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Resumo Cap 11 - Economia Brasileira Contemporânea (Souza)

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Resumo: Economia Brasileira Contemporânea: de Getúlio a Lula (Souza) 
 
Capítulo 11 
O colapso do Plano Real e o Sistema de Metas de Inflação 
Em 1995, o Plano começa a apresentar os primeiros problemas. O primeiro 
sintoma foi o déficit na balança comercial, com isso, os especuladores já 
começavam a carregar as reservas cambiais do país. 
 
O impacto da crise mexicana na economia brasileira 
O governo responsabilizou essa crise pela fuga em massa das reservas. 
Porém, o colapso mexicano só atacou as economias com contas externas 
fragilizadas, ou seja, economias dependentes do capital especulativo para 
fechar as contas. 
Por conta da “âncora” do Plano Real, inaugurou no Brasil os déficits na balança 
comercial. A própria politica econômica provoca déficit na esperança de serem 
coberto pelo capital especulativo. A fuga de capitais pressionava o cambio, 
mas não podia desvalorizar o real. Com a não desvalorização, o 
importacionismo continuaria a aumentar o déficit afugentando mais ainda os 
aplicadores. Quadro esse que foi agravado pela derrubada das tarifas de 
importação. Este foi o cenário encontrado por FHC no começo da sua gestão. 
 
As primeiras correções do Real 
A evaporação das reservas começa a soltar a âncora do Real. O governo 
adotou medidas para incentivar exportadores a anteciparem os contratos de 
exportação. O enfrentamento da raiz do problema “teria” que ser dado, pela 
supervalorização do real e anulação das tarifas de importação. Reverter à 
situação enterraria a âncora cambial e manter a situação explodiria as contas 
externas e o plano econômico. 
O governo optou por fazer correções superficiais: aumentou a tarifa de 
importação de 100 produtos e adotou a “banda cambial deslizante” para 
começar lentamente a desvalorização do real. 
A âncora cambial mais a redução da alíquota de importação eram ao mesmo 
tempo o sustento e a fraqueza do Plano Real. Ao baratear os produtos 
estrangeiros para segurar a inflação, ao mesmo tempo a deterioração das 
contas externas podia trazê-la de volta. O aumento da taxa de juros tentava 
segurar as exportações e manter o capital especulativo. 
Enquanto a âncora cambial para segurar a inflação deteriorava as contas 
externas, a âncora monetária permitia financiar o déficit ao atrair o capital 
especulativo. As duas âncoras eram, portanto, irmãs siamesas. 
 
As âncoras e o endividamento 
A combinação das duas âncoras: fiscal e monetária seriam fatal para a 
economia. Com o aumento do passivo externo, aumentava a vulnerabilidade da 
economia brasileira. 
Para cobrir o déficit o governo e as empresas fizeram venda do patrimônio 
nacional ao capital estrangeiro; tomaram novos empréstimos e deram 
incentivos para aplicação do capital especulativo. 
Com o violento aumento do passivo externo, houve fragilização das contas 
externas e aumento das transferências de recursos para o exterior. Como 
consequência, a dupla âncora também explodiu as finanças públicas. De um 
lado o Banco Central emitia títulos para trocar por dólar especulativo e do outro 
os juros altos incidiam sobre a dívida pública. União, Estados e Munícipios 
tiveram déficit nas contas públicas. 
Os juros ficaram tão elevados que inviabilizou a capacidade de pagamento dos 
tomadores de empréstimos e muitos bancos quebraram na época. Espremida 
entre juros altos e a concorrência externa desleal, a taxa de lucro das 
empresas tendera a cair. Assim, a deterioração da economia prosseguiu em 
1996. 
Houve também ameaça de explosão das contas externas. Apesar do novo 
aumento das tarifas de importação e das medidas de estímulo às exportações, 
o déficit comercial seguiu aumentando. 
 
Vulnerabilidade externa e o “vírus asiático” 
Segundo choque externo: crise dos tigres asiáticos. 
- Fortes turbulências nas bolsas de valores; 
- Fuga de capitais, pressão sobre o câmbio e as reservas cambiais. 
Na tentativa de contar/pausar a fuga de capitais, o governo prometeu acelerar 
a “desestatização” e entregar as reservas cambiais para bancos estrangeiros 
administrarem. 
A combinação do aumento da fragilidade externa e aumento da fragilidade do 
setor público espantava o capital especulativo. Foram prejudicados pela crise, 
países que eliminaram qualquer proteção de suas economias e se 
subordinaram a especulação internacional. 
Reação do governo à Crise Asiática 
O governo decidiu intensificar medidas restritivas já adotadas antes: corte nos 
gastos públicos e aumento dos impostos. 
Para garantir o pagamento dos juros e dobraram os juros para manter o capital 
especulativo. Resultado: desaceleração da economia e maior dependência 
desses capitais. 
 
1º acordo com o FMI 
O agravamento da crise mundial expôs o grau de vulnerabilidade a que a 
política de supervalorização do Real conduziu o Brasil. 
Em 1998 os aplicadores perceberam que corria o risco de não receber no 
futuro. Começaram então carregar seus capitais do Brasil e deu-se início ao 
colapso do Plano Real. 
O governo adotou medidas restritivas e negociou o acordo com o FMI. No 
entanto, nem o acordo com o FMI conseguiu tranquilizar os especuladores. O 
governo voltou a elevar a taxa de juros, além de associar essa medida com o 
corte nos gastos sociais para pagar os encargos da dívida com esses juros 
mais elevados. 
O arrocho fiscal – monetário elevou o custo financeiro das empresas e conteve 
mais ainda a demanda interna, houve prejuízo da lucratividade das empresas 
que já era baixa. 
Fernando Henrique Cardoso se reelegeu apesar de tudo em outubro de 1998. 
 
Novo aperto fiscal 
O pacote fiscal inauguraria uma trajetória de aumento da carga tributária. 
Objetivo: conter o crescimento da economia e também forçar a queda das 
importações para tentar diminuir o déficit das contas externas. 
As medidas anteriores de elevação de tarifas de importação não resolveram a 
supervalorização do real e não conseguiu a derrubar as mesmas. Com o 
encarecimento do real, mais a crise asiática e a crise russa derrubaram as 
exportações. Como consequência o déficit comercial permaneceu inalterado e 
o déficit externo seguiu trajetória explosiva. 
Apesar do acordo com o FMI, não havia como evitar a fuga em massa de 
capitais. 
 
Fuga em massa de capitais e colapso do Plano Real 
Apesar do acordo com o FMI, do pacote fiscal-monetário e da maior alienação 
do patrimônio nacional a fuga em massa dos dólares continuou. Mesmo depois 
de entrar a primeira parcela do empréstimo, os especuladores seguiram em 
rota de fuga. 
Sob o risco de ficar sem reservas cambiais e sem novos capitais externos para 
cobrir o déficit, destruiu-se a âncora cambial e o Plano Real entrou em colapso. 
Em janeiro de 1999, FHC começou o processo de desvalorização efetiva do 
real. 
 
Câmbio flutuante 
Atropelado pelo mercado (especuladores), em janeiro de 1999 o governo 
decidiu que o câmbio passaria a flutuar livremente. Com o fim da âncora 
cambial, despareceria o Plano Real. 
Estragos feitos pelo Plano: 
 A dívida externa subiu, para financiar o déficit externo; 
 A dívida federal subiu, em consequência da política de juros altos; 
 O conjunto da dívida líquida do setor público subiu; 
 O Estado perdeu 76% de seu patrimônio público; 
 O passivo externo bruto crescera; 
 Importantes setores industriais haviam sido dizimados/sucateados; 
 O emprego industrial em SP foi ceifado em 25% 
Mesmo depois da desvalorização do real os especuladores seguiram 
carregando as reservas cambiais do Brasil. 
 
Câmbio flutuante e aperto monetário tranquilizam “mercado” 
Depois do colapso do Plano Real em 1999, deu-se início a uma nova política 
de combate à inflação: Sistema de Metas de Inflação mais o regime de câmbio 
flutuante. Assumiu a direção do BC, Armínio Fraga que com a nova política 
objetivava a desvalorização do real para gerar os superávits comerciais 
exigidos pelo capital estrangeiro. 
Porém, o governo achando que a desvalorizaçãonão seria suficiente, optou 
por aumentar o aperto monetário para desencorajar a fuga de capitais. A 
primeira medida de Fraga foi subir a taxa de juros de 39% para 45%. 
O chamado “mercado” terminou se acalmando e estabilizando a taxa de 
câmbio. Um fator importante para isso foi dar sequencia ao Programa de 
Desestatização. 
 
Inflação e recessão 
A elevação dos juros mais a desvalorização do real resultaram no encolhimento 
da economia. As empreses sofreram um duplo choque com o aumento do 
custo financeiro e do custo das matérias-primas importadas. Como 
consequência do custo dos importados, derivado da correção cambial, a 
inflação acelerou. 
 
Sistema de Metas de Inflação 
Para substituir a âncora cambial, Armínio Fraga começou a praticar o Sistema 
de Metas de Inflação em 1999. 
A âncora cambial causou déficit na balança e exigia juros elevados para se 
manter; a âncora monetária que atraia o capital externo serviria para cobrir 
esse déficit. Com os juros elevados, houve aumento da dívida e para cobri-lo 
era necessário aumentar o superávit comercial, ou seja, a âncora fiscal. Esse 
processo engendrava endividamento (interno e externo). 
Com o SMI mudou-se a ênfase no instrumento de combate à inflação. A âncora 
cambial não havia desaparecido inteiramente. No Sistema de Metas de Inflação 
o principal instrumento passou a ser a “âncora monetária”. 
Mecanismo utilizado: 
- O governo através do CMN determina uma meta inflacionária; 
- O Banco Central usando da política monetária, garantiria que a inflação 
efetiva convergisse para a meta – visão ortodoxa monetarista; 
Como os juros altos sobrecarregavam o endividado setor público, a política de 
combate à inflação exige o aumento do superávit primário se utilizando da 
âncora fiscal (elevando impostos ou cortando gastos). 
Essa política ao se assentar na combinação âncora monetária + âncora fiscal, 
enseja a atração de capital especulativo, pressionando a valorização do real e 
fazendo ressurgir a âncora cambial. Com o aumento dos encargos financeiros 
do setor público e seu endividamento, aumentou-se a carga tributária para 
gerar superávit e pagar a dívida. 
 
 
Exportação e reanimação econômica 
A desvalorização do real só começaria a fazer efeito em 2000, tanto nas 
exportações, quanto nas atividades econômicas e no emprego. Os efeitos 
positivos sobre as exportações e a substituição de importação provocaram a 
elevação da taxa de lucro. 
As empresas se animam para produzir. O crescimento da produção foi puxado 
pelas exportações (movidos pela queda do real e seu barateamento em moeda 
estrangeira). O forte crescimento das exportações ainda não foi suficiente para 
criar o superávit comercial. Essa incapacidade de gerar superávit fez com os 
especuladores externos voltassem a evadir-se do país. 
Com isso houve baixa nas reservas conquistadas pelo reforço patrocinado pelo 
FMI. Para acalma-los o governo dispôs-se a gerar o superávit para pagar os 
encargos financeiros da dívida. 
As exportações ocupavam a capacidade ociosa e o mercado interno seguia 
contraído em decorrência da queda do poder de compra dos salários. Este era 
um crescimento efêmero que dependia do andamento da economia mundial e 
já começava a aparecer nuvens sombrias no cenário internacional: 
desaceleração da economia americana. Essa desaceleração afetaria as 
exportações brasileiras, matando no nascedouro a breve recuperação da 
economia brasileira. 
 
Passivo externo limita o crescimento da economia 
O aumento do passivo externo limitava o crescimento da economia. Resultado: 
maior remessa de lucro para o exterior (pagamento de juros, lucros e 
dividendos). Esse aumento das remessas deprimia a capacidade de 
investimento interno e aumentava a vulnerabilidade da economia externa. 
Passivo externo crescente + aumento da abertura economia + dependência do 
mercado externo = bloqueio do crescimento da economia. 
 
Fatores perturbadores da economia 
Em 2001, os ganhos de competitividade com as exportações pela 
desvalorização do real seriam percebidos com o protecionismo dos países 
ricos, a crise da Argentina e a desaceleração da economia mundial. 
A crise argentina teve peso importante na redução das exportações, mas a 
desaceleração da economia mundial e do recrudescimento do protecionismo 
dos países ricos foram ainda mais decisivos. 
 
2º acordo com o FMI 
Foi preciso uma forte desvalorização do real em 2001 para conseguir melhorar 
a performance das exportações e gerar o primeiro superávit comercial da 
gestão de FHC. Mesmo assim, o conjunto do déficit externo não cedeu, pelo 
contrario. A dívida do setor público atingiu níveis incontornáveis. Especuladores 
nervosos: aumento da pressão sobre o dólar. 
Em meados de 2001, com a volta do descontrole do câmbio, começava a 
entrar em colapso o regime de câmbio flutuante. 
Reação do governo: oferecer novas vantagens aos especuladores e formar um 
novo acordo com o FMI (o pior acordo até então), ao aumentar as exigências e 
o aperto fiscal imposto pelo anterior. As novas exigências impunham grandes 
sacrifícios para a economia nacional, no entanto, o empréstimo não resolvia a 
situação das contas externas nos dois anos de acordo. 
Pela primeira vez o FMI deixa claro que seu principal objetivo era servir ao 
pagamento dos juros. A medida que não equacionava a perspectiva de quebra 
das contas externas, mantinha a tendência de um novo colapso (front externo). 
Ao fazer o acordo com o FMI, o governo esperava obter “credibilidade” junto 
aos credores para renegociar essa parcela não coberta. 
 
Novo colapso das contas externas 
Mesmo depois do acordo com o FMI a pressão sobre o câmbio permaneceu. 
Essa pressão em 2002 não decorreu do déficit em transações correntes, foi 
resultado de um forte ajuste na balança comercial. Combinada a 
desvalorização do real que tornou os produtos estrangeiros mais caros em 
moeda nacional, a recessão econômica e a forte queda da oferta de crédito 
externo para financiar as exportações, permitiu-se derrubar as importações em 
15% e gerar superávit comercial. 
O problema básico era que os compromissos com o passivo externo seguiam 
elevados. Além disso, já não havia patrimônio publico a alienar. Os 
especuladores externos também perceberam que os encargos da dívida 
haviam se tornado impagáveis. Os especuladores começaram a debandar 
novamente. 
Foi essa necessidade de dólares para cobrir essa evasão de capitais que 
pressionou a cotação da moeda para cima. 
 
 
 
3º acordo com o FMI 
A cotação do dólar continuou subindo, essa situação levou o Brasil a fazer um 
novo acordo com o FMI, acordo que foi dividido em duas etapas com o intuito 
de garantir que os candidatos à presidência se comprometessem com as 
exigências do Fundo. Fazia parte do “novo acordo”, além de uma série de 
exigências, a elevação da taxa de juros. 
Os especuladores externos só se acalmariam após o pleito presidencial, que 
deu a vitória a Lula (que durante as turbulências, assinou a carta de 
compromisso para cumprir os contratos firmados com o FMI). 
 
A estagnação da economia 
A partir de 2001ª estagnação da economia voltaria. Com a estagnação do 
mercado externo a saída seria dinamizar o mercado interno. Porém, ao cortar 
investimento público, créditos e salários, o mercado interno era empurrado para 
baixo o que incapacitava a alavancagem da economia. 
Para agravar a situação o Banco Central retomou a trajetória de elevação dos 
juros. Efeito dramático sobre a lucratividade das empresas que fez com que os 
investimentos desabassem. 
Em 2001, a economia havia estagnado sob os efeitos do racionamento de 
energia, do arrefecimento das exportações, dos juros altos e a queda do 
rendimento do trabalhador. O desemprego voltou a subir. Na raiz do processo: 
pressionada pelos juros altos e amoeda valorizada a lucratividade empresarial 
encontrava-se deprimida. 
 
A escalada inflacionariaO grande feito de FHC foi à derrubada da inflação. No entanto, no final do seu 
governo ela voltava a recrudescer. A forte desvalorização do real provocou 
essa consequência. 
Aceleração inflacionaria: causa imediata da valorização do dólar (os produtos 
importados ficaram mais caros e as empresas endividadas em dólar 
repassavam para os preços o aumento dos custos) - choque de oferta. O 
aumento dos preços se generalizava para todos os setores e trazia de volta a 
chamada inércia inflacionaria.

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