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1 2 3 DOUTRINA I DEUS E CRISTOLOGIA 1ª Edição Sobral/2017 4 5 Sumário Palavra do Professor autor Sobre o autor Ambientação Trocando ideias com os autores UNIDADE DE ESTUDO 1: CONCEITO, EXISTÊNCIA E CONHECIMENTO DE DEUS O conceito de Deus O Mistério de Deus Deus nas Religiões Mundiais A existência de Deus O conhecimento de Deus O Conhecimento Inato e Adquirido que Temos de Deus UNIDADE DE ESTUDO 2: A NATUREZA DE DEUS Conhecendo a natureza de Deus Os atributos de Deus A Triunidade de Deus A adoração a Deus A Maneira Correta de Adorar a Deus UNIDADE DE ESTUDO 3: CRISTOLOGIA Introdução à Cristologia Preexistência A Natureza da Encarnação O Nascimento Virginal 6 Sua humanidade Sua Divindade A Morte de Cristo Controvérsias Cristológicas Outras posturas e controvérsias cristológicas Explicando melhor com a pesquisa Leitura Obrigatória Saiba mais Pesquisando com a Internet Vendo com os olhos de ver Revisando Autoavaliação Bibliografia Bibliografia Web Vídeos 7 Palavra do Professor autor Caro estudante, Estamos diante de mais um desafio, compreender aquilo que a teologia cristã tem produzido acerca da doutrina de Deus e de Cristo ao longo dos séculos. A existência de um Deus teísta é o fundamento da Teologia cristã. Se Deus não existe, a Teologia logicamente desmorona. Tentar construir uma teologia sistemática sem o fundamento do Teísmo tradicional é o mesmo que querer levantar uma casa sem uma estrutura. A crença na existência de Deus é o pressuposto metafísico da Teologia cristã. Ele é fundamental para todo o restante do desenvolvimento do nosso pensamento, sem isso nada mais tem significado. Não faz sentido falar da Bíblia como Palavra de Deus, se esse Deus não existe. Semelhantemente, não faz sentido falar de Cristo como o Filho de Deus, sem que haja um Deus que possa ter gerado um Filho. Da mesma forma, os milagres, como atos especiais de Deus, não são possíveis sem que exista um Deus capaz de realizar estes atos especiais. De fato, toda a Teologia cristã está baseada neste alicerce metafísico chamado Teísmo. Desejamos a você caro estudante muita motivação para levar avante este empreendimento recompensador. O autor! 8 Sobre o autor Antônio Gonçalves Sobreira é pós - graduado em Ciências da Educação e Psicopedagogia. Graduando em Filosofia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA (2013). Possui Bacharelado em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia Aplicada (2009). Seu primeiro Bacharelado em Teologia foi através do Seminário Latino Americano de Teologia (1997). Atualmente é professor do Instituto Superior de Teologia Aplicada. Tem experiência na área de Teologia, Antropologia e Filosofia com ênfase em Teologia Sistemática. 9 Ambientação Olá, sejam bem-vindos à disciplina! Segundo a Teologia cristã, conhecer a Deus é necessário para a salvação. Mas definimos Deus como um ser de natureza infinita e ilimitada. O homem por sua natureza é finito e limitado em sua capacidade racional. Aqui já percebemos uma dificuldade inicial. Como seria possível ao homem estudar e compreender a Deus? O conhecimento humano se dá na relação sujeito objeto. Mas Deus não é um objeto que possa ser captado por nossos sentidos, por nossa observação empírica. Então, como é possível conhecer a Deus? Para alguns filósofos isso é impossível. Para o próprio Emanuel Kant isso era impossível. Deus não era objeto de conhecimento humano. Se o único meio de conhecermos a Deus fosse por meio da razão e da observação empírica, poderíamos concordar com Kant. Porém, o teólogo cristão, aceita a premissa básica que Deus se revelou ao homem, e este agora é capaz de conhecer a Deus por meio da fé na revelação. Se o homem, contudo, não consegue subir até Deus; Ele em Sua incompreensível bondade e misericórdia toma a iniciativa e desce até onde o homem está. Dar-se a conhecer; manifesta-se. A esse conhecimento de si mesmo e de sua vontade que Deus em sua infinita bondade condescende a dar às suas criaturas, chamamos Revelação. Existem duas classificações básicas de revelação. Por um lado, a revelação geral e a revelação particular. A primeira é a comunicação de Si mesmo que Deus dá a todas as pessoas em todas as épocas e em todos os lugares. Por outro lado, a segunda diz respeito à comunicação específica que Deus dá de Si mesmo a pessoas específicas, em tempos específicos e lugares específicos. Essa segunda forma, só se acha disponível hoje pela consulta a determinado escrito sagrado, a Bíblia. 10 Trocando ideias com os autores Esta obra é uma vasta fonte de informação bíblica e teologia histórica. Seu autor, como influente formador de teólogos nos E.U.A., estabelece uma abordagem de referência para a fé cristã. Aborda questões fundamentais da fé cristã com o objetivo de expor a centralidade de Cristo e das Escrituras na revelação do propósito divino para a criação e para a vida humana diante do processo acelerado de secularização em nossos dias. STRONG Augustus H. Teologia sistemática de Strong. São Paulo: Hagnos: 2008. Esta bela reflexão filosófico-teológica de um jesuíta americano, professor em Washington, coloca o problema, ou melhor, o mistério de Deus, como o explica a conclusão de forma simples, profunda, verdadeira e direta, numa linguagem que está em continuidade com as formas atuais de pensar e vem ao encontro das aspirações de nosso coração, aberto para a transcendência. A grande significação deste livro, um ensaio sobre o que é Deus, reside no fato de colocar de maneira simples e surpreendentemente clara, o horizonte de toda a religião, que é de natureza metafísica para o ser humano, além das realidades físicas em que se desenrola a vida no tempo e no espaço. HAUGHIT, John F.; PARO, Marisa do Nascimento; SANTOS, Jonas Pereira Dos (Trad.). O que é Deus: como pensar o divino. São Paulo: Paulinas, 2004. 11 Guia de Estudo: Após a leitura das obras, realize uma comparação entre as ideias dos autores, em seguida faça uma resenha sobre o que mais lhe chamou atenção. Não se esqueça de disponibilizar seus comentários e descobertas no ambiente virtual. 12 CONCEITO, EXISTÊNCIA E CONHECIMENTO DE DEUS 1 CONHECIMENTO Conhecer os aspectos relevantes da doutrina de Deus com destaque ao conceito, existência e conhecimento de Deus. HABILIDADE Interpretar textos sobre o tema bem como saber fazer exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminários em ambiente acadêmicos acerca do tema. ATITUDE Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva crítica acerca do objeto estudado e incorporá-la na sua práxis. 13 O Conceito de Deus Estudar Teologia nada mais é do que estudar o Ser supremo, a causa universal para a existência do mundo, é estudar Deus e suas obras. Mas podemos nos questionar. Mas Deus é um ser pessoal ou apenas uma força cósmica capaz de organizar e por em funcionamento o universo? Esse Deus tem nome? Pode ser conhecido? Podemos conceitua-lo? A Teologia estuda Deus por meio da Revelação e utiliza a razão e os pressupostos da fé. Teologia embora se utilize da razão, ela é diferente da Filosofia, que por meio do método especulativo procura conhecer o mundo exclusivamente por meio da razão. Teologia também é diferente das Ciências da Religião. Esta estuda o fenômeno religioso em suas múltiplas faces. Algumas ciências auxiliam como a Psicologia, História, Filosofia, Sociologia, todas aplicadas ao estudo dofenômeno religioso. Mas isso é ciência da Religião não Teologia. Teologia não é o mesmo que o estudo das religiões. A religião é o meio pelo qual o homem expressa seu relacionamento com a divindade. Desde o surgimento das primeiras culturas e civilizações a religião esteve presente. Também a partir do momento que o ser humano passou a existir na terra existe o registro de formas de culto e adoração aos deuses. Se a primeira forma de adoração era politeísta (crença em vários deuses) ou monoteísta (crença em um só Deus) tema que não iremos aprofundar aqui. Mas se você aceita o relato do Gênese como verdadeiro, obviamente aceitará que a primeira forma de religião era monoteísta. Nesse texto partimos da perspectiva cristã, que pressupõe a existência de um único Deus, embora Trino. Segundo a concepção judaico-cristã só existe um único Deus verdadeiro, Criador do Universo. Foi Ele quem fez os homens conforme Sua imagem e 14 semelhança. Os deuses falsos não são deuses na realidade, mas caricaturas, arremedos e imitações grosseiras da Divindade. Na melhor das hipóteses, alucinações da mente humana pervertida pelo pecado, em seu anseio de criar um deus conforme à imagem e semelhança humana. O Deus verdadeiro é o Criador; os deuses falsos, criatura do engenho humano. O Deus verdadeiro fez o homem; os deuses falsos foram feitos pelo homem. Para aprofundar o assunto sobre monoteísta leia à obra “Fator Melquisedeque”, de Don Richardson, Editora Vida Nova, 2008. Mas como definir Deus? Existem muitas definições, mas parece não haver uma que possa sintetizar tudo aquilo que Deus é. É atribuído a Deus a característica da perfeição, infinitude, fonte originária de todas as coisas, um espírito, pois não se admite que Deus seja material. Ele preserva o universo na sua ordem impedindo que se transforme em um caos, e todas as coisas existem em dependência dele, ou seja, tudo tem em Deus a sua finalidade. Também se atribui a Deus os qualitativos de eterno e imutável, bondade e santidade. Ele é sábio e todo poderoso. Na sua sabedoria inclui a onisciência, Ele tudo sabe. Ele é santo, e absoluto. Definições Bíblicas A própria Escritura nos fornece esses atributos. Podemos ler em Joao 4:24 que “Deus é espírito”. Por isso podemos deduzir que ele não é um ser material. A matéria está sujeito a transformações, a mudanças, a corrupção e destruição. Então pela lógica, Deus um ser eterno e absoluto, sendo essência pura não poderia sofrer as mudanças que ocorrem com a matéria. Coerentemente a Bíblia diz que Deus é espírito, ou seja, um ser não material. Quando a Bíblia diz que Deus é espírito está falando da sua essência. 15 Essência é aquilo que por definição não sofre alteração no ser. A própria matéria é uma criação de Deus. A Bíblia diz que Deus é amor. O amor é um atributo ou qualidade que só quem possui é um ser que tem personalidade. (I João 4:7). Assim o amor é um atributo divino que expressa a sua Personalidade. é expressão de Sua personalidade. (I Tim.6:16). “A derivação da palavra portuguesa é do latim Deo, Dii. Quanto ao conceito cristão sobre Deus, a Bíblia é nossa única fonte de informação. Em suas páginas encontramos a autorevelação de Deus.” (DOUGLAS, 2006). O Mistério de Deus Quando afirmamos que a Teologia escolhe Deus como objeto de estudo, temos a impressão que Deus é totalmente cognoscível (que pode ser conhecido), assim como o mundo. Seria isso verdade? Podemos conhecer a Deus da forma que conhecemos o mundo? Pensando em Deus como o Ser Supremo percebemos que a própria Filosofia desenvolveu um conhecimento nesse campo, a metafísica e a teodiceia. Assim percebemos que existe algum conhecimento de Deus obtido por meio da razão, independente da Revelação Especial. No entanto, esse conhecimento não é completo. Nem todo conhecimento de Deus provêm da Revelação. A razão por si só é capaz de conhecer algo sobre Deus. O conhecimento obtido por meio da 16 Revelação nos vem através da fé. Para o conhecimento obtido por meio da fé não se pode apresentar provas. Pois se existe provas já não depende mais da fé. Pois por definição fé é a certeza de coisas que não se vê. Das quais não se pode ter uma prova empírica por assim dizer. Foge completamente de uma averiguação racional, cientifica. Mas por meio da Revelação Deus se revelou completamente? Devemos saber tudo acerca de Deus? Claro que não. Embora Deus tenha se revelado ainda permanece um mistério. A própria razão propõe Deus como a explicação última para a existência do universo, da existência humana e da moral. Conceito de verdade, justiça e amor ficaria sem sentido se Deus não existisse. Pela lógica a causa deve ser superior ao efeito. Assim, pela lógica, Deus deve ser superior a tudo que conhecemos. Sendo superior à própria razão humana, Deus se constitui um mistério. Ainda assim, por meio da razão e da fé podemos concluir que Deus deve existir. Por meio da razão podemos entender que ele é eterno, imutável, absoluto, causa primeira, enfim, aqueles qualitativos que os filósofos gregos chegaram ao refletir sobre o Ser. Mas através do meio da revelação podemos conhecer seus atributos pessoais e concluir que Deus não é apenas uma pura inteligência lógica, uma inteligência universal parecido com um grande computador, uma máquina. Não, Deus se revela na Bíblia como um ser pessoal. A razão faz por analogia um exercício e atribui alguns qualificativos humanos a Deus levando a máxima potência. Se o homem é finito Deus deve ser infinito. Se o conhecimento do homem é limitado, Deus deve ser ilimitado, onisciente. É um conhecimento por analogia, a essência de Deus permanece um mistério. 17 O homem possui uma ideia genérica de Deus, essa “ideia” é um “símbolo” que as mais diversas culturas utilizam para denominar a “realidade última”. Mas, especificamente, a mente humana não é capaz de captar Deus em sua essência última. Se Deus pudesse ser conhecido por nossa razão, Ele seria apenas mais um objeto entre outros do mundo. Deus nas Religiões Mundiais Para o monoteísmo, Deus é distinto da matéria, é um ser imaterial. Ele criou todas as coisas por meio do seu poder e sabedoria. Ele é supremo, não há nada maior do que ele. As religiões politeístas também possui a ideia de que Deus é eterno, e supremo. Embora nem todas as religiões o considerem o criador da matéria. Pois para algumas formas de religião a matéria é eterna. Mas para o monoteísmo Deus é o criador da matéria. Os atributos divinos refletem sua perfeição e são: eternidade, infinitude, imutabilidade, bondade e poder. Ao conceito de Deus estão agregados dois termos que refletem duas formas de Deus existir, ou de se manifestar da divindade. Para algumas religiões Deus é um ser transcendente, que quer dizer que ele esta acima do mundo material. O outro conceito é imanente, que quer dizer que ele está presente em todo universo. No monoteísmo Deus é um só. No politeísmo, existem vários deuses, embora reconheça uma divindade maior, outras também existem e exercem influências em várias esferas do universo. A religião monoteísta mais antiga conhecida é o Judaísmo. Para o judaísmo, o homem é uma criação de Deus, e foi feito parecido com Deus, feito à “imagem e semelhança” dele. O judaísmo possui uma compreensão antropomórfica de Deus. Ou seja, Deus possui características muito parecidas com o homem. Ele tem sentimento, ama, sente ira, às vezes se arrepende, parece possuir as mesmas emoções humanas. Deus é retratado como um Rei, 18 um Juiz, um esposo, um pastor. Ele tem face, tem braço, mão, tem um corpo, senta-se no trono, usa roupas, etc. Mas Deus não tem esposa, uma deusa que possa gerar filhos deuses menores, como ocorre na mitologia grega. O cristianismo é herdeirode muitas concepções judaicas. Ele aceitou a Escritura Hebraica como palavra de Deus, é o seu Velho Testamento. Porém surge uma novidade, Jesus Cristo é reconhecido como o Filho de Deus. E aqui surge um mistério e um dogma e ao mesmo tempo uma tensão com a tradição monoteísta do judaísmo. No judaísmo havia a compreensão de que Deus era uma única “pessoa”, Jeová. No Novo Testamento Jesus foi primeiramente aceito como Filho de Deus, gerado no ventre de uma mulher por obra do Espírito Divino. Aos poucos Jesus foi sendo reconhecido como um ser divino, tal qual o Pai. Após muita reflexão a Igreja chegou ao dogma da Trindade. Com a encarnação na forma do Filho de Deus se tornou imanente. Ou seja, ele entrou no mundo e se tornou um ser também material assumindo a forma material. Isso era um escanda-lo para os gregos, pois estes atribuíam a matéria um valor muito negativo. O mal residia na material. Alguns grupos achavam que a matéria fora criada indevidamente, por erro dos deuses caídos. Mas, na doutrina da encarnação não diz que o Pai encarnou. Ele permanece espírito Puro. Quem encarnou foi o Filho. Assim permanece o mistério. Deus é transcendente, mas ao mesmo tempo, por meio do Filho ele torna-se imanente, ou seja, se faz presente no mundo. No Islamismo Deus é Alá, é um ser pessoal, único e transcendente. Nenhuma representação é permitida, constituindo um sacrilégio qualquer casa do tipo. A principal crença islâmica é a proclamação “Não há outro Deus senão Alá, e Maomé, seu único profeta”. Para o Hinduísmo, o Ser supremo é Brahma, realidade única, eterna e absoluta. Dele emana uma multidão de deuses, todas as manifestações de 19 Brahma; Os três deuses principais, são responsáveis pela criação, preservação e destruição, unem-se em Trimurti, ou os três poderes. Alguns fazem uma alusão a Trindade, como se a Trindade tivesse origem pagã e fosse uma cópia ou imitação do que ocorre no hinduísmo. Mas se bem analisado não tem nada a ver. A concepção cristã acerca de Deus é completamente diferente. Trindade é diferente de triteísmo (doutrina que sustenta que em Deus não há só três pessoas, mas três essências, três deuses) e de politeísmo. No Budismo a concepção de Deus é totalmente diferente dos demais já mencionados. Esta realidade sagrada não é um ser pessoal, mais certa ordem cósmica impessoal. Por esta razão alguns autores falam do Budismo como a religião sem Deus. No Budismo mahayana da China e do Japão, o próprio Buda foi transformado em ser divino. O politeísmo se desenvolveu no Egito, Mesopotâmia, Grécia e Roma, a partir da crença em várias forças espirituais: o animismo. Tradição metafísica A cultura ocidental foi marcadamente influenciada pela cultura grega. Assim, também o conceito de Deus sofreu esta influência da filosofia grega. Os gregos foram os primeiros povos a buscar repostas para as questões últimas sem necessariamente apelar para uma explicação religiosa, mas puramente racional. Como explicar a ordem presente no universo? Por que ele se mantem organizado e não entra em caos? O que explica a sua unidade? Tudo parece fluir, mas o que permanece sem ser modificado da realidade? 20 Os gregos tiveram uma intuição fundamental, o mundo material é fluido, passa por mutações, mudanças, mas existe algo que permanece, uma unidade básica, estável e atemporal, mas presente no próprio mundo. Inicialmente pensaram que toda a unidade da realidade dependia de uma substância essencial presente em todas as coisas. Que tudo estava integrado por meio dessa substância é ela que explica o imutável, aquilo que permanece em meio às mudanças. Eles chamavam esse principio ou substância primordial de arché (pronuncia-se arqué). Posteriormente a esse momento Parmênides e Heráclito explicaram que a unidade do mundo não reside no próprio mundo, mas numa instância suprema que, sem ser material e sensível, consiste em ordem e unidade. O Ser, segundo Parmênides, e o logos, segundo Heráclito, não são algo pertencente ao mundo sensível, mas algo de natureza puramente intelectual, apreendidas unicamente pelo pensamento, não captado pelos sentidos. Assim, o que se vê é explicado pelo que não se vê. Essas formulações chamadas de metafísica chegaram ao auge da sua formulação com Platão e Aristóteles. Como vimos à ideia se confunde com a mais alta forma de intuição intelectual. Ele é o principio que explica a existência de todas as coisas. Argumentos da Existência de Deus Para conhecermos o universo é necessário que saibamos qual a sua essência ou como se configura. A questão da existência de Deus se torna um assunto fundamental, porque dela dependem a existência da ordem cósmica, bem como a possibilidade de seu conhecimento. As ideias de Deus e do cosmo 21 estão bastante implicadas. Por esta razão os argumentos da existência de Deus estão relacionados com o cosmo. Argumento cosmológico - A mente humana busca a origem de todos os fenômenos, não é diferente com o universo. Qual a origem do universo e que força o trouxe a existência? As melhores teorias cientificam sobre o universo, diz que ele teve origem, diferente do que falavam os antigos filósofos gregos que imaginavam que o universo fosse eterno. O universo não apresenta a explicação para sua própria origem. Portanto a explicação só pode vir para fora dele, numa causa primeira. Platão foi o primeiro filósofo a fazer essa elaboração argumentativa. Seu ponto de partida é o movimento. Que pode se resumir em dois tipos: movimento espontâneo e movimento comunicado. A matéria sendo inerte só pode entrar em movimento por meio de uma força exterior. Platão acreditava que o homem era a alma, a fonte do movimento do corpo. Por analogia, o mesmo se daria com o universo, o movimento do universo seria explicado pela alma do mundo. Como é o movimento do cosmo? Eles são ordenados e racionais, assim, Platão concluía que alma do mundo é racional e boa. Resumindo, tudo que passa a existir tem uma causa. O universo passou a existir. Logo, existe uma causa para o universo. Essa causa é sobrenatural, porque a natureza ainda não existia. Essa causa sobrenatural as religiões chama de Deus. 22 Argumento teleológico - Este argumento chama atenção para a finalidade presente no mundo sensível irracional. Telos é finalidade. Toda a ação humana persegue sua finalidade. Para tudo existe um fim, um propósito, um objetivo. A finalidade das ações denotam sempre uma inteligência ou consciência teleológica. O homem age com finalidade porque possui inteligência. Mas como explicar a teleologia encontrada na natureza? Se a natureza também persegue uma finalidade, então deve ser movido por uma consciência superior a esta que a faz concorrer para uma finalidade. Existe uma mente superior que orienta nos níveis inconscientes da realidade. Esse argumento se encontra em Santo Tomás de Aquino e em reformulações posteriores, das quais as mais influentes são as de Alfred North Whitehead e Teilhard de Chardin. Argumento ontológico - O argumento ontológico fundamenta-se num viés idealista, de origem platônica. Para Platão o mundo real, é o mundo das ideias, do inteligível. Esta é a verdadeira realidade. O mundo sensível é uma mera cópia ou aparência. E este tipo de pensamento tem sido uma das principais vertentes a prevalecer no ocidente. Para esse argumento “aquilo que é necessário do ponto de vista lógico é também necessário do ponto de vista ontológico”, ou seja, tudo o que é “impossibilidade lógica é também impossível no real”. O real é inteligível porque sua própria essência é racional. Quem primeiro elaborou esse argumento foi Anselmo, na obra Proslogium (Premissa). Deus, como uma ideia, existe na mente de todos. Até daqueles que o negam. Pois só conseguem negá-lo porque antespossui uma ideia dele. 23 Mas o argumento não consiste apenas em afirmar que Deus existe apenas como uma ideia na mente das pessoas. Não, não é isso. Deus é o pensamento mais alto que o homem pode pensar. Nada maior pode ser pensado. Tal ideia não pode existir apenas no pensamento, pois lhe faltaria uma perfeição, a qualidade da existência. Se Deus não existisse, então haveria algo superior a ele, que além de existir no pensamento, também existiria de fato. Assim, Anselmo conclui que o mais alto pensamento possível não pode existir apenas na mente, mas que teria existência. Logo Deus existe. Tradição hebraica - Quem é Deus para a tradição hebraica? A concepção hebraica de Deus é completamente diferente da concepção grega. Ambas as correntes influenciaram o conceito de deus forjado na cultura ocidental. Os gregos buscavam os fundamentos do ser, queriam encontrar o logos explicativo do mundo. Já a mentalidade hebraica, diferente da mentalidade especulativa e intelectual dos gregos, foi forjada por meio da experiência com um acontecimento político e religioso do êxodo do cativeiro egípcio. Essa experiência determinou as categorias da razão correspondente ao povo judeu. A experiência do êxodo marcou profundamente a mentalidade judaica. O povo vivia numa situação de escravidão de cativeiro, e o êxodo trouxe a experiência da liberdade. Foi uma experiência ética e política. Por esta razão o nome de Deus está sempre relacionado com esta experiência. Deus para os judeus é Aquele que os libertou, enquanto eram escravos, do cativeiro. Os transformou em uma nação, com identidade, e com um destino. Assim, o Deus de Israel é o Deus do êxodo. Não há aqui uma preocupação intelectual, especulativa, não há definições de Deus como principio inteligibilidade do real, atemporal e imutável, ou explicação última do real. Não há a preocupação de explicar ou justificar racionalmente a existência de Deus. Deus é um ser que constituído por uma vontade soberana adentra a história liberta o seu povo que ele elegeu. A crise propicia a intervenção divina 24 na história, dissolvendo o presente marcado pelo cativeiro, e descortina o futuro em liberdade. Eles tiveram chance a uma vida nova porque Deus assim permitiu. O êxodo fornece a lógica hebraica para sua compreensão de história e seu significado, e para estrutura categorial de pensamento. Tradição científico-tecnológica (época moderna) - A modernidade se constitui com uma mudança de paradigma para o homem e a sua forma de ver o mundo. Antes prevalecera uma forma idealizada de explicar o real, essa perspectiva dá lugar a outra, caracterizada por uma preocupação prática de dominar a natureza. Não há mais a preocupação em conhecer as essências, mas manipular a matéria. Conhecer é saber como certos fenômenos se dão, as teorias são válidas a partir da sua capacidade de prever o comportamento da matéria. O verdadeiro se identifica com o prático. Isso teve influencia na forma de se conceber a ideia de Deus. Num mundo que valoriza o prático, tornou-se forçoso eliminar Deus um ser não passível de mensurado. Assim Deus deixou de ter a função explicativa que tinha no mundo grego e no mundo medieval. A lógica das ciências já não permitia a existência de Deus como lógica explicativa para seus postulados. À medida que as ciências avançavam Deus foi ficando cada vez mais distante da realidade. Outra corrente filosófica desenvolvida na modernidade é o empirismo. O empirismo considera como válido somente o conhecimento que se se origina nas sensações. O critério de verdade é que haja uma correspondência a um objeto sensível. Dessa forma, todas as ideias que não possuem uma correspondência na sensibilidade não é um conhecimento válido, são uma ilusão. Como para a ideia de Deus não existe nenhum objeto sensível, Deus tornasse uma forma de consciência falsa. Antes Deus era uma necessidade lógica, e uma necessidade lógica também era necessária ontologicamente. Ou seja, Se Deus é necessário como uma ideia explicativa do real, idealmente, ele adquiria automaticamente existência real, Na modernidade essa lógica mudou. 25 A necessidade lógica passou a ser considerada como simples processo psicológico de associação de ideias. A razão perdeu seu significado metafísico. A mente já não podia ir além dos limites da experiência sensível e assim a linguagem acerca de Deus se proibida. E para os positivistas o conceito de Deus nem é verdadeiro nem é falso, é sem significação porque não se refere a objeto sensível da experiência. O que está para além da experiência não pode ter significado dentro do circulo por ela limitado. Em suma, a tradição científico-tecnológica eliminou Deus como objeto de conhecimento. A ciência moderna não tem condições de afirmar ou negar a existência de Deus. Deus foi eliminado como hipótese explicativa do mundo. Teologia como Antropologia - O ideal de objetividade e a compreensão da mente como simples cópia do real vem sendo abalado no período contemporâneo. Para a psicanálise, o vasto campo das representações simbólicas inconscientes não pode ser compreendido segundo a lógica empirista que confere verdade aos símbolos em função de sua correspondência a conteúdos sensíveis objetivos: os sonhos não podem ser interpretados segundo essa lógica, porque os símbolos, ao contrário dos signos que simplesmente apontam para certos objetos da experiência consciente, são maneiras pelas quais o homem representa para si mesmo as relações vividas de forma inconsciente com o mundo. A partir de Kierkegaard, o existencialismo muito contribuiu para mostrar que a consciência, longe de ser algo semelhante a uma câmara fotográfica que copia "o que" lhe é dado, revela também o "como" de sua relação existencial com a realidade. Mesmo para a ciência, a maneira de ver objetivamente é condicionada pelas atitudes valorativas que se encontram no próprio início da vida consciente. O homem, assim, não pode ver o mundo de forma 26 desinteressada; sua visão é determinada por sua vida mental, que gira em torno de uma matriz emocional. Essa mudança de perspectiva tornou possível a recuperação do símbolo Deus como algo carregado de significação. Não mais como signo que aponta para um objeto que transcende a experiência, passou-se a ver nele um símbolo cujo conteúdo é a própria condição do homem. O estudo do significado de Deus em nada difere da interpretação dos sonhos. Como sugeriu Feuerbach em Das Wesen des Christentums em seu livro A essência do cristianismo, 1841, Deus é o diário secreto em que o homem coloca suas mais altas ideias sobre si mesmo. O segredo da Teologia é a Antropologia, porque Teologia é uma forma simbólica, projetada, pela qual o homem fala sobre si mesmo. Friedrich Schleiermacher já havia chegado a uma conclusão semelhante em Der christliche Glaube (1821-1822; A fé cristã), ao afirmar que o símbolo Deus não se refere a um objeto, mas antes a uma forma de sentimento: "Estar em relação com Deus é o mesmo que a consciência de absoluta dependência." O mesmo critério antropológico é ainda encontrado em, quando identifica Deus com a preocupação última do homem, e em Rudolph Bultmann, quando afirma que cada afirmação sobre Deus é, ao mesmo tempo, uma afirmação a respeito do homem e vice-versa. Esse critério, no entanto, implica total subjetivismo. Como Rudolf Otto observa em sua fenomenologia do divino, em Das Heilige (1917; O sacro), a consciência tem sempre um ponto objetivo de referência. A consciência não existe em si, mas é sempre uma forma de relação: "consciência de". A consciência de Deus, portanto, se é essencialmente um fato antropológico, não pode confundir-se com uma produção ou ilusão da consciência. Deus é o nome de uma relação realmente vivida. 27 Morte de Deus - A proclamaçãonietzschiana da morte de Deus deve ser entendida dentro do quadro acima descrito. Ela nada tem a ver com o empirismo e o positivismo, próprios da mentalidade científico-tecnológica. Significa dizer que Deus está morto? Nietzsche percebeu que, para a civilização ocidental, Deus era um nome que simbolizava valores que não mais representavam as relações vividas entre o homem e seu mundo. Deus era uma forma taquigráfica de referir à negação da história, da liberdade, do futuro e da própria vida. Sua proclamação da morte de Deus tem por objetivo indicar a decadência cultural de uma civilização que adotou valores contrários à vida e os batizou com o nome de Deus. A morte de Deus é sua forma de se referir à agonia da civilização ocidental. Em Nietzsche essa proclamação ganha caráter ético, pois, a menos que Deus morra, o homem não terá condições para reconstruir a civilização sobre novas bases. A chamada Teologia da morte de Deus, em voga na década 1950- 1960, não tem a profundidade da proclamação de Nietzsche; reflete, em larga medida, as influências do positivismo lógico, do empirismo, da ideologia da secularização e do cientificismo. Ressurgimento da metafísica - Surgiu mais recentemente uma nova concepção acerca de Deus no Ocidente e se inspira em concepções de origem hindu. Isso foi viabilizado pelo estudo das religiões comparados e do simbolismo religioso e exotérico presente em todas as civilizações. Essa nova escola é chamada por muitos de tradicionalista. Os seus representantes mais destacados são: Ananda K. Coomaraswamy, Seyyed Hossein Nasr, René Guénon, Frithjof Schuon, Titus Burckhardt, , Martin Lings e Leo Schaya. Eles procuram mostrar que por trás da multiplicidade de símbolos das varias religiões encontra-se a unidade metafísica das várias religiões e tradições espirituais, do Hinduísmo ao Islã, do Taoísmo à religião dos índios sioux, e identificam a ideia de Deus com a Possibilidade Universal, que, como fundamento do conceito de probabilidade, é indispensável mesmo a uma 28 explicação científica da realidade. Eles rejeitam assim, as limitações criadas pelo empirismo, bem como a Teologia sentimental e Antropológica. Rejeitam a psicanálise e ao nietzscheísmo, como crise psicológica de uma civilização que perdeu o senso da unidade do real. A existência de Deus Para algumas pessoas Deus é fruto da imaginação, produto de superstição e crenças. Um Deus que é capaz de destruir pessoas num dilúvio e infligir sofrimento por meio de pragas é um mito. Outros procuram simplesmente ignorar a sua existência achando pouco relevante até mesmo por que aqueles que professam segui-lo não dão mostra de compromisso ético digno da profissão de fé que ostentam. Também há os ateus que declaradamente dizem que deus não existe. (Sal. 14:1; Isa. 45:9-12; II Ped. 3:5). Apontam o sofrimento humano como justificativa para a não existência de Deus, pois não podem conciliar a existência de um Deus absolutamente bom com a existência do sofrimento. A Bíblia reconhece automaticamente a existência Deus. É uma verdade certa, é autoevidente, ela pressupõe Deus como o SER que é, e em momento algum ela questiona ou duvida da sua existência, da mesma forma que não se esforça para prová-la com argumentos racionais. Para os autores da Bíblia Deus era uma verdade inquestionável. Para os escritores bíblicos a existência de Deus era realidade inquestionável, acima de toda contestação. "No princípio Deus..." (Gênesis 1:1). 29 Cinco evidências de que Deus Existe Com o surgimento da Teologia, a razão filosófica passou a se fazer presente nos estudos da Igreja. Esta através de seus teólogos elaborou o que ficou conhecido como as provas da existência de Deus. Aqui chamaremos de evidências, porque o termo provar poderia ser compreendido dentro da concepção científica. E não podemos provar Deus cientificamente, mas podemos dar demonstrações por meio de evidências. Apresentaremos cinco evidências racionais da existência de Deus: A Criação Inanimada Atesta a Existência de Deus (Sal. 19:1-2) A criação inanimada se refere à matéria, ao universo. Se Deus não existe o universo teria surgido por acaso. Mas é tão improvável que isso tenha acontecido como é improvável que livros se formem sozinhos pelas leis da soletração e da gramática. Não acreditamos que coisas complexas surjam por acaso. Ninguém acreditaria que uma linda estátua ou um edifício teriam surgido por acaso. Por trás de todas essas estruturas existe uma inteligência que as produziu. Por meio dessa lógica o escritor bíblico afirmou: "Mas quem edificou todas as coisas é Deus". Hebreus 3:4. Com um pouco de bom senso, todos poderão chegar a conclusão do escritor de Hebreus. A existência do Criador é uma necessidade. Para o princípio da causalidade, um princípio racional, o do fenômeno tem uma causa. Uma causa primeira é uma verdade incontestável. O grande físico do século XX, Albert Einstein, disse: “Para mim basta meditar na maravilhosa estrutura do universo a nós vagamente perceptível, e tentar compreender humildemente nem que seja uma infinitésima parte da inteligência manifesta na natureza." (SILVA, 2012). Richard Dawkins, autor do livro “Deus um delírio”, não entendendo o princípio da causalidade pergunta: e quem criou Deus? Deus também precisa de uma causa. O princípio da causalidade diz que “tudo que teve origem deve 30 ter tido uma causa”. Não diz que tudo que existe precisa de uma causa. Essa questão não se aplica para Deus porque ele por definição é eterno, e um ser eterno não precisa de causa. A Criação Animada Atesta a Existência de Deus (Rom. 1:20) Existe um padrão biológico encontrado nas diversas espécies vivas. Elas apresentam graus diferentes de complexidade, mas o padrão geral é o mesmo. Isso é uma evidência que todos os seres vivos foram projetados por um mesmo projetista, um designer. A primeira lei da Biologia hoje provada é que a vida só provem de outra vida existente. É uma lei da biogênese. Dessa forma torna-se forçoso admitir que a primeira célula vida não possa ter surgido da matéria inorgânica. Deve ter havido um criador. Não há mínima evidência que a vida tenha surgido da matéria inanimada. O argumento teísta é muito forte e melhor que o ateísmo. Aliás o ateísmo não tem sequer um bom argumento para a não existência de Deus. Deus é a fonte de vida e ele criou a vida no planeta. "Nele nos movemos, vivemos e existimos." Atos 17:28. Toda a vida no planeta depende dele até mesmo a mais rudimentar. Não há outra maneira de se explicar a vida no planeta. A Consciência moral Atesta a Existência de Deus Existe na consciência humana o senso do dever, do certo e do errado. Esse senso moral capacita o homem de julgar, de aprovar ou reprovar as ações numa base moral. Diz Paulo: "Os gentios, que não tem lei, fazem por natureza as coisas da lei, eles embora não tendo lei, para si mesmos são lei. Pois mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo- os." Romanos 2:14,15. Assim o censo moral não foi algo implantado ou desenvolvido por uma cultura A ou B. o dos os povos, de sociedade primitivas ou complexas revelam princípios morais em sua consciência individual e 31 coletiva. É claro que essa consciência pode apresentar diferentes níveis de discernimento e pureza, em virtude da ação do pecado na natureza humana. Ao se afastarem de Deus o ser humano se embrutece e sua consciência se cauteriza. (1 Tim. 4:2; Tito 1:15), sendo-lhe necessário ser restaurada pela graça de Deus. (Heb. 9:14; 10:2-10,22). Mas por mais embrutecido que se torne sua consciência, todos os homens ainda demonstram a presença e os vestígios de uma consciência que precisa separar o certo doerrado. Immanuel Kant declarou: "há dentro de nosso interior a lei moral". "Há entre os gentios, almas que servem a Deus ignorantemente, a quem a luz nunca foi levada por instrumentos humanos… Conquanto da lei escrita de Deus, ouviram sua voz a falar-lhes por meio da natureza, e fizeram aquilo que a lei requeria." A presença da lei moral implantada da consciência humana é um fato incontestável. E se há uma lei é porque existe um legislador. Esse legislador é Deus. Se Deus não existisse não existiriam absolutos orais, tudo seria relativo, mera opinião humana. Mas o mundo real não é assim, todos nos acreditamos em moralidade absoluta. Ninguém consideraria o estrupo de um bebê uma ação correta. Mas se Deus não existe, não há certo e errado, se cada um cria sua própria verdade, o estuprador poderia alegar que absolutos morais não existe, e ele estaria agindo de acordo com a sua verdade. O Plano e a Ordem do Universo Atestam a Existência de Deus Existe um plano, uma ordem, um projeto presente no universo. Ele é inteligível, suas leis podem ser estudadas, do contrário a ciências não poderia avançar, nem mesmo existir, caso o universo não fosse organizado. O universo não é eterno, logo teve início. O universo necessita de uma causa. Somente um criador inteligente poderia ter criado o universo. Os ateus apelam para o acaso, por acaso todas as coisas surgiram praticamente do nada. Mas isso parece mais com um milagre, mas ateus não acreditam em milagres. O acaso não poderia criar o movimento dos planetas, dos astros em sua órbita, os sistemas solares e as galáxias. A relação que há entre eles é 32 perfeita, estão em completa harmonia; os 107 elementos químicos, diferentes, se combinam, de diversas formas e dão origem a todo tipo de matéria encontrada na natureza, isso certamente não é por acaso; não é por acidente que na fotossíntese, as plantas clorofiladas utilizam a luz solar, o dióxido de carbono, a água e os minerais para liberar oxigênio e produzir alimentos. Tudo isso demonstra que ordem natural não foi inventada pela mente humana. A existência da ordem na natureza pressupõe a existência de uma mente ordenadora de todas as coisas. Essa mente é Deus. A Crença Universal na Existência de Deus Atesta Sua Existência Em todas as partes do mundo, entre todos os povos existe a ideia de Deus, de um SER superior, de uma força a qual todos devem submeter-se ou reconhecesse-la. É claro que existiram muitas ideias distorcidas acerca de Deus. Chegou-se a adorar a própria natureza como Deus, ou seres completamente mitológicos. O homem chegou a criar um deus a sua imagem e a sua semelhança, cruéis, violentos, polígamos etc. Você poderia se perguntar por terem criado ideias supersticiosas acerca de Deus isso invalida o fato da existência de Deus? Claro que não. Esse argumento não é válido pela seguinte razão. Na antiguidade os homens também desenvolveram ideias errôneas acerca do movimento dos astros. Mas isso prova que os astros não existam? Óbvio que não. O fato da humanidade já ter tido ideia errôneas sobre Deus não prova que Deus não exista. Esses foram alguns argumentos onde tentamos mostrar que a crença em Deus não é contra a razão. Não queremos nem pretendemos provar cientificamente a existência de Deus. Porque Deus não pode ser provado nem negado pela ciência. Existe uma ciência mais profunda. O método científico 33 não pode provar tudo. Mas julgamos que os melhores argumentos, os mais plausíveis são a favor do teísmo. O conhecimento de Deus A existência de tantas teorias e explicações afirmando ou negando a existência de Deus é uma prova que a capacidade humana é limitada para entender o absoluto, ou seja, Deus. Depender apenas da razão é se autolimitar diante de possibilidades maiores. O homem é um ser de razão, mas também com a capacidade de exercitar a fé. A fé é outro caminho que nos leva ao conhecimento de Deus. Mas esse conhecimento é sempre parcial. A sabedoria de Deus é em mistério (1 Cor. 2:7). No entanto, Deus pode ser conhecido. Deus é Incompreensível, mas Conhecível. A primeira vista poderá parecer contraditório: por um lado a igreja Cristã confessa que Deus é incompreensível e, de outro lado, que pode ser conhecido, e que conhecê-lo é um requisito absoluto para ser salvo (João 17:3). Estas duas ideias podem ser encontradas em passagens como (Rom.11.7;) (Isaías. 40.18;) (João 17.3;) (1 João 5:20). Essas ideias sempre estiveram juntas. Afirmar que Deus pode ser conhecido, não significa que é possível conhecê-lo exaustivamente. Isso seria impossível. O homem não pode elaborar uma definição precisa de Deus, como define os objetos. Fica difícil para o finito definir o infinito. No entanto, o homem pode obter um conhecimento adequado a respeito de Deus para a realização do propósito divino na vida do homem, que 34 é a sua salvação. Esse conhecimento só é possível em decorrência da revelação. Deus se revelou a si mesmo a fim de que o homem pudesse conhecê-lo. A Negação de Nosso Conhecimento de Deus Algumas correntes teóricas negam a possibilidade de se conhecer a Deus. As faculdades cognitivas humanas possuem limitações, o conhecimento humano é limitado. O homem só pode conhecer aquilo que está dentro do circulo dos fenômenos naturais, não sendo possível atingir o suprassensível, aquilo que está para além do mundo sensível. Os que negam que Deus possa ser conhecido são os chamados Agnósticos, eles não afirmam, nem negam, apenas dizem que Deus não pode ser conhecido. São diferentes dos ateus que negam em absoluto a existência de Deus. Eles estão certos de uma coisa, não pode haver qualquer conhecimento verdadeiro a respeito dele. O Agnosticismo possui algumas similaridades com o deísmo, para os quais Deus é o Absoluto com o qual não podemos nos relacionar, não podendo conhecê-lo. Vejamos alguns nomes do agnosticismo: David Hume considerado o pai do Agnosticismo moderno. Não negava a existência de Deus, mas acreditava não ser possível conhecer seus atributos. Todas nossas ideias em relação a Ele são originarias no próprio homem, ou seja, projetamos em Deus nossas características. Não podemos ter certeza que tais atributos correspondam a realidade. Imanuel Kant, sua filosofia procurou estabelecer os limites do conhecimento. O que a razão pura pode conhecer? Apenas o fenômeno, como 35 a coisa se apresenta para o sujeito. A coisa em si (NOUMENO), ou seja, as essências não são passiveis de conhecimento. A razão só conhece os fenômenos. É preciso um objeto sensível, para que o entendimento com as suas categorias possam trabalhar e produzir o conhecimento. Como Deus não é um objeto captado pela sensibilidade, não pode ser conhecido. Isso certamente foi um estimulo ao agnosticismo. É impossível ter conhecimento de Deus. Ele estaria no mundo no mental e não no mundo dos fenômenos. Augusto Comte, para este o único conhecimento válido é aquele proveniente das ciências. É considerado o pai do positivismo, e foi agnóstico em termos religiosos. O homem só pode conhecer os fenômenos físicos e as suas leis. Os sentidos são a fonte do verdadeiro conhecimento, bem como os fenômenos entendidos pelos sentidos. Assim, não se pode falar sobre Deus ou da sua existência, pois não é possível conhecê-lo. Alguns Argumentos Agnósticos O homem conhece algo por analogia. Conhece apenas aquilo que possui uma relação analógica com a nossa experiência. Crítica - É verdade que conhecemos muita coisa por analogia, mas também aprendemos por contraste. Os Escolásticos falaram de “VIA NECATIONS” por meio da qual eliminavam do conceito de Deus as imperfeições da criatura. Se o homem foi feito a imagem e semelhança divina é natural que, por analogia, haja algumas semelhanças. ONosso Conhecimento de Deus provém da revelação Nas outras ciências os pesquisadores se debruçam sobre seu objeto pesquisado para daí extrair algum conhecimento. Na Teologia é diferente. O 36 método deve ser outro. O homem não deve se colocar sobre seu objeto, mas debaixo do seu objeto de estudo, ou seja, deve humildemente reconhecer sua limitação e reconhecer que depende do próprio Deus para conhecê-lo. O homem fica dependendo que Deus se revele na medida e proporção que ele desejar. O homem pode buscar o conhecimento, mas é Deus que concede a oportunidade de adquirir tal conhecimento. Sem a revelação o homem ficaria impossibilitado de conhecer a Deus. Nesse processo é necessário que o homem tenha fé, que acredite que Deus tenha se revelado. Sem fé é impossível agradar a Deus e impossível conhecê-lo. Somente Deus conhece a si mesmo. (1 Cor. 2:11). Mas Ele decidiu se revelar ao homem. Existe o conhecimento acerca de Deus, dado ao homem por meio da revelação. O Conhecimento Inato e Adquirido que Temos de Deus Embora todo conhecimento humano seja adquiro, por uma questão didática costuma-se fazer distinção entre conhecimento inato e adquirido. Conhecimento Inato – Dizer que o homem possui um conhecimento inato de Deus não significa que o homem já nasça com esse conhecimento. O conhecimento inato significa que em condições normais, em virtude da sua própria constituição, o homem, sob condições normais, irá desenvolver espontaneamente, por necessidade, independente da sua vontade, a crença na existência de Deus. Quando o homem nasce ele não tem nenhum conhecimento prévio acerca de Deus, nem de coisa alguma. Mas ao se relacionar com outras pessoas e com o mundo, ira desenvolver nele a ideia de Deus dada a sua condição espiritual, adquire por necessidade, isso é diferente de todo conhecimento que adquirirá por meio da sua vontade. 37 Há suficiente evidência que a ideia de Deus é universal na consciência humana. Essa ideia surge necessariamente ao homem ter contado e se relacionar com a própria criação. (Leia e compare Rom. 1.19-20 com At. 17.24- 28 e 14,16,17). Assim é natural para o homem, devido a constituição da sua mente, a ideia de Deus, como é natural a ideia de tempo e espaço. Para todos os homens essas ideias são inatas. Uma ideia, “inata” é aquela que resulta da constituição da mente. O apóstolo Paulo já ensinava a concepção do conhecimento inato de Deus em suas epístolas. Inclusive filósofos pagãos concordavam com ele. Muitos deles foram teístas e reconheciam um Deus supremo. Embora alguns acreditassem em múltiplos deuses, isso não significa que acreditavam em vários deuses, pois riam que estes eram emanações de um único e supremo Deus. Isso variava de religião para religião na antiguidade. Às vezes o termo deuses, é empregado na Escritura, para significar anjos, potestades e magistrados. Os apologetas (autores de uma apologia) e pais da Igreja defenderam que por natureza e por criação a mente humana é monoteísta. É verdade que na antiguidade prevaleceu na maioria das vezes o politeísmo, mas isso se explica pela forma degenerada dos homens por meio do pecado. Mas acredita-se que nas suas origens o homem era monoteísta. A obra O Fator Melquisedeque fornece um estudo interessante ao defender que na origem de todos os povos encontramos o monoteísmo e não o politeísmo como acreditaram alguns pesquisadores da socióloga da religião. Mas é possível vermos algumas formas de monoteísmos em algumas pessoas que não eram israelitas. Hagar, a egípcia (Gên. 16:13); Abimeleque, rei filisteu (Gên. 20:3-8); Faraó (Gên. 41:38); Balaão da Mesopotâmia, enuncia a doutrina de um Deus soberano (Êxo. 18:9-12,19-23). É verdade que algumas 38 dessas pessoas tiveram contato com israelitas, mas percebe-se considerável monoteísmo nos países deles. Essa compreensão inata ou natural de Deus foi mencionada em João 1:4, mas em João 1:5 mostra que o pecado, ou seja, as trevas impedem e atrapalha essa compreensão de Deus. O pecado obscurece a ideia inata de Deus no homem, mas não é completamente extinta, caso fosse não haveria religião no mundo. Como ainda hoje todo ser humano tem sua forma de religião, isso mostra que o conhecimento inato de Deus no homem permanece, embora obliterado. Assim percebemos que não há contradição entre a ideia inata de Deus no homem e o estado de depravação ou corrupção humana. Deus ao criar o homem concedeu-lhe uma luz natural, e por meio desse conhecimento o homem possui naturalmente uma dimensão religiosa. Embora, nesse sentido, todos os homens possuam uma religião natural, não significa que todos amam a Deus ou que lhe servem. Essa luz natural no homem não o torna virtuoso ou santo. O homem pode reconhecer que Deus existe e que deve ser adorado e, no entanto se recusar a fazê-lo. Um exemplo disso são os anjos caídos (Tg. 2:19). Esse conhecimento inato, essa luz natural, está apenas no seu intelecto, não na sua vontade. Intelecto e vontade são duas coisas diferentes. Ele não é algo da sua constituição moral, mas apenas da sua constituição racional. Segundo a revelação e algumas pesquisas na área da Sociologia da Religião, a primeira forma original de religião foi monoteísta. Posteriormente, devido ao pecado e perversão da natureza humana, surgiram o panteísmo e politeísmo. Isso é deduzido pela Bíblia e estudos de registros antigos. No Livro de Gêneses, o homem foi criado monoteísta. Este foi seu primeiro estado, onde vivia maravilhosamente no Jardim do Éden. Mas por meio do pecado o homem caiu em decadência. Essa época dourada é 39 retratada em várias culturas e não somente na hebraica. O homem decaiu da sua condição elevada. Para alguns estudiosos, a corrupção começou quando a concepção monoteísta cedeu lugar para o panteísmo (Deus como uma única realidade verdadeira). No panteísmo a unidade de Deus é mantida, mas ele já não é distinto da natureza, tornando uma única coisa, ou substância com o universo. A personalidade de Deus é perdida nessa concepção. A segunda etapa no processo de afastamento da verdadeira concepção de Deus é o politeísmo. Aqui, a unidade da substância é dividida, fragmentada, e são personificadas. Uma tentativa de devolver a personalidade a Deus, perdida no panteísmo. Para o apóstolo Paulo, a verdadeira concepção de Deus é o monoteísmo, desde a criação, o panteísmo e o politeísmo é um processo de corrupção da verdadeira religião (Cf. Atos 17:16-29). Após essa análise do conhecimento inato que corresponde a luz natural, que conduz o homem a uma religião natural, concluímos que esse conhecimento embora importante não é suficiente para proporcionar a salvação e insuficiente para as suas necessidades mais profundas. Conhecimento Adquirido. Este tipo de conhecimento se obtém por meio do estudo da Bíblia, a revelação de Deus. Ele não surge espontaneamente na mente humana. Mas é produzido pelo estudo constante, exige um exercício racional. A religião natural inspira no homem temor, mas a religião revelada amor, compaixão, esperança e confiança. A religião revelada, o monoteísmo, revela os atributos morais de Deus, seu amor, sua misericórdia, veracidade e santidade. A ideia monoteísta de Deus contém somente atributos morais como justiça, veracidade e pureza imaculada. A religião natural nada diz acerca da 40 misericórdia divina. Esta parece inadequada a menos que se prove que o homem não necessite da misericórdia divina. 41 A NATUREZA DE DEUS 2 CONHECIMENTO Conhecer os aspectos centrais da doutrina de Deus, destacando temas como a natureza, os atributos, a Triunidade e a adoração a Deus. HABILIDADE Interpretar textos sobre o tema bem como fazer exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminários em ambiente acadêmicos.ATITUDE Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva crítica acerca do objeto estudado e incorporá-la na sua práxis. 42 Conhecendo a natureza de Deus Vejamos a seguir as características da natureza de Deus. Deus é um Ser Real A pensarmos na ideia de Deus e mesmo encontrando tantas evidências para sua existência o homem ainda assim poderá se questionar: Deus realmente existe? Ele existe, disse Jesus: "Fui enviado por aquele que de fato existe." João 7:28. Nós dependemos de outros para existirmos, como por exemplo, nossos pais. Mas Deus não precisa de ninguém para existir, ele é autocausado, ou seja, ele é a causa de si mesmo, Ele existe por si mesmo. Ele diz de si mesmo: "Eu sou o que sou". Êxodo 3:14. Essas palavras parecem dizer que sua essência é ser. Ele é o Ser autoexistente. Embora seja um ser transcendente, uma realidade espiritual Deus pode assumir a forma que quiser. No entanto é dito que homem algum viu sua face (Êxo. 33:20; Mat. 1:23; 11:27; João 1:18). Ele é o autor e conservador da vida. (Núm. 16:22). Todos os seres vivos derivaram sua vida dEle. Em Deus há vida original, não derivada. Ao homem é feita a promessa de possuir a vida eterna como um presente gratuito obtido pela fé em Cristo como um salvador pessoal. Deus é um Ser Pessoal Para algumas religiões e correntes filosóficas o Ser Supremo é apenas uma energia cósmica, presente em todas as coisas. Para outros ele é a própria natureza. Mas Deus na concepção das religiões monoteístas possui personalidade. O Deus Trino da Bíblia são três personalidades em uma 43 essência. Ele é Espirito puro, invisível. Mas isso não significa que não exista. Deus se revelou em Seu Filho, aquele que é a perfeita imagem de Deus. Ninguém pode ver a Deus (Êxodo 33:20-23; I Timóteo 6:16), mas Deus se revelou na natureza, na Bíblia e em Jesus Cristo.(João 14:7-9; Hebreus 1:1- 3). O que é um ser pessoal, uma pessoa? É um ser existente que possui autoconsciência e autodeterminação. De intelecto, sensibilidade, e volição (poder de decidir). Neste sentido Deus é pessoa, por que: Tem Nomes pessoal: Ex 3:14 (João 8:58): “EU SOU” = “Eu sou o que sou” ( autossuficiência + soberania absoluta + imutabilidade). Tem Pronomes de Pessoa (masculinos, não neutros): Sal. 116:1-2; João 17:3. Tem Características e Propriedades de Pessoa: Provê Sal. 104:27-30. Cuida 1 Ped. 5:6-7. Conhece João 10:15. Entristece-se Gên. 6:6; Efés. 4:30. Ira-se 1 Reis 11:9. Odeia Prov. 6:16. Tem zelo (ciúme, cuidado) Deut. 6:15. Ama João 3:16; Ap 3:19. Decide João 6:40. É amigo João 15:15; Heb. 4:15-16. Mantém Relações de Pessoa com o Universo e com os Homens: É o Criador (poder eterno e infinito) de tudo: Gên. 1:1 (Gên. 1:26; João 1:1-3; Apoc. 4:11); Preservador de tudo (em contínua relação pessoal) Heb. 1:3 (Col. 1:15-17) (isto refuta o Deísmo); Benfeitor de todas as vidas Mt 10:29-30 (1 Reis 19:5-7; Sal. 104:27-30; Mat. 6:26; Atos 17:28; Tia. 1:17); Governante e Dominador das atividades humanas Rom 8:28; (Gên. 39:21; 50:20; Sal. 75:5-7; 76:10; Dan. 1:9); Pai de Seus filhos Gal. 3:26 (João 1:11-13; Heb. 12:5-11). 44 Deus é um ser Triúno A Bíblia apresenta um conhecimento de Deus de forma progressiva. No Antigo testamento Deus é o Senhor, o único soberano, o Deus de Israel. O politeísmo pagão é condenado pelo judaísmo. Mas a partir do Novo testamento é revelado o Filho de Deus possuindo a plenitude da divindade (Col.2.9). Também apresenta o Espírito Santo como possuindo também atributos divinos. Então aquela noção monoteísta fica estreita demais para o Deus que se revela em toda Bíblia. A doutrina de Deus começa a ficar complexa e de difícil compreensão. Ele é um só Deus, mas se constitui de três pessoas, todas eternas, todas divinos, embora sejam uma essência. As pessoas da divindade possuem funções diferentes. Mas estão unidas em um só propósito. Os três operaram juntos no processo de criação do mundo, sendo o pai a fonte, Cristo o agente e o espírito santo o meio pelo qual a criação veio a existência. Eles também trabalham em prol da salvação dos seres humanos (2 Cor. 13:13; I Ped. 1:2; Judas 20:21; Mat. 3:16,17). A doutrina do Deus trino é chamada de Trindade, ela é um mistério. As três pessoas possuem funções diferentes, e cada um é Deus em si mesmo, com os mesmos atributos sendo apenas uma só divindade. Deus é um Ser Nomeado Deus recebe alguns nomes na Bíblia. Um deles é Javé ou Yahweh ( a pronúncia certa não se sabe). E significa o Autoexistente (de Êxodo 3:14, “Eu Sou o que Sou”). Este é o nome que denota o relacionamento de Deus com seu povo. Ele enfatiza a santidade de Deus e ao mesmo tempo seu ódio pelo pecado. Outro nome é Elohim e significa o Forte. Essa palavra é usada para designar tanto o Deus verdadeiro como os deuses pagãos É um substantivo plural, o chamado plural majestático. Alguns veem nesse plural majestático um 45 indício da Trindade, mas obviamente não ensina de forma clara. Também é usado o nome Adonai para Deus. E significa Senhor, Mestre. Também é usado no relacionamento entre homens designando a relação senhor- servo. Também existem os nomes compostos do Antigo Testamento: 1. Usando El. a) El Elyon, traduzido por Altíssimo (lit., o mais forte dos fortes, Is 14:13,14). b) El Roi, o Forte que Vê (Gn 1:13). c) El Shaddai, traduzido por Deus Todo-Poderorso (Gn 17:1-20). d) El Olam, o eterno Deus (Is 40:28). 2. Com Javé a) Javé Jireh, o Senhor proverá (Gn 22:13,14). b) Javé Nissi, o Senhor é minha bandeira (Ex 17:15). c) Javé Shalom, o Senhor é paz (Jz 6:24). d) Javé Sabbaoth, o Senhor dos Exércitos (1Sm 1:3). e) Javé Maccadeshkem, o Senhor que te santifica (Ex 31:13). f) Javé Raah, o Senhor é meu Pastor (Sl 23:1). g) Javé Tsidkenu, o Senhor Justiça Nossa (Jr 23:6). i) Javé Nakeh, o Senhor que fere (Ez 7:9). j) Javé Shammah, o Senhor que está presente (lit., Já) (Ex 48:35). Os atributos de Deus Se Deus é um ser pessoal, que tipo de pessoa ele é? A única fonte que pode nos responder é a Bíblia. Ela descreve Deus como Criador, mantenedor, rei, pai, legislador, senhor, juiz entre outros. Todos esses termos nos ensina algo importante sobre Deus. Não são termos complexos, como os conceitos filosóficos, mas de forma simples, a Bíblia nos ensina sobre Deus. 46 Ela nos revela quem é ele ao nos dizer o que ele faz. Deus é capaz de criar, de se comunicar e de amar. Os qualificativos de Deus são chamados de atributos. No estudo de Deus uma parte que se destaca são os atributos, qualidades que pertencem unicamente a Ele, é algo peculiar a sua natureza divina. Segundo Strong, “Os atributos de Deus são aquelas características da sua natureza divina, as quais são inseparáveis da ideia de Deus, e as quais constituem a base para as suas variadas manifestações às suas criaturas.” (STRONG, 2008, p.115). Geralmente os atributos de Deus são classificados da seguinte forma: Atributos incomunicáveis – Também chamados atributos naturais. Atributos comunicáveis – Também chamados atributos morais. Os atributos naturais são próprios da natureza divina, ou seja, só ele tem. São eles: Sua Onipotência, a Sua Onisciência, a Sua Onipresença, a Sua Autoexistência, a Sua Imutabilidade, a Sua Infinitude etc. Os atributos morais são comunicáveis aos seres inteligentes que Deus criou a sua imagem e semelhança. Eles existem não de uma forma absoluta como existem em Deus, mas numa certa proporção. São a Sua Santidade, o Seu Amor, a Sua Justiça e a Verdade. Os atributos divinos são possuídos pelas três Pessoas da Trindade. Conhecer esses atributos é bastante confortante para o crente, pois sente que pode confiar em um Deus absoluto, amoroso e justo que tudo pode. O sentimento é de estarabrigado sob as asas do Todo Poderoso Deus como dizia o salmista. 47 Atributos Absolutos Os atributos absolutos pertencem somente a Deus, diz respeito a sua natureza íntima. Portanto, não comunicáveis as Suas criaturas, eles definem aquilo que Deus é. Deus é Imutável - (Mal. 3:6) Ele não muda. O que isso significa? Ele não está sujeito a mudanças e variações. Tudo no mundo sensível está em constante mudança, com o passar do tempo se corrompe, entra em decadência e desaparece. Deus não é assim. O seu caráter também é imitável. Sua vontade é reta, justa e boa. Ele é o supremo bem em si mesmo. Deus não muda de ideia, nem se arrepende de erros cometidos, pois é impossível que ele possa errar. "Pois eu o Senhor não mudo" (Nemias 23:19; I Sam. 15:29; Jó 23:13; Sal. 33:11; Prov. 19:21; Isa. 46:10; Heb. 6:17; Tia. 1:17). Deus é Eterno - A Bíblia apresenta Deus existindo de eternidade em eternidade, para sempre (Neemias 9:5; Salmos 90:2; Apocalipse 10:6) e como sendo o rei dos séculos, imortal, invisível e único Deus (I Timóteo 1:17). Ele não tem princípio nem fim (Colossenses 1:17). Deus não sofre a ação do tempo, pois ele mesmo é que criou o tempo. Deus está acima de toda lógica que o homem possa conceber. Por essa razão não podemos compreendê-lo. Deus é Onipresente – Isso significa que Deus tem o atributo de estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Deus então observa suas criaturas e nada lhe passa despercebido. Ninguém pode se esconder de Deus. A Bíblia relata a história de Jonas, o profeta que pensou poder se esconder de Deus. Todos conheceram a história e sabemos que isso era algo impossível. Também é dito que Deus habita no céu talvez por ser o luar onde mais se observa sua presença. (Sal. 139:7-10; Ecles. 5:2; Isa. 57:15; 29:15; Jeremias 23:23-24). Não podemos viver em um estado de solidão, onde Deus não possa estar ali presente. Sua presença se faz em todos os recantos do universo. E 48 como disse o apóstolo Paulo: “para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando, o pudessem achar, ainda que não está longe de cada um de nós; porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos, ...” (Atos 17.27,28). Também Davi refletiu sobre o assunto: “Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também” (Sal. 139.7,8). O próprio Senhor Jesus Cristo declarou “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. Mateus 18:20. Deus é Onisciente – Dizer que Deus é onisciente significa que ele tem ciências ou conhecimento de tudo. (1 João 3:20). Ele conhece tudo do passado, presente e futuro. Ele sabe o que está no mais profundo do coração das pessoas. “E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar” (Heb 4.13). Em Prov. 15.3, encontramos: “Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons.” No Salmo 139.1-2, lemos: “Senhor, tu me sondas e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar, de longe entendes o meu pensamento.” Se Deus sabe todas as coisas, ele sabia que o homem iria pecar, iria escolher o pecado dando espaço para o mal no universo. Então Deus é o responsável pelo mal? Essa é uma excelente questão que foi tratada por Santo Agostinho na sua célebre obra O Livre Arbítrio. Sugestão de Leitura: Baixar obra completa “O Livre Arbítrio” em PDF. https://sumateologica.files.wordpress.com/2009/07/santo_agostinho_-_o_livre- arbitrio.pdf https://sumateologica.files.wordpress.com/2009/07/santo_agostinho_-_o_livre-arbitrio.pdf https://sumateologica.files.wordpress.com/2009/07/santo_agostinho_-_o_livre-arbitrio.pdf 49 Deus é onipotente – Esse atributo permite a Deus fazer tudo que ele quiser. Deus pode tudo. (Gên. 18:4), por causa desse atributo a Escritura chama Deus de todo-poderoso (Sal. 62:11; Efés. 3:20-21; Apoc. 1:8). Ele é o El-Shaddai, o Deus Todo-poderoso. Jó, sabia desse atributo e falou dele quando disse: “Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido.” (Jó 42:2). O anjo Gabriel, também mencionou esse atributo quando visitou Maria: “Porque para Deus nada é impossível” (Luc. 1:37). Em Gên. 17:1, o próprio Deus revelou-se como o Deus Todo-poderoso. “Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o Senhor a Abrão e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-poderoso; anda em minha presença e sê perfeito.” Deus é Infinito – Não conhecemos nada no universo, que possa ser considerado infinito. O conceito de infinito existe apenas na mente humana. Não podemos dizer que o tempo e o espaço são infinitos, porque sabemos que eles tiveram origem. Nada no mundo material é infinito. Não temos nenhuma experiência sensível com o infinito. O infinito é um conceito muito próximo do conceito de eternidade. Um ser infinito não tem começo nem fim. A criatura jamais poderá se tornar igual ao criador. (Romanos 11:33-36). Mas ele é acessível (Atos 17:26; Salmos 145:16), podemos nos relacionarmos com ele em amor certos que ele nos corresponderá. Atributos Relativos Os atributos relativos são os que Deus comunica as suas criaturas. São chamados de atributos morais. Deus é amor - Na Bíblia encontramos a afirmativa que Deus é amor. 1 Jo 4:8. Ele é encontrado entre as pessoas da Trindade. Jesus disse que o Pai o amava. (João 3:32; 5:20; 10:27; 15:9) e amava também os seres que ele criou. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida 50 eterna.” (João 3:16). Para o apóstolo Paulo a vida de Jesus e a sua morte era uma prova do infinito amor de Deus. “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Rom. 5.8). Deus é santo - A santidade tem a ver com a perfeição moral, com a pureza moral espiritual, sem nenhuma mancha de pecado. (Jos. 24:19; Sal. 22:3; 99:9; Isa. 5:16; João 17:11; I Tess. 5:23). Deus está separado de todo mal, de todo pecado. A santidade de Deus foi vista por Isaías e por Joao: “... eu vi ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo. Os serafins estavam acima dele... E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da Sua glória.” (Isa. 6:1-3). “E os quatro seres viventes... não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo- Poderoso, que era, e que é, e que há de vir.” (Apoc. 4:8). Quando Deus revelou-se no Sinai a Moisés, disse: “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo.” (Lev. 19:2). Veja ainda 1 Ped. 1:15-16. Deus é Veraz – Deus não só fala a verdade como ele é a própria verdade. A Bíblia menciona que o diabo é o pai da mentira. Mas Jesus diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida...” O diabo e os homens costumam mentir. Mas Deus sempre fala a verdade, podemos confiar nEle. (Rom. 3:4). A justiça de Deus - “Justo é o Senhor em todos os seus caminhos e santo em todas as suas obras.”(Sal. 145:17). O Salmo 119:137, também afirma essa verdade: “Justo és, ó Senhor, retos são os teus juízos.” Sua santidade e justiça exige que Deus faça o julgamento das criaturas moais segundo suas obras: “ante a face do Senhor, porque vem, porque julgará o mundo com justiça e os povos, com a sua verdade.” (Sal. 96:13). Paulo também ensinou isso: “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam, porquanto tem 51 determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou;e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos.” (Atos 17:3). Enquanto que aqueles que já aceitaram Jesus não entrarão em julgamento, no sentido que não serão condenados no julgamento. A sua justiça foi imputada pela fé. (Veja Rom. 14:10 e 2 Cor. 5:10). Até aqui estudamos os atributos do único Deus verdadeiro. As religiões mundiais possuem seus diversos deuses. Nem sempre esses atributos irão coincidir se aplicados a tais deuses, tidos por falsos. Caricaturas do único e verdadeiro Deus, O pai de Jesus Cristo, o Deus revelado na Bíblia. Apresentaremos um quadro que nos ajudará a esquematizar os atributos do verdadeiro Deus. Atributos Absolutos Espiritualidade Vida Jer.10:10; João 5:26; I Tess.1:9 Personalidade Êxo. 3:14; ICor.2:11; Efés.1:9,11 Infinidade Autoexistência Êxodo 6:3; 3:14 Imutabilidade Sal.102:27; Mal.3:6; Tiago 1:17 Unidade Deut.6:4; Is.44:6; João 5:44;17:3 Perfeição Verdade I João 5:20; Deut.32:4; João 17:3 Amor I João 4:8; João 17:24; Rom.15:30 Santidade Êxo.15:11; Is.6:3; Heb.12:29 Atributos Relativos O Tempo e espaço Eternidade Sal.90:2; 102:27; I Tim.1:17 Imensidão I Reis 8:27; Rom.8:39 A Criação Onipresença Sal.139:7; Jer.23:23-24 Onisciência Sal.147:4; Heb.4:13 Onipotência Gên.17:1; Mat.19:26; Sal.115:3 Aos Seres Morais Veracidade e Fidelidade Salmo 138:2; João 3:33; I Cor. 1:9; II Cor.1:20 Misericórdia e Bondade Tito 3:4; Rom.2:4; João 3:16; João 4:10 Justiça e Retidão Gên.18:25; Deut.32:4; Mat.5:48 I Ped. 1:16 52 A Triunidade de Deus TRINDADE - significa a tríplice manifestação de Deus ou a sua manifestação no Pai, no filho e no Espírito Santo. TRIUNIDADE - significa o tríplice modo da existência de Deus, que é a existência de três em um. A TRINDADE diz respeito à revelação de Deus ao passo que a TRIUNIDADE refere-se a existência de Deus. A ideia de Deus no Antigo Testamento é a unidade, por isso observaremos a Trindade de forma explícita somente no Novo Testamento como Pai, Filho e Espírito Santo. Se você procurar na Bíblia a Palavra Trindade não encontrará em parte alguma, embora tivesse sido empregada por Tertuliano (um dos pais da igreja), na última década do segundo século de nossa era, não encontrou lugar formal na Teologia da igreja senão já no quarto século. Trata-se, entretanto, da doutrina distintiva e todo-inclusiva da fé cristã.” Chama-se de Santíssima Trindade, na teologia cristã, doutrina que afirma a existência de Deus como três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo que estão juntas em uma única substância. As três pessoas não se fundem para formar uma pessoa. As três pessoas coexistem simultaneamente e distintamente. A pessoa do Pai sempre recebeu a primazia em relação as outras duas pessoas. Para uma adequada compreensão da concepção trinitária de Deus, as distinções entre as pessoas da Trindade não devem ser tão definidas a ponto de parecer ou sugerir uma pluralidade de deuses, nem permitir que essas distinções desapareçam em um monismo abstrato e 53 indiferenciado. Crer na Trindade é acreditar que existem três pessoas divinas: Pai, Filho e Espírito Santo, e uma única natureza de um único Deus. Principal mistério do cristianismo, a Trindade é dogma de fé. Uma pesquisa pelo Velho Testamento mostra que ele não menciona o mistério da Trindade. Mas alguns estudiosos acham poder encontra alguns vestígios dessa doutrina em algumas passagens. Por exemplo, aquelas que Deus fala no plural, como no Gênesis, quando diz "Façamos o homem à nossa imagem" (Gên 1:26). No entanto, milhares de estudiosos do Novo testamento concordam que em diversas passagens o mistério é explicito nas páginas do Novo Testamento, e se tornaram a base dessa doutrina. Entre essas passagens, destaca-se a do batismo de Jesus, quando "o Espírito, como uma pomba" desceu sobre ele e uma voz dos céus disse: "Tu és o meu Filho amado" (Mar. 1:10-11). Ao aparecer aos apóstolos após a Ressurreição, Jesus afirmou a existência da Trindade ao dizer-lhes que batizassem as nações "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28:19), fórmula que se repete por ocasião do batismo individual cristão. Alguns antitrinitarianos criticam essa passagem ao afirmarem que não se encontravam nos originais. No entanto em todos os manuscritos gregos existentes ela esta presente. O dogma da Trindade, no entanto, foi contestado principalmente pelo arianismo, heresia que, difundida em 318 por Ário, negava a unidade e a consubstancialidade das três pessoas da Trindade e, em consequência, a divindade de Cristo. Em contrapartida, o I Concílio de Nicéia, realizado em 325, expressou a unidade mística de Deus Pai e Deus Filho com a palavra homoousios, que significa "consubstancial". Afirmou-se assim que a unidade de substância não implica a unidade de pessoas, pois a primeira e a segunda pessoa não são idênticas, nem aspectos complementares da mesma substância. Numa tentativa de conciliação entre católicos e arianos, a fórmula para a doutrina da Trindade foi definida então na profissão de fé de que "o 54 Filho tem a mesma natureza (homoousios) do Pai", mas a guerra teológica prosseguiu. Atanásio, bispo de Alexandria de 328 a 373, defendeu e desenvolveu a fórmula estabelecida pelo I Concílio de Nicéia. Nas décadas seguintes, a doutrina da Trindade tomou forma definitiva com base nos ensinamentos dos primeiros grandes teólogos da igreja oriental, Basílio de Cesaréia, Gregório de Nissa e Gregório Nazianzeno, também defensores do Credo de Nicéia. O arianismo foi condenado tanto pelo Concílio de Nicéia quanto pelo de Constantinopla, em 381. A crença na divindade de Cristo mediante a interpolação filioque ("e do Filho") foi afirmada como posição católica contra o arianismo e parece ter sido acrescentada no concílio local de Toledo, em 589. Apesar da oposição dos católicos não ortodoxos, a expressão estabeleceu-se aos poucos no Ocidente até ser oficialmente utilizada em 1017, quando foi feito esse acréscimo definitivo, pela igreja latina, ao texto do credo do cristianismo. Essa foi das principais causas do cisma entre as igrejas do Ocidente e do Oriente em 1054. A Doutrina da Trindade na História 1 . Período Anterior da Reforma Os judeus dos dias de Jesus enfatizaram a unidade de Deus e isto foi transferido para a igreja cristã. O resultado, foi que alguns anularam as distinções pessoais da Divindade e outros que faziam-nas não fizeram justiça a Segunda e terceira pessoas da Trindade por afirmarem que não eram consubstanciais, coeternos, coiguais ao Pai. Tertuliano foi o primeiro a usar a palavra “Trindade” e a formular a doutrina, mas sua formulação era defeituosa, porque subordinava o Filho ao Pai. Orígenes foi além desta distinção em ensinar que o Filho era subordinado 55 ao Pai no que diz respeito à essência, e que o Espírito Santo é subordinado ao Filho. Isto prepara o caminho aos Arianos, que negavam a divindade do Filho e do Espírito Santo por afirmarem que o Filho era a primeira Criatura do Pai e o Espírito Santo, a primeira criatura do Filho. Assim a co-eternidade e a co- essência do filho e do Espírito com o Pai foi sacrificada, a fim de preservar a unidade de Deus; e consequentemente as três pessoas da Trindade divergiam de graduações. Os arianos ainda retinham uma aparente trindade, mas as 3 pessoas na Trindade foram sacrificadas inteiramente pelo Monarquianismo, em parte para preservar a unidade de Deus e em parte para manter a Divindade de Jesus. O Monarquianismo Dinâmico, para salvaguardar a ideia de Deus como um, viam em Jesus um homem somente, e no Espírito Santo uma influência. O Monarquianismo Modalístico querendo salvar a divindade de Jesus consideravam o Pai, o Filho e o Espírito Santo meramente como três modos de manifestações sucessivas
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