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Centro Universitário Augusto Motta Estágio Profissional em TCC Professora/Supervisora: Maristela Candida da S. de Freitas Prefácio “Este livro é dedicado a um público variado de profissionais da área de saúde e da saúde mental, desde aqueles que nunca estiveram expostos à terapia cognitivo-comportamental até os que são bastante experientes, mas deseja aperfeiçoar suas habilidades, incluindo como conceituar pacientes cognitivamente, planejar o tratamento, empregar uma variedade de técnicas, avaliarem a eficácia do seu tratamento e detalhar os problemas que surgem em uma sessão.” (pág. 13) Para ilustrar os exemplos, Judith Beck escolheu uma paciente ideal chamada Sally e exemplifica o tratamento do seu diagnóstico de depressão moderada. Esse livro foi publicado em 20 línguas e essa edição traz sugestões que vieram de toda parte do mundo, além de discussões com supervisores, alunos, colegas, iniciantes e veteranos. Resumo em fichamento Terapia Cognitivo Comportamental Teoria e Prática Autora: Judith S. Beck 2º Edição do clássico da Terapia Cognitiva Editora: Artmed 2013 (O Livro possui 21 Capítulos, esse fichamento possui apenas os primeiros 05 capítulos) Capítulo 1. Introdução à terapia cognitivo-comportamental? O que é TCC? Qual a Teoria subjacente à TCC? O que dizem as pesquisas? Como foi desenvolvida a terapia cognitivo-comportamental de Beck? Quais os princípios básicos do tratamento? Como é uma sessão? O desenvolvimento do terapeuta Capítulo 2 – Visão Geral do Tratamento Desenvolvendo a relação terapêutica Planejando o tratamento e estruturando as sessões Identificando e respondendo às cognições disfuncionais Enfatizando o positivo Facilitando a mudança cognitiva e comportamental entre as sessões (atividades de casa Capítulo 3 – Conceitualização cognitiva O modelo cognitivo Crenças Relação entre comportamentos e pensamentos Capítulo 4 – Sessão de avaliação Objetivos da sessão de avaliação Estrutura da sessão de avaliação O início da sessão de avaliação Fase de avaliação Final da avaliação Envolvendo um familiar Relatando as suas impressões Definindo os objetivos iniciais para o tratamento e relatando seu plano de tratamento Expectativas do tratamento Delineando uma conceitualização cognitiva inicial e um plano de tratamento Capítulo 5. Estrutura da primeira sessão Objetivos e estrutura inicial Definindo a pauta Fazendo a verificação de humor Obtendo uma atualização Discutindo o diagnóstico Identificação do problema e definição dos objetivos Educando o paciente sobre o modelo cognitivo Discussão do problema ou ativação comportamental Resumo de final da sessão e prescrição dos exercícios de casa Feedback Capítulo 1 Introdução à terapia cognitivo-comportamental Citações DESENVOLVIDA na década de 1960, Aaron Beck, psicanalista atuante, tentou através de pesquisas validar teorias empiricamente. Ele identificou cognições negativas distorcidas como característica primária da depressão e desenvolveu tratamento de curta duração no qual um dos objetivos principais era o teste de realidade do pensamento depressivo do paciente. Ele resolveu testar o conceito psicanalítico de que a depressão é resultante de hostilidade voltada contra si mesmo e investigou sonhos de pacientes deprimidos percebendo que havia temas como fracasso, privação e perda – similares aos temas de quando estavam acordados – refutou então a ideia psicanalítica de que os pacientes deprimidos têm necessidade de sofrer. Percebeu que seus pacientes faziam associações livres e tinham pensamentos que qualificavam a si mesmos, ligados às suas emoções e passou a identificar avaliar e responder a estes pensamentos desadaptativos e irrealistas, obtendo assim uma melhora rápida. Ampliou essa pesquisa para Universidades e em ensaio clinico com deprimidos viu que a TCC era tão efetiva quanto um antidepressivo da época. Publica então o Manual de TCC em 1979. Inicialmente ele estudou a depressão onde é necessário foco nos problemas e identificar, avaliar e responder aos pensamentos depressivos e posteriormente a ansiedade, onde notou uma necessidade de avaliar os riscos das situações de temor, levando em conta recursos internos e externos e melhorando-os. É importante também reduzir a evitação e ampliar a confrontação para testar previsões comportamentalmente. O QUE É? O modelo da psicoterapia desenvolvida por ele tem as seguintes características: (estruturada, curta duração, foco no presente, solução de problemas atuais, modificação pensamentos e comportamentos disfuncionais. As fontes de Beck (filósofo Epíteto, Karen Horney, Alfred Adler, George Kelly, Albert Ellis, Richard Lazorus, Albert Bandura...). Pressupostos teóricos permanecem constantes em todos os modelos cognitivos (formulação cognitiva, crenças e estratégias comportamentais, modificação. “Existem muitas formas de terapia cognitivo- comportamental que compartilham características da terapia de Beck.” (pág. 22) Terapia racional emotiva comportamental, Ellis Terapia comportamental dialética, Linehan Terapia de solução de problemas, Nezu e D’Zurilla Terapia de aceitação e compromisso, Hayes, Follette, Linehan Terapia de exposição, Foa, Rothbaum Terapia de processamento cognitivo, Resick, Schnicke Sistema de psicoterapia de análise cognitivo comportamental, MacCullough Ativação comportamental, Lewinsohn, Sullivan, Grosscup Modificação cognitivo comportamental, Meichenbaun e outras. QUAL A TEORIA SUBJACENTE A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL “O modelo cognitivo propõe que o pensamento disfuncional é comum a todos os transtornos psicológicos. Quando as pessoas aprendem a avaliar seus pensamentos de forma mais realista e adaptativa, obtém-se a melhora no estado emocional e no comportamento.” (pág. 23). “Por exemplo, se você estivesse muito deprimido e emitisse alguns cheques sem fundos, poderia ter um pensamento automático, uma ideia que simplesmente aparece em sua mente: “Eu não faço nada direito”. Esse pensamento poderia conduzir a uma reação específica: você se sentiria triste (emoção) e se refugiaria na cama (comportamento). Se então examinasse a validade dessa ideia, poderia concluir que fez uma generalização e que na verdade você faz muitas coisas bem.(pág. 23). “Para que haja melhora duradoura no humor e no comportamento do paciente, os terapeutas cognitivos trabalham em um nível mais profundo de cognição: as crenças básicas do paciente sobre si mesmo, seu mundo e outras pessoas. A modificação das crenças disfuncionais subjacentes produz uma mudança mais duradoura. Por exemplo, se você continuamente subestima suas habilidades, pode ser que tenha uma crença subjacente de incompetência.” (pág. 23 PESQUISAS mostram que a TCC tem eficácia para uma gama de transtornos psiquiátricos, psicológicos e problemas médicos com componentes psicológicos, através de mais de 500 estudos, de 1977 até o momento. A SESSÃO no início das sessões, você precisa restabelecer aliança, checar humor, sintomas, experiências da semana, nomear problemas que mais deseja resolver, verificar exercícios de casa e plano de ação, coletar dados, conceituar cognitivamente as dificuldades do paciente (seus pensamentos automáticos, emoções e comportamentos associados a ele), além de planejar colaborativamente a estratégia, solução objetiva do problema, avaliação e finalmente a mudança de comportamento. Sally se apresenta no livro como uma estudante universitária com pensamentos automáticos ligados a incompetência, pois acredita que pode ser reprovada por conta de algumasnotas ruins e pouco a pouco esses pensamentos serão trabalhados no decorrer dos capítulos de forma que ela possa ter uma visão mais adaptativa do problema. DESENVOLVIMENTO DO TERAPEUTA É importante que o terapeuta iniciante precise de mais estrutura e cuidado, para que possa entrelaçar todos os elementos, além de ser fundamental aprender a habilidade de desenvolver a relação terapêutica, conceituar e usar as técnicas de forma efetiva. A medida que o terapeuta vai adquirindo o conhecimento, ele passa por três estágios: o nível 1 em que ele aprende habilidades básicas para conceituar o caso em termos cognitivos com base no que foi coletado, além de estruturar a sessão e bom senso para planejar o tratamento e ajudar o paciente a encarar seus problemas e pensamentos disfuncionais, no nível 2 existe mais proficiência na integração desses processos e maior tato para saber a hora de usar a técnica apropriada e no estágio 3 tudo se integra automaticamente. Você poderá identificar pensamentos automáticos me si mesmo como “isso é muito difícil” “Não vou conseguir”...é importante anotá-los e responder à eles de forma a modificá-los, além de praticar a habilidade da terapia. PRINCÍPIOS BÁSICOS DO TRATAMENTO “embora a terapia deva se adequar a cada indivíduo existem determinados princípios que estão presentes na terapia cognitivo-comportamental para todos os pacientes.” (pág. 26) -Baseada em uma formulação de desenvolvimento contínuo dos problemas do paciente e em uma conceituação individual de cada paciente em termos cognitivos. -Aliança terapêutica sólida -Colaborativa e ativa -Orientada para objetivos com foco no problema -Enfatiza inicialmente o presente -Educativa, pois ensina o paciente a ser seu terapeuta e previne recaída -Limitado no tempo (6 a 14 sessões) ou 2 anos conforme caso. - São estruturadas -Ensina paciente a identificar, avaliar e responder aos pensamentos e crenças disfuncionais -Usa várias técnicas para mudar o pensamento, humor e comportamento. (pág. 27-31) “O modelo cognitivo, a proposição de que o pensamento de um indivíduo influencia suas emoções e seu comportamento, é bastante simples, entretanto os terapeutas cognitivo-comportamentais experientes realizam muitas tarefas de uma só vez: conceituam o caso, desenvolvem rapport, familiarizam e educam o paciente, identificam problemas, coletam dados, testam hipóteses e fazem resumos periódicos.” (pág. 32). “O seu conhecimento como terapeuta será ampliado se você começar a aplicar em si mesmo as ferramentas descritas neste livro.” (pág. 34) [...] “O que está passando pela minha mente?” [...] “Será particularmente importante que você identifique seus pensamentos automáticos ao mesmo tempo em que lê este livro e experimenta as técnicas com seus pacientes”. (pág. 34). “Faça um cartão de enfrentamento em que escreve afirmações que são importantes de serem lembradas.” [...] “O meu objetivo não é curar este paciente hoje. Ninguém espera que faça isso. O meu objetivo é desenvolver uma boa aliança de trabalho...” (pág. 36). Capítulo 2 Visão Geral do Tratamento Citações Este capítulo aborda de forma resumida o tratamento com terapia cognitivo-comportamental e apresenta os elementos de cada sessão. Desenvolver a confiança e rapport estão relacionados com resultados positivos do tratamento e alguns pontos são fundamentais para que haja sucesso como demonstrar boas habilidades terapêuticas, compreensão, compartilhamento de conceituação e plano, tomar decisões colaborativamente, buscar feedback, flexibilidade para variar o estilo e ajudar paciente a resolver seus problemas e angústias. DEMONSTRAÇÃO DE BOAS HABILIDADES TERAPÊUTICAS é mostrada através do compromisso e empatia, além de tom de voz, expressões faciais e linguagem corporal, demonstrando que se importa com o paciente e o valoriza, que entende sua situação, está confiante e está preparado para lhe ajudar. Um supervisor ajuda, caso haja dificuldade em crer de fato nessas afirmações. Você pode ajudar o paciente toda vez que é cordial, ele se sentirá digno de estima, quando você demonstra que é um trabalho em equipe, ele sente-se menos sozinho, quando você demonstra esperanças realistas de que o tratamento é eficaz, ele se sente mais otimista. Beck desde o princípio destacou a importância de a relação terapêutica ser boa. É importante solicitar feedback ao fim das sessões para oportunizar o paciente de se expressar e perceber algum sinal que passou despercebido, mas que pode comprometer a aliança, pois geralmente se sentem valorizados ao ver que você quer a opinião dele e flexibiliza o tratamento por causa das pontuações dele. VARIANDO O SEU ESTILO é importante porque alguns pacientes podem achar que você está sendo sensível demais e desta forma, você precisa estar alerta aos sinais de reações emocionais do paciente para flexibilizar seu estilo. Os pacientes geralmente se sentem mais confortáveis quando sabem o que esperar da terapia. Elementos de cada sessão - desenvolvimento de relação terapêutica - Planejamento do tratamento e estruturação das sessões - Identificação e resposta às cognições disfuncionais - Ênfase no positivo - Facilitação da mudança cognitiva e comportamental entre sessões (exercícios de casa). “Você se esforça para ser um bom ser humano no consultório com seus pacientes” (pág. 38) COMPARTILHANDO SUA CONCEITUAÇÃO E PLANO DE TRATAMENTO “Uma paciente pode ter acabado de descrever um problema com a sua mãe. Você lhe pediu para entender o problema no modelo cognitivo. Depois você conceitua em voz alta, de forma resumida. Ok, eu quero ter certeza que entendi. A situação era de que sua mãe gritou com você ao telefone por não ligar para seu irmão e seu pensamento automático foi: Ela não percebe o quanto estou ocupada [...] Esses pensamentos fizeram com que se sentisse magoada e brava, mas você não lhe disse nada em resposta. (comportamento)... eu entendi bem?” ( pág. 39). TOMAR DECISÕES COLABORATIVAMENTE “Ao mesmo tempo que guia o paciente durante as sessões, você também vai estimular ativamente a participação dele” (pág. 39). AJUDANDO O PACIENTE A ALIVIAR ANGÚSTIA “[...] você usará a aliança terapêutica para apresentar a ele evidências de que suas crenças nucleares são incorretas.” (pág.40) PLANEJANDO O TRATAMENTO E ESTRUTURANDO AS SESSÕES “ Um dos objetivos principais do tratamento é tornar o processo de terapia compreensível para você e para o paciente.” (pág.41) O planejamento do tratamento começa antes do paciente no consultório. É quando você examina todos os dados, formulários coletados, e exercícios da semana anterior para ter uma ideia geral do que pretende estruturar na sessão. A primeira parte da sessão é aliança e coleta de dados para priorizar os itens da pauta e segue para a segunda parte, onde discute-se os problemas em equipe, ensinando as habilidades de solução de problemas, reforçando o modelo cognitivo para que ele tenha compreensão e ajudando o paciente a responder a seus pensamentos automáticos, obtendo novo entendimento em relação a eles e exercícios de casa. Por fim, pergunte ao paciente os pontos que ele achou importantes na sessão, fazendo anotações de tudo e pedindo feedback. É possível avaliar o pensamento automático através da descoberta guiada que visa ajudar o paciente a ter uma visão mais realista e vai criar colaborativamente experimentos comportamentais a fim de testar as previsões do paciente, quando possível. A autora demonstra com a Sally, algumas perguntas que podem ajudar nesta descoberta guiada como quais as evidências de que você não será capaz de trabalhar? Alguma evidência contrária? Qual a pior coisa que poderiaacontecer caso trabalhasse lá? E a melhor coisa? Qual o efeito de acreditar que você não consegue dar conta do emprego? Qual o efeito de mudar seu pensamento de pensar que poderia sim trabalhar na livraria? Os experimentos comportamentais permitem que, mediante um pensamento automático como achar que não pode ser capaz de entender um trecho de um livro, ele possa no consultório fazer a leitura e o resumo e comprovar que suas ideias não são reais. ENFATIZANDO O POSITIVO Por ter a atenção voltada para experiências negativas, o paciente tem dificuldade de reconhecer uma experiência positiva porque distorcem a realidade. Por isso é importante tentar destacar os pontos positivos a partir da primeira sessão e através da aliança terapêutica, assinalando todos dados positivos e vai reforçá-los sempre que ele mencioná- los. “O objetivo terapêutico mais amplo, é melhorar o humor do paciente durante a sessão e criar um plano para que ele se sinta melhor e aja de maneira mais funcional durante a semana.” (pág. 41). IDENTIFICANDO E RESPONDENDO ÀS COGNIÇÕES DISFUNCIONAIS “Um aspecto importante de quase todas as sessões terapêuticas é ajudar o paciente a responder às suas ideias inexatas ou inúteis: seus pensamentos automáticos, imagens(quadros mentais) e /ou crenças subjacentes.” (pág. 42) “O que está passando pela sua cabeça agora” DESCOBERTA GUIADA “você evoca as cognições do paciente (pensamentos automáticos, imagens e/ou crenças). Constantemente você vai averiguar qual cognição ou cognições são mais perturbadoras para o paciente, depois lhe fará uma série de perguntas para ajudá-lo a olhar com distanciamento [...] irá descatastrofizar seus medos”. (pág. 43) “ Sally consegue avaliar facilmente o seu pensamento disfuncional, “Eu não vou conseguir dar conta de um emprego”. (pág. 45) “Se Sally tivesse hesitado, eu poderia ter lhe pedido para resumir o que discutimos e depois montaríamos em conjunto um cartão de enfrentamento baseado no seu resumo”. [...] “Se eu evitar ir à livraria, devo me lembrar de que provavelmente conseguiria dar conta de um trabalho lá e que sempre poderia desistir, caso não desse certo. Isso não é um grande problema”. (pág. 45) EXPERIMENTOS COMPORTAMENTAIS “A discussão da validade das ideias do paciente, conforme descrito poderá ajudá-lo a mudar de pensamento, mas a mudança pode ser significativamente mais profunda se a cognição for sujeitada a um teste comportamental, isto é, se o paciente puder ter uma experiência que refute sua validade”. (pág. 46) FACILITANDO A MUDANÇA COGNITIVA E COMPORTAMENTAL ENTRE SESSÕES É importante que ao final de cada sessão, o paciente se sinta melhor e alguns pontos são importantes para que isso aconteça: é preciso ajudar o paciente a avaliar e responder aos pensamentos automáticos que ele terá entre sessões, fazê-lo pensar em soluções para seus problemas e ensinar o paciente, novas habilidades a serem praticadas na semana. “Os exercícios de casa geralmente são mudanças comportamentais e identificação de pensamentos e crenças e avaliação da resposta para testar a validade dos pensamentos. “Os exercícios de cada surgem naturalmente a partir da discussão de cada problema, porque assim o paciente terá coisas para relembrar (mudanças na cognição) e/ou coisas para fazer”. (pág. 48). Anotações do paciente “se eu começar a pensar que não consigo limpar a cozinha, devo me lembrar de que vou fazer isso só por 10 minutos, que poderá ser difícil, mas provavelmente não será impossível e que os primeiros minutos serão os mais difíceis e depois provavelmente vai ficar mais fácil”. (pág. 48). Capítulo 3 Conceituação Cognitiva Citações Neste capítulo aborda-se a importância da conceituação cognitiva para entendermos o paciente. A conceituação cognitiva vai sendo construída durante o primeiro contato em diante. O processo de formulação de caso parte de perguntas e hipóteses: *Perguntas – Diagnóstico, problemas atuais, como se desenvolveram, que pensamentos e crenças se associam à ele e as reações emocionais, fisiológicas e comportamentais estão associadas aos pensamentos? * Hipóteses – Como o paciente vê a si, os outros e o mundo e o futuro, as crenças subjacentes e pensamentos, como tem enfrentado suas cognições disfuncionais, que estressores contribuíram para o desenvolvimento de seus problemas psicológicos ou interfere na resolução, que significado o paciente extrai dessas experiências, que mecanismos cognitivos, afetivos e comportamentais o paciente desenvolveu para enfrentar esta crença? O MODELO COGNITIVO - parte de uma hipótese de que as emoções, fisiologia e comportamento do paciente são influenciados pelas percepções que o paciente tem das situações, desta forma não é a situação em si que influencia e sim como o paciente a entende. Imagine vários leitores de um livro com percepções diferentes: um acha que o livro faz sentido, e animado continua lendo, outro acha que não vai funcionar, fecha o livro desapontado, outro ainda pensa que a leitura está complicada, difícil e pensa que não vai conseguir, fica triste, liga a TV. Desta forma, a resposta é mediada pela percepção da situação. Quando você adquire a habilidade de identificar seus pensamentos automáticos, você poderá avaliar a validade desse pensamento. Se por exemplo você tem um pensamento de que nunca vai conseguir terminar toda a tarefa, você pode relembrar de experiências passadas onde você concluiu com êxito uma atividade semelhante e sabe que consegue. Isso é uma correção de uma interpretação que você fez de uma situação e seu humor melhora, porque você age de forma mais realista para avaliar a situação. Modelo Cognitivo, (pág.50) Situação/evento Pensamento automático Reação [emoção, fisiologia, comportamento] “A forma como as pessoas se sentem emocionalmente e a forma como se comportam estão associadas a como elas interpretam e pensam a respeito da situação”. (pág.51) “Enquanto você está lendo um livro, parte da sua mente está focando nas informações lidas, ou seja, você está tentando entender e integrar as informações. Em outro nível, contudo, você poderá estar tendo pensamentos rápidos e avaliativos. Esses pensamentos são chamados pensamentos automáticos e não são resultantes de deliberação e raciocínio. [...] Mesmo que você esteja consciente dos seus pensamentos, é mais provável que os aceite sem nenhuma crítica, acreditando que eles são verdadeiros”. (pág. 51). “Poderá aprender a identificar seus pensamentos automáticos, dando atenção às mudanças no seu afeto, comportamento e/ou fisiologia. Pergunte-se “O que está passando pela minha cabeça? Quando: (pág. 51). - você começa a se sentir disfórico - você se sente inclinado a se comportar de uma maneira disfuncional (ou a evitar se comportar de uma maneira adaptativa). - você observa mudanças angustiantes em seu corpo ou mente. (pág. 51). “Em termos cognitivos, quando pensamentos disfuncionais são sujeitos à reflexão objetiva, as emoções, o comportamento e a reação fisiológica do sujeito geralmente se modificam”. (pág. 52 As CRENÇAS CENTRAIS ou NUCLEARES são compreensões profundas e duradouras que são construídas desde a infância e se tornam verdades absolutas. Se uma pessoa possue a crença central de que é incompetente, ela tende a interpretar as situações por meio das lentes de sua própria crença de incompetência, ainda que seja irreal. O estado de depressão do indivíduo aumenta a possibilidade destas crenças serem ativadas, porém pode ser que ela não ocorra todo o tempo. Os pensamentos automáticos, palavras ou imagens, operamem um nível mais superficial da cognição. CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS (Atitudes, regras e pressupostos) - Se uma pessoa possue a crença nuclear de incompetência, ela pode ter uma atitude de achar que é terrível falhar, uma regra de desistir se o desafio parecer grande demais e o pressuposto de que se ela tentar fazer algo difícil vai falhar e se evitar ficará bem, compondo assim suas crenças intermediárias. As pessoas precisam organizar sua experiência ao longo do desenvolvimento através de suas interações com o mundo, mais a sua genética, levam a um entendimento: suas crenças. Essas crenças podem ser modificadas a medida que o paciente consegue interpretar as situações de uma forma diferente, mais adaptativa. A tcc inicialmente foca a identificação e modificação de pensamentos automáticos, que surgem das crenças nucleares. O paciente deve aprender a criar um distanciamento da crença de que ele é verdadeiro e promover uma mudança de pensamento mais baseado na realidade. “Em termos piagetianos, o esquema é uma estrutura mental hipotética que organiza as informações. Dentro deste esquema, a crença nuclear do leitor é: Eu sou incompetente. Quando ele é apresentado a dados negativos, esse esquema é ativado e os dados contidos nos retângulos negativos são imediatamente processados como confirmação dessa crença nuclear, o que deixa a crença ainda mais forte”. [...] processo diferente ocorre quando é apresentado a dados positivos (tais como analisar qual plano de saúde seria o melhor para sua família). [...] a mente dele desconsidera os dados positivos automaticamente (eu escolhi um plano de saúde, mas levei muito tempo). [...] essas interpretações em essência mudam o formato dos dados dos triângulos positivos para os negativos. [...] fortalecem a crença nuclear negativa”. (pág. 53). “As crenças nucleares são super rígidas e supergeneralizadas”. (pág. 53). “As crenças nucleares influenciam o desenvolvimento de uma classe intermediária de crenças que são as atitudes, as regras e os pressupostos”. (pág. 54). “Modelo de processamento da informação [...] demonstra como os dados negativos são processados imediatamente, fortalecendo a crença nuclear, enquanto os dados positivos são desconsiderados (transformados em dados negativos) ou não percebidos”. (pág. 54). “As crenças disfuncionais podem ser desaprendidas e novas crenças baseadas na realidade e mais funcionais podem ser desenvolvidas e fortalecidas durante o tratamento”. (pág. 55). “Por meio de repetidas experiências nas quais ele obtém alívio ao trabalhar no nível mais superficial da cognição, o paciente fica mais aberto à avaliação das crenças que estão subjacentes ao seu pensamento disfuncional. As crenças relevantes de nível intermediário e as crenças nucleares são avaliadas de várias maneiras e posteriormente modificadas para que também mudem as percepções do paciente”. (pág. 56). COMPORTAMENTO E PENSAMENTO AUTOMÁTICO - Se o leitor que se acha incompetente fosse capaz de avaliar seus pensamentos, ele poderia entender que aquela leitura pode estar difícil, mas não impossível, pois já conseguiu ter entendimento de outros livros antes, desta forma reduziria sua tristeza e chegaria ao seu objetivo de terminar a leitura. A percepção da pessoa é a resposta às suas crenças e é expressa pelos seus pensamentos automáticos que influenciam a reação mediante uma situação. Essas situações podem ser: receber uma nota baixa, uma lembrança ruim, imagem de reprovação, emoção ruim, comportamento disfórico, taquicardia. Existem perguntas básicas que você deve se fazer para melhorar a relação terapêutica: Como paciente chegou a esta situação? Que vulnerabilidades eram significativas? Como a enfrentou? Houve algum trauma que aumentasse a predisposição a essas dificuldades? Quais são os pensamentos automáticos e que crenças eles se originam? Crenças nucleares de Sally – Quando criança, Sally sempre se comparava a um irmão mais velho bem sucedido e sempre se achava inferior e a sua mãe reforçava isso, falando por exemplo que o irmão tinha notas boas no boletim e ela não. Isso também acontecia na escola, ela se comparava com bons alunos e desconsiderava as experiências positivas, desqualificando-as, como por exemplo tirar nota alta e falar que a prova é que estava fácil, Eu tive sorte, foi por acaso. Ela acreditava que era incompetente, tinha uma crença negativa de si mesmo, mas seu pai a apoiava e incentivava por exemplo com beisebol, reforçando seus acertos, portanto tinha crença positivas também de que era competente em algo, Mas foi na adolescência que deprimida ativou suas crenças nucleares negativas. Crenças intermediárias de Sally eram mais acessíveis e desenvolveu regras e atitudes como ter que ser sempre ótima em tudo, dar o melhor de si e não desperdiçar seu potencial e um pressuposto de que se ela estudasse muito, conseguiria superar as falhas e se sair bem na escola, porém quando deprimida, não acreditava mais no pressuposto e sim na crença de que por causa das deficiências dela, nunca conseguiria nada. Hierarquia da cognição Crenças nucleares | Crenças intermediárias (regras, atitudes, pressupostos) | Situação |Pensamentos automáticos| Reação (emocional, comportamental, fisiológica) “Uma conceituação cognitiva correta ajudará você a identificar quais são as estradas principais e como viajar melhor”. (pág. 58). [...]“você confirma, rejeita ou modifica suas hipóteses a medida que o paciente apresenta novos dados. A conceituação portanto é variável”. (pág.59). Sequência complexa do modelo cognitivo “Situação: Sally sente exausta (fisiológico) ao acordar Pensamento automático “estou muito cansada para levantar, não adianta sair da cama, eu não tenho energia para ir a aula ou estudar. Emoção: tristeza Resposta fisiológica: o coração começa a acelerar Situação: percebe taquicardia Pensamento automático: O meu coração está batendo tão rápido, o que há de errado comigo? Emoção: aumento de ansiedade Resposta fisiológica: sente corpo tenso, o coração continua a bater rapidamente Pensamento automático: é melhor ficar na cama Emoção: alívio Resposta fisiológica: diminuição da tensão ou batimento cardíaco Comportamento: ficar na cama. “Sally finalmente se levanta, chega à aula com 20 minutos de atraso e então tem uma série de pensamentos automáticos sobre estar atrasada e ter perdido parte da aula expositiva”. (pág 59). “Sally desenvolveu determinadas estratégias comportamentais para enfrentar ou compensar o que encarava como falhas. [...] trabalhava arduamente na escola e nos esportes. Ela preparava suas tarefas com zelo excessivo e estudava muito para os testes” (pág. 62) “Em seu primeiro ano de faculdade, predominaram os pensamentos negativos durante sua depressão, o que a levou interpretar situações de uma forma muito negativa e a ter predominantemente pensamentos negativos (irrealistas). Esses pensamentos distorcidos também a levavam a se comportar de forma autodestrutiva”. (pág. 63). ESTRUTURA DA SESSÃO DE AVALIAÇÃO segue alguns parâmetros como cumprimentar o paciente, decidir com ele se algum parente participará das sessões, definir a pauta transmitindo expectativas adequadas, conduzir a avaliação, definir objetivos mais amplos e solicitar feedback. NA SESSÃO DE AVALIAÇÃO é preciso revisar todos os seus registros e conversar estes pontos acima com o paciente e começar a estruturar a sessão. A FASE DE AVALIAÇÃO inclui saber dados pessoais, problemas atuais, historia da doença, estratégia de enfrentamento funcional e disfuncional, história psiquiátrica, abuso substâncias, situação médica, psiquiátrica familiar, desenvolvimento, social, educacional, vocacional e espiritual, além deser importante avaliar o grau de risco de suicídio do paciente e o cronograma diário de atividades em que você observa enquanto ele relata o dia, as mudanças de humor, como funciona a interação social, em casa, amigos, e o que faz em seu tempo livre e o que está evitando ativamente. Essa descrição das atividades diárias ajuda a destacar as dificuldades do paciente que supostamente serão objeto de tratamento como sono e apetite irregular, isolamento social, problemas de concentração e outros. Para estabelecer a aliança, é importante ficar atento aos indicadores de que o paciente terá comprometimento com o tratamento. Observando que a paciente expõe um pensamento automático, é importante sinalizar neste momento como trabalharemos esse pensamento nas próximas sessões. É importante interromper o paciente de forma gentil caso ele detalhe muito: Poderia interromper um momento, pois preciso saber... A PARTE FINAL é interessante perguntar se existe algo que ele queira colocar e é o momento oportuno para perguntar se ele quer que o FAMILIAR participe do final da sessão e se posso perguntar coisas como: o que seria importante saber sobre ele, relatar as impressões iniciais e apresentar um plano provisório de tratamento. “Sally, conforme lhe expliquei por telefone, esta é a nossa sessão de avaliação. Não é uma sessão de terapia, portanto hoje não vamos trabalhar na solução dos seus problemas. Vamos começar a fazer isso na próxima vez. Hoje preciso lhe fazer muitas perguntas (dando uma justificativa) para que eu possa definir o seu diagnóstico. Algumas das perguntas serão relevantes, Muitas não, mas eu preciso fazê-las para que possa incluir os problemas que você tem e excluir os problemas que não tem. Está bem para você?” (pág. 68). [...] Provavelmente hoje eu vou precisar interrompê-la algumas vezes para poder obter as informações de que preciso. Se isso lhe incomodar você me diz? (pág. 68). [...] Antes de começarmos eu gostaria de lhe dizer o que eu espero abordar hoje. (definindo a pauta) Eu gostaria de saber mais sobre os sintomas que você tem vivenciado, como você tem funcionado ultimamente e também a sua história. Depois vou pedir para que você me conte qualquer outra coisa que eu deva saber. Então iremos definir alguns objetivos amplos para o tratamento. Eu vou lhe dizer as minhas impressões iniciais e no que eu acho que devemos nos focar no tratamento. Também vou lhe perguntar o que você acha e, no fim, verei se você tem outras questões ou preocupações. (sendo colaborativo) Assim está bem para você? (pág. 68). “Sally, eu gostaria de ter uma ideia de como é sua rotina diária. Você pode me contar o que faz desde a hora em que acorda até a hora em que vai dormir à noite?” (pág.70) “Parece que eu tenho tantos problemas. Eu não acho que alguma coisa vai ajudar”. [...] OK, este é um pensamento interessante [...] como esse pensamento faz você se sentir? Triste? Sem esperança? [...] esse é exatamente o tipo de pensamento depressivo sobre o qual falaremos na semana que vem. Precisaremos descobrir se esse pensamento é 100% verdadeiro, 0% verdadeiro ou se está em algum ponto intermediário”. (pág. 72). “Para a maioria dos casos de depressão e ansiedade, é adequado dar as suas impressões iniciais sobre o diagnóstico e mostrar-lhe como você vai confirmar esse diagnóstico usando o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM)”. (pág. 73). OBJETIVOS INICIAIS PARA O TRATAMENTO E PLANO DE TRATAMENTO O terapeuta vai explicar que irão trabalhar os pensamentos automáticos e ver quais são as evidências de que eles sejam reais, a fim de torná-los mais realistas, como por exemplo achar que é um fracasso, como isso a deixa deprimida e atrapalha a concentração nos estudos. Vai explicar ainda que é preciso mudar o pensamento depressivo para um mais realista e aprenderá habilidades que permitam isso para que seus problemas sejam resolvidos. Sempre precisa pedir feedback e se certificar de que a paciente está de fato entendendo e aberta para colaborar, portanto a empatia e cuidado devem estar sempre presentes no processo. Se o paciente demonstrar preocupação com o plano de tratamento, reforce-o positivamente por expressar seu ceticismo: “é bom que você tenha me dito isso” e depois saber porque ele acha que não vai funcionar. Pode ser que uma terapia anterior tenha sido mal sucedida, por inúmeros motivos: falha na aliança ou uso de técnicas de maneira incorreta. É importante não ignorar a preocupação da paciente e encorajá-lo em experimentar o tratamento e opinar sobre ele, porque daí é que se estabelece a aliança. EXPECTATIVAS DO TRATAMENTO nesta sessão é importante dar ao paciente uma ideia de tempo do tratamento que ocorre por volta de 2 a 4 meses, sendo os com transtornos psiquiátricos ou de personalidade 1 ano ou mais, além dos mais sintomáticos que precisarão de sessões de reforço e medicação. Com base em todos os dados e mais a sessão de avaliação, foi levantada a hipótese de que Sally era vulnerável porque tinha a crença nuclear de incompetência que foi ativada na universidade, quando se viu diante de dificuldades nas aulas e começou a ter pensamentos automáticos que a deixavam triste e aos poucos ela foi desistindo de realizar tarefas que considerava difíceis, aumentando sua disforia. “Se você concordar, eu gostaria de usar alguns minutos para falar sobre os seus objetivos no tratamento e como eu acho que ele vai acontecer”. [...] “Nós vamos definir os objetivos específicos na próxima sessão, mas de uma forma mais ampla poderíamos dizer: reduzir a depressão? Reduzir a ansiedade? Sair-se melhor na faculdade? Voltar a socializar?” [...] “Agora eu gostaria de lhe dizer como eu acho que você vai melhorar e depois quero ouvir como isso lhe parece”. (pág. 74) “Começando na semana que vem, nós vamos trabalhar para atingir os seus objetivos. A cada sessão, eu vou lhe perguntar quais os problemas em que você quer a minha ajuda para resolver. [...] Podemos pensar em formas de melhorar a sua concentração, organizar um horário de estudo e pedir ajuda de outras pessoas. Se você precisar (pausa) isso lhe parece bom?” (pág.74). DELINEANDO UMA CONCEITUAÇÃO INICIAL E UM PLANO DE TRATAMENTO “você vai sintetizar as informações coletadas na avaliação para desenvolver uma conceituação cognitiva inicial, a partir da formulação cognitiva (crenças básicas e padrões comportamentais) associada ao diagnóstico do paciente. Você levantará hipóteses a respeito do transtorno do paciente. (pág. 77). “Houve eventos importantes no início da vida que levaram ao desenvolvimento de crenças nucleares negativas? Quais são as crenças nucleares do paciente? O que precipitou o transtorno? O paciente fez uma interpretação adversa em relação a determinados eventos precipitantes? Como o pensamento e o comportamento do paciente contribuem para a manutenção do transtorno?” (pág. 77). “Usará a conceituação para desenvolver um plano amplo de tratamento” (pág. 77). “ela encarava suas dificuldades como um defeito inato, não como consequência da depressão”. (pág. 78) “Levantei a hipótese de que inicialmente precisaria focar no seguinte: ajudá-la a resolver os problemas acadêmicos e da vida diária, encorajá-la a tornar-se muito mais ativa e ensinar-lhe a identificar, avaliar e modificar seus pensamentos negativos inadequados e inúteis, especialmente os pensamentos associados a fracasso e incompetência”. (pág. 78). Capítulo 5 Estrutura da Primeira Sessão Citações Este capítulo vai abordar a estruturação da sessão inicial, onde será discutido o diagnóstico do paciente, a verificação do humor, a definição dos objetivos, o trabalho de um problema, definição dasatividades de casa e solicitação do feedback. Os objetivos principais de uma primeira sessão são: rapport, familiarizar o paciente com o modelo do tratamento, educando-o, coletar dados, listar os objetivo e começar a resolver um problema importante para o paciente, que serve de ativador de comportamento. Definir a pauta acontece logo no início da sessão e serve para o paciente saber o que esperar, porém você precisa ir justificando e se certificando de que o paciente concorda. Como é a primeira sessão, é importante explicar que será um pouco diferente porque precisa falar um pouco sobre o diagnóstico e definir objetivos específicos para a próxima sessão. Será dado também um exercício para ser feito até a próxima sessão a fim de ativar seu comportamento para a ação, mas sempre solicitando feedback e interrompendo gentilmente caso o paciente se estenda muito. É bom explicar também que você precisa anotar algumas coisas e dar uma explicação, que é para ter certeza de se lembrar do que é importante. Mas se o paciente tiver muita preferência de falar de forma livre, é importante deixá-lo a vontade e tentar estruturar da forma que for possível. FAZENDO A VERIFICAÇÃO DO HUMOR além de perguntar como esteve e está seu humor, é importante também observar as escalas que foram preenchidas e ouvir a paciente. É bom comparar os escores com os da avaliação inicial. Caso o paciente não tenha capacidade cognitiva para preencher as escalas de sintomas, acompanhamo-lo neste processo fazendo as perguntas. OBTENDO UMA ATUALIZAÇÃO nada mais é do que saber com o paciente se existem problemas importantes que ele ainda não mencionou e depois sondar o que o paciente vivenciou de positivo. Formato das sessões Parte inicial da sessão I 1. Defina a pauta e dê uma justificativa para isso 2. Faça uma verificação de humor 3. Obtenha uma atualização (desde a avaliação) 4. Discuta diagnóstico do paciente e faça psicoeducação. Parte intermediária da sessão I 5. Identifique problemas e defina objetivos 6. Eduque o paciente sobre o modelo cognitivo 7. Discuta um problema Parte final da Sessão I 8. Apresente ou solicite um resumo 9. Examine a prescrição do exercício de casa 10. Solicite feedback (pág. 80) “Sally estou feliz por você ter vindo hoje, tudo bem se começarmos decidindo sobre o que vamos falar hoje? Isso é o que chamamos de “definir a pauta”. Faremos isso no começo de cada sessão (dando uma justificativa) para garantir que teremos tempo suficiente para abordar o que é mais importante para você. Tenho uma lista de coisas que eu gostaria de abordar hoje e depois (sendo colaborativo) vou perguntar o que gostaria de acrescentar. Tudo bem?” (pág. 81). “Explicar por que você quer definir uma pauta torna o processo de terapia mais compreensível para o paciente e estimula sua participação ativa de modo estruturado e produtivo”. (pág. 81). “Você vai identificar o quanto o paciente está angustiado com o problema e se ele realmente precisa resolvê-lo imediatamente”. [...] “A discussão da maioria dos problemas, especialmente os crônicos (como a dificuldade de funcionamento em casa ou discussão com familiares), geralmente pode ser adiada para uma sessão futura, de modo que você possa abordar o que precisa nessa sessão inicial”. (pág. 84). DISCUTINDO O DIAGNÓSTICO é melhor evitar o rótulo de um transtorno de personalidade e mostrar que por exemplo ultimamente ela tem estado deprimida, mas é importante dar alguma informação sobre a sua situação para que ela entenda que algumas coisas que ela atribui ao caráter, são na verdade parte de um transtorno. Explicar que Sally não precisa se culpar por ter esses pensamentos de desvalia, e falar que faz parte do transtorno e que a terapia consiste em mudar esses pensamentos irreais, fazendo com que ela enxergue as coisas sem tinta preta nos óculos. A colaboração precisa sempre ser incentivada, para que ela tenha certo grau de autonomia e juntas podem elaborar exercícios para casa, mas sempre com uma cópia para o terapeuta. A paciente pode ter o compromisso de ler uma mensagem algumas vezes durante o dia, como por exemplo, se ela começa a pensar que é preguiçosa precisa lembrar que tem uma doença real, biológica que dificulta fazer as coisas, mas sempre com aprovação do paciente, podendo ser outra. IDENTIFICANDO PROBLEMAS E DEFININDO OBJETIVOS é o momento de transformar os problemas em objetivos a serem alcançados. Esses objetivos são listados e numerados em ordem de importância de realização. Se o paciente definir objetivos para outra pessoa, é importante explicar que se ocorrer alguma mudança na sua própria maneira de falar, isso pode refletir no comportamento do outro. EDUCANDO O PACIENTE NO MODELO COGNITIVO é importante ressaltar que o paciente precisa internalizar este modelo, entendendo que o seu pensamento afeta suas reações e pode aproveitar exemplos que ela disser durante a sessão como eu nunca vou me sentir melhor e fazer a psicoeducação sobre a relação entre as situações desencadeantes, imagens, pensamentos automáticos e reações diversas. DISCUSSÃO DO PROBLEMA OU ATIVAÇÃO COMPORTAMENTAL se houver espaço nesta primeira sessão, é interessante já discutir algum problema do paciente. “A avaliação mostra que você tem uma depressão moderada, eu quero que você saiba que essa é uma doença real. [...] Eu sei disso porque você tem os sintomas que estão neste manual diagnóstico (mostrando o DSM para Sally) Para cada transtorno de saúde mental, este manual lista os sintomas, assim como um manual diagnóstico de neurologia listaria os sintomas de uma enxaqueca”. [...] “Felizmente a terapia cognitivo comportamental é muito eficaz para ajudar as pessoas a superar a depressão”. (pág. 85). “Ok, vamos examinar alguns outros sintomas da depressão que você tem. Vejo pela avaliação que a depressão está interferindo no seu sono e na sua energia. Parece que também está afetando a sua motivação para fazer as coisas(normalizando) A maioria das pessoas deprimidas começa a se criticar por não ser a mesma de antes (pedindo exemplos de incidentes específicos) você se lembra de algum incidente recente em que você se criticou?” (pág. 86). “Ok. (escrevendo em cooperação) Então, a primeira coisa que você mencionou foi melhorar seu rendimento nos estudos. Depois você mencionou diminuir a sua preocupação com testes e notas e passar mais tempo com os amigos. Muito bem. Que outros objetivos você tem? Em que você gostaria de ser diferente? Ou como você gostaria que sua vida fosse diferente como resultado do tratamento?” (pág. 89). Situação: no almoço com colegas de aula | Pensamentos automáticos: eles são muito mais inteligentes do que eu, eu provavelmente vou ser reprovada no curso. | Reação: (emocional) triste (pág. 91) “Nesta sessão, explico, ilustro e registro o modelo cognitivo com exemplos do próprio paciente”. (pág. 93) “A superação da passividade depressiva e a criação de oportunidades de sentir prazer e uma sensação de estar no controle são essenciais para a maioria dos pacientes deprimidos.” (pág. 94). RESUMO FINAL DA SESSÃO E PRESCRIÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE CASA é importante conectar os assuntos ao final e reforçar pontos que são importantes, assim como confirmar o interesse do paciente executar a tarefa de casa. É importante Sally se sentir motivada a fazer esta tarefa de casa, mas se notar algo que ela terá dificuldade deixe como opcional para não sobrecarregá-la. FEEDBACK estimular o feedback ao final das sessões reforçam a aliança terapêutica, rapport e deixando livre para o paciente dizer se não gostou de algo, seja através de relatório de terapia, que pode ser preenchido na recepção aofim da consulta ou oralmente. Se o paciente demonstra que está se sentindo sobrecarregado com os exercícios, é importante mantê-lo ciente de que há flexibilidade e que existe a alternativa da atividade ser opcional, pois algumas vezes, essa postura negativa por parte do paciente pode ter sido algo que o terapeuta não percebeu durante a sessão, algum sinal de insatisfação, mas quando o terapeuta se flexibiliza em função do feedback, aumenta a aliança. “Podemos examinar o exercício de casa agora? [...] A primeira coisa que anotei é você lembrar que está deprimida, assim não vai começar a pensar que é defeituosa. Então, como você vai se lembrar de fazer isso? Você acha que poderia ler esta folha de papel quando se levantar todas as manhãs? [...] quanto tempo acha que vai levar para isso?” (pág. 94) “Sally, também falamos anteriormente na sessão, em você esta semana, acrescentar objetivos na sua lista de objetivos. Você acha que pode usar um ou dois minutos para fazer isso esta semana?” (pág. 95). Relatório de terapia “1. O que abordamos hoje que é importante que você se recorde? 2. O quanto você sentiu que poderia confiar na sua terapeuta? 3. Houve alguma coisa que o aborreceu na terapia hoje? Em caso afirmativo,O que foi? 4. Quantos exercícios você tinha feito para a terapia hoje? Qual a probabilidade de você fazer seus novos exercícios de casa? 5. O que você deseja assegurar que seja abordado na próxima sessão?” (pág.97). “O terapeuta também usa essa dificuldade como uma oportunidade para aprimorar a conceituação do paciente. No futuro, o terapeuta garante que o exercício de casa seja definido mais colaborativamente com o paciente e que ele não se sinta sobrecarregado.” (pág.99)
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