Buscar

Neoliberalismo e globalização da economia- a crise do Estado de Bem Estar social nas economias

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Neoliberalismo e globalização da economia- a crise do 
Estado de Bem Estar social nas economias centrais 
 
 
Docente: Denis Barreto 
 Ao se referenciar em Mandel (1982) Behring e Boschette (2011), 
apontam a contradição daquilo que ficou conhecido como a fase 
“madura” ou “tardia” do capitalismo. 
 Tal contradição remete por um lado ao pleno desenvolvimento 
das possibilidades do capital, ao passo que de forma 
concomitante observa-se o esgotamento do seu papel 
civilizatório. 
 Tendo como base a crítica marxiana da economia política aponta 
para uma configuração tendencial de não equilibrio do capitalismo 
(crises cíclicas) 
 Processo de acumulação que se configurou a partir da 
economia da guerra e da ascensão dos facismo 
 Em decorrência da crise de 1929-1932, observou-se a 
necessidade de um contraponto civilizado ao Estado 
socialista em meio ao contexto de guerra fria (Plano 
Marshall) 
 As estratégias anticíclicas Keynesiana apresentaram as 
seguintes possibilidades: 
Maior integração dos trabalhadores no circuito de 
consumo (fordismo) 
 Captulação de segmentos do movimento operário. 
Conquistas no campo da seguridade 
(acumulação&equidade) 
 Navarro (in Laurell, 1997) detalha os acontecimentos 
no mundo da produção, no bojo das reformas de 
Estado que resultaram nos WS/EBES. 
 Nos anos 60, o movimento operário europeu teria se 
vinculado aos processos de racionalização técnica, 
experiências sóciologicas (pertencentes as escolas de 
relações humanas), interresses psicológicos e sócio-
psicológicos. 
 
 Já no final dessa década e início dos anos 70 do 
século XX, os sindicatos interessaram-se 
crescentemente pela análise das relações de 
poder no local de trabalho, uma vez que foram 
favorecidos por um contexto de escassez de 
mão-de-obra. 
 
 
 
 Navarro lembra que, em decorrência desses movimentos, a legislação fabril 
sofreu um processo de reformas restritivas do poder dos empresários, 
exemplificando: 
 Grã-Bretanha (1974 a 76): lei limitou as demissões e permitiu aos 
trabalhadores limitar o direito dos empresários em áreas como a saúde, a 
previdência e o controle do ambiente de trabalho. 
 França (1973 a 77): regulamentações ampliaram o direito dos trabalhadores 
quanto ao acesso à informação, assistência médica, proteção e previdência, que 
fortaleciam o poder dos sindicatos. 
 Alemanha (1969 a 76): legislação ampliando os direitos dos trabalhadores no 
local de trabalho e outorgando aos conselhos de trabalhadores o direito de 
participar da tomada de decisões (quanto à produção). 
 
 Itália (1969 a 79): idem, com fortalecimento dos sindicatos 
operários, permitindo-lhes impor condições e influenciar nas 
decisões empresariais a respeito de novos investimentos e na 
introdução de novas tecnologias. 
 EUA (1970 a 73): legislação consolidando direitos operários em 
questões de saúde e segurança no trabalho, reduzindo os direitos 
empresariais. 
 Holanda (1977): legislação passou a permitir aos conselhos 
operários adiar por um mês decisões economicamente importantes 
nas empresas. 
 Suécia (1976): legislação passou a obrigar os empresários a 
negociar com os trabalhadores cada decisão empresarial de peso. 
 
 Todos os países da Europa ocidental, com exceção 
da Suíça, aprovaram legislação relativa a direitos 
dos trabalhadores e dos sindicatos no local de 
trabalho, e criaram marcos legais que 
regulamentaram as reivindicações dos sindicatos 
diante das prerrogativas da empresa, e inclusive, em 
alguns países, sua participação na tomada de 
decisões com respeito a futuros investimentos. 
 O partido governamental da Suécia pediu a 
coletivização dos meios de produção através da compra 
de ações em poder do capital (plano Meidner). Os 
partidos socialistas da oposição incluíram 
reivindicações de autogestão, participação dos 
trabalhadores e novas políticas industriais. 
 Na França, a partir da oposição, os partidos socialista e 
comunista solicitaram o Programa Comum, que 
advogava nada menos que a eliminação do 
capitalismo!” (Navarro, in Laurell, 1977) 
 “Em 18 dos 23 países capitalistas mais importantes, 
houve um crescimento substancial dos sindicatos nos 
anos 60 e 70” (idem). 
 
PAÍSES ELEIÇÕES 
ÁUSTRIA 1971, 1975, 1979 
FRANÇA 1981 
FINLÂNDIA 1966 
GRÉCIA 1981 
SUÉCIA 1968, 1970, 1982 
NORUEGA 1969 
ESPANHA 1982, 1986 
PORTUGAL 1976 
 
Fonte: Therborn, G. apud Navarro, in Laurell (1997) 
 Para o autor, o “boom” das novas tecnologias industriais e 
técnicas de gerenciamento empresarial foi motivado pela 
necessidade de reagir à força do movimento operário nas 
economias centrais do sistema. 
 A introdução dos computadores centralizou a direção e o 
controle, enquanto descentralizou (dispersou) a execução; 
 A linha de montagem foi substituída por grupos de 
trabalhadores semi-autônomos; 
 A atividade de indivíduos e grupos passou a ser 
coordenada via os sistemas eletrônicos centralizados; 
 A competição entre esses grupos passou a ser estimulada 
com remuneração por produção; 
 
 Grandes setores produtivos das empresas foram 
transferidos a outras localidades e/ou a outros 
países, com menores custos trabalhistas, cenários 
menos regulados e operariados mais 
despolitizados. 
 A internacionalização das bases e das cadeias 
produtivas (“globalização”), e o seu corolário 
ideológico (“neoliberalismo”) foram as respostas 
do capital frente à força do movimento operário 
nas economias centrais. 
 
 Segundo Mandel (1982) o monopólio do progresso técnico e suas 
contradições apontam os sinais de esgotamento da acumulação 
ampliada nos anos dourados. 
 Ademais, a situação de « pleno emprego » e a ampliação do 
poder político dos trabalhadores, dentre outros fatores 
contribuíram para queda na taxa de lucro. 
 Tais condições que configuram-se de certo modo como 
« ameaça » a acumulação, estimularam a desestruturação do 
Welfare State. 
 Para os neoliberais a profunda recessão que atingiu grande parte dos 
países de capitalismo central , resultou de fatores, tais como: 
Poder excessivo e nefasto dos sindicatos e movimento operário 
(corroeram as bases de acumulação) 
Aumento dos gastos sociais do Estado (inflação, diminuição do 
investimento) 
 Intervenção do Estado nas relações de trabalho (impede o 
crescimento econômico e a criação de emprego) 
 
 Anderson (1995) conceitua o “neoliberalismo” como uma reação 
teórica e política veemente contra o WS/EBES, iniciada por 
Friedrich Hayek, em 1944. 
 Segundo a renovada doutrina, o WS/EBES destrói a liberdade dos 
cidadãos, a vitalidade da concorrência e a desigualdade 
imprescindível ao ocidente. 
 As causas desses males estariam no demasiado poder dos 
sindicatos e do operariado, cujo parasitismo os levava a pressionar 
pelas intervenções e gastos estatais. 
 Cabia, pois, a partir do Estado, romper o poder dos sindicatos, 
restaurar a taxa “natural” de desemprego e reduzir as intervenções 
e regulações econômicas. 
 
 
Tudo que podemos dizer é que este é um movimento ideológico, 
em escala verdadeiramente mundial, como o capitalismo jamais 
havia produzido no passado. Trata-se de um corpo de doutrina 
coerente, autoconsciente, militante, lucidamente decidido a 
transformar todo o mundo à sua imagem, em sua ambição 
estrutural e sua extensão internacional. Eis aí algo muito mais 
parecido ao movimento comunista de ontem do que ao liberalismo 
eclético e distendido do século passado 
 
(XIX, Anderson, 1995). 
 A hegemonia neoliberal ocorre no final da década de 
1970 quando diversos países da Europa e os EUA, 
passam a assumir seus princípios em seus programas 
governamentais. 
 Os pioneiros foram os governos de Thatcher (1979); 
Reagan (1980); Khol (1982), entre outros. 
 
 O Estado não deve intervir na regulação do comércio 
exterior e de mercados financeiros. 
 O Estado deve conter os gastos sociais 
 Deve haver a manutenção deuma “taxa natural” de 
desemprego. 
 O Estado deve promover uma reforma fiscal com 
redução de impostos para os altos rendimentos. 
Das 23,5 milhões de declarações de ajuste de imposto de renda do 
ano-base de 2006, apenas 5.292 contribuintes apresentaram 
rendimentos tributáveis acima de R$ 1 milhão. Paradoxalmente, o 
número de milionários no país não para de crescer. Conforme revelou o 
levantamento da The Boston Consulting Group (BCG), o Brasil tinha, 
em 2008, 220 mil milionários, uma expansão de 15,7% em relação 
ao ano anterior (Wiziack, 2008). A fortuna desses milionários está 
estimada em aproximadamente US$ 1,2 trilhão, o que equivale a 
praticamente metade do PIB brasileiro. 
 Com base nos dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE de 2002-03, 
estima-se que as famílias com renda de até dois salários mínimos arcam como uma carga 
tributária indireta de 46% da renda familiar, enquanto aquelas com renda superior a 30 
salários-mínimos gastam 16% da renda em tributos indiretos (Zockun,2005) 
 O resultado é uma carga tributária regressiva, o que significa que o Estado brasileiro é 
financiado, em grade parte, pelas classes de menor poder aquisitivo e pelos trabalhadores, 
com a população de baixa renda suportando uma elevada tributação indireta. 
 
 Na década de 1980 nos países de capitalismo central a 
hegemonia neoliberal não foi capaz de solucionar a 
crise do capital e tão pouco alterar os índices de recessão e 
baixo crescimento econômico. 
 Em contrapartida, tais medidas tiveram efeitos destrutivos para 
classe trabalhadora, pois resultaram em aumento do 
desemprego, eliminação de postos de trabalho não-qualificados, 
diminuição dos salários e redução de gastos com políticas 
sociais. 
1960-1973 1973-1979 1979-1982 1982-1990 1990-1993 
EUA 4,0 2,4 -0,1 3,6 1,2 
Europa 4,8 2,6 0,9 2,7 0,6 
Japão 9,6 3,6 3,7 4,5 2,1 
OCDE 4,9 2,7 0,8 3,5 1,1 
Fonte: Navarro, in Laurell (1997) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Navarro, in Laurell (1997) 
 
Desemprego Criação de empregos por ano (% sobre 
a população) 
1974-1979 1980-1990 1973-1979 1979-1988 
OCDE 4,2 7,4 -0,1 -0,1 
União Européia 4,4 7,9 -0,5 -0,6 
EUA 6,7 7,2 0,9 0,7 
Japão 1,9 2,5 0,1 0,2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Murard, 1997, p. 97 apud Bering e Boschetti (2011) 
Gastos com proteção social em % do PIB Estrutura de financiamento em % dos recursos 
Período 1970 1980 1983 1989 Contribuição dos 
assalariados 
Contribuição 
empregadores 
Impostos fiscais 
1980 1989 1980 1989 1980 1989 
França 
18,9 
 
25,4 
 
28,3 
 
28,0 
23,7 28,7 55,7 51,7 17,5 17,2 
 
Alemanha 
21,5 28,7 30,1 29,6 28,3 30,5 10,0 8,7 83,2 79,6 
Dinamarca 14,4 19,4 22,9 23,2 13,8 14,7 58,7 52,6 23,8 29,8 
Itália 19,6 30,4 33,8 30,2 31,5 34,9 37,1 31,2 20,8 16,6 
Países Baixos 14,3 21,5 23,9 20,6 14,6 17,8 33,4 29,2 43,2 41,3 
Reino Unido 
18,9 
 
25,4 
 
28,3 
 
28,0 
23,7 28,7 55,7 51,7 17,5 17,2 
 Após o esgotamento do pacto e consensos estabelecidos 
pós-guerra (welfare state) observou-se uma hegemônia 
da agenda neoliberal a nível global, ainda que tenha 
resultado em inúmeros prejuízos a classe trabalhadora. 
 A partir dessa constatação, proponho uma discussão em 
grupo como objetivo de refletir sobre os fatores 
determinantes que possibilitaram a conquista de tal 
hegemônia. 
 
 LAURELL, Ana C (org.). Estado e Políticas Sociais no 
neoliberalismo. 3ª ed. São Paulo: Cortez/Cedec, 2002 (Textos 
de Navarro e Toledo). 
 SADER, Emir e GENTILI, Pablo (orgs.). Pós neoliberalismo. As 
políticas sociais e o estado democrático. São Paulo : Paz e Terra, 
1995 (Textos inicial e final de Perry Anderson). 
 SANTOS, Wanderley G. Do. Cidadania e Justiça. A política social 
na ordem brasileira. Rio de Janeiro : Campus, 1987. 
 SILVA E SILVA, M.O. Teorias Explicativas sobre a Emergência e o 
Desenvolvimento do Welfare State. In: Revista Política e 
Trabalho, 15. Setembro 1999, págs. 29-42.

Continue navegando