiplas dimensões de 
forma integrada. A realidade pressupõe dimensões econômicas, sociais, ambientais, 
culturais (múltiplas dimensões), que necessitam ser analisadas e entendidas em seu 
conjunto, ou seja, não basta apenas ser ambientalmente sustentável, como é comum haver 
referências acerca do tema, (Verena, 2008). 
2.2. Princípios e características da agricultura sustentável 
Segundo Viega (2005) são princípios e características típicas de agricultura sustentável as 
seguintes: diminuição de uso contante de adubos químicos, através da técnica da fixação 
biológica de nitrogênio; uso de técnicas alternativas de produção que não promovem a 
poluição do ar, do solo e da água; uso racional ou, quando possível, eliminação dos 
pesticidas ilegais; uso da agroenergia, que são fontes de energia geradas no campo como, 
por exemplo, biocombustíveis (biodiesel, biogás, etanol e outros derivados de restos da 
produção e biomassa); adoção do sistema de plantio direto, que preserva a capacidade 
produtiva do solo; adoção da gestão ambiental e territorial, em que são feitos estudos para 
que cada prática agrícola seja executada em áreas e climas onde a cultura vai alcançar 
maior rendimento com menor desgaste do solo e valorização da agricultura familiar que 
gera trabalho e renda às famílias rurais, possibilitando suas permanências no campo. 
2.3. Sustentabilidade 
De acordo com Verena (2008) a sustentabilidade é uma característica ou condição de 
um sistema que permite a sua permanência, em determinado nível, por um determinado 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 6 
 
período. Este conceito tornou-se um princípio Segundo o qual o uso dos recursos naturais 
para a satisfação de necessidades presentes não podem comprometer a satisfação das 
necessidades das gerações futuras. Segundo mesmo autor, a sustentabilidade também pode 
ser definida como a capacidade de ser humano interagir com o mundo, preservando o meio 
ambiente para não comprometer os recursos naturais das gerações futuras. 
Viega (2005), descreve que o conceito da sustentabilidade é complexo, pois atende a um 
conjunto de variáveis interdependentes, mas pode-se dizer ainda que deve ter a capacidade 
de integrar as questões sociais, energéticas, económicas e ambientais. 
 Questão social: é preciso respeitar o ser humano, para que este possa respeitar a 
natureza. E do ponto de vista humano, ele próprio é a parte mais importante do meio 
ambiente. 
 Questão energética: sem energia a economia não se desenvolve. E se a economia não 
se desenvolve, as condições de vida das populações se deterioram. 
 Questão ambiental: com o meio ambiente degradado, o ser humano abrevia o seu 
tempo de vida; a economia não se desenvolve; o futuro fica insustentável. 
Melo e Cândido (2013), afirma que o princípio da sustentabilidade aplica-se a desde um 
único empreendimento, passando por uma pequena comunidade, até o planeta inteiro. Para 
que uma actividade produtiva seja considerada sustentável, é preciso que ele seja: 
ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente 
diverso. 
2.4 Dimensões de sustentabilidade 
Segundo Deponti (2001), as dimensões de sustentabilidade, resumem-se em: 
Dimensão ecológica 
Na dimensão ecológica, os indicadores de solos são ferramentas de grande importância na 
avaliação de sustentabilidade dos agro-ecossistemas. Mello (2008) Stefanoski, et al (2013), 
mostram uma definição complexa para o indicador e preconiza os seguintes aspectos: 
fertilidade do solo e biodiversidade crescente (dentro e fora das áreas de cultivo); 
conservação dos corpos de água (em qualidade e quantidade), eliminação de substâncias 
altamente tóxicas (persistentes no ambiente, e que percorrem as cadeias tróficas). 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 7 
 
Dimensão social 
 Masera, et al (2000) refere-se que a dimensão social, é uma ferramenta crucial que 
proporciona a equidade de renda, ou seja, não concentra a renda em poucas pessoas; ajuda 
mútua, cooperativismo ou apoio a qualquer outra forma de organização, rumo a 
autonomia e visando a autonomia e empoderamento do agricultor; valorização da 
agricultura familiar; prove a autonomia política aos grupos sociais, sobretudo a soberania 
das nações e promover o bem comum. 
Dimensão econômica/financeira 
Os fatores econômicos são indicadores importantes na avaliação de sustentabilidade de 
agroecossistemas familiares, pois promove a avaliação da viabilidade econômica com 
níveis de renda adequado e prove mercados estáveis, se possível com venda direta e com 
valor agregado ao produto, (Masera, 2000, Rodrigues 2014 e Marzall e Almeida 2000). 
2.5. Relações entre as dimensões em agroecossistemas 
Tanto entre dimensões como entre indicadores podem desenvolver-se relações e 
interacções bastante complexas. Para Melo e Cândido (2013) estas relações podem ser de 
três naturezas: 
a) Sinérgica: a alteração positiva de um indicador ajuda a melhora de outro; 
b) De competição ou trade-off: a alteração positiva de um indicador (ambiental, 
económica e social) implica na piora de outro; 
c) Mistas: quando para certos níveis de um indicador há uma melhoria de outro, 
enquanto para outros níveis passa a existir uma concorrência. 
2.6. Agricultura familiar em Moçambique 
De acordo com Mosca (2011), em Moçambique a agricultura familiar é a principal 
actividade desenvolvida pelo sector família, da qual, garante a sua sobrevivência 
alimentar. Esta actividade é feita por cerca de 83% da população familiar, sob condições 
de sequeiro e contribui em cerca de 22,7% do PIB (produto interno bruto), mesmo com 
dificuldades de acesso a crédito e às inovações tecnológicas. 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 8 
 
 Francisco et al. (2010) ressalta a importância da produção familiar na agricultura, 
admitindo que ela seja um sector diferenciado do capitalismo contemporâneo, sendo única 
actividade económica em que o trabalho e a gestão estruturam-se tão fortemente em torno 
dos vínculos familiares, e na qual a participação de mão-de-obra não contratada seja tão 
importante. O estabelecimento familiar é ao mesmo tempo, uma unidade de produção e de 
consumo, uma unidade de produção e de reprodução social. 
De acordo com o mesmo autor, ainda que a agricultura familiar tem potencial para 
promover sustentabilidade ambiental, pois ela orienta-se por meio do atendimento das 
necessidades da família; para a manutenção, em longo prazo, das potencialidades 
produtivas do meio rural (percebido como um património familiar); além de valorizar a 
diversidade por meio de policultivo e criações, distribuídas de forma equilibrada no tempo 
e espaço. 
A agricultura familiar se constitui no lócus ideal para o desenvolvimento de uma 
agricultura sustentável, pois utiliza de forma mais efectiva o potencial multifuncional dos 
recursos que as mantém. Sitoe (2005) afirma que os agricultores possuem
uma 
“racionalidade camponesa” que os aproxima dos princípios e das estratégias ideias da 
sustentabilidade. Desta forma, surge no espaço rural uma nova expectativa, que busca 
novas relações entre o homem e o ambiente, acarretando em novas práticas nos âmbitos 
sociais, económicos e culturais. 
2.7. Métodos de avaliação de sustentabilidade de agroecossistemas 
De acordo com Kemerich et al., (2014) as principais metodologias que são reflectidas 
como marcos internacionais para avaliação da sustentabilidade da agricultura são: a) 
Sostenibilidad de la agricultura y los recursos naturales: base para estabelecer indicadores 
- IICA/GTZ; b) FESLM - Framework for the Evaluation of Sustainable Land Management 
– FAO; c) MESMIS – Marco para la evaluación de sistemas de manejo de recursos 
naturales mediante indicadores de sustentabilidad; d) IDEA – Indicateurs de durabilite 
desexploitations agricoles 
Dentre os procedimentos mais conhecidos, existem acções que visam possibilitar ao 
usuário mais praticidade no processo de avaliação da sustentabilidade dos 
agroecossistemas, tendo destaque o método MESMI, que tem sido utilizado em diversas 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 9 
 
partes do mundo, principalmente quando são analisados casos de agricultura familiar, com 
ênfase em actividades com base ecológica, conforme descrito em relatos realizados por 
Netto, (2015) e Mello e Godoy, (2014) e o método de IDS (S³) - biograma, desenvolvido 
por Fagundes, (2000) o qual é também empregado como ferramenta para análise da 
sustentabilidade dos agroecossistemas. 
 2.8. Atributos da sustentabilidade em agroecossistemas 
De acordo com Matos, (2004) os atributos de sustentabilidade dos agroecossistemas 
foram desenvolvidos para avaliar aspectos dos ecossistemas no mundo natural, sendo 
depois derivados para abranger as influências e relações com o mundo social, como as que 
ocorrem nos agroecossistemas. Há que se observar também que estes atributos abrangem 
factores de ordem intrínseca do sistema (auto-ecologia) como as interacções e fluxos com 
o exterior (sinecologia). 
De acordo com Masera, (2000) os atributos básicos e fundamentais para determinar a 
sustentabilidade dos agroecossistemas são: 
i) Produtividade: que se refere à propriedade do agroecossistema, de procriar o nível 
requerido de bens e/ou serviços. Revela os ganhos, os rendimentos em um determinado 
período de tempo. Em uma avaliação convencional pode ser exemplificado como a 
produção agrícola em uma época produtiva ou em um ano. “A produtividade pode ser 
representada por diversos indicadores como ingressos monetários, rendimento do 
trabalho e/ou da terra, produção de biomassa, entre outros”, (Santos, et al, 2014). 
 
ii) Estabilidade: entendida como sendo a propriedade ou habilidade do agroecossistema de 
manter a produtividade dinâmica, a auto-regulação, ciclagem da matéria, e a população 
de insectos-praga, vegetais e micro-organismos, em níveis equilibrados ao longo do 
tempo em uma situação não decrescente. Trata-se de manter constante a produtividade 
dos agroecossistemas geradas ao longo do tempo, (Coutinho, 2014). 
 
iii) Resiliência: é a aptidão que um agroecossistema específico apresenta de retornar ao seu 
potencial de produção após sofrer certas perturbações. Por outro lado, a resiliência, 
refere-se a capacidade do agroecossistema, de resistir e manter as suas propriedades 
físicas, químicas e biológicas em resposta ao maneio explorativo empregue. Pode ser 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 10 
 
citada a capacidade de recuperação de um agroecossistema depois um período muito 
longo de seca ou de actividades produtivas, (Altiri, 2013). 
 
iv) Equidade: compreende-se como a capacidade do agroecossistema de partilhar de forma 
justa, os benefícios e custos resultantes do maneio dos recursos naturais, (Verona, 
2008). 
 
 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
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3. MATERIAIS E MÉTODOS 
 3.1. Área de estudo 
O estudo foi desenvolvido em Nhocuene (latitude 25°11'54.05"S, longitude 
33°30’42.96"E), distrito de Xai-Xai, província de Gaza, sul de Moçambique (figura 1). O 
distrito é limitado a sul pelo oceano Índico, a Norte pelo Distrito de Chibuto (posto 
Administrativo de Malehice e Chókwè), a Este pelos distritos de Bilene e a Oeste pelo 
distrito de Mandlacazi. 
O distrito de Chongoene dispõe de uma superfície de 1.908 km2 da qual, 919 ha de terra é 
cultivada por 2023 produtores familiares. Este distrito tem uma densidade populacional de 
110.6 hab/km2 da qual a relação da dependência económica potencial é de 
aproximadamente 1:1.3, isto é, por cada 10 crianças ou anciões existe 13 pessoas em idade 
activa. A população é jovem (44%, abaixo de 15 anos de idade), maioritariamente 
feminina (taxa de masculinidade de 43%) e de matriz rural (taxa de urbanização de 20%), 
(SIDAE, 2018). 
 
 
 
 
Solos 
Os solos são machongos com uma camada turfosa de 20 a 100 cm e tipicamente húmidos 
da qual, são sujeitas à actividade de exploração familiar, resultantes do uso de fogo para a 
Figura 1 – Representação esquemática da localização da área de estudo. 
 
 Fonte: RBL, 2018 
 
 
 
 
Área de 
Estudo 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
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destruição dos restolhos das culturas anteriores e para a limpeza do terreno, acompanhado 
de utilização dos agroquímicos (Adubações e pulverizações) para o alcance do rendimento 
das culturas (figura 2). Estes solos apresentam elevada retenção de humidade e troca de 
gases e favorecem o cultivo de uma grande variedade de culturas durante o ano (Assis e 
Romeiro, 2002). 
 
 
Metodologia 
Para a realização do presente trabalho, baseou-se em pesquisa bibliográfica e estudo de 
caso (Reis & Cândido, 2013). O método MESMI, que consiste em um marco teórico para a 
identificação e selecção das dimensões (ecológicas, social e económica), foi aplicado na 
definição dos indicadores mais vaiáveis para análise da situação actual do agroecossistema 
de base familiar da região de Nhocuene. 
O estudo do caso foi baseado em inúmeras visitas feitas à região de Nhocuene e entrevistas 
tidas com agricultores familiares e o técnico responsável pela área de extensão rural na 
região. Estas intervenções ajudaram no processo da quantificação do número total dos 
agricultores da região, selecção e escolhas dos indicadores que se adequassem a situação 
real de Nhocuene. 
 3.2. Determinação da amostra e colecta de dados 
Num total de 2023 produtores familiares existente nas unidades de produção em 
Nhocuene, segundo dados do SIDAE, (2018), foram inqueridos aproximadamente 30% 
destes, que corresponde a 647 produtores familiares. Este percentual, esta acima do 
recomendado na literatura, porém, optou-se no mesmo para se garantir o máximo possível 
Figura 2. Destruição de restos de culturas com recurso a fogo 
 
 
 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 13 
 
a fiabilidade das respostas dadas, e à natureza da pesquisa e característica dos produtores 
familiares. 
A colecta de dados foi feita através da entrevista semi-estruturada. Os questionários foram 
previamente elaborados o que permitiu uma avaliação qualitativa e quantitativa de forma 
ampla e segura. 
3.3. Avaliação dos indicadores 
Para a avaliação dos indicadores, foi usado o método
MESM (2000). No total, forram 
avaliados 23 indicadores, em uma escala que variava de 0 (estado de sustentabilidade 
critico) a 10 (estado óptimo de sustentabilidade), conforme mostra as tabelas 1,2 e 3. 
 3.3.1. Descrição e interpretação dos indicadores de sustentabilidade 
 a) Indicadores de sustentabilidade ecológico 
Na dimensão ecológica, avaliou-se os seguintes indicadores: (i) produtividade do solo – 
orçado com base na percentagem média regional obtida na unidade de produção. Com este 
indicador, avaliou-se o índice de alcance dos bons rendimentos, e o nível de variações de 
produção por hectare com o decorrer do tempo; (ii) disponibilidade de água – obtido com 
base no volume e constância permanente das fontes de água; (iii) intensidade de uso da 
área – avaliada com base na análise da intensidade do uso da terra anualmente, em relação 
aos ganhos obtidos por ano na unidade de produção; (iv) matéria orgânica com origem na 
propriedade – avaliado conforme a concentração de matéria orgânica produzida na UP 
(unidade de produção); (v) área com erosão visível – avaliado mediante o nível de 
observação de sinais de erosão na área de estuda, e com base nas respostas dadas pelos 
produtores familiares, em relação a variável em causa; (vi) variação da produtividade – 
mensurada com base na variação entre a produtividade maior em relação a menor 
declarada, desde o início da produção até o período do inquérito; (vii) resistência á 
estiagem – medida com base nas notas atribuídas, em relação a situação dos produtores a 
quanto da problemática com escasseio da água na UP; (viii) área com cultivo orgânico – 
obtido com base na percentagem da área com cultivo orgânico certificado em relação á 
total da área cultivada; (viiii) diversidade técnica – mensurada com base nos valores 
atribuídos para a quantidade de técnicas alternativas utilizadas na unidade de produção; (x) 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
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perda de colheita - quantificada com base nas notas atribuídas para percentagem de perda 
de colheita nas unidades de produção., (tabela 1). 
Tabela 1. Indicadores de sustentabilidade ecológico, utilizados para avaliar as unidades de 
produção familiar de Nhocuene 
Indicador e 
relação 
Parâmetro Nota atribuída 
Estado de 
sustentabilidade/situação 
Produtividade 
do solo 
(+) 
Não satisfatório 0 Critico 
Razoável 4 Instável 
Média 6 Estável 
Satisfatório 10 Óptimo 
Disponibilidade 
de água 
(+) 
Escassa 0 Critico 
Depende da chuva 4 Instável 
Depende de S. rega 6 Estável 
Depende do L.F 10 Óptimo 
Intensidade de 
uso da área. 
(-) 
Maior 0 Critico 
Razoável 4 Instável 
Ligeiro 6 Estável 
leve 10 Óptimo 
M.O com origem 
na propriedade 
(+) 
Não tem 0 Critico 
Por vezes 4 Instável 
Pouco 6 Estável 
Sempre 10 Óptimo 
Área com erosão 
visível 
(+) 
Severa 0 Critico 
Pouca 4 Instável 
Razoável 6 Estável 
Nuca 10 Óptimo 
Variação da 
produtividade 
(-) 
Variação de 75% 0 Critico 
Variação de 50% 4 Instável 
Variação de 25% 6 Estável 
Sem variação 10 Óptimo 
Resistência á 
estiagem 
(+) 
Nuca 0 Critico 
Pouco 4 Instável 
Razoável 6 Estável 
Sempre 10 Óptimo 
Área com cultivo 
orgânico 
(+) 
0 % da área 0 Critico 
25 % da área 4 Instável 
50 % da área 6 Estável 
75 a 100% da área 10 Óptimo 
Diversidade 
técnica 
(+) 
1 Técnica de cultivo 0 Critico 
2 Técnicas de cultivo 4 Instável 
4 Técnicas de cultivo 6 Estável 
+ De 4 técnicas 10 Óptimo 
Perda de Até 75% 0 Critico 
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colheita 
(-) 
Até 50% 4 Instável 
Até 25% 6 Estável 
Sem perdas 10 Óptimo 
 
Fonte: Adaptado de Fonseca (2013). 
b) Indicadores de sustentabilidade económico 
Na dimensão económica, avaliou-se os seguintes indicadores: (i) controlo sobre os preços 
dos produtos – orçado mediante a capacidade dos produtores em gerenciarem e alterarem 
os preços dos seus produtos em função de flutuação nos mercados; (ii) controlo financeiro 
das actividades – avaliada por meio do controlo da renda obtida pelos produtores 
familiares, em relação aos custos de produção e receitas obtidas; (iii) diversidade 
produtiva para o consumo – medida mediante resultado da produção, na situação, em que 
a diversidade produtiva diminui os gastos externos com alimentação; (iv) apresentação do 
produto comercial – mensurada pelo percentual comercializado, conforme parâmetros de 
ponderação 0 a 10; (v) destino da produção – quantificado do percentual de produtos 
entregues ao mercado, ponderados por notas atribuídas segundo a forma de apresentação 
do produto; (vi) acesso a crédito rural – quantificado com base nas notas atribuídas 
segundo tipo de fonte para crédito rural para empregabilidade no agroecossistema, tendo 
como parâmetro, crédito rural em bancos, crédito não rural em bancos, outras entidades 
comerciais, pessoas físicas e falta de financiamento, (tabela 2). 
Tabela 2. Indicadores de sustentabilidade económico, utilizados para avaliar as unidades 
de produção familiar de Nhocuene 
Indicador e relação Parâmetro 
Nota 
atribuída 
Estado de 
sustentabilidade/situação 
Controlo sobre os 
preços dos produtos 
(+) 
Não a controlo 0 Critico 
Pouco controlo 4 Instável 
Controlo razoável 6 Estável 
Muito controlo 10 Óptima 
Controlo financeiro 
das actividades 
(+) 
Não a controlo 0 Critico 
Pouco controlo 4 Instável 
Controlo razoável 6 Estável 
Muito controlo 10 Óptima 
Diversidade produtiva 
para o consumo 
(+) 
Dependem de 1 actividade 0 Critico 
Dependem de 2 actividade 4 Instável 
Dependem de 4 actividade 6 Estável 
Dependem de mais de 4 
actividade 
10 Óptimo 
Apresentação do Bruto 0 Critico 
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produto comercial 
(+) 
Limpo 4 Instável 
Limpo e embalado 6 Estável 
Limpo, embalado e com 
marca 
10 Óptima 
Destino da produção 
(+) 
Consumo 0 Critico 
Consumo e venda caseira 4 Instável 
Consumo e venda em 
mercado 
6 Estável 
Consumo interno, venda 
em mercados e 
supermercados 
10 Óptima 
Acesso a crédito rural 
(+) 
Não consegue empréstimo 0 Critico 
Credito em outras 
entidades (agiotas) 
4 Instável 
Credito rural em bancos 6 Estável 
Credito rural em bancos, 
FDC e fundo dos 7 
milhões 
10 Óptima 
Fonte: Adaptado de Fonseca (2013). 
 
c) Indicadores de sustentabilidade social 
Na dimensão social, avaliou-se os seguintes indicadores: (i) pessoas ocupadas por ha – 
obtida do número de agricultores familiares que trabalham constantemente na unidade de 
produção; (ii)- satisfação com a actividade desenvolvida – estimada pela média das notas 
atribuída segundo a declaração do produtor em relação a sua satisfação com a actividade 
desenvolvida na UP; (iii)- grau de escolaridade – quantificado o percentual, do número de 
pessoas com certo nível escolar que trabalham nas UP’s; (iv) - participação em cursos de 
agricultura – resultante das notas atribuídas, segundo a participação dos produtores 
familiares em cursos de Agro-pecuária, ponderada de 0 a 10; (v) - organizações e 
associativismos – obtido com base na média das notas atribuídas para casos de existência 
de produtores que tem conhecimento de existência de organizações e associações e que 
participam; (vi)- estado de saúde – obtida da média das notas atribuídas, segundo o estado 
de saúde dos
produtores familiares que trabalha na unidade de produção, ponderada de 0 a 
10; (vii)- satisfação com assistência técnica – obtida com base nas notas conferidas, 
segundo o grau de satisfação dos produtores familiares em relação á assistência técnica e 
actividade de extensão rural, ponderada de 0 a 10, (tabela 3). 
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Tabela 3. Indicadores de sustentabilidade social, utilizados para avaliarem as unidades de 
produção familiar de Nhocuene 
Indicador e 
relação 
Parâmetro Nota atribuída 
Estado de 
sustentabilidade/situação 
Pessoas 
ocupadas 
por ha 
(+) 
Ocupado por casal idoso 0 Critico 
Ocupado por casal jovem e 
respectivos filhos 
4 Instável 
Ocupado por casal de idosos, 
filhos e netos 
6 Estável 
Ocupado por casal de idosos, 
filhos e netos e mãos de 
terceiros (sazonais) 
10 Óptimo 
Satisfação 
com a 
actividade 
(+) 
Não satisfeito 0 Critico 
Satisfeito a 25% 4 Instável 
Satisfeito a 75 % 6 Estável 
Satisfeito a 100% 10 Óptimo 
Grau de 
Escolaridade 
(+) 
Sem formação 0 Critico 
Com Formação Primaria 4 Instável 
Com nível básico completo 6 Estável 
Com nível Médio completo 10 Óptimo 
Participação 
em cursos de 
agricultura. 
(+) 
Nuca 0 Critico 
1 vez por ano 4 Instável 
2 vezes por ano 6 Estável 
Sempre 10 Óptimo 
Organização 
e 
associativism
o (+) 
Sem conhecimento 0 Critico 
Não existe 4 Instável 
Existe mas não participo 6 Estável 
Existe e participo 10 Óptimo 
Estado de 
Saúde das 
pessoas 
(+) 
Doenças crónicas 0 Critico 
Frequentemente doente 4 Instável 
Por vezes por doentes 6 Estável 
Dificilmente adoeço 10 Óptimo 
Satisfação 
com 
assistência 
técnica 
pública (+) 
Péssima 0 Critico 
Baixa 4 Instável 
Média 6 Estável 
Alta 10 Óptimo 
Fonte: Adaptado de Fonseca (2013). 
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Definidos os indicadores, foram determinados os parâmetros (tabela 1, 2 e 3), que contém 
informações objectivas, classificadas pelos agricultores entrevistados. Tais parâmetros 
foram definidos com base em trabalhos afins, nas informações e/ou colocações dos 
agricultores. 
O uso de parâmetros permitiu atribuir notas para grau de sustentabilidade de cada 
indicador, sendo a seguinte classificação estabelecida, conforme mostra a tabela 4 abaixo. 
Tabela 4. Faixas de notas com base em escalas usuais 
Situação Notas 
Critico 0 
Instável 4 
Estável 6 
Ótima 10 
 
Fonte: Adaptado de Zampieri (2003). 
 
3.4. Cálculo dos indicadores de sustentabilidade avaliados 
 O cálculo das dimensões avaliadas baseando-se em seguintes passos: 
a) Para obter o índice de cada dimensão foram somados os valores referentes a cada 
indicador e dividido pelo número total do próprio indicador. 
Dimensão = 
Indicador 1+2+3+ …+n
n
 
 
b) Para se obter o índice geral de sustentabilidade do agroecossistema, foram somados as 
três médias dos valores referentes a cada dimensão e dividido pelo número total dos 
indicadores. 
c) NGS = 
Média da Dimensão Ecologica+Média da Dimensão Económica+Média da Dimensão Social
𝑛
 
3.5 Análise de dados gerados na quantificação dos indicadores 
Os dados colhidos foram agrupados por indicadores e calculadas as médias com auxílio 
do pacote estático SPSS. Após o agrupamento dos atributos, foi realizado uma 
apresentação gráfica que de seguida foi interpretada no âmbito de discussão dos 
resultados. 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
4.1. Indicadores da Dimensão Ecológico 
A figura 3 ilustra os resultados obtidos na dimensão ecológica, discutidos a seguir. 
O indicador “disponibilidade de água e Produtividade” obteve um índice de 
sustentabilidade óptimo (média 10) no agroecossistema de base familiar de Nhocuene 
avaliado. Este resultado, evidência que 100% das unidades de produção das famílias tem 
disponibilidade constante do recurso hídrico, para a irrigação dos campos em todas as 
estações do ano. A fonte de água de irrigação é proveniente do lençol freático, da qual é 
distribuída e escoada por pequenas valetas escavadas com recurso a pá e por vezes a 
enxadas. Este resultado, mostra que o recurso hídrio (água), não é o factor limitante para a 
produção agrícola neste agroecossistema, pois, para além da água do lençol freático, as 
unidades de produção de Nhocuene, detém de valas de sistema de rega sofisticado que 
ajuda no processo de distribuição da água aos campos para agricultores que detém de 
motobomba ou eletrobomba em caso de lençol freático não favorecer sustentavelmente em 
humedecer as camadas superficiais na época quente. 
O desempenho do indicador “produtividade por área”, teve um baixo desempenho no 
agroecossistema com uma média de sustentabilidade de sustentabilidade de 4 (instável). 
Este resultado, deriva dos baixos níveis de produtividade declarados por 82,6% produtores, 
dai que o seu desempenho foi comprometido. Fazem parte dos 17.3%, produtores familiares 
que se dedicam ao cultivo da bananeira e mandioca. Os baixos níveis de produtividade 
obtidos por maior parte dos produtores familiares de Nhocuene, resultam provavelmente, 
pelo uso de práticas de cultivo inadequados, que reduzem o desempenho eficiente do solo, 
consequente do esgotamento do seu poder nutritivo, decorrente da destruição constante da 
biomassa vegetal oriunda do processo da limpeza do terreno. 
Para o indicador “intensidade de uso da área da unidade de produção” os resultados do 
presente estudo, mostram que 196 produtores familiares usam a queimada a biomassa 
vegetal, como forma de fazer a limpeza do terreno, 298 fazem limpeza e recolhem toda 
biomassa resultante da actividade, para sua destruição em um ponto acumulado e os 
restantes 153 utilizam o glifosato para a limpeza do terreno. A média geral de 
sustentabilidade desse indicador foi 3, mostrando estado crítico da sustentabilidade. Este 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
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resultado, mostra claramente que a área de produção (solo) é utilizada como recurso 
inesgotável, da qual só se semeia, colhe-se e se destroem os restolhos das culturas 
anteriores. Estes resultados, mostram claramente, que os produtores familiares, não 
cumprem com os princípios de produção ecológico nas suas unidades de produção. 
O indicador “matéria orgânica com origem na propriedade”, obteve um índice de 
sustentabilidade de 4. O baixo desempenho deste indicador, é resultante da instabilidade de 
549 unidades de produção que sofre constante destruição da biomassa vegetal, findo 
processo produtivo e da destruição das ervas daninhas, consequente do processo de limpeza 
do terreno. Este resultado mostra um estado instável de sustentabilidade deste indicador, 
dados que, a maior parte dos agricultores entrevistados afirmaram que os restos de culturas, 
são colhidas e queimadas. Estas acções, tornam a actividade insustentável, dado que, 
promovem o esgotamento das propriedades químicas do solo e recorrência contantes aos 
adubos químicos para fertilizar os campos de produção. A dependência constante de adubos 
químicos é uma actividade constante nas unidades de produção agrícola da região de 
Nhocuene, dada a facilidade da sua obtenção. Esta circunstância fez baixar a concentração 
de esforços para a adoção de práticas de produção de matéria orgânica. A justificativa para 
esta
realidade pode ser encontrada na pouca disponibilidade de mão-de-obra para a 
produção de adubação verde, compostagem e esterco animal, caracterizando uma relação de 
trade-off entre auto-suficiência em matéria orgânica e eficácia da mão-de-obra. 
O do indicador “área com erosão visível”, mostra que o agroecossistema avaliado não 
apresenta nenhum sinal de presença de erosão, quer seja eólica, assim como hídrica, dado 
que 100% dos inqueridos nas unidades de produção, afirmaram nunca terem tido problemas 
de erosão nas suas unidades de produção. A nota satisfatória obtida pelo indicador, esta 
vinculada á característica do solo, a qual apresenta uma camada turfosa de 20 a 100 cm de 
espessura, (SIDAE, 2018), corroborando com pensamento do Malavolta (1968) e kiehl 
(1985) que evidenciam que solos de natureza orgânica, geralmente são menos sujeitos á 
riscos de erosão, dada a percentagem da camada de matéria orgânica nela existente. kiehl, 
(1985), por sua vez, salienta que a presença da matéria orgânica nos solos orgânicos, não só 
reduz o risco do escoamento das partículas do solo por erosão, mas também, garantem a 
sobrevivência dos micro-organismos benéficos, e que fazem a reciclagem da matéria 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 21 
 
(biomassa) resultante da deposição dos restos de culturas anteriores, assim como, garantem 
o aumento da capacidade de troca de catiões (CTC) e o poder tampão do solo. 
No indicador “Variação anual de produtividade”, os resultados do estudo demostram que 
cerca 117 produtores familiares, tiveram uma variação de rendimento de 75%; 402 tiveram 
uma variação de produção de 50% e a restante 128 uma variação de 25%, dai que, o 
indicador como um todo é insustentável com média geral de sustentabilidade de 4. Os 
baixos níveis de produtividade anual observados no presente estudo, comprometem a 
estabilidade do agroecossistema avaliado. As variações anuais de produtividade observadas 
na região estudada podem ter sido causadas pelo uso de párticas de cultivo inimigos do 
ambiente e que comprometem as relações ecológicas existentes entre os seres vivos entre si 
e de si com o meio ambiente, na manutenção da sustentabilidade ecológica. As referidas 
práticas inimigas do ambiente usual no agroecossistema de Nhocuene são: destruição da 
biomassa vegetal de restos de culturas anteriores e das ervas daninhas e utilização não 
quantificada de insumos agrícolas. A produtividade média por campanha obtida pelos 
produtores variou em média de 1500 kg a 1800 kg/ha em todas culturas produzidas. 
Observando o indicador “resistência à estiagem”, tem-se que todas unidades de produção 
de Nhocuene, tem forte resistência a estiagem, dado que 100% dos inqueridos, afirmaram 
nunca terem tido problemas de escasseeis de recurso hídrico para a irrigação das suas 
unidades de produção. A média geral de sustentabilidade do indicador foi de 10. Este valor, 
mostra um óptimo do desempenho deste indicador, na dimensão ecológica e retrata a 
capacidade da estrutura do solo, em conter e armazenar humidade suficiente para satisfazer 
as necessidades das plantas cultivadas em todo período no agroecossistema em causa. A 
resistência à estiagem do agroecossistema de Nhocuene, está ligada á particularidades 
intrínsecas como: teor de argila, teor de matéria orgânica e localização topográfica, 
sustentado pelo Ende et al. (2012) que afirma que os solo machongos tem maior capacidade 
de retenção da humidade, dada a particularidade da coesão das partículas promovida pelo 
alto teor de matéria orgânica. Resultados similares forma alcançados por Marzall, (2000) 
quando avaliava a sustentabilidade de agroecossistema em solo orgânico, tendo constatado 
que solos machongos, tem vantagem acentuadas no processo de armazenamento de 
humidade suficiente para a garantia da produção e produtividade agrícola. 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 22 
 
Em relação ao indicador “diversidade de técnicas alternativas”, os resultados de estudo, 
mostram que 179 unidades de produção familiares estão em estado crítico de 
sustentabilidade; 339 estão em estado instável e os restantes 129 estão em estado estável de 
sustentabilidade. A média geral de sustentabilidade do indicador foi 3. Este resultado 
mostra um baixo desempenho do indicador, na manutenção de sustentabilidade do 
agroecossistema em Nhocuene. Segundo declarações de 179 produtores familiar, nas áreas 
de produção só usam 1 técnicas de cultivo, 339 produtores utilizam 4 técnicas de cultivo do 
solo e os restantes 129 produtores utilizam mais de 4 técnicas de cultivo. Esta realidade 
pode ter origem em diversos factores, dentre eles, o fraco conhecimento das alternativas 
disponíveis e a deficiência da pesquisa e difusão de novas alternativas. Das técnicas de 
cultivo mais utilizadas pelos agricultores familiares em Nhocuene, lista-se: (i) sacha- como 
forma de controlo de plantas daninhas; (ii) queimadas voltadas a limpeza dos campos de 
produção e destruição de restolhos de culturas anteriores, (iii) pulverizações e adubações 
para garantia do equilíbrio da produtividade e redução do aparecimento de pargas e 
doenças; e, (iv) plantio consorciado, que resume-se em cultivo de plantas diferentes na 
mesma área para aproveitamento do espaço. Ainda que 129 agricultores familiares de 
Nhocuene afirmem utilizar mais de 4 técnicas alternativas de cultivo como: uso de 
compostagem, rotação de cultura incorporação de restos de cultura anteriores no solo, 
adubação verde e adubação dos solos com esterco bovino, estas, por si só, não garantem o 
alcance da sustentabilidade do agroecossistema em causa, dai que muito, ainda deve se 
fazer, para se consensualizar outros produtores rumo a utilização destas e outras práticas 
saudáveis ao ecossistema. 
No último indicador da dimensão ecológica “Perda de colheita” os resultados mostram 
que, 176 unidades de produção familiar estão em situação crítica de perda de colheita; 347 
estão em situação instável de perda de colheita e as restantes 124 unidades de produção não 
verificam níveis elevados de perda de colheita. A média geral de sustentabilidade deste 
indicador foi de 3. Estas perdas, resultam de falta de uso de sementes certificadas 
(provocada pelo baixo poder de compra dos produtores locais); (ii) problemas com pragas e 
doenças; (iii) falta de compradores dos produtos produzidos, visto que quando a colheita é 
maior, a demanda dos consumidores não é suficiente para absorver toda quantidade 
produzida e aliado a este constrangimento, esta por detrás a falta de mecanismo de 
agregação de valores aos produtos produzido. 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 23 
 
 
Figura 3. Indicadores de Sustentabilidade ecológico das unidades de produção agrícola de 
Nhocuene. 
 
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Dimensão Ecologica
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Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 24 
 
 4.2. Indicadores da Dimensão Económica 
A figura 4 mostra os resultados obtidos nesta dimensão, que são discutidos a seguir: 
O indicador “controlo sobre os preços dos produtos” alcançou um baixo desempenho na 
manutenção da sustentabilidade económica do agroecossistema de Nhocuene. Cerca de 18 
produtores familiares que se dedicam a produção de mandioca e bananeira, afirmaram ter 
controlo sobre os preços de seus produtos; 52 não tem controlo direito dos preços dos 
produtos, dai que, estão em estado instável de sustentabilidade e os restantes 577 afirmam 
não ter controlo directo sobre os preços de venda dos seus produtos, uma vez que a 
quantidade produzida, não é necessariamente suficiente para a venda, dai que estão em 
estado crítico de sustentabilidade. O índice de sustentabilidade do agroecossistema foi de 
3 (estado de sustentabilidade crítico). Este resultado, mostra um fraco desempenho deste 
indicador, na manutenção da sustentabilidade do agroecossistema. As técnicas de 
definição e gerenciamento dos preços usados no processo de venda dos produtos 
produzidos, tornam o indicador insustentável. Mello e Godoy (2014) evidenciam que a 
comercialização directa ao consumidor é o mecanismo mais viável e sustentável, que 
garante ao agricultor um maior controlo de negociação sobre os preços dos produtos, e 
fornece ao mesmo, melhores ganhos económicos. De acordo com os mesmos autores, o 
processo de venda dos produtos aos revendedores, e a falta de informações actualizadas 
sobre os preços de vendas em fontes certas e credíveis prejudica o processo de 
determinação de preços mais compensativos e que respondem ao real valor actual do 
produto disponibilizado no mercado, o que evidentemente, reduz o nível de ganhos 
económicos dos produtores. 
 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 25 
 
O indicador “controlo financeiro das actividades” obteve um estado crítico de 
desempenho com uma média de sustentabilidade de 0. No total 100% dos entrevistados 
não fazem o controlo financeiro da actividade resultante da venda dos produtos 
produzidos, apenas recebem, pagam as contas e guardam as sobras. Estas acções, 
provavelmente, são as que tornam este indicador insustentável. Segundo Rodrigues, 
(2014), toda actividade desenvolvida, só se torna economicamente sustentável quando há 
nela, um controlo directo das receitas e dos gastos (quer seja para a compra da matéria 
prima de produção, assim como da utilização dos lucros para fins alheis). Santos (2013), 
avaliando a sustentabilidade do agroecossistema familiar, em relação ao controlo 
financeiro das actividades, constataram que a maior parte dos agricultores do sector 
familiar não tem uma contabilidade eficiente que permita o melhor controlo financeiro da 
actividade agrícola desenvolvida rumo a garantia da sustentabilidade deste indicador e à 
melhoria da vida. Segundo estes autores, isso deve-se a falta de educação financeira, uma 
vez que a falta dessa componente, dificulta o processo de tomada de decisão mais 
acertada para o controlo financeiro das actividades desenvolvidas, (Rodrigues 2014). 
O indicador “diversidade produtiva para o consumo familiar” teve a maior média de 
sustentabilidade na dimensão económica com 9 (sustentável). Estes resultados 
evidenciam que, para além da actividade de produção agrícola, 589 produtores de 
Nhocuene, dedicam-se á criação pecuária (Aves, Caprinos, Suínos e Bovinos) e 58 
somente praticam a agricultura para o autossustento. A criação de aves, bovinos, patos e 
caprinos são actividades realizadas pelos produtores e que garantem a diversificação de 
produtos para o seu consumo e redução dos gastos externos com alimentação. Aponta-se 
como principal motivo de desenvolvimento de uma só actividade, a falta de tempo, 
recursos e mão-de-obra necessária para cuidar das outras actividades, uma vez que 
agricultores que se dedicam a pártica de uma só actividade são idosos (50-70 anos) que 
vivem sós, ou com crianças muito memores (netos). 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 26 
 
O indicador “apresentação do produto comercial e destino dos produtos” apresentou uma 
média de sustentabilidade de 1. Este resultado, mostra claramente que 69% dos produtos 
produzidos e comercializados pelos produtores não passam por algum procedimento que 
agrega valor, pois 1/3 dos produtos, são vendidos nos campos para vendedores atacadistas 
e outra parte é destinada ao consumo próprio. Sendo que apenas 9.9% beneficiam-se do 
processo de agregação de valor, antes do seu processo de comercialização. Destes 
produtos, faz parte o tomate, a banana, o quiabo, a mandioca e o arroz. Em geral, em 
Nhocuene, os processos de agregação de valor mais utilizados são: o uso da embalagem 
(tomate) e organização dos produtos em maços (banana e mandioca). Os agricultores, tem 
a necessidade de agregar valores aos produtos comercializados, mas eles receiam perder 
os clientes. Segundo suas explanações, a maior parte dos clientes considera que o produto 
embalado não é fresco e preferem adquirir os produtos comercializados sem embalagem. 
De referir que, nas colocações feitas pelos agricultores de Nhocuene, não foi citado o 
custo das embalagens, mas existe uma preocupação com o tempo despendido no processo 
de embalar, em função da falta de mão-de-obra, e ainda com as preferências dos 
consumidores. 
Em relação ao indicador “destino da produção”, os resultados do presente estudo 
mostram que 288 produtores familiares produzem apenas para garantirem o seu auto 
sustente; 170 produz para o seu auto-sustento e venda de 25% do excedente; 120 que 
produz para auto-sustento e venda dos 50% e os restantes 69 faz a produção com destino 
ao mercado. Fazem parte dos 69 produtores, os que se dedicam a produção da mandioca e 
banana. A média geral de sustentabilidade deste indicador foi de 3 (estado crítico). Deste 
modo, é evidente a produção de produtos em pequenas escalas e que não asseguram a 
alimentação suficiente dos produtores e respectiva venda dos produtos, dai que, o índice 
geral de sustentabilidade nas unidades de produção está entre o estado crítico e óptimo. 
Este resultado, torna o indicador insustentável para a garantia do bom desempenho da 
dimensão económica e resulta no agravamento da qualidade de vidas dos agricultores 
familiares, que tem na agricultura a fonte de renda para o seu auto-sustento e pagamento 
de outras despesas básicas. 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 27 
 
Por fim, observa-se no indicador “acesso a crédito rural”, que cerca de 100% dos 
agricultores entrevistados afirmam ter cadastro bancário, mas quando necessitam de 
crédito/financiamento para o desenvolvimento da actividade agropecuária, não 
conseguem aceder com facilidade o que torna este indicador insustentável (média 3). No 
universo de 647 produtores inqueridos, apenas 15 deles, afirmaram terem-se beneficiado 
de financiamento do fundo de desenvolvimento agrário (FDA) e fundos dos 7 milhões, 
para o incremento dos níveis de produção nas suas unidades de produção agrícola, os 
restantes, afirmam nunca terem sidos beneficiados por financiamento para o incremento 
da actividade agropecuária
desenvolvida. Este resultado, torna vulnerável esse indicador, 
uma vez que a maior parte dos agricultores de base familiar entrevistados não possui 
outras fontes de obtenção de fundo para a garantia da produção e produtividade agrícola 
nas suas unidades de produção, dai que o índice geral de sustentabilidade desse indicador, 
está em estado critico e instável. De acordo com Rodrigues (2014) o fraco financiamento 
das actividades agrícolas familiares, promove o agravamento da qualidade de vida da 
maior parte dos agricultores que vivem no limiar de pobreza e que tem na agricultura 
mecanismos de obtenção de base para o seu auto-sustento. Para Santos (2013) & 
Rodrigues (2014), a acção de financiamento aos produtores familiares para o 
desenvolvimento da actividade agropecuária é uma actividade muito importante e crucial, 
que promove a melhoria dos níveis de produção em largas escalas. 
 
Figura 4. Indicadores de sustentabilidade económica das unidades de produção de 
Nhocuene. 
 
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Controlo sobre
os precos dos
produtos
Controlo
Financeiro das
actividades
Diversidade
produtiva para
o consumo da
familia
Apresentação
do produto
comercial
Destinação da
produção
Acesso a
crédito rural
oficial
Dimensão Economica
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4.3. Avaliação da dimensão social 
A figura 5 ilustra os resultados obtidos nesta dimensão que são discutidos a seguir. 
O primeiro indicador avaliado na dimensão social foi “pessoas ocupadas por há” onde o 
grupo de produtores inqueridos apresentou condições insatisfatórios, sendo que a média 
geral de sustentabilidade foi de 2 (crítico). Quanto à utilização da mão-de-obra, verificou-
se que um dos factores que limita a disponibilidade de mão-de-obra para o 
desenvolvimento das actividades agrícolas nas unidades de produção é a questão da 
mudança dos seus filhos já adultos para as cidades por um lado em busca do lar, e por 
outro lado em busca das novas oportunidades de emprego. Os resultados do presente 
estudo mostram que 387 unidades de produção familiar estão sobre a exploração de casal 
idoso com os seus netos. Por outro lado, em 190 unidades de produção, por onde os 
praticantes da agricultura familiar são homens e mulheres jovens, contam com auxílio 
produtivo dos seus respectivos filhos, com idade que varia de 14 a 18 anos. Por fim, em 
todo universo avaliado, apenas 70 unidades de produção, contam com a participação de 
todos membros da família na actividade produtiva. No agroecossistema de Nhocuene, 
verificou-se que os agricultores trabalham em média, mais de 8 horas/dia e ainda persiste 
o défice da mão-de-obra para a quantidade de trabalho existente (Machambas, criação de 
pequenos animais e a comercialização dos excedentes de produção). 
O indicador “satisfação com a actividade desenvolvida” no agroecossistema resulta da 
intenção dos produtores em desenvolver esta actividade no futuro. Esta intenção teve uma 
média geral de sustentabilidade de 4, indicando que a situação é instável, para motivar a 
continuidade dos produtores nas mesmas unidades de produção orgânica. O baixo 
desempenho deste indicador é resultante de insatisfação de 389 produtores familiares com 
relação aos ganhos obtidos no desenvolvimento das suas actividades, dai que, trabalham 
árduo e serio para melhorarem cada vez mais, os ganhos obtidos a quanto do processo 
produtivo. Segundo declarações dos 389 produtores familiares, os ganhos resultantes do 
desempenho das suas actividades, só serve para o consumo caseiro e venda de pequena 
porção para a garantia de compra de insumos e outras despesas. Estes resultados, 
comprometeram a média de sustentabilidade deste indicador e por consequente da 
dimensão social como um todo. 
 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 29 
 
O indicador “grau de escolaridade” mostra que 22,6% produtores de Nhocuene, não 
dispõe de nenhuma formação académica, 19,2% tem formação primária completa, 34,7% 
tem ensino básico completo e os restantes 23,5% tem formação média completo. O índice 
geral de sustentabilidade desse indicador, foi de 4 (estado instável). Esta média, mostra 
um mau desempenho deste indicador na manutenção de sustentabilidade da dimensão 
“social” e que provavelmente, seja o factor que limita o processo de adopção de novas 
práticas agrícolas ou a implementação de inovações tecnológicas amigas do ambiente. 
Os indicadores participação em curso de agricultura e em organizações ou associações” 
apresentaram média mais baixa de sustentabilidade nesta dimensão, com 0, (estado crítico 
de sustentabilidade). Esta média mostra um baixo desempenhos desses indicadores, na 
manutenção de sustentabilidade do agroecossistema, sobretudo da dimensão social. De 
acordo com os resultados obtido na pesquisa, 100% dos agricultores inqueridos, 
afirmaram nunca terem participado em cursos de curta duração e nem em algumas 
associações, apenas tem tido capacitações periódicas com extensionistas no âmbito do 
programa PITA- (programa integrado de referência de tecnologias agraria). Resultados 
similares são encontrados em estudos feitos por Rodrigues (2014) demostrando o impacto 
das formações, para o processo de tomada de decisões correctas, em relação a escolha e 
utilização de técnicas de cultivo saudáveis por parte dos agricultores. O mesmo autor, 
salienta ainda que um individuo formado ou capacitado, é um indevido consiste, que sabe 
ser proactivo/a na selecção das melhores técnicas de produção sustentável. 
O indicador “estado de saúde” obteve a média mais alta de sustentabilidade (10). Este 
valor mostra um melhor desempenho do indicador, na garantia da sustentabilidade do 
agroecossistema. Quando questionados os produtores de Nhocuene em relação ao estado 
de saúde e o nível de satisfação com o atendimento médico obtido nas unidades de saúde 
do distrito, teve-se como resultado que 100% dos agricultores consideram o acesso aos 
serviços de saúde como óptimo. Este resultado resulta do nível de satisfação de 9% dos 
agricultores (estado estável) e 91,0% dos agricultores que estão em estado óptimo de 
satisfação. Os agricultores de Nhocuene, afirmaram também, que periodicamente, tem 
recebido nas suas regiões, assim como nas unidades sanitárias, palestras dadas pelos 
agentes de saúde. Estas palestras são voltadas especificamente para dotar os agricultores 
de conhecimentos básicos para o combate à malária, cólera e HIV-Sida. 
Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza 
AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 30 
 
Na avaliação deste indicador “satisfação com assistência técnica”, apesar do serviço de 
extensão rural em Moçambique ser gratuito e ministrado pelos técnicos agropecuários de 
serviços distritais de actividades económicas de Chongoene (SIDADE-Chongoene), ela é 
deficiente e quase não resolve as dúvidas ou problemas existentes no seio dos produtores. 
Existem alguns produtores familiares satisfeitos com o nível de assistência técnica dada por 
extensionistas locais (32,51%), a maior parte deles (67,48%), não este satisfeito. Esta 
insatisfação, torna o indicador insustentável com média geral de 4 (instável). Por outro lado, 
os agricultores afirmam ser insuficiente o nível de visitas e saneamento das dificuldades por 
eles encarados nas suas jornadas de trabalho dai que eles se baseiam em tentativas de erros

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