Buscar

História da Escravidão no Brasil

Prévia do material em texto

História da Escravidão no Brasil
Quando os portugueses iniciaram a exploração do Brasil, no início do século XVI, havia, aqui, mais de 5 milhões de indígenas divididos em várias etnias com usos e costumes diferentes. Havia diferenças e conflitos entre essas etnias, o que poderia resultar em guerras. A historiografia tem dificuldades em definir em que condições viviam os prisioneiros dessas guerras. Talvez estes prisioneiros fossem submetidos a alguma espécie de escravidão nas aldeias indígenas. Entretanto, os escravos se submetiam à toda comunidade e não a um senhor individual. O projeto de expansão marítima europeia, ocorrido a partir do século XV, permitiu que os europeus encontrassem novas terras e sociedades com diferentes modos de vida, dentre elas, os povos que já habitavam o continente que passou a ser chamado de América. A parte central do continente (1492) foi o primeiro alvo dessa apropriação, a medida que a notícia do descobrimento corria mundo afora, europeus de diversas nacionalidades chegavam para demarcar seu território (ingleses, franceses, holandeses) e o Novo Mundo (América) aos poucos foi sendo desbravado pelo Velho Mundo(Europa). O novo continente (América) continha características étnicas, linguísticas e culturais tão variadas quanto as dos povos que habitavam a Europa naquele período. Além da apropriação e exploração dessas novas terras pelos europeus, ocorreu um processo que levou a destruição de várias etnias indígenas, eliminação de aldeias inteiras por meio de matança, escravização e doenças, além da formação de um organizado sistema comercial que foi montado em todo continente ao longo do domínio colonizado.
Em relação ao Brasil, os portugueses perceberam, nos primeiros contatos, que nada da produção indígena poderia reverter em grandes lucros na Europa, pois seria preciso implantar seu próprio estilo de produção e suas relações de trabalho. Recorreram primeiro à comercialização de pau-brasil e usaram do trabalho indígena para o corte e transporte desta madeira – por meio de escambo (troca) de produtos, que variavam de espelhos e perfumes a alimentos e bebidas europeias. A exploração e a crueldade contra os indígenas não demorou a acontecer, o que antes era feito voluntariamente, passou a ser feito obrigatoriamente através da escravidão. Essas alterações no relacionamento entre os europeus e os indígenas ficam claras a partir de 1534, quando o governo metropolitano iniciou a efetiva ocupação e colonização do Brasil. Com a decisão de introduzir a cultura da cana-de-açúcar (século XVI), houve a necessidade contínua do trabalho na lavoura de tal modo que a principal mão-de obra utilizada, em 1540 a 1620 aproximadamente, foi a indígena. O governo português usou de duas formas para escravizar os indígenas de suas terras: a primeira consistia na escravidão pura e simples; a segunda, através das ordens religiosas, usando como argumento a fé. Havia divergências com relação a essas duas políticas. As ordens religiosas protegiam os indígenas através das reduções ou missões, transformando-os, por intermédio do ensino, em“ bons cristãos ”.Essa mudança no estilo de vida dos indígenas da América foi absorvida por várias etnias, independente do colonizador ou região do continente. O fato dos indígenas trabalharem o necessário para sua sobrevivência chocou-se com o trabalho intensivo e compulsório imposto pelo colonizador nas lavouras de cana-de-açúcar, a questão da produtividade era estranha a eles, além da disciplina rígida. Pela dificuldade de adaptação à cultura, muitos indígenas fugiam, morriam de melancolia e cometiam suicídio das mais diversas formas, além de promover revoltas contra os colonizadores. A pressão da Igreja Católica junto à Coroa portuguesa reivindicando leis que impedissem a escravização indígena também era outro inconveniente.
Texto 1
Os Jesuítas subordinaram os índios a uma semi-servidão disfarçada que não correspondia ao que a servidão tem de específico, mas ao mesmo tempo, não era trabalho livre ou a escravidão na sua pureza conceptual.
Contribuíram ainda para o abastardamento cultural do índio, destruindo os seus padrões de valores. Esses padrões eram fruto da experiência adquirida através de longo processo de adaptação ao meio. Os jesuítas substituíram esses padrões por outros aquilatados e impostos segundo esteriótipos e julgamentos morais que eram inteiramente estranhos aos índios. Esta defasagem levou a que a população indígena fosse marginalizando progressivamente do processo produtivo.

Continue navegando