Bactérias causadoras de ISTs

Microb iologia BACTÉRIAS C AUSADORAS DE ISTs 1 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 Objetivos ....................................................................................................................................... 2 1. Bactéri as causadoras d e ISTs ............................................................................................ 2 1.1. ISTs causadas por ba ctérias ............................................................................................. 2 1.2. Principais ISTs ca usadas p or bactérias ....................................................................... 3 1.2.1. Clamídia ................................................................................................................ 3 1.2.2. Gonorreia ................................................................ .............................................. 4 1.2.3. Sífilis ...................................................................................................................... 5 1.2.4. Cancro mole .......................................................................................................... 6 1.2.5. Granuloma inguinal .............................................................................................. 6 Exercícios ...................................................................................................................................... 7 Gabarito ................................................................................................ ........................................ 8 Resumo ................................ ......................................................................................................... 9 2 Introdução Na apostila “ Enterobacteriaceae : E. Coli , Shigella , Salmonella , Yersinia ” aprendemos sobre a família En terobacteriaceae, bem como se us representantes mais significativos para a medicina e indústria. Nesta apostila iremos aprender sobre as ISTs (Infecção sexualmente transmissível) causadas por agentes bacterianos. São todas causadas por bactérias ? Quais são as bactérias causais? Exi ste tratamento para essas ISTs? Quais são as patogenias dessas doenças? Qua i s sã o as formas de diag nósticos dis p oníveis? Essas e outras perguntas serão respondidas a seguir, de forma que, ao final, possamos compreender e diferenciar seus agentes causadores, bem c omo saber como prevenir e tratar essas patogenicidades que acometem os humanos. Objetivos • Entender o que são ISTs e quais são causadas por bactérias. • Aprender quais são as formas de profilaxia e tratamento das ISTs bacterianas. 1. Bactérias caus adoras de ISTs 1.1. ISTs causadas por bactérias Em geral, todos nós terminamos p or agrupar as ISTs (Infecções sexualmente transmissíveis) numa úni ca categoria, caracterizando -as como doenç as que afetam os órgãos genitais. Porém, as I ST s podem apresentar sintomas em outras parte s d o corpo e o tipo de o rganismo responsável pela i nfeção também p ode s e r diferente. Em alguns casos são causadas por bactérias, em outras pel a estirpe de um vírus, por fungos ou por parasitas. Diante d esse fato , o tratamento pod e variar de acordo com a c ausa e o organismo transmissor . Diferentes tip os de infeção respondem a d iferentes tipos de tratamento e a pesar de algumas pode rem ser cu radas, ou tras não pod em e têm de ser controladas. Infeções sexualmente transmissíveis causadas por ba ctérias podem ser: sífilis, clamídia, gonorreia, can c ro mole e g ranuloma ing uinal. Geralmente nesta s in fecçõe s, uma bactéria infecta o corpo, multipli ca- se replicando o seu própr io DNA e dissemina a doença de forma assintomática ou sin tomática. Assim que estas infeções col onizam , os sintomas pod e m ou não começ ar a aparecer, podendo in c luir corrimento, do r urinária, manchas, p rurido, feridas, entre outros sintomas que podem variar dependendo do gê nero da p essoa afetada e do agente ca usador da I ST. Independente 3 da IST, s e não fo r devida me nte trata da , é poss ível que se desenvolvam c omplicações, particularmente no caso da sífilis. Contudo, a s I STs bacterianas são tratáveis e o tra tamen to cons i ste geralmente em um ciclo de antibióticos. Estes medicamentos impedem o crescimento das bactérias responsáveis pel a infeção. Assim que a bactéria estiver sob efei to dos antimicrobianos, o si stema imunitário conse gue agir e comb ater o que resta da infeção. Com isso os sintomas começam a desaparecer em seguida. 1.2. Principais ISTs caus adas por bactérias 1.2.1. Clamídia A clamíd ia é uma i nfeção de nominada de uretrite n ão gonócica provocada pela bactéria Chlamydia trac homatis , uma parasita intracelular obrigatória, transmitida por via sexual e no nascimento de p artos naturais. Esta última pode c ausar conjuntivite ou até mesmo pne umonia no recém -nascido. Ela pode ocorrer também de forma assintomática, mas quando não, caracterizam-se p or: • Dor ou ardor ao urinar; • Aumento do corrimento; • Dor durante o sexo; • Doença inflamatória pélvica (DIP); • Inflamação do Epidídimo; • Uretrite; • Dor testicular. Eficazmente o tr atamento é fei to atravé s de antibióticos d o tip o Doxiciclina e Azitromicina e deve se r feito pelos d ois parceiros sex uais ao me smo tempo para evi tar reincidência da infecção. Quando a doença se c aracteriza p ela inflamação dos órgãos genitais e dos gânglios linfáticos localizados nas virilhas, chamamos de Clamídia li nfo granuloma venéreo (LVG). Os sintomas se diferenciam da p rimeira, ocor rendo inchaço d oloroso na viri lha, feridas nos órgãos geni tais, d ores nas articu lações, febre e mal-estar. Se n ão tratada, pode provocar o agravamento deste s sintomas com consequências graves para a saúde. O tratamento desta doença é feito de forma similar à prim e ira. A patogenia das infecções por Clamídias é amplamente estudada no olho, porém não no tr ato genital. A histopatologia da uretrite experimental e m primatas não humanos se parec e com a conjuntivite e cervicite humanas. As lesões folic ulares do olho e uretr a contém corpos de inclusão intraepiteliaís típicos de clamíd ia e se 4 co mpõe de coleções subepite liais de macrófagos e lin fócitos. A uretrite humana por Clamídias tem um aspecto folicular semelhante, nitidamen te diferente d as erosõe s mucosas profundas da Gonorreia. Há resp ostas locais e sist êmicas de anticorp os, porém se u papel na i munidade não está esclarecido. As infecções recorrentes são comuns em alguns homens, outros permanecem assintomáticos prolongadamente outros resi stem à in fecção. As razões desta resposta vari ada são desconhecid as. As Clamídias não possuem exotoxinas demonstráveis e suas envolturas celulares, ainda que similares em quase todas as suas características às das bacté rias Gram -negativas, não exibem prop riedades e ndotóxicas típicas. Têm várias p ropri edades de significação na patogenia, uma das quais é a toxi cidade das preparações de corpos elementares vivos. Na pre sença de qualquer sinal ou sintoma, re comenda-se procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento com o antibiótico adequado. As parcerias sexuais, mesmo sem sinais e sintomas, devem ser tratadas. Em situações específicas, serão indicados e xames para paciente s sem sintomas. Tanto o diagnóstico quanto o tratamento são ofertados, de forma inte gral e g ratuita, p elo Sistema Único d e Saúde (SUS). 1.2.2. Gonorreia A bactéria Neisseria gonorrhoea é a responsável pela existência dessa IST bastante comuns n o Brasil e q ue só faz aumentar sua incidência. A única outra vi a de transmissão da gonorreia além da sexual é durante a gravidez. Ocorre de forma sintomática, cujos sintomas costumam aparece r cerca de alguns d ias após a infecç ão e são geralmente : • Ardor ou dor ao urinar; • Corrimento com forte odor de substância branca/verde/amarela; • Inchaço ou dor nos testículos; • Dor ou sensibilidade na região abdominal inferior; • Sangramento vaginal fora do período menstrual. O perí odo de incubação p ode ser d e apenas 24 horas após a relação se xual desprotegida ou variar até 5 dias. Há 50% de p ossibilidade de transmissão de pessoa a pessoa pelo contato sexual e pode durar anos se não for tratada. O diagnóstico é fei to analisando o c orrimento purulento utilizando -se o método de Gram (microscopia direta) ou mé todos d e cultivo da bactéria em meios específicos. É realizado d iagnóstico diferencial d e infecção por clamídia, ureaplasma, micoplasma, tricomoníase, vaginose bacteriana e artrite séptica bacteriana. Podem 5 ser uti lizados tamb é m métodos moleculares, mas e stes demandam m ais tempo e são mais caros. O tr atamento para gonorreia é essencialmente feito atravé s de antibióticos, os Azitromicina, juntamente com Cefixima. 1.2.3. Sífilis A sífil is é uma infeção sexualmen te transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum . A penetração d o trepo nema é realizada por pequenas abrasões decorrentes da relação sex ual. Logo após, o treponema atinge o sistema linfático regional e, por disseminação hematogênic a, outras partes d o corpo. A resposta da defesa local resulta em erosão e exulceração no ponto de inoculação, enquant o a disseminação sistêmica resulta na produção de complexos imunes circulantes que podem depositar-se em q ualquer órgão. En tretanto, a imunidade humoral não tem capacidade de proteção. A imunidade celular é mais tardia, permitindo ao T. pallidum multiplicar e sobreviver por longos períodos. Seus sintomas da sí filis variam em função do seu estágio de incubação e a sua transmissibilidade é maior na fase primária e secundária. Por outro lado, a sí filis congênita pode trazer conseq uências pote ncialmente graves para a criança nos primeiros dois anos d e vida como pneumonia, cegueira, surd ez, doenças n os ossos, deficiência mental e em alguns casos até mesmo morte. Adicionalmente, a sífilis gestacional pode causar aborto espontâneo, má formação do feto e morte do re cém- nascido ao nascer. De acordo com a fase de contágio e seus respectivos si ntomas, podemos dizer que eles podem acontecer da seg uinte fo rma: Fase de con tágio Sintomas Primária (10 a 90 dias após o contágio) Ferida única no local de e ntrada da ba ctéria que não apresenta nenhum incômodo e ev entualmente car oços na virilha. Secundária (6 semanas até 6 meses após a fase primária) Manchas no corpo, espec ialmente nas palma s das mãos e plantas dos pés, podendo surgir caroç os no corpo. Latente – assintomática (seis meses e mais de um ano de infeção) Fase assintomática. Terciária (dois a 40 anos após o início) Lesões cutâneas, ósseas, episódios cardiov asculares e neu rológicos, podendo levar à morte (Autora, 2019 adaptado). 6 O diagnóstico laboratorial da sífilis e a escolha dos exames laboratoriais mais adequados deverão considerar a fase evol utiva da doença. N a sífilis p rimária e em algumas lesões da fase secundária, o diagnóstico poderá se r direto, i sto é, feito pela demonstração do treponema. A utilização da sorologia poderá ser feita a partir da segunda ou terceira semana após o aparecimento do c ancro, q uando os anticorpos começam a ser detectados. O tratamento para a sífilis é feito com o antibiótico penicilina benzatina. 1.2.4. Cancro mole Provocado pela bactéria Haemophilus ducreyi , trata-se de coco bacilo curto, da família Brucellaceae, gêne ro Haemophilus, espécie ducreyi. É bacilo Gram - negativo, intr acelular, anaeróbico facultativo, com d imensões de u m a 2μm por 0,5μm, com extremidades arredondadas e desprovido de cápsula ou motilid ade. Dispõe-se em cadeias simples ou duplas no interior de polimorfonucleares. Seu cultivo é di fícil, crescendo moderadamente e m meios de ága r -chocolate. Essa infecção é mais comum nas re giões tropicais do mundo e a chamamos de canc ro mole, cancroide ou Úlcera Mole Venérea. É uma in feção sexualmente transmissível bacteriana c ujos si ntoma s são peq uenas fer idas purulentas na região genital ou anal e nód ulos na viril ha. Os sintomas surgem poucos dias após a infecção no ato sexual desprotegido. O diagnóstico pode ser clínico, epi demiológico e laboratorial. Feito por exame direto: pesquisa em coloração, pelo mé todo de Gram, em esfre gaços de secreção da base da úlcera ou do material obtido por aspiração do bulbão. Observam -se, mais intensamente, bacilos gram negativos intracelulares, geralmente aparecendo em cadeias paralelas, acompanhados de cocos gram positivos (fenômeno de satelismo). Cultura: é o métod o diagnósti co mais sensível, porém d e difícil realização p elas características do bacilo. Levantamentos de pesquisa indicam que os homen s têm uma probabilidade bem maior d e sofrer o cancro mole . Isso porq ue e les apre sentam a doença de forma sintomática, sendo que quase todas as mulheres permanecem de forma assintomática. Já o tratamento do cancro mole é feito através de antibióticos do tipo Azitromicina. 1.2.5. Granuloma inguinal Doença transmitida sexualmente pela bactéria Calymmatobacterium granulomatis, cujos sintomas começam a aparecer em uma a 12 semanas e caracteriza-se pela pre sença de um nódulo avermelhado ind olor, mas que c om o 7 passar do tempo se torna numa massa arredondada. Com o decorrer da i nfeção, essa massa pode chegar a cobrir completamente a zona genital . Os sintomas acomete m tod a a região genital, bem como, as coxas, nádegas e até mesmo o rosto. O di agnóstico é feito por meio de exame microsc ópico mostrando corpos de Donovan no líquido de uma lesão. Suspeita-se de granuloma inguinal em pacientes em áreas endêmicas q ue apresen tem lesões características. Confirma -se o diagnóstico do granuloma inguin al microscopicamente pela presença de corpos de Donovan (numerosos bacilos no citoplasma de macrófagos, demonstrados por coloração de Giemsa ou de Wrigh t) em lâmina com líquido de raspado d as bordas das lesões. Esfregaços de tecid o contêm muitos plasmócito s. Amostras p ara biópsia são retiradas se o diagnóstico não for c onfirmado ou se líquido adequado de tecido n ão for obtido porque as lesões estão ressecadas, escleróticas ou necróticas . Os microrganismos não crescem em meio de cultura comum. O tratamento é feito com antibióticos do tipo estreptomicina, cloranfenicol, tetraciclina, eritromicina e sulfametoxazol. CURIOS IDA DE Exercícios 1. (Autora, 2019). Qual IST é caracterizada por l esões e manc has no corpo, especialmente nas palmas das mãos e plantas dos pés: a) Gonorreia; b) Sífilis congênita; A Vaginose bacteriana não é uma IST, ape sar de ser frequentemente confundida como uma. Esta pode desenvolver-se mesmo que n ão tenha ocorrido contato sexual. Mesmo assim é importante que os parceiros de mulheres infetadas façam também o teste. 8 01 c) Clamídia; d) Sífilis secundária. 2. (Autora, 2019) São sintomas da clamídia: a) Feridas cutâneas ; b) Febres altas; c) Doença inflamatória pélvica (DIP); d) Episódios cardiovasculares e neurológicos. 3. (Autora, 20 19) De acordo c om a i magem abaixo, qua l IST é caracterizada por ser mais incidente em homens? a) Linfo granuloma ven éreo (LVG); b) Sífilis ; c) Gonorreia; d) Cancro mole. Gabarito 1. Letra D . A i nfecção por Clamídia resulta em lesões e manc has no corpo, especialmente nas palmas das mãos e plantas dos pés. 2. Letra C. Doença inflamatória pélvica (DIP) é um dos sintomas de infecç ão por clamídia. 3. Letra D. O cancro mole apresenta uma incidência muito maior em homens que em mulheres. 9 Resumo Consideram-se infecções sexualmente transmissíveis – IS Ts – aquelas que se contraem essencialmente por via sexual, através da existência de relação sexual desprotegida, se m p reservativo. Dentro d as IS Ts p odem distinguir-se as virais , d e origem bacteriana, parasíticas e fúngicas . Dependendo d o microrganismo causador da IST, o tratamento pode variar tal como varia noutro tipo de doenças. Diferentes tipos de infeção respondem a diferentes tipos de trata mento e apesar de algumas pode re m se r curadas, outras nã o podem e têm de ser controladas. O tratamento consiste geralmente num pequeno ciclo de antibióticos. Estes medicamentos impedem o c rescimento d as bactérias responsáveis pel a infeção. Assim que a bactéria é enfraquecida, o sist ema imunitário consegue c ombater o que resta da infeção e os sintomas desaparecem de seguida. Podemos citar como ISTs bacteriana a clamídia - infeção denominada de uretrite não gonócica , linfo granuloma venéreo (LVG) - caracterizada pela inflamação dos órgãos genitais e dos gânglios l infáticos l ocalizados nas virilhas , gonorreia - uma das mais comuns n o Brasil com sintomas d e ardor, dor e sangramento, corrimento e i nflamação d as regiões genitais , sífilis – cujos sintomas variam em fu nç ão do seu estágio de incubação e a sua tr ansmissibilidade , sendo maior na fa se primária e secundária , cancro mole - mais comu m nas regiões tropicais do mundo, cujos sintomas são fer idas pequenas com pus na zona genital ou anal e nódulos na virilha e mais incidente em homens e granul oma inguinal - caracterizada pela presença de um n ódulo averm elhado i ndolor, mas que com o passar d o tempo se torna uma massa arredondada.

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