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DOUTRINA I - DEUS E CRISTOLOGIA

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1 
 
 
 
 
 
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DOUTRINA I 
DEUS E CRISTOLOGIA 
 
 
 
 
1ª Edição 
Sobral/2017 
4 
 
 
5 
 
Sumário 
Palavra do Professor autor 
Sobre o autor 
Ambientação 
Trocando ideias com os autores 
 
UNIDADE DE ESTUDO 1: CONCEITO, EXISTÊNCIA E CONHECIMENTO DE 
DEUS 
O conceito de Deus 
O Mistério de Deus 
Deus nas Religiões Mundiais 
A existência de Deus 
O conhecimento de Deus 
O Conhecimento Inato e Adquirido que Temos de Deus 
 
UNIDADE DE ESTUDO 2: A NATUREZA DE DEUS 
Conhecendo a natureza de Deus 
Os atributos de Deus 
A Triunidade de Deus 
A adoração a Deus 
A Maneira Correta de Adorar a Deus 
 
UNIDADE DE ESTUDO 3: CRISTOLOGIA 
Introdução à Cristologia 
Preexistência 
A Natureza da Encarnação 
O Nascimento Virginal 
6 
 
Sua humanidade 
Sua Divindade 
A Morte de Cristo 
Controvérsias Cristológicas 
Outras posturas e controvérsias cristológicas 
 
 
Explicando melhor com a pesquisa 
Leitura Obrigatória 
Saiba mais 
Pesquisando com a Internet 
Vendo com os olhos de ver 
Revisando 
Autoavaliação 
Bibliografia 
Bibliografia Web 
Vídeos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Palavra do Professor autor 
 
Caro estudante, 
 
 
Estamos diante de mais um desafio, compreender aquilo que a teologia 
cristã tem produzido acerca da doutrina de Deus e de Cristo ao longo dos 
séculos. A existência de um Deus teísta é o fundamento da Teologia cristã. Se 
Deus não existe, a Teologia logicamente desmorona. Tentar construir uma 
teologia sistemática sem o fundamento do Teísmo tradicional é o mesmo que 
querer levantar uma casa sem uma estrutura. 
 
A crença na existência de Deus é o pressuposto metafísico da Teologia 
cristã. Ele é fundamental para todo o restante do desenvolvimento do nosso 
pensamento, sem isso nada mais tem significado. Não faz sentido falar da 
Bíblia como Palavra de Deus, se esse Deus não existe. Semelhantemente, não 
faz sentido falar de Cristo como o Filho de Deus, sem que haja um Deus que 
possa ter gerado um Filho. Da mesma forma, os milagres, como atos especiais 
de Deus, não são possíveis sem que exista um Deus capaz de realizar estes 
atos especiais. De fato, toda a Teologia cristã está baseada neste alicerce 
metafísico chamado Teísmo. 
 
Desejamos a você caro estudante muita motivação para levar avante 
este empreendimento recompensador. 
 
 
O autor! 
8 
 
Sobre o autor 
 
 
 
Antônio Gonçalves Sobreira é pós - graduado em 
Ciências da Educação e Psicopedagogia. Graduando 
em Filosofia pela Universidade Estadual Vale do 
Acaraú – UVA (2013). Possui Bacharelado em Teologia 
pelo Instituto Superior de Teologia Aplicada (2009). Seu 
primeiro Bacharelado em Teologia foi através do 
Seminário Latino Americano de Teologia (1997). 
Atualmente é professor do Instituto Superior de Teologia Aplicada. Tem 
experiência na área de Teologia, Antropologia e Filosofia com ênfase em 
Teologia Sistemática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
Ambientação 
 
Olá, sejam bem-vindos à disciplina! 
Segundo a Teologia cristã, conhecer a Deus é necessário para a 
salvação. Mas definimos Deus como um ser de natureza infinita e ilimitada. O 
homem por sua natureza é finito e limitado em sua capacidade racional. Aqui já 
percebemos uma dificuldade inicial. Como seria possível ao homem estudar e 
compreender a Deus? O conhecimento humano se dá na relação sujeito 
objeto. Mas Deus não é um objeto que possa ser captado por nossos sentidos, 
por nossa observação empírica. Então, como é possível conhecer a Deus? 
Para alguns filósofos isso é impossível. Para o próprio Emanuel Kant isso era 
impossível. Deus não era objeto de conhecimento humano. Se o único meio de 
conhecermos a Deus fosse por meio da razão e da observação empírica, 
poderíamos concordar com Kant. Porém, o teólogo cristão, aceita a premissa 
básica que Deus se revelou ao homem, e este agora é capaz de conhecer a 
Deus por meio da fé na revelação. 
 
Se o homem, contudo, não consegue subir até Deus; Ele em Sua 
incompreensível bondade e misericórdia toma a iniciativa e desce até onde o 
homem está. Dar-se a conhecer; manifesta-se. A esse conhecimento de si 
mesmo e de sua vontade que Deus em sua infinita bondade condescende a 
dar às suas criaturas, chamamos Revelação. 
 
 Existem duas classificações básicas de revelação. Por um lado, a 
revelação geral e a revelação particular. A primeira é a comunicação de Si 
mesmo que Deus dá a todas as pessoas em todas as épocas e em todos os 
lugares. Por outro lado, a segunda diz respeito à comunicação específica que 
Deus dá de Si mesmo a pessoas específicas, em tempos específicos e lugares 
específicos. Essa segunda forma, só se acha disponível hoje pela consulta a 
determinado escrito sagrado, a Bíblia. 
10 
 
Trocando ideias com os autores 
 
Esta obra é uma vasta fonte de informação bíblica e 
teologia histórica. Seu autor, como influente formador 
de teólogos nos E.U.A., estabelece uma abordagem de 
referência para a fé cristã. Aborda questões 
fundamentais da fé cristã com o objetivo de expor a 
centralidade de Cristo e das Escrituras na revelação do 
propósito divino para a criação e para a vida humana 
diante do processo acelerado de secularização em 
nossos dias. 
STRONG Augustus H. Teologia sistemática de Strong. São Paulo: Hagnos: 
2008. 
 
 
Esta bela reflexão filosófico-teológica de um jesuíta 
americano, professor em Washington, coloca o 
problema, ou melhor, o mistério de Deus, como o 
explica a conclusão de forma simples, profunda, 
verdadeira e direta, numa linguagem que está em 
continuidade com as formas atuais de pensar e vem ao 
encontro das aspirações de nosso coração, aberto para 
a transcendência. A grande significação deste livro, um 
ensaio sobre o que é Deus, reside no fato de colocar de maneira simples e 
surpreendentemente clara, o horizonte de toda a religião, que é de natureza 
metafísica para o ser humano, além das realidades físicas em que se 
desenrola a vida no tempo e no espaço. 
 
HAUGHIT, John F.; PARO, Marisa do Nascimento; SANTOS, Jonas Pereira 
Dos (Trad.). O que é Deus: como pensar o divino. São Paulo: Paulinas, 
2004. 
11 
 
Guia de Estudo: Após a leitura das obras, realize uma comparação entre as 
ideias dos autores, em seguida faça uma resenha sobre o que mais lhe 
chamou atenção. Não se esqueça de disponibilizar seus comentários e 
descobertas no ambiente virtual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
CONCEITO, EXISTÊNCIA E 
CONHECIMENTO DE DEUS 
1 
 
CONHECIMENTO 
 
Conhecer os aspectos relevantes da doutrina de Deus com destaque ao 
conceito, existência e conhecimento de Deus. 
 
HABILIDADE 
 
Interpretar textos sobre o tema bem como saber fazer exposição escrita, 
pública em eventos, palestras, seminários em ambiente acadêmicos acerca do 
tema. 
 
ATITUDE 
 
Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva crítica acerca do objeto 
estudado e incorporá-la na sua práxis. 
13 
 
O Conceito de Deus 
 
Estudar Teologia nada mais é do que estudar o Ser supremo, a causa 
universal para a existência do mundo, é estudar Deus e suas obras. Mas 
podemos nos questionar. 
 
 Mas Deus é um ser pessoal ou apenas uma força cósmica capaz de 
organizar e por em funcionamento o universo? Esse Deus tem nome? Pode ser 
conhecido? Podemos conceitua-lo? 
 
 A Teologia estuda Deus por meio da Revelação e utiliza a razão e os 
pressupostos da fé. Teologia embora se utilize da razão, ela é diferente da 
Filosofia, que por meio do método especulativo procura conhecer o mundo 
exclusivamente por meio da razão. Teologia também é diferente das Ciências 
da Religião. Esta estuda o fenômeno religioso em suas múltiplas faces. 
Algumas ciências auxiliam como a Psicologia, História, Filosofia, Sociologia, 
todas aplicadas ao estudo dofenômeno religioso. Mas isso é ciência da 
Religião não Teologia. Teologia não é o mesmo que o estudo das religiões. A 
religião é o meio pelo qual o homem expressa seu relacionamento com a 
divindade. 
 
Desde o surgimento das primeiras culturas e civilizações a religião 
esteve presente. Também a partir do momento que o ser humano passou a 
existir na terra existe o registro de formas de culto e adoração aos deuses. Se 
a primeira forma de adoração era politeísta (crença em vários deuses) ou 
monoteísta (crença em um só Deus) tema que não iremos aprofundar aqui. 
Mas se você aceita o relato do Gênese como verdadeiro, obviamente aceitará 
que a primeira forma de religião era monoteísta. Nesse texto partimos da 
perspectiva cristã, que pressupõe a existência de um único Deus, embora 
Trino. Segundo a concepção judaico-cristã só existe um único Deus verdadeiro, 
Criador do Universo. Foi Ele quem fez os homens conforme Sua imagem e 
14 
 
semelhança. Os deuses falsos não são deuses na realidade, mas caricaturas, 
arremedos e imitações grosseiras da Divindade. Na melhor das hipóteses, 
alucinações da mente humana pervertida pelo pecado, em seu anseio de criar 
um deus conforme à imagem e semelhança humana. O Deus verdadeiro é o 
Criador; os deuses falsos, criatura do engenho humano. O Deus verdadeiro fez 
o homem; os deuses falsos foram feitos pelo homem. 
 
Para aprofundar o assunto sobre monoteísta leia à obra “Fator Melquisedeque”, 
de Don Richardson, Editora Vida Nova, 2008. 
 
 
Mas como definir Deus? Existem muitas definições, mas parece não 
haver uma que possa sintetizar tudo aquilo que Deus é. É atribuído a Deus a 
característica da perfeição, infinitude, fonte originária de todas as coisas, um 
espírito, pois não se admite que Deus seja material. Ele preserva o universo na 
sua ordem impedindo que se transforme em um caos, e todas as coisas 
existem em dependência dele, ou seja, tudo tem em Deus a sua finalidade. 
Também se atribui a Deus os qualitativos de eterno e imutável, bondade e 
santidade. Ele é sábio e todo poderoso. Na sua sabedoria inclui a onisciência, 
Ele tudo sabe. Ele é santo, e absoluto. 
 
Definições Bíblicas 
 
A própria Escritura nos fornece esses atributos. Podemos ler em Joao 
4:24 que “Deus é espírito”. Por isso podemos deduzir que ele não é um ser 
material. A matéria está sujeito a transformações, a mudanças, a corrupção e 
destruição. Então pela lógica, Deus um ser eterno e absoluto, sendo essência 
pura não poderia sofrer as mudanças que ocorrem com a matéria. 
Coerentemente a Bíblia diz que Deus é espírito, ou seja, um ser não material. 
Quando a Bíblia diz que Deus é espírito está falando da sua essência. 
15 
 
Essência é aquilo que por definição não sofre alteração no ser. A própria 
matéria é uma criação de Deus. 
 
A Bíblia diz que Deus é amor. O amor é um atributo ou qualidade que 
só quem possui é um ser que tem personalidade. (I João 4:7). Assim o amor é 
um atributo divino que expressa a sua Personalidade. é expressão de Sua 
personalidade. (I Tim.6:16). 
 
 “A derivação da palavra portuguesa é do latim Deo, Dii. Quanto ao 
conceito cristão sobre Deus, a Bíblia é nossa única fonte de informação. Em 
suas páginas encontramos a autorevelação de Deus.” (DOUGLAS, 2006). 
 
O Mistério de Deus 
 
Quando afirmamos que a Teologia escolhe Deus como objeto de estudo, 
temos a impressão que Deus é totalmente cognoscível (que pode ser 
conhecido), assim como o mundo. 
 
Seria isso verdade? Podemos conhecer a Deus da forma que 
conhecemos o mundo? 
 
Pensando em Deus como o Ser Supremo percebemos que a própria 
Filosofia desenvolveu um conhecimento nesse campo, a metafísica e a 
teodiceia. Assim percebemos que existe algum conhecimento de Deus obtido 
por meio da razão, independente da Revelação Especial. No entanto, esse 
conhecimento não é completo. 
 
 Nem todo conhecimento de Deus provêm da Revelação. A razão por si 
só é capaz de conhecer algo sobre Deus. O conhecimento obtido por meio da 
16 
 
Revelação nos vem através da fé. Para o conhecimento obtido por meio da fé 
não se pode apresentar provas. Pois se existe provas já não depende mais da 
fé. Pois por definição fé é a certeza de coisas que não se vê. Das quais não se 
pode ter uma prova empírica por assim dizer. Foge completamente de uma 
averiguação racional, cientifica. 
 
 Mas por meio da Revelação Deus se revelou completamente? Devemos 
saber tudo acerca de Deus? Claro que não. Embora Deus tenha se revelado 
ainda permanece um mistério. 
 
A própria razão propõe Deus como a explicação última para a 
existência do universo, da existência humana e da moral. Conceito de 
verdade, justiça e amor ficaria sem sentido se Deus não existisse. 
 
Pela lógica a causa deve ser superior ao efeito. Assim, pela lógica, 
Deus deve ser superior a tudo que conhecemos. Sendo superior à própria 
razão humana, Deus se constitui um mistério. Ainda assim, por meio da razão 
e da fé podemos concluir que Deus deve existir. Por meio da razão podemos 
entender que ele é eterno, imutável, absoluto, causa primeira, enfim, aqueles 
qualitativos que os filósofos gregos chegaram ao refletir sobre o Ser. Mas 
através do meio da revelação podemos conhecer seus atributos pessoais e 
concluir que Deus não é apenas uma pura inteligência lógica, uma inteligência 
universal parecido com um grande computador, uma máquina. Não, Deus se 
revela na Bíblia como um ser pessoal. 
 
A razão faz por analogia um exercício e atribui alguns qualificativos 
humanos a Deus levando a máxima potência. Se o homem é finito Deus deve 
ser infinito. Se o conhecimento do homem é limitado, Deus deve ser ilimitado, 
onisciente. É um conhecimento por analogia, a essência de Deus permanece 
um mistério. 
 
17 
 
O homem possui uma ideia genérica de Deus, essa “ideia” é um 
“símbolo” que as mais diversas culturas utilizam para denominar a “realidade 
última”. Mas, especificamente, a mente humana não é capaz de captar Deus 
em sua essência última. Se Deus pudesse ser conhecido por nossa razão, Ele 
seria apenas mais um objeto entre outros do mundo. 
 
Deus nas Religiões Mundiais 
 
Para o monoteísmo, Deus é distinto da matéria, é um ser imaterial. Ele 
criou todas as coisas por meio do seu poder e sabedoria. Ele é supremo, não 
há nada maior do que ele. As religiões politeístas também possui a ideia de 
que Deus é eterno, e supremo. Embora nem todas as religiões o considerem o 
criador da matéria. Pois para algumas formas de religião a matéria é eterna. 
Mas para o monoteísmo Deus é o criador da matéria. Os atributos divinos 
refletem sua perfeição e são: eternidade, infinitude, imutabilidade, bondade e 
poder. 
 
Ao conceito de Deus estão agregados dois termos que refletem duas 
formas de Deus existir, ou de se manifestar da divindade. Para algumas 
religiões Deus é um ser transcendente, que quer dizer que ele esta acima do 
mundo material. O outro conceito é imanente, que quer dizer que ele está 
presente em todo universo. No monoteísmo Deus é um só. No politeísmo, 
existem vários deuses, embora reconheça uma divindade maior, outras 
também existem e exercem influências em várias esferas do universo. 
 
A religião monoteísta mais antiga conhecida é o Judaísmo. Para o 
judaísmo, o homem é uma criação de Deus, e foi feito parecido com Deus, feito 
à “imagem e semelhança” dele. O judaísmo possui uma compreensão 
antropomórfica de Deus. Ou seja, Deus possui características muito parecidas 
com o homem. Ele tem sentimento, ama, sente ira, às vezes se arrepende, 
parece possuir as mesmas emoções humanas. Deus é retratado como um Rei, 
18 
 
um Juiz, um esposo, um pastor. Ele tem face, tem braço, mão, tem um corpo, 
senta-se no trono, usa roupas, etc. Mas Deus não tem esposa, uma deusa que 
possa gerar filhos deuses menores, como ocorre na mitologia grega. 
 
O cristianismo é herdeirode muitas concepções judaicas. Ele aceitou a 
Escritura Hebraica como palavra de Deus, é o seu Velho Testamento. Porém 
surge uma novidade, Jesus Cristo é reconhecido como o Filho de Deus. E aqui 
surge um mistério e um dogma e ao mesmo tempo uma tensão com a tradição 
monoteísta do judaísmo. No judaísmo havia a compreensão de que Deus era 
uma única “pessoa”, Jeová. No Novo Testamento Jesus foi primeiramente 
aceito como Filho de Deus, gerado no ventre de uma mulher por obra do 
Espírito Divino. Aos poucos Jesus foi sendo reconhecido como um ser divino, 
tal qual o Pai. Após muita reflexão a Igreja chegou ao dogma da Trindade. Com 
a encarnação na forma do Filho de Deus se tornou imanente. Ou seja, ele 
entrou no mundo e se tornou um ser também material assumindo a forma 
material. Isso era um escanda-lo para os gregos, pois estes atribuíam a matéria 
um valor muito negativo. O mal residia na material. Alguns grupos achavam 
que a matéria fora criada indevidamente, por erro dos deuses caídos. 
 
Mas, na doutrina da encarnação não diz que o Pai encarnou. Ele 
permanece espírito Puro. Quem encarnou foi o Filho. Assim permanece o 
mistério. Deus é transcendente, mas ao mesmo tempo, por meio do Filho ele 
torna-se imanente, ou seja, se faz presente no mundo. 
 
No Islamismo Deus é Alá, é um ser pessoal, único e transcendente. 
Nenhuma representação é permitida, constituindo um sacrilégio qualquer casa 
do tipo. A principal crença islâmica é a proclamação “Não há outro Deus senão 
Alá, e Maomé, seu único profeta”. 
 
Para o Hinduísmo, o Ser supremo é Brahma, realidade única, eterna e 
absoluta. Dele emana uma multidão de deuses, todas as manifestações de 
19 
 
Brahma; Os três deuses principais, são responsáveis pela criação, preservação 
e destruição, unem-se em Trimurti, ou os três poderes. Alguns fazem uma 
alusão a Trindade, como se a Trindade tivesse origem pagã e fosse uma cópia 
ou imitação do que ocorre no hinduísmo. Mas se bem analisado não tem nada 
a ver. A concepção cristã acerca de Deus é completamente diferente. Trindade 
é diferente de triteísmo (doutrina que sustenta que em Deus não há só três 
pessoas, mas três essências, três deuses) e de politeísmo. 
 
No Budismo a concepção de Deus é totalmente diferente dos demais já 
mencionados. Esta realidade sagrada não é um ser pessoal, mais certa ordem 
cósmica impessoal. Por esta razão alguns autores falam do Budismo como a 
religião sem Deus. No Budismo mahayana da China e do Japão, o próprio 
Buda foi transformado em ser divino. O politeísmo se desenvolveu no Egito, 
Mesopotâmia, Grécia e Roma, a partir da crença em várias forças espirituais: o 
animismo. 
 
Tradição metafísica 
 
 A cultura ocidental foi marcadamente influenciada pela cultura grega. 
Assim, também o conceito de Deus sofreu esta influência da filosofia grega. Os 
gregos foram os primeiros povos a buscar repostas para as questões últimas 
sem necessariamente apelar para uma explicação religiosa, mas puramente 
racional. 
 
Como explicar a ordem presente no universo? Por que ele se mantem 
organizado e não entra em caos? O que explica a sua unidade? Tudo parece 
fluir, mas o que permanece sem ser modificado da realidade? 
 
20 
 
Os gregos tiveram uma intuição fundamental, o mundo material é 
fluido, passa por mutações, mudanças, mas existe algo que permanece, uma 
unidade básica, estável e atemporal, mas presente no próprio mundo. 
 
Inicialmente pensaram que toda a unidade da realidade dependia de 
uma substância essencial presente em todas as coisas. Que tudo estava 
integrado por meio dessa substância é ela que explica o imutável, aquilo que 
permanece em meio às mudanças. Eles chamavam esse principio ou 
substância primordial de arché (pronuncia-se arqué). 
 
Posteriormente a esse momento Parmênides e Heráclito explicaram 
que a unidade do mundo não reside no próprio mundo, mas numa instância 
suprema que, sem ser material e sensível, consiste em ordem e unidade. 
 
 O Ser, segundo Parmênides, e o logos, segundo Heráclito, não são 
algo pertencente ao mundo sensível, mas algo de natureza puramente 
intelectual, apreendidas unicamente pelo pensamento, não captado pelos 
sentidos. Assim, o que se vê é explicado pelo que não se vê. Essas 
formulações chamadas de metafísica chegaram ao auge da sua formulação 
com Platão e Aristóteles. Como vimos à ideia se confunde com a mais alta 
forma de intuição intelectual. Ele é o principio que explica a existência de todas 
as coisas. 
 
Argumentos da Existência de Deus 
 
Para conhecermos o universo é necessário que saibamos qual a sua 
essência ou como se configura. A questão da existência de Deus se torna um 
assunto fundamental, porque dela dependem a existência da ordem cósmica, 
bem como a possibilidade de seu conhecimento. As ideias de Deus e do cosmo 
21 
 
estão bastante implicadas. Por esta razão os argumentos da existência de 
Deus estão relacionados com o cosmo. 
 
Argumento cosmológico - A mente humana busca a origem de todos 
os fenômenos, não é diferente com o universo. Qual a origem do universo e 
que força o trouxe a existência? 
 
As melhores teorias cientificam sobre o universo, diz que ele teve 
origem, diferente do que falavam os antigos filósofos gregos que imaginavam 
que o universo fosse eterno. 
 
O universo não apresenta a explicação para sua própria origem. 
Portanto a explicação só pode vir para fora dele, numa causa primeira. Platão 
foi o primeiro filósofo a fazer essa elaboração argumentativa. Seu ponto de 
partida é o movimento. Que pode se resumir em dois tipos: movimento 
espontâneo e movimento comunicado. 
 
A matéria sendo inerte só pode entrar em movimento por meio de uma 
força exterior. Platão acreditava que o homem era a alma, a fonte do 
movimento do corpo. Por analogia, o mesmo se daria com o universo, o 
movimento do universo seria explicado pela alma do mundo. Como é o 
movimento do cosmo? Eles são ordenados e racionais, assim, Platão concluía 
que alma do mundo é racional e boa. 
 
Resumindo, tudo que passa a existir tem uma causa. O universo 
passou a existir. Logo, existe uma causa para o universo. Essa causa é 
sobrenatural, porque a natureza ainda não existia. Essa causa sobrenatural as 
religiões chama de Deus. 
 
22 
 
Argumento teleológico - Este argumento chama atenção para a 
finalidade presente no mundo sensível irracional. Telos é finalidade. Toda a 
ação humana persegue sua finalidade. Para tudo existe um fim, um propósito, 
um objetivo. A finalidade das ações denotam sempre uma inteligência ou 
consciência teleológica. O homem age com finalidade porque possui 
inteligência. Mas como explicar a teleologia encontrada na natureza? 
 
Se a natureza também persegue uma finalidade, então deve ser 
movido por uma consciência superior a esta que a faz concorrer para uma 
finalidade. Existe uma mente superior que orienta nos níveis inconscientes da 
realidade. Esse argumento se encontra em Santo Tomás de Aquino e em 
reformulações posteriores, das quais as mais influentes são as de Alfred North 
Whitehead e Teilhard de Chardin. 
 
Argumento ontológico - O argumento ontológico fundamenta-se num 
viés idealista, de origem platônica. Para Platão o mundo real, é o mundo das 
ideias, do inteligível. Esta é a verdadeira realidade. O mundo sensível é uma 
mera cópia ou aparência. E este tipo de pensamento tem sido uma das 
principais vertentes a prevalecer no ocidente. 
 
Para esse argumento “aquilo que é necessário do ponto de vista lógico 
é também necessário do ponto de vista ontológico”, ou seja, tudo o que é 
“impossibilidade lógica é também impossível no real”. O real é inteligível porque 
sua própria essência é racional. 
 
Quem primeiro elaborou esse argumento foi Anselmo, na obra 
Proslogium (Premissa). Deus, como uma ideia, existe na mente de todos. Até 
daqueles que o negam. Pois só conseguem negá-lo porque antespossui uma 
ideia dele. 
 
23 
 
Mas o argumento não consiste apenas em afirmar que Deus existe 
apenas como uma ideia na mente das pessoas. Não, não é isso. Deus é o 
pensamento mais alto que o homem pode pensar. Nada maior pode ser 
pensado. Tal ideia não pode existir apenas no pensamento, pois lhe faltaria 
uma perfeição, a qualidade da existência. Se Deus não existisse, então 
haveria algo superior a ele, que além de existir no pensamento, também 
existiria de fato. Assim, Anselmo conclui que o mais alto pensamento possível 
não pode existir apenas na mente, mas que teria existência. Logo Deus existe. 
 
Tradição hebraica - Quem é Deus para a tradição hebraica? A 
concepção hebraica de Deus é completamente diferente da concepção grega. 
Ambas as correntes influenciaram o conceito de deus forjado na cultura 
ocidental. Os gregos buscavam os fundamentos do ser, queriam encontrar o 
logos explicativo do mundo. Já a mentalidade hebraica, diferente da 
mentalidade especulativa e intelectual dos gregos, foi forjada por meio da 
experiência com um acontecimento político e religioso do êxodo do cativeiro 
egípcio. Essa experiência determinou as categorias da razão correspondente 
ao povo judeu. 
 
A experiência do êxodo marcou profundamente a mentalidade judaica. 
O povo vivia numa situação de escravidão de cativeiro, e o êxodo trouxe a 
experiência da liberdade. Foi uma experiência ética e política. Por esta razão o 
nome de Deus está sempre relacionado com esta experiência. Deus para os 
judeus é Aquele que os libertou, enquanto eram escravos, do cativeiro. Os 
transformou em uma nação, com identidade, e com um destino. 
 
Assim, o Deus de Israel é o Deus do êxodo. Não há aqui uma 
preocupação intelectual, especulativa, não há definições de Deus como 
principio inteligibilidade do real, atemporal e imutável, ou explicação última do 
real. Não há a preocupação de explicar ou justificar racionalmente a existência 
de Deus. Deus é um ser que constituído por uma vontade soberana adentra a 
história liberta o seu povo que ele elegeu. A crise propicia a intervenção divina 
24 
 
na história, dissolvendo o presente marcado pelo cativeiro, e descortina o 
futuro em liberdade. Eles tiveram chance a uma vida nova porque Deus assim 
permitiu. O êxodo fornece a lógica hebraica para sua compreensão de história 
e seu significado, e para estrutura categorial de pensamento. 
 
Tradição científico-tecnológica (época moderna) - A modernidade 
se constitui com uma mudança de paradigma para o homem e a sua forma de 
ver o mundo. Antes prevalecera uma forma idealizada de explicar o real, essa 
perspectiva dá lugar a outra, caracterizada por uma preocupação prática de 
dominar a natureza. Não há mais a preocupação em conhecer as essências, 
mas manipular a matéria. Conhecer é saber como certos fenômenos se dão, as 
teorias são válidas a partir da sua capacidade de prever o comportamento da 
matéria. O verdadeiro se identifica com o prático. 
 
Isso teve influencia na forma de se conceber a ideia de Deus. Num 
mundo que valoriza o prático, tornou-se forçoso eliminar Deus um ser não 
passível de mensurado. Assim Deus deixou de ter a função explicativa que 
tinha no mundo grego e no mundo medieval. A lógica das ciências já não 
permitia a existência de Deus como lógica explicativa para seus postulados. À 
medida que as ciências avançavam Deus foi ficando cada vez mais distante da 
realidade. 
 
Outra corrente filosófica desenvolvida na modernidade é o empirismo. 
O empirismo considera como válido somente o conhecimento que se se origina 
nas sensações. O critério de verdade é que haja uma correspondência a um 
objeto sensível. Dessa forma, todas as ideias que não possuem uma 
correspondência na sensibilidade não é um conhecimento válido, são uma 
ilusão. Como para a ideia de Deus não existe nenhum objeto sensível, Deus 
tornasse uma forma de consciência falsa. Antes Deus era uma necessidade 
lógica, e uma necessidade lógica também era necessária ontologicamente. Ou 
seja, Se Deus é necessário como uma ideia explicativa do real, idealmente, ele 
adquiria automaticamente existência real, Na modernidade essa lógica mudou. 
25 
 
A necessidade lógica passou a ser considerada como simples processo 
psicológico de associação de ideias. A razão perdeu seu significado metafísico. 
 
A mente já não podia ir além dos limites da experiência sensível e assim 
a linguagem acerca de Deus se proibida. E para os positivistas o conceito de 
Deus nem é verdadeiro nem é falso, é sem significação porque não se refere a 
objeto sensível da experiência. O que está para além da experiência não pode 
ter significado dentro do circulo por ela limitado. 
 
Em suma, a tradição científico-tecnológica eliminou Deus como objeto de 
conhecimento. A ciência moderna não tem condições de afirmar ou negar a 
existência de Deus. Deus foi eliminado como hipótese explicativa do mundo. 
 
Teologia como Antropologia - O ideal de objetividade e a 
compreensão da mente como simples cópia do real vem sendo abalado no 
período contemporâneo. Para a psicanálise, o vasto campo das 
representações simbólicas inconscientes não pode ser compreendido segundo 
a lógica empirista que confere verdade aos símbolos em função de sua 
correspondência a conteúdos sensíveis objetivos: os sonhos não podem ser 
interpretados segundo essa lógica, porque os símbolos, ao contrário dos signos 
que simplesmente apontam para certos objetos da experiência consciente, são 
maneiras pelas quais o homem representa para si mesmo as relações vividas 
de forma inconsciente com o mundo. 
 
A partir de Kierkegaard, o existencialismo muito contribuiu para mostrar 
que a consciência, longe de ser algo semelhante a uma câmara fotográfica que 
copia "o que" lhe é dado, revela também o "como" de sua relação existencial 
com a realidade. Mesmo para a ciência, a maneira de ver objetivamente é 
condicionada pelas atitudes valorativas que se encontram no próprio início da 
vida consciente. O homem, assim, não pode ver o mundo de forma 
26 
 
desinteressada; sua visão é determinada por sua vida mental, que gira em 
torno de uma matriz emocional. 
 
Essa mudança de perspectiva tornou possível a recuperação do 
símbolo Deus como algo carregado de significação. Não mais como signo que 
aponta para um objeto que transcende a experiência, passou-se a ver nele um 
símbolo cujo conteúdo é a própria condição do homem. O estudo do significado 
de Deus em nada difere da interpretação dos sonhos. Como sugeriu Feuerbach 
em Das Wesen des Christentums em seu livro A essência do cristianismo, 
1841, Deus é o diário secreto em que o homem coloca suas mais altas ideias 
sobre si mesmo. O segredo da Teologia é a Antropologia, porque Teologia é 
uma forma simbólica, projetada, pela qual o homem fala sobre si mesmo. 
 
Friedrich Schleiermacher já havia chegado a uma conclusão 
semelhante em Der christliche Glaube (1821-1822; A fé cristã), ao afirmar que 
o símbolo Deus não se refere a um objeto, mas antes a uma forma de 
sentimento: "Estar em relação com Deus é o mesmo que a consciência de 
absoluta dependência." O mesmo critério antropológico é ainda encontrado em, 
quando identifica Deus com a preocupação última do homem, e em Rudolph 
Bultmann, quando afirma que cada afirmação sobre Deus é, ao mesmo tempo, 
uma afirmação a respeito do homem e vice-versa. 
 
Esse critério, no entanto, implica total subjetivismo. Como Rudolf Otto 
observa em sua fenomenologia do divino, em Das Heilige (1917; O sacro), a 
consciência tem sempre um ponto objetivo de referência. A consciência não 
existe em si, mas é sempre uma forma de relação: "consciência de". A 
consciência de Deus, portanto, se é essencialmente um fato antropológico, não 
pode confundir-se com uma produção ou ilusão da consciência. Deus é o nome 
de uma relação realmente vivida. 
 
27 
 
Morte de Deus - A proclamaçãonietzschiana da morte de Deus deve 
ser entendida dentro do quadro acima descrito. Ela nada tem a ver com o 
empirismo e o positivismo, próprios da mentalidade científico-tecnológica. 
Significa dizer que Deus está morto? Nietzsche percebeu que, para a 
civilização ocidental, Deus era um nome que simbolizava valores que não mais 
representavam as relações vividas entre o homem e seu mundo. Deus era uma 
forma taquigráfica de referir à negação da história, da liberdade, do futuro e da 
própria vida. Sua proclamação da morte de Deus tem por objetivo indicar a 
decadência cultural de uma civilização que adotou valores contrários à vida e 
os batizou com o nome de Deus. A morte de Deus é sua forma de se referir à 
agonia da civilização ocidental. Em Nietzsche essa proclamação ganha caráter 
ético, pois, a menos que Deus morra, o homem não terá condições para 
reconstruir a civilização sobre novas bases. 
 
A chamada Teologia da morte de Deus, em voga na década 1950-
1960, não tem a profundidade da proclamação de Nietzsche; reflete, em larga 
medida, as influências do positivismo lógico, do empirismo, da ideologia da 
secularização e do cientificismo. 
 
Ressurgimento da metafísica - Surgiu mais recentemente uma nova 
concepção acerca de Deus no Ocidente e se inspira em concepções de origem 
hindu. Isso foi viabilizado pelo estudo das religiões comparados e do 
simbolismo religioso e exotérico presente em todas as civilizações. Essa nova 
escola é chamada por muitos de tradicionalista. Os seus representantes mais 
destacados são: Ananda K. Coomaraswamy, Seyyed Hossein Nasr, René 
Guénon, Frithjof Schuon, Titus Burckhardt, , Martin Lings e Leo Schaya. 
 
Eles procuram mostrar que por trás da multiplicidade de símbolos das 
varias religiões encontra-se a unidade metafísica das várias religiões e 
tradições espirituais, do Hinduísmo ao Islã, do Taoísmo à religião dos índios 
sioux, e identificam a ideia de Deus com a Possibilidade Universal, que, como 
fundamento do conceito de probabilidade, é indispensável mesmo a uma 
28 
 
explicação científica da realidade. Eles rejeitam assim, as limitações criadas 
pelo empirismo, bem como a Teologia sentimental e Antropológica. Rejeitam a 
psicanálise e ao nietzscheísmo, como crise psicológica de uma civilização que 
perdeu o senso da unidade do real. 
 
 A existência de Deus 
 
Para algumas pessoas Deus é fruto da imaginação, produto de 
superstição e crenças. Um Deus que é capaz de destruir pessoas num dilúvio e 
infligir sofrimento por meio de pragas é um mito. Outros procuram 
simplesmente ignorar a sua existência achando pouco relevante até mesmo 
por que aqueles que professam segui-lo não dão mostra de compromisso ético 
digno da profissão de fé que ostentam. 
 
Também há os ateus que declaradamente dizem que deus não existe. 
(Sal. 14:1; Isa. 45:9-12; II Ped. 3:5). Apontam o sofrimento humano como 
justificativa para a não existência de Deus, pois não podem conciliar a 
existência de um Deus absolutamente bom com a existência do sofrimento. 
 
A Bíblia reconhece automaticamente a existência Deus. É uma verdade 
certa, é autoevidente, ela pressupõe Deus como o SER que é, e em momento 
algum ela questiona ou duvida da sua existência, da mesma forma que não se 
esforça para prová-la com argumentos racionais. Para os autores da Bíblia 
Deus era uma verdade inquestionável. Para os escritores bíblicos a existência 
de Deus era realidade inquestionável, acima de toda contestação. "No princípio 
Deus..." (Gênesis 1:1). 
 
 
 
29 
 
 Cinco evidências de que Deus Existe 
 
Com o surgimento da Teologia, a razão filosófica passou a se fazer 
presente nos estudos da Igreja. Esta através de seus teólogos elaborou o que 
ficou conhecido como as provas da existência de Deus. Aqui chamaremos de 
evidências, porque o termo provar poderia ser compreendido dentro da 
concepção científica. E não podemos provar Deus cientificamente, mas 
podemos dar demonstrações por meio de evidências. Apresentaremos cinco 
evidências racionais da existência de Deus: 
 
 A Criação Inanimada Atesta a Existência de Deus (Sal. 19:1-2) 
 
A criação inanimada se refere à matéria, ao universo. Se Deus não 
existe o universo teria surgido por acaso. Mas é tão improvável que isso tenha 
acontecido como é improvável que livros se formem sozinhos pelas leis da 
soletração e da gramática. Não acreditamos que coisas complexas surjam por 
acaso. Ninguém acreditaria que uma linda estátua ou um edifício teriam surgido 
por acaso. Por trás de todas essas estruturas existe uma inteligência que as 
produziu. Por meio dessa lógica o escritor bíblico afirmou: "Mas quem edificou 
todas as coisas é Deus". Hebreus 3:4. Com um pouco de bom senso, todos 
poderão chegar a conclusão do escritor de Hebreus. A existência do Criador é 
uma necessidade. Para o princípio da causalidade, um princípio racional, o do 
fenômeno tem uma causa. Uma causa primeira é uma verdade incontestável. 
O grande físico do século XX, Albert Einstein, disse: “Para mim basta meditar 
na maravilhosa estrutura do universo a nós vagamente perceptível, e tentar 
compreender humildemente nem que seja uma infinitésima parte da 
inteligência manifesta na natureza." (SILVA, 2012). 
 
Richard Dawkins, autor do livro “Deus um delírio”, não entendendo o 
princípio da causalidade pergunta: e quem criou Deus? Deus também precisa 
de uma causa. O princípio da causalidade diz que “tudo que teve origem deve 
30 
 
ter tido uma causa”. Não diz que tudo que existe precisa de uma causa. Essa 
questão não se aplica para Deus porque ele por definição é eterno, e um ser 
eterno não precisa de causa. 
 
A Criação Animada Atesta a Existência de Deus (Rom. 1:20) 
 
Existe um padrão biológico encontrado nas diversas espécies vivas. 
Elas apresentam graus diferentes de complexidade, mas o padrão geral é o 
mesmo. Isso é uma evidência que todos os seres vivos foram projetados por 
um mesmo projetista, um designer. A primeira lei da Biologia hoje provada é 
que a vida só provem de outra vida existente. É uma lei da biogênese. Dessa 
forma torna-se forçoso admitir que a primeira célula vida não possa ter surgido 
da matéria inorgânica. Deve ter havido um criador. Não há mínima evidência 
que a vida tenha surgido da matéria inanimada. O argumento teísta é muito 
forte e melhor que o ateísmo. Aliás o ateísmo não tem sequer um bom 
argumento para a não existência de Deus. Deus é a fonte de vida e ele criou a 
vida no planeta. "Nele nos movemos, vivemos e existimos." Atos 17:28. Toda 
a vida no planeta depende dele até mesmo a mais rudimentar. Não há outra 
maneira de se explicar a vida no planeta. 
 
A Consciência moral Atesta a Existência de Deus 
 
Existe na consciência humana o senso do dever, do certo e do errado. 
Esse senso moral capacita o homem de julgar, de aprovar ou reprovar as 
ações numa base moral. Diz Paulo: "Os gentios, que não tem lei, fazem por 
natureza as coisas da lei, eles embora não tendo lei, para si mesmos são lei. 
Pois mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a 
sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-
os." Romanos 2:14,15. Assim o censo moral não foi algo implantado ou 
desenvolvido por uma cultura A ou B. o dos os povos, de sociedade primitivas 
ou complexas revelam princípios morais em sua consciência individual e 
31 
 
coletiva. É claro que essa consciência pode apresentar diferentes níveis de 
discernimento e pureza, em virtude da ação do pecado na natureza humana. 
Ao se afastarem de Deus o ser humano se embrutece e sua consciência se 
cauteriza. (1 Tim. 4:2; Tito 1:15), sendo-lhe necessário ser restaurada pela 
graça de Deus. (Heb. 9:14; 10:2-10,22). Mas por mais embrutecido que se 
torne sua consciência, todos os homens ainda demonstram a presença e os 
vestígios de uma consciência que precisa separar o certo doerrado. Immanuel 
Kant declarou: "há dentro de nosso interior a lei moral". "Há entre os gentios, 
almas que servem a Deus ignorantemente, a quem a luz nunca foi levada por 
instrumentos humanos… Conquanto da lei escrita de Deus, ouviram sua voz a 
falar-lhes por meio da natureza, e fizeram aquilo que a lei requeria." A presença 
da lei moral implantada da consciência humana é um fato incontestável. E se 
há uma lei é porque existe um legislador. Esse legislador é Deus. Se Deus não 
existisse não existiriam absolutos orais, tudo seria relativo, mera opinião 
humana. Mas o mundo real não é assim, todos nos acreditamos em 
moralidade absoluta. Ninguém consideraria o estrupo de um bebê uma ação 
correta. Mas se Deus não existe, não há certo e errado, se cada um cria sua 
própria verdade, o estuprador poderia alegar que absolutos morais não existe, 
e ele estaria agindo de acordo com a sua verdade. 
 
 O Plano e a Ordem do Universo Atestam a Existência de Deus 
 
Existe um plano, uma ordem, um projeto presente no universo. Ele é 
inteligível, suas leis podem ser estudadas, do contrário a ciências não poderia 
avançar, nem mesmo existir, caso o universo não fosse organizado. O universo 
não é eterno, logo teve início. O universo necessita de uma causa. Somente 
um criador inteligente poderia ter criado o universo. Os ateus apelam para o 
acaso, por acaso todas as coisas surgiram praticamente do nada. Mas isso 
parece mais com um milagre, mas ateus não acreditam em milagres. 
 
O acaso não poderia criar o movimento dos planetas, dos astros em sua 
órbita, os sistemas solares e as galáxias. A relação que há entre eles é 
32 
 
perfeita, estão em completa harmonia; os 107 elementos químicos, diferentes, 
se combinam, de diversas formas e dão origem a todo tipo de matéria 
encontrada na natureza, isso certamente não é por acaso; não é por acidente 
que na fotossíntese, as plantas clorofiladas utilizam a luz solar, o dióxido de 
carbono, a água e os minerais para liberar oxigênio e produzir alimentos. Tudo 
isso demonstra que ordem natural não foi inventada pela mente humana. A 
existência da ordem na natureza pressupõe a existência de uma mente 
ordenadora de todas as coisas. Essa mente é Deus. 
 
 A Crença Universal na Existência de Deus Atesta Sua Existência 
 
Em todas as partes do mundo, entre todos os povos existe a ideia de 
Deus, de um SER superior, de uma força a qual todos devem submeter-se ou 
reconhecesse-la. É claro que existiram muitas ideias distorcidas acerca de 
Deus. Chegou-se a adorar a própria natureza como Deus, ou seres 
completamente mitológicos. O homem chegou a criar um deus a sua imagem e 
a sua semelhança, cruéis, violentos, polígamos etc. 
 
Você poderia se perguntar por terem criado ideias supersticiosas 
acerca de Deus isso invalida o fato da existência de Deus? 
 
Claro que não. Esse argumento não é válido pela seguinte razão. Na 
antiguidade os homens também desenvolveram ideias errôneas acerca do 
movimento dos astros. Mas isso prova que os astros não existam? Óbvio que 
não. O fato da humanidade já ter tido ideia errôneas sobre Deus não prova 
que Deus não exista. 
 
Esses foram alguns argumentos onde tentamos mostrar que a crença 
em Deus não é contra a razão. Não queremos nem pretendemos provar 
cientificamente a existência de Deus. Porque Deus não pode ser provado nem 
negado pela ciência. Existe uma ciência mais profunda. O método científico 
33 
 
não pode provar tudo. Mas julgamos que os melhores argumentos, os mais 
plausíveis são a favor do teísmo. 
 
O conhecimento de Deus 
 
A existência de tantas teorias e explicações afirmando ou negando a 
existência de Deus é uma prova que a capacidade humana é limitada para 
entender o absoluto, ou seja, Deus. Depender apenas da razão é se autolimitar 
diante de possibilidades maiores. O homem é um ser de razão, mas também 
com a capacidade de exercitar a fé. A fé é outro caminho que nos leva ao 
conhecimento de Deus. Mas esse conhecimento é sempre parcial. A 
sabedoria de Deus é em mistério (1 Cor. 2:7). No entanto, Deus pode ser 
conhecido. 
 
Deus é Incompreensível, mas Conhecível. 
 
A primeira vista poderá parecer contraditório: por um lado a igreja 
Cristã confessa que Deus é incompreensível e, de outro lado, que pode ser 
conhecido, e que conhecê-lo é um requisito absoluto para ser salvo (João 
17:3). Estas duas ideias podem ser encontradas em passagens como 
(Rom.11.7;) (Isaías. 40.18;) (João 17.3;) (1 João 5:20). Essas ideias sempre 
estiveram juntas. 
 
Afirmar que Deus pode ser conhecido, não significa que é possível 
conhecê-lo exaustivamente. Isso seria impossível. O homem não pode 
elaborar uma definição precisa de Deus, como define os objetos. Fica difícil 
para o finito definir o infinito. 
 
No entanto, o homem pode obter um conhecimento adequado a 
respeito de Deus para a realização do propósito divino na vida do homem, que 
34 
 
é a sua salvação. Esse conhecimento só é possível em decorrência da 
revelação. Deus se revelou a si mesmo a fim de que o homem pudesse 
conhecê-lo. 
 
A Negação de Nosso Conhecimento de Deus 
 
Algumas correntes teóricas negam a possibilidade de se conhecer a 
Deus. As faculdades cognitivas humanas possuem limitações, o conhecimento 
humano é limitado. O homem só pode conhecer aquilo que está dentro do 
circulo dos fenômenos naturais, não sendo possível atingir o suprassensível, 
aquilo que está para além do mundo sensível. 
 
Os que negam que Deus possa ser conhecido são os chamados 
Agnósticos, eles não afirmam, nem negam, apenas dizem que Deus não pode 
ser conhecido. São diferentes dos ateus que negam em absoluto a existência 
de Deus. Eles estão certos de uma coisa, não pode haver qualquer 
conhecimento verdadeiro a respeito dele. 
 
O Agnosticismo possui algumas similaridades com o deísmo, para os 
quais Deus é o Absoluto com o qual não podemos nos relacionar, não podendo 
conhecê-lo. Vejamos alguns nomes do agnosticismo: 
 
David Hume considerado o pai do Agnosticismo moderno. Não negava 
a existência de Deus, mas acreditava não ser possível conhecer seus atributos. 
Todas nossas ideias em relação a Ele são originarias no próprio homem, ou 
seja, projetamos em Deus nossas características. Não podemos ter certeza 
que tais atributos correspondam a realidade. 
 
Imanuel Kant, sua filosofia procurou estabelecer os limites do 
conhecimento. O que a razão pura pode conhecer? Apenas o fenômeno, como 
35 
 
a coisa se apresenta para o sujeito. A coisa em si (NOUMENO), ou seja, as 
essências não são passiveis de conhecimento. A razão só conhece os 
fenômenos. É preciso um objeto sensível, para que o entendimento com as 
suas categorias possam trabalhar e produzir o conhecimento. Como Deus não 
é um objeto captado pela sensibilidade, não pode ser conhecido. Isso 
certamente foi um estimulo ao agnosticismo. É impossível ter conhecimento de 
Deus. Ele estaria no mundo no mental e não no mundo dos fenômenos. 
 
Augusto Comte, para este o único conhecimento válido é aquele 
proveniente das ciências. É considerado o pai do positivismo, e foi agnóstico 
em termos religiosos. O homem só pode conhecer os fenômenos físicos e as 
suas leis. Os sentidos são a fonte do verdadeiro conhecimento, bem como os 
fenômenos entendidos pelos sentidos. Assim, não se pode falar sobre Deus ou 
da sua existência, pois não é possível conhecê-lo. 
 
Alguns Argumentos Agnósticos 
 
O homem conhece algo por analogia. Conhece apenas aquilo que 
possui uma relação analógica com a nossa experiência. 
 
Crítica - É verdade que conhecemos muita coisa por analogia, mas 
também aprendemos por contraste. Os Escolásticos falaram de “VIA 
NECATIONS” por meio da qual eliminavam do conceito de Deus as 
imperfeições da criatura. Se o homem foi feito a imagem e semelhança divina é 
natural que, por analogia, haja algumas semelhanças. 
 
ONosso Conhecimento de Deus provém da revelação 
 
Nas outras ciências os pesquisadores se debruçam sobre seu objeto 
pesquisado para daí extrair algum conhecimento. Na Teologia é diferente. O 
36 
 
método deve ser outro. O homem não deve se colocar sobre seu objeto, mas 
debaixo do seu objeto de estudo, ou seja, deve humildemente reconhecer sua 
limitação e reconhecer que depende do próprio Deus para conhecê-lo. O 
homem fica dependendo que Deus se revele na medida e proporção que ele 
desejar. O homem pode buscar o conhecimento, mas é Deus que concede a 
oportunidade de adquirir tal conhecimento. Sem a revelação o homem ficaria 
impossibilitado de conhecer a Deus. Nesse processo é necessário que o 
homem tenha fé, que acredite que Deus tenha se revelado. Sem fé é 
impossível agradar a Deus e impossível conhecê-lo. Somente Deus conhece a 
si mesmo. (1 Cor. 2:11). Mas Ele decidiu se revelar ao homem. Existe o 
conhecimento acerca de Deus, dado ao homem por meio da revelação. 
 
O Conhecimento Inato e Adquirido que Temos de Deus 
 
Embora todo conhecimento humano seja adquiro, por uma questão 
didática costuma-se fazer distinção entre conhecimento inato e adquirido. 
 
Conhecimento Inato – Dizer que o homem possui um conhecimento 
inato de Deus não significa que o homem já nasça com esse conhecimento. O 
conhecimento inato significa que em condições normais, em virtude da sua 
própria constituição, o homem, sob condições normais, irá desenvolver 
espontaneamente, por necessidade, independente da sua vontade, a crença na 
existência de Deus. 
 
Quando o homem nasce ele não tem nenhum conhecimento prévio 
acerca de Deus, nem de coisa alguma. Mas ao se relacionar com outras 
pessoas e com o mundo, ira desenvolver nele a ideia de Deus dada a sua 
condição espiritual, adquire por necessidade, isso é diferente de todo 
conhecimento que adquirirá por meio da sua vontade. 
 
37 
 
Há suficiente evidência que a ideia de Deus é universal na consciência 
humana. Essa ideia surge necessariamente ao homem ter contado e se 
relacionar com a própria criação. (Leia e compare Rom. 1.19-20 com At. 17.24-
28 e 14,16,17). 
 
Assim é natural para o homem, devido a constituição da sua mente, a 
ideia de Deus, como é natural a ideia de tempo e espaço. Para todos os 
homens essas ideias são inatas. Uma ideia, “inata” é aquela que resulta da 
constituição da mente. 
 
O apóstolo Paulo já ensinava a concepção do conhecimento inato de 
Deus em suas epístolas. Inclusive filósofos pagãos concordavam com ele. 
Muitos deles foram teístas e reconheciam um Deus supremo. Embora alguns 
acreditassem em múltiplos deuses, isso não significa que acreditavam em 
vários deuses, pois riam que estes eram emanações de um único e supremo 
Deus. Isso variava de religião para religião na antiguidade. Às vezes o termo 
deuses, é empregado na Escritura, para significar anjos, potestades e 
magistrados. Os apologetas (autores de uma apologia) e pais da Igreja 
defenderam que por natureza e por criação a mente humana é monoteísta. 
 
É verdade que na antiguidade prevaleceu na maioria das vezes o 
politeísmo, mas isso se explica pela forma degenerada dos homens por meio 
do pecado. Mas acredita-se que nas suas origens o homem era monoteísta. A 
obra O Fator Melquisedeque fornece um estudo interessante ao defender que 
na origem de todos os povos encontramos o monoteísmo e não o politeísmo 
como acreditaram alguns pesquisadores da socióloga da religião. 
 
Mas é possível vermos algumas formas de monoteísmos em algumas 
pessoas que não eram israelitas. Hagar, a egípcia (Gên. 16:13); Abimeleque, 
rei filisteu (Gên. 20:3-8); Faraó (Gên. 41:38); Balaão da Mesopotâmia, enuncia 
a doutrina de um Deus soberano (Êxo. 18:9-12,19-23). É verdade que algumas 
38 
 
dessas pessoas tiveram contato com israelitas, mas percebe-se considerável 
monoteísmo nos países deles. 
 
Essa compreensão inata ou natural de Deus foi mencionada em João 
1:4, mas em João 1:5 mostra que o pecado, ou seja, as trevas impedem e 
atrapalha essa compreensão de Deus. O pecado obscurece a ideia inata de 
Deus no homem, mas não é completamente extinta, caso fosse não haveria 
religião no mundo. Como ainda hoje todo ser humano tem sua forma de 
religião, isso mostra que o conhecimento inato de Deus no homem permanece, 
embora obliterado. Assim percebemos que não há contradição entre a ideia 
inata de Deus no homem e o estado de depravação ou corrupção humana. 
 
Deus ao criar o homem concedeu-lhe uma luz natural, e por meio 
desse conhecimento o homem possui naturalmente uma dimensão religiosa. 
Embora, nesse sentido, todos os homens possuam uma religião natural, não 
significa que todos amam a Deus ou que lhe servem. Essa luz natural no 
homem não o torna virtuoso ou santo. O homem pode reconhecer que Deus 
existe e que deve ser adorado e, no entanto se recusar a fazê-lo. Um exemplo 
disso são os anjos caídos (Tg. 2:19). Esse conhecimento inato, essa luz 
natural, está apenas no seu intelecto, não na sua vontade. Intelecto e vontade 
são duas coisas diferentes. Ele não é algo da sua constituição moral, mas 
apenas da sua constituição racional. 
 
Segundo a revelação e algumas pesquisas na área da Sociologia da 
Religião, a primeira forma original de religião foi monoteísta. Posteriormente, 
devido ao pecado e perversão da natureza humana, surgiram o panteísmo e 
politeísmo. Isso é deduzido pela Bíblia e estudos de registros antigos. 
 
No Livro de Gêneses, o homem foi criado monoteísta. Este foi seu 
primeiro estado, onde vivia maravilhosamente no Jardim do Éden. Mas por 
meio do pecado o homem caiu em decadência. Essa época dourada é 
39 
 
retratada em várias culturas e não somente na hebraica. O homem decaiu da 
sua condição elevada. 
 
Para alguns estudiosos, a corrupção começou quando a concepção 
monoteísta cedeu lugar para o panteísmo (Deus como uma única realidade 
verdadeira). No panteísmo a unidade de Deus é mantida, mas ele já não é 
distinto da natureza, tornando uma única coisa, ou substância com o universo. 
A personalidade de Deus é perdida nessa concepção. 
 
A segunda etapa no processo de afastamento da verdadeira 
concepção de Deus é o politeísmo. Aqui, a unidade da substância é dividida, 
fragmentada, e são personificadas. Uma tentativa de devolver a personalidade 
a Deus, perdida no panteísmo. Para o apóstolo Paulo, a verdadeira concepção 
de Deus é o monoteísmo, desde a criação, o panteísmo e o politeísmo é um 
processo de corrupção da verdadeira religião (Cf. Atos 17:16-29). 
 
Após essa análise do conhecimento inato que corresponde a luz 
natural, que conduz o homem a uma religião natural, concluímos que esse 
conhecimento embora importante não é suficiente para proporcionar a salvação 
e insuficiente para as suas necessidades mais profundas. 
 
 Conhecimento Adquirido. Este tipo de conhecimento se obtém por 
meio do estudo da Bíblia, a revelação de Deus. Ele não surge 
espontaneamente na mente humana. Mas é produzido pelo estudo constante, 
exige um exercício racional. 
 
A religião natural inspira no homem temor, mas a religião revelada 
amor, compaixão, esperança e confiança. A religião revelada, o monoteísmo, 
revela os atributos morais de Deus, seu amor, sua misericórdia, veracidade e 
santidade. A ideia monoteísta de Deus contém somente atributos morais como 
justiça, veracidade e pureza imaculada. A religião natural nada diz acerca da 
40 
 
misericórdia divina. Esta parece inadequada a menos que se prove que o 
homem não necessite da misericórdia divina. 
 
 
 
41 
 
A NATUREZA DE 
DEUS 
2 
CONHECIMENTO 
 
Conhecer os aspectos centrais da doutrina de Deus, destacando temas 
como a natureza, os atributos, a Triunidade e a adoração a Deus. 
 
HABILIDADE 
 
 Interpretar textos sobre o tema bem como fazer exposição escrita, 
pública em eventos, palestras, seminários em ambiente acadêmicos.ATITUDE 
 
 Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva crítica acerca do 
objeto estudado e incorporá-la na sua práxis. 
 
42 
 
Conhecendo a natureza de Deus 
 
Vejamos a seguir as características da natureza de Deus. 
 
 
Deus é um Ser Real 
 
A pensarmos na ideia de Deus e mesmo encontrando tantas 
evidências para sua existência o homem ainda assim poderá se questionar: 
Deus realmente existe? Ele existe, disse Jesus: "Fui enviado por aquele que de 
fato existe." João 7:28. Nós dependemos de outros para existirmos, como por 
exemplo, nossos pais. Mas Deus não precisa de ninguém para existir, ele é 
autocausado, ou seja, ele é a causa de si mesmo, Ele existe por si mesmo. 
 
 Ele diz de si mesmo: "Eu sou o que sou". Êxodo 3:14. Essas palavras 
parecem dizer que sua essência é ser. Ele é o Ser autoexistente. Embora seja 
um ser transcendente, uma realidade espiritual Deus pode assumir a forma que 
quiser. No entanto é dito que homem algum viu sua face (Êxo. 33:20; Mat. 
1:23; 11:27; João 1:18). Ele é o autor e conservador da vida. (Núm. 16:22). 
Todos os seres vivos derivaram sua vida dEle. Em Deus há vida original, não 
derivada. Ao homem é feita a promessa de possuir a vida eterna como um 
presente gratuito obtido pela fé em Cristo como um salvador pessoal. 
 
Deus é um Ser Pessoal 
 
Para algumas religiões e correntes filosóficas o Ser Supremo é apenas 
uma energia cósmica, presente em todas as coisas. Para outros ele é a própria 
natureza. Mas Deus na concepção das religiões monoteístas possui 
personalidade. O Deus Trino da Bíblia são três personalidades em uma 
43 
 
essência. Ele é Espirito puro, invisível. Mas isso não significa que não exista. 
Deus se revelou em Seu Filho, aquele que é a perfeita imagem de Deus. 
Ninguém pode ver a Deus (Êxodo 33:20-23; I Timóteo 6:16), mas Deus se 
revelou na natureza, na Bíblia e em Jesus Cristo.(João 14:7-9; Hebreus 1:1-
3). 
 
O que é um ser pessoal, uma pessoa? É um ser existente que possui 
autoconsciência e autodeterminação. De intelecto, sensibilidade, e volição 
(poder de decidir). Neste sentido Deus é pessoa, por que: 
 
 Tem Nomes pessoal: Ex 3:14 (João 8:58): “EU SOU” = “Eu sou o 
que sou” ( autossuficiência + soberania absoluta + imutabilidade). 
 
 Tem Pronomes de Pessoa (masculinos, não neutros): Sal. 116:1-2; 
João 17:3. 
 
 
 Tem Características e Propriedades de Pessoa: Provê Sal. 
104:27-30. Cuida 1 Ped. 5:6-7. Conhece João 10:15. Entristece-se 
Gên. 6:6; Efés. 4:30. Ira-se 1 Reis 11:9. Odeia Prov. 6:16. Tem zelo 
(ciúme, cuidado) Deut. 6:15. Ama João 3:16; Ap 3:19. Decide João 
6:40. É amigo João 15:15; Heb. 4:15-16. 
 
 Mantém Relações de Pessoa com o Universo e com os Homens: 
É o Criador (poder eterno e infinito) de tudo: Gên. 1:1 (Gên. 1:26; 
João 1:1-3; Apoc. 4:11); Preservador de tudo (em contínua relação 
pessoal) Heb. 1:3 (Col. 1:15-17) (isto refuta o Deísmo); Benfeitor de 
todas as vidas Mt 10:29-30 (1 Reis 19:5-7; Sal. 104:27-30; Mat. 6:26; 
Atos 17:28; Tia. 1:17); Governante e Dominador das atividades 
humanas Rom 8:28; (Gên. 39:21; 50:20; Sal. 75:5-7; 76:10; Dan. 
1:9); Pai de Seus filhos Gal. 3:26 (João 1:11-13; Heb. 12:5-11). 
 
44 
 
Deus é um ser Triúno 
 
A Bíblia apresenta um conhecimento de Deus de forma progressiva. 
No Antigo testamento Deus é o Senhor, o único soberano, o Deus de Israel. O 
politeísmo pagão é condenado pelo judaísmo. Mas a partir do Novo testamento 
é revelado o Filho de Deus possuindo a plenitude da divindade (Col.2.9). 
Também apresenta o Espírito Santo como possuindo também atributos divinos. 
Então aquela noção monoteísta fica estreita demais para o Deus que se revela 
em toda Bíblia. A doutrina de Deus começa a ficar complexa e de difícil 
compreensão. Ele é um só Deus, mas se constitui de três pessoas, todas 
eternas, todas divinos, embora sejam uma essência. As pessoas da divindade 
possuem funções diferentes. Mas estão unidas em um só propósito. Os três 
operaram juntos no processo de criação do mundo, sendo o pai a fonte, Cristo 
o agente e o espírito santo o meio pelo qual a criação veio a existência. Eles 
também trabalham em prol da salvação dos seres humanos (2 Cor. 13:13; I 
Ped. 1:2; Judas 20:21; Mat. 3:16,17). A doutrina do Deus trino é chamada de 
Trindade, ela é um mistério. As três pessoas possuem funções diferentes, e 
cada um é Deus em si mesmo, com os mesmos atributos sendo apenas uma 
só divindade. 
 
Deus é um Ser Nomeado 
 
Deus recebe alguns nomes na Bíblia. Um deles é Javé ou Yahweh ( a 
pronúncia certa não se sabe). E significa o Autoexistente (de Êxodo 3:14, “Eu 
Sou o que Sou”). Este é o nome que denota o relacionamento de Deus com 
seu povo. Ele enfatiza a santidade de Deus e ao mesmo tempo seu ódio pelo 
pecado. 
 
Outro nome é Elohim e significa o Forte. Essa palavra é usada para 
designar tanto o Deus verdadeiro como os deuses pagãos É um substantivo 
plural, o chamado plural majestático. Alguns veem nesse plural majestático um 
45 
 
indício da Trindade, mas obviamente não ensina de forma clara. Também é 
usado o nome Adonai para Deus. E significa Senhor, Mestre. Também é usado 
no relacionamento entre homens designando a relação senhor- servo. 
 
Também existem os nomes compostos do Antigo Testamento: 
 
1. Usando El. 
 
a) El Elyon, traduzido por Altíssimo (lit., o mais forte dos fortes, Is 
14:13,14). b) El Roi, o Forte que Vê (Gn 1:13). c) El Shaddai, traduzido por 
Deus Todo-Poderorso (Gn 17:1-20). d) El Olam, o eterno Deus (Is 40:28). 
 
2. Com Javé 
 
a) Javé Jireh, o Senhor proverá (Gn 22:13,14). b) Javé Nissi, o Senhor é 
minha bandeira (Ex 17:15). c) Javé Shalom, o Senhor é paz (Jz 6:24). d) Javé 
Sabbaoth, o Senhor dos Exércitos (1Sm 1:3). e) Javé Maccadeshkem, o 
Senhor que te santifica (Ex 31:13). f) Javé Raah, o Senhor é meu Pastor (Sl 
23:1). g) Javé Tsidkenu, o Senhor Justiça Nossa (Jr 23:6). i) Javé Nakeh, o 
Senhor que fere (Ez 7:9). j) Javé Shammah, o Senhor que está presente (lit., 
Já) (Ex 48:35). 
 
Os atributos de Deus 
 
Se Deus é um ser pessoal, que tipo de pessoa ele é? A única fonte 
que pode nos responder é a Bíblia. Ela descreve Deus como Criador, 
mantenedor, rei, pai, legislador, senhor, juiz entre outros. Todos esses termos 
nos ensina algo importante sobre Deus. Não são termos complexos, como os 
conceitos filosóficos, mas de forma simples, a Bíblia nos ensina sobre Deus. 
46 
 
Ela nos revela quem é ele ao nos dizer o que ele faz. Deus é capaz de criar, de 
se comunicar e de amar. Os qualificativos de Deus são chamados de atributos. 
 
No estudo de Deus uma parte que se destaca são os atributos, 
qualidades que pertencem unicamente a Ele, é algo peculiar a sua natureza 
divina. Segundo Strong, “Os atributos de Deus são aquelas características da 
sua natureza divina, as quais são inseparáveis da ideia de Deus, e as quais 
constituem a base para as suas variadas manifestações às suas criaturas.” 
(STRONG, 2008, p.115). 
 
Geralmente os atributos de Deus são classificados da seguinte 
forma: 
 
 Atributos incomunicáveis – Também chamados atributos naturais. 
 Atributos comunicáveis – Também chamados atributos morais. 
 
Os atributos naturais são próprios da natureza divina, ou seja, só ele 
tem. São eles: Sua Onipotência, a Sua Onisciência, a Sua Onipresença, a Sua 
Autoexistência, a Sua Imutabilidade, a Sua Infinitude etc. 
 
Os atributos morais são comunicáveis aos seres inteligentes que Deus 
criou a sua imagem e semelhança. Eles existem não de uma forma absoluta 
como existem em Deus, mas numa certa proporção. São a Sua Santidade, o 
Seu Amor, a Sua Justiça e a Verdade. 
 
Os atributos divinos são possuídos pelas três Pessoas da Trindade. 
Conhecer esses atributos é bastante confortante para o crente, pois sente que 
pode confiar em um Deus absoluto, amoroso e justo que tudo pode. O 
sentimento é de estarabrigado sob as asas do Todo Poderoso Deus como 
dizia o salmista. 
47 
 
Atributos Absolutos 
 
Os atributos absolutos pertencem somente a Deus, diz respeito a sua 
natureza íntima. Portanto, não comunicáveis as Suas criaturas, eles definem 
aquilo que Deus é. 
 
Deus é Imutável - (Mal. 3:6) Ele não muda. O que isso significa? Ele 
não está sujeito a mudanças e variações. Tudo no mundo sensível está em 
constante mudança, com o passar do tempo se corrompe, entra em 
decadência e desaparece. Deus não é assim. O seu caráter também é imitável. 
Sua vontade é reta, justa e boa. Ele é o supremo bem em si mesmo. Deus não 
muda de ideia, nem se arrepende de erros cometidos, pois é impossível que 
ele possa errar. "Pois eu o Senhor não mudo" (Nemias 23:19; I Sam. 15:29; Jó 
23:13; Sal. 33:11; Prov. 19:21; Isa. 46:10; Heb. 6:17; Tia. 1:17). 
 
Deus é Eterno - A Bíblia apresenta Deus existindo de eternidade em 
eternidade, para sempre (Neemias 9:5; Salmos 90:2; Apocalipse 10:6) e como 
sendo o rei dos séculos, imortal, invisível e único Deus (I Timóteo 1:17). Ele 
não tem princípio nem fim (Colossenses 1:17). Deus não sofre a ação do 
tempo, pois ele mesmo é que criou o tempo. Deus está acima de toda lógica 
que o homem possa conceber. Por essa razão não podemos compreendê-lo. 
 
Deus é Onipresente – Isso significa que Deus tem o atributo de estar 
em todos os lugares ao mesmo tempo. Deus então observa suas criaturas e 
nada lhe passa despercebido. Ninguém pode se esconder de Deus. A Bíblia 
relata a história de Jonas, o profeta que pensou poder se esconder de Deus. 
Todos conheceram a história e sabemos que isso era algo impossível. 
Também é dito que Deus habita no céu talvez por ser o luar onde mais se 
observa sua presença. (Sal. 139:7-10; Ecles. 5:2; Isa. 57:15; 29:15; Jeremias 
23:23-24). Não podemos viver em um estado de solidão, onde Deus não possa 
estar ali presente. Sua presença se faz em todos os recantos do universo. E 
48 
 
como disse o apóstolo Paulo: “para que buscassem ao Senhor, se, porventura, 
tateando, o pudessem achar, ainda que não está longe de cada um de nós; 
porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos, ...” (Atos 17.27,28). 
Também Davi refletiu sobre o assunto: “Para onde me irei do teu Espírito ou 
para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a 
minha cama, eis que tu ali estás também” (Sal. 139.7,8). O próprio Senhor 
Jesus Cristo declarou “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu 
nome, aí estou eu no meio deles”. Mateus 18:20. 
 
Deus é Onisciente – Dizer que Deus é onisciente significa que ele tem 
ciências ou conhecimento de tudo. (1 João 3:20). Ele conhece tudo do 
passado, presente e futuro. Ele sabe o que está no mais profundo do coração 
das pessoas. “E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as 
coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar” 
(Heb 4.13). Em Prov. 15.3, encontramos: “Os olhos do Senhor estão em todo 
lugar, contemplando os maus e os bons.” No Salmo 139.1-2, lemos: “Senhor, 
tu me sondas e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar, 
de longe entendes o meu pensamento.” 
 
Se Deus sabe todas as coisas, ele sabia que o homem iria pecar, iria 
escolher o pecado dando espaço para o mal no universo. Então Deus é o 
responsável pelo mal? Essa é uma excelente questão que foi tratada por 
Santo Agostinho na sua célebre obra O Livre Arbítrio. 
 
 
Sugestão de Leitura: 
Baixar obra completa “O Livre Arbítrio” em PDF. 
https://sumateologica.files.wordpress.com/2009/07/santo_agostinho_-_o_livre-
arbitrio.pdf 
 
 
https://sumateologica.files.wordpress.com/2009/07/santo_agostinho_-_o_livre-arbitrio.pdf
https://sumateologica.files.wordpress.com/2009/07/santo_agostinho_-_o_livre-arbitrio.pdf
49 
 
 Deus é onipotente – Esse atributo permite a Deus fazer tudo que ele 
quiser. Deus pode tudo. (Gên. 18:4), por causa desse atributo a Escritura 
chama Deus de todo-poderoso (Sal. 62:11; Efés. 3:20-21; Apoc. 1:8). Ele é o 
El-Shaddai, o Deus Todo-poderoso. Jó, sabia desse atributo e falou dele 
quando disse: “Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos 
pode ser impedido.” (Jó 42:2). O anjo Gabriel, também mencionou esse 
atributo quando visitou Maria: “Porque para Deus nada é impossível” (Luc. 
1:37). Em Gên. 17:1, o próprio Deus revelou-se como o Deus Todo-poderoso. 
“Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o Senhor a 
Abrão e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-poderoso; anda em minha presença e 
sê perfeito.” 
 
 Deus é Infinito – Não conhecemos nada no universo, que possa ser 
considerado infinito. O conceito de infinito existe apenas na mente humana. 
Não podemos dizer que o tempo e o espaço são infinitos, porque sabemos que 
eles tiveram origem. Nada no mundo material é infinito. Não temos nenhuma 
experiência sensível com o infinito. O infinito é um conceito muito próximo do 
conceito de eternidade. Um ser infinito não tem começo nem fim. A criatura 
jamais poderá se tornar igual ao criador. (Romanos 11:33-36). Mas ele é 
acessível (Atos 17:26; Salmos 145:16), podemos nos relacionarmos com ele 
em amor certos que ele nos corresponderá. 
 
Atributos Relativos 
 
Os atributos relativos são os que Deus comunica as suas criaturas. São 
chamados de atributos morais. 
 
Deus é amor - Na Bíblia encontramos a afirmativa que Deus é amor. 1 
Jo 4:8. Ele é encontrado entre as pessoas da Trindade. Jesus disse que o Pai 
o amava. (João 3:32; 5:20; 10:27; 15:9) e amava também os seres que ele 
criou. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho 
Unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida 
50 
 
eterna.” (João 3:16). Para o apóstolo Paulo a vida de Jesus e a sua morte era 
uma prova do infinito amor de Deus. “Mas Deus prova o seu amor para 
conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Rom. 
5.8). 
 
Deus é santo - A santidade tem a ver com a perfeição moral, com a 
pureza moral espiritual, sem nenhuma mancha de pecado. (Jos. 24:19; Sal. 
22:3; 99:9; Isa. 5:16; João 17:11; I Tess. 5:23). Deus está separado de todo 
mal, de todo pecado. A santidade de Deus foi vista por Isaías e por Joao: “... eu 
vi ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o 
templo. Os serafins estavam acima dele... E clamavam uns para os outros, 
dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia 
da Sua glória.” (Isa. 6:1-3). “E os quatro seres viventes... não descansam nem 
de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-
Poderoso, que era, e que é, e que há de vir.” (Apoc. 4:8). Quando Deus 
revelou-se no Sinai a Moisés, disse: “Fala a toda a congregação dos filhos de 
Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo.” 
(Lev. 19:2). Veja ainda 1 Ped. 1:15-16. 
 
Deus é Veraz – Deus não só fala a verdade como ele é a própria 
verdade. A Bíblia menciona que o diabo é o pai da mentira. Mas Jesus diz: “Eu 
sou o caminho, a verdade e a vida...” O diabo e os homens costumam mentir. 
Mas Deus sempre fala a verdade, podemos confiar nEle. (Rom. 3:4). 
 
A justiça de Deus - “Justo é o Senhor em todos os seus caminhos e 
santo em todas as suas obras.”(Sal. 145:17). O Salmo 119:137, também afirma 
essa verdade: “Justo és, ó Senhor, retos são os teus juízos.” Sua santidade e 
justiça exige que Deus faça o julgamento das criaturas moais segundo suas 
obras: “ante a face do Senhor, porque vem, porque julgará o mundo com 
justiça e os povos, com a sua verdade.” (Sal. 96:13). Paulo também ensinou 
isso: “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora 
a todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam, porquanto tem 
51 
 
determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do 
varão que destinou;e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos.” 
(Atos 17:3). Enquanto que aqueles que já aceitaram Jesus não entrarão em 
julgamento, no sentido que não serão condenados no julgamento. A sua justiça 
foi imputada pela fé. (Veja Rom. 14:10 e 2 Cor. 5:10). 
 
Até aqui estudamos os atributos do único Deus verdadeiro. As religiões 
mundiais possuem seus diversos deuses. Nem sempre esses atributos irão 
coincidir se aplicados a tais deuses, tidos por falsos. Caricaturas do único e 
verdadeiro Deus, O pai de Jesus Cristo, o Deus revelado na Bíblia. 
 
Apresentaremos um quadro que nos ajudará a esquematizar os atributos 
do verdadeiro Deus. 
Atributos Absolutos 
Espiritualidade Vida Jer.10:10; João 5:26; I Tess.1:9 
Personalidade Êxo. 3:14; ICor.2:11; Efés.1:9,11 
Infinidade 
Autoexistência Êxodo 6:3; 3:14 
Imutabilidade Sal.102:27; Mal.3:6; Tiago 1:17 
Unidade Deut.6:4; Is.44:6; João 5:44;17:3 
Perfeição 
Verdade I João 5:20; Deut.32:4; João 17:3 
Amor I João 4:8; João 17:24; Rom.15:30 
Santidade Êxo.15:11; Is.6:3; Heb.12:29 
 
 Atributos Relativos 
O Tempo e espaço Eternidade Sal.90:2; 102:27; I Tim.1:17 
Imensidão I Reis 8:27; Rom.8:39 
A Criação 
Onipresença Sal.139:7; Jer.23:23-24 
Onisciência Sal.147:4; Heb.4:13 
Onipotência Gên.17:1; Mat.19:26; 
Sal.115:3 
Aos Seres Morais 
Veracidade e 
Fidelidade 
Salmo 138:2; João 3:33; 
I Cor. 1:9; II Cor.1:20 
Misericórdia 
e 
Bondade 
Tito 3:4; Rom.2:4; João 
3:16; João 4:10 
Justiça e 
Retidão 
Gên.18:25; Deut.32:4; 
Mat.5:48 I Ped. 1:16 
52 
 
A Triunidade de Deus 
 
 
TRINDADE - significa a tríplice manifestação de Deus ou a sua manifestação 
no Pai, no filho e no Espírito Santo. 
TRIUNIDADE - significa o tríplice modo da existência de Deus, que é a 
existência de três em um. 
 A TRINDADE diz respeito à revelação de Deus ao passo que a TRIUNIDADE 
refere-se a existência de Deus. 
A ideia de Deus no Antigo Testamento é a unidade, por isso observaremos a 
Trindade de forma explícita somente no Novo Testamento como Pai, Filho e 
Espírito Santo. 
 
Se você procurar na Bíblia a Palavra Trindade não encontrará em parte 
alguma, embora tivesse sido empregada por Tertuliano (um dos pais da igreja), 
na última década do segundo século de nossa era, não encontrou lugar formal 
na Teologia da igreja senão já no quarto século. Trata-se, entretanto, da 
doutrina distintiva e todo-inclusiva da fé cristã.” 
 
Chama-se de Santíssima Trindade, na teologia cristã, doutrina que 
afirma a existência de Deus como três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo que 
estão juntas em uma única substância. As três pessoas não se fundem para 
formar uma pessoa. As três pessoas coexistem simultaneamente e 
distintamente. A pessoa do Pai sempre recebeu a primazia em relação as 
outras duas pessoas. Para uma adequada compreensão da concepção 
trinitária de Deus, as distinções entre as pessoas da Trindade não devem ser 
tão definidas a ponto de parecer ou sugerir uma pluralidade de deuses, nem 
permitir que essas distinções desapareçam em um monismo abstrato e 
53 
 
indiferenciado. Crer na Trindade é acreditar que existem três pessoas divinas: 
Pai, Filho e Espírito Santo, e uma única natureza de um único Deus. Principal 
mistério do cristianismo, a Trindade é dogma de fé. 
 
Uma pesquisa pelo Velho Testamento mostra que ele não menciona o 
mistério da Trindade. Mas alguns estudiosos acham poder encontra alguns 
vestígios dessa doutrina em algumas passagens. Por exemplo, aquelas que 
Deus fala no plural, como no Gênesis, quando diz "Façamos o homem à nossa 
imagem" (Gên 1:26). No entanto, milhares de estudiosos do Novo testamento 
concordam que em diversas passagens o mistério é explicito nas páginas do 
Novo Testamento, e se tornaram a base dessa doutrina. Entre essas 
passagens, destaca-se a do batismo de Jesus, quando "o Espírito, como uma 
pomba" desceu sobre ele e uma voz dos céus disse: "Tu és o meu Filho 
amado" (Mar. 1:10-11). 
 
Ao aparecer aos apóstolos após a Ressurreição, Jesus afirmou a 
existência da Trindade ao dizer-lhes que batizassem as nações "em nome do 
Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28:19), fórmula que se repete por ocasião 
do batismo individual cristão. Alguns antitrinitarianos criticam essa passagem 
ao afirmarem que não se encontravam nos originais. No entanto em todos os 
manuscritos gregos existentes ela esta presente. 
 
O dogma da Trindade, no entanto, foi contestado principalmente pelo 
arianismo, heresia que, difundida em 318 por Ário, negava a unidade e a 
consubstancialidade das três pessoas da Trindade e, em consequência, a 
divindade de Cristo. Em contrapartida, o I Concílio de Nicéia, realizado em 325, 
expressou a unidade mística de Deus Pai e Deus Filho com a palavra 
homoousios, que significa "consubstancial". Afirmou-se assim que a unidade de 
substância não implica a unidade de pessoas, pois a primeira e a segunda 
pessoa não são idênticas, nem aspectos complementares da mesma 
substância. Numa tentativa de conciliação entre católicos e arianos, a fórmula 
para a doutrina da Trindade foi definida então na profissão de fé de que "o 
54 
 
Filho tem a mesma natureza (homoousios) do Pai", mas a guerra teológica 
prosseguiu. 
 
Atanásio, bispo de Alexandria de 328 a 373, defendeu e desenvolveu a 
fórmula estabelecida pelo I Concílio de Nicéia. Nas décadas seguintes, a 
doutrina da Trindade tomou forma definitiva com base nos ensinamentos dos 
primeiros grandes teólogos da igreja oriental, Basílio de Cesaréia, Gregório de 
Nissa e Gregório Nazianzeno, também defensores do Credo de Nicéia. O 
arianismo foi condenado tanto pelo Concílio de Nicéia quanto pelo de 
Constantinopla, em 381. 
 
A crença na divindade de Cristo mediante a interpolação filioque ("e do 
Filho") foi afirmada como posição católica contra o arianismo e parece ter sido 
acrescentada no concílio local de Toledo, em 589. Apesar da oposição dos 
católicos não ortodoxos, a expressão estabeleceu-se aos poucos no Ocidente 
até ser oficialmente utilizada em 1017, quando foi feito esse acréscimo 
definitivo, pela igreja latina, ao texto do credo do cristianismo. Essa foi das 
principais causas do cisma entre as igrejas do Ocidente e do Oriente em 1054. 
 
A Doutrina da Trindade na História 
1 . Período Anterior da Reforma 
 
Os judeus dos dias de Jesus enfatizaram a unidade de Deus e isto foi 
transferido para a igreja cristã. O resultado, foi que alguns anularam as 
distinções pessoais da Divindade e outros que faziam-nas não fizeram justiça a 
Segunda e terceira pessoas da Trindade por afirmarem que não eram 
consubstanciais, coeternos, coiguais ao Pai. 
 
Tertuliano foi o primeiro a usar a palavra “Trindade” e a formular a 
doutrina, mas sua formulação era defeituosa, porque subordinava o Filho ao 
Pai. Orígenes foi além desta distinção em ensinar que o Filho era subordinado 
55 
 
ao Pai no que diz respeito à essência, e que o Espírito Santo é subordinado ao 
Filho. Isto prepara o caminho aos Arianos, que negavam a divindade do Filho 
e do Espírito Santo por afirmarem que o Filho era a primeira Criatura do Pai e o 
Espírito Santo, a primeira criatura do Filho. Assim a co-eternidade e a co-
essência do filho e do Espírito com o Pai foi sacrificada, a fim de preservar a 
unidade de Deus; e consequentemente as três pessoas da Trindade divergiam 
de graduações. 
 
Os arianos ainda retinham uma aparente trindade, mas as 3 pessoas 
na Trindade foram sacrificadas inteiramente pelo Monarquianismo, em parte 
para preservar a unidade de Deus e em parte para manter a Divindade de 
Jesus. O Monarquianismo Dinâmico, para salvaguardar a ideia de Deus como 
um, viam em Jesus um homem somente, e no Espírito Santo uma influência. O 
Monarquianismo Modalístico querendo salvar a divindade de Jesus 
consideravam o Pai, o Filho e o Espírito Santo meramente como três modos de 
manifestações sucessivas

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