Buscar

Resumo 1 de Constitucional Avançado

Prévia do material em texto

· Teoria Geral do Controle de Constitucionalidade
A concepção de um documento escrito e com supremacia passa a limitar o poder do Estado perante os indivíduos, institucionalizando um sistema de controle de constitucionalidade necessário para conter o arbítrio do Estado. Portanto, essa ideia de supremacia da CF vai juntamente com o conceito de rigidez constitucional, possibilitar a guarda de valores constitucionais da sociedade mediante o controle de constitucionalidade, notadamente a jurisdição constitucional.
O controle de constitucionalidade é gênero, enquanto a jurisdição constitucional é espécie, ou seja, existem outras espécies de controle de constitucionalidade que não se confundem com a jurisdição.
· As Premissas do Controle de Constitucionalidade
As premissas do controle de constitucionalidade têm exatamente 2 conceitos, a supremacia da CF e a rigidez constitucional.
A ideia de que a CF é dotada de supremacia em face das demais normais infraconstitucionais que integram a ordem jurídica como um todo é um fenômeno que somente se consolida com a decisão do Juiz Marshall, nos EUA em 1803.
No âmbito do constitucionalismo democrático moderno, tal decisão é a origem do controle de constitucionalidade, na medida em que selou, o princípio da supremacia da CF, suja efetividade passou a ser garantida pela intervenção do PJ nos casos de violação ao texto constitucional.
A competência da Suprema Corte para invalidar todos os atos do Poder Público que, por ventura, vierem a contrariar a CF, norma suprema que se coloca acima dos poderes constituídos do Estado. Coloca-se assim a CF fora da esfera de atuação da vontade circunstancial das maiorias legislativas.
O constitucionalismo democrático e, na sua esteira o Estado de Direito, surgem como reação do Estado Absoluto, com o objetivo especifico de limitar o exercício arbitrário do poder estatal. Nesse sentido, a limitação do poder do Estado ocorre a partir de dois grandes eixos propulsores, a saber:
a) Separação de poderes, ou seja, poderes independentes e harmônicos entre si;
b) Positivação de um catalogo de direitos fundamentais do cidadão comum.
Não haverá Estado de Direito se não houver o equilíbrio entre os PE, PL e PJ (princípio da separação de poderes. Da mesma forma, não haverá Estado de Direito sem o estabelecimento de um regime jurídico de proteção dos direitos fundamentais, que se coloque acima das razões de Estado.
Em consequência, o princípio da supremacia da CF pressupõe verticalidade normativa que se impõe aos atos emanados do Poder Constituinte Derivado Reformador, que não podem contrariá-la. Portanto, há que se compreender que a supremacia da CF é fruto de uma estratégia hermenêutica liberal de limitação do poder do Estado.
Cabe ao Poder Constituinte Originário (único detentor de legitimidade para criar o novo Estado e a nova CF) estabelecer as limitações constitucionais que serão impostas ao Poder Constituinte Derivado Reformador (poder constituído). Tais limitações constitucionais são:
a) de ordem material (cláusulas pétreas);
b) de ordem formal (observância das regras do processo legislativo constitucional);
c) de ordem circunstancial (proibição de Emendas Constitucionais durante uma Intervenção Federal, Estado de Defesa ou Estado de Sítio).
Quando o Poder Constituinte Derivado Reformador viola direitos fundamentais do cidadão comum ou fere de morte a supremacia de uma CF rígida e escrita, o mecanismo de controle de constitucionalidade é acionado como elemento garantidor da restauração de equilíbrio do sistema jurídico, retirando o ato inconstitucional do mundo jurídico.
Portanto, os conceitos de rigidez constitucional e supremacia da Constituição estão associados diretamente à ideia de controle de constitucionalidade, ou seja, a supremacia e a rigidez constitucionais são as duas premissas imprescindíveis para o controle de constitucionalidade.
A grande reflexão que a questão encerra é a visão de que a plasticidade constitucional (flexibilidade constitucional) inviabiliza um sistema judicial de controle de constitucionalidade, na medida em que o Poder Constituinte Derivado Reformador continuará atuando como se Poder Originário fosse, ou seja, de modo soberano, ilimitado, incondicionado.
Portanto, sob os influxos de uma CF flexível, não escrita, o legislador ordinário, sem nenhum tipo de limitação, tem o poder de alterar a CF da mesma forma com que edita uma lei infraconstitucional, uma vez que o poder constituinte ilimitado e incondicionado continua em suas mãos. Trata-se da supremacia do Parlamento e, não, da CF.
Já não resta mais nenhuma dúvida de que a rigidez constitucional e a supremacia da Constituição são pressupostos do controle de constitucionalidade, da mesma forma que o controle de constitucionalidade feito por um órgão constitucionalmente competente é premissa para uma Constituição rígida e suprema.
Não existirá controle de constitucionalidade se não houver uma Constituição rígida e com supremacia, da mesma forma que não haverá supremacia constitucional e nem Constituição rígida se não houver controle de constitucionalidade.
É importante destacar, ainda, que o controle de constitucionalidade se configura como garantia dos direitos fundamentais do cidadão comum, bem como da delimitação da fronteira de atuação do Estado a partir das limitações materiais, formais e circunstanciais ao Poder Constituinte Derivado (Reformador e Decorrente), perfazendo as características da vida democrática em um verdadeiro Estado de Direito.
Pode-se afirmar que os conceitos de rigidez constitucional, supremacia da Constituição, limitações constitucionais ao Poder Constituinte Derivado Reformador estabelecidas pelo Poder Constituinte Originário (nítida distinção entre poder originário e poder derivado) e controle de constitucionalidade estão umbilicalmente interligados; formam um único corpo epistemológico.
Os conceitos de rigidez constitucional, supremacia da CF, limitações constitucionais ao Poder Constituinte Derivado Reformador e controle de constitucionalidade, são mutuamente dependentes, sendo irrelevante determinar quem é pressuposto de quem.
Sem um órgão controlador da constitucionalidade das leis não se pode falar em rigidez constitucional, supremacia da CF e distinção entre poder constituinte originário e derivado.
Somente é correto falar em Estado Democrático de Direito se a supremacia da Constituição puder ser garantida por órgão competente (Poder Judiciário) com força de fiscalização sobre os atores responsáveis pela elaboração normativa ordinária (Poder Constituinte Derivado Reformador).
Para que haja controle de constitucionalidade, é necessário que a Constituição determine qual é o órgão ou quais são os órgãos com legitimidade democrática para aferir possíveis violações à Constituição. Se não houver tal órgão próprio destinado a negar validade às leis atentatórias aos princípios e regras da Constituição, não há como resguardar sua superioridade perante as leis ordinárias.
Em um verdadeiro Estado Democrático de Direito, devem existir meios de aferição da compatibilidade vertical dos atos estatais inferiores com a Constituição por órgão próprio destinado para esta finalidade, ou pelo Poder Judiciário, sendo que este último apresenta a vantagem de não participar da produção de leis.
O sistema das Constituições rígidas assenta numa distinção primacial entre poder constituinte e poderes constituídos. Disso resulta a superioridade da lei constitucional, obra do poder constituinte, sobre a lei ordinária, simples ato do poder constituído, um poder inferior, de competência limitada pela Constituição mesma. As Constituições rígidas, sendo Constituições em sentido formal, demandam um processo especial de revisão. (BONAVIDES, 2010, p. 296).
De nada adiantaria a imposição de limites materiais ao Poder Constituinte Derivado Reformador, se Emendas Constitucionais violadoras de cláusulas pétreas não fossem declaradas inconstitucionais, por órgão constitucionalmente competente para tanto. Da mesma forma, de nada adiantariam as limitações formais,se os atos legiferantes dos PL e PE desrespeitassem o processo legislativo constitucional e não fossem retirados do mundo jurídico. Finalmente, de nada adiantaria estabelecer limitações de ordem circunstancial, se Emendas Constitucionais fossem promulgadas durante uma Intervenção Federal, Estado de Defesa ou Estado de Sítio e, mesmo assim, continuassem a gerar efeitos no ordenamento jurídico.
É de se concluir, portanto, que as limitações materiais, formais e circunstanciais que informam a rigidez e a supremacia constitucionais seriam inócuas se não existisse órgão constitucionalmente competente para realizar o controle de constitucionalidade das leis. Sem fiscalização por órgão independente, não há controle de constitucionalidade, sem controle de constitucionalidade, não há rigidez constitucional, não há distinção entre poder originário e derivado, não há supremacia da Constituição, não há efetiva separação de poderes e não há garantia dos direitos fundamentais. Logo, não há Estado Democrático de Direito.
· Tipos de Inconstitucionalidade
No âmbito da teoria constitucional contemporânea, deve prevalecer como um dos grandes pilares de um verdadeiro Estado de Direito o princípio da separação de Poderes, que juntamente com o catálogo de direitos fundamentais do cidadão comum irão perfazer a essência do constitucionalismo democrático.
O equilíbrio entre os três poderes e o respeito ao texto constitucional tornam-se o eixo central do Estado de Direito, sem o qual não haverá verdadeira sociedade democrática e plural.
Quando um dos Poderes do Estado extrapola as fronteiras que lhe foram traçadas pela Constituição, cria as condições de possibilidade para os demais Poderes agir no sentido de restaurar a ordem constitucional.
Existe uma série de atos que se caracterizam como inconstitucionais, devendo, pois, serem retirados do mundo jurídico. Um ato inconstitucional nada mais é do que a ação ou omissão que não se coaduna, total ou parcialmente, com o texto constitucional, seja formal, seja materialmente.
A inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo pode ser aferida a partir de diferentes critérios, como, por exemplo, quanto ao objeto (inconstitucionalidade material ou formal), quanto à conduta (inconstitucionalidade por ação/comissiva ou por omissão/omissiva), quanto à relação que mantém com a Constituição (inconstitucionalidade direta ou por derivação/reflexa); quanto ao tempo (inconstitucionalidade originária ou superveniente) e muitos outros.
Portanto, não resta nenhuma dúvida de que a inconstitucionalidade de um determinado ato estatal poderá se manifestar de várias maneiras.
· Inconstitucionalidade quanto ao objeto: formal ou material
A inconstitucionalidade quanto ao objeto pode ser decomposta em dois tipos, a saber: inconstitucionalidade material e a inconstitucionalidade formal.
A inconstitucionalidade material ocorre quando há violação ao conteúdo do texto constitucional, ou seja, quando uma norma fere, por exemplo, um princípio ou preceito constitucional ou um direito fundamental.
Uma norma que, por exemplo, afronte o núcleo essencial do princípio da dignidade da pessoa humana seria materialmente inconstitucional. A ofensa ao conteúdo da CF representa um vício insanável, vale dizer, essa norma sempre seria considerada inconstitucional, mesmo que tivesse cumprido rigorosamente todas as etapas formais do processo legislativo.
O vício material de inconstitucionalidade pressupõe a violação de uma conduta imposta pela CF, ou seja, há um descompasso entre o conteúdo do ato público e a CF. A inconstitucionalidade material da lei ou ato normativo surge com a discrepância entre o ato do legislador (em sua substância) e as regras e princípios constitucionais.
A inconstitucionalidade material, também denominada de inconstitucionalidade de conteúdo ou substancial, está relacionada à "matéria" do texto constitucional, ao seu conteúdo jurídico-axiológico.
A inconstitucionalidade material expressa uma incompatibilidade de conteúdo, substantiva entre a lei ou ato normativo e a CF. Pode traduzir-se no confronto com uma regra constitucional - e.g., a fixação da remuneração de uma categoria de servidores públicos acima do limite constitucional (art. 37, XI) - ou com um princípio constitucional, como no caso de lei que restrinja ilegitimamente a participação de candidatos em concurso público, em razão do sexo ou idade (arts. 5º, caput, e 3º, IV), em desarmonia com o mandamento da isonomia. O controle material de constitucionalidade pode ter como parâmetro todas as categorias de normas constitucionais: de organização, definidoras de direitos e programáticas. (BARROSO, 2009)
Em síntese, a inconstitucionalidade material, diferentemente da formal, diz respeito ao mérito conteudístico da Carta Ápice, não podendo, por via de consequência, ser sanada. Nesse sentido, a inconstitucionalidade material envolve a aferição do desvio de poder ou do excesso de poder legislativo a partir da aplicação do princípio da proporcionalidade e seus subprincípios da adequação e necessidade.
O vício de inconstitucionalidade substancial por violação ao subprincípio da adequação ocorre quando se constata a incompatibilidade da lei com os fins constitucionalmente previstos.
Já a inconstitucionalidade substancial por violação ao subprincípio da necessidade ocorre quando a lei impugnada não é aquela que traz a menor restrição ao outro direito constitucional em colisão.
Já a inconstitucionalidade formal pressupõe a violação das normas do devido processo legislativo (seja um vício de iniciativa, seja outro vício qualquer do curso normal de feitura da norma), bem como a violação das normas determinantes do sistema constitucional de repartição de competências.
A institucionalidade formal se configura quando uma regra qualquer do devido processo legislativo deixa de ser observado, seja um vício de iniciativa, como, por exemplo, os projetos de iniciativa privativa do Presidente da República, seja um quórum qualificado que deixa de ser cumprido, como, por exemplo, a maioria absoluta para um projeto de lei complementar.
Quando o vício de inconstitucionalidade é relativo à violação do sistema constitucional de repartição de competências, temos a chamada inconstitucionalidade formal orgânica. A inconstitucionalidade formal orgânica é apenas uma espécie do gênero inconstitucionalidade formal. Sua caracterização ocorre quando um ente federativo legisla na competência de outro.
Como exemplos de inconstitucionalidade formal orgânica, podemos citar uma lei federal que regula o tempo de espera em filas de banco em determinado município, ou, então, lei estadual que legisla sobre direito penal sem autorização de lei complementar federal.
Além da inconstitucionalidade formal orgânica atrelada ao vício de competência dos entes federativos, existem ainda duas outras modalidades de inconstitucionalidade formal propriamente dita e que são:
a) A inconstitucionalidade formal subjetiva (vício de iniciativa no processo legislativo);
b) A inconstitucionalidade formal objetiva (qualquer outro vício do processo legislativo, exceto o vício de iniciativa).
O atual entendimento do STF é no sentido de que a sanção do Presidente da República não sana o vício de iniciativa, isto é, o fato de o Chefe do Poder Executivo ter sancionado uma lei cuja iniciativa legislativa era sua, não livra tal ato de ser declarado inconstitucional por vício de iniciativa (inconstitucionalidade formal subjetiva).
· Inconstitucionalidade Quanto à Conduta: Por Ação ou Por Omissão
A inconstitucionalidade quanto à conduta pode ser decomposta em 2 tipos, a saber: inconstitucionalidade por ação (comissiva) e a inconstitucionalidade por omissão (omissiva).
A inconstitucionalidade por ação surge quando uma lei ou ato normativo viola o texto constitucional, extrapolando os limites jurídicos impostos por ela. Portanto, a inconstitucionalidade por ação pressupõe um ato positivo contrário a CF.
Diferentemente da inconstitucionalidade por omissão que pressupõe uma inação estatal relativa a um dever constitucionalde legislar, a inconstitucionalidade por ação é aquela que nasce com uma ação positiva do Estado, que por algum motivo afronta a CF.
A inconstitucionalidade por ação tem um campo de atuação que projeta a imagem de atos estatais reais incompatíveis com a Carta Ápice, não importando a caracterização dessa violação, seja relativa à forma ou conteúdo. Esse tipo de inconstitucionalidade requer uma conduta ou ação positiva do Estado-legislador, cujo conteúdo ou forma são incompatíveis com a ordem constitucional.
Já a inconstitucionalidade por omissão será configurada quando o Estado deixar de agir positivamente diante de um comando constitucional.
A omissão inconstitucional, seja do legislador/administrador democrático, seja do juiz contra majoritário, pressupõe um “não fazer” do Estado, que neutraliza a eficácia positiva ou simétrica da norma constitucional em tela.
Somente pode ser objeto de uma declaração de inconstitucionalidade por omissão, um não fazer do Estado relativo a uma norma de eficácia limitada, na medida em que tais normas têm sua efetividade ou eficácia social atrelada a uma ação legiferante superveniente do legislador democrático.
As normas de eficácia plena e as normas de eficácia contida, cuja característica em comum é a entrada no mundo jurídico com aplicabilidade direta e imediata, vale explicitar, a entrada no mundo jurídico com eficácia positiva ou simétrica, não são suscetíveis de gerar a declaração de inconstitucionalidade por omissão. Contra normas de eficácia plena ou normas de eficácia contida, não cabe a declaração de inconstitucionalidade por omissão.
A doutrina costuma também classificar a inconstitucionalidade por omissão em dois subtipos, a saber: a omissão total ou omissão parcial. Na omissão total ou absoluta, o non facere do Estado atinge por completo o mandamento constitucional, que deixa de ser cumprido integralmente. Ou seja, não existe nenhuma norma regulamentadora do dispositivo constitucional em apreço.
Já a inconstitucionalidade por omissão parcial ocorre quando houver o descumprimento parcial da norma constitucional, vale dizer, quando a lei regulamentadora até existe, porém regula de modo deficiente ou insuficiente a norma de eficácia limitada paradigma do controle.
O STF já reconheceu a inconstitucionalidade por omissão parcial no caso da lei que regulamentou o salário mínimo (art.7°, IV, da CF). Entendeu a Corte Suprema que a lei fixou o salário mínimo em condições insatisfatórias em relação ao determinado no mandamento constitucional.
A regulamentação de modo deficiente, imperfeito ou insuficiente não viabiliza o pleno gozo dos efeitos pretendidos pela norma constitucional de eficácia limitada. Portanto, a resposta ao segundo questionamento é afirmativa, ou seja, a omissão parcial também estará caracterizada quando a lei existente violar o princípio da isonomia, não permitindo que a regulamentação integral seja aproveitada por todos os beneficiários possíveis.
A regulamentação será deficiente, imperfeita ou insuficiente, por exemplo, quando determinada lei regulamentadora conceder benefícios apenas a determinado grupo, não incluindo outros. A exclusão implícita de benefícios, embora não tenha sido positivada pela lei que outorga benefícios a certo grupo, caracteriza também a regulação deficiente, imperfeita ou insuficiente, na medida em que exclui sua aplicação a outros segmentos.
Em suma, é a própria Lei 13.300/16 (Lei que disciplina o processo e o julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo) que, inovando a ordem jurídica, faz referência direta à expressão “falta total ou parcial de norma regulamentadora”, expressão esta que não se encontra positivada na CF., Portanto, agora, a figura jurídica do Mandado de Injunção também é instrumento hábil para combater a omissão parcial, vale repetir, situações em que, apesar da existência de regulamentação, esta for insuficiente, nos termos do art. 2º, caput, e § único da lei. (GÓES & MELLO, 2016).
Art. 2º da Lei nº 13.300/16 - Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
§ único - Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as normas editadas pelo órgão legislador competente.
O reconhecimento da existência de omissão parcial representa um grande avanço no combate à síndrome de inefetividade das normas constitucionais de eficácia limitada.
A figura jurídica do Mandado de Injunção é vocacionada para suprimir omissões normativas do legislador democrático, que tenham latitude para esvaziar completamente direitos e liberdades dos cidadãos, como no caso das normas constitucionais de eficácia limitada, em que a garantia de sua eficácia positiva ou simétrica fica dependente, necessariamente, de lei regulamentadora ulterior. Com isso, o direito que é garantido pela CF fica sem ser exercido porque condicionado à edição normativa superveniente.
A importância do Mandado de Injunção: combater a síndrome de inefetividade das normas constitucionais de eficácia limitada a partir da concretização do direito faltante no caso concreto.
· Inconstitucionalidade Quanto à Relação que mantém com a CF: Direta ou Indireta (por Derivação ou Reflexa)
A inconstitucionalidade quanto à relação que mantém com a CF pode ser classificada em duas categorias, a saber: inconstitucionalidade direta e inconstitucionalidade indireta, também chamada de inconstitucionalidade por derivação ou inconstitucionalidade reflexa.
Observe, que pela pirâmide hierárquica (verticalidade fundamentadora kelseniana), que existe uma linha vertical de hierarquia, na qual uma norma constitui o fundamento de validade de outra. Ou seja, uma norma encontra fundamento naquela outra que lhe é imediatamente superior.
Assim, os atos secundários (decretos regulamentadores de leis, ordens de serviço e portarias de Ministérios e Secretarias dos Estados, resoluções do Banco Central etc.) encontram seu fundamento de validade no âmbito normativo dos atos primários, que, por sua vez, se subordinam diretamente à CF, norma superior, ocupando o vértice da pirâmide hierárquica.
Os atos normativos primários (leis complementares, leis ordinárias, medidas provisórias, leis delegadas, decretos legislativos, resoluções do PE, decretos autônomos do Presidente, tratados internacionais que não versem sobre direitos humanos, regimentos Internos dos tribunais, resoluções do CNJ e do CNMP) retiram seus fundamentos diretamente da Constituição.
Tais atos primários são considerados atos normativos dotados de autonomia nomológica, isto é, são atos normativamente autônomos, na medida em que, na pirâmide kelseniana, estão localizados imediatamente abaixo da CF. O fundamento direto e imediato de validade desses atos primários é a própria Carta Magna.
Os atos normativos primários possuem força normativa capaz de criar, modificar ou revogar relações jurídicas, desde que observadas as diretrizes constitucionais. São atos com autonomia monológica que se caracterizam por possuir aptidão normativa capaz de inovar a ordem jurídica como um todo. Podem, portanto, alterar o universo normativo-político do Estado, gerando direitos e deveres em nível infraconstitucional.
O mesmo não acontece com os secundários, que podem, no máximo, regular a aplicação desses direitos e deveres, mas, nunca, determinar sua criação, modificação ou revogação no mundo jurídico.
Os atos secundários, também denominados atos infra legais ou atos não-primários, estão localizados em patamar inferior aos atos primários. Os atos normativos secundários encontram como fundamento direto de validade os atos normativos infraconstitucionais, não havendo, portanto, nenhum vínculo direto com a CF. Tais atos estão direta e materialmente atrelados aos atos primários e não à CF, ou seja, para os atos infra legais, a CF aparece apenas como fundamento indireto, reflexo. 
É por isso que surge a classificação de inconstitucionalidadedireta e indireta/reflexa/indireta, ou seja, a inconstitucionalidade direta caracteriza a violação da CF por intermédio de um ato primário, enquanto a inconstitucionalidade indireta ocorre quando uma norma secundária viola indiretamente a CF.
Na 1ª modalidade, a norma primária viola a CF sem intermediação de qualquer outro ato ou veículo normativo. Há, portanto uma relação direta com a CF. É o caso, por exemplo, de lei estadual criando tipo penal, ou, então, medida provisória versando sobre direitos políticos. A afronta dessas espécies normativas é direta à CF (art. 22, I, a c/c art. 62, § 1º, I, a, ambos da CF).
Diferente é a inconstitucionalidade indireta como, por exemplo, na hipótese de um decreto editado pelo Presidente para regulamentar uma determinada lei infraconstitucional e feito de forma incompatível com a CF.
Nessa hipótese, o controle não é de constitucionalidade e, sim, controle de ilegalidade. O decreto regulamentador de lei não violou diretamente a CF.
O direito brasileiro não admite a existência de uma inconstitucionalidade por derivação, indireta, derivada, mediata, uma vez que a norma fundamentadora não é a CF, mas, sim, a lei infraconstitucional sendo regulamentada. É por isso que o conflito das normas infra legais com a CF caracteriza o vício de ilegalidade, que, em última instância, equivale à inconstitucionalidade indireta, reflexa ou oblíqua.
A inconstitucionalidade indireta ou por derivação não deixa de representar uma violação de norma jurídica por ato de poder, porém não se confunde com a inconstitucionalidade direta, exatamente pela dignidade normativa do preceito violado, qual seja uma norma de dignidade normativa infraconstitucional. No Brasil, jurisprudência e doutrina não admitem a inconstitucionalidade indireta, reflexa, oblíqua, mediata ou por derivação, na medida em que o conceito de inconstitucionalidade fica restrito à inconstitucionalidade direta, deixando-se a inconstitucionalidade indireta o campo da ilegalidade.
Portanto, o controle de legalidade é feito contra atos secundários ou infra legais e transita no campo do direito administrativo, enquanto que o controle de constitucionalidade é feito contra atos primários e milita no campo do direito constitucional.
· Espécies de Controle de Constitucionalidade
O sistema de controle de constitucionalidade das leis pode ser classificado segundo três grandes critérios, a saber:
a) Quanto ao momento de realização do controle: controle preventivo ou repressivo;
b) Quanto à natureza do órgão de controle: controle político ou judicial;
c) Quanto ao órgão judicial que exerce o controle: controle difuso ou concentrado.
Temos um dos sistemas mais complexos do mundo, que engloba tanto o modelo repressivo quanto o modelo preventivo. O 1º é uma espécie de controle que é feito após a norma entrar no mundo jurídico, já o 2º é o controle que é feito durante as fases de elaboração da norma, isto é, a norma ainda se encontra em fase de elaboração (projeto), mas já é objeto de controle de constitucionalidade.
Quanto à natureza do órgão de controle, o sistema brasileiro adotou tanto o controle político feito pelos PL e PE, quanto o controle judicial feito pelo PJ em determinada ação judicial. 
Com relação ao critério relativo ao órgão judicial que exerce o controle, nosso sistema optou pelos dois modelos existentes, quais sejam, o sistema norte-americano do Judicial Review (controle difuso) e o sistema kelseniano -austríaco (controle concentrado).
O sistema difuso norte-americano, também denominado de Judicial Review, é um sistema que se caracteriza pelo controle de constitucionalidade feito por qualquer um dos órgãos do PJ (daí a designação de controle difuso) a partir de um determinado caso concreto (daí a designação de controle concreto ou subjetivo), tendo-se a questão de inconstitucionalidade como uma questão incidental (daí a designação de controle incidental). Portanto, ele projeta, a um só tempo, a ideia de controle difuso, concreto e incidental.
Já o sistema concentrado, também denominado de sistema kelseniano-austríaco, é um sistema que se caracteriza pelo controle de constitucionalidade feito por apenas um órgão de cúpula do Poder Judiciário (daí a designação de controle concentrado no Tribunal Constitucional) sem depender de nenhum caso concreto (daí a designação de controle abstrato ou objetivo), tendo-se a questão de inconstitucionalidade como uma questão principal da ação (daí a designação de controle principal). Portanto, ele projeta, a um só tempo, a ideia de controle concentrado, abstrato e principal.
· Controle Preventivo De Constitucionalidade
O sistema brasileiro de controle de constitucionalidade, quanto ao momento de sua realização, pode ser classificado como preventivo ou repressivo. O controle será preventivo quando a tarefa de aferição de compatibilidade vertical Constituição-ato normativo for desempenhada durante o processo de elaboração do respectivo ato normativo, ou seja, antes mesmo de ele adentrar ao mundo jurídico.
Tal tipo de controle incide, portanto, sobre projetos, sejam PEC, sejam projetos de lei ou qualquer outro ato normativo, passível de sofrer controle prévio ou preventivo.
Diferentemente das normas já formadas, cujo controle será repressivo, os projetos de emendas constitucionais e de leis ordinárias e complementares sofrerão controle preventivo, com o objetivo de impedir que atos normativos inconstitucionais entrem em vigor.
O objetivo do controle preventivo ou prévio é evitar a publicação e promulgação de normas suscetíveis de serem declaradas inconstitucionais. Portanto, a tarefa de fiscalização da constitucionalidade de projetos de emendas e leis é realizada ainda durante o processo de elaboração do ato legislativo correspectivo, isto é, antes mesmo de ele se completar; de adentrar ao mundo jurídico. Sua finalidade principal é evitar a entrada em vigor de um ato inconstitucional antes do término do devido processo constitucional legislativo.
Na França, o controle preventivo de constitucionalidade é feito exclusivamente pelo Conselho Constitucional (composto por 9 Conselheiros escolhidos pelo Presidente e pelo Parlamento, tendo como membros natos os ex-Presidentes), órgão encarregado de examinar previamente a constitucionalidade dos projetos de lei que tramitam no Parlamento, o que evidente faz com que o controle francês seja classificado como controle preventivo.
Um ponto importante a destacar é a ideia de que o controle preventivo ou prévio de constitucionalidade tanto pode ser exercido pelos PL e PE, quanto pelo PJ, daí sua divisão em duas modalidades distintas: controle preventivo político e controle preventivo judicial.
· Controle Preventivo Político
É aquele que é exercido pelos poderes do Estado encarregados das decisões de caráter político-democrático, legitimados pelo voto popular, ou seja, pelos PL e PE.
Trata-se, portanto, do controle preventivo político, que é feito durante o processo de criação de lei ou ato normativo, seja pelo Chefe do PE, seja pelo CN. A doutrina costuma destacar duas grandes modalidades desse tipo de controle, a saber:
a) Controle preventivo político feito pelo PL a partir da CCJ;
b) Controle preventivo político feito pelo PE a partir do veto do Chefe do PE.
O sistema constitucional brasileiro comporta duas hipóteses de controle preventivo político.
A 1ª hipótese surge com a atuação das CCJ, que tem sua base jurídica fincada no art. 58 da CF. Durante o processo legislativo, a função da CCJ é avaliar previamente a compatibilidade dos projetos que serão apreciados pelo Plenário das respectivas Casas Legislativas, ou seja, julgam preliminarmente a constitucionalidade dos projetos que serão enviados para a sessão plenária do Parlamento, nos termos do RI de cada uma das duas Casas Legislativas.
Em termos gerais, cabe à CCJ analisar os aspectos constitucional, legal, jurídico, regimental e de técnica legislativa de projetos, emendas ou substitutivos sujeitos à apreciação do Plenário, bem como assunto de natureza jurídica ou constitucional que lhe seja submetido,em consulta, pelo Presidente da Casa Legislativa, pelo Plenário ou por outra Comissão, ou em razão de recurso previsto no próprio Regimento.
O parecer da CCJ não tem efeito vinculante, uma vez que tal parecer é suscetível de revisão pelo Plenário da Casa Legislativa. Assim, por exemplo, nos termos do art. 101, §§ 1º e 2º do RISF, quando os projetos receberem pareceres contrários da CCJ, quanto ao mérito, serão tidos como rejeitados e arquivados definitivamente, salvo recurso de 1/10 dos membros do Senado no sentido de sua tramitação.
Além disso, tratando-se de inconstitucionalidade parcial, a Comissão poderá oferecer emenda corrigindo o vício. Trata-se da assim chamada Emenda Saneadora de Inconstitucionalidade.
Em consequência, não obstante o parecer negativo da CCJ, seja do ponto de vista formal ou material, tal pronunciamento não tem força vinculante absoluta, podendo, assim, ser derrubado em certas situações.
Não existe controle preventivo político exercido pela CCJ nos projetos de medidas provisórias, resoluções dos tribunais e decretos autônomos do Chefe do PE.
Existe, também, uma 2ª modalidade de controle preventivo político feito PE e que é o veto do Presidente na elaboração das leis infraconstitucionais (leis complementares e leis ordinárias), conforme o art. 66, § 1º, da CF.
O veto do Chefe do PE, durante a criação da lei ou do ato normativo, caracteriza uma modalidade específica de controle preventivo político. Aqui, a atuação do Presidente, Governador e Prefeito no âmbito de controle preventivo político ocorre a partir do chamado veto jurídico.
Somente o veto jurídico pode ser caracterizado como sendo um controle preventivo político, uma vez que é baseado na inconstitucionalidade do projeto de lei, total ou parcialmente. Ou seja, a compreensão de que um determinado projeto de lei aprovado pelo PL não se coaduna com o interesse público (veto político) não tem o condão de caracterizar controle de constitucionalidade, na medida em que não existe nenhuma incompatibilidade vertical com a CF.
A atuação do Presidente tem o condão de impedir que o projeto inconstitucional se converta em lei, não havendo, por isso, dúvidas quanto à caracterização do veto jurídico como modalidade de controle de constitucionalidade preventiva.
Não há nenhuma dúvida de que o veto do Presidente pode vir a ser derrubado pela maioria absoluta das Casas do CN, em sessão conjunta, nos termos do art. 67 da CF.
· Controle Preventivo Judicial
Em regra, o controle preventivo no Brasil é político, ou seja, feito pelos PL e/ou PE. 
Entretanto, existe uma hipótese na qual o controle preventivo será jurisdicional e não político. Trata-se aqui de mandado de segurança impetrado por parlamentar em nome de seu direito líquido e certo de participar do devido processo legislativo. Ou seja, somente o parlamentar tem esse direito de participação em processo legislativo hígido, no qual as limitações constitucionais do poder constituinte derivado reformador serão observadas.
Em consequência, toda vez que as limitações constitucionais (materiais, formais e circunstanciais) não forem observadas durante a execução de um projeto de lei ou ato normativo, surge para o parlamentar (deputado ou senador) a legitimidade ad causam para impetrar mandado de segurança. (GÓES & MELLO, 2016).
Somente o parlamentar é legitimado para pleitear, mediante a impetração de MS em defesa de seu direito líquido e certo de participar do devido processo legislativo, o trancamento do processo legislativo que viole uma cláusula pétrea ou que deixe de observar as regras atinentes ao processo legislativo constitucional ou, ainda, que não cumpra as limitações de ordem circunstancial (proibição de aprovar emendas constitucionais durante uma intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio).
Na hipótese de apresentação de uma PEC que vise transformar o Brasil em um Estado Unitário, poderá determinado parlamentar impetrar MS perante o STF solicitando a imediata interrupção da votação de tal PEC, arguindo violação de seu direito líquido e certo de participar do processo legislativo hígido?
A resposta é afirmativa, pois, essa hipótese não caracterizaria uma questão “interna corporis” e, sim, violação de uma cláusula pétrea. Muito embora ao PJ, em geral, não se atribua competência para o exercício do controle preventivo de constitucionalidade, o direito brasileiro admite tal hipótese nos projetos de emenda à CF que vão de encontro às cláusulas pétreas. Nesse sentido, a jurisprudência do STF é firme no sentido de afirmar que os parlamentares estão legitimados para pleitear, mediante a impetração de MS perante aquela Corte, o trancamento do processo legislativo nessas hipóteses, ou seja, deputados federais e senadores têm o direito público subjetivo de não deliberar sobre qualquer proposta de emenda tendente a abolir qualquer das cláusulas pétreas.
É correto afirmar que existem 3 modalidades de controle preventivo, 2 do controle político (veto jurídico do Chefe do PE e parecer negativo das CCJ) e 1 do controle judicial (MS impetrado por Parlamentar perante o STF). 
· Controle Repressivo De Constitucionalidade
Tem o objetivo de retirar do ordenamento jurídico uma norma inconstitucional. O controle repressivo também pode ser dividido em duas modalidades, quais sejam o controle repressivo político feito pelos PE e PL e o Controle repressivo judicial feito pelo PJ, seja em sede difusa, seja em sede abstrata.
· Controle Repressivo Político
É aquele que é exercido, depois de completo o processo de elaboração legislativa, pelos PE e PL. Existem 2 grandes modalidades desse controle, quais sejam:
a) Controle repressivo político feito pelo PL: exercido a partir de um Decreto Legislativo do CN que suspende a eficácia de um ato do PE que tenha exorbitado de sua função regulamentar ou extrapolado os limites de delegação legislativa recebida, com amparo no art. 49, V, da CF;
b) Controle repressivo político feito pelo PE: exercido a partir de um Decreto autônomo do Chefe do PE, nas esferas federal, estadual e municipal, que suspende a aplicação de uma lei considerada inconstitucional, sob pena de crime de responsabilidade.
A 1ª modalidade mostra que o PL exerce o controle repressivo político quando resolve suspender a eficácia de um ato normativo do PE que tenha exorbitado de sua função regulamentar (Decreto Regulamentador de Lei) ou extrapolado os limites de delegação legislativa concedida (Lei Delegada), com amparo no art. 49, V, da CF. Nesta modalidade de controle repressivo, um determinado ato normativo do PE (Decreto Regulamentador de Lei ou Lei Delegada) está sendo privado de sua regular produção de efeitos pelo fato de ter invadido a esfera de competências do Poder Legislativo.
A espécie normativa que susta os atos normativos do PE (Decreto Regulamentador de Lei ou Lei Delegada) é um Decreto Legislativo do CN.
Tal Decreto Legislativo editado pelo CN pode ser objeto de uma ADI perante o STF?
A resposta deve ser afirmativa, na medida em que o Decreto Legislativo editado pelo CN é um ato normativo primário e federal, previsto no art. 59, VI, da CF, logo, ato passível de ser objeto de uma ADI. Cabe ADI de Decreto Legislativo que sustou um Decreto Regulamentador de Lei ou uma Lei Delegada do Chefe do PE.
Parte da doutrina também entende que fica caracterizado o controle repressivo político feito pelo PL quando o CN rejeita uma Medida Provisória em razão de algum vício de inconstitucionalidade, seja material ou formal. Com efeito, nos termos do art. 62, §5.º, da CF, o PL tem competência para proceder a rejeição de uma Medida Provisória no prazo de 60 dias, prorrogável uma única vez por mais 60 dias.
Não há consenso na doutrina, com grandes dificuldades para a aceitação desta tese (que reconhece tal tipo de modalidade de controle repressivo político). Ou seja, há uma controvérsia acerca da classificação desse tipo de controle: seria controle preventivo ou repressivo.
· Controle Repressivo Judicial
O controle judicial leva em consideração a natureza do órgão que exerce o controlee que no caso é o PJ.
Como toda decisão judicial, de caráter técnico, o ato de controle de constitucionalidade necessita de fundamentação jurídica, daí a ideia de que o sistema de controle de constitucionalidade judicial representa a chamada jurisdição constitucional.
A questão que agora se impõe é saber se o ato judicial de controle de constitucionalidade é exclusivo do STF ou não? Nesse mesmo sentido, é importante questionar quais são as 2 modalidades do controle repressivo judicial?
A resposta à 1ª pergunta é negativa, ou seja, o sistema brasileiro tanto admite o controle jurisdicional feito pelo STF quanto por qualquer outro órgão do PJ com função jurisdicional. Ou seja, já respondendo o 2º questionamento, pode-se afirmar que o controle repressivo judicial tem 2 modalidades, a saber: o controle difuso feito por qualquer juiz ou tribunal e o controle concentrado feito exclusivamente pelo STF.
O controle judicial concentrado, também denominado controle abstrato ou principal, tem como característica marcante o fato de que cabe ao órgão de cúpula do Poder Judiciário a tarefa de controlar a constitucionalidade das leis num processo abstrato e cuja questão principal da ação é exatamente a declaração ou não de inconstitucionalidade dessas leis supostamente inconstitucionais.
O controle concentrado de constitucionalidade fica restrito às hipóteses nas quais as ações serão propostas pelos legitimados do art. 103 da CF e apresentadas diretamente ao STF. Enquadram-se na modalidade de controle repressivo judicial concentrado, as seguintes ações:
a) ADI
b) ADC
c) ADPF
d) ADO
e) Alguns autores ainda incluem a ADINT
O controle repressivo judicial difuso de constitucionalidade das leis se caracteriza pela possibilidade de qualquer juiz ou tribunal aferir – de forma incidental - a questão da inconstitucionalidade a partir de um determinado caso concreto.
Em sede de controle difuso, admite-se que qualquer órgão jurisdicional exerça essa tarefa de fiscalização de compatibilidade vertical com a Carta Ápice.
Tal questão surge naturalmente durante a apreciação da causa como uma questão incidental, nunca como questão principal da lide, daí a designação de controle incidental de constitucionalidade. Portanto, o controle difuso no Brasil é exercido no bojo de ações comuns, como, por exemplo, os MS, as ações de conhecimento, de execução, cautelares etc. Ou seja, a atuação fiscalizadora do juiz ou tribunal não é a questão principal do processo, figurando, apenas, como um incidente que o magistrado deve antes aferir para poder apreciar o pedido formulado pelo autor da ação.

Continue navegando