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Sebenta Atualizada _ Economia da Saúde _ 2019-2020 _ 15CMES

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CURSO MESTRADO DE GESTÃO DA SAÚDE 
SEBENTA 
ECONOMIA DA SAÚDE 
Revisto no ano letivo 2019-2020 por: 
Albano Perdigão 
Carla Silva 
Cláudia Estêvão 
Versão 2019-2020 _ 10.01.2020 
 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÁREA TEMÁTICA 
 
Página 
 Introdução à Economia 
 
2 
 Economia, mercado e saúde 
 
 O setor da saúde em Portugal 
 
16 
 
30 
 Procura de saúde, de cuidados e seguros de saúde, indução 
da procura 
 
34 
 Modelos de pagamento dos prestadores - 1º Seminário 
 
 Produção de cuidados e pagamento dos prestadores 
 
50 
 
57 
 Avaliação económica em saúde 67 
 
 Financiamento das despesas de saúde 
 
 Financiamento das despesas de saúde - 2º Seminário 
 
77 
 
90 
 Equidade e desigualdade em saúde 
 
111 
 Economia em saúde mental 
 
 Economia comportamental 
 
127 
 
134 
 
 
 
 
Versão 2019-2020 _ 10.01.2020 
 2 
INTRODUÇÃO À ECONOMIA 
Objetivos: 
 Compreender os conceitos de economia e economia da saúde; 
 Justificar a pertinência da economia (noções de escassez, necessidades, escolha, incentivos); 
 Exemplificar a utilização em saúde de conceitos económicos (custo de oportunidade, função de 
produção, custo marginal, mercado, procura, oferta, preço); 
 Identificar os elementos chave da economia da saúde moderna; 
 Compreender o alcance e limites da economia da saúde. 
 
Conceito de Economia 
A economia é o estudo de como os indivíduos e a sociedade decidem empregar recursos produtivos 
escassos, que poderiam ter utilizações alternativas, para produzir vários bens e distribui-los para consumo, 
atual ou futuro, entre as várias pessoas e grupos da sociedade” (Samuelson e Nordaus, 1985) 
A Economia como ciência 
A economia é uma ciência social, que estuda a maneira como a sociedade decide empregar recursos escassos, 
para produzir diferentes bens que permitem satisfazer as necessidades humanas ilimitadas, relação que 
obriga a escolhas, e a forma como é realizada a sua distribuição entre os seus diferentes membros. 
A definição anterior contém uma série de conceitos fundamentais para entender o objeto de estudo da ciência 
económica (as escolhas, pois os recursos são escassos, mas as necessidades são ilimitadas), entre eles: 
 Escolha – é a opção por determinada solução em vez de outra, estando muito ligada aos conceitos de 
escassez (que exigem uma escolha) e custo-oportunidade (na opção por consumir um bem ou serviço 
em vez de outro, o custo-oportunidade analisa o valor da melhor alternativa deixada por satisfazer, 
resultado de uma escolha em que é dada prioridade a outra necessidade). A escolha responde a 3 
problemas económicos: quais os bens que devem ser produzidos e em que quantidades (O quê? 
Quanto produzir?); como devem os bens ser produzidos (Como produzir?)) e quem consome os bens 
produzidos (Para quem produzir?). A decisão que sustenta a escolha está habitualmente relacionada 
com uma análise custo-benefício. 
Versão 2019-2020 _ 10.01.2020 
 3 
 Necessidade – estado de carência associado à consciência de que a satisfação ocorrerá com a 
utilização de bens e serviços 
 Escassez – o ser humano, em cada momento, não dispõem dos recursos necessários para satisfazer 
todas as suas necessidades. A noção de escassez está associada à relação entre recursos existentes e 
as necessidades a satisfazer. Se não existisse escassez de recursos não existia problema económico, 
porque não seriam necessárias escolhas. 
 Recursos – não satisfazem necessidades, mas servem para produzir bens ou serviços (bens ou serviços 
satisfazem necessidades humanas). 
 Produção 
 Consumo – é a utilização de bens e serviços para satisfação das necessidades humanas, este 
condiciona a atividade produtiva e o investimento (por isso é um ato económico). 
 Distribuição 
 Eficácia - faz efeito 
 Eficiência – maximização dos benefícios totais (ganhos) a partir do uso dos recursos escassos da 
comunidade, ou seja, é a utilização mais eficaz dos recursos de uma sociedade, na satisfação dos 
desejos/ necessidades da população. 
AS TEORIAS económicas - Pretendem explicar porque se observam no mundo real determinados 
acontecimentos ou porque se verificam determinadas relações entre variáveis, permitindo a previsão das 
consequências de alguns acontecimentos. 
OS MODELOS económicos - São abstrações simplificadas da realidade que, através de pressupostos, 
argumentos e conclusões, explicam determinadas proposições ou aspetos de fenómenos mais amplos. Os 
modelos económicos pressupõem que o comportamento dos indivíduos é RACIONAL. 
Princípio da Racionalidade - O agente racional escolhe a alternativa que lhe dá maior utilidade (satisfação). 
Isto é, em que os benefícios são superiores aos custos. Todo o estudo da Economia parte de 2 postulados 
essenciais: O postulado da racionalidade e O postulado do equilíbrio. Os agentes são racionais e os mercados 
equilibram. 
A racionalidade significa que cada agente, no caso geral, vai procurar minimizar o esforço e o tempo 
despendido para obter o seu fim. A aplicação do princípio da racionalidade, não compromete 
comportamentos éticos. Os agentes procuram o que melhor satisfaz os seus objetivos e, nas mesmas 
circunstâncias, tomam as mesmas decisões. Cada pessoa atua de forma racional, mas defronta outras, que 
também querem o mesmo. Ao encontrar os outros, adapta o seu comportamento às suas ações. Assim, o 
sistema económico encontra um equilíbrio. 
Racionalidade/interdependência – ex.: quando vou comprar açúcar existem 3 marcas, compro a mais barata 
e passo sempre a comprá-la – é um comportamento racional, coerente, lógico. 
 
Metodologia da Ciência Económica 
A metodologia da ciência económica caracteriza-se por um conjunto de hipóteses e axiomas, como 
racionalidade, eficiência, comportamento maximizador, equilíbrio de mercado; e baseia-se no método 
científico-empírico, pois aplica as suas várias etapas: observação, hipótese, realização de testes, interpretação 
Versão 2019-2020 _ 10.01.2020 
 4 
e síntese e tem em conta que os acontecimentos económicos não são estáticos, mas que se alteram com a 
evolução da sociedade humana. 
Na aplicação da metodologia económica aos objetos de estudo, surgem vários problemas metodológicos, que 
se colocam na compreensão económica. Estes problemas são: 
Ceteris paribus – “tudo o mais é constante”, para um estudo correto das relações económicas, considera-se 
que apenas uma ou algumas variáveis estão a alterar-se enquanto tudo o resto permanece constante. É uma 
forma de simplificar a realidade complexa, e retermos a atenção na explicação económica das variáveis 
consideradas. Por exemplo: Um aumento de preço de um determinado produto causa uma redução 
na procura, ceteris paribus. Se houvesse variação na renda do consumidor, ou seja, sem a condição "ceteris 
paribus", não se poderia afirmar o mesmo a respeito da procura sem informações adicionais. 
Falácia do post hoc – problema que decorre de um acontecimento ‘A’ acontecer antes de um acontecimento 
‘B’ e isso leva a uma explicação errónea e não devidamente sustentada, de ‘B’ ocorre em consequência de ‘A’. 
Falácia da composição – problema que decorre quando se considera que o que é verdade para uma das partes 
é verdade para o todo. Por exemplo, se um grupo de 10 alunos gosta de beber café sem açúcar não podemos 
inferir que todos os alunos têm a mesma preferência face ao consumo de café. 
Subjetividade – o que é verdade para um indivíduo pode não ser verdade para outros indivíduos, assim como 
em momentos temporais diferentes a opinião ou as preferências podem diferir. 
Incerteza da vida económica – as condições, relações e factos económicos que se verificam no presente são 
distintos dos que se verificam no passado e serão tambémdistintos dos que se verificarão no futuro. Por 
exemplo, a inflação que se verifica hoje é diferente da taxa de inflação de há 10 anos e da taxa de inflação do 
ano passado. 
 
Principais ramos da economia 
Microeconomia – abrange o estudo do comportamento das unidades económicas, como consumidores, 
famílias e empresas como se fossem unidades individuais. Estuda também a forma como consumidores e 
produtores interagem no mercado, decidindo preços e quantidades que satisfaçam a ambos. Por exemplo: a 
determinação do preço do trigo. 
Macroeconomia – ocupa-se dos grandes agregados nacionais, através de variáveis, como o emprego, o 
investimento, a poupança, o consumo, o nível geral de preços, o produto interno bruto, etc. Trata-se na 
verdade do estudo do desempenho das economias nacionais e das políticas que os governos adotam para 
melhorar esse desempenho, i.e., estuda a economia de forma agregada. Exemplo: o estudo da inflação. 
 
Tipos de análises 
 Análise Custo-Benefício – Em termos gerais, o que uma análise custo-benefício procura responder é 
se um dado projeto de investimento deve ser empreendido e, no caso dos recursos de investimento 
serem limitados, e existirem vários projetos, decidir qual ou quais desses projetos devem ser 
Versão 2019-2020 _ 10.01.2020 
 5 
escolhidos (nesta análise os benefícios e os custos são expressos em termos monetários e são 
ajustados pelo valor temporal do dinheiro); 
 Analise MARGINAL - Comparação dos custos adicionais com os benefícios adicionais de determinada 
ação (permite a análise custo-benefício); 
 Analise POSITIVA – Uma afirmação baseada em factos reais e cuja validade pode ser testada 
empiricamente (Como é) 
 Analise NORMATIVA - Uma afirmação baseada na opinião, juízos de valor ou ideologia (Como deveria 
ser). 
 
Análise Positiva versus Análise Normativa 
Em geral, as afirmações sobre o mundo são de dois tipos: 
Declarações positivas - afirmações que pretendem descrever o mundo como ele é (descritivas); 
Declarações normativas - afirmações que tentam dizer como é que o mundo deveria ser (prescritivas). 
Em princípio, é possível confirmar ou refutar declarações positivas, examinando provas. Pelo contrário, para 
avaliar declarações normativas é preciso considerar, para além dos factos, valores (opiniões éticas, religiosas 
e filosofias políticas). As conclusões normativas requerem a análise positiva e juízos de valor. 
A Economia descreve o comportamento dos agentes económicos, em geral. Por exemplo, a Economia serve 
para prever qual será o comportamento das empresas e dos consumidores se o preço de um determinado 
produto subir. Neste sentido, a Economia é uma disciplina positiva. Contudo, a Economia é também uma 
disciplina normativa, no sentido em que a análise económica pode ser usada para fazer prescrições sobre o 
que fazer em determinadas circunstâncias. Estas prescrições podem ser dirigidas aos governos, por exemplo, 
indicando se deve ou não ser introduzido um determinado imposto ou se devem ser criados limites às fusões 
entre empresas. Podem ser também dirigidas às empresas, por exemplo, indicando qual a melhor estrutura 
salarial a adotar em determinadas circunstâncias, ou se a empresa deve ou não iniciar uma guerra de preços. 
Exemplo: 
“a taxa de desemprego é de 10%” – economia positiva. 
“a taxa de desemprego de 10% é demasiado elevada” – economia normativa. 
 
A Economia 
 Não trata apenas de dinheiro (mas permite-nos conhecer os valores/custo de um bem ou serviço) 
 Não se aplica apenas a bens que têm preço (ex.: sangue e órgãos) 
 Não é praticada apenas por economistas (todos nós somos produtores e consumidores e tomamos 
decisões económicas no dia-a-dia) 
 Não serve apenas para reduzir os custos. O objetivo é, principalmente, como racionaliza-los da 
melhor maneira para que se traduzam em ganhos em eficiência. Implica também a avaliação de 
benefícios. Se o beneficio social é maior que o beneficio individual. 
IMPORTANTE: A economia pressupõe o que a sociedade pode obter (benefícios) com os recursos que tem. 
 
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 6 
Economia da saúde - aplicação da ciência 
económica aos fenómenos e problemas 
relacionados com o tema da saúde. É um ramo 
da ciência económica que considera os 
problemas associados ao tema da saúde. 
Alguns exemplos na saúde onde se pode 
aplicar a ciência económica são: Utilização de 
cuidados de saúde; Estilos de vida; Cobertura 
universal; Sustentabilidade; Pagamento dos 
prestadores. 
 
 
 
O diagrama de Williams permite, começando com a caixa B, avaliar o que é saúde, qual o valor da vida e como 
se tem tentado medir esses conceitos de um modo que seja útil para os processos de decisão de utilização de 
recursos. De seguida, trata a procura dos cuidados de saúde, com a caixa C, e seus determinantes diretos e 
indiretos (influência da caixa A). A procura de cuidados de saúde (ou de saúde, numa visão mais geral) decorre 
da procura de saúde, mas também de fatores que influenciam a saúde e o seu valor para o indivíduo, como a 
educação, o nível de rendimento e riqueza, o comportamento individual e hábitos (fumar, beber, praticar 
desporto,…). 
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 7 
A oferta de cuidados de saúde vem caracterizada na caixa D, onde se tratam situações de relações económicas 
pouco usuais noutros setores, de que é exemplo os médicos serem quer fornecedores quer agentes que 
transformam a procura de saúde em procura de cuidados de saúde. A interação entre procura e oferta gera 
equilíbrios (ou desequilíbrios) de mercado, ilustrado na caixa F. Na ausência de preços, em alguns casos, é 
necessário um outro mecanismo que equilibre o sistema (de que é exemplo típico o tempo de espera). O 
equilíbrio de mercado não é necessariamente alcançado apenas com flexibilidade de preços monetários. 
As restantes caixas G e H referem-se sobretudo à avaliação de desempenho do sistema, a vários níveis 
(individual, organização e sistema). 
O conjunto representado neste diagrama permite ver a importância que a análise económica tem vindo a 
ganhar no setor saúde, bem como o potencial que a análise económica tem em termos de contribuição para 
o conhecimento do modo como funciona o setor saúde e para a formulação de políticas na área da saúde. 
Como resultado desta explanação é possível compreender a autonomia da economia da saúde dentro da área 
da economia, uma vez que reconhece: que o setor saúde é suficientemente vasto e complexo nas relações 
entre os vários agentes económicos nele, intervenientes; a sua grande importância quantitativa, não só em 
despesa realizada como em número de pessoas envolvidas e que a análise tradicionalmente usada para outros 
setores não é muitas vezes diretamente aplicável ao setor saúde, necessitando de ajustamentos por forma a 
refletir as especificidades do setor (embora frequentemente os conceitos e análise económica sejam aplicáveis 
a contextos do setor saúde). 
 
10 Princípios de Economia 
(Como as Pessoas Fazem Escolhas: Princípios 1, 2, 3 e 4) 
Princípio 1 - “As Pessoas Enfrentam Trade-offs” (trade-off é o nome que se dá a uma decisão que consiste na 
escolha de uma opção em detrimento de outra. Para se tratar de um trade-off o consumidor perde uma 
qualidade ou aspeto, ganhando em troca outra qualidade ou aspeto, o que significa que a escolha requer uma 
compreensão dos aspetos positivos e negativos dessa escolha. Exemplo: trade-off entre consumo e lazer – 
para obter mais consumo é necessário trabalhar mais e, assim, perder tempo de lazer). 
Assim, trade‐off significa que perante opções diferentes, ao escolher uma, além de abdicar da outra vou estar 
a prejudicá‐la ‐ “eu quero A e B, se escolher A, vou piorar B e vice‐versa”. É uma expressão que define uma 
situação de escolha conflituosa, i.e., quando uma ação económica que visa a resolução de problemas 
económicos acarreta, inevitavelmente,outros problemas económicos. 
Exemplo de trade-off: 
 Inflação versus Desemprego 
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 8 
Uma das consequências do aumento da moeda em circulação é a inflação, outra pelo menos a curto prazo, é 
a diminuição do desemprego. Assim, se o Governo decidir baixar a inflação, o custo a curto prazo vai ser, o 
aumento do desemprego (os preços diminuem, as empresas ganham menos e despedem os trabalhadores). 
Também a redução do desemprego vai implicar um aumento da inflação (as pessoas têm maior poder de 
compra, a procura sobe, o preço dos bens também). 
A curva de Phillips ilustra a relação de trade-off entre a inflação e 
desemprego, em que com o aumento de um, existe a diminuição do outro 
(relação inversa). 
 
 Equidade versus Eficiência 
Eficiência – consiste em produzir o máximo possível (maximizar a 
produção) com os recursos escassos de que disponho, significa que estou 
a usar ao máximo os meus recursos, por isso, se quiser produzir mais de 
uma coisa, vou ter que sacrificar outra. 
Equidade – consiste na distribuição “justa” dos bens económicos gerados pela produção, pelos diferentes 
agentes. 
O Estado, principalmente através de impostos tenta redistribuir os rendimentos de forma a garantir uma 
maior equidade aos membros da sociedade. Nos impostos de taxa progressiva, as taxas aumentam conforme 
aumentam os rendimentos sujeitos a imposto. Assim, quanto mais se aumentam os impostos, mais se 
desincentiva o trabalho, especialmente dos que são muito bons no que fazem e por isso ganham mais, 
prejudicando a eficiência (se tiverem mais rendimentos vão ter que pagar mais impostos, logo, não fazem o 
seu melhor pois não compensa, ganhariam mais, mas também pagariam mais em impostos). 
Pelo contrário, se o objetivo do país é garantir a eficiência da sociedade, grande parte do rendimento é 
destinado aos que conseguem cumprir esse mesmo requisito, o que implica uma desigualdade na repartição 
dos rendimentos. 
Importante: “quando se tenta cortar o bolo em várias fatias iguais, o bolo diminui” 
 
Princípio 2 - “o custo de algo é aquilo de que se abdica para o conseguir” 
Se é preciso escolher, significa que para satisfazer uma necessidade é preciso sacrificar outra, i.e., existe um 
custo. 
Custo de Oportunidade 
Custo de oportunidade – Se todos os recursos forem plena e eficientemente utilizados, para se produzir 
uma quantidade maior de um bem, será necessário produzir menos de outro bem. Assim, Custo de 
Oportunidade pode ser definido como o grau de sacrifício que tem que ser feito, ao se optar pela produção 
de um determinado bem em detrimento de outro, i.e., o custo de oportunidade de um bem ou serviço, 
será a quantidade de outros bens e serviços que deixarão de ser produzidos, para obtê-lo. 
Versão 2019-2020 _ 10.01.2020 
 9 
i.e. 
“valor do melhor uso alternativo (ou oportunidade alternativa) de um bem económico, ou o valor da 
alternativa sacrificada” (Samuelson e Nordaus, 1985). Tudo tem um custo – ao obtermos uma coisa de que 
gostamos temos que abdicar de outra coisa de que também gostamos. 
Exemplo: eu escolho um profissional X para me atender, mas é a um horário mais difícil para mim, mas esse é 
o custo que tenho que pagar pela minha escolha. 
Máxima de ouro: “Não há almoços grátis” - Uma coisa escassa nunca é de graça, embora possa parecer. Ou 
alguma outra pessoa pagou ou pagou-se sem dar por isso (já foi pago por nós anteriormente, ou virá depois). 
Como sabemos os recursos são sempre limitados para satisfazer as necessidades infinitas. 
Se pudessem ser produzidas quantidades infinitas de todos os bens e se os desejos/necessidades materiais 
fossem completamente satisfeitos, nesse caso não existiriam bens económicos mas sim bens livres, pois os 
preços e os mercados seriam irrelevantes. Como tal não acontece, o individuo tem que fazer escolhas. 
 
Custo de oportunidade na saúde 
O custo de oportunidade é o verdadeiro custo para a sociedade ao fornecer 
um programa de saúde à população, na medida em que os recursos humanos 
e materiais ficam indisponíveis para outros fins. 
Temos que ter consciência que os recursos públicos são limitados e que chega 
a um ponto que se queremos/precisamos mais, temos que pagar 
diretamente. Temos que pensar não só nos benefícios individuais do serviço 
onde gastei os recursos, mas principalmente no benefício social, de toda a 
população. 
Havendo sempre um custo de oportunidade inerente a uma escolha, temos que escolher a opção que a um 
certo custo mais benefícios nos trás - Relação custo-benefício (feita com os valores contabilísticos). 
A Economia Não é contabilidade, não se restringe apenas aos fluxos financeiros. A noção de custo económico 
traduz-se no sacrifício implícito em não empregar recursos escassos no melhor uso alternativo. Considera 
todos os sacrifícios decorrentes de determinada ação, para todos os intervenientes. O custo económico é 
sempre maior que o custo contabilístico. 
 
Custo económico versus custo monetário 
O custo económico de uma decisão depende tanto do custo da alternativa escolhida como do benefício 
relativo que se poderia ter obtido com a melhor alternativa O custo económico difere do custo monetário, 
pois inclui o custo de oportunidade. 
Exemplo: considerando-se o custo económico de escolher frequentar um curso universitário. O custo 
monetário inclui as propinas a pagar à universidade, alojamento e alimentação, livros e outras despesas 
Versão 2019-2020 _ 10.01.2020 
 10 
diretamente relacionadas. O económico inclui todos esses custos mais o custo de oportunidade (o custo da 
melhor alternativa à frequência do curso universitário). 
 
 
 
 
Princípio 3 – “Os agentes racionais pensam na margem” 
Racionalidade no comportamento - A racionalidade é utilizada como uma premissa do comportamento dos 
indivíduos em modelos e análises microeconômicas, e aparece em quase toda a literatura de economia 
relacionada com a tomada de decisão humana. 
Tendo em conta a premissa anterior, os indivíduos racionais (que têm como principal objetivo nas suas 
decisões atingir o máximo do seu bem-estar, fazendo uso eficiente das informações disponíveis), ao 
tomarem decisões pensam na margem, i.e., comparam os custos marginais e os benefícios marginais de 
uma determinada opção e escolhem-na se e só se os benefícios marginais forem maiores que os custos 
marginais. 
Exemplo: um barbeiro quer decidir se deve manter sua barbearia aberta mais uma hora. O princípio marginal 
baseia-se na comparação de benefícios e custos marginais da decisão de abrir mais uma hora. O benefício 
marginal é a receita adicional que resulta desse pequeno aumento na atividade. De modo semelhante, o 
custo marginal é o custo adicional incorrido desse mesmo aumento na atividade. 
De acordo com o princípio marginal, deve-se aumentar o nível de atividade enquanto o benefício marginal é 
maior que o custo marginal. Ao atingir o nível em que benefício e custo marginais são iguais, a otimização 
está conseguida. 
 
Lei da Utilidade Marginal 
De acordo com as leis de Gossen, quando um indivíduo consome mais unidades de um bem, o nível total de 
utilidade ou satisfação vai aumentando, porém, a partir de certo ponto a taxa de crescimento vai diminuindo 
à medida que se vai consumindo mais do bem. Assim, pode entender-se que a utilidade total de um bem 
cresce quando se consome maiores quantidades dele, contudo a partir de um nível o seu incremento 
na utilidade marginal é cada vez menor. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Microeconomia
Versão 2019-2020 _ 10.01.2020 
 11 
 
Exemplo: O chamado paradoxo da água e do 
diamante ilustra a importância do conceito de utilidade 
marginal. Por que a água, mais necessária é tão barata, e 
o diamante, supérfluo, tem um preço tão elevado? 
Acontece que a água tem grande utilidade total, mas baixa 
utilidade marginal (é abundante), enquanto o diamante, 
por ser escasso, tem grandeutilidade marginal. 
 
Princípio 4 - “Os Agentes Económicos reagem a Incentivos” 
Pelo facto das pessoas tomarem decisões comparando os benefícios e os custos marginais, o seu 
comportamento pode-se alterar quando os custos ou benefícios se alteram. Ou seja, as pessoas reagem a 
incentivos. O incentivo financeiro é um incentivo muito forte e eficaz para a mudança de comportamentos. 
(Quero que as pessoas usem menos o carro, aumento o valor da gasolina e baixo o dos transportes públicos: 
pagar mais para utilizar e pagar menos para ter acesso = os governos podem melhorar os resultados do 
mercado). 
Por isso, ao criarem-se políticas, nunca se deve esquecer este facto, pois muitas delas alteram os custos ou 
benefícios que as pessoas enfrentam e, por isso, alteram o comportamento das mesmas. Nem todos os efeitos 
de cada política são óbvios, por isso, ao analisá-las é essencial considerar não só os efeitos diretos, como 
também os efeitos indiretos, que funcionam através dos incentivos. Se não considerar a forma como essas 
políticas vão influenciar os incentivos, é possível acabar com resultados que não eram esperados. Políticas que 
alteram incentivos alteram comportamentos. 
 
Expetativas 
↓ 
Os agentes económicos reagem a incentivos que, em Economia corresponde ao Sistema de Preços, a que 
Adam Smith chamou de “mão invisível” 
Importante: Qualquer decisão tem custos diretos e custos indiretos. 
 
(Como é que as Pessoas Interagem: Princípios 5, 6 e 7) 
Princípio 5 - “Todos Podem Beneficiar da Troca” 
A racionalidade leva à especialização, i.e., cada um produz o que sabe fazer melhor (aquilo em que tem maior 
vantagem relativa ou absoluta), e consume o que gosta mais, melhorando assim a sua situação. Isto é possível 
por existirem trocas. Quanto mais trocas existirem, melhor, porque quanto mais trocas forem possíveis mais 
racional é a afetação, menos se é obrigado a consumir o que se produz e a produzir o que se consome. A 
especialização garante também mais eficiência, ou seja, produzir mais em menos tempo e com maior 
qualidade (quando nos especializamos, com a experiência que vamos ganhando somos capazes de fazer 
melhor em menos tempo). Cada família produz o que consome. Na realidade, não produz tudo aquilo que 
Versão 2019-2020 _ 10.01.2020 
 12 
utiliza. Por interesse próprio, produz uma coisa que troca por outras. Assim, na troca, as duas partes ganham, 
uma vez que esta é voluntária e, por isso, ambas as partes conseguem uma melhoria da sua situação. É esta 
ideia que está na base da divisão internacional do trabalho, que consiste em cada país se especializar na 
produção de alguns bens ou prestação de determinados serviços e obter outros no mercado externo. 
As trocas fazem com que as várias decisões de um agente vão ter impacto e sofrem efeitos das decisões de 
outros, que por sua vez influenciam terceiros, e assim por diante - em economia, tudo tem a ver com tudo. A 
interdependência é uma realidade essencial do problema económico. Cada pessoa depende dos outros, 
depende do funcionamento da economia para a satisfação da maior parte das suas necessidades. É através da 
troca que se atinge a harmonia do sistema económico. 
Princípio 6 - “Os Mercados são normalmente uma boa forma de organizar a atividade económica” 
Isto, assumindo que o mercado é de concorrência perfeita. 
Economia de Mercado - é uma economia em que os recursos são distribuídos através das decisões 
descentralizadas das várias empresas e famílias que interagem nos mercados de bens e serviços. Existe uma 
economia de mercado sempre que temos procura e oferta e deixamos estas 2 forças atuarem livremente, i.e., 
os indivíduos e as empresas privadas tomam as decisões sobre a produção e o consumo, sendo o sistema de 
preços, lucros, prejuízos, incentivos e prémios que determina resposta às 3 questões sobre as quais assenta a 
organização económica – O quê? Como? Para quem? 
Mas como será possível que uma economia de mercado tenha sucesso, quando não há ninguém a zelar pelo 
bem-estar da sociedade em geral e quando cada agente atua em função dos seus interesses próprios? A 
resposta que Adam Smith deu foi que, no sistema económico, as pessoas são guiadas por uma “mão invisível" 
que leva ao bem-estar económico geral. 
O conceito da “mão invisível” afirma que, se cada um prosseguir os seus objetivos próprios, no fim, consegue-
se o máximo bem-estar para todos. Ou seja, se deixarmos o mercado funcionar, vamos conseguir atingir uma 
situação de eficiência. (A ideia de “mão invisível” refere-se apenas a preocupações com a luta contra o 
principal inimigo da Economia - o desperdício). 
Importante: É através do sistema de preços que a mão dirige a atividade económica. A interação entre a 
oferta e a procura determina os preços. 
Os preços refletem tanto o valor do bem para a sociedade como o seu custo associado à sua produção. Uma 
vez que os agentes económicos têm em consideração o preço, quando tomam decisões, sem o saber, estão a 
considerar os custos e benefícios sociais da sua ação. 
Também orientam famílias (indivíduos) e empresas egoístas para tomarem decisões que, em muitos casos, 
maximizam o bem-estar económico da sociedade. É por isso que no final se consegue o máximo bem-estar 
para a sociedade como um todo. 
 
Princípio 7 - “Por vezes, a intervenção do Estado consegue melhorar os resultados obtidos pelo mercado” 
Normalmente, a sociedade funciona sem que ninguém se preocupe com isso. Mas, quando o mercado não 
subsiste por si só (deixado a si próprio, não consegue resolver o problema de forma satisfatória), recorre-se 
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 13 
à intervenção do agente regulador - o Estado. Este é o único agente que se preocupa com o problema global. 
Embora os mercados sejam normalmente uma boa forma de organizar a atividade económica, existem 
exceções a esta regra. O Estado intervém para garantir, eficiência, equidade e estabilidade. 
Os mercados apenas funcionam se os direitos de propriedade estiverem assegurados, caso não estejam a ser 
cabe ao Estado assegurá-los. No entanto a sua intervenção deve ser limitada para não comprometer o 
espirito concorrencial do mercado. O Estado deve intervir, maioritariamente, como regulador e redutor das 
falhas do mercado, principalmente, se a distribuição no mercado não for a desejável. O mercado pode 
também não conseguir assegurar que a prosperidade económica seja distribuída equitativamente. E aí o 
Estado, através de várias políticas, como os impostos, tenta conseguir uma distribuição mais equitativa do 
bem-estar económico. 
Falha de Mercado - situação em que o mercado, por si só, não consegue uma distribuição eficiente dos 
recursos, i.e., não conseguiu conduzir a economia à situação mais eficiente. 
As falhas de mercado de que tratamos são 3: 
 Externalidades; 
 Monopólios Naturais; 
 Proteção de Bens Públicos. 
 
 
(Como a Economia Funciona Como Um Todo: Princípios 8, 9 e 10) 
Princípio 8 - “O nível de vida de uma sociedade depende da sua capacidade de produzir bens e serviços” 
Portugal tem um nível de produtividade muito baixo, ou seja, a capacidade para gerar riqueza é muito baixa, 
quando comparado a nível internacional. 
Produção de grandes quantidades de bens e serviços por unidade de tempo → melhor nível de vida. 
Imaginando que todas as receitas geradas são para pagar salários, quanto mais uma empresa conseguir 
produzir, maiores serão os salários, levando a um aumento do nível de vida. Quanto mais a sociedade produzir 
com os recursos que tem, maior o bolo (que depois poderá distribuir). 
Importante: A taxa de crescimento da produtividade de um país determina a taxa de crescimento do 
rendimento médio desse país. 
Ao pensar como é que uma política vai influenciar o nível de vida do país, é preciso perguntar como é que vai 
influenciar a capacidade de produzir bens e serviços. Para melhorar o nível de vida, é necessário assegurar que 
os trabalhadoressão bem formados e educados, que têm as ferramentas necessárias para a produção de bens 
e serviços e que têm acesso à melhor tecnologia disponível. 
Assim, para haver aumento da produtividade no futuro e, consequentemente, melhoria do nível de vida, é 
necessário que haja investimento. 
 
 
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Princípio 9 - “Os Preços sobem quando o governo imprime demasiada moeda” 
A autoridade monetária, que no caso da Europa é independente do governo de qualquer país. 
Inflação - subida sustentada e generalizada dos preços numa economia. A principal causa da inflação é o 
aumento da moeda em circulação. Quando isso acontece, o valor da moeda cai → os preços sobem para 
compensar essa desvalorização - é preciso pagar mais unidades de moeda para ter o mesmo valor que 
anteriormente, por isso os preços sobem. 
 
Princípio 10 - “A Sociedade enfrenta um trade-off, a curto prazo, entre o desemprego e a inflação” 
Pertinência da aplicação da ciência económica ao domínio da saúde: Problemática 
Os recursos são escassos. As necessidades são muitas. Implica escolhas com custos de oportunidade. As 
escolhas também são muitas. Tem que se hierarquizar prioridades. 
A importância da economia na área da saúde é por existir uma escassez de recursos que não permite satisfazer 
as necessidades crescentes. 
Na saúde as necessidades estão sempre a crescer seja pela forte componente tecnológica e pressão de 
aquisição de novas tecnologias, seja pelo envelhecimento da população, fator que contribui para a maior 
utilização de cuidados. Deste modo o individuo é confrontado a ter que fazer escolhas na alocação dos 
recursos, sabendo que ao empregá-los numa determinada área/bem/serviço fica impossibilitado de os 
empregar em outra. A este trade-off, em que empregar os recursos numa área implica não empregá-los 
noutra dizemos que existe um custo de oportunidade, ou seja, o que abdicamos (tempo, dinheiro) para 
ter/utilizar num outro determinado bem/serviço. 
Havendo simultaneamente limitações nos recursos e numerosas práticas e tecnologias que permitem 
melhorar a saúde das populações, há que hierarquizar alternativas. 
A economia na saúde visa ajudar a decidir qual o melhor uso alternativo para empregar os recursos 
disponíveis, decisão bastante complexa uma vez que o bem transacionado é a saúde. Na saúde importa 
escolher tendo em conta o benefício social que a alocação de recursos em determinada área vai proporcionar. 
A economia também permite perceber os custos reais dos cuidados prestados – o encargo para o Estado ao 
financiar a saúde de cada individuo. 
A Economia da Saúde não traz respostas feitas nem deve ser considerada como um "saco de ferramentas". É 
sobretudo um modo de pensar que serve como apoio - em conjunto com outras disciplinas - à tomada de 
decisão racional. 
Também existem dúvidas se a indústria está a ser tão eficiente como pode ser. Nomeadamente relativas a: 
• Eficácia de diversos procedimentos médicos. 
• Organização, financiamento e prestação. 
• Persistência de ineficiência e iniquidade. 
 
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Pelo gráfico podemos ver que, inicialmente, um aumento nos 
cuidados de saúde provoca um crescimento marginal 
positivo dos resultados de saúde (a unidade de benefícios é 
superior à unidade de investimento). No entanto, à medida 
que os cuidados de saúde aumentam, os benefícios de saúde 
vão decrescendo. Esta reação é conhecida por a Lei dos 
Rendimentos Marginais Decrescentes, i.e., à medida que se 
for adicionando unidades sucessivas de um fator variável a um 
fator fixo, a partir de determinada altura, os acréscimos de 
produção começam a ser menores (embora a produção total 
possa continuar a aumentar). 
O ideal seria minimizar os recursos utilizados ou maximizar a produtividade. Fazer mais com o mesmo, ou 
fazer o mesmo com menos. 
É assim preciso explicitar os critérios de escolhas, analisando tanto custos como benefícios, tornando o 
processo de decisão mais racional. 
 
Eficiência e eficácia na saúde 
Não é ético prestar cuidados ineficazes; como também não é ético prestar cuidados ineficientes. A 
ineficiência tem um custo, que não se reduz apenas ao aspeto monetário. 
 
Aplicação da Economia ao tópico da saúde 
A pertinência da aplicação da Economia para a saúde não tem apenas o objetivo de reduzir custos. 
NECESSIDADE E PROCURA OFERTA E FINANCIAMENTO AVALIAÇÃO ECONÓMICA EQUIDADE NA SAÚDE 
 
Como medir as necessidades 
em saúde? 
 
Qual o efeito de uma 
alteração de preços no 
consumo de cuidados? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quais os efeitos das 
diferentes formas de 
remuneração ao prestador 
sobre a utilização, gastos e 
eficiência? 
 
Qual a dimensão ótima dum 
hospital? 
 
Que tipos de estrutura 
organizativa, de 
financiamento ou de 
prestação incentivam a 
eficiência e/ou equidade? 
 
Como escolher entre diálise 
hospitalar, diálise no 
domicílio e transplante renal? 
(custo-utilidade) 
 
Qual o valor relativo de 
intervenções médicas 
distintas? 
 
Como calcular o valor no ano 
presente de benefícios e 
custos que ocorrem no 
futuro? (qual tem mais 
utilização ao longo do 
tempo?) 
Como formular uma 
política de justiça social 
no domínio da saúde? 
 
Como medir a iniquidade 
da doença, no acesso, na 
utilização e no 
financiamento da saúde? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 16 
ECONOMIA, MERCADO E SAÚDE 
 
Objetivos: 
 Mercado: oferta, procura, preço, equilíbrio; 
 Eficiência económica, técnica, tecnológica; 
 Informação assimétrica e relação de agência; 
 Incerteza e seguro de saúde: risco moral, seleção adversa; 
 Outras falhas de mercado: externalidades, bens públicos, fins não lucrativos. 
 
MERCADO - toda a forma de organização 
económica que corresponde, ou não, a 
um lugar físico, em que bens e serviços, 
bem como fatores produtivos, são 
livremente trocados. No Mercado 
intervêm consumidores e produtores ou 
prestadores que interagem, 
individualmente, contribuindo para a 
determinação de preços e quantidades a 
comprar e a vender de bens e serviços, 
(do lado dos consumidores, o dinheiro 
que dispõem vai determinar a procura e 
a procura determina o que é interessante 
os produtores produzirem). 
Os Mecanismos de Mercado permitem dar resposta, através da interação, a 3 questões: 
 O que produzir? (O QUÊ? que produtos produzir, em que quantidade e quando?) 
 Como produzir? (COMO? por quem, de que forma, com que recursos?) 
 Para quem produzir? (PARA QUEM? quem beneficia com a produção, como se divide a produção 
nacional entre as várias famílias?) 
Assim, os economistas estudam a forma como as pessoas tomam decisões, como elas interagem umas com as 
outras, e analisam as forças e tendências que afetam a economia como um todo. Sendo uma das questões 
centrais é se o mercado permite atingir o maior nível de bem-estar da sociedade? (conceito da mão invisível) 
 
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 Procura – Quantidade de um bem que os consumidores estão 
dispostos a adquirir/consumir a cada nível de preços mantendo-se 
os restantes fatores constantes. Quanto maior for o preço de um 
determinado bem, menor será a quantidade que cada indivíduo 
estará disposto a comprar. Da mesma forma e inversamente, 
quanto menor for o preço, maior será a quantidade de bens que os 
consumidores estarão dispostos a comprar. Esta relação inversa, 
entre preço e quantidade procurada, leva a uma inclinação negativa 
da curva da procura, segundo o princípio da Lei da Procura 
Decrescente. Pode, excecionalmente, ocorrer uma curva de 
procura invertida, i.e., uma curva que represente uma relação 
positiva entre o preço e as quantidades procuradas, é o caso dos chamados bens de luxo, como jóias ou carros 
de gama alta, este fenómeno traduz a procura do exclusivo. 
 
 Custo Marginal – O custo marginal é a mudança ocorridano custo 
total quando se aumenta ou diminui a produção total de bens ou 
serviços em uma unidade. Ou seja, ele representa o custo individual 
da última unidade produzida – e assim sucessivamente, à medida 
que forem produzidas mais ou menos unidades de bens ou 
produtos. De acordo com a Lei dos Rendimentos Marginais 
Decrescentes, a tendência é que, a partir de um ponto, os custos 
marginais sejam crescentes com produção de mais unidades, e 
decrescentes assim que produção se tornar menor. Isso acontece 
porque, em certo ponto do arranjo produtivo, para conseguir mais unidades é necessário acrescentar cada 
vez mais insumos (matéria-prima, inputs…) e fatores de produção no processo. 
 Oferta - Quantidade de um bem que os produtores ou fornecedores 
estão dispostos a vender a diferentes preços, mantendo-se os outros 
fatores constantes (oferta), tendo em conta os gastos realizados até 
o produto se encontrar pronto (custos), num dado período de 
tempo. A quantidade que os produtores oferecem de um bem, num 
momento de tempo específico dependerá do seu preço. Assim, 
quanto maior for o preço, maior será a quantidade que cada 
produtor estará disposto a oferecer. Da mesma forma e 
inversamente, quanto menor for o preço, menor será a quantidade 
de bens que os produtores estarão dispostos a oferecer. Esta relação direta entre o preço e a quantidade 
oferecida do bem, leva a que a inclinação da curva de oferta seja positiva, ceteris paribus. 
 Lei da Procura e da Oferta - o preço de qualquer bem ajusta-se de forma a pôr a procura e a oferta desse bem 
em equilíbrio. 
Formação de Preços – os preços ajustam-se consoante o que a procura está disposta a dar para adquirir uma 
certa quantidade do produto. 
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Em economias de mercado os preços são os “sinais” que guiam as decisões económicas e por isso fazem 
a alocação dos recursos escassos. Para todos os bens numa economia, o preço garante que a oferta e a procura 
estejam em equilíbrio. O preço de equilíbrio determina depois quanto do produto os compradores escolhem 
consumir e quanto os vendedores escolhem produzir. 
Se há muita oferta e pouca procura, o preço desce. Se há muita procura e pouca oferta, o preço sobe. Ponto 
de equilíbrio - ponto em que preço faz com que a quantidade procurada seja exatamente igual à quantidade 
oferecida. Quando a curva da procura e da oferta se encontram estamos em situação de eficiência. 
 
 
Equilíbrio de Mercado – O preço numa economia de mercado é 
determinado pela oferta e pela procura. A interação das curvas de 
oferta e procura, ou no ponto onde as 2 se cruzam – ponto de 
equilíbrio, determina o preço e a quantidade de equilíbrio. O ponto de 
equilíbrio indica que para o preço de equilíbrio as empresas estão 
dispostas a produzir e a vender exatamente a mesma quantidade que 
os consumidores estão dispostos a adquirir. 
 
Excesso de Oferta ou Défice de Procura - Situação em que a quantidade oferecida é superior à quantidade 
procurada ➞ diminuem o preço para poderem escoar a produção. Os preços descem até o mercado atingir o 
equilíbrio. 
Excesso de Procura ou Défice de Oferta – Situação em que a quantidade procurada é superior à quantidade 
oferecida ➞ aumentam o preço, pois podem fazê-lo sem diminuir as vendas. O preço sobe até o mercado 
atingir o ponto de equilíbrio, já referido. 
Quando um fenómeno faz deslocar uma das curvas, o equilíbrio do mercado muda. 
Exemplos - Quando a curva da procura é descendente está relacionado com uma utilidade marginal 
decrescente, quanto mais bens tenho, menor utilidade tenho do mesmo. No caso da Hepatite C, relacionamos 
doentes com risco de vida a um medicamento que trata (não cura apenas trata) a sociedade tem grande 
disponibilidade de pagamento, mas a seguir já não temos tanta utilidade, portanto a utilidade marginal 
(utilidade mais um bem que estou disposto a pagar) é inferior. A economia diz que o preço é relativo depende 
das circunstâncias (Ex. guarda-chuvas dia chuva no metro). 
 
A oferta de mercado pode ser definida como a quantidade de determinado bem ou serviço, que os produtores 
desejam oferecer, num dado período de tempo. A oferta é uma curva ascendente e depende do custo marginal 
crescente, para produzir mais tem que oferecer um preço mais elevado. 1 trabalhador produz 50 Kg de maças, 
2-80, 3-100, 4-110, o custo marginal é cada vez mais elevado, todos acrescentam produção mas cada vez 
acrescentam menos. 
Conceito de Elasticidade – O conceito de elasticidade reflete o nível de reação ou sensibilidade de uma 
variável, quando ocorrem alterações em outra variável, ceteris paribus. 
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 19 
A Eficiência de Mercados Concorrenciais 
O mercado promove o uso eficiente de recursos ao incentivar a melhor utilização da combinação de recursos 
na produção (eficiência alocativa/tecnológica); pressupõe que se produza o maior número de bens e serviços 
com a tecnologia e recursos existentes (eficiência técnica) e pressupõe que não é possível qualquer 
reafectação que melhore a situação de um indivíduo sem, ao mesmo tempo, piorar a de outro (eficiência 
económica). 
 
Conceitos: 
 
Eficiência - Rentabilizar os recursos, conseguindo os objetivos com os menores recursos possíveis. Algo eficaz 
permite alcançar o objetivo, algo eficiente permite alcançar o objetivo ao menor custo. 
 Eficiência Técnica – fazer o melhor possível com os recursos existentes, com o menor custo. 
 Eficiência Tecnológica – com os recursos disponíveis produzir o mais possível. 
 Eficiência Económica – Quando a utilidade marginal é igual ao custo marginal. Não é possível qualquer 
reafectação que melhore a situação de um indivíduo sem, ao mesmo tempo, piorar a do outro 
(exemplos na saúde: quais medicamentos financiar? Quais programas de saúde? Quais 
equipamentos? etc.) 
 
Porque é importante pensar-se na eficiência? 
• Dada a existência de desejos/necessidades ilimitados e recursos limitados, é importante que a economia 
faça o melhor uso dos seus recursos. 
• A eficiência corresponde à utilização mais eficaz dos recursos de uma sociedade na satisfação dos 
desejos/necessidades da população. 
 
O que é necessário para a eficiência? Concorrência 
 
 
Eficiência do Mercado em Situação de Concorrência Perfeita 
Concorrência Perfeita - mercados em que nenhum participante (produtor ou consumidor) tem tamanho 
suficiente para ter o poder de mercado para definir o preço, de forma isolada, de um produto homogêneo. 
1. O máximo da produção é atingido para determinado volume de fatores, dada a tecnologia existente 
(eficiência de produção, eficiência tecnológica) 
2. Combinação de recursos que atinge um resultado desejado ao mais baixo custo (eficiência técnica, eficiência 
operacional, eficiência de custos) 
(i) Maximização de resultados com um nível de recursos pré-fixado; 
(ii) Minimização dos recursos necessários para obter um determinado resultado. Sector da saúde não é 
possível totalmente (o resultado é realizar menos), a não ser que anteriormente houvesse muito 
desperdício. 
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 20 
3. Afetação de recursos adequada no sentido de não ser possível qualquer reafectação que melhore a situação 
de um indivíduo (em termos de utilidade) sem, simultaneamente, piorar a de outro (eficiência na afetação, 
eficiência de Pareto). 
Este último é desejável em termos sociais – Quando se tenta alterar a redistribuição do mercado. A situação 
pode ser mais equitativa, mas menos eficiente. Temos que compreender o que estamos dispostos a dar para 
haver mais equidade, mas pode ser menos eficiente (exemplo: imposto). 
 
 
Estrutura Envolvente Necessária para a Eficiência de Mercado 
• Estrutura institucional estável 
• Sistema legal eficaz (ex. define e resolve conflitos sobre direitos de propriedade, faz cumprir contratos, etc.) 
• Normas de conduta e atitudes sobre transações• Aceitação da “disponibilidade a pagar” como critério apropriado na afetação de recursos 
(Quando adquirimos um bem por um determinado preço mostramos disponibilidade para pagar um preço) – 
Saúde: não estamos dispostos a pagar e não pagamos, “dependemos” do SNS - disposição baixa ou nula. 
 
Pressupostos Económicos Necessários para a Eficiência do Mercado Saúde 
(quando há uma falha a eficiência altera-se, na saúde falham todas) 
1 - Homogeneidade do Produto 
A natureza do bem cuidados de saúde 
• Bem de mérito - O Bem transacionado é um bem de mérito, cujo ato de consumir beneficiará não apenas o 
próprio, mas também outros indivíduos que com ele se relacionem, senão mesmo a sociedade como um todo). 
(ex. o tratamento a um individuo com doença infeciosa, faz com que não contamine a restante população). 
• Bem de consumo e de investimento – É um investimento porque 
envelhecemos. Também podemos realizar determinadas ações de 
consumo de bens de saúde para melhorar, ao longo da vida. 
Todos nós temos um stock de saúde originado por várias 
condicionantes da saúde que contribuem para melhorá-lo, mantê-
lo ou piorá-lo. O nosso stock de saúde varia ao longo do tempo, 
pode piorar e voltar a melhorar (por ex. quando estamos doentes). 
 
2 – Informação Completa 
Irracionalidade do Consumidor / Assimetria de informação o prestador tem mais informação do que o 
consumidor. Exceção: Nas situações de doença crónica esta assimetria reduz-se, porque o consumidor torna-
se especialista na sua doença, conhece o seu histórico melhor que o médico que tem diferentes doentes. 
 
3 – Ambiente de Certeza 
 Imprevisibilidade da doença (Não sabemos quando ficamos doentes, logo não sabemos quanto 
produzir) 
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 21 
 Imprevisibilidade da produção (A imprevisibilidade da doença faz com que não seja possível observar 
os resultados efetivos dessa produção - 1 médico pode tratar 10 doentes da mesma maneira e ter 10 
resultados diferentes) 
 
4 - Ausência de Externalidades 
Externalidades associadas aos cuidados de saúde: 
Efeitos externos no consumo ou na produção - A produção do bem saúde depende da envolvente externa. 
(Exposição aos fatores de risco) 
 Ex. externalidade negativa: Fumo do tabaco para fumadores passivos. 
 Ex. externalidade positiva: vacinação a proteção individual pode constituir um benefício social, pois a 
pessoa vacinada não é transmissor. 
 
5 - Atomicidade de Mercado (muitos prestadores e poucos concorrentes devido ao peso que o Estado tem, 
que afasta investimento estrangeiro) 
 
6 - Concorrência entre Produtores, não tendo qualquer um poder de mercado e havendo livre entrada 
Ex: Barreira de entrada são os concursos / Existe pouca concorrência 
 
7 - As Decisões de Procura e Oferta são Independentes. Na saúde a oferta é geradora de procura. Ex: É 
necessário haver uma consulta para se prescrever medicamentos/MCDT (a oferta gera a procura de 
medicamentos/MCDT) 
 
Aplicação das falhas de mercado no setor da saúde 
As falhas de mercado compreendem situações que violam os princípios da livre concorrência e revelam que 
nem sempre o mercado opera de forma harmoniosa e eficiente. Ao evidenciar incapacidade para solucionar 
suas próprias imperfeições, justifica a intervenção económica governamental. No mercado da saúde as falhas 
decorrem do seu funcionamento específico, nomeadamente problemas de informação como situações de 
incerteza, de assimetria de informação e de relações de agência (situação em que não existe informação 
perfeita, i.e., todos os envolvidos não estão completamente informados sobre os preços, as quantidades, as 
relações entre fatores produtivos e resultados obtidos). 
 
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 22 
Falha 1: Organização e poder de mercado 
Um importante requisito para o bom funcionamento 
dos mercados é a existência de concorrência entre 
produtores (eficiência económica no sentido de Pareto 
significa que não é possível melhorar a situação, ou 
a utilidade de um agente sem degradar a situação ou 
utilidade de qualquer outro agente econômico; 
concorrência perfeita é um padrão teórico, com o qual 
os mercados devem ser comparados para determinar o 
nível de imperfeição concorrencial que têm). Neste 
ambiente concorrencial, o preço de mercado tende a 
aproximar-se do ponto de equilíbrio, (formado 
espontaneamente e denominado por Adam Smith de 
‘mão invisível’ do mercado), o que dispensa a 
intervenção estatal. Concorrência perfeita implica: 
consumidores e produtores em número suficiente e em 
que nenhum de forma isolada consegue influenciar o 
preço; homogeneidade do bem (todos os produtores 
oferecem um produto semelhante, homogéneo, em que 
não há diferenças de qualidade do produto no 
mercado); informação perfeita e ausência de barreiras à 
entrada e saída de produtores no mercado. 
No mercado da saúde a especificidade da produção dificulta a entrada de novos produtores no mercado, 
devido por exemplo aos elevados custos de instalação inicial, às economias de escala (situação na qual o 
produtor consegue aumentar a produção e, ao mesmo tempo, diminuir o custo unitário do produto vendido), 
à dificuldade na concessão de patentes, etc. A falta de concorrência, pela reduzida quantidade de produtores, 
reduz a possibilidade de escolha pelos consumidores e os produtores adquirem potencial para determinar o 
preço praticado no mercado. 
Falha 2: Informação Assimétrica 
Diz-se que existe assimetria de informação quando uma das partes envolvidas numa qualquer transação tem 
informação melhor, que a outra parte, sobre alguma variável que é relevante para o valor económico da 
relação. 
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 23 
No mercado saúde o prestador tem mais informação do que o consumidor. Esta assimetria de informação tem 
efeitos no comportamento dos consumidores e nas 
decisões dos prestadores (efeitos sobre a prática 
médica). As assimetrias de informação resultam em 
diversos problemas (seleção adversa, risco moral e 
relação de agência / delegação de decisões e que 
permitem o uso estratégico de informação. 
A falta de informação por parte dos doentes pode 
provocar dificuldade na avaliação da qualidade dos 
prestadores pelo que a procura muitas vezes decorre do 
conselho de um amigo ou da informação recolhida na 
altura de escolher um prestador de saúde, isto porque os 
cuidados de saúde têm a característica de ser um bem de reputação (o produto vendido por cada prestador 
de cuidados é diferenciado e a escolha sobre que prestador escolher é baseada em informação prestada por 
amigos, familiares ou associações, etc). Neste caso, a entrada de mais prestadores (mais concorrência) pode 
dar origem a preços mais elevados (e não a preços mais baixos, como seria previsto na teoria económica), 
porque por um lado para a mesma necessidade existe serviços diferenciados quanto ao local, estilo, 
competência técnica e, por outro, a informação que o consumidor detém sobre cada prestador diminui, o que 
torna mais difícil a procura de um novo prestador o que torna o consumidor menos sensível ao preço. A 
presença de consumidores informados é capaz de exercer uma disciplina concorrencial suficientemente forte 
para se recuperarem os efeitos económicos tradicionais. 
Outra característica decorrente da informação assimétrica é o estabelecimento de relação de agência (os 
consumidores são ignorantes para fazerem escolhas sensatas, o que torna os prestadores, especialmente os 
médicos, elementos-chave na orientação da procura de cuidados, em nome dos doentes), que surge quando 
devido a falta de informação, um conjunto de agentes económicos opta por delegar noutros com mais 
informações a tomada de decisões. No caso da saúde é a delegação no médico, pelo utente, da decisão sobre 
o tratamento a ser seguido em caso de doença. Isto faz com que o médico que realiza o diagnóstico, também 
decida o tratamento, não estando imuneao seu interesse próprio nessa relação pode provocar tensões 
económicas, contudo por princípio esta relação pretende assegurar a existência de um agente decisório e de 
planeamento que tenha como objetivo a representação dos interesses e necessidades da população. 
Agente perfeito – O médico é o agente perfeito se fizer a mesma escolha que o doente faria se estivesse na 
posse da mesma informação que o médico possui. 
Falha 3: Incerteza 
A existência de incertezas na saúde: incerteza quanto ao 
momento em que alguém precisará de cuidados de 
saúde, incerteza quanto aos custos desses cuidados de 
saúde, incerteza quanto ao estado de saúde, incerteza 
quanto ao tratamento adequado, incerteza quanto ao 
efeito ou qualidade do tratamento, incerteza quanto à 
duração da doença e perda de salário..., tem efeitos no 
comportamento dos consumidores e dos prestadores. 
Para diminuir a incerteza associada, como as 
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 24 
consequências financeiras da necessidade de cuidados de saúde, o consumidor fica disponível (via seguros ou 
fiscal), mesmo sem necessidades imediatas ao nível da proteção na saúde, para ser contribuinte líquido do 
sistema pelo simples receio de riscos futuros - aversão ao risco, neste contexto surge a procura de mecanismos 
de proteção, nomeadamente a procura de seguro (transferência das responsabilidades financeiras associadas 
a cuidados de saúde, i.e., o consumidor paga apenas uma pequena fração dos custo de cuidados de saúde no 
momento do consumo). Com a existência dos seguros (privados e públicos), o consumidor não paga um preço 
que reflita o custo de oportunidade dos recursos utilizados, podendo ocorrer um fenómeno designado por 
risco moral (uma das partes de uma relação económica toma uma decisão, depois de assinado o contrato, 
que afeta o valor económico desse contrato, e que não é observável de forma que permita a sua inclusão no 
contrato), por exemplo: tendência para que os consumidores consumam mais cuidados de saúde do que 
fariam se tivessem que realizar o pagamento direto desses cuidados ou um consumo de cuidados cujo custo 
é superior ao benefício. A solução para conter este risco é atenuar a cobertura total pelos seguros, com o 
intuito de equilibrar as responsabilidades, conter o uso ineficiente, garantir a sustentabilidade do sistema e 
garantir que ninguém fique privado dos cuidados (isenção, pagamento segundo rendimentos). 
Risco Moral 
Quando no consumo, os indivíduos por se encontrarem 
protegidos dos riscos de saúde por um qualquer sistema 
(SNS ou Seguro privado), tende a ter comportamentos mais 
descuidados – risco moral ex-ante (o consumidor, porque 
não recolhe benefício com a prevenção, uma vez que o 
seguro lhe assegura o mesmo nível de consumo, adota um 
comportamento descuidado relativamente à prevenção da 
doença, aumentando a possibilidade da sua ocorrência), ou 
a procura em excesso cuidados de saúde – risco moral ex-
post (excessiva procura de cuidados de saúde depois de 
verificada a situação de doença) que vêm onerar o 
funcionamento dos sistemas, podendo mesmo no caso do 
Seguro – como já vimos - conduzir a subidas nos prémios de 
seguro que levarão à saída dos melhores riscos da carteira, 
aumentando com isso o risco médio da mesma, estando 
assim desencadeado um processo de seleção adversa 
(devido a falha de mercado causada pela assimetria de 
informações entre consumidor e produtor, o mercado 
induz os agentes a fazerem escolhas que não são ótimas). A 
solução será a existência se seguro incompleto (taxas 
moderadoras, copagamento), como forma de motivar a 
prevenção da doença e evitar o consumo excessivo de 
cuidados de saúde, uma vez que parte do pagamento será 
realizado pelo consumidor no momento de consumo. 
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Outra característica decorrente de informação adversa é a falta de informação das seguradoras relativamente 
aos assegurados. As seguradoras não conseguem distinguir os indivíduos com maior risco de doença e, por 
isso, com probabilidade de maiores consumos, mas a tendência é para quando a seguradora indica preços de 
prémios elevados o grupo de invidíduos com menor risco declinar o seguro, ficando a seguradora com um alto 
número de assegurados com alto risco de doença. Neste caso, a seguradora tem maior viabilidade se 
promover diversidade na oferta, pois tendencialmente, os indivíduos com maior risco de doença preferem 
seguros completos (por isso habitualmente mais caros) e nos indivíduos com baixo risco de doença a opção é 
tendencialmente por um seguro parcial e, portanto, mais económico. Contudo, existe o risco de, com esta 
estratégia, selecionar negativativamente a população mais doente e a população mais pobre – seleção de 
risco. Neste conxeto, justifica-se a intervenção do Estado para garantir a cobertura universal de cuidados de 
saúde. 
 
O prestador na oferta, o médico poderá incorporar algumas das suas preferências na função de preferências 
que lhe foi delegada pelo doente, abrindo-se assim a possibilidade de o bem fornecido, (conjunto de cuidados 
de saúde a prestar), virem a ser em função não apenas das preferências do doente mas também do médico. 
Esta situação pode levar à indução da procura por influência da função de preferências do próprio médico: 
problema da indução de procura (levar o consumidor a procurar mais cuidados de saúde que o necessário). A 
indução de procura acontece apesar do código deontológico médico, o qual deverá constituir um obstáculo 
ao risco moral do lado da oferta (o código de ética a que está sujeita a profissão médica funciona como uma 
restrição à indução de procura). 
A existência de procura induzida neste mercado será tanto menor quanto melhor informado estiver o 
paciente. 
Falha 4: Externalidades 
Considera-se a existência de externalidade quando a ação de 
um agente económico afeta significativamente o bem-estar 
de outro agente e esse efeito não é transmitido através do 
mercado ou sistemas de preços. Por exemplo, no setor 
saúde, ao ir ao médico recebo um determinado benefício do 
consumo, mas também o meu consumo vai ter impacto em 
outros indivíduos ou comunidades. Deste modo, o 
consumidor não suporta a totalidade dos custos ou dos 
benefícios do seu consumo, estes podem ser de 
externalidade negativa ou positiva. Ex: fumo do tabaco tem 
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consequências nos outros (fumador passivo), externalidade de natureza negativa (quando gera custos para 
os demais agentes), nesse contexto o Estado aplica uma taxa que aumenta o valor do bem tabaco e indica que 
é nocivo para ele e para os outros; outro exemplo é a vacinação em que o consumidor deixa de ser um vetor 
de transmissão para os outros, porque quanto mais pessoas se vacinam, maior é a proteção para a sociedade, 
externalidade de natureza positiva (quando os demais agentes, involuntariamente, beneficiam). 
A presença de fortes externalidades no mercado saúde, promovem a intervenção direta do Estado enquanto 
regulador, emitindo normas, regras, e leis que 
condicionam a atividade de todos os que participam 
neste setor, seja a população em geral no papel de 
consumidor, sejam os prestadores diversos na 
qualidade de produtores, como forma de obter o 
comportamento desejado e evidenciando a 
preocupação pela garantia do bem saúde. 
 
Bens Públicos 
BEM PÚBLICO – não rivalidade (por eu não consumir o outro pode consumir) e não exclusão (todos têm 
acesso). É muito importante na prevenção e na área da saúde, por exemplo, quando o ar está poluído ninguém 
quer pagar para despoluir (tem que existir intervenção do Estado para garantir a resolução do problema). 
Exemplo de bem público: estudantes alugam um T2 e põem uma TV na sala. 
Para além das falhas exposta anteriormente podemos ainda considerar, que existem outras falhas que 
originam grandes especificidades na procura de cuidados: 
 Procura de cuidadosderiva da procura de saúde – o estado de saúde constitui o único objetivo para 
a procura de cuidados de saúde. Utilizamos cuidados de saúde para melhorar o nosso nível de saúde, 
o que significa que os cuidados de saúde são no fundo o objeto de transação para obter saúde. 
 Organizações de Fins Não-lucrativos – opera-se de maneira diferente das empresas que visam o lucro. 
Existem situações onde estamos dispostos a ter prejuízos para obter maiores ganhos de saúde. Muitas 
das instituições que operam no setor da saúde são sem fins lucrativos (publicas e privadas), mas isso 
não significa que não têm objetivos para alcançar para os quais a análise económica é relevante. 
Mesmo sem fins lucrativos, estas instituições operam em tudo semelhante às instituições com fins 
lucrativos desde que procurem obter excedentes financeiros para aplicar em determinados objetivos. 
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 Imperfeições de Mercado 
o Monopsónios (mercado em que existe apenas um comprador, em muitas áreas o Estado é o 
único comprador portanto decide o preço e as condições de compra) 
o Monopólio (Situação em que existe apenas um produtor para vários compradores, neste 
contexto pode decidir o preço e as condições de venda – tal não pode acontecer na saúde 
onde toda a gente deve ter acessibilidade aos cuidados) 
 
Estas falhas de mercado vão explicar que em países de alta renda existe uma forte intervenção na área da 
saúde. 
Estas falhas no mercado levam a dificuldades para a política de saúde: 
 Igualdade de acesso aos cuidados de saúde 
 Financiamento público 
 Seguros de saúde 
 Fraco papel para os preços no ponto de consumo 
 Pagamento por salário ou capitação (que influenciam como os cuidados são prestados) 
 Forte intervenção reguladora por parte do Estado 
 Todas estas características específicas da saúde também dificultam a análise económica neste 
mercado, onde muitos instrumentos/técnicas utilizadas em outros campos da economia perdem a 
utilidade. 
 Obriga também a um Conhecimento das instituições e tecnologias da saúde; análise multidisciplinar; 
 Avaliação económica de programas; análise da equidade; saúde em vez de utilidade como o atributo 
a maximizar; etc. 
 
Para uma melhor organização de serviços é importante reter: 
O mercado de cuidados de saúde não funciona como o mercado paradigmático, o que significa que 
determinadas políticas poderão não ter o efeito esperado. 
Em nenhum outro sector se encontram tantas e tão extensas falhas de mercado como no setor da saúde. 
 
Nota: Consultar a revista – ACTA Médica – Liberdade de escolha (HIV) – Julian Perelman 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Equidade 
Em saúde é frequente colocarem-se questões de 
cariz ético, neste contexto surge a abordagem do 
conceito de equidade, porque mesmo obtendo um 
desempenho eficiente não está garantida a 
equidade no acesso aos cuidados de saúde. Assim, 
eficiência e equidade, embora não sejam conceitos 
antagónicos, não significam a mesma coisa. É 
contudo consensual que a procura de maior 
eficiência permite obter mais facilmente objetivos 
de equidade. 
O princípio universalmente aceite no setor da saúde é que não se quer que alguém fique privado de acesso a 
cuidados de saúde por falta de condições financeiras. Neste contexto, surgem duas questões muito 
importantes, em termos de equidade: As pessoas recebem cuidados de saúde na medida das suas 
necessidades? O financiamento em matéria de saúde é feito de forma justa? 
Em Portugal, a Constituição da República Portuguesa estabelece o direito à proteção da saúde e o dever de a 
defender e promover. Este princípio levou à criação do Sistema Nacional de Saúde (SNS), devendo o Estado 
garantir o acesso de todos os cidadãos independentemente da sua condição económica, aos cuidados de 
saúde. Neste sistema os indivíduos mais desfavorecidos financeiramente, recebem os mesmos cuidados que 
qualquer outro indivíduo, embora paguem por eles menos (esta redistribuição de rendimento é feita com base 
em taxas moderadoras indexadas aos rendimentos da pessoa), estabelecendo um sistema que define que o 
acesso à saúde deve ser definido pela necessidade e não pela capacidade de pagamento. 
Contudo, o sistema não é perfeito, existindo estudos e relatórios nacionais que apontam iniquidades a favor 
da população com maiores rendimentos, nomeadamente: população com menores rendimentos é mais 
afetada por problemas de saúde que a população com maiores rendimentos, o que significa que na análise da 
equidade não basta atender ao consumo, porque no caso da população com menos rendimentos um maior 
consumo pode apenas significar maiores necessidades; desigualdade no acesso a consultas de especialidade, 
por exemplo medicina dentária e cardiologia, uma vez que muitos dos cuidados nesta área não são financiados 
pelo SNS ou os tempos de espera são muito alargados, ficando estes cuidados mais acessíveis para quem os 
pode pagar. 
 
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O SETOR DA SAÚDE EM PORTUGAL 
Objetivos: 
 Porque estudar a procura? 
 Modelo de Grossman; 
 Modelo tradicional da procura; 
 Elasticidades; 
 Os seguros; 
 Estudos empíricos de estimativas para (Elasticidade procura-preço, Elasticidade procura-rendimento, 
Elasticidade procura-tempo); 
 Estudos empíricos sobre efeito dos seguros: The Rand Health Insurance Experiment; 
 Indução da procura. 
Tem-se assistido a uma cada vez maior importância das despesas em saúde em termos de consumo de 
recursos, quer em termos globais, quer em termos de despesa pública. Basta constatar o crescimento da 
despesa em saúde per capita ao longo do tempo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Salienta-se 2011, em Portugal, onde se verificou uma redução do valor de despesa per capita, altura do resgate 
financeiro de Portugal pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), altura em que foram adotadas várias 
estratégias de contensão da despesa pública em saúde, sobretudo nos produtos consumidos (ex. 
medicamentos) e de recursos utilizados (ex. salários). A partir de 2013, com a recuperação económica e, em 
2015, com a gradual reposição salarial, Portugal volta a uma tendência crescente embora seja óbvio um 
abrandar nas despesas em saúde per capita. Nos restantes países da OCDE a curva ascendente manteve-se ao 
longo dos anos. 
 
 
 
 
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Relacionando a despesa em saúde em proporção do Produto Interno Bruto (PIB), é evidente um crescimento 
das despesas em saúde mais acelerado em Portugal, que nos restantes países da Organização para a 
Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), até 2011, ultrapassando o valor médio desse grupo de 
países de referência. Nos últimos anos verificou-se um decréscimo mais acentuado em Portugal do que nos 
outros países da OCDE, seguido, nos últimos 4 anos, de uma convergência de Portugal com o nível médio da 
OCDE. Esta evolução evidencia a importância do elemento rendimento do país. As aspirações a ter a mesma 
despesa per capita em cuidados de saúde dos outros países da OCDE (mais ricos que Portugal) colide com a 
capacidade da riqueza nacional em satisfazer essas aspirações. 
Os 2 quadros apresentados estão na base de muitas discussões. Quem quer argumentar que se gasta pouco 
em saúde por padrões internacionais utiliza os valores de despesa per capita. Por outro lado, quem pretende 
evidenciar o contrário, que Portugal gasta demasiado em despesas de saúde, usará os valores em proporção 
do PIB. Estes últimos demonstram o esforço relativo feito, pois valores de despesa per capita, mesmo 
ajustados a aspetos de paridade do poder de compra, são mais sensíveis a diferenças de preços e salários 
entre países. Como não existe uma teoria consensual sobre um valor ótimo de despesa em saúde a seralcançado, seja em termos per capita ou em proporção do PIB, não é lícito inferir através dos 2 quadros quanto 
se deve gastar em saúde em Portugal. Estes valores dão um enquadramento da despesa realizada em Portugal, 
mas não substituem um processo de decisão e escolha a nível nacional sobre quanto e onde se deve gastar 
em cuidados de saúde. A própria comparação com a média dos países da OCDE não produz grande informação, 
porque compara países com realidades muito distintas em termos de sistema de saúde, necessidades em 
cuidados de saúde, etc. As comparações internacionais podem indicar se um país é muito diferente dos 
restantes, mas não se pode utilizar a comparação para estabelecer objetivos de despesa em saúde. 
Outro elemento frequente na discussão de valores agregados de despesa em cuidados de saúde ao nível do 
país é a proporção de despesa pública no total das despesas em saúde. Em Portugal, dada a opção por um 
SNS, de cariz universal, essa componente de despesa pública tende a ser elevada. 
 
 
 
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Observa-se um crescimento constante do peso do setor público da saúde, seja total seja em termos de esforço 
público, sobretudo a partir da década de 90, que contudo parece ter uma reversão a partir de 2003, estando 
atualmente o peso da despesa pública no total da despesa de saúde próxima de 65%. As despesas, em valor 
real per capita têm aumentado, refletindo os avanços tecnológicos da medicina e o volume de recursos que a 
economia dedica ao sector da saúde têm igualmente crescido a uma velocidade razoável. 
O principal financiador das 
despesas em saúde é o SNS em 
57,6%, seguido das famílias 
que pagam quase 30% das 
despesas. As sociedades de 
seguros surgem como 
financiador de 4,8% das 
despesas, seguidas dos 
subsistemas públicos em 4%. 
Os Fundos da SS e Subsistemas 
privados surgem no final da 
cadeia com 1,2% e 1,3%. 
 
Face ao panorama de crescimento relevante da despesa em saúde, importa questionar qual o valor dos gastos 
adicionais em saúde e se já se terá alcançado a situação em que os custos, na margem, de mais cuidados de 
saúde não têm correspondência em resultados de saúde acrescidos, pois frequentemente ocorrem situações 
em que maior uso de recursos traz benefícios cada vez menores. Num contexto de recursos escassos e 
necessidades galopantes, interessa empregar os recursos onde se pode obter maior benefício. 
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PROCURA DE SAÚDE, DE CUIDADOS E SEGUROS DE SAÚDE, INDUÇÃO DA PROCURA 
Objetivos: 
 Porque estudar a procura? 
 Modelo de Grossman; 
 Modelo tradicional da procura; 
 Elasticidades; 
 Os seguros. 
Apesar de se usarem cada vez mais recursos no setor da saúde, as limitações induzidas pelos rendimentos 
marginais decrescentes são claras, os ganhos em termos de saúde da população não têm melhorado ao 
mesmo ritmo de crescimento dos recursos empregues no setor. Neste contexto interessa perceber como 
ocorre a procura de saúde e de cuidados de saúde, sendo relevante entender que este processo é resultado 
de um processo de escolha individual. 
Em economia da saúde, a produção de saúde é uma 
preocupação, estando implícito que a produção de saúde 
se baseia numa relação de fatores produtivos usados 
com o resultado final obtido. 
O que se conhece sobre produção de saúde é que os 
ganhos em saúde nos últimos 2 séculos foram devido a 
muitos outros fatores para além dos médicos, 
nomeadamente, higiene, instrução, educação, condições 
económicas para melhor nutrição, etc. Atualmente, 
estamos num nível de produção de saúde que atingiu o 
ponto, devido a rendimentos marginais decrescentes, em 
que pequenos incrementos no estado de saúde das populações são difíceis de alcançar sem o empenho de 
recursos muito consideráveis. Estas considerações tornam importante relacionar o estado de saúde, com as 
despesas médicas realizadas, no sentido de se medir a saúde. Vários indicadores podem ser considerados 
como taxa de mortalidade, taxa de morbilidade, mortalidade infantil, dias de incapacidade, escalas de medida 
de utilidade, como os anos de vida ajustados pela qualidade de vida – QALY quality adjust life years. 
Em Portugal, a evolução da medicina tem levado a cada vez menor tempo de hospitalização (principalmente 
devido à cirurgia de ambulatório e hospitalização domiciliária), o que permite reduzir a necessidade de 
recursos em internamento sem prejuízo da produção. Mas a realidade é que cada vez são utilizados para a 
saúde uma maior quantidade de recursos, sem com isto os ganhos em saúde da população em termos globais 
terem crescido ao mesmo ritmo da despesa. Esta evidência não significa que os problemas de saúde da 
população estão resolvidos, sendo conhecida uma grande insatisfação dos portugueses com o SNS e enormes 
preocupações relacionadas listas de espera crescentes e acesso a cuidados de saúde decrescente. 
 
 
 
 
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Modelo de Grossman (1972) 
A curva do modelo de Grossman ilustra que: 
A idade é um fator de depreciação do stock 
saúde; a deterioração do stock de saúde 
também está associada a choques 
imprevistos, aleatórios. Por exemplo um 
acidente ou uma doença, provocam uma 
redução inesperada no stock de saúde, o que 
leva a um aumento do investimento em 
cuidados de saúde e tempo, com vista à 
recuperação do stock de saúde anterior. Em 
algumas circunstâncias a ocorrência de 
doença altera o nível de stock de saúde máximo, como por exemplo incapacidades permanentes. 
Segundo o modelo Grossman a procura de saúde e de cuidados de saúde resultam de um processo de escolha 
individual. Os determinantes envolvidos na procura de cuidados de saúde são a visão da saúde como um 
stock, análogo ao stock de capital humano; e a visão da saúde como um processo de produção conjunto que 
requer a contribuição do indivíduo (através do uso de tempo) e o consumo de cuidados de saúde. 
O stock de saúde ao longo do tempo e também é variável de pessoa para pessoa, tendo em conta por exemplo 
o estatuto social, os fatores genéticos favoráveis, recursos e bens disponíveis, investimento individual (adoção 
de estilos de vida saudáveis, evitar comportamentos de risco, consumo de cuidados de saúde…). 
Na formulação do modelo, Grossman vê a saúde como um bem de consumo e como um bem de investimento. 
Bem de consumo na medida em que dá satisfação e um bem 
de investimento porque aumentando o stock de saúde 
diminui os dias de incapacidade, aumentando o tempo que 
pode dedicar ao trabalho e ao lazer, também se espera ao 
investir em saúde hoje, mais saúde no futuro uma vida 
melhor e maior realização pessoal. 
Os cuidados de saúde são um produto intermédio, um fator 
adquirido pela pessoa para produzir saúde. Mas para 
produzir saúde não é suficiente consumir cuidados de saúde. 
É essencial o tempo dedicado pela pessoa à produção de saúde. 
A idade e a educação são outros fatores que afetam a produção de saúde. 
 
 
 
 
 
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Pessoas com maior nível de educação (maior escolaridade) produzem investimento em saúde de forma mais 
eficiente. Mais educação permite alcançar melhor saúde (pelo aumento da eficiência com que um indivíduo 
produz investimentos em saúde, há também maior facilidade em reconhecer os benefícios da saúde), o que 
leva a maior incremento de saúde quando se aumenta o tempo dedicado à produção de saúde. Com 
diminuição dos níveis de educação as pessoas vão mais vezes ao médico, logo o maior investimento em saúde 
será para recompor a sua saúde. 
Relativamente à idade, pessoas de diferente idade terão capacidades distintas de produzir saúde, para os 
mesmos recursos usados. O efeito idade considera que idades mais avançadas levam a menor capacidade de 
produção de saúde para os mesmos recursos

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