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1 A ATUAÇÃO DO GESTOR NA APRENDIZAGEM DO ALUNO OLIVEIRA, Fernanda Cristina Naves1 MESSIAS, Rosilene de F. Rocioli 2 Eixo Temático: 02 - GESTÃO EDUCACIONAL E QUALIDADE EM EDUCAÇÃO RESUMO Este trabalho tem por objetivo o estudo da gestão educacional visando compreender a atuação dos gestores da escola, atuando como coatores para a gestão da aprendizagem dos alunos. Leva-se em consideração a realidade a pouco construída no Brasil, tendo como referência a gestão democrática e participativa. Tais dados nortearão as pesquisas e darão visibilidade para a verdadeira intenção de discurso presentes na escola como “ a construção de cidadãos autônomos e críticos” encontrados descritos com frequência nos textos dos Projetos Políticos Pedagógicos das unidades escolares, referendando a educação de qualidade para todos, fato este que provoca indagações. Para tanto realizar-se-á a pesquisa bibliográfica de forma quantitativa. Neste processo pode-se dizer que há necessidade de um maior investimento na formação dos gestores, promovendo uma atuação mais democrática, participativa e transparente. Além da criação de políticas claras de acompanhamento da gestão em sala de aula. Palavras-Chave: Gestão democrática, Aprendizagem, Gestor, Professor 1 É Pedagoga e psicopedagoga da rede municipal de Franca.Email. fernandacnaves@gmail,com 2 Mestranda do Programa de Planejamento e Análise em Políticas Públicas. É Pedagoga e Psicopedagoga da rede municipal de Franca. Especialista em Alfabetização e Letramento, Educação Infantil e Educação especial. Email. Rosilenerocioli@gmail.com 2 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho pretende compreender a atuação do gestor da unidade escolar frente a aprendizagem dos discentes. Analisando a prática democrática adotada pelas escolas públicas no ensino da educação básica no País. Considerando o papel de destaque que os gestores da educação tem na aplicação e execução de planos de trabalhos que atendam às necessidades das aprendizagens de uma comunidade, bem como, na elaboração de tais planos que devem ser construídos a partir das análises de realidades estudadas por todos seus atores. Conseguindo assim, elaborar planos que possibilitem o ensino de qualidade. Papel esse que requer mais que boa vontade, demanda formação e estudos por parte dos gestores que devem conhecer o saber fazer dos processos de ensino e aprendizagem. Driblando assim os empecilhos que possam surgir como: Escassez de recursos, burocratização desses recursos e da rotina diária. Além é claro da manutenção e garantia que haja no ambiente escolar a parceria corresponsável com o principal ator do processo de ensino - O professor que é o gestor dessa micro comunidade “sala de aula”. Todas essas habilidades que trazemos neste texto como pré- requisito para que o gestor contribua para uma escola de qualidade é na verdade uma nuance de um de tantos fatores que contribuem e compõem uma escola de qualidade. Uma escola que além de colaborar para a formação de cidadãos críticos como já dito na maioria dos Projetos Políticos Pedagógicos (PPP), também possa construir para o saber de excelência. Todavia, as pesquisas aqui adotadas seguiram de forma quantitativa, embasadas a partir de pesquisas realizadas pelos gestores , cursos oferecidos pelo Ministério da Educação (MEC), bem como os dados obtidos a partir do questionário da Prova Brasil. Tais dados serviram de auxílio aos autores que fazem críticas à atual realidade, mas trazem luz a importância de uma gerência humana e de qualidade que leve em consideração o fator e a necessidade pela qual a escola pública existe, a oferta de um ensino de qualidade a todos e emancipação de seus sujeitos. No entanto, verificamos através de números relevantes a má formação de nossos gestores, bem como a necessidade de uma escola onde o que se tem no papel, realmente aconteça dentro de seus muros. 3 2 DESENVOLVIMENTO O Brasil é um país de extensões continentais, portanto com variações significativas de uma região para outra quanto a abordagem da gestão educacional. Em relação ao tempo histórico faremos um recorte a partir da Constituição Federal de 1988. Este marco político junto ao avanço das pesquisas sobre gestão trouxe a ideia de administração do ensino e administração escolar. Durante décadas o termo administração foi ampliando e modificando seguindo as modificações e mudanças históricas, políticas e econômicas mundiais até surgir a Gestão Educacional a qual abordaremos neste artigo. Sendo conceituada durante este processo como: gerência, governança e gestão. Segundo afirma SANDER (2005, p. 45). O certo é que o termo gestão vem se impondo crescentemente no pensamento administrativo do setor público e da educação brasileira. É consagrado na Constituição de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 e em numerosos instrumentos legais do sistema de ensino do País. Desse modo para tratar da aprendizagem e da gestão dessas aprendizagens em um contexto atual cabe uma breve reflexão sobre a história desses dois fatores no Brasil. Como são tratados e como foram constituídos. Sabe-se a partir de 1988 com a promulgação da última Constituição Federal que a educação passou a ser um direito de todos e dever do Estado e da família. Na unidade escolar a aprendizagem deve ocorrer de forma integral, autônoma, crítica e sendo capaz de emancipar o sujeito. Vale ressaltar ainda que a aprendizagem escolar deve ocorrer dentro dos princípios de qualidade, da equidade de forma equânime. Quanto à gestão dessas aprendizagens, no que tange a gestão democrática, partimos de duas vertentes: A gestão escolar deve promover meios para a participação efetiva de todos os seus atores através de colegiados na elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP) que atendam às necessidades da demanda da unidade escolar. Sander (2005, p.45) atesta que “É consagrado na Constituição de 1988, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 e numerosos instrumentos legais dos sistemas de ensino do País.” Sendo assim, é preciso considerar que um gestor deve estar atento a aprendizagem de todos os alunos, sendo um líder, coordenador e um orientador do trabalho em sala de aula. 4 A gestão de sala de aula, cujo principal ator é o professor, deve ter noção de gestão democrática para agenciar de forma pontual para com os seus alunos a aprendizagem valendo-se da organização, gestão de pessoas, de tempo, planejamento e avaliação. Devido à proposta da pesquisa, esta se aterá da gestão escolar com o seus principais representante, a saber: Diretor, o Coordenador Pedagógico e o Orientador Educacional. Como supracitado um dos instrumentos de grande importância que norteia a gestão democrática é o P.P.P. De acordo com Veiga, 2000 p.1) O Projeto Político Pedagógico ao se constituir em processo democrático de decisões preocupa-se em instaurar uma forma de organização no trabalho pedagógico que supere os conflitos, buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina do mando impessoal e racionalizado da burocracia que permeia as relações no interior da escola. Partindo deste pressuposto, a gestão democrática é o fazer político de uma grande parte da população. Sander ( 2005, p.47 ) ressalta que “gestão democrática, voltada para a cidadania, com uma orientação política e cultural”, a escola passa a exercer também a gestão democrática social sendo esta o início da tão esperada emancipação dos indivíduos”. Para tanto, ao exercer está prática no“chão” da escola, cabe o saber e ao fazer dos colegiados e seus atores uma ação que construa uma escola para todos. Ao anunciar que a prática é democrática a escola passa a exercer um papel real e ativo na escola. Fazendo com que os discursos presentes em seus projetos políticos pedagógicos como: “ a construção de cidadãos autônomos e críticos”, transcenda o próprio discurso/fazer, visto que , esta participação já é o exercício da cidadania e criticidade. Nas palavras de PARO,( 1998 p.5) Se se pretende, como a educação escolar concorrer à emancipação do indivíduo enquanto cidadão participe de uma sociedade democrática e, ao mesmo tempo, dá-lhes meios, não apenas para sobre viver, mas para viver bem e melhor no uso fruto de bens culturais que hoje são privilégio de poucos, então a gestão escolar deve fazer-se de modo a estar em plena coerência com esses objetivos. Assim, tais fazeres concretizam-se a partir dos colegiados existentes na escola e como dito e na participação da comunidade na elaboração de planos de ação existentes nos P.P.P direcionando todos os fazeres para a construção da “escola que queremos”. Como ressalta Sander (2005p. 51). As leis de ensino asseguram a autonomia da escola pública, a participação dos educadores na elaboração do Projeto Pedagógico da escola e da participação da comunidade escolar e da comunidade local, em conselhos escolares. Essas disposições dão aos educadores e à comunidade a base legal para exercer o controle democrático sobre os serviços educacionais prestados pelo estado. 5 Dessa maneira, ao remeter-nos para a essência da escola ao seu fazer primeiro que é o ato de ensinar, encontramos um desafio a ser superado por quem faz tais ações “os gestores escolares”, estes devem estar em sintonia com todos os membros escolares atuando para que a aprendizagem ocorra independente dos desafios do cotidiano e das ações burocráticas. Para tanto, evocamos as ideias de Lück (2009 p.31) acerca dos conceitos de competências dos diretores que afirma” Orientar e coordenar a elaboração de planos de ensino e de aula pelos professores a serem adotados como instrumentos norteadores do processo ensino/aprendizagem, segundo as proposições legais de educação e o projeto político pedagógico da escola.” Lück, ao descrever as competências para o exercício da gestão relata que a função do diretor vai além da aparente burocratização tecnicista. No entanto, o exercício desta tarefa esbarra em fazeres ainda existentes na escola que além de burocratizar a realização dos planos elaborados democraticamente afastam a gestão educacional do processo de ensino e aprendizagem. O gestor é responsável pela execução dos anseios de uma comunidade, tal especialista em educação deve saber sentir o “corpo” da instituição seus alunos, professores, pais e comunidades. Ao realizar o acompanhamento pedagógico e orientar nas falhas deste percurso o mesmo age como corresponsável pela aprendizagem norteando toda a comunidade escolar em como executar um ensino de qualidade atingindo os planos de elaboração e em conseqüência assegurando a construção das competências e habilidades necessárias para a emancipação dos sujeitos. Vale lembrar que para o exercício e realização de quaisquer que sejam os planos elaborados é necessário a administração e planejamento de recursos que o mesmo necessita. Para tanto, a administração deste recurso provido pela população também passa por uma burocratização que dificulta seus gastos e limita a escola a executar o que a mesma realmente necessita e planeja como afirma Paro (1998 p.5). Por um lado, é preciso considerar que os problemas que afligem a educação nacional têm sua origem, fundamentalmente, não na falta de esforços ou na incompetência administrativa de nossos trabalhadores da educação de todos os níveis, Mas no descaso do Estado no provimento de recursos de toda a ordem que possam viabilizar um ensino escolar com um mínimo de qualidade. Não é possível administração competente de recursos se faltam recursos para serem administrados. 6 Ainda é preciso relembrar que cabe a este gestor o acompanhamento e monitoramento de todos os processos educacionais e para, além disso, monitorar e assessorar todos os professores na execução do processo de ensino e aprendizagem, fato este que não tem nada de simplório, pois quebrar a barreira da cobrança e partir para uma assessoria que estabeleça entre tais indivíduos a relação de respeito e confiança requer bem mais que boa intenção, requer a real emancipação dos sujeitos. Ou seja, a escola idealizadora da emancipação do sujeito deve emancipar-se. O gestor para conseguir realizar tais tarefas necessita receber formação continuada e assessoria de seus superiores, como secretarias de estado e municípios. Visto que para fornecer tal respaldo o mesmo deve ser competente o suficiente para tanto. Ao pensarmos nos perfis dos gestores no Brasil deparamo-nos com situações diversas. Porém cabe aqui uma pequena reflexão: Como são formados os gestores no Brasil? Qual sua visão sobre gestão democrática? Ao pesquisarmos o MEC 3 (Ministério da Educação e Cultura) encontramos como a iniciativa criada em 2005, Escolas de Gestores da Educação Básica, com o objetivo de formar gestores sendo esta uma das ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Este projeto recebeu a parceria de instituições federais de ensino que em princípio teve como objetivo alcançar 400 profissionais e atualmente o mesmo passa por reformulações, embora o número total de gestores no Brasil ultrapassem e muito este número. Para uma análise da gestão democrática no Brasil mais analítica, conferimos aqui os questionários da Prova Brasil de 20134 dos gestores municipais. Com isso fazemos um recorte mais aprofundado sobre a verificação destas realidades. Analisamos os dados de 33.431 gestores municipais quanto algumas questões existentes no questionário respondido pelos diretores escolares durante o processo de aplicação da prova Brasil. A primeira dela diz respeito ao Projeto Político Pedagógico e sua elaboração questão 30 do questionário: Quanto ao Projeto Político desta escola neste ano (marque apenas uma opção) apenas 39% responderam que “Professores, pais, outros servidores, estudantes e eu montamos o projeto. No entanto quando questionados sobre o apoio recebido pelas comunidades o total é diferente: Questão 68 - Considere as condições existentes para o exercício do cargo de diretor nesta escola. Há apoio da comunidade à sua gestão? 95% responderam que sim. Há apoio. Porém ao refletirmos sobre tais questões percebemos uma discrepância do que deveria 3 Os dados aqui apresentando foram retirados do site: www.mec.com.br 4 Utilizamos o site em educação Qedu que reuni as informações obtidas nos questionários e resultados da Prova Brasil 7 ser a gestão democrática e de como ela é realizada nas escolas públicas no País. Como poderia uma escola ter uma gestão democrática se não há um PPP construído a partir dos colegiados, visto que a maioria das escolas, cerca de 61% construíram estes documentos a partir de ideias de uma única pessoa ou grupo. Isto faz-nos refletir sobre a afirmativa quase unânime dos Diretores sobre o apoio da comunidade a sua gestão. O que tais profissionais compreendem como apoio? Seria uma aceitação das decisões tomadas unilateralmente? Como atuam tais escolas na construção de cidadãos críticos e na emancipação de seus sujeitos? Com isso podemos considera que ainda há uma grande necessidade de melhorias na compreensão da gestão democrática. Principalmente ao que tange os gestores que a executam,bem como a existência de políticas claras e objetivas quanto a formação continuada de gestores, professores na área de gestão da aprendizagem. Visto que as políticas atuais ainda dependem muito de iniciativas isoladas de municípios, universidades e instituições privadas. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao realizarmos aqui este estudo que apesar de pequeno trouxe reflexões importantes quanto ao exercício da gestão democrática na escola e a contribuição desta na aprendizagem dos alunos. Pudemos não só evidenciar a importância da gestão educacional para a elaboração e acompanhamento dos planos de ação. Como também o papel de grande importância da gestão democrática para a sociedade que quer oferecer um ensino de qualidade e formar cidadãos emancipados. Porém como esta prática vem sendo aplicadas dentro da escola ainda mostra-se um mistério diante das evidências aqui apresentadas. Já que como analisado os próprios gestores não executam o documento norteador de todas as ações da escola (PPP) de forma participativa e transparente. O que nos evidencia que ainda falta muito para a gestão educacional compreender o como e por que e de se fazer a gestão a democrática. Fato este que é elucidado ao verificarmos a compreensão errônia da participação da comunidade nas decisões tomadas pelos gestores escolares. Ao acreditar que é possível fazer uma escola que promova o ensino de qualidade onde a participação da comunidade é apenas na concordância das decisões tomadas por seus gestores. A escola e seus atores falham com o serviço de equidade e com o seu principio básico de oferecer educação a todos. Visto que, “todos” também é a comunidade que os rodeia. Além de isentar-se da responsabilidade de emancipação de uma sociedade. 8 Um dos caminhos possíveis para a gerência de uma escola de qualidade é a efetivação de práticas de parcerias entre gestores e professores. Porém para que esta prática seja possível, voltamos a remetermo-nos ao PPP, instrumento que deveria assegurar que tais ações fossem realizadas dentro do ambiente escolar. No entanto para que os gestores sejam capazes de proporcionar esta tarefa é necessário que o mesmo tenha formação. Formação que ultrapasse a organização de instrumentos burocráticos e que avancem para estudos voltados a ação pedagógica e a oferta de um ensino de qualidade. Contudo os fazeres pelos quais os gestores são responsáveis: gestão democrática, atuação pedagógica, parceria com professores que necessitam e requerem políticas que atendam de forma continuada sua formação acadêmica e profissional. Criando subsídios para que facilitem o uso do dinheiro público sem burocratização e de forma interligada as ações planejadas, PPP. Documento que devem ser “vivos” e ativos dentro da comunidade escolar. Enfim políticas que realmente forme, oriente e acompanhem de forma ampla e sistemática os membros que compõe a gestão educacional facilitando assim a tão descrita educação de qualidade e emancipação de seus sujeitos. 4 REFERÊNCIAS LÜCK, Heloísa. Dimensões da gestão escolar e suas competências. Curitiba: Editora Positiva, 2009. VEIGA, I. P. A. Projeto Político-Pedagógico da escola: uma construção possível. Campinas, SP: Editora Papirus , 2000. PARO, Vitor Henrique. Gestão Democrática na escola pública. São Paulo: Editora Ática, 2001. _____, Vitor Henrique. Gestão Escolar, democracia e qualidade do ensino. São Paulo: Editora Ática, 2007. _____, Vitor Henrique. A Gestão da Educação ante as exigências de qualidade e produtividade da escola pública. São Paulo: Editora Ática, 1998. BENNO, Sander. A Produção do conhecimento em políticas e Gestão da educação. Brasília: Editora Linhas Críticas, 2005.