amputação de membros, trabalhos forçados, etc. Para viabilizar a punição imposta,
permaneciam presos durante um período ne cessário enquanto aguardava o
julgamento. Assim, o en carceramento era um meio, não o fim da punição . Nesse
contexto, não existia preocupação com a qu alidade do recinto nem com a própria
saúde do prisioneiro.
A partir do século XVIII, a pris ão torna-s e, então, essência do sistema
punitivo. A finalidade do encarceramento passa a ser isolar e recuperar o infrator. O
atual cárcere insalubre, capaz de fazer adoecer seus hóspedes e matá -los antes da
hora, como sim ples acessório de um processo punitivo baseado no tormento físico,
apresenta a ideia de um estabelecimento públi co, severo, re gulamentado, higiênico,
intransponível, capaz de prevenir o delito e ressocializar quem o comete.
O processo passa por uma mudança hist órica significativa, ainda que muitas
vezes essas últimas características só estejam asseguradas no papel, por isso,
geralmente, o desenvolvimento da prisão é associado ao humanismo.
O sistema prisional atual, ao invés de proporcio nar a r eabilitação do preso,
acaba por criar novos infratores, mais violentos e revoltados com a sociedade. A
falta de projetos de ress ocialização para os d etentos e a própria infraestrutura dos
presídios torna o cárcere um ambiente vulnerável e propício à proliferação d e
doenças e epidemias e to do tipo de de gradação h umana, quando d everia oferecer as
devidas assistências previst as na lei, que visa a garantia mínima do s Direitos
Humanos. Assim:
O sentimento de injustiça que um prisioneiro experimenta é uma
das causas que mais pode tornar i ndomável seu caráter. Quando se
vê assim exposto ao sofrimento que a lei não ordenou nem mesmo
previu, ele entra em estado habitual de cólera contra tudo que o
cerca; só vê carrascos em todos os agentes de autoridade: não
pensa mais ter sido culpado, acusa a própria justiça (FOUCAULT,
2009, p 252).
Essa falta de compromisso do poder públi co, de ntre tantos outros problemas,
demonstram o fracasso d o atual sistema penitenciário brasileiro. Ess a sit uação crítica
que são submetidos os presos, sem que ocorra de fato a ressocialização e, portanto,
incentivando ao retorno à criminalidade, nos leva a observar o descaso com os direitos
humanos. “A prisão tor na possível, ou melhor, favorece a organização do meio de
delinquentes, solidários entre si, hierarquizados, pronto para todas as cumplicidades
futuras” (FOUCAULT, 2009, p 222).