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tecnologia_da_informacao_e_da_comunicacao_na_educacao (1)

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Adriana Justin Cerveira Kampff
NA EDUCAÇÃO
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO
NA EDUCAÇÃO
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-2848-1
Adriana Justin Cerveira Kampff
IESDE Brasil S.A.
Curitiba
2012
3.ª edição
Tecnologia da Informação 
e Comunicação na Educação
IESDE Brasil S.A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: Jupiter Images/DPI Images
© 2006-2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autoriza-
ção por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 
________________________________________________________________________________
K23t
3.ed.
 
Kampff, Adriana Justin Cerveira 
 Tecnologia da informação e comunicação na educação / Adriana Justin Cerveira 
Kampff. - 3.ed. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012. 
 220p. : 24 cm
 
 Inclui bibliografia
 ISBN 978-85-387-2848-1
 
 1. Tecnologia educacional. 2. Inovações educacionais. 3. Tecnologia da informação. 
4. Comunicação e tecnologia. 5. Comunicação de massa e educação. I. Título. 
 
12-4024. CDD: 371.3078
 CDU: 37.016:316.774
18.06.12 27.06.12 036410 
________________________________________________________________________________
Doutoranda em Informática na Educação (PGIE-UFRGS), Mestre em Ciência da 
Computação (PGCC-UFRGS) e Bacharel em Informática (PUCRS). Coordena proje-
tos envolvendo tecnologias educacionais junto a escolas de Ensino Fundamental 
e Médio. Atua, também, como professora universitária em cursos de graduação 
e pós-graduação na área de computação e licenciaturas, aprofundando o tema 
das tecnologias na educação, sobre o qual pesquisa e tem artigos publicados em 
eventos, nacionais e internacionais, e revistas científicas. Trabalha, ainda, na capa-
citação e acompanhamento de professores para o Ensino a Distância.
Adriana Justin Cerveira Kampff
Sumário
Tecnologias ................................................................................. 11
Tecnologias instrumentais ..................................................................................................... 12
Tecnologias intelectuais.......................................................................................................... 12
Tecnologias educacionais ...................................................................................................... 14
Tempos de mudanças ............................................................. 23
As ondas civilizatórias .............................................................................................................. 23
Espaços diferenciados de aprendizagem ........................ 35
As inteligências múltiplas ....................................................................................................... 35
Implicações educacionais ...................................................................................................... 39
Mídias na Educação: impressos e rádio ............................ 51
Livros .............................................................................................................................................. 51
Jornais e revistas ........................................................................................................................ 54
Rádio .............................................................................................................................................. 55
Mídias na Educação: audiovisuais ...................................... 65
Televisão ....................................................................................................................................... 65
Programas educacionais ......................................................................................................... 67
Uso dos recursos audiovisuais .............................................................................................. 68
Produção de recursos audiovisuais .................................................................................... 69
Informática na Educação ....................................................... 79
Ensino e aprendizagem com a informática ..................................................................... 80
Ambientes virtuais para consulta multimídia ................................................................. 81
Softwares educacionais: aprendizagem envolvente .... 93
Editores gráficos ........................................................................................................................ 93
Editores de texto........................................................................................................................ 95
Jogos de computador.............................................................................................................. 96
Softwares educacionais: interatividade ...........................107
Linguagem Logo .....................................................................................................................108
Geometria dinâmica: Cabri-Géomètre ............................................................................110
Visualização de gráficos e funções ....................................................................................113
Geometria espacial .................................................................................................................114
Simuladores variados .............................................................................................................115
Edição de texto .......................................................................125
Microsoft® Word .......................................................................................................................126
Apresentação multimídia ....................................................143
Microsoft® PowerPoint 2003 ...............................................................................................144
Internet: revolução digital ...................................................161
Surgimento da internet .........................................................................................................162
Considerações finais ...............................................................................................................166
Internet: pesquisa...................................................................173
Acesso a sites ............................................................................................................................173
Ferramentas de busca ...........................................................................................................174
Bibliotecas virtuais ..................................................................................................................176
Enciclopédias virtuais ............................................................................................................179
Pesquisa em sala de aula ......................................................................................................180
Internet: comunicação .........................................................187
Correio eletrônico ...................................................................................................................188
Lista de discussões ..................................................................................................................190
Salas debate-papo .................................................................................................................191
Fóruns de discussão ...............................................................................................................194
Videoconferência.....................................................................................................................194
Ferramentas de comunicação instantânea ....................................................................195
Outras formas de comunicar ...............................................................................................195
Inclusão digital ........................................................................205
Acessibilidade ...........................................................................................................................206
Software livre ..............................................................................................................................207
Computadores nas escolas ..................................................................................................208
Venda de computadores com subsídios .........................................................................208
Reciclagem de equipamentos ............................................................................................209
Telecentros .................................................................................................................................210
Governo Eletrônico (e-gov) .................................................................................................210
Considerações finais ...............................................................................................................211
Apresentação
Neste livro, você encontra informações sobre diversas tecnologias, de im-
pressos à computação, passando por rádio e televisão. Tenho certeza de que, 
em muitos momentos, você se identificará com os exemplos apresentados, pois, 
quem não tem uma história fantástica para contar mediada por algum artefato 
tecnológico?
Além de apresentar tecnologias e teorias que apoiam sua utilização na educa-
ção, a nossa interação (sim, quem lê interage!) estará marcada pela discussão de 
possibilidades pedagógicas e exemplos para iniciar a caminhada na área.
A utilização de tecnologias na educação não deve ser apenas ilustrativa, pode 
ser transformadora: permite acessar um grande volume de informações, em di-
ferentes formatos, e compartilhá-las; propicia interagir com pessoas distantes e 
acompanhar em tempo real os acontecimentos em diversos locais do planeta.
Assim, nos tempos atuais, precisamos formar cidadãos com novas competên-
cias, capazes de gerenciar informações e trabalhar em grupo, começando por nós! 
Urge que estejamos capacitados para discutir e utilizar tecnologias em situações 
oportunas de aprendizagem. É preciso não apenas conhecê-las, mas vivenciá-las.
Adriana Justin Cerveira Kampff
Uma das características fundamentais da espécie humana é a sua 
capacidade de criar. O homem cria, mas, certamente, não cria no vazio, 
não faz mágica. Sua inventividade é despertada por sua interação com o 
mundo, na construção de novos conhecimentos, na ação transformadora. 
O homem, dos primórdios aos dias atuais, produz tecnologias: movido por 
suas necessidades e desejos, inventa artefatos que modificam o mundo e 
a sua forma de relacionar-se com ele.
Das ferramentas rudimentares da agricultura às modernas colheitadei-
ras, do tratamento das primeiras peles que aqueciam o corpo às roupas 
antifogo dos pilotos de automobilismo, dos primeiros desenhos às máqui-
nas fotográficas digitais e softwares de edição gráfica, a tecnologia é útil e 
fascinante. Mas, mesmo que os exemplos anteriores não façam parte do 
dia a dia de muitos, estes estão imersos em um mundo tecnológico.
Seria possível pensar a vida moderna sem energia elétrica? Como ficar 
sem a geladeira para conservar os alimentos? Como acompanhar essas 
aulas sem TV e DVD? E aquele ar-condicionado, desejado por muitos, para 
refrescar no verão e aquecer no inverno? E os aparelhos dos hospitais, es-
senciais para salvar vidas humanas?
Muitas tecnologias, hoje, encontram-se tão incorporadas na vida coti-
diana que passam despercebidas. Algumas delas, no entanto, que costu-
mam ser classificadas como “novas tecnologias”, quando surgem são vistas 
com receio, como se uma tecnologia, por si só, pudesse ser boa ou ruim.
Na verdade, tudo depende do uso que se faz dela: a tecnologia nuclear 
pode ser utilizada para gerar energia que sustente uma região ou para 
criar mísseis que a devastem; a internet, como fonte de informação e co-
municação, pode divulgar valores universais de respeito à diversidade cul-
tural rumo a uma solidariedade planetária, ou veicular material de grupos 
terroristas que semeiam discórdia. Por isso pergunta-se: que uso se quer? 
É preciso conhecer e, conscientemente, optar pelo uso de tecnologias e 
suas abordagens – não é possível ignorá-las ou omitir-se.
Tecnologias
11
12
Tecnologias instrumentais
Quando se fala em tecnologia, logo se pensa em máquinas, aparelhos e fer-
ramentas, tais como aviões, carros, eletrodomésticos, computadores e telefones. 
Essas tecnologias, denominadas tecnologias instrumentais, trazem conforto, ra-
pidez e qualidade às tarefas cotidianas.
Para aqueles que discordam, mais alguns exemplos: seria possível ir de Porto 
Alegre a São Paulo e voltar no mesmo dia, não fossem os aviões? Seria possí-
vel conversar, em tempo real, com um amigo que mora distante, não fossem 
os telefones? Ou mesmo vê-lo, diariamente, não fossem os computadores com 
webcams conectados à internet? Como acompanhar os momentos do primeiro 
astronauta brasileiro no espaço, os jogos da Copa do Mundo, a apuração das 
eleições ou as grandes festas populares, não fossem as transmissões televisivas 
ao vivo, com todo um complexo aparato tecnológico envolvido?
Várias situações empregam tecnologias e muitas delas seriam simplesmente 
impossíveis na sua ausência. Quem não tem uma história marcante para contar, 
acompanhada pela televisão? Ou um telefonema/e-mail que chegou na hora 
certa, para mudar uma situação?
Embora as tecnologias instrumentais monopolizem boa parte do que se dis-
cute sobre o tema, as tecnologias intelectuais, em grande parte, embasam o seu 
desenvolvimento.
Tecnologias intelectuais
Como tecnologias intelectuais, também denominadas de tecnologias da 
inteligência ou simbólicas, destacam-se, inicialmente, a linguagem e a escrita, 
acrescentando-se hoje novas formas de representar o conhecimento, como os 
hipertextos, possíveis através da informática.
Lévy (1996, p. 38) afirma que “uma tecnologia intelectual, quase sempre, exte-
rioriza, objetiva, virtualiza uma função cognitiva, uma atividade mental”. Ou seja: 
ao falar, o homem exterioriza seu pensamento; ao escrever, exterioriza sua me-
mória; ao tecer um hipertexto – texto construído em rede, com ligações entre di-
versas informações –, exterioriza as relações que estabelece entre as informações 
que apresenta.
Tecnologias
Tecnologias
13
Com o desenvolvimento da linguagem, o homem passou a compartilhar in-
formações, atualizando-as e passando-as de geração para geração, de maneira 
contextualizada ou na forma de mitos.
Com a escrita, surge uma outra maneira de se comunicar, de compartilhar 
informações, em que os emissores das mensagens e seus receptores podem 
estar distantes no tempo e no espaço e, portanto, recebê-las fora do contexto 
em que foram concebidas, com todos os mal-entendidos que podem decorrer 
disso. Assim, ao escrever, tornou-se necessário pensar sistemas que possam ser 
compreendidos independentemente do tempo e do espaço, como os registros 
científicos. Por outro lado, acentuou-se a necessidade de desenvolver uma boa 
interpretação a partir da leitura dos materiais produzidos.
Atualmente, com os hipertextos, reinventa-se a maneira de escrever,interli-
gando informações em teia, de forma não linear, em um processo mais próximo 
à forma como as pessoas pensam, em que “uma ideia puxa outra”. O hipertexto 
permite visualizar, na tela do computador, o que há muito tempo a mente humana 
faz. Aproveitando um trecho da música de Lupicínio Rodrigues: “o pensamento 
parece uma coisa à toa / mas como é que a gente voa quando começa a pensar”. 
Ao interagir com um hipertexto “voa-se”, “navega-se” entre informações.
Em um hipertexto, dois conceitos são importantes: nodo (um ponto da rede 
de informação) e ligação (a conexão entre os pontos da rede, denominada 
também de link). Os nodos podem conter, por exemplo, trechos ou textos com-
pletos, imagens estáticas ou animações, sons ou filmes. E cada nodo pode conter 
ligações que levam a outros nodos.
Cada escritor pode construir o seu hipertexto, incluindo ligações para hiper-
textos externos ao seu, disponíveis na internet. Cada leitor pode optar, em sua 
leitura, por quais ligações selecionar. Um hipertexto, portanto, “é uma matriz de 
textos potenciais, sendo que alguns deles vão se realizar sob o efeito da intera-
ção com o usuário” (LÉVY, 1996, p. 40). Ao contrário do texto manuscrito ou im-
presso, que vem pronto, o hipertexto em meio digital é construído na interação 
com o leitor, através das suas seleções e, portanto, “toda leitura em computador 
é uma edição, uma montagem singular” (LÉVY, 1996, p. 41).
A intenção aqui é abrir uma janela para o mundo atual, articulando o uso 
de várias tecnologias, tanto instrumentais quanto intelectuais, no contexto 
educacional.
14
Tecnologias educacionais
Como caracterizar “tecnologia educacional”? Seu uso pode melhorar os pro-
cessos de ensino e aprendizagem? Para responder a essas questões, inicia-se a 
discussão do tema.
As tecnologias em geral, das mais simples às mais sofisticadas, ampliam o po-
tencial humano, seja físico ou intelectual. As tecnologias empregadas com fim 
educacional colaboram nesse sentido, ampliando as possibilidades do professor 
ensinar e do aluno aprender. Da lousa e giz aos computadores ligados à internet, 
muitas são as tecnologias que, utilizadas adequadamente, podem auxiliar no 
processo educacional:
livros didáticos permitem garantir a todos o acesso a um conjunto mínimo �
de informações;
assinaturas de jornais e revistas oferecem notícias atualizadas; �
um vasto acervo na biblioteca, potencialmente, amplia e aprofunda a �
pesquisa;
bons laboratórios de ciências podem levar a criar/recriar experiências �
científicas;
recursos audiovisuais aproximam os alunos de realidades distantes; �
computadores oferecem uma infinidade de possibilidades de acesso à in- �
formação, à comunicação, à simulação etc.;
lousas eletrônicas interativas permitem ao professor a manipulação de �
imagens em 3D, tornando suas aulas mais dinâmicas e envolventes; 
dispositivos móveis, cada vez menores e mais leves, possibilitam assistir a �
aulas em vídeo ou ler livros digitais onde quer que se esteja. 
Todos reconhecem o papel fundamental das instituições escolares no desen-
volvimento intelectual, social e afetivo do indivíduo. Assim, em uma sociedade 
de bases tecnológicas, com mudanças contínuas e em ritmo acelerado, não é 
mais possível ignorar as alterações que as tecnologias – principalmente as tec-
nologias da informação e da comunicação (TIC) – provocam na forma como as 
pessoas veem e apreendem o mundo, nem desprezar o potencial pedagógico 
que tais tecnologias apresentam quando incorporadas à educação.
Tecnologias
Tecnologias
15
As transformações necessárias para qualificar a educação são complexas, 
abrangendo a reestruturação dos currículos, a formação adequada de profes-
sores e a inserção das diversas tecnologias de informação e de comunicação – 
desde bons materiais impressos, televisão, DVDs até computadores conectados 
à internet e videobooks entre outros.
Lévy (1993, p. 8) afirma que a escola “há cinco mil anos se baseia no falar/ditar 
do mestre, na escrita manuscrita do aluno e, há quatro séculos, em um uso mo-
derado da impressão”. Dessa forma, diz que (p. 8-9) “uma verdadeira integração 
da informática (como do audiovisual) supõe, portanto, o abandono de um hábito 
antropológico mais do que milenar, o que não pode ser feito em alguns anos”.
Cabe à escola incorporar em seu trabalho, apoiado na oralidade e na escrita, 
outras formas de aprender (apoiadas na visão, na audição, na simulação, na cria-
ção) possíveis com uma tecnologia cada vez mais avançada. Mais do que resistir, 
é preciso desvendá-la e, conscientemente, fazer uso dela.
Diversas áreas se beneficiam do desenvolvimento tecnológico e a educação deve 
utilizá-lo também nesse sentido: trazer ganhos pedagógicos. Segundo Sancho (1998, 
p. 40), os professores costumam utilizar tecnologias que dominam e deixar de lado 
as “produzidas e utilizadas na contemporaneidade [...], dificultando aos seus alunos 
a compreensão da cultura do seu tempo e o desenvolvimento do juízo crítico sobre 
elas”. Para superar essa questão, é preciso investir em recursos e na capacitação do-
cente, buscando conhecer e discutir formas de utilização de tecnologias no campo 
educacional, com o propósito de atualizar e qualificar os processos educativos.
Texto complementar
Invenções que mudaram o mundo 
e sobreviveram ao tempo
(ÉPOCA, 2006)
Luz elétrica (1879)
O desenvolvimento da lâmpada incandescente pelo americano Thomas 
Edison é o marco da captura da energia elétrica. Ela alavancaria o desenvol-
vimento da indústria e revolucionaria o modo de vida das pessoas.
16
Hoje: cerca de 90% das casas, no Brasil, possuem luz elétrica. Nos 
países desenvolvidos, esse número é de quase 100%.
Fotografia (1839)
O pintor e físico francês Louis Daguerre descobre que a imagem pode ser 
capturada e reproduzida por meio de uma câmera escura. Em sua homena-
gem, durante os primeiros anos, a máquina fotográfica era conhecida como 
daguerreótipo.
Hoje: a imagem digital, que dispensa filme e revelação, transformou 
a fotografia em um hobby de milhões de pessoas em todo o mundo.
Carro (1886)
O engenheiro alemão Gottlieb Daimler desenvolve o primeiro veículo de 
quatro rodas movido por motor a gasolina. O veículo é considerado o pri-
meiro automóvel da história.
Hoje: o carro é o principal meio de transporte da atualidade.
Telefone (1876)
Embora vários inventores estivessem trabalhando no projeto do telefone, 
foi o escocês Alexander Graham Bell quem realizou a primeira ligação entre 
dois aparelhos. “Doutor Watson, preciso do senhor aqui imediatamente”, foi a 
primeira frase pronunciada ao telefone para um de seus assistentes.
Hoje: cada vez mais o celular facilita a vida do usuário em todos os 
sentidos.
Computador (1945)
Embora a invenção do computador pessoal date do fim dos anos 1970, ele 
está prestes a completar 60 anos. [...] O primeiro, o Eniac, pesava 30 toneladas, 
usava cartões perfurados e tinha, entre outras funções, de fazer cálculos de ba-
Tecnologias
Tecnologias
17
lística para o exército americano. O desenvolvimento de microprocessadores 
permitiu a criação de computadores pessoais de mesa e portáteis, os laptops.
Hoje: o computador se tornou uma ferramenta indispensável na vida 
cotidiana, seja profissionalmente, seja como instrumento de pesquisa, 
comunicação pessoal ou entretenimento.
Rádio (1896)
Criado pelo italiano Guglielmo Marconi, o rádio teria sua primeira trans-
missão realizada na virada do século XIX para o XX, em 1901. Ele enviou ondas 
de rádio de um balão, na Inglaterra, que foram captadas na Costa Oeste dos 
Estados Unidos.
Hoje: o rádio trocou o entretenimento dos primeiros tempos pela 
prestação de serviços. Nisso, é imbatível.
Satélite (1957)
O Sputnik, russo, foi o primeiro satélite lançado no espaço. Criado para 
pesquisa espacial, seu uso foi ampliado para estudos meteorológicos a partir 
dos anos 1960. O Telstar, primeiro satélite de comunicações, foi lançado, em 
1962, pelos Estados Unidos.
Hoje: a ideia de AldeiaGlobal, para ser real, depende 100% dos 
satélites.
Televisão (1924)
A primeira transmissão, para a comunidade científica, ocorreu em Londres e 
foi captada em um aparelho de 30 linhas de definição. Era possível ver apenas 
o contorno de imagens de pessoas. Na França, a primeira transmissão foi feita 
em 1935, da Torre Eiffel. Nos Estados Unidos, em 1939. No Brasil, em 1953.
Hoje: a TV é o principal meio de entretenimento das pessoas. No 
futuro próximo, cada telespectador montará a própria programação.
18
Internet (1969)
Criada para fins militares, a comunicação em rede por computador passou 
a ser usada para pesquisa em universidades nos anos 1980 e ganhou uso 
comercial na metade dos anos 1990. No Brasil, o serviço foi implantado em 
1995. Em 2000, o país adotou o sistema de banda larga.
Hoje: há dez anos, a rede não existia. [...] Não dá nem para imaginar 
como seria a vida sem ela.
Dica de estudo
LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: o futuro do pensamento na era da 
informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.
Por meio da leitura desse livro é possível aprofundar o entendimento sobre 
as tecnologias intelectuais e compreender como as novas tecnologias da infor-
mação e da comunicação, em especial as relacionadas com a informática, opor-
tunizam o desenvolvimento de novas formas de pensar.
Atividades
1. Para que servem as tecnologias? Discuta sobre a presença e o papel de dife-
rentes tecnologias no cotidiano.
Tecnologias
Tecnologias
19
2. O que é uma tecnologia intelectual?
3. Destaque algumas tecnologias da informação e da comunicação, apresen-
tando como o homem as utiliza em seu cotidiano.
20
Referências
ÉPOCA. Invenções que Mudaram o Mundo e Sobreviveram ao Tempo. Dis-
ponível em: <http://epoca.globo.com/especiais/2004/tecnologia/abre02.htm>. 
Acesso em: 20 jun. 2006.
LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: o futuro do pensamento na era da 
informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.
LÉVY, Pierre. O que É o Virtual? 2. Reimp. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1996.
RODRIGUES, Lupicínio. Felicidade. Disponível em: <http://letras.terra.com.br/
lupcinio-rodrigues/47152/>. Acesso em: 12 jun. 2012.
SANCHO, Juana Maria (Org.). Para uma Tecnologia Educacional. 2. reimp. Porto 
Alegre: ArtMed, 1998.
Gabarito
1. As tecnologias servem para trazer conforto, qualidade e agilidade para a re-
alização de tarefas. As tecnologias ampliam nossa capacidade, seja física ou 
intelectual – por exemplo, um carro permite chegar mais longe e rapidamen-
te a locais distantes do que caminhando; uma calculadora permite realizar 
cálculos complexos com mais rapidez e eficiência do que com lápis e papel; 
um hipertexto permite representar diversas ligações entre os conhecimen-
tos; a televisão nos permite assistir em tempo real aos acontecimentos que 
estão ocorrendo no outro lado do mundo; o telefone celular permite que fa-
çamos contato e sejamos contatados a qualquer momento. Esses são alguns 
exemplos - várias situações empregam tecnologias e muitas delas seriam 
simplesmente impossíveis na sua ausência.
2. Uma tecnologia intelectual (ou tecnologia da inteligência) exterioriza uma 
atividade mental. Por exemplo: ao falar, exterioriza-se o pensamento (nos ex-
pressamos); ao escrever, exterioriza-se a memória (podemos registrar pensa-
mentos); ao construir hipertextos, exteriorizam-se as relações (explicitamos 
como relacionamos as informações que fazem parte do hipertexto).
3. Alguns exemplos podem versar sobre livros, jornais, revistas, rádio, cinema, 
televisão e internet, discutindo formas de utilização que vão de entreteni-
mento à fonte de informação e cultura. É importante considerar o acesso e a 
utilização crítica das tecnologias como recurso importante na formação de 
cidadãos mais conscientes e produtivos para o mundo atual.
Tecnologias
Tecnologias
21
É bastante comum ouvir essa afirmação: estamos imersos na socieda-
de da informação, na Era Digital. Mas como definir essa nova sociedade? 
O que distingue essa era das demais, já vividas pelas gerações anteriores? 
Será que, no mundo globalizado, todos estão na mesma era? Que caracte-
rísticas são desejadas para que os homens de seu tempo possam exercer 
plenamente sua cidadania?
O texto que agora se inicia pretende apresentar elementos que auxi-
liem a responder às questões acima.
As ondas civilizatórias
Alvin Toffler (1995), cientista social norte-americano, coloca que é 
possível dividir, em função de suas características, as sociedades em três 
ondas civilizatórias: a primeira onda é a agrícola, a segunda é a industrial 
e a terceira é a digital.
A metáfora da onda, segundo Mrech (2001), “é usada para designar 
um fluir da sociedade que não vai em uma direção só, mas que apresenta 
fluxos e refluxos contínuos, tal como a água do mar, em seus aspectos su-
perficiais e profundos de dinamização”. Assim, é importante destacar que, 
embora em determinados espaços físicos se identifique um maior número 
de características de uma onda, elas podem acontecer simultaneamente.
Primeira onda
A primeira onda, denominada de sociedade agrícola ou sociedade pri-
mitiva, tem seu predomínio desde o surgimento do homem até o final do 
século XVII. Na sociedade agrícola, predominam os grupos humanos que 
vivem isolados de outros grupos, produzindo e consumindo o necessário 
para a sua própria sobrevivência.
Tempos de mudanças
23
24
As informações, em geral, são propagadas de geração para geração, já que as 
escolas ainda são poucas no final desse período, e é bastante comum que as fa-
mílias mantenham as mesmas profissões: avô artesão, pai artesão, filho artesão. 
Nessa era, o poder está, principalmente, nas mãos dos detentores de terra.
Segunda onda
A segunda onda inicia-se após o século XVII, marcada pela Revolução In-
dustrial. Melhorias na agricultura permitem produzir alimentos em uma escala 
maior do que o que era consumido por um dado grupo, liberando mão de obra 
do campo para as grandes cidades, constituídas ao redor das indústrias que co-
meçam a ser implantadas.
Uma nova escala econômica surge. Se antes consumia-se o que o próprio 
sujeito (ou seu grupo) produzia, na Era Industrial consumidores e produtores 
são grupos diferentes – produz-se em excesso, para trocar por moeda corrente 
(dinheiro), que por sua vez será trocada por outros produtos necessários à sobre-
vivência. Detém o poder quem detiver maior capital financeiro.
Nessa era, passa-se a produzir e consumir também informação e cultura de 
forma massificada. Surgem, sucessivamente, a imprensa, o rádio e a televisão, 
levando informações iguais para todos, simplificadas para que todos possam 
compreendê-las, favorecendo uma padronização de ideias e comportamentos.
A escola, para atender às necessidades da sociedade industrial, também é 
massificada: deve formar cidadãos homogêneos, capazes de adequação ao tra-
balho em série. Multiplicam-se as escolas, baseadas em uma concepção tradicio-
nal de educação:
o currículo é organizado em disciplinas estanques, privilegiando o desen- �
volvimento de habilidades linguísticas e lógico-matemáticas;
o professor é visto como fonte principal do conhecimento; �
o aluno assume uma postura passiva, recebendo pacotes de informação pre- �
viamente formatada, hierarquizada, em doses progressivas e predefinidas;
a avaliação se baseia na memorização de informação e na devolução das �
informações em conformidade com o modelo oferecido.
Todas essas características colaboraram para o desenvolvimento industrial, 
reforçando aspectos importantes para sua sustentação.
Tempos de mudanças
Tempos de mudanças
25
Terceira onda
A terceira onda, também denominada sociedade da informação ou digital, 
surge com as redes de computadores entre 1960 e 1970, propiciando uma am-
pliação, em proporções sem precedentes, do acesso e divulgação de informa-
ções. Hoje, com a internet, todos podem produzir e disponibilizar informações 
e, conforme seus interesses, consultá-las de maneira personalizada. O sujeito 
coloca-se,ao mesmo tempo, como produtor e consumidor de informações.
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es
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ag
es
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A economia volta-se ao consumo interativo e personalizado: canais por as-
sinatura, TV com transmissão digital, grupos e fóruns de discussão criados na 
internet. Mas, com o grande volume de informações, não basta apenas aprender 
a acessá-las, é preciso estabelecer relações, aprofundá-las, lidar com toda a com-
plexidade envolvida.
Novas são as necessidades em relação à educação:
o currículo deve ser repensado em um mundo globalizado, de maneira inter- �
disciplinar, valorizando a inteligência como fruto de múltiplas competências;
o professor deve assumir uma postura de mediador no acesso ao conhe- �
cimento e contribuir para que se estabeleçam relações significativas, que 
levem a outros patamares de conhecimento;
26
o aluno deve ser visto como agente ativo do processo, com interesses e �
produções singulares;
a avaliação não tem sua ênfase na memorização, mas nas relações e na �
aplicação dos conhecimentos em novos contextos.
As diversas ondas existem concomitantemente. No que diz respeito espe-
cialmente à educação, observa-se ainda uma predominância da segunda onda. 
Porém, diversas iniciativas e discussões atuais pretendem transformar a escola, 
para formar cidadãos capazes de exercer plenamente seus direitos, em uma nova 
sociedade: a sociedade da informação, em que o maior valor é o conhecimento.
Os códigos da modernidade
Com as transformações sociais e, consequentemente, das relações de traba-
lho, novas são as exigências em relação à educação. É preciso formar pessoas 
capazes de lidar com problemas a respeito dos quais ainda não se tem ideia, a 
lidar com o inesperado e com a incerteza (MORIN, 2000).
Nesse contexto de mudanças, salientam-se competências importantes para 
a sobrevivência em um novo tempo – entre outras características, Bernardo Toro 
(2009), em seus Códigos da Modernidade, destaca sete competências para uma 
participação produtiva na sociedade atual:
domínio da leitura e da escrita; �
capacidade de fazer cálculos e resolver problemas; �
capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações; �
capacidade de compreender e atuar em seu entorno social; �
capacidade para compreender criticamente os meios de comunicação; �
capacidade de localizar, acessar e usar melhor a informação acumulada; �
capacidade de planejar, trabalhar e decidir em grupo. �
Os estímulos aos quais a sociedade é exposta impulsionam uma mudança no 
papel da escola e, com isso, a necessidade de romper com velhos paradigmas 
educacionais, centrados em currículos fragmentados, em memorização e trans-
missão de informações.
Tempos de mudanças
Tempos de mudanças
27
As habilidades linguísticas e lógico-matemáticas continuam essenciais, mas já 
não bastam. É importante ter acesso às informações, saber decodificá-las e compar-
tilhá-las para ampliar seu potencial de utilização, articulando diversas capacidades.
Busca-se o desenvolvimento da inteligência de forma coletiva, a partir das 
vivências do grupo, das trocas e do aprofundamento. Percebe-se a necessidade 
crescente de interagir para a resolução de problemas, para a realização de tare-
fas. Torna-se necessária a reunião de pessoas competentes em seus domínios 
de conhecimento para trabalharem em projetos comuns, valorizando as com-
petências individuais e a articulação destas, de maneira harmoniosa, durante o 
desenvolvimento de trabalhos em grupo.
Nesse novo contexto, a valorização de capacidades cognitivas individuais, va-
lores pessoais e habilidades que favoreçam o trabalho em grupo assumem fun-
damental importância. Quer-se formar cidadãos atuantes em seu entorno social, 
com postura democrática, que saibam analisar os fatos e receber criticamente 
as informações. Para tanto, é preciso trabalhar o “conhecimento como um todo 
complexo” (MORIN, 2000), construído a partir de complexas interações do sujeito 
com outros sujeitos e com o meio, respeitando as particularidades de cada um.
Em uma sociedade globalizada, interconectada por diversas tecnologias da 
informação e da comunicação, as competências destacadas nos códigos da mo-
dernidade são ao mesmo tempo estimuladas e colocadas à prova. Uma educa-
ção norteada pelo desenvolvimento de tais competências permitirá a formação 
de cidadãos mais atuantes, conscientes e produtivos.
Texto complementar
Criatividade e inteligência emocional 
A 4.ª onda no III milênio
(FRANÇA, 2006)
O homem nômade levou milênios domesticando plantas e animais. Pas-
sou-se menos de dois séculos entre a descoberta da turbina a vapor até o 
domínio da energia nuclear. A ciência demorou menos de dez décadas entre 
a descoberta do telégrafo a fio de cobre e os cabos de fibras ópticas da rede 
28
mundial de comunicação, a internet. Esses exemplos marcantes de transfor-
mações tecnológicas exemplificam as três grandes ondas civilizatórias: Agri-
cultura, Industrialização e Comunicação.
Na primeira onda, o poder do homem foi representado pela posse da 
terra e pelo número de homens que podia comandar. Na segunda, o poder 
se dava pela posse das indústrias e se resumia ao número e à eficiência das 
máquinas que se podia adquirir. Na atual terceira onda, o poder do homem 
se caracteriza pelo volume de informação que pode dominar e manipular 
de forma rápida, em suas compactas máquinas que imitam e ampliam o seu 
próprio cérebro.
É provável que a invenção de um novo insumo agrícola, máquina indus-
trial ou computador pouco acrescente às fantásticas possibilidades do poder 
transformador do homem atual. Afinal, o volume de conhecimento disponi-
bilizado e manipulável pela mente humana já é exageradamente suficiente 
para entreter qualquer mente curiosa.
Seguindo as tendências naturais observadas nas três primeiras ondas, 
pode-se afirmar que, na 4.ª onda, as tecnologias e o estilo civilizatório so-
frerão transformações fantásticas em intervalos menores que décadas. Esse 
ciclo se caracterizará por algo que o homem poderá desenvolver e guardar 
no interior de seu próprio ser. 
É a criatividade e a inteligência emocional que estão despontando como 
ferramentas capazes de fazer grande diferença no poder transformador do 
homem do III milênio.
Os últimos cientistas agraciados com prêmios Nobel se caracterizam pela 
capacidade de criar alianças através de redes de especialistas, acumulando 
e combinando conhecimento e criatividade. Acabou-se o tempo dos gênios 
solitários, escondidos em laboratórios e bibliotecas. As descobertas atuais 
estão sendo feitas por pessoas capazes de fortalecer redes de relacionamen-
tos, mantê-las produtivas, animadas e solidárias frente a uma meta comum.
Sinergizar e compartilhar conhecimentos não são tarefas fáceis, exige-se 
muita capacidade de entender o ser humano nas suas necessidades mais 
delicadas. Entender e compreender, ter empatia e se comunicar de forma 
efetiva com o outro pressupõe uma profunda capacidade de reconhecer e 
considerar as emoções.
Tempos de mudanças
Tempos de mudanças
29
Esse homem transformador terá que saber trabalhar a si e ao outro no 
mundo subjetivo, onde se formatam as emoções. Esse enfoque já é dado atu-
almente por várias empresas, que investem na capacitação emocional de seus 
funcionários, na sua preparação para entender e se fazer entendido no ambien-
te de trabalho. Pode-se afirmar que quanto mais feliz o homem, mais fácil será a 
criação do espírito de equipe e a somatória dos frutos do trabalho coletivo.
[...]
E este é o grande desafio civilizatório – a construção da felicidade 
coletiva.
Você já pensou nesta possibilidade?
Dica de estudo
TORO, Bernardo. Códigos da Modernidade. Disponível em: <http://www.es-
cola2000.org.br/aprenda/eac/eac_literatura.aspx?eacl_id=93&eaca_id=39>. 
Acesso em: 20 jan. 2009.
O texto apresenta as sete competências descritas nos Códigos da Modernida-
de, ressaltando a importância de cada uma delas na sociedade atual.
Atividades
1. Cite, para cada uma das três ondascivilizatórias, o símbolo de poder associa-
do a cada onda.
30
2. As três ondas coexistem: busque identificar espaços geográficos (países, es-
tados ou pequenas regiões) em que cada onda apareça com maior destaque, 
listando características que permitam sustentar essa classificação.
Tempos de mudanças
Tempos de mudanças
31
3. Complete o quadro a seguir. Analise os aspectos educacionais apresentados 
na primeira coluna e sintetize suas principais características nas sociedades 
industrial e digital.
Educação
X
Sociedade
Industrial Digital
Currículo
Postura do professor
Postura do aluno
Avaliação
Referências
FRANÇA, Valdo. Criatividade e Inteligência Emocional. Disponível em <http://
www2.uol.com.br/aprendiz/n_colunas/coluna_livre/id081202.htm>. Acesso em: 
 1 set. 2006.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo/
Brasília: Cortez/Unesco, 2000.
MRECH, Leny Magalhães. A Criança e o Computador: Novas formas de pensar. 
Disponível em: <http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_
content&view=article&id=115>. Acesso em: 20 jan. 2009.
TOFLLER, Alvin. A Terceira Onda. 21. ed. Rio de Janeiro: Record, 1995.
TORO, Bernardo. Códigos da Modernidade. Disponível em: <http://www.es-
cola2000.org.br/aprenda/eac/eac_literatura.aspx?eacl_id=93&eaca_id=39>. 
Acesso em: 20 jan. 2009.
32
Gabarito
1. Primeira onda: agrícola. Símbolo de poder: terra. Segunda onda: industrial. 
Símbolo de poder: capital financeiro. Terceira onda: digital. Símbolo de po-
der: informação/conhecimento.
2. Os exemplos podem variar bastante. Vejamos:
 Primeira onda: tribos indígenas, comunidade de agricultores (pode citar 
grupos locais no seu estado). Características: informações propagadas 
de geração para geração; economia predominantemente de subsistên-
cia; símbolo de poder é a terra.
 Segunda onda: regiões industriais (veja na sua região). Características: 
predomínio de informações massificadas (impressos, rádio, televisão); 
escola massificada, organizada em conteúdos e memorização; produção 
industrial em larga escala; símbolo de poder é o capital financeiro.
 Terceira onda: regiões produtoras de tecnologia e prestação de serviços 
(exemplo: Vale do Silício, na Califórnia, onde estão as maiores empresas de 
Informática no mundo). Características: desmassificação (internet: interati-
vidade, consome-se e produz-se informação); escola baseada em compe-
tências e interdisciplinaridade; produção personalizada; símbolo de poder 
é o conhecimento: quem detém conhecimento, detém o poder.
3.
Educação X Sociedade Industrial Digital
Currículo Fragmentado/Disciplinas estan-
ques
Interdisciplinar/Baseado em 
competências
Postura do Professor Entregador do conhecimento Mediador/Orientador
Postura do Aluno Passivo/Receptor Ativo/Singular
Avaliação Baseada em memorização/ De-
volução em conformidade com o 
modelo oferecido
Baseada na interpretação, 
nas relações entre os conhe-
cimentos, na aplicação 
Tempos de mudanças
Tempos de mudanças
33
As pessoas recebem, processam e apresentam as informações de ma-
neiras diferentes, de acordo com seus estilos próprios de aprendizagem. 
Ao organizar espaços de aprendizagem, no mundo atual, é necessário 
considerar os estilos cognitivos dos envolvidos e prover formas distintas 
de trabalho, com o intuito de motivar e envolver os sujeitos, de maneira 
participativa e responsável, em suas aprendizagens.
Nesse sentido, como é possível promover novos ambientes de ensino 
e aprendizagem que respeitem as diferenças individuais? Como oportu-
nizar atividades em que o conhecimento seja construído coletivamente 
pelos sujeitos? As tecnologias da informação e da comunicação podem 
contribuir significativamente nesse contexto?
As inteligências múltiplas
O que é inteligência? Para Gardner (1995, p. 14), a inteligência é a “capa-
cidade de resolver problemas ou de elaborar produtos que sejam valoriza-
dos em um ou mais ambientes culturais ou comunitários”.
A partir dessa definição, afasta a ideia de que a inteligência é única e pode 
ser medida de maneira absoluta, destacando seu caráter múltiplo. A teoria 
das múltiplas inteligências considera as diferenças, as singularidades, apre-
sentando uma nova dimensão humana: os sujeitos apresentam diversas in-
teligências, em diferentes graus, que interagem na resolução de problemas.
Na medida que seus estudos avançam, novas inteligências são incor-
poradas à sua teoria. As primeiras sete inteligências definidas são apresen-
tadas na sequência.
Inteligência linguística
A inteligência linguística relaciona-se à expressão verbal, oral ou 
escrita. Essa inteligência é exteriorizada na capacidade de escrever 
e contar histórias, fazer rimas, contar piadas, representar, interpretar 
fatos, criar metáforas.
Espaços diferenciados de aprendizagem
35
36
Espaços diferenciados de aprendizagem
Destacam-se como expoentes grandes jornalistas, políticos eloquentes, escri-
tores e poetas. Bons vendedores e professores também costumam ter uma boa 
inteligência linguística.
D
om
ín
io
 p
úb
lic
o.
Monteiro Lobato.
Inteligência lógico-matemática
Essa inteligência vai além da resolução de cálculos matemáticos, abarcando 
o pensamento científico, que permite identificar problemas, levantar hipóteses 
e empregar métodos que levem a comprovar ou refutar as hipóteses iniciais, 
enfim, empregar lógica para organizar o pensamento e resolver problemas.
Engenheiros, administradores, economistas, matemáticos e físicos, por exem-
plo, costumam apresentar um bom nível de desenvolvimento desse tipo de 
inteligência.
D
om
ín
io
 p
úb
lic
o.
Albert Einstein – Prêmio Nobel de Física.
Espaços diferenciados de aprendizagem
37
Inteligência corporal-cinestésica
A inteligência corporal-cinestésica diz respeito aos movimentos corporais, 
envolvendo saber expressar emoção, por meio da dança e linguagem corporal, 
e realizar movimentos precisos, como na prática de esportes.
Bailarinos e atletas de alto nível possuem uma boa inteligência corporal.
Ri
ca
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o 
St
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ke
rt
.
Maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima.
Inteligência espacial
A inteligência espacial refere-se à visualização do espaço e à criação de imagens 
mentais a partir dele, facilitando sua representação e a orientação no mesmo.
Arquitetos, escultores, desenhistas e cartógrafos representam bem o espaço; 
pilotos e navegadores localizam-se bem; bons jogadores de xadrez possuem a 
habilidade de visualizar os objetos a partir de múltiplas perspectivas e projetar 
novas configurações.
Va
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am
p
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at
o/
A
Br
.
Oscar Niemeyer.
38
Espaços diferenciados de aprendizagem
Inteligência musical
A inteligência musical caracteriza-se pelo reconhecimento de padrões so-
noros, ritmos e batidas, e pelo manuseio de instrumentos musicais. Interpretar, 
distinguir, reproduzir e criar sons, com a voz ou instrumentos, estão entre as 
possibilidades que sugerem a inteligência musical, presente em compositores, 
cantores e músicos.
D
om
ín
io
 p
úb
lic
o.
Ludwig van Beethoven - compositor de Música Clás-
sica pintado por Joseph Karl Stieler.
Inteligência interpessoal
A inteligência interpessoal caracteriza-se pela capacidade de estabelecer 
contato com os outros e criar empatia, sabendo colocar-se no lugar dos outros e 
interpretar suas reações. Expressa-se na organização de grupos, na capacidade 
de liderança e gerência, na negociação de soluções.
Embaixadores, religiosos, psicólogos, professores e apresentadores de pro-
gramas televisivos costumam demonstrar um bom desenvolvimento dessa 
inteligência.
Espaços diferenciados de aprendizagem
39
Ev
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en
.
Madre Teresa de Calcutá – Prêmio Nobel da Paz.
Inteligência intrapessoal
A inteligência intrapessoal relaciona-se à capacidade de autoconhecimento 
e automotivação, sabendo lidar com as frustrações e como superá-las. É a ca-
pacidade de controlar a impulsividade, de encarar a vida com otimismo e de 
reagir positivamente em situações de insucesso, reorganizando-separa superar 
os obstáculos.
Implicações educacionais
A teoria das múltiplas inteligências tem implicações educacionais, cabendo à 
escola reconhecer que:
cada sujeito é único; �
as inteligências manifestam-se de maneiras diferentes, em níveis de de- �
senvolvimento diferentes;
todas as inteligências são importantes para que uma pessoa seja compe- �
tente e produtiva na sociedade;
40
Espaços diferenciados de aprendizagem
é fundamental considerá-las e oportunizar que se desenvolvam de manei- �
ra adequada.
Já que diferentes pessoas possuem as diversas inteligências em diferentes 
graus, torna-se necessário criar situações de aprendizagem tão diversificadas 
quanto são as inteligências. Todas as inteligências podem ser potencialmente 
desenvolvidas através de atividades diferenciadas.
Uma das formas preferenciais de trabalho com esse objetivo é propiciar si-
tuações-problema ao sujeito, preferencialmente através de uma pedagogia de 
projetos, em grupos e em ambientes ricos em recursos. Para Gardner (1995, p. 
104), os projetos “engajam os alunos [...], estimulando-os a planejar, revisar seu 
trabalho e refletir sobre ele”, exigindo a articulação de inteligências variadas.
Para que essa empreitada tenha êxito, o sujeito precisa ser motivado a envol-
ver-se ativamente nesse processo, construindo o seu conhecimento a partir de 
múltiplas interações. E o professor deve projetar desafios que estimulem o ques-
tionamento, a colocação de problemas e a busca de soluções. Os sujeitos não se 
tornam ativos aprendizes por acaso, mas por desafios projetados e estruturados, 
que visem à exploração e à investigação.
O desenvolvimento de projetos no espaço educacional traz consigo uma 
série de possibilidades pedagógicas relevantes:
considerar cada sujeito em sua singularidade – o ritmo, os interesses e as �
habilidades dos envolvidos são contemplados em trabalhos dessa ordem. 
Cabe aos sujeitos negociarem, orientados por um professor mediador, os 
temas dos projetos e a forma de desenvolvê-los;
oportunizar vivências – em um ambiente de desenvolvimento de proje- �
tos, é possível “criar” situações imaginárias, representativas de situações 
reais, permitindo a visualização de conceitos e a vivência de situações di-
ferenciadas;
oferecer acesso a vasto material – é fundamental oportunizar acesso a �
material em quantidade e qualidade, possibilitando pesquisa, aprofun-
damento, análise, depuração de ideias e afirmação ou criação de novas 
hipóteses. Esses materiais devem permitir a manipulação em diferentes 
formas e proporcionar diferentes estímulos;
Espaços diferenciados de aprendizagem
41
motivar os sujeitos a se engajarem em suas aprendizagens – os sujei- �
tos devem estar envolvidos em seu processo de aprendizagem, parti-
cipando ativamente em todas as fases de aquisição de informações e 
construção do conhecimento;
mediar o processo – todas as questões anteriores devem ser apoiadas por �
um professor inovador e orientador, permitindo aos sujeitos ganhos signi-
ficativos de aprendizagem.
Diversas tecnologias, em especial as da informação e da comunicação, devem 
fazer parte do desenvolvimento dos projetos, oportunizando ampla pesquisa e 
múltiplos estímulos sensoriais, além de oferecer vários recursos para simulação, 
compartilhamento e representação do conhecimento, levando os sujeitos a par-
ticiparem ativamente da construção de seu conhecimento.
Texto complementar
Os professores têm uma nova missão
(THORNBURG, 1997)
[...]
ZH – Por que é tão importante que as escolas ofereçam acesso à 
tecnologia?
DT – Há duas importantes razões para que as crianças tenham acesso à 
tecnologia. A primeira é que a tecnologia pode ser usada para dar suporte ao 
aprendizado natural. Nos Estados Unidos, temos uma pesquisa que mostra 
que existem sete maneiras de se aprender. Em uma sala de aula comum, so-
mente uma ou duas são aproveitadas: a inteligência linguística, quando se 
recomenda alguma leitura, e a matemática, quando se promovem compe-
tições. Mas as crianças também aprendem pelo movimento, relacionamen-
to, música, interação com os colegas e contemplação. Em um ambiente de 
aprendizado que possa suportar todas as maneiras de aprender, os estudan-
tes vão ter melhor aproveitamento.
42
Espaços diferenciados de aprendizagem
ZH – Mas isso é uma tarefa fácil?
DT – Claro que não. Uma das dificuldades é imaginar que todos os pro-
fessores vão ser bons em todos esses tipos de inteligências. Essa é uma ex-
pectativa irreal. Já não se pode dizer o mesmo em relação às máquinas mul-
timídia. Os computadores multimídia permitem aos estudantes criarem seus 
próprios projetos, expressarem o que sabem de uma maneira natural. Um 
estudante de artes tem condições de criar seus próprios filmes de animação 
e usar sua inteligência espacial. Isso não é possível quando se usa apenas 
papel e caneta. Ou seja, o computador abre novas oportunidades de expres-
sar aquilo que a criança já sabe.
ZH – Qual seria a segunda razão?
DT – Nós vivemos em uma sociedade cada vez mais informatizada. Sendo 
assim, quem quiser se formar e conseguir empregos bem remunerados vai 
precisar ter suas habilidades tecnológicas bem desenvolvidas. Muitas crian-
ças têm acesso à tecnologia em casa, outras não. Por isso é importante que a 
escola, pública ou privada, esteja bem aparelhada.
[...]
ZH – Quais são essas transformações?
DT – Quando eu era estudante, a maioria das escolas passava informações 
que seriam válidas por toda a vida. Hoje já não é assim. É claro que isso não se 
aplica à leitura, escrita e noções básicas de matemática e computação. Mas 
em termos de ciência e tecnologia ou tudo que diga respeito a habilidades, o 
que se aprende hoje não serve amanhã. A informação não é mais perene.
ZH – O que os professores podem fazer para usar o computador de uma 
maneira correta?
DT – A melhor maneira de usar adequadamente essa ferramenta é se 
manter informado. Na medida do possível, o professor deve participar de 
seminários e congressos que discutam o assunto e tomar conhecimento do 
exemplo de colegas que estão com experiências bem-sucedidas na área. É 
preciso se familiarizar com a tecnologia. A maioria dos adultos não se sente 
confortável diante de um computador, ao contrário das crianças.
Espaços diferenciados de aprendizagem
43
ZH – Por que isso ocorre?
DT – Porque as crianças nasceram junto com a tecnologia. As máquinas 
são coisas comuns para eles, mas para muitos professores são coisas total-
mente novas. Eles têm medo de estragar a máquina ou de tornar pública a 
sua falta de intimidade com os equipamentos. Por isso, é preciso criar muitas 
oportunidades para que os professores aprendam a usar essas novas ferra-
mentas, para mudar os currículos e não apenas adaptar os currículos velhos. 
Inventar novos currículos é o mais importante.
ZH – Por quê?
DT – O mundo está mudando mais rapidamente do que nunca. E a educa-
ção precisa acompanhar esse ritmo. Mas não é o que acontece. As mudanças 
na educação são muito lentas, e o mundo não vai esperar. Veja o caso do 
Brasil, por exemplo. Eu acredito que o Brasil pode se tornar uma potência 
econômica, como a China, mas a chave está na educação. Enquanto não se 
investir em educação, não haverá condições de se explorar todo o potencial 
da nação. Por isso é importante preparar as crianças para o século XXI. O que 
está acontecendo neste momento, em todo mundo, é que as pessoas que re-
cebem educação recebem cada vez mais e as que recebem pouca, recebem 
cada vez menos. Desta forma, é cada vez mais profundo o fosso entre edu-
cados e deseducados, inclusive em países desenvolvidos como os Estados 
Unidos. E esse processo precisa ser estancado porque não haverá bons em-
pregos para pessoas sem habilidades e que não saibam usar a tecnologia.
[...]
ZH – Isto quer dizer que estamos preparando pessoas sem saber exata-
mente para o quê?
DT – Exatamente. A mudança que precisa ser feita é a de não preparar pesso-
as para trabalhos específicos, porque não se sabeque trabalhos serão esses. A 
saída, então, é desenvolver nas pessoas as habilidades que poderão ser usadas 
em qualquer tipo de trabalho que possa surgir. No passado era importante 
saber ler, conhecer os números, ser responsável, ético e pontual. Isto continua 
sendo importante, mas já não basta. Agora é preciso ser criativo. Saber tomar 
decisões com informações incompletas. Ser independente, ter iniciativa. Saber 
44
Espaços diferenciados de aprendizagem
como trocar de profissão quantas vezes for necessário. Essas são habilidades 
importantes e muito diferentes do que se costumava aprender na escola.
ZH – O computador seria a ferramenta para mudar a escola?
DT – É uma ferramenta importante, mas não é a única. O computador 
deve ser utilizado para coisas novas, não para reproduzir o antigo. Para mim, 
a transformação mais urgente e mais importante é a mudança no pensa-
mento dos professores.
ZH – Como se pode conciliar avanço tecnológico com pobreza 
crescente?
DT – Bem, temos que parar de pensar que ou se alimenta o povo ou se 
dá tecnologia. As duas coisas precisam ocorrer simultaneamente. Caso isso 
não ocorra, ficaremos sempre à margem. Sem tecnologia nenhum povo será 
autossuficiente. Por isso a educação, para se usar as novas ferramentas, é tão 
importante quanto o alimento. É difícil, porque os recursos são limitados, 
mas não tem outro jeito.
[...]
ZH – Qual a sua opinião sobre a internet?
DT – A rede mundial de computadores é uma ferramenta poderosa, 
porque reúne grande número de informações que não constam em livros ou 
que só vão ser publicadas daqui a alguns anos. Ao mesmo tempo, muitas in-
formações são incorretas ou impróprias para crianças. Acho que a tarefa dos 
pais e dos professores é a de fazer a triagem destas informações e acolher o 
que é melhor para essa ou aquela idade.
É importante saber interpretar as informações, da mesma forma que se 
faz com material publicado por jornais ou revistas. Nos Estados Unidos, acre-
dito que aqui ocorra o mesmo, muitos professores têm medo de perder o 
controle sobre o que os alunos estão aprendendo. Com o uso do livro em 
sala de aula, os professores sempre controlaram os conteúdos. Com a inter-
net isto já não é possível e muitos professores se sentem ameaçados, pois 
o aluno pode entrar na rede e encontrar informações que o professor não 
tenha conhecimento. Por isso é que eu digo que o papel do professor está 
mudando. De agora em diante, ele precisa ajudar o aluno a selecionar infor-
mações. Escolher entre o que não presta e o que é realmente importante.
Espaços diferenciados de aprendizagem
45
ZH – O avanço tecnológico está acabando com muitas profissões. Será 
que a do professor está indo pelo mesmo caminho?
DT – Não. Eu acredito que a figura do professor vai existir para sempre. Faz 
parte da condição humana ensinar aos outros. A tecnologia é só uma ferra-
menta, como um livro. Quando se iniciou a produção em massa dos livros, os 
professores também se sentiram ameaçados, exatamente como ocorre hoje 
com relação à internet. A história mostrou que não há razões para temores 
porque ainda precisamos de professores e vamos continuar precisando. A 
internet nos facilita o acesso à informação, mas sempre vamos precisar da 
sensibilidade humana para fazer uso desse material.
Dica de estudo
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 1995.
Nesse livro, Howard Gardner apresenta o conceito de inteligência presente 
em sua teoria e seus desdobramentos, trazendo muitos exemplos e os resulta-
dos de suas pesquisas.
Atividades
1. Reflita sobre cada uma das inteligências apresentadas, listando suas carac-
terísticas e identificando pessoas conhecidas que apresentam um bom nível 
de desenvolvimento de tal inteligência.
46
Espaços diferenciados de aprendizagem
2. Faça um exercício de reflexão pessoal: quantas dessas inteligências você tem 
bem desenvolvidas?
Espaços diferenciados de aprendizagem
47
3. Reconhecer o caráter múltiplo da inteligência e que, portanto, diferentes 
sujeitos apresentam diferentes níveis de cada inteligência, traz importantes 
implicações pedagógicas. Cabe aos professores propiciarem oportunidades 
para que todos possam desenvolver suas diferentes inteligências. Como po-
deriam ser os espaços de aprendizagem que respeitem e desenvolvam as 
inteligências múltiplas?
48
Espaços diferenciados de aprendizagem
Referências
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: A teoria na prática. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 1995.
THORNBURG, David. Os professores têm uma nova missão. Zero Hora, Porto 
Alegre, 9 jul. 1997. Entrevista.
Gabarito
1. Algumas características e expoentes:
Inteligência linguística � : expressar-se verbalmente com desenvoltura (oral 
ou escrita). Exemplos: William Bonner (jornalista); Machado de Assis (escritor).
Inteligência lógico-matemática � : diz respeito ao raciocínio lógico-matemáti-
co, ao pensamento científico, tais como levantar hipóteses, definir estratégias, 
resolver problemas. Exemplo: Isaac Newton (expoente na área da Física).
Inteligência corporal-cinestésica � : relaciona-se à precisão dos movimen-
tos corporais. Exemplos: Ana Botafogo (balé); Pelé (futebol).
Inteligência espacial � : refere-se à visualização, localização e representação 
do espaço. Exemplos: Oscar Niemeyer (arquiteto); Amyr Klink (navegador); 
Leonardo da Vinci (escultor e pintor italiano da época do Renascimento).
Inteligência musical � : liga-se ao reconhecimento de sons e manuseio de 
instrumentos musicais. Exemplo: Carlos Gomes (compositor de “O Guara-
ni”, música de abertura do programa de rádio “Voz do Brasil”).
Inteligência interpessoal � : refere-se à capacidade de estabelecer empa-
tia, trabalhar em grupos, gerenciar pessoas e negociar soluções. Exemplos: 
Luciano Huck (apresentador de televisão); Madre Teresa de Calcutá (reli-
giosa, Prêmio Nobel da Paz).
Espaços diferenciados de aprendizagem
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Inteligência intrapessoal � : relaciona-se à capacidade de autoconheci-
mento e automotivação, sabendo lidar e superar frustrações. É difícil indi-
car uma pessoa conhecida por todos, pois normalmente não conhecemos 
sua intimidade para poder destacá-la como uma pessoa com bom desen-
volvimento dessa inteligência.
2. Essa questão deverá ser respondida de acordo com a percepção de cada um 
sobre si mesmo. É importante destacar que todos possuem todas as inteli-
gências, porém cada pessoa possui cada uma delas em diferentes graus de 
desenvolvimento, por isso é bastante comum nos sentirmos confiantes em 
apenas algumas delas.
3. É importante que os espaços de aprendizagem sejam tão diversificados quan-
to são as inteligências, propiciando o desenvolvimento e a articulação de in-
teligências variadas na elaboração das atividades propostas. Deve-se possibi-
litar que o aluno pesquise em vasto material (preferencialmente multimídia), 
que se comunique e negocie com colegas, organize e exponha seu raciocínio 
de diferentes formas. Sugestão: retomar as implicações educacionais e a pro-
posta de trabalhar com projetos, itens presentes no capítulo estudado.
Para se trabalhar com espaços diferenciados de aprendizagem, res-
peitando diferentes estilos cognitivos, é preciso investir em recursos e 
em formação docente. Cabe ao professor conhecer e avaliar o potencial 
das diversas mídias ao seu alcance e oportunizar seu uso consciente por 
seus alunos, com o objetivo de envolvê-los e apoiá-los na construção do 
conhecimento.
Esse texto dedica-se à discussão dos meios de comunicação de massa, 
especificamente os materiais impressos – de livros-texto a periódicos –, por 
se tratarem do meio predominante na escola; e o rádio, por seu alcance 
geográfico.
Livros
Os livros fazem parte da cultura escolar. Para organizar a discussão, 
dividem-se, aqui, em três espécies: os livros-texto, os de consulta e os de 
literatura.
Livros-texto
Os livros-texto são os mais utilizados, pois apresentam sequências di-
dáticas, preparadas por seus autores,para atender a um público específi-
co, em uma dada série e disciplina, com objetivos pedagógicos.
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É fundamental avaliar sua adoção em classe, tanto do prisma da adequação 
de conteúdo quanto da metodologia que o sustenta, cabendo ao professor, em 
última análise, a elaboração de estratégias de utilização que contemplem o con-
texto e a diversidade dos sujeitos.
Moreira (1998, p. 110-111) apresenta algumas dimensões norteadoras para a 
análise de livros-texto:
qual o modelo pedagógico sugerido pelo material? Analisar quais são as �
finalidades educacionais e seus princípios curriculares;
quais são os conteúdos culturais que são selecionados e como são apre- �
sentados? Analisar os códigos de seleção e lógica de sequenciamento e 
estruturação, bem como as políticas de inclusões e exclusões de conteú-
do, cultura e valores;
quais as estratégias didáticas que estabelece? Qual é a instrumentalização �
metodológica na transmissão cultural?
qual é o modelo profissional implícito no material? �
qual é o modelo de aprendizagem do estudante? �
quais são as tarefas organizadoras que o livro estabelece para a escola? �
avaliar o material e a sua relação com programas de formação dos profes- �
sores.
Livros de consulta
Há também os livros de consulta, englobando publicações impressas como 
as enciclopédias, os dicionários e os almanaques, que devem estar ao alcance 
dos sujeitos para aprofundarem suas pesquisas e buscarem elementos que per-
mitam novas relações entre os conhecimentos.
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Uma sala de aula com bons materiais e, principalmente, uma biblioteca esco-
lar organizada e rica em livros de consulta exigem que o professor possa orientar 
sua utilização de maneira adequada: na busca e na consulta de informações; 
no estabelecimento de critérios de análise e comparação entre as abordagens 
apresentadas por diferentes fontes; na elaboração de um trabalho próprio do su-
jeito, apoiado em tais leituras. É preciso estabelecer estratégias que incentivem a 
pesquisa, a análise crítica e a construção do conhecimento.
Livros de literatura
Não se podem desprezar, quando se fala em livros, os de literatura, pois per-
mitem ao sujeito que os lê estabelecer contato com diferentes realidades socio-
culturais, através de textos de gêneros diversificados e de imagens que darão 
possibilidades de ampliar seus conhecimentos de mundo. Discute-se, também, 
o uso das histórias em quadrinhos como iniciação à leitura de textos e ima-
gens, já que apresentam de forma lúdica elementos como cenários, diálogos e 
onomatopeias.
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Jornais e revistas
Jornais e revistas são meios de comunicação de massa que, embora não con-
cebidos como recursos educacionais, apresentam um grande potencial nesse 
contexto, pela variedade e atualidade dos temas que abordam.
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Há duas formas de integrar o uso de publicações impressas nos currículos:
estudando-as como objetos em si, buscando desenvolver uma postura �
crítica ao receber informações de meios de comunicação de massa, discu-
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tindo papel social, interesses ideológicos, poder econômico, liberdade de 
expressão, entre outros aspectos;
utilizando-as para aproximar o sujeito do mundo, com informações atua- �
lizadas e contextualizadas, como, por exemplo, avanços científicos, políti-
cas sociais, análises econômicas, conflitos.
O professor pode pedir aos alunos que pesquisem temas atuais em jornais e 
revistas para promover debates em sala de aula, levando-os a pesquisar, depois, 
também em outras fontes. Outra possibilidade é pedir que cada um dos alunos 
eleja uma notícia de seu interesse, recorte-a, cole-a em uma folha e, na sequên-
cia, escreva sua opinião, posicionando-se criticamente.
Uma outra dinâmica seria o professor levar jornais de linhas editoriais dife-
rentes para a sala de aula, organizar os alunos em grupos e sugerir que estabe-
leçam pontos comuns e diferenças na forma como as notícias são abordadas em 
cada um dos materiais.
Uma boa prática é trabalhar com a produção de jornais e revistas, como forma 
de expressão dos conhecimentos e culturas dos sujeitos. O professor pode or-
ganizar a turma por grupos de interesse, em seções/cadernos (esportes, lazer e 
cultura, moda, economia, política, entre outros), sugerindo que façam pesquisas 
e entrevistas, elaborando um jornal da turma.
Rádio
Talvez uma das mídias menos exploradas educacionalmente seja o rádio, embora 
este seja um dos meios mais difundidos de comunicação e informação. O rádio é 
ouvido nos lares, nos carros, nas empresas, entretendo e prestando serviços.
O rádio leva informações a pessoas próximas e distantes, podendo ser ouvido 
por aparelhos movidos a pilha ou baterias (tais como celulares, media players, 
como MP3) não necessitando, portanto, estar conectado à rede de energia elé-
trica. Além disso, dependendo do tipo de frequência utilizada na transmissão, 
alcança localidades de difícil acesso, nas quais nem mesmo jornais e revistas cos-
tumam chegar. Roquette Pinto (2009), considerado o patrono do rádio brasileiro, 
definia esse veículo de comunicação assim:
O rádio é a escola dos que não têm escola. É o jornal de quem não sabe ler; é o mestre 
de quem não pode ir à escola; é o divertimento gratuito do pobre; é o animador de novas 
esperanças, o consolador dos enfermos e o guia dos sãos – desde que o realizem com espírito 
altruísta e elevado.
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Uma das formas de trabalhar com o rádio é estimular os alunos a ouvir pro-
gramas e discutir as notícias, propagandas, músicas e serviços veiculados. Aten-
dendo à diversidade dos ouvintes, as estações radiofônicas são muitas: progra-
mação musical diversificada; abordagens jornalísticas variadas, com notícias, 
entrevistas e debates; dicas de cultura local; programas esportivos, humorísti-
cos, entre outros. A interatividade, normalmente por carta, fax, e-mail ou mesmo 
telefone, marca muitas das programações.
Além das rádios comerciais, há um bom número de rádios comunitárias 
(com legislação específica), que buscam atender às necessidades e aos interes-
ses da comunidade a que pertencem. Para uma boa programação, tais rádios 
devem considerar:
público-alvo – é o ouvinte que dará sentido à mensagem que ouve e, por- �
tanto, o formato e o conteúdo devem ser adequados ao público que se 
pretende atender;
linguagem – simples (próxima da realidade dos ouvintes), clara (boa dic- �
ção), envolvente (boa entonação);
programação – criatividade e bom humor são ingredientes fundamentais; �
entrevistas e debates sobre temas sociais da região, divulgação de servi-
ços da comunidade, dicas de lazer e cultura devem fazer parte de uma 
programação qualificada.
Partindo da ideia de uma rádio comunitária, é possível idealizar uma rádio 
escolar. Para tanto, seria preciso mobilizar os alunos, organizar reuniões de defi-
nição dos objetivos e pautas, buscando planejar pequenos programas de rádio 
a serem transmitidos na escola. Os programas da rádio escolar poderiam, por 
exemplo, acontecer no horário do intervalo (recreio), com músicas, entrevistas, 
debates, dicas etc. Esporádicos ou regulares, ao vivo ou gravados, são um exce-
lente exercício de cidadania: sair de si mesmo para pensar no outro, desenvol-
vendo uma programação que possa entreter e informar a todos.
Destacam-se, ainda, programações radiofônicas com caráter explicitamen-
te pedagógico, como as produzidas no projeto Rádio Escola, da Secretaria de 
Educação a Distância (SEED) do Ministério da Educação (MEC). Atualmente, os 
programas são disponibilizados gratuitamente através da internet visando à 
capacitação e atualização de alfabetizadores de jovens e adultos de todo o 
país (SEED/MEC, 2009).
Mídias na Educação: impressos e rádio
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O projeto Rádio Escola foi organizado em três séries:
série do professor: são programas de caráter formativo, com duração apro- �
ximada de 15 minutos, que apresentam temas para formação docente – o 
ouvinte é o professor. Orienta sua utilização individual ou em estudos em 
grupo. Oferece, para cada programa, sugestões de atividades a serem rea-
lizadas com os alunos e texto complementar;
série do aluno: são programas produzidos para serem utilizados direta- �
mente em sala de aula – o ouvinte é o aluno. Apresenta, também, suges-
tões de atividades para o professor, com várias propostas de trabalho que 
podem ser desencadeadas a partir de tais materiais;
série do radialista: traz 60 programas, com duração aproximada de três �
minutos cada um, que podem ser inseridos na programação de rádios, 
fornecendo dicas para os professores alfabetizadores.
As tecnologias estão aí para ampliar o acesso à informação. Consulte as mídias 
produzidas, reflita sobre o potencial pedagógico e crie novas propostas. Incorporar 
tecnologias em métodos educacionais qualificados pressupõe conhecê-las em sua 
complexidade e propor sua utilização em atividades envolventes e significativas.
Texto complementar
A invasão dos marcianos: 
A Guerra dos Mundos que o rádio venceu
Especialistas brasileiros analisam o programa que mais marcou 
a História da mídia no século XX
(ORTRIWANO, 2006)
Nove horas da noite de 30 de outubro de 1938. A rádio CBS – Columbia 
Broadcasting System – e suas afiliadas de costa a costa, transmitem, dentro 
do programa Radioteatro Mercury, A invasão dos marcianos. Na adaptação 
da obra A guerra dos mundos, do escritor inglês H. G. Wells, centenas de mar-
cianos chegam com suas naves extraterrestres a uma pequena cidade de 
New Jersey chamada Grover’s Mill.
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Era uma peça, literalmente. E os méritos públicos da adaptação, produ-
ção e direção do programa foram para sempre creditados ao então jovem e 
quase desconhecido ator e diretor de cinema norte-americano Orson Welles. 
Sessenta anos depois, a ousadia ainda fascina. E a história do rádio passou a 
ter um antes e um depois...
Guerra falsa no rádio espalha terror 
pelos Estados Unidos
Manchete do jornal Daily News de 01/11/1938
No especial do Raditeatro Mercury da véspera do Dia das Bruxas de 1938 
– denominado Mercury’s Halloween Show –, usando somente sons e silên-
cios, foi representada uma invasão de marcianos sob a forma de uma cober-
tura jornalística. Todas as características do radiojornalismo usadas na época 
– às quais os ouvintes estavam habituados e nas quais acreditavam – se 
faziam presentes: reportagens externas, entrevistas com testemunhas que 
estariam vivenciando o acontecimento, opiniões de especialistas e autori-
dades, efeitos sonoros, sons ambientes, gritos, a emotividade dos envolvi-
dos, inclusive dos pretensos repórteres e comentaristas, davam a impressão 
de um fato, que estava indo ao ar em edição extraordinária, interrompendo 
outro programa, o radioteatro previsto. Na realidade, tratava-se do 17.º pro-
grama da série semanal de adaptações radiofônicas realizadas por Orson 
Welles e o Radioteatro Mercury (ou Teatro Mercury no Ar) que explorava as 
técnicas jornalísticas com a ambientação sonora requerida pela linguagem 
específica do rádio.
A CBS calculou na época que o programa foi ouvido por cerca de seis 
milhões de pessoas, das quais metade passaram a sintonizá-lo quando já 
havia começado, perdendo a introdução que informava tratar-se do radio-
teatro semanal. Pelo menos 1,2 milhão tomaram a dramatização como fato, 
acreditando que estavam mesmo acompanhando uma reportagem extraor-
dinária. E, desses, meio milhão tiveram certeza de que o perigo era iminente, 
entrando em pânico e agindo de forma a confirmar os fatos que estavam 
sendo narrados: sobrecarga de linhas telefônicas interrompendo realmen-
te as comunicações, aglomerações nas ruas, congestionamentos de trânsito 
provocados por ouvintes apavorados tentando fugir do perigo que lhes pa-
recia real etc. O medo paralisou três cidades. Pânico ocorreu principalmente 
em localidades próximas a Nova Jersey, de onde a CBS emitia e Welles situou 
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sua história. Houve fuga em massa e reações desesperadas de moradores de 
Newark e Nova York (além de Nova Jersey), que sofreram a invasão virtual 
dos marcianos da história.
[...]
O bombardeamento de informações em um meio e em um formato aos 
quais os ouvintes estavam habituados e que já tinham conquistado sua cre-
dibilidade foi, sem dúvidas, importante desencadeador da reação da audi-
ência: acreditar que as informações vindas do rádio, em forma de notícias, 
seriam sempre verdadeiras.
[...]
No final do programa, o narrador constata a morte dos marcianos, seres 
tão poderosos e aterrorizadores, vítimas de micro-organismos terráqueos, 
seres tão minúsculos contra os quais não tinham defesa. Os terríveis mar-
cianos foram vencidos pelo seu próprio corpo! Afinal, tamanho não é docu-
mento. Mas essa notícia, na peça, só foi dada quando os ouvintes já tinham 
vivenciado o pânico.
[...]
A transmissão constituiu um alerta para o próprio rádio. Ficou demons-
trado que sua influência era tão forte e determinante que poderia causar 
reações imprevisíveis na audiência.
[...]
A experiência indicou que era necessário realizar estudos sistematizados 
de audiência/recepção e do poder do rádio na formação da opinião pública. 
Mostrou, sobretudo, a necessidade de pesquisas sobre o assunto. Veio à tona 
a problemática muito mais complexa das audiências e de suas possibilida-
des de manipulação.
A experiência permitiu que várias das características do rádio, da audi-
ência e da estrutura da mensagem radiofônica pudessem ser analisadas e 
posteriormente utilizadas – ou evitadas – conscientemente. Deixou patente, 
acima de tudo, a questão da responsabilidade do comunicador com relação à 
mensagem que emite e suas consequências, entre elas, o sensacionalismo.
[...]
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Lá estará a voz de Orson Welles, jovem e imponente, na noite anterior ao 
Dia das Bruxas de 1938...
“... Fizemos o que deveria ser feito. Aniquilamos o mundo diante de seus 
ouvidos e destruímos a CBS. Mas vocês ficarão aliviados ao saber que tudo 
não passou de um entretenimento de fim de semana. Tanto o mundo como 
a CBS continuam funcionando bem. Adeus e lembrem-se, pelo menos até 
amanhã, da terrível lição que aprenderam hoje à noite: aquele ser inquieto, 
sorridente e luminoso que invadiu sua sala de estar, é um representante do 
mundo das abóboras e, se a campainha de sua porta tocar e ninguém estiver 
lá, não era um marciano... é Halloween!”
Dicas de estudo
MULTIRIO. Para Criar uma Rádio Escolar. Disponível em: <http://www.multirio.
rj.gov.br/portal/area.asp?box=N%F3s+da+Escola&area=Na+sala+de+aula&obj
eto=na_sala_de_aula&id=3006&id_rel=3005>. Acesso em: 30 jun. 2006.
Esse texto apresenta algumas dicas de como conduzir a criação de uma rádio 
na escola. No item “Conheça os equipamentos necessários”, há três sugestões de 
configuração de equipamentos.
SEED/MEC. Projeto Rádio Escola. Disponível em: <http://200.130.3.122/>. Acesso 
em: 10 fev. 2009.
No site do Projeto Rádio Escola é possível encontrar programas radiofônicos 
produzidos pelo MEC para a capacitação de educadores que trabalham com a 
alfabetização de jovens e adultos.
Atividades
1. Cite os critérios que devem nortear a adoção de livros-texto na escola.
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2. A utilização de jornais e revistas possibilita trabalhar questões relevantes de 
maneira contextualizada e atualizada. Levante alternativas para trabalhar 
com a mídia impressa em sala de aula, preparando os alunos para analisar e 
entender criticamente as informações apresentadas.
3. Quais aspectos devem ser considerados para garantir o êxito de uma rádio 
comunitária ou escolar?
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Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria

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