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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE GAZA DIVISÃO DE AGRICULTURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOLOGIA SUSTENTABILIDADE EM AGROECOSSISTEMA DE BASE FAMILIAR NA PROVÍNCIA DE GAZA AUTOR: Eugénio da Piedade Edmundo Sitoe ORIENTADOR: Doutor António Elísio Lionde, Setembro de 2019 INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE GAZA DIVISÃO DE AGRICULTURA MESTRADO EM AGROECOLOGIA SUSTENTABILIDA EM AGROECOSSISTEMAS DE BASE FAMILIAR NA PROVÍNCIA DE GAZA AUTOR: Eugénio da Piedade Edmundo Sitoe ORIENTADOR: Doutor António Elísio Lionde Setembro de 2019 “Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Agro-ecologia no Instituto Superior Politécnico de Gaza como requisito para obtenção do grau de Mestre em Agro- ecológico”. MEMBROS EXAMINADORES DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DE EUGÉNIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOE APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOLOGIA, DA FACULDADE DE AGRICULTURA DO INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE GAZA, EM AGOSTO DE 2019. Membro Examinador ____________________________________________________ Doutor Carlos Agostinho Balate (Docente do Instituto Superior Politécnico de Gaza) ______________________________________________________ Doutor Mário Tuzine (Docente do Instituto Superior Politécnico de Gaza) ______________________________________________________ Doutor Luiz Comissário (Docente do Instituto Superior Politécnico de Gaza) DECLARAÇÃO Declaro por minha honra que este trabalho de culminação do curso é resultado da minha investigação pessoal e das orientações dos meus tutores, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final. Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para o propósito semelhante ou de obtenção de qualquer grau académico. Campos do Instituto Superior Politécnico de Gaza - ISPG Setembro de 2019 Eugénio da Piedade Edmundo Sitoe _____________________________________ ÍNDICE Conteúdos Páginas RESUMO .................................................................................................................................. I 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1 1.1. Problematização e Justificação ................................................................................................ 2 1.2. Objectivos do Estudo ............................................................................................................... 3 2.3. Hipótese ...................................................................................................................... 4 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 5 2.1 Conceito de agricultura sustentável .......................................................................................... 5 2.2. Princípios e características da agricultura sustentável ............................................................. 5 2.3. Sustentabilidade ....................................................................................................................... 5 2.4 Dimensões de sustentabilidade ................................................................................................. 6 2.5. Relações entre as dimensões em agroecossistemas.................................................................. 7 2.6. Agricultura familiar em Moçambique ...................................................................................... 7 2.7. Métodos de avaliação de sustentabilidade de agroecossistemas .............................................. 8 2.8. Atributos da sustentabilidade em agroecossistemas................................................................. 9 3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 11 3.1. Área de estudo ........................................................................................................................ 11 3.2. Determinação da amostra e colecta de dados ......................................................................... 12 3.3. Avaliação dos indicadores ..................................................................................................... 13 3.3.1. Descrição e interpretação dos indicadores de sustentabilidade......................................... 13 a) Indicadores de sustentabilidade ecológico ............................................................................. 13 b) Indicadores de sustentabilidade económico ........................................................................... 15 c) Indicadores de sustentabilidade social .................................................................................... 16 3.4. Cálculo dos indicadores de sustentabilidade avaliados .......................................................... 18 3.5 Análise de dados gerados na quantificação dos indicadores ................................................... 18 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 19 4.1. Indicadores da Dimensão Ecológico ...................................................................................... 19 4.2. Indicadores da Dimensão Económica .............................................................................. 24 4.4. Índices de Sustentabilidade Geral ........................................................................................ 31 5. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 35 6. RECOMENDAÇÕES .................................................................................................. 37 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 38 ÍNDICE DE FIGURAS Conteúdos Páginas Figura 1 – Representação esquemática da localização da área de estudo. ............................. 11 Figura 2. Destruição de restos de culturas com recurso a fogo .............................................. 12 Figura 3. Indicadores de Sustentabilidade ecológico das unidades de produção agrícola de Nhocuene. ....................................................................................................................... 23 Figura 4. Indicadores de sustentabilidade económica das unidades de produção de Nhocuene. ....................................................................................................................... 27 Figura 5: Indicadores de sustentabilidade social das unidades de produção familiar de Nhocuene. ....................................................................................................................... 31 Figura 5. Índices de Sustentabilidade Geral das unidades de produção de Nhocuene. .......... 32 Figura 6. Consolidação dos indicadores de sustentabilidade (Ecológica, Social e Económica). .................................................................................................................... 34 ÍNDICE DE TABELAS Conteúdos Páginas Tabela 1. Indicadores de sustentabilidade ecológico, utilizados para avaliar as unidades de produção familiar de Nhocuene ..................................................................................... 14 Tabela 2. Indicadores de sustentabilidade económico, utilizados para avaliar as unidades de produção familiar de Nhocuene ..................................................................................... 15 Tabela 3. Indicadores de sustentabilidade social, utilizados para avaliarem as unidades de produção familiar de Nhocuene ..................................................................................... 17 Tabela 4. Faixas de notas com base em escalas usuais .......................................................... 18 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho de culminação do curso de Mestrado em Agroecologia: A Deus, pai amado e misericordioso, e a todos benfeitores. Ao meu pai, Edmundo Francisco Sitoe, A minha maravilhosa mãe, Lina Henriques Mucavele, por seu carinho e apoio incansável. Aos meus amados irmãos, pela ajuda que me concederam no decorrer do percurso académico. Aos meus avos. A minha família maravilhosa. A todo ser que busca seu aprimoramento AGRADECIMENTOS A efectuação desta pesquisa, somente foi possível graças a inúmeras pessoas, que colaboraram com este estudo. Manifesto a minha gratidão a todas elas e de forma especial. A DEUS, por me ter acompanhado durante toda a minha caminhada; Ao Instituto Superior Politécnico de Gaza (ISPG), por tornar possível a concretização de um sonho e em particular ao SDAE pela colaboração no trabalho de campo. À minha família, especialmente na figura da minha querida e amada mãe (Lina Henrique Mucavele), por todo amor e confiança em mim depositado, pela compreensão na ausência e pela maravilhosa colaboração nos afazeres de meu dia a dia. Como em tantas outras vezes, minha mãe sacrificou muitos de seus momentos de descanso para garantir que eu tivesse o tempo livre necessário aos estudos. Saiba que o seu apoio foi de grande importância para esta pesquisa e que espero retribuí-la com muitos motivos para orgulhar-se. Ao Doutor António Elísio, meu orientador, por todos os conhecimentos repassados, pelo carinho nas conversas, pelo zelo nas orientações e no acompanhamento desta pesquisa. O pouco tempo desde que nos conhecemos já foi suficiente para construir a amizade e para perceber-lhe como um exemplo de vida e de dedicação, ao qual procurarei sempre seguir com afinco. Aos colegas de Programa de Pós-graduação em Agroecologia de 2017, por terem compartilhado tantos bons momentos comigo, em especial ao Eng. Bento e Paty. Aos agricultores familiares de Nhocuene, pelo tempo dedicado, pela confiança depositada no trabalho e por me terem acolhido com tanto carinho. Aos docentes das disciplinas que estudei, e a todos que, em menor ou maior intensidade, contribuíram para a realização desse trabalho. SIGLAS E ABREVIAÇÕES UTILIZADAS cm: centímetro. DUAT: Direito de uso e aproveitamento da terra. FAO: Food and Agriculture Organization of the United Nations FESLM: Framework for the Evaluation of Sustainable Land Management. GIRA: Grupo Interdisciplinar de Tecnologia Rural Apropriada - México. ha: Hectares. hab/km2 : habitantes por quilómetros quadrado. IDEA: Indicateurs de durabilite desexploitations agricoles. IDS: Método de desenvolvimento integrado sustentável (Biogramas). IISD: International Institute for sustainabledevelopment. INE: Instituto Nacional de Estática. ISPG- Instituto Superior Politécnico de Gaza. M.O: Matéria orgânica. MESMIS: Marco para la Evaluación de Sistemas de Manejo Incorporando Indicadores de Sustentabilidad. PIB: Produto Interno Bruto. SIDAE: Serviços Distritais de Actividades Económicas. UP’s: Unidade de produção. I RESUMO Este trabalho, teve como objectivo, avaliar a sustentabilidade da actividade agrícola de Nhocuene, através da metodologia MESMIS. No total, foram utilizados 23 indicadores compostos por 3 dimensões (ecológico, económico e social). Os resultados obtidos, evidenciam que a área apresenta muitos pontos críticos de sustentabilidade, com uma média geral de 4. Os pontos críticos de maior abrangência que comprometeram a sustentabilidade do agroecossistema foram: (i) na dimensão ecológica- produtividade (4), intensidade de uso da área (3), matéria orgânica c/ origem na propriedade (4), variação de produtividade (4), área com cultivo orgânico (0), diversidade de técnicas alternativas (3) e perda de colheita (3); (ii) na dimensão económica- controlo económica dos preços dos produtos (média 3), controlo financeiro das actividades desenvolvidas (0), forma de apresentação dos produtos nos mercados (1), destino do produto produzido (3) e dificuldade de acesso a crédito rural (3) e (i) na dimensão social- pessoas ocupadas por ha (2), satisfação com actividade desenvolvida (4), grau de escolaridade (4), participação em cursos de agricultura (0), organizações e associações (0) e satisfação com assistência técnica pública (4). Estes resultados mostraram a necessidade de intervenções para transição sustentável das 3 dimensões, sendo que, como forma de se alcançar a sustentabilidade deste agroecossistema, sugere-se que se opte pela utilização de técnicas de cultivo que levem em consideração os índices baixos de sustentabilidade encontrados. Palavras-chave: Dimensões de sustentabilidade, agricultura familiar. ABSTRACT This work aimed to evaluate the sustainability of Nhocuene's agricultural activity through the MESMIS methodology. In total, 23 indicators consisting of 3 parameters (ecological, economic and social) were used. The results show that the area has many critical sustainability points, with an overall average of 4. The most important critical points that compromised the sustainability of the agroecosystem were: (i) in the ecological-productivity dimension (4), intensity of use of area (3), organic matter with origin on property (4), productivity variation (4), area with organic cultivation (0), diversity of alternative techniques (3) and loss of harvest (3); (ii) the economic dimension - economic control of product prices (average 3), financial control of activities carried out (0), the way products are presented on markets (1), the destination of the product produced (3) and the difficulty of access to rural credit (3) and (i) in the social dimension- persons employed by ha (2), satisfaction with activity (4), educational level (4), participation in agricultural courses (0), organizations and associations (0 ) and satisfaction with public technical assistance (4). These results showed the need for interventions for the sustainable transition of the 3 parameters, and, as a way to achieve the sustainability of this agroecosystem, it is suggested that the use of cultivation techniques that take into account the low sustainability indices found. Keywords: Dimensions of sustainability, family farming. Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 1 1. INTRODUÇÃO A gestão ambiental dos agroecossistemas, tem sido o maior desafio no contexto da agricultura familiar. Uma vez que a maior parte dos estudos realizados, tem seu maior foco nos processos de produção, observa-se uma lacuna em relação a métodos e ferramentas que auxiliem o agricultor familiar, na gestão sustentável do seu agroecossistema, (Reis e Cândido, 2013). De acordo com Altieri (2013) a definição de sustentabilidade dos agroecossistemas é uma ferramenta, que incorporação quatro indicadores em suas respectivas dimensões nomeadamente: ecologicamente correcto, socialmente justo, economicamente viável e culturalmente aceitável. A partir desta interpretação, pode ser melhor entendido o contraponto entre a agricultura convencional baseada nos princípios da "Revolução Verde" e a "Agricultura Orgânica" que assenta-se em correntes de "Agricultura Alternativa" e assenta sobre o conceito de agroecossistemas (Claro & Claro, 2004). A agricultura convencional, tem foco na produção dos alimentos, através do uso de agros químicos, mecanização e alto consumo energético, enquanto, a agricultura alternativa, busca a aproximação da sustentabilidade com uso de práticas, técnicas e produtos que minimizem o impacto ambiental negativo ou mesmo levem à recuperação de um ambiente degradado, considerando as dimensões ecológicas, económicas e sociais. O conhecimento de vários conceitos1 que fazem parte da avaliação da sustentabilidade dos agroecossistemas são fundamentais para entender o que está acontecendo nas unidades de produção de base familiar, e permite a obtenção de novas propostas de desenvolvimento sustentável para o futuro (Netto, 2015). Esta avaliação parte do princípio de um entendimento de uma agricultura sustentável e abordagem nas dimensões socio- econômicas e ambientais, sempre com a família no centro das questões levantadas (Caporal e Costabeber, 2004). Baseado nesse pressuposto, o uso de práticas de maneio ecológico que prioriza a manutenção ou melhoramento da fertilidade do solo, qualidade da 1 Referentes a produtividade, estabilidade, Resiliência, confiabilidade, Adaptabilidade, equidade e a Auto dependência ou autogestão Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 2 água e do meio ambiente, é uma das alternativas menos caras para o sector familiar (Calegare & Silva-Júnior, 2011). A agricultura em Moçambique, é vista como pilar base, para a erradicação da pobreza, dai a preocupação do governo em promover o aumento dos níveis actuais de produção e produtividade. Esta actividade é feita por cerca de 83% da população de base familiar, sob condições de sequeiro e contribui em cerca de 22,7% do PIB, nacional, (INE, 2018). Uma das dificuldades encontradas por vários agricultores familiares, é saber o quanto um agroecossistema especifico é saudável, ou mais literalmente, em que estado de saúde e sustentabilidade se encontra depois de várias actividades nelas desenvolvidas com os pressupostos da agroecologia, (Altieri, 2013). Nas unidades de produção de base familiar de Nhocuene, é evidente a prática da actividade agrícola, na busca de produtos distintos, com menos ou sem uso de produtos agrotóxicos. Esta actividade traz mais uma oportunidade real para as regiões de Nhocuene, que trazem consigo incertezas da manutenção de sustentabilidade de ordem económica, tecnológica e ambiental a longo período de tempo, (Observações Pessoais 2018). O presente trabalho teve como objectivo, avaliar a sustentabilidade do agroecossistema de base familiar de Nhocuene, nas dimensões ecológica, económica e social usando o método MESMIS (marco para avaliação de sustentabilidade, incorporando indicadores de sustentabilidade), 1.1. Problematização e Justificação Em Nhocuene, é evidente o desenvolvimento da actividade produtiva familiar, na busca de produtos distintos, com menos ou sem uso de produtos agrotóxicos. Estas actividades trazem consigo incertezas de ordem económica, tecnológica e ambiental, (Observações Pessoais 2018). Uma das dificuldades encontradas por vários extensionistas, e agricultores familiares, é saber o quanto um agroecossistema especifico é saudável, ou mais literalmente, em que estado de saúde e sustentabilidade se encontra depois de várias actividades nelas desenvolvidas com os pressupostos da agroecologia, ou seja, até que ponto as expectativas de produtores e consumidores estão sendo satisfeitas. A falta de conhecimento das Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 3 consequências advindas das práticas de maneio inadequado, afecta a estabilidade ecológica de agroecossistema de Nhocuene, onde a agricultura praticada é de subsistência com menos ou sem uso de produtos agrotóxicos para o aumento da produção e produtividade agrícola, (Observações Pessoais 2018). A avaliação da sustentabilidade dos agroecossistemas são fundamentais para entender a situação actual das unidades de produção de base familiar, e permite a obtenção de novas propostas de desenvolvimento sustentável para o futuro. Esta avaliação parte do princípio de um entendimento de uma agricultura sustentável e abordagem nas dimensões socio- econômicas e ambientais, sempre com a família no centro das questões levantadas. Baseado nesse pressuposto, o uso de práticas de maneio ecológico que prioriza a manutenção ou melhoramento da fertilidade do solo, qualidade da água e do meio ambiente, é uma das alternativas menos caras para o sector familiar, dai que a pesquisa procura avaliar a sustentabilidade do agroecossistema de Nhocuene. Por outro lado, o estudo permitirá identificar e avaliar os pontos críticos da cadeia de produção de base familiar nesta região, desde a produção até a comercialização dos produtos. 1.2. Objectivos do Estudo Objectivo Geral Avaliar a sustentabilidade de agroecossistema de base familiar de Nhocuene na dimensão ecológica, econômica e social. Objectivos Específicos Caracterizar o agroecossistema de base familiar de Nhocuene e os seus níveis de sustentabilidade; Identificar indicadores sustentáveis em cada dimensão (ecológica, económica e social) avaliadas nas unidades de produção familiar em Nhocuene; Identificar os pontos críticos de sustentabilidade do agroecossistema em cada dimensão (ecológica, económica e social) avaliada e; Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 4 Identificar e propor prováveis soluções e recomendações de produção sustentáveis em função do estado do agroecossistema em estudo. 1.3. Questões de partida: Até que ponto a utilização de agroquímicos para o controlo das pragas, doenças e das ervas daninhas, assim como a destruição da biomassa resultante do processo de limpeza do terreno para o desenvolvimento da actividade produtiva influencia no estado de sustentabilidade do agroecossistema de Nhocuene? Ou por outro lado, em que estado de sustentabilidade o agroecossistema de Nhocuene se encontra depois de várias actividades nelas desenvolvidas com os pressupostos da agroecologia? 1.4. Hipótese Hipótese Nula (Ho) De acordo com Rodrigues (2014) um agroecossistema em estado óptimo de sustentabilidade é caracterizada por apresentar condições de auto-regulação do seu propósito produtivo em função do tempo. Partido deste prossuposto, e de acordo com as observações pessoais em Nhocuene, o agroecossistema é caracterizado por utilização de agroquímicos para o controlo das pragas, doenças e das ervas daninhas, assim como a destruição da biomassa resultante do processo de limpeza do terreno para o desenvolvimento da actividade produtiva. Deste modo foi hipotetizado que o agroecossistema de base familiar em análise, esta em estado óptimas de sustentabilidades, em relação aos indicadores da dimensão ecológica, económica e social. Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 5 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Conceito de agricultura sustentável Masera et al.(2000), Melo & Cândido (2013) a agricultura sustentável é aquela que respeita o meio ambiente, é justa do ponto de vista social, ambiental, cultural, político, éticos e consegue ser economicamente viável. A agricultura para ser considerada sustentável deve ser olhada como um processo de construção social, que garanta, às gerações futuras, a capacidade de suprir as necessidades de produção e qualidade de vida no planeta. A produção agrícola para ser sustentável necessita atender a todas múltiplas dimensões de forma integrada. A realidade pressupõe dimensões econômicas, sociais, ambientais, culturais (múltiplas dimensões), que necessitam ser analisadas e entendidas em seu conjunto, ou seja, não basta apenas ser ambientalmente sustentável, como é comum haver referências acerca do tema, (Verena, 2008). 2.2. Princípios e características da agricultura sustentável Segundo Viega (2005) são princípios e características típicas de agricultura sustentável as seguintes: diminuição de uso contante de adubos químicos, através da técnica da fixação biológica de nitrogênio; uso de técnicas alternativas de produção que não promovem a poluição do ar, do solo e da água; uso racional ou, quando possível, eliminação dos pesticidas ilegais; uso da agroenergia, que são fontes de energia geradas no campo como, por exemplo, biocombustíveis (biodiesel, biogás, etanol e outros derivados de restos da produção e biomassa); adoção do sistema de plantio direto, que preserva a capacidade produtiva do solo; adoção da gestão ambiental e territorial, em que são feitos estudos para que cada prática agrícola seja executada em áreas e climas onde a cultura vai alcançar maior rendimento com menor desgaste do solo e valorização da agricultura familiar que gera trabalho e renda às famílias rurais, possibilitando suas permanências no campo. 2.3. Sustentabilidade De acordo com Verena (2008) a sustentabilidade é uma característica ou condição de um sistema que permite a sua permanência, em determinado nível, por um determinado Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 6 período. Este conceito tornou-se um princípio Segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes não podem comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras. Segundo mesmo autor, a sustentabilidade também pode ser definida como a capacidade de ser humano interagir com o mundo, preservando o meio ambiente para não comprometer os recursos naturais das gerações futuras. Viega (2005), descreve que o conceito da sustentabilidade é complexo, pois atende a um conjunto de variáveis interdependentes, mas pode-se dizer ainda que deve ter a capacidade de integrar as questões sociais, energéticas, económicas e ambientais. Questão social: é preciso respeitar o ser humano, para que este possa respeitar a natureza. E do ponto de vista humano, ele próprio é a parte mais importante do meio ambiente. Questão energética: sem energia a economia não se desenvolve. E se a economia não se desenvolve, as condições de vida das populações se deterioram. Questão ambiental: com o meio ambiente degradado, o ser humano abrevia o seu tempo de vida; a economia não se desenvolve; o futuro fica insustentável. Melo e Cândido (2013), afirma que o princípio da sustentabilidade aplica-se a desde um único empreendimento, passando por uma pequena comunidade, até o planeta inteiro. Para que uma actividade produtiva seja considerada sustentável, é preciso que ele seja: ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente diverso. 2.4 Dimensões de sustentabilidade Segundo Deponti (2001), as dimensões de sustentabilidade, resumem-se em: Dimensão ecológica Na dimensão ecológica, os indicadores de solos são ferramentas de grande importância na avaliação de sustentabilidade dos agro-ecossistemas. Mello (2008) Stefanoski, et al (2013), mostram uma definição complexa para o indicador e preconiza os seguintes aspectos: fertilidade do solo e biodiversidade crescente (dentro e fora das áreas de cultivo); conservação dos corpos de água (em qualidade e quantidade), eliminação de substâncias altamente tóxicas (persistentes no ambiente, e que percorrem as cadeias tróficas). Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 7 Dimensão social Masera, et al (2000) refere-se que a dimensão social, é uma ferramenta crucial que proporciona a equidade de renda, ou seja, não concentra a renda em poucas pessoas; ajuda mútua, cooperativismo ou apoio a qualquer outra forma de organização, rumo a autonomia e visando a autonomia e empoderamento do agricultor; valorização da agricultura familiar; prove a autonomia política aos grupos sociais, sobretudo a soberania das nações e promover o bem comum. Dimensão econômica/financeira Os fatores econômicos são indicadores importantes na avaliação de sustentabilidade de agroecossistemas familiares, pois promove a avaliação da viabilidade econômica com níveis de renda adequado e prove mercados estáveis, se possível com venda direta e com valor agregado ao produto, (Masera, 2000, Rodrigues 2014 e Marzall e Almeida 2000). 2.5. Relações entre as dimensões em agroecossistemas Tanto entre dimensões como entre indicadores podem desenvolver-se relações e interacções bastante complexas. Para Melo e Cândido (2013) estas relações podem ser de três naturezas: a) Sinérgica: a alteração positiva de um indicador ajuda a melhora de outro; b) De competição ou trade-off: a alteração positiva de um indicador (ambiental, económica e social) implica na piora de outro; c) Mistas: quando para certos níveis de um indicador há uma melhoria de outro, enquanto para outros níveis passa a existir uma concorrência. 2.6. Agricultura familiar em Moçambique De acordo com Mosca (2011), em Moçambique a agricultura familiar é a principal actividade desenvolvida pelo sector família, da qual, garante a sua sobrevivência alimentar. Esta actividade é feita por cerca de 83% da população familiar, sob condições de sequeiro e contribui em cerca de 22,7% do PIB (produto interno bruto), mesmo com dificuldades de acesso a crédito e às inovações tecnológicas. Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 8 Francisco et al. (2010) ressalta a importância da produção familiar na agricultura, admitindo que ela seja um sector diferenciado do capitalismo contemporâneo, sendo única actividade económica em que o trabalho e a gestão estruturam-se tão fortemente em torno dos vínculos familiares, e na qual a participação de mão-de-obra não contratada seja tão importante. O estabelecimento familiar é ao mesmo tempo, uma unidade de produção e de consumo, uma unidade de produção e de reprodução social. De acordo com o mesmo autor, ainda que a agricultura familiar tem potencial para promover sustentabilidade ambiental, pois ela orienta-se por meio do atendimento das necessidades da família; para a manutenção, em longo prazo, das potencialidades produtivas do meio rural (percebido como um património familiar); além de valorizar a diversidade por meio de policultivo e criações, distribuídas de forma equilibrada no tempo e espaço. A agricultura familiar se constitui no lócus ideal para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável, pois utiliza de forma mais efectiva o potencial multifuncional dos recursos que as mantém. Sitoe (2005) afirma que os agricultores possuem uma “racionalidade camponesa” que os aproxima dos princípios e das estratégias ideias da sustentabilidade. Desta forma, surge no espaço rural uma nova expectativa, que busca novas relações entre o homem e o ambiente, acarretando em novas práticas nos âmbitos sociais, económicos e culturais. 2.7. Métodos de avaliação de sustentabilidade de agroecossistemas De acordo com Kemerich et al., (2014) as principais metodologias que são reflectidas como marcos internacionais para avaliação da sustentabilidade da agricultura são: a) Sostenibilidad de la agricultura y los recursos naturales: base para estabelecer indicadores - IICA/GTZ; b) FESLM - Framework for the Evaluation of Sustainable Land Management – FAO; c) MESMIS – Marco para la evaluación de sistemas de manejo de recursos naturales mediante indicadores de sustentabilidad; d) IDEA – Indicateurs de durabilite desexploitations agricoles Dentre os procedimentos mais conhecidos, existem acções que visam possibilitar ao usuário mais praticidade no processo de avaliação da sustentabilidade dos agroecossistemas, tendo destaque o método MESMI, que tem sido utilizado em diversas Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 9 partes do mundo, principalmente quando são analisados casos de agricultura familiar, com ênfase em actividades com base ecológica, conforme descrito em relatos realizados por Netto, (2015) e Mello e Godoy, (2014) e o método de IDS (S³) - biograma, desenvolvido por Fagundes, (2000) o qual é também empregado como ferramenta para análise da sustentabilidade dos agroecossistemas. 2.8. Atributos da sustentabilidade em agroecossistemas De acordo com Matos, (2004) os atributos de sustentabilidade dos agroecossistemas foram desenvolvidos para avaliar aspectos dos ecossistemas no mundo natural, sendo depois derivados para abranger as influências e relações com o mundo social, como as que ocorrem nos agroecossistemas. Há que se observar também que estes atributos abrangem factores de ordem intrínseca do sistema (auto-ecologia) como as interacções e fluxos com o exterior (sinecologia). De acordo com Masera, (2000) os atributos básicos e fundamentais para determinar a sustentabilidade dos agroecossistemas são: i) Produtividade: que se refere à propriedade do agroecossistema, de procriar o nível requerido de bens e/ou serviços. Revela os ganhos, os rendimentos em um determinado período de tempo. Em uma avaliação convencional pode ser exemplificado como a produção agrícola em uma época produtiva ou em um ano. “A produtividade pode ser representada por diversos indicadores como ingressos monetários, rendimento do trabalho e/ou da terra, produção de biomassa, entre outros”, (Santos, et al, 2014). ii) Estabilidade: entendida como sendo a propriedade ou habilidade do agroecossistema de manter a produtividade dinâmica, a auto-regulação, ciclagem da matéria, e a população de insectos-praga, vegetais e micro-organismos, em níveis equilibrados ao longo do tempo em uma situação não decrescente. Trata-se de manter constante a produtividade dos agroecossistemas geradas ao longo do tempo, (Coutinho, 2014). iii) Resiliência: é a aptidão que um agroecossistema específico apresenta de retornar ao seu potencial de produção após sofrer certas perturbações. Por outro lado, a resiliência, refere-se a capacidade do agroecossistema, de resistir e manter as suas propriedades físicas, químicas e biológicas em resposta ao maneio explorativo empregue. Pode ser Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 10 citada a capacidade de recuperação de um agroecossistema depois um período muito longo de seca ou de actividades produtivas, (Altiri, 2013). iv) Equidade: compreende-se como a capacidade do agroecossistema de partilhar de forma justa, os benefícios e custos resultantes do maneio dos recursos naturais, (Verona, 2008). Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 11 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Área de estudo O estudo foi desenvolvido em Nhocuene (latitude 25°11'54.05"S, longitude 33°30’42.96"E), distrito de Xai-Xai, província de Gaza, sul de Moçambique (figura 1). O distrito é limitado a sul pelo oceano Índico, a Norte pelo Distrito de Chibuto (posto Administrativo de Malehice e Chókwè), a Este pelos distritos de Bilene e a Oeste pelo distrito de Mandlacazi. O distrito de Chongoene dispõe de uma superfície de 1.908 km2 da qual, 919 ha de terra é cultivada por 2023 produtores familiares. Este distrito tem uma densidade populacional de 110.6 hab/km2 da qual a relação da dependência económica potencial é de aproximadamente 1:1.3, isto é, por cada 10 crianças ou anciões existe 13 pessoas em idade activa. A população é jovem (44%, abaixo de 15 anos de idade), maioritariamente feminina (taxa de masculinidade de 43%) e de matriz rural (taxa de urbanização de 20%), (SIDAE, 2018). Solos Os solos são machongos com uma camada turfosa de 20 a 100 cm e tipicamente húmidos da qual, são sujeitas à actividade de exploração familiar, resultantes do uso de fogo para a Figura 1 – Representação esquemática da localização da área de estudo. Fonte: RBL, 2018 Área de Estudo Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 12 destruição dos restolhos das culturas anteriores e para a limpeza do terreno, acompanhado de utilização dos agroquímicos (Adubações e pulverizações) para o alcance do rendimento das culturas (figura 2). Estes solos apresentam elevada retenção de humidade e troca de gases e favorecem o cultivo de uma grande variedade de culturas durante o ano (Assis e Romeiro, 2002). Metodologia Para a realização do presente trabalho, baseou-se em pesquisa bibliográfica e estudo de caso (Reis & Cândido, 2013). O método MESMI, que consiste em um marco teórico para a identificação e selecção das dimensões (ecológicas, social e económica), foi aplicado na definição dos indicadores mais vaiáveis para análise da situação actual do agroecossistema de base familiar da região de Nhocuene. O estudo do caso foi baseado em inúmeras visitas feitas à região de Nhocuene e entrevistas tidas com agricultores familiares e o técnico responsável pela área de extensão rural na região. Estas intervenções ajudaram no processo da quantificação do número total dos agricultores da região, selecção e escolhas dos indicadores que se adequassem a situação real de Nhocuene. 3.2. Determinação da amostra e colecta de dados Num total de 2023 produtores familiares existente nas unidades de produção em Nhocuene, segundo dados do SIDAE, (2018), foram inqueridos aproximadamente 30% destes, que corresponde a 647 produtores familiares. Este percentual, esta acima do recomendado na literatura, porém, optou-se no mesmo para se garantir o máximo possível Figura 2. Destruição de restos de culturas com recurso a fogo Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 13 a fiabilidade das respostas dadas, e à natureza da pesquisa e característica dos produtores familiares. A colecta de dados foi feita através da entrevista semi-estruturada. Os questionários foram previamente elaborados o que permitiu uma avaliação qualitativa e quantitativa de forma ampla e segura. 3.3. Avaliação dos indicadores Para a avaliação dos indicadores, foi usado o método MESM (2000). No total, forram avaliados 23 indicadores, em uma escala que variava de 0 (estado de sustentabilidade critico) a 10 (estado óptimo de sustentabilidade), conforme mostra as tabelas 1,2 e 3. 3.3.1. Descrição e interpretação dos indicadores de sustentabilidade a) Indicadores de sustentabilidade ecológico Na dimensão ecológica, avaliou-se os seguintes indicadores: (i) produtividade do solo – orçado com base na percentagem média regional obtida na unidade de produção. Com este indicador, avaliou-se o índice de alcance dos bons rendimentos, e o nível de variações de produção por hectare com o decorrer do tempo; (ii) disponibilidade de água – obtido com base no volume e constância permanente das fontes de água; (iii) intensidade de uso da área – avaliada com base na análise da intensidade do uso da terra anualmente, em relação aos ganhos obtidos por ano na unidade de produção; (iv) matéria orgânica com origem na propriedade – avaliado conforme a concentração de matéria orgânica produzida na UP (unidade de produção); (v) área com erosão visível – avaliado mediante o nível de observação de sinais de erosão na área de estuda, e com base nas respostas dadas pelos produtores familiares, em relação a variável em causa; (vi) variação da produtividade – mensurada com base na variação entre a produtividade maior em relação a menor declarada, desde o início da produção até o período do inquérito; (vii) resistência á estiagem – medida com base nas notas atribuídas, em relação a situação dos produtores a quanto da problemática com escasseio da água na UP; (viii) área com cultivo orgânico – obtido com base na percentagem da área com cultivo orgânico certificado em relação á total da área cultivada; (viiii) diversidade técnica – mensurada com base nos valores atribuídos para a quantidade de técnicas alternativas utilizadas na unidade de produção; (x) Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 14 perda de colheita - quantificada com base nas notas atribuídas para percentagem de perda de colheita nas unidades de produção., (tabela 1). Tabela 1. Indicadores de sustentabilidade ecológico, utilizados para avaliar as unidades de produção familiar de Nhocuene Indicador e relação Parâmetro Nota atribuída Estado de sustentabilidade/situação Produtividade do solo (+) Não satisfatório 0 Critico Razoável 4 Instável Média 6 Estável Satisfatório 10 Óptimo Disponibilidade de água (+) Escassa 0 Critico Depende da chuva 4 Instável Depende de S. rega 6 Estável Depende do L.F 10 Óptimo Intensidade de uso da área. (-) Maior 0 Critico Razoável 4 Instável Ligeiro 6 Estável leve 10 Óptimo M.O com origem na propriedade (+) Não tem 0 Critico Por vezes 4 Instável Pouco 6 Estável Sempre 10 Óptimo Área com erosão visível (+) Severa 0 Critico Pouca 4 Instável Razoável 6 Estável Nuca 10 Óptimo Variação da produtividade (-) Variação de 75% 0 Critico Variação de 50% 4 Instável Variação de 25% 6 Estável Sem variação 10 Óptimo Resistência á estiagem (+) Nuca 0 Critico Pouco 4 Instável Razoável 6 Estável Sempre 10 Óptimo Área com cultivo orgânico (+) 0 % da área 0 Critico 25 % da área 4 Instável 50 % da área 6 Estável 75 a 100% da área 10 Óptimo Diversidade técnica (+) 1 Técnica de cultivo 0 Critico 2 Técnicas de cultivo 4 Instável 4 Técnicas de cultivo 6 Estável + De 4 técnicas 10 Óptimo Perda de Até 75% 0 Critico Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 15 colheita (-) Até 50% 4 Instável Até 25% 6 Estável Sem perdas 10 Óptimo Fonte: Adaptado de Fonseca (2013). b) Indicadores de sustentabilidade económico Na dimensão económica, avaliou-se os seguintes indicadores: (i) controlo sobre os preços dos produtos – orçado mediante a capacidade dos produtores em gerenciarem e alterarem os preços dos seus produtos em função de flutuação nos mercados; (ii) controlo financeiro das actividades – avaliada por meio do controlo da renda obtida pelos produtores familiares, em relação aos custos de produção e receitas obtidas; (iii) diversidade produtiva para o consumo – medida mediante resultado da produção, na situação, em que a diversidade produtiva diminui os gastos externos com alimentação; (iv) apresentação do produto comercial – mensurada pelo percentual comercializado, conforme parâmetros de ponderação 0 a 10; (v) destino da produção – quantificado do percentual de produtos entregues ao mercado, ponderados por notas atribuídas segundo a forma de apresentação do produto; (vi) acesso a crédito rural – quantificado com base nas notas atribuídas segundo tipo de fonte para crédito rural para empregabilidade no agroecossistema, tendo como parâmetro, crédito rural em bancos, crédito não rural em bancos, outras entidades comerciais, pessoas físicas e falta de financiamento, (tabela 2). Tabela 2. Indicadores de sustentabilidade económico, utilizados para avaliar as unidades de produção familiar de Nhocuene Indicador e relação Parâmetro Nota atribuída Estado de sustentabilidade/situação Controlo sobre os preços dos produtos (+) Não a controlo 0 Critico Pouco controlo 4 Instável Controlo razoável 6 Estável Muito controlo 10 Óptima Controlo financeiro das actividades (+) Não a controlo 0 Critico Pouco controlo 4 Instável Controlo razoável 6 Estável Muito controlo 10 Óptima Diversidade produtiva para o consumo (+) Dependem de 1 actividade 0 Critico Dependem de 2 actividade 4 Instável Dependem de 4 actividade 6 Estável Dependem de mais de 4 actividade 10 Óptimo Apresentação do Bruto 0 Critico Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 16 produto comercial (+) Limpo 4 Instável Limpo e embalado 6 Estável Limpo, embalado e com marca 10 Óptima Destino da produção (+) Consumo 0 Critico Consumo e venda caseira 4 Instável Consumo e venda em mercado 6 Estável Consumo interno, venda em mercados e supermercados 10 Óptima Acesso a crédito rural (+) Não consegue empréstimo 0 Critico Credito em outras entidades (agiotas) 4 Instável Credito rural em bancos 6 Estável Credito rural em bancos, FDC e fundo dos 7 milhões 10 Óptima Fonte: Adaptado de Fonseca (2013). c) Indicadores de sustentabilidade social Na dimensão social, avaliou-se os seguintes indicadores: (i) pessoas ocupadas por ha – obtida do número de agricultores familiares que trabalham constantemente na unidade de produção; (ii)- satisfação com a actividade desenvolvida – estimada pela média das notas atribuída segundo a declaração do produtor em relação a sua satisfação com a actividade desenvolvida na UP; (iii)- grau de escolaridade – quantificado o percentual, do número de pessoas com certo nível escolar que trabalham nas UP’s; (iv) - participação em cursos de agricultura – resultante das notas atribuídas, segundo a participação dos produtores familiares em cursos de Agro-pecuária, ponderada de 0 a 10; (v) - organizações e associativismos – obtido com base na média das notas atribuídas para casos de existência de produtores que tem conhecimento de existência de organizações e associações e que participam; (vi)- estado de saúde – obtida da média das notas atribuídas, segundo o estado de saúde dos produtores familiares que trabalha na unidade de produção, ponderada de 0 a 10; (vii)- satisfação com assistência técnica – obtida com base nas notas conferidas, segundo o grau de satisfação dos produtores familiares em relação á assistência técnica e actividade de extensão rural, ponderada de 0 a 10, (tabela 3). Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 17 Tabela 3. Indicadores de sustentabilidade social, utilizados para avaliarem as unidades de produção familiar de Nhocuene Indicador e relação Parâmetro Nota atribuída Estado de sustentabilidade/situação Pessoas ocupadas por ha (+) Ocupado por casal idoso 0 Critico Ocupado por casal jovem e respectivos filhos 4 Instável Ocupado por casal de idosos, filhos e netos 6 Estável Ocupado por casal de idosos, filhos e netos e mãos de terceiros (sazonais) 10 Óptimo Satisfação com a actividade (+) Não satisfeito 0 Critico Satisfeito a 25% 4 Instável Satisfeito a 75 % 6 Estável Satisfeito a 100% 10 Óptimo Grau de Escolaridade (+) Sem formação 0 Critico Com Formação Primaria 4 Instável Com nível básico completo 6 Estável Com nível Médio completo 10 Óptimo Participação em cursos de agricultura. (+) Nuca 0 Critico 1 vez por ano 4 Instável 2 vezes por ano 6 Estável Sempre 10 Óptimo Organização e associativism o (+) Sem conhecimento 0 Critico Não existe 4 Instável Existe mas não participo 6 Estável Existe e participo 10 Óptimo Estado de Saúde das pessoas (+) Doenças crónicas 0 Critico Frequentemente doente 4 Instável Por vezes por doentes 6 Estável Dificilmente adoeço 10 Óptimo Satisfação com assistência técnica pública (+) Péssima 0 Critico Baixa 4 Instável Média 6 Estável Alta 10 Óptimo Fonte: Adaptado de Fonseca (2013). Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 18 Definidos os indicadores, foram determinados os parâmetros (tabela 1, 2 e 3), que contém informações objectivas, classificadas pelos agricultores entrevistados. Tais parâmetros foram definidos com base em trabalhos afins, nas informações e/ou colocações dos agricultores. O uso de parâmetros permitiu atribuir notas para grau de sustentabilidade de cada indicador, sendo a seguinte classificação estabelecida, conforme mostra a tabela 4 abaixo. Tabela 4. Faixas de notas com base em escalas usuais Situação Notas Critico 0 Instável 4 Estável 6 Ótima 10 Fonte: Adaptado de Zampieri (2003). 3.4. Cálculo dos indicadores de sustentabilidade avaliados O cálculo das dimensões avaliadas baseando-se em seguintes passos: a) Para obter o índice de cada dimensão foram somados os valores referentes a cada indicador e dividido pelo número total do próprio indicador. Dimensão = Indicador 1+2+3+ …+n n b) Para se obter o índice geral de sustentabilidade do agroecossistema, foram somados as três médias dos valores referentes a cada dimensão e dividido pelo número total dos indicadores. c) NGS = Média da Dimensão Ecologica+Média da Dimensão Económica+Média da Dimensão Social 𝑛 3.5 Análise de dados gerados na quantificação dos indicadores Os dados colhidos foram agrupados por indicadores e calculadas as médias com auxílio do pacote estático SPSS. Após o agrupamento dos atributos, foi realizado uma apresentação gráfica que de seguida foi interpretada no âmbito de discussão dos resultados. Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 19 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Indicadores da Dimensão Ecológico A figura 3 ilustra os resultados obtidos na dimensão ecológica, discutidos a seguir. O indicador “disponibilidade de água e Produtividade” obteve um índice de sustentabilidade óptimo (média 10) no agroecossistema de base familiar de Nhocuene avaliado. Este resultado, evidência que 100% das unidades de produção das famílias tem disponibilidade constante do recurso hídrico, para a irrigação dos campos em todas as estações do ano. A fonte de água de irrigação é proveniente do lençol freático, da qual é distribuída e escoada por pequenas valetas escavadas com recurso a pá e por vezes a enxadas. Este resultado, mostra que o recurso hídrio (água), não é o factor limitante para a produção agrícola neste agroecossistema, pois, para além da água do lençol freático, as unidades de produção de Nhocuene, detém de valas de sistema de rega sofisticado que ajuda no processo de distribuição da água aos campos para agricultores que detém de motobomba ou eletrobomba em caso de lençol freático não favorecer sustentavelmente em humedecer as camadas superficiais na época quente. O desempenho do indicador “produtividade por área”, teve um baixo desempenho no agroecossistema com uma média de sustentabilidade de sustentabilidade de 4 (instável). Este resultado, deriva dos baixos níveis de produtividade declarados por 82,6% produtores, dai que o seu desempenho foi comprometido. Fazem parte dos 17.3%, produtores familiares que se dedicam ao cultivo da bananeira e mandioca. Os baixos níveis de produtividade obtidos por maior parte dos produtores familiares de Nhocuene, resultam provavelmente, pelo uso de práticas de cultivo inadequados, que reduzem o desempenho eficiente do solo, consequente do esgotamento do seu poder nutritivo, decorrente da destruição constante da biomassa vegetal oriunda do processo da limpeza do terreno. Para o indicador “intensidade de uso da área da unidade de produção” os resultados do presente estudo, mostram que 196 produtores familiares usam a queimada a biomassa vegetal, como forma de fazer a limpeza do terreno, 298 fazem limpeza e recolhem toda biomassa resultante da actividade, para sua destruição em um ponto acumulado e os restantes 153 utilizam o glifosato para a limpeza do terreno. A média geral de sustentabilidade desse indicador foi 3, mostrando estado crítico da sustentabilidade. Este Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 20 resultado, mostra claramente que a área de produção (solo) é utilizada como recurso inesgotável, da qual só se semeia, colhe-se e se destroem os restolhos das culturas anteriores. Estes resultados, mostram claramente, que os produtores familiares, não cumprem com os princípios de produção ecológico nas suas unidades de produção. O indicador “matéria orgânica com origem na propriedade”, obteve um índice de sustentabilidade de 4. O baixo desempenho deste indicador, é resultante da instabilidade de 549 unidades de produção que sofre constante destruição da biomassa vegetal, findo processo produtivo e da destruição das ervas daninhas, consequente do processo de limpeza do terreno. Este resultado mostra um estado instável de sustentabilidade deste indicador, dados que, a maior parte dos agricultores entrevistados afirmaram que os restos de culturas, são colhidas e queimadas. Estas acções, tornam a actividade insustentável, dado que, promovem o esgotamento das propriedades químicas do solo e recorrência contantes aos adubos químicos para fertilizar os campos de produção. A dependência constante de adubos químicos é uma actividade constante nas unidades de produção agrícola da região de Nhocuene, dada a facilidade da sua obtenção. Esta circunstância fez baixar a concentração de esforços para a adoção de práticas de produção de matéria orgânica. A justificativa para esta realidade pode ser encontrada na pouca disponibilidade de mão-de-obra para a produção de adubação verde, compostagem e esterco animal, caracterizando uma relação de trade-off entre auto-suficiência em matéria orgânica e eficácia da mão-de-obra. O do indicador “área com erosão visível”, mostra que o agroecossistema avaliado não apresenta nenhum sinal de presença de erosão, quer seja eólica, assim como hídrica, dado que 100% dos inqueridos nas unidades de produção, afirmaram nunca terem tido problemas de erosão nas suas unidades de produção. A nota satisfatória obtida pelo indicador, esta vinculada á característica do solo, a qual apresenta uma camada turfosa de 20 a 100 cm de espessura, (SIDAE, 2018), corroborando com pensamento do Malavolta (1968) e kiehl (1985) que evidenciam que solos de natureza orgânica, geralmente são menos sujeitos á riscos de erosão, dada a percentagem da camada de matéria orgânica nela existente. kiehl, (1985), por sua vez, salienta que a presença da matéria orgânica nos solos orgânicos, não só reduz o risco do escoamento das partículas do solo por erosão, mas também, garantem a sobrevivência dos micro-organismos benéficos, e que fazem a reciclagem da matéria Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 21 (biomassa) resultante da deposição dos restos de culturas anteriores, assim como, garantem o aumento da capacidade de troca de catiões (CTC) e o poder tampão do solo. No indicador “Variação anual de produtividade”, os resultados do estudo demostram que cerca 117 produtores familiares, tiveram uma variação de rendimento de 75%; 402 tiveram uma variação de produção de 50% e a restante 128 uma variação de 25%, dai que, o indicador como um todo é insustentável com média geral de sustentabilidade de 4. Os baixos níveis de produtividade anual observados no presente estudo, comprometem a estabilidade do agroecossistema avaliado. As variações anuais de produtividade observadas na região estudada podem ter sido causadas pelo uso de párticas de cultivo inimigos do ambiente e que comprometem as relações ecológicas existentes entre os seres vivos entre si e de si com o meio ambiente, na manutenção da sustentabilidade ecológica. As referidas práticas inimigas do ambiente usual no agroecossistema de Nhocuene são: destruição da biomassa vegetal de restos de culturas anteriores e das ervas daninhas e utilização não quantificada de insumos agrícolas. A produtividade média por campanha obtida pelos produtores variou em média de 1500 kg a 1800 kg/ha em todas culturas produzidas. Observando o indicador “resistência à estiagem”, tem-se que todas unidades de produção de Nhocuene, tem forte resistência a estiagem, dado que 100% dos inqueridos, afirmaram nunca terem tido problemas de escasseeis de recurso hídrico para a irrigação das suas unidades de produção. A média geral de sustentabilidade do indicador foi de 10. Este valor, mostra um óptimo do desempenho deste indicador, na dimensão ecológica e retrata a capacidade da estrutura do solo, em conter e armazenar humidade suficiente para satisfazer as necessidades das plantas cultivadas em todo período no agroecossistema em causa. A resistência à estiagem do agroecossistema de Nhocuene, está ligada á particularidades intrínsecas como: teor de argila, teor de matéria orgânica e localização topográfica, sustentado pelo Ende et al. (2012) que afirma que os solo machongos tem maior capacidade de retenção da humidade, dada a particularidade da coesão das partículas promovida pelo alto teor de matéria orgânica. Resultados similares forma alcançados por Marzall, (2000) quando avaliava a sustentabilidade de agroecossistema em solo orgânico, tendo constatado que solos machongos, tem vantagem acentuadas no processo de armazenamento de humidade suficiente para a garantia da produção e produtividade agrícola. Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 22 Em relação ao indicador “diversidade de técnicas alternativas”, os resultados de estudo, mostram que 179 unidades de produção familiares estão em estado crítico de sustentabilidade; 339 estão em estado instável e os restantes 129 estão em estado estável de sustentabilidade. A média geral de sustentabilidade do indicador foi 3. Este resultado mostra um baixo desempenho do indicador, na manutenção de sustentabilidade do agroecossistema em Nhocuene. Segundo declarações de 179 produtores familiar, nas áreas de produção só usam 1 técnicas de cultivo, 339 produtores utilizam 4 técnicas de cultivo do solo e os restantes 129 produtores utilizam mais de 4 técnicas de cultivo. Esta realidade pode ter origem em diversos factores, dentre eles, o fraco conhecimento das alternativas disponíveis e a deficiência da pesquisa e difusão de novas alternativas. Das técnicas de cultivo mais utilizadas pelos agricultores familiares em Nhocuene, lista-se: (i) sacha- como forma de controlo de plantas daninhas; (ii) queimadas voltadas a limpeza dos campos de produção e destruição de restolhos de culturas anteriores, (iii) pulverizações e adubações para garantia do equilíbrio da produtividade e redução do aparecimento de pargas e doenças; e, (iv) plantio consorciado, que resume-se em cultivo de plantas diferentes na mesma área para aproveitamento do espaço. Ainda que 129 agricultores familiares de Nhocuene afirmem utilizar mais de 4 técnicas alternativas de cultivo como: uso de compostagem, rotação de cultura incorporação de restos de cultura anteriores no solo, adubação verde e adubação dos solos com esterco bovino, estas, por si só, não garantem o alcance da sustentabilidade do agroecossistema em causa, dai que muito, ainda deve se fazer, para se consensualizar outros produtores rumo a utilização destas e outras práticas saudáveis ao ecossistema. No último indicador da dimensão ecológica “Perda de colheita” os resultados mostram que, 176 unidades de produção familiar estão em situação crítica de perda de colheita; 347 estão em situação instável de perda de colheita e as restantes 124 unidades de produção não verificam níveis elevados de perda de colheita. A média geral de sustentabilidade deste indicador foi de 3. Estas perdas, resultam de falta de uso de sementes certificadas (provocada pelo baixo poder de compra dos produtores locais); (ii) problemas com pragas e doenças; (iii) falta de compradores dos produtos produzidos, visto que quando a colheita é maior, a demanda dos consumidores não é suficiente para absorver toda quantidade produzida e aliado a este constrangimento, esta por detrás a falta de mecanismo de agregação de valores aos produtos produzido. Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 23 Figura 3. Indicadores de Sustentabilidade ecológico das unidades de produção agrícola de Nhocuene. Média 4 Média 10 Média 3 Média 4 Média 10 Média 4 Média 10 Média 0 Média 3 Média 3 0 2 4 6 8 10 12 P ro d u ti v id ad e (p es o d a p ro d u çã o /h a) D is p o n ib il id ad e d e ág u a I n te n si d ad e d e u so d a ár ea d a U P M at ér ia O rg ân ic a c/ o ri g em n a p ro p ri ed ad e (% ) Á re a co m e ro sã o v is ív el V ar ia çã o d e p ro d u ti v id ad e R es is tê n ci a à es ti ag em Á re a co m c u lt iv o o rg ân ic o D iv er si d ad e d e té cn ic as a lt er n at iv as P er d a d e co lh ei ta Dimensão Ecologica In d ic e d e S u st en ta b il id a d e Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 24 4.2. Indicadores da Dimensão Económica A figura 4 mostra os resultados obtidos nesta dimensão, que são discutidos a seguir: O indicador “controlo sobre os preços dos produtos” alcançou um baixo desempenho na manutenção da sustentabilidade económica do agroecossistema de Nhocuene. Cerca de 18 produtores familiares que se dedicam a produção de mandioca e bananeira, afirmaram ter controlo sobre os preços de seus produtos; 52 não tem controlo direito dos preços dos produtos, dai que, estão em estado instável de sustentabilidade e os restantes 577 afirmam não ter controlo directo sobre os preços de venda dos seus produtos, uma vez que a quantidade produzida, não é necessariamente suficiente para a venda, dai que estão em estado crítico de sustentabilidade. O índice de sustentabilidade do agroecossistema foi de 3 (estado de sustentabilidade crítico). Este resultado, mostra um fraco desempenho deste indicador, na manutenção da sustentabilidade do agroecossistema. As técnicas de definição e gerenciamento dos preços usados no processo de venda dos produtos produzidos, tornam o indicador insustentável. Mello e Godoy (2014) evidenciam que a comercialização directa ao consumidor é o mecanismo mais viável e sustentável, que garante ao agricultor um maior controlo de negociação sobre os preços dos produtos, e fornece ao mesmo, melhores ganhos económicos. De acordo com os mesmos autores, o processo de venda dos produtos aos revendedores, e a falta de informações actualizadas sobre os preços de vendas em fontes certas e credíveis prejudica o processo de determinação de preços mais compensativos e que respondem ao real valor actual do produto disponibilizado no mercado, o que evidentemente, reduz o nível de ganhos económicos dos produtores. Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 25 O indicador “controlo financeiro das actividades” obteve um estado crítico de desempenho com uma média de sustentabilidade de 0. No total 100% dos entrevistados não fazem o controlo financeiro da actividade resultante da venda dos produtos produzidos, apenas recebem, pagam as contas e guardam as sobras. Estas acções, provavelmente, são as que tornam este indicador insustentável. Segundo Rodrigues, (2014), toda actividade desenvolvida, só se torna economicamente sustentável quando há nela, um controlo directo das receitas e dos gastos (quer seja para a compra da matéria prima de produção, assim como da utilização dos lucros para fins alheis). Santos (2013), avaliando a sustentabilidade do agroecossistema familiar, em relação ao controlo financeiro das actividades, constataram que a maior parte dos agricultores do sector familiar não tem uma contabilidade eficiente que permita o melhor controlo financeiro da actividade agrícola desenvolvida rumo a garantia da sustentabilidade deste indicador e à melhoria da vida. Segundo estes autores, isso deve-se a falta de educação financeira, uma vez que a falta dessa componente, dificulta o processo de tomada de decisão mais acertada para o controlo financeiro das actividades desenvolvidas, (Rodrigues 2014). O indicador “diversidade produtiva para o consumo familiar” teve a maior média de sustentabilidade na dimensão económica com 9 (sustentável). Estes resultados evidenciam que, para além da actividade de produção agrícola, 589 produtores de Nhocuene, dedicam-se á criação pecuária (Aves, Caprinos, Suínos e Bovinos) e 58 somente praticam a agricultura para o autossustento. A criação de aves, bovinos, patos e caprinos são actividades realizadas pelos produtores e que garantem a diversificação de produtos para o seu consumo e redução dos gastos externos com alimentação. Aponta-se como principal motivo de desenvolvimento de uma só actividade, a falta de tempo, recursos e mão-de-obra necessária para cuidar das outras actividades, uma vez que agricultores que se dedicam a pártica de uma só actividade são idosos (50-70 anos) que vivem sós, ou com crianças muito memores (netos). Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 26 O indicador “apresentação do produto comercial e destino dos produtos” apresentou uma média de sustentabilidade de 1. Este resultado, mostra claramente que 69% dos produtos produzidos e comercializados pelos produtores não passam por algum procedimento que agrega valor, pois 1/3 dos produtos, são vendidos nos campos para vendedores atacadistas e outra parte é destinada ao consumo próprio. Sendo que apenas 9.9% beneficiam-se do processo de agregação de valor, antes do seu processo de comercialização. Destes produtos, faz parte o tomate, a banana, o quiabo, a mandioca e o arroz. Em geral, em Nhocuene, os processos de agregação de valor mais utilizados são: o uso da embalagem (tomate) e organização dos produtos em maços (banana e mandioca). Os agricultores, tem a necessidade de agregar valores aos produtos comercializados, mas eles receiam perder os clientes. Segundo suas explanações, a maior parte dos clientes considera que o produto embalado não é fresco e preferem adquirir os produtos comercializados sem embalagem. De referir que, nas colocações feitas pelos agricultores de Nhocuene, não foi citado o custo das embalagens, mas existe uma preocupação com o tempo despendido no processo de embalar, em função da falta de mão-de-obra, e ainda com as preferências dos consumidores. Em relação ao indicador “destino da produção”, os resultados do presente estudo mostram que 288 produtores familiares produzem apenas para garantirem o seu auto sustente; 170 produz para o seu auto-sustento e venda de 25% do excedente; 120 que produz para auto-sustento e venda dos 50% e os restantes 69 faz a produção com destino ao mercado. Fazem parte dos 69 produtores, os que se dedicam a produção da mandioca e banana. A média geral de sustentabilidade deste indicador foi de 3 (estado crítico). Deste modo, é evidente a produção de produtos em pequenas escalas e que não asseguram a alimentação suficiente dos produtores e respectiva venda dos produtos, dai que, o índice geral de sustentabilidade nas unidades de produção está entre o estado crítico e óptimo. Este resultado, torna o indicador insustentável para a garantia do bom desempenho da dimensão económica e resulta no agravamento da qualidade de vidas dos agricultores familiares, que tem na agricultura a fonte de renda para o seu auto-sustento e pagamento de outras despesas básicas. Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 27 Por fim, observa-se no indicador “acesso a crédito rural”, que cerca de 100% dos agricultores entrevistados afirmam ter cadastro bancário, mas quando necessitam de crédito/financiamento para o desenvolvimento da actividade agropecuária, não conseguem aceder com facilidade o que torna este indicador insustentável (média 3). No universo de 647 produtores inqueridos, apenas 15 deles, afirmaram terem-se beneficiado de financiamento do fundo de desenvolvimento agrário (FDA) e fundos dos 7 milhões, para o incremento dos níveis de produção nas suas unidades de produção agrícola, os restantes, afirmam nunca terem sidos beneficiados por financiamento para o incremento da actividade agropecuária desenvolvida. Este resultado, torna vulnerável esse indicador, uma vez que a maior parte dos agricultores de base familiar entrevistados não possui outras fontes de obtenção de fundo para a garantia da produção e produtividade agrícola nas suas unidades de produção, dai que o índice geral de sustentabilidade desse indicador, está em estado critico e instável. De acordo com Rodrigues (2014) o fraco financiamento das actividades agrícolas familiares, promove o agravamento da qualidade de vida da maior parte dos agricultores que vivem no limiar de pobreza e que tem na agricultura mecanismos de obtenção de base para o seu auto-sustento. Para Santos (2013) & Rodrigues (2014), a acção de financiamento aos produtores familiares para o desenvolvimento da actividade agropecuária é uma actividade muito importante e crucial, que promove a melhoria dos níveis de produção em largas escalas. Figura 4. Indicadores de sustentabilidade económica das unidades de produção de Nhocuene. Média 3 Média 0 Média 9 Média 1 Média 3 Média 3 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Controlo sobre os precos dos produtos Controlo Financeiro das actividades Diversidade produtiva para o consumo da familia Apresentação do produto comercial Destinação da produção Acesso a crédito rural oficial Dimensão Economica In d ic e d e S u st en ta b il id a d e Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 28 4.3. Avaliação da dimensão social A figura 5 ilustra os resultados obtidos nesta dimensão que são discutidos a seguir. O primeiro indicador avaliado na dimensão social foi “pessoas ocupadas por há” onde o grupo de produtores inqueridos apresentou condições insatisfatórios, sendo que a média geral de sustentabilidade foi de 2 (crítico). Quanto à utilização da mão-de-obra, verificou- se que um dos factores que limita a disponibilidade de mão-de-obra para o desenvolvimento das actividades agrícolas nas unidades de produção é a questão da mudança dos seus filhos já adultos para as cidades por um lado em busca do lar, e por outro lado em busca das novas oportunidades de emprego. Os resultados do presente estudo mostram que 387 unidades de produção familiar estão sobre a exploração de casal idoso com os seus netos. Por outro lado, em 190 unidades de produção, por onde os praticantes da agricultura familiar são homens e mulheres jovens, contam com auxílio produtivo dos seus respectivos filhos, com idade que varia de 14 a 18 anos. Por fim, em todo universo avaliado, apenas 70 unidades de produção, contam com a participação de todos membros da família na actividade produtiva. No agroecossistema de Nhocuene, verificou-se que os agricultores trabalham em média, mais de 8 horas/dia e ainda persiste o défice da mão-de-obra para a quantidade de trabalho existente (Machambas, criação de pequenos animais e a comercialização dos excedentes de produção). O indicador “satisfação com a actividade desenvolvida” no agroecossistema resulta da intenção dos produtores em desenvolver esta actividade no futuro. Esta intenção teve uma média geral de sustentabilidade de 4, indicando que a situação é instável, para motivar a continuidade dos produtores nas mesmas unidades de produção orgânica. O baixo desempenho deste indicador é resultante de insatisfação de 389 produtores familiares com relação aos ganhos obtidos no desenvolvimento das suas actividades, dai que, trabalham árduo e serio para melhorarem cada vez mais, os ganhos obtidos a quanto do processo produtivo. Segundo declarações dos 389 produtores familiares, os ganhos resultantes do desempenho das suas actividades, só serve para o consumo caseiro e venda de pequena porção para a garantia de compra de insumos e outras despesas. Estes resultados, comprometeram a média de sustentabilidade deste indicador e por consequente da dimensão social como um todo. Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 29 O indicador “grau de escolaridade” mostra que 22,6% produtores de Nhocuene, não dispõe de nenhuma formação académica, 19,2% tem formação primária completa, 34,7% tem ensino básico completo e os restantes 23,5% tem formação média completo. O índice geral de sustentabilidade desse indicador, foi de 4 (estado instável). Esta média, mostra um mau desempenho deste indicador na manutenção de sustentabilidade da dimensão “social” e que provavelmente, seja o factor que limita o processo de adopção de novas práticas agrícolas ou a implementação de inovações tecnológicas amigas do ambiente. Os indicadores participação em curso de agricultura e em organizações ou associações” apresentaram média mais baixa de sustentabilidade nesta dimensão, com 0, (estado crítico de sustentabilidade). Esta média mostra um baixo desempenhos desses indicadores, na manutenção de sustentabilidade do agroecossistema, sobretudo da dimensão social. De acordo com os resultados obtido na pesquisa, 100% dos agricultores inqueridos, afirmaram nunca terem participado em cursos de curta duração e nem em algumas associações, apenas tem tido capacitações periódicas com extensionistas no âmbito do programa PITA- (programa integrado de referência de tecnologias agraria). Resultados similares são encontrados em estudos feitos por Rodrigues (2014) demostrando o impacto das formações, para o processo de tomada de decisões correctas, em relação a escolha e utilização de técnicas de cultivo saudáveis por parte dos agricultores. O mesmo autor, salienta ainda que um individuo formado ou capacitado, é um indevido consiste, que sabe ser proactivo/a na selecção das melhores técnicas de produção sustentável. O indicador “estado de saúde” obteve a média mais alta de sustentabilidade (10). Este valor mostra um melhor desempenho do indicador, na garantia da sustentabilidade do agroecossistema. Quando questionados os produtores de Nhocuene em relação ao estado de saúde e o nível de satisfação com o atendimento médico obtido nas unidades de saúde do distrito, teve-se como resultado que 100% dos agricultores consideram o acesso aos serviços de saúde como óptimo. Este resultado resulta do nível de satisfação de 9% dos agricultores (estado estável) e 91,0% dos agricultores que estão em estado óptimo de satisfação. Os agricultores de Nhocuene, afirmaram também, que periodicamente, tem recebido nas suas regiões, assim como nas unidades sanitárias, palestras dadas pelos agentes de saúde. Estas palestras são voltadas especificamente para dotar os agricultores de conhecimentos básicos para o combate à malária, cólera e HIV-Sida. Sustentabilidade em Agroecossistema de Base Familiar em Gaza AUTOR: EUGENIO DA PIEDADE EDMUNDO SITOOE 30 Na avaliação deste indicador “satisfação com assistência técnica”, apesar do serviço de extensão rural em Moçambique ser gratuito e ministrado pelos técnicos agropecuários de serviços distritais de actividades económicas de Chongoene (SIDADE-Chongoene), ela é deficiente e quase não resolve as dúvidas ou problemas existentes no seio dos produtores. Existem alguns produtores familiares satisfeitos com o nível de assistência técnica dada por extensionistas locais (32,51%), a maior parte deles (67,48%), não este satisfeito. Esta insatisfação, torna o indicador insustentável com média geral de 4 (instável). Por outro lado, os agricultores afirmam ser insuficiente o nível de visitas e saneamento das dificuldades por eles encarados nas suas jornadas de trabalho dai que eles se baseiam em tentativas de erros
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