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Detalhamento dos quatro tempos do motor e dos efeitos e solicitações nos componentes envolvidos nessas operações, para os ciclos Otto e Diesel. Como demonstrado na figura acima, durante dois tempos do motor (admissão e exaustão) o cilindro está aberto por uma das válvulas, ficando o interior do cilindro exposto à pressão atmosférica. Nesses dois tempos os esforços são mínimos aos componentes envolvidos. Na admissão o pistão inicia um movimento de descida, afastando-se do cabeçote onde a válvula de admissão encontra-se aberta. Com isso temos um aumento do volume interno do cilindro, que é preenchido com ar ou mistura de ar e combustível. Como o movimento de descida do pistão, dentro do cilindro, é gerado um efeito de sucção, fazendo com que a pressão interna fique ligeiramente abaixo da pressão atmosférica. Nesse tempo os esforços limitam-se basicamente às forças necessárias para movimentar os componentes, além da força necessária para manter a válvula de admissão na posição aberta, e também, para movimentar os demais componentes do motor (bomba de óleo, bomba de água, etc.). A temperatura do ar de admissão fica próxima a temperatura externa do ambiente. Na exaustão o pistão inicia um movimento de subida, aproximando-se do cabeçote onde a válvula de exaustão encontra- se aberta. Com isso temos uma redução do volume interno do cilindro, o que força os gases da combustão para fora do cilindro. Como o movimento de subida do pistão, dentro do cilindro, é gerado um efeito de compressão, fazendo com que a pressão interna fique ligeiramente acima da pressão atmosférica. Nesse tempo os esforços limitam-se basicamente às forças necessárias para movimentar os componentes, além da força necessária para manter a válvula de admissão na posição aberta, e também, os esforços para movimentar os demais componentes do motor. Todavia, nesse tempo os gases da combustão ainda possuem temperatura elevada, ficando no ciclo Otto em torno de 800°C, na condição de motor sem carga, e em torno de 700°C a 1.000°C, na condição do motor com carga. Já para o ciclo Diesel a temperatura dos gases fica em torno de 250°C, na condição do motor sem carga, e em torno de 500°C a 600°C, na condição do motor com carga. Todavia, durante os outros dois tempos (compressão e expansão), o cilindro do motor fica fechado, ficando os componentes envolvidos submetidos aos esforços oriundos da compressão e da expansão do fluido ativo (ar ou mistura de ar e combustível), além da carga térmica decorrente do processo de combustão. Assim sendo, antes de estudarmos os ciclos térmicos Otto e Diesel, vamos estudar os efeitos causados nos componentes envolvidos com a geração de trabalho do motor. Na compressão o pistão inicia um movimento de subida, aproximando-se novamente do cabeçote, onde as válvulas de admissão e exaustão agora se encontram fechadas. Com isso temos uma redução do volume interno do cilindro, o que força acarreta um aumento da pressão interna, e também, da temperatura do ar ou mistura. Nesse estágio a pressão interna, ao final da compressão, chega a valores de referência entre 10 a 16 atm, enquanto que a temperatura chega em torno de 350°C a 500°C. Nesse tempo os esforços nos componentes ligados diretamente ao cilindro são decorrentes da pressão exercida sobre os mesmos, além do estrese decorrente do aumento de temperatura. . Na expansão o pistão inicia um movimento de descida, afastando-se do cabeçote, onde as válvulas de admissão e exaustão agora se encontram fechadas. Esse movimento de descida do pistão é forçado pela expansão dos gases da combustão, sendo u único dos tempos do motor onde temos a geração de trabalho. A combustão além de gerar um aumento no volume dos gases, acarreta também aumentos na pressão e temperatura interna no cilindro. No ciclo Otto temos como referência valores de pressão que variam entre 30 e 40 atm, e temperatura variando entre 2.000°C a 2.500°C. Já no ciclo Diesel a pressão fica em torno de 50 a 100 atm, enquanto que a temperatura fica em torno de 1.400°C a 2.000°C. Nesse tempo os esforços nos componentes ligados diretamente ao cilindro também são decorrentes da pressão exercida sobre os mesmos, além do estrese decorrente do aumento de temperatura. No diagrama a seguir podemos avaliar a variação da pressão durante os quatro tempos do motor, onde a linha vermelha indica um ciclo sem a ocorrência de combustão, enquanto que a linha azul demonstra o efeito da combustão na pressão do cilindro. Agora que já estudamos os tempos do motor, e antes de entrarmos no estudo dos ciclos térmicos dos motores, vamos estudar aspectos relacionados a geometria do sistema motriz do motor. RAZÃO DE COMPRESSÃO DO MOTOR Os motores alternativos trabalham com o deslocamento do pistão dentro de um cilindro do bloco. Esse movimento alternado acarreta em um volume máximo do cilindro, quando o pistão atinge o seu ponto morto inferior (PMI), que é a posição quando o pistão está mais distante do cabeçote, e um volume mínimo do cilindro, quando o pistão atinge o seu ponto morto superior (PMS), que é a posição quando o pistão está mais próximo do cabeçote, como demonstrado na figura a seguir. Onde: PMI = Ponto morto inferior PMS = Ponto morto superior VT = Volume total do cilindro VM = Volume morto do cilindro V = Volume de deslocamento do pistão (cilindrada unitária) S = Deslocamento (curso) do pistão Portanto, a capacidade volumétrica máxima de um cilindro, o que representa o volume máximo de ar ou mistura que podemos admitir no mesmo, corresponde ao volume do motor quando o pistão encontra-se na posição mais distante do cabeçote, ou seja, na posição mais baixa dentro do cilindro (PMI). Iremos denominar esse volume como sendo o volume “VT”, como demonstrado na figura anterior. Todavia, a capacidade volumétrica efetiva de um motor não é medida pelo volume máximo dos cilindros, mas sim, pelo volume de deslocamento do pistão, que é a diferença entre o volume máximo do cilindro (VT) e o volume mínimo do cilindro (VM), sendo esse último chamado de volume morto do cilindro. Esse volume morto do cilindro, delimitado pela posição quando o pistão atinge o ponto morto superior, que é a posição mais próxima que o pistão chega em relação ao cabeçote, determina a taxa de compressão de um cilindro, ou seja, o ar que é admitido em um cilindro é comprimido até atingir o volume morto. Assim sendo, a taxa de compressão é a razão de redução do volume de ar que é admitido no cilindro, considerando os volumes máximo e mínimo com relação ao deslocamento do pistão. Já o volume efetivo (volume de deslocamento do pistão) de um motor é a diferença entre o volume máximo e o volume morto, que é denominado de cilindrada do cilindro. Esse volume passará a ser chamado de cilindrada unitária (V). Vamos detalhar melhor esses pontos: Deslocamento do pistão É o percurso que o pistão percorre dentro do cilindro, entre o ponto morto inferior e o ponto morto superior do cilindro. Volume Total do Cilindro É o volume do cilindro quando o pistão está localizado no ponto morto inferior. Nesse volume devemos considerar também os eventuais volumes de câmaras existentes no pistão, cujas quais podem ser preenchidas com o ar de admissão, bem como, de eventuais câmaras existentes na face divisora do cabeçote, cujas quais também podem ser preenchidas com ar de admissão. VT = V + VM Volume morto do cilindro É o volume do cilindro quando o pistão está localizado no ponto morto superior. Nesse volume devemos considerar também os eventuais volumes de câmaras existentes no pistão, cujas quais podem ser preenchidas com o ar de admissão, bem como, de eventuais câmaras existentes na facedo cabeçote, cujas quais também podem ser preenchidas com ar de admissão. Em resumo podemos considerar que o volume morto é igual ao volume total do cilindro menos o volume correspondente ao volume de deslocamento do pistão, que corresponde a cilindrada unitário do cilindro. VM = VT - V Volume efetivo do cilindro (cilindrada unitária) Representa o volume de ar que pode ser admitido em cada ciclo do cilindro. A determinação do mesmo é feito pelo volume correspondente da área de secção transversal do cilindro pelo deslocamento do pistão. Taxa de compressão do cilindro É a razão de quanto o volume total do cilindro é comprimido até o volume morto do cilindro. Cilindrada total do motor É a cilindrada unitária de um cilindro multiplicado pelo número de cilindros do motor. C = V . Z Onde “Z” representa o número de cilindros do motor Para efeito didático iremos considerar pistões de cabeça plana (sem câmara) e cabeçotes de face plana. Exemplo: Em um motor de 4 cilindros com diâmetro de cilindro de 90 mm, e curso de pistão de 120 mm, e distância de 10 mm do pistão na posição de PMS até o cabeçote, determinar a cilindrada total do motor e a taxa de compressão do mesmo. Inicialmente vamos determinar a cilindrada unitária de um cilindro. V = (π . D2 . S) / 4 = (π x 902 x 120) / 4 � V = 763.407,0 mm3 Agora vamos determinar o volume morto. Como estamos considerando tratar-se de um pistão sem câmara e cabeçote de face plana, o volume morto pode ser determinado pela área de secção transversal do cilindro pela distância do pistão no ponto morto superior até a face do cabeçote. VM = (π x 90 2 x 10) / 4 � VM = 63.617,3 mm 3 Agora que já conhecemos a cilindrada unitária e o volume morto, podemos então determinar a taxa de compressão. TC = (V / VM) + 1 = (763.407,0 / 63.617,3) + 1 � TC = 13 Então dizemos que a taxa de compressão é de 13 por 1 (13 : 1) Agora vamos calcular a cilindrada total do motor. Como o enunciado informa que o motor tem 4 cilindros, então: C = V . Z = 763.407,0 x 4 � C = 3.053.628 mm3 Portanto, trata-se de um motor de aproximadamente 3 litros. Exemplo 2: Num motor Otto de 4 cilindros, com 1.600 cm3 de cilindrada unitária e taxa de compressão de 10:1, determinar o volume total e o volume morto de um cilindro. Inicialmente vamos determinar a cilindrada unitária de um cilindro: C = V . Z � V = C / Z = 1.600 / 4 � V = 400 cm3 Como conhecemos a taxa de compressão, podemos determinar o volumem morto do motor: TC = (V / VM) + 1 � (V / VM) = TC – 1 � VM = V / (TC – 1) VM = 400 / (10 – 1) � VM = 44,44 cm 3 Agora que sabemos os valores do volume morto e da cilindrada unitária, podemos determinar o valor do volume total do cilindro: VT = V + VM = 400 + 44,44 � VT = 444,44 cm 3 Exemplo 3: Em um motor de 4 cilindros com diâmetro de cilindro de 70 mm, e curso de pistão de 90 mm, e distância de 7,4 mm do pistão na posição de PMS até o cabeçote, determinar a cilindrada total do motor e a taxa de compressão do mesmo. Exemplo 4: Num motor Otto de 8 cilindros, com 4.200 cm3 de cilindrada e taxa de compressão de 10,5:1, determinar o volume total e o volume morto de um cilindro. Blank Page
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