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CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS 
LÚCIO VALENTE 
 
 Página 1 
 
AULA PRIMEIRA 
(luciovalente@pontodosconcursos.com.br/msn:joshuaredman@hotmail.com) 
Olá amigos, 
Sejam muito bem-vindos ao nosso curso de Direito Penal. Não se 
esqueçam de me enviar todas as dúvidas pelo Facebook (grupo: LÚCIO VALENTE – 
DIREITO PENAL). As sugestões e críticas também serão sempre bem recebidas. 
É muito importante que você obedeça a técnica de estudo apresentada 
para este curso: 
Técnica de estudo: 
1º Faça uma primeira leitura da aula, buscando apenas um primeiro 
contato com os tópicos. Nesse momento, sublinhe apenas palavras e termos 
desconhecidos. 
Tempo estimado: 30 min. 
2º Faça nova leitura da aula. Nesse momento, o aluno deve 
compreender cada ponto (perceba que divido minha aula em pontos, sendo que cada 
um traz uma ideia central). Descubra o significado dos termos desconhecidos. 
Tempo estimado: 2 horas. 
3º Faça um resumo com as ideias centrais de cada ponto com palavras-
chave ou na forma de perguntas e respostas (ex.: Ponto 10: O que é conduta? R: é a 
ação ou omissão humana consciente e voluntária voltada para uma finalidade). 
mailto:luciovalente@pontodosconcursos.com.br/msn
 
CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS 
LÚCIO VALENTE 
 
 Página 2 
 
Tempo estimado: 1 hora. 
4º Memorize as palavras-chave ou as respostas. 
Tempo estimado: 1 a 2 horas. 
Obs.: peça pra alguém lhe “tomar” a aula ou finja que está ensinando 
para alguém o que aprendeu (seu cachorro pode ser um ótimo aprendiz!). 
5ª Estude as questões. Não as use como forma de teste. Leia cada uma 
buscando as respostas no texto da aula ou nos comentários respectivos. 
Tempo: 1h30min 
6º Antes da aula seguinte, revise a aula estudada. 
Tempo: 10 minutos. 
7º Faça revisões semanais de todas as aulas já estudadas. Para isso, 
releia seu resumo e só volte ao texto da aula quando precisar recordar determinados 
pontos. 
Obs.: divida o estudo da aula em, pelo menos, dois dias (ex.: 1º dia: 
leitura e resumo; 2º dia: memorização e questões). 
 
Antes de iniciarmos a primeira aula, solicito ao aluno que relembre 
comigo a estrutura do crime apresentada na aula zero (demonstrativa). 
 
CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS 
LÚCIO VALENTE 
 
 Página 3 
 
Perceba que estamos estudando o fato típico. Dentro do fato típico 
estamos estudando a conduta. Já estudamos que a conduta é a “ação ou omissão, 
humana, consciente, voluntária e com finalidade”. Já estudamos (1) ação e omissão 
{própria e imprópria}; (2) praticada por ser humano; (3) consciente; (4) voluntária; (5) 
finalística. 
Veja o gráfico: 
 
 
1. Formas de conduta típica – Dolo e Culpa 
 
O estudo do dolo e da culpa no âmbito da conduta é uma conveniência 
didática. Na verdade, o dolo e a culpa são realidades típicas, leia-se, são elementos 
pertencentes ao tipo penal e não à conduta. De fato, podemos afirmar que José agiu 
fato típico 
CONDUTA: (1) ação e omissão 
{própria e imprópria}; (2) praticada 
por ser humano; (3) consciente; (4) 
voluntária; (5) finalística. 
resultado 
nexo causal 
tipicidade 
ilicitude 
estado de 
necessidade 
legítima 
defesa 
estrito 
cumprimento 
do dever legal 
exercício 
regular do 
direito 
culpabilidade 
imputabilidade 
potencial 
consciência 
da ilicitude 
exigibilidade 
de conduta 
diversa 
 
CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS 
LÚCIO VALENTE 
 
 Página 4 
 
com dolo ao matar João, mas não poderíamos dizer que José agiu com dolo ao beber 
água para matar a sede. Claro, porque “matar a sede” não é algo previsto como uma 
conduta típica, mas “matar alguém” sim. 
 
A conduta penalmente relevante deve ser necessariamente típica, diga-
se, deve encontrar adequação a determinado tipo penal. Esse fenômeno somente pode 
ocorrer com a existência de dolo ou culpa descritos nos tipos penais. 
 
A conduta de disparar arma de fogo, como exemplo, pode ou não ter 
relevância típica. Se tal ação ocorrer em um stand de tiros, durante treinamento militar, 
será apenas mais uma conduta humana. Caso essa conduta ocorra em via pública (ex.: 
pessoa que efetua disparo de arma de fogo para o alto) encontrará adequação a um tipo 
descrito no Estatuto do Desarmamento. Nesse caso, a conduta dolosa está descrita no 
tipo penal, trazendo relevância para o estudo do dolo. 
 
Dessa forma, a abordagem que faço da conduta é do ponto de vista 
jurídico-penal. Não falo aqui de qualquer conduta, mas somente daquela com 
relevância típica. E conduta com relevância típica significa que ela está relacionada a 
determinado tipo penal. De tal modo, não nos interessa a conduta de “pular”, mas nos 
interessa muito a conduta de quem pula por sobre alguém causando-lhe lesões 
corporais. Essa última é conduta com relevância típica. 
 
É que os finalistas dividem o tipo penal em duas partes: a objetiva e a 
subjetiva. A primeira conteria os aspectos objetivos do tipo (conduta, resultado 
material, nexo causal etc.). A parte subjetiva do tipo estaria relacionada com a 
representação anímica do agente (dolo e outros eventuais requisitos subjetivos). Pelo 
princípio da congruência, a adequação típica (tipicidade) depende do encontro dessas 
duas partes perfeitamente ajustadas. 
 
 
CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS 
LÚCIO VALENTE 
 
 Página 5 
 
Essa concepção importa em demonstrar que a existência ou não do dolo 
pode levar a adequação da conduta para tipos penais distintos. Existem tipos que 
possuem apenas a forma dolosa (como no delito de dano); há outros que admitem 
apenas a conduta culposa (ex.: homicídio culposo na direção de veículo automotor); há 
outros, ainda, que admitem as duas formas (como no homicídio comum doloso e 
culposo). 
 
Se José, por exemplo, atropela dolosamente João desejando-lhe a morte, 
não poderá ter cometido um delito de trânsito, uma vez que o tipo respectivo não 
admite a forma dolosa. A adequação ocorrerá, deste modo, ao tipo do art. 121 do 
Código Penal. Veja a seguinte questão: 
 
 ( CESPE - 2011 - PC-ES - Delegado de Polícia ) É admissível a 
denominação de crime de trânsito para a conduta de dano cometida com dolo, a 
exemplo daquele que, intencionalmente, utiliza o seu veículo para a prática de um 
crime. 
 
Resposta: errado. 
 
 
Feitas essas observações, prefiro manter o estudo do dolo e da culpa na 
conduta (típica), por ser didaticamente mais adequado.1 
 
Muito bem. Como eu já tive a oportunidade de explicar, a conduta pode 
ser praticada por um fazer (ação) ou um não fazer (omissão). Ocorre que determinada 
 
1
 O professor Cleber Masson (Direito Penal Esquematizado, 4ª Edição, Ed, Método, pg. 263) assim 
inicia seu estudo de dolo: “ O dolo, no conceito finalista de conduta, integra a conduta. Pode, assim, ser 
conceituado como elemento subjetivo do tipo. É implícito e inerente a todo crime doloso.” (grifei) 
Como expliquei, o dolo pertence ao tipo e, por consequencia, à conduta típica dolosa (conduta descrita 
no tipo penal doloso). 
 
CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS 
LÚCIO VALENTE 
 
 Página 6 
 
conduta típica ativa ou omissiva pode ainda ser classificada como dolosa ou culposa. É 
isso que vamos ver a partir de agora. 
 
2. O Dolo: O Código Penal prevê o conceito de dolo em seu artigo 18, 
da seguinte maneira: 
“Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado (dolo 
direto) ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual)”. Art. 18 do CPB. 
 
Como se vê, a lei previu apenas duas hipóteses de “dolo”: o direto e o 
eventual. 
3. Há no conceito de dolo dado pelo artigo 18 do CPB duas teorias 
que o explicam: a teoria da vontade (querer o resultado) e a teoria do assentimento ou 
da aceitação(assumir o risco de produzir o resultado). Portanto, é doloso tanto quem, 
por exemplo, quer matar, como quem, mesmo não querendo, assume o risco de 
produzir o resultado morte. 
 
TEORIAS DO DOLO 
TEORIA DA VONTADE 
(DOLO DIRETO) 
Querer o resultado 
TEORIA DO 
ASSENTIMENTO 
(DOLO EVENTUAL) 
Aceitação do resultado 
 
CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS 
LÚCIO VALENTE 
 
 Página 7 
 
Segundo a redação do artigo 18, I, do Código Penal (“Diz-se o crime: I – 
doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”), é possível 
concluir que foi adotada (Delegado de Polícia/NCE-UFRJ/PCDF/2005): 
a) a teoria do assentimento; 
b) a teoria da representação; 
c) as teorias do assentimento e da representação; 
d) as teorias do assentimento e da vontade; 
e) as teorias da representação e da vontade. 
RESPOSTA: D 
 
Vamos iniciar o estudo a partir dessa classificação feita pela lei. Após, 
veremos classificações para o dolo dadas pela doutrina e que, por isso, são comuns em 
provas. Só gostaria de ressaltar que, basicamente, o dolo ou é direto ou é eventual. 
Qualquer outra classificação de dolo é meramente doutrinária. 
Preparado? Então, vamos lá! 
4. Dolo direto (o sujeito quer o resultado) 
Sábado, dia 24 de dezembro, véspera de Natal. Imagine-se tentando 
estacionar seu veículo no Park Shopping. Dá stress só de pensar, não é mesmo? 
 
CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS 
LÚCIO VALENTE 
 
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Um velho senhor chega com seu carro para comprar o presente do neto. 
Após rodar por mais de uma hora a procura por uma vaga, eis que surge uma luz de ré. É 
um carro saindo e liberando uma vaga. 
Aquele senhor espera o carro sair com seta ligada, indicando que vai 
estacionar naquele local. Quando vai parar seu carro, outro sujeito acelera e coloca o 
carro na vaga que ele estava esperando. 
- Amigo, me desculpe, mas eu estava esperando essa vaga! 
- “Qualé” tio, o mundo é dos “eshhpertoshh”! Procura outra vaga! 
Então, o rapaz sai caminhando rindo do velho senhor. 
Aquele senhor que nunca antes havia praticado qualquer crime em sua 
vida, acelera o carro e atropela o rapaz. Após, engata a marcha ré e o atropela 
novamente. Por fim, engata a primeira marcha e o atropela pela terceira vez para ter 
certeza que o matou. 
Aquele senhor quis matar a vítima? 
Bom, se ele não quis, eu não sei mais o que é querer! 
Como o diz o povão: “ele quis DE COM FORÇA!” 
Esse é, portanto, o Dolo Direto. No caso, o agente dirigiu sua vontade 
final para o resultado criminoso. Diga-se, ele quis o resultado criminoso. DOLO DIRETO 
SIGNIFICA QUERER O RESULTADO DESCRITO NO TIPO. 
5. Como se vê, o dolo direto exige dois elementos para sua 
configuração: 
a. Um elemento intelectual: conhecimento atual das circunstâncias 
de fato do tipo penal (ex.: José sabe que “mata alguém”). O desconhecimento atual de 
 
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circunstâncias fáticas (leia-se do fato concreto) leva ao denominado “erro de tipo”, que 
afasta o dolo (ex.: José, ao matar alguém, pensa que mata uma onça). 
b. Um elemento volitivo: representado por “querer” 
incondicionalmente o resultado descrito no tipo penal (Ex.: José efetua disparo contra 
João, sabendo tratar-se de uma pessoa (elemento intelectual) e pretendendo ceifar sua 
vida (elemento volitivo)). 
Obs.: a vontade de ser capaz de causar fisicamente o resultado real, 
permitindo definir o resultado típico como “obra do autor”. Assim, se José envia João 
para um passeio de barco querendo sua morte, mas não se envolve em nenhum ato que 
leve a esse resultado, o naufrágio causado por uma forte e inesperada tempestade não 
pode ser atribuído a José. O resultado, como se vê, é obra do acaso e não da conduta do 
autor, que não poderá responder pela morte. Nesse ponto, podemos dizer que José 
“desejou” a morte de João, o que não é suficiente para caracterizar o dolo. 
A “teoria da imputação objetiva”, como veremos, pretende explicar 
essa não imputação com critérios diferentes. Voltaremos ao tema em momento 
oportuno. 
Quais são os elementos do dolo direto? 
Diferencie “desejo” de causar o resultado de “vontade” dirigida ao 
resultado. 
6. Nesse querer do dolo direto, estão implícitas duas situações: o 
resultado e o meio para esse resultado. Desse raciocínio nascem dois tipos de dolos 
diretos, o dolo direto de primeiro grau e o dolo direto de segundo grau. Vamos lá, 
então: 
 
7. O dolo direto pode ser subdividido em: 
 DOLO DIRETO DE PRIMEIRO GRAU: a vontade abrange o resultado 
típico como fim em si; 
 
CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS 
LÚCIO VALENTE 
 
 Página 10 
 
 DOLO DIRETO DE SEGUNDO GRAU (OU DE CONSEQUÊNCIAS 
NECESSÁRIAS): o resultado típico é uma consequência necessária dos meios eleitos 
(escolhidos) para o cometimento do crime. 
Para Hans Welzel, idealizador da teoria finalista da ação, a vontade final 
do agente abarca também os efeitos concomitantes da conduta. A explicação seria a de 
que quando o ser humano age, ele calcula, em certa medida, os efeitos colaterais de seu 
ato. 
O exemplo seria aquele em que o sujeito quer matar o presidente que 
está em um avião. Para isso, coloca uma bomba no avião e acaba matando, além do 
presidente, outras pessoas que ali estavam. Ao eleger como ação final a morte da vítima 
por explosão da aeronave, considerou segura ou, no mínimo, contou como certa, a 
morte das outras vítimas. O resultado é, assim, resultado do seu “querer” final. 
Observe! 
O Dolo direto de primeiro grau existe em relação à morte do presidente. 
O Dolo direto de segundo grau existe em relação às outras pessoas que 
morrerão, porquanto era uma consequência necessária da conduta, dentro do que foi 
planejado. 
Igualmente, no caso do assassínio de irmãos xifópagos (siameses). Dentro 
do querer matar um dos irmãos, o autor, automaticamente, “quer” indiretamente a 
morte do outro, sendo essa uma consequência necessária de seu ato. 
 
 
CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS 
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 Página 11 
 
 
Outro exemplo de dolo direto de 2º grau: 
O agente quer afundar seu barco para receber o seguro, o que 
configuraria fraude para recebimento de seguro (Art. 171, inciso V, do CPB). Ele tem 
certeza que quando fizer isso vai acabar matando seu funcionário que pilota a 
embarcação. Bom, se ao afundar o barco ele teve certeza que ia matar o funcionário, 
ele de certa forma também QUIS a morte do rapaz. 
Dolo direto de primeiro grau em relação à fraude e dolo direto de 
segundo grau em relação à morte. 
8. Mas, Valente, o dolo direto de segundo grau é muito parecido com 
o dolo eventual (quando o agente aceita ou assume o risco)! 
Sim, é verdade! Mas no dolo direto de segundo grau ele tem certeza que 
a consequência necessária para a finalidade dela ocorrerá. Já no dolo eventual, o 
resultado pode “eventualmente ocorrer”. 
 
DOLO DIRETO 
O AGENTE QUER O 
RESULTADO CRIMINOSO 
 
DOLO DIRETO DE 
PRIMEIRO GRAU = A 
VONTADE SE REALIZA 
COM A PRODUÇÃO DO 
RESULTADO FINAL 
 
DOLO DIRETO DE 
SEGUNDO GRAU = SÃO 
AS CONSEQUÊNCIAS 
NECESSÁRIAS DA AÇÃO 
DO AGENTE 
 
CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS 
LÚCIO VALENTE 
 
 Página 12 
 
POR EXEMPLO, SE ACELERO O MEU CARRO A 160 KM/H EM ÁREA 
ESCOLAR E SOU INTERPELADO PELO CARONA QUE DIZ: “VALENTE, DESSE JEITO VOCÊ 
VAI ACABAR MATANDO UMA CRIANÇA QUE EVENTUALMENTE ATRAVESSE A RUA”. SE 
MINHA RESPOSTA FOR: “DANE-SE! SE OCORRER, TANTO PIOR PRA ELA!” ESTOU AGINDO 
COM DOLO EVENTUAL, OU SEJA, PODE SER QUE OCORRA OU NÃO. 
 
 
 
Bom, para que você compreenda isso melhor, vamos ao estudo do dolo 
eventual. 
9. Dolo indireto (eventual) - (não quer o resultado, mas aceita 
correr o risco.) 
Caso dos mendigos Russos (Löffler): Durantea Revolução Russa 
(Revolução Socialista de Lênin, 1917), mendigos mutilavam seus filhos para aumentar a 
compaixão pública. Ao fazê-lo o pedinte toma como possível a morte do filho, mas isso 
não o detém de praticar o ato – dolo eventual, portanto. 
DOLO DIRETO DE 1º 
GRAU X DOLO EVENTUAL 
DOLO DIRETO DE 1º 
GRAU = É UMA 
CONSEQUÊNCIA CERTA 
DA MINHA FINALIDADE 
(GRANDE GRAU DE 
CERTEZA) 
DOLO EVENTUAL = PODE 
SER QUE OCORRA OU 
NÃO (APENAS 
POSSIBILIDADE) 
 
CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS 
LÚCIO VALENTE 
 
 Página 13 
 
Perceba que o mendigo não quer que a criança morra, até porque seria 
pior para conseguir esmolas, já que a cena de uma criança sempre toca as pessoas. Mas, 
no caso concreto, se você perguntasse ao mendigo: “Você não vê que esta criança pode 
pegar uma infecção em meio a tanta sujeira?” Ele pode responder: “Bom, se morrer, 
pior pra ela. Seja como for, não paro a minha conduta. Ou seja, DANE-SE!” 
Outro exemplo seria do médico que não possui especialidade em cirurgia, 
mas resolve, mesmo assim, submeter um paciente a cirurgia de lipoaspiração. O médico 
tem consciência que pode levar o paciente à morte, mas isso não impede de prosseguir, 
uma vez que receberá um bom dinheiro pela cirurgia. O médico pensa com ele mesmo: 
-“Bom, querer matar eu não quero, mas se a paciente morrer tanto pior 
para ela! Dane-se!” 
Nas duas situações o agente aceita a produção do resultado. Diga-se, 
percebe que é possível a ocorrência do resultado gravoso e assume o risco de produzir 
esse mesmo resultado. 
 
Como se vê, no dolo eventual, o agente prevê a possibilidade do 
resultado criminoso, mas não o quer diretamente. Em verdade, pode ser que o 
resultado criminoso seja até desinteressante para o agente (no caso do mendigo russo, 
perder a criança poderia significar menos esmolas), porém a previsão da ocorrência do 
resultado não impede que o agente prossiga em sua conduta. É como se dissesse para si 
mesmo: “haja o que houver, ocorra o que ocorrer, não paro minha conduta”. 
 
CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS 
LÚCIO VALENTE 
 
 Página 14 
 
 
(Analista – MPU – 2007) João, dirigindo um automóvel, com pressa de 
chegar ao seu destino, avançou com o veículo contra uma multidão, consciente do 
risco de ocasionar a morte de um ou mais pedestres, mas sem se importar com essa 
possibilidade, João agiu com 
a) culpa 
b) dolo indireto 
c) culpa consciente 
d) dolo eventual 
Resposta: D 
( FCC - 2010 - TRE-AL - Analista Judiciário-adaptada ) Há dolo eventual 
quando o agente, embora prevendo o resultado, não quer que ele ocorra nem assume 
o risco de produzi-lo. 
Resposta: Errado 
 
 
10. Neste momento, preciso falar uma coisa importante: o 
posicionamento dos tribunais, em maioria, é de que o dolo direto e o dolo eventual são 
DOLO 
EVENTUAL 
PREVISÃO DO 
RESULTADO + 
ACEITAÇÃO 
DESSE 
RESULTADO 
PREVISTO 
 
CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS 
LÚCIO VALENTE 
 
 Página 15 
 
equiparados pela lei. Quero dizer, tudo que cabe para o dolo direto, cabe para o dolo 
eventual. 
Diz o Ministro Francisco Campos na Exposição de Motivos do Código de 
1940: 
“Segundo o preceito do art. 15, I, o dolo existe não só quando o agente 
quer diretamente o resultado (effetus sceleris), como assume o risco de produzi-lo. O 
dolo eventual é, assim, plenamente equiparado ao dolo direto. É inegável que arriscar-
se conscientemente a produzir um evento vale tanto quanto querê-lo.” Assim, a lei 
equiparou o dolo direto ao eventual, não sendo correto dizer que um é mais grave do 
que o outro.” 
Valente, qual a importância disso? 
Isso é importante para você acertar questões como a seguinte: 
(CESPE - 2010 - DPU - Defensor Público ) Em se tratando de homicídio, é 
incompatível o domínio de violenta emoção com o dolo eventual. 
 
Antes de qualquer coisa, lembre-se que a assertiva está se referindo a 
uma causa de diminuição de pena existente no homicídio que é: “praticar o fato sob 
domínio de violenta emoção, logo após a injusta provocação da vítima” (Art. 121, § 1º, 
CPB). 
 
Realmente, é difícil pensar nessa causa de diminuição com dolo eventual. 
Mas, pense na situação do sujeito que tem seu inimigo em frente a seu carro, 
impedindo a passagem e, ao mesmo tempo, xingando a vítima de “corno” na presença 
dos filhos deste. O motorista acelera o carro, dominado por violenta emoção provocada 
por ato injusto da vítima, assumindo o risco de matá-la. Ao praticar tal conduta, acaba 
por causar sua morte. 
http://www.questoesdeconcursos.com.br/provas/cespe-2010-dpu-defensor-publico
 
CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS 
LÚCIO VALENTE 
 
 Página 16 
 
 
Eu disse que: “TUDO QUE CABE PARA O DOLO DIRETO, CABE PARA O 
EVENTUAL.” Então não tenha dúvida de marcar a questão como ERRADA. Ou seja, é 
plenamente compatível o dolo eventual como “domínio de violenta emoção”. 
 
Outra pergunta: cabe tentativa em dolo eventual? 
A doutrina se divide, mas marque na prova como te ensinei: TUDO QUE 
CABE PARA O DOLO DIREITO, CABE PARA O EVENTUAL. A resposta é sim, portanto. 
Dica: sempre que o cespe afirmar que “cabe determinada situação para 
o dolo eventual”, como nos exemplos acima, a resposta será CORRETA. 
 
 
 
 
11. Posição divergente: o STF, no entanto, entende ser incompatível o 
dolo eventual com a qualificadora do homicídio consistente em praticar o fato com 
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. 
INFORMATIVO Nº 618 
TÍTULO 
Dolo eventual e qualificadora: incompatibilidade 
TUDO QUE COUBER 
PARA O DOLO DIRETO, 
CABERÁ PARA O DOLO 
EVENTUAL 
Cabe tentativa em 
dolo eventual 
O dolo eventual é 
compatível com 
qualquer qualificadora 
do homicídio 
 
CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS 
LÚCIO VALENTE 
 
 Página 17 
 
 
ARTIGO 
São incompatíveis o dolo eventual e a qualificadora prevista no inciso IV do § 2º do 
art. 121 do CP (“§ 2º Se o homicídio é cometido: ... IV - à traição, de emboscada ou 
mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do 
ofendido”). Com base nesse entendimento, a 2ª Turma deferiu habeas corpus 
impetrado em favor de condenado à pena de reclusão em regime integralmente 
fechado pela prática de homicídio qualificado descrito no artigo referido. Na espécie, o 
paciente fora pronunciado por dirigir veículo, em alta velocidade, e, ao avançar sobre a 
calçada, atropelara casal de transeuntes, evadindo-se sem prestar socorro às vítimas. 
Concluiu-se pela ausência do dolo específico, imprescindível à configuração da citada 
qualificadora e, em conseqüência, determinou-se sua exclusão da sentença 
condenatória. Precedente citado: HC 86163/SP (DJU de 3.2.2006). HC 95136/PR, rel. 
Min. Joaquim Barbosa, 1º.3.2011. (HC-95136) 
 
O dolo eventual, como falei, é em tudo equiparável ao dolo direto. 
Recentemente, por exemplo, ocorreu um fato em Porto Alegre que todos irão se 
lembrar. Um motorista avançou sobre ciclistas que faziam protesto em uma via pública 
da capital gaúcha (Veja o vídeo: 
http://www.youtube.com/watch?v=8Z2V4BNcLgo&feature=related). 
Não tenho dúvidas em afirmar que o agente agiu com dolo eventual e 
deverá, portanto, responder por tentativa de homicídio qualificado pelo recurso que 
impossibilitou a defesa do ofendido. Não vejo, dessa forma, qualquer incompatibilidade 
entre os institutos e penso estar muito bem acompanhado pelo STJ. Senão, vejamos 
julgado recente: 
Consoante já se manifestou esta Corte Superior de Justiça, a qualificadora 
prevista no inciso IV do § 2.º do art. 121 do Código Penal é, em princípio, compatível 
com o dolo eventual, tendo em vista que o agente, embora prevendo o resultado morte, 
http://www.youtube.com/watch?v=8Z2V4BNcLgo&feature=related
 
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pode, dadas as circunstâncias do caso concreto, anuir com a sua possível ocorrência, 
utilizando-se de meio que surpreenda a vítima (STJ, HC 120.175/SC, DJe 29/03/2010) 
De qualquer sorte, o posicionamento apresentado pela Turma do STF 
deverá ser considerado para provas futuras, apesar de não ser jurisprudência 
majoritária. O fato é que os examinadores não têm feito diferenciação entre 
“jurisprudência” (decisão reiterada de um Tribunal dando determinada interpretação a 
um instituto jurídico no fato concreto) de “precedente” (decisão ou decisões não 
reiteradas de órgão singular ou colegiado de Tribunal). 
12. Elementos subjetivos especiais 
José, médico ginecologista, é procurado por Maria para realização de 
exame clínico. José solicita que Maria se deite em uma cama em posição ginecológica. 
Então, após calçar a luva, introduz o dedo indicador na vagina de Maria. 
Podemos afirmar, com certeza, que José consciente e voluntariamente 
introduziu seu dedo na vagina de Maria. Tem, por conseguinte, conhecimento e vontade 
de praticar um crime? 
Em princípio, não. Veja que o especial fim de agir de José, suas intenções, 
suas tendências internas, suas atitudes psicológicas não foram libidinosas (leia-se, de 
caráter sexual). 
Podemos afirmar, então, que ao lado do dolo, a lei pode exigir do sujeito 
ativo determinada atitude psicológica. No estupro, a finalidade de satisfação sexual; no 
furto, a intenção especial de se apropriar da coisa; a finalidade de uso pessoal, no crime 
de porte de drogas para uso próprio; a tendência de extrapolar os limites de sua 
autoridade, no abuso de autoridade; a finalidade de manchar a reputação social da 
vítima na calúnia e difamação, e por aí vai. 
 
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13. Esses elementos subjetivos especiais eram antes apelidados de 
“dolo específico”. Atualmente, a denominação “elemento subjetivo especial do tipo ou 
do injusto” é mais utilizada. 
Bom, a identificação dessas características especiais de cada tipo penal é 
um trabalho a ser realizado tipo por tipo na parte especial do Código Penal. De qualquer 
forma, é importante entender o esquema geral de classificação de tais tipos penais. Com 
efeito, a doutrina classifica os elementos subjetivos especiais do tipo em: 
a. Delitos de intenção (ou de tendência interna 
transcendente): ocorre quando o tipo penal descreve um propósito que não precisa se 
realizar concretamente, mas que deve ser finalidade do autor. Na extorsão mediante 
sequestro (CPB, art. 159), por exemplo, a lei descreve a conduta de quem sequestra 
pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição 
ou preço do resgate. O sequestrador, nesse caso, deve ter um propósito bem definido: 
obter o resgate. Ocorre que, mesmo que esse propósito não se cumpra (ex.: a vítima é 
encontrada pela polícia antes do pagamento) o crime já se realizou. 
Os delitos de intenção são subdividos em: 
 
i. Delitos de resultado cortado: em que o resultado pretendido não 
exige ação complementar do autor. 
O furto é um exemplo de delito de intenção com resultado cortado. O art. 
155 do CPB descreve: subtrair coisa alheia móvel com a finalidade de (para) ter para si 
ou para outrem. 
Assim, temos: 
Subtrair coisa alheia móvel: dolo genérico. 
Para si ou para outrem: dolo específico (elemento subjetivo especial) é 
por isso que não se pune o “furto de uso”, ou seja, aquela situação em que o sujeito 
“toma emprestada” a coisa sem autorização do dono. Se não existe finalidade de ficar 
definitivamente com a coisa, não existe furto. 
 
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Pois bem, essa finalidade especial não exige uma segunda ação do autor, 
bastando que exista a finalidade especial em sua mente. 
Outros exemplos de delitos de intenção com resultado cortado: com o fim 
de obter (art. 159, CPB – extorsão mediante sequestro); com o fim de transmitir a 
outrem moléstia grave de que está contaminado (art. 131, CPB – perigo de contágio de 
moléstia grave); etc. 
 
ii. Delitos mutilados de dois ou mais atos: em que o resultado 
complementar exigiria outras ações por parte do criminoso. 
 
Um sujeito que falsifica cédula de Real, por exemplo, tem alguma 
finalidade especial ao praticar o falso (ex.: praticar estelionato). Entretanto, esse 
resultado posterior, que não faz parte do tipo de falso, depende de uma ou várias ações 
do sujeito ativo. Por isso, diz-se que o crime foi mutilado em dois ou mais atos. 
 
( CESPE - 2010 - MPE-RO - Promotor de Justiça) No tocante aos delitos de 
intenção, assim conceituados por parte da doutrina, há as intenções especiais, que 
dão lugar aos atos denominados delitos de resultado cortado, tais como o crime de 
extorsão mediante sequestro, e os atos denominados delitos mutilados de dois atos, 
tais como o crime de moeda falsa. 
Resposta: correto. 
 
b. Delito de tendência intensificada: a ação do autor 
está contaminada por uma tendência psicológica que só existe em sua mente. Se 
tirarmos uma foto da situação, não poderemos dizer se o fato é criminoso ou não. Na 
maioria das vezes, esses fatos passam sem a percepção de qualquer pessoa, pois o dolo 
específico só existe no coração do agente. 
 
 
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Em uma situação real, uma mulher procurou a delegacia para relatar que, 
quando esteva internada em determinado hospital, foi examinada por um médico, o 
qual apalpou seios. A situação não despertaria qualquer alarde, uma vez que, ao que 
parece, o exame clínico seria coerente com a enfermidade da vítima. Entretanto, o 
doutor, ao praticar tal conduta, disse para a vítima: “dá até vontade de beijá-los.” 
 
Veja que o aspecto libidinoso é o que permite diferir um simples exame 
clínico de um eventual delito sexual. 
c. Delitos de expressão: é o que se caracteriza pela 
existência de uma desconformidade entre a expressão e a convicção pessoal do autor 
(ex.: no falso testemunho, o agente diz que não viu o suspeito (expressão mentirosa), 
quando tem convicção de que viu). 
 
 
 
 
 
 
PEGANDO O FIO DA MEADA 
elemento 
subjetivo do 
injutos 
delito de 
intenção 
resultado cortado 
mutilados em 
vários atos 
tendência 
intensificada 
delitos de 
expressão 
 
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1. A CONDUTA ATIVA OU OMISSIVA PODE SER PRATICADA 
DOLOSAMENTE OU CULPOSAMENTE; 
2. O DOLO PODE SER DIRETO OU EVENTUAL (INDIRETO); 
3. NO DOLO DIRETO O SUJEITO QUER O RESULTADO (TEORIA DA 
VONTADE); 
4. O DOLO DIRETO PODE SER DE 1º E DE 2º GRAUS; 
5. NO DOLO DIRETO DE PRIMEIRO GRAU O AGENTE VISA A UM FIM 
DETERMINADO; 
6. NO DOLO DIRETO DE SEGUNDO GRAU O AGENTE PRATICA OUTRO 
CRIME COMO UMA CONSEQUÊNCIA NECESSÁRIA DENTRO DO PLANEJAMENTO QUE 
ELE ARQUITETOU. 
7. NO DOLO EVENTUAL O SUJEITO ACEITA PRODUZIR O RESULTADO 
(TEORIA DO ASSENTIMENTO); 
8. TUDO QUE CABE PARA O DOLO DIRETO, CABE PARA O DOLO 
EVENTUAL (EXEMPLO: TENTATIVA). 
9. O STF ENTENDE NÃO SER COMPATÍVEL DOLO EVENTUAL COM A 
QUALIFICADORA DA SUPRESA NO HOMICÍDIO. 
10. OS ELEMENTOS SUBJETIVOS ESPECIAIS REPRESENTAM UM ESPECIAL 
FIM DEAGIR POR PARTE DO AGENTE. 
 
 
14. Bom, como eu falei agora a pouco, o Código Penal (art. 18) apenas 
classificou o dolo em DIRETO e EVENTUAL. Todavia, existem outras classificações para o 
DOLO que devem ser estudadas. Lembro que, de uma forma ou de outra, o dolo será 
direto ou eventual. 
PARA APROFUNDAR! 
 
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Outras classificações do dolo: 
a. Dolo alternativo: o autor quer, de forma indiferente, um ou outro 
resultado ( Ex.: Caio atira em Mévio, poucoimportando para matá-lo ou feri-lo). 
b. Dolo cumulativo: O agente pretende alcançar dois resultados, em 
sequência. 
O exemplo pode ser o de que o agente deseja espancar a vítima e, só 
depois, matá-la. No caso, a lesão ficará absorvida pelo homicídio se for meio para a 
realização deste. 
c. dolo de ímpeto (ação dolosa sem cogitação, sem premeditação): 
impulsivo, não presumido. 
Ocorre muitas vezes em discussões de trânsito em que o agente efetua 
um disparo na vítima após tomar uma fechada. 
d. Dolo específico: (também chamado de elemento subjetivo do tipo ou 
delito de tendência) – quando a lei especifica o tipo de crime, “com o fim de, com a 
finalidade de, com o intuito de, com a intenção de”. 
Exemplo: “Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, 
qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate” (Extorsão mediante 
seqüestro, art. 159 do CPB). 
(CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) No crime de falsificação de 
documento público o dolo é específico. 
Resposta: Errado 
(CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) Para a configuração do crime 
de peculato-desvio, é necessária a presença do dolo genérico e do dolo específico. 
 
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Resposta: Correto. 
 
 
e. Dolo geral (Ex. o sujeito quer matar por veneno, mas mata enforcado 
simulando o suicídio) 
No dolo Geral teríamos uma só conduta, dividida em dois ou mais atos: o 
agente dispara contra a vítima, que desmaia; ele pensa que a vítima já morreu e joga 
seu corpo ao rio para encobrir o crime anterior; descobre-se depois que ela morreu não 
pelo disparo, mas sim pelo afogamento. Quis matar e, de fato, matou, respondendo 
pelo resultado normalmente. O dolo geral é também denominado “erro sobre o nexo 
causal”. 
Por que a denominação “dolo geral”? 
Porque o dolo do agente o acompanha até o resultado, mesmo que este 
não advenha da forma como imaginou inicialmente. 
RESUMINDO: QUIS MATAR, MATOU! 
Obs.: O dolo geral é tratado pela doutrina como uma forma de erro (erro 
sobre o nexo causal). Voltaremos ao assunto em aula específica. 
f. Dolo de perigo: em verdade, não é propriamente o dolo que é de 
perigo, mas o tipo penal (tipo de perigo concreto ou de perigo abstrato). 
Os doutrinadores dividem os TIPOS DE PERIGO em: 
(a) perigo abstrato (ex.: omissão de socorro), onde o perigo não precisa 
ficar demonstrado, pois ele se presume; 
 
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(b) perigo concreto (Ex.: Periclitação à vida ou à saúde de outrem), onde o 
crime só se consuma com a demonstração efetiva do perigo para pessoa(s) 
determinada(s). 
 
Imagine que o sujeito saiba que é portador de uma moléstia venérea, o 
que não impede de manter relações sexuais desprotegido com uma moça, sem alertá-la 
dessa situação. Bom, no caso, a vítima ficou CONCRETAMENTE em perigo. Mesmo que 
não lhe seja transmitida a doença, o agente responde pelo crime de “perigo de contágio 
venéreo” (Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a 
contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado, art. 
130 do CPB). Referido crime é de perigo concreto, tendo de existir demonstração do 
efetivo perigo. 
Caso a doença seja transmitida à moça, o crime será de LESÕES 
CORPORAIS (Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem, ART. 129 do CPB), 
uma vez que o PERIGO se transformou em LESÃO. 
Diferente seria o caso de alguém andar armado. Não se faz necessário 
que fique demonstrado que determinada pessoa ou grupo de pessoas tenha sido 
concretamente colocado em perigo com essa conduta. Isso porque se presume que 
andar armado ilegalmente seja algo perigoso. 
Assim, porte ilegal de arma de fogo (art. 14, Lei 10.826/03) é crime de 
perigo abstrato, vez que o perigo se presume. 
DOLO DE PERIGO 
Abstrato: se 
presume 
Concreto: não se 
presume 
 
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15. A culpa 
 
Diz-se o crime culposo (ou não intencional) quando o agente não quer o 
resultado, nem mesmo assume o risco de produzi-lo, porém, por inobservância do dever 
de cuidado e diligência, na forma de imprudência, negligência e imperícia acaba 
causando um resultado criminoso. 
 
 
Em uma noite de sábado, José dirige seu carro para a casa de sua 
namorada. Durante o trajeto, utiliza-se de seu celular para enviar uma mensagem de 
texto para ela, avisando sua chegada. Ao fazer isso, tira o foco da direção e acaba por 
atropelar uma velhinha que atravessava a rua em uma faixa de pedestres. 
Ao retirar sua atenção da pista para utilizar o celular, José quebrou um 
dever de cuidado a que todos os motoristas estão obrigados. Ao atropelar e matar a 
velhinha poderá responder pelo resultado, mesmo que não intencional. 
 
OUTRAS 
FORMAS DE 
DOLO 
Dolo alternativo 
Dolo de perigo 
Dolo cumulativo 
Dolo específico 
Dolo geral 
 
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Pergunto: Existiu vontade (voluntariedade) na conduta de José? 
Sim, claro! TODA CONDUTA TEM VOLUNTARIEDADE, lembra-se? 
Lembrando os elementos da conduta: 
 
 
O que ocorre na conduta culposa é que a vontade não é dirigida 
(finalisticamente) para algo criminoso. Veja que José, por exemplo, apenas queria 
mandar uma mensagem para sua namorada, mas por imprudência acabou causando um 
acidente. 
 
Assim, o elemento essencial do injusto culposo não é o resultado em si 
(ex.: atropelamento), mas a forma de conduta descuidada que levou ao resultado. Se há 
quebra do dever de cuidado, há culpa (ex.: atropelamento por desrespeito às normas de 
trânsito). Caso contrário, não há culpa (ex.: não há culpa pelo resultado na conduta do 
motorista que atropela alguém que se joga de forma suicida em frente ao veículo). 
 
CONDUTA 
AÇÃO OU 
OMISSÃO 
HUMANA 
CONSCIENTE 
 VONTADE 
FINALIDADE 
 
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 A culpa, portanto, é a quebra de um dever objetivo de cuidado. 
 
Por cuidado objetivo, devemos levar em conta que a vida em sociedade 
produz determinados riscos (tráfego de veículos, construções de edifícios, manipulação 
de objetos perigosos etc.). Os riscos, basicamente, podem ser permitidos (ex.: tráfego 
de veículo com obediência às normas de trânsito), e riscos não tolerados (ex.: cirurgia 
médica sem que o profissional tenha sido treinado adequadamente). Os crimes culposos 
nascem, justamente, do segundo grupo. Aquele que causa um acidente após imprimir 
velocidade acima daquela de segurança da via, poderá responder pelo resultado danoso 
(ex.: morte do outro motorista. 
 
Como bem ensina Welzel, com a observância do cuidado objetivo (no 
caso, com a observância das regras de trânsito) desaparece o crime culposo. “Se se 
produz a lesão de um bem jurídico como consequência de uma ação desse tipo, trata-se 
de uma desgraça, mas não de um injusto”. 
 
O princípio que fundamenta os delitos culposos pode ser compreendido 
pelo antigo brocardo latino: Quidquid agis, prudenter agas et respice finem (Qualquer 
coisa que faças, faze-o com prudência e considere o resultado). 
 
 
16. Como alguém pode quebrar o dever de cuidado? 
a. Por Imprudência: é um fazer descuidado 
Exemplo: acelerar o veículo acima da velocidade permitida. 
 
b. Por negligência: é um não fazer descuidado; 
Exemplo: deixar de fazer a manutenção do veículo. 
 
c. Por Imperícia: é um não saber fazer (falta de habilidade técnica). 
 
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Exemplo: dirigir o veículo sem ter carteira de habilitação. 
 
 
 
 
17. Classificação de Culpa 
Observe uma coisa: o Direito Penal nunca punequalquer pessoa por 
resultados que ocorram extraordinariamente fora da possibilidade de previsão. Quero 
dizer que, se o resultado for imprevisível, o agente não se responsabiliza por ele. 
Muito bem. Se o resultado é previsível (leia-se, uma pessoa de mediana 
inteligência pode prever) pode ocorrer de o sujeito prever ou não esse resultado. Digo, 
pode prever ou não prever o previsível. 
Dentro desse raciocínio surgem dois tipos de culpa: a culpa consciente 
(com previsão) e a culpa inconsciente (sem previsão). 
Tenha calma e vamos lá! 
 
 
18. A culpa pode ser consciente ou inconsciente. 
a. Culpa Consciente (com previsão): é aquele que o sujeito prevê o 
resultado, mas acredita sinceramente que não ocorrerá. 
Lembro que quando eu era criança, meu pai me levou ao circo no dia do 
meu aniversário de sete anos. Uma das atrações do circo era o atirador de facas. O 
sujeito atirava as facas em direção a uma moça presa a uma roda em movimento. 
FORMAS DE 
CULPA 
IMPRUDÊNCIA NEGLIGÊNCIA IMPERÍCIA 
 
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Pense! O sujeito ao atirar facas em direção à moça não tinha intenção de 
matá-la, pelo menos é o que se espera. Ele até previu que um erro poderia ser trágico, 
mas acredita sinceramente que esse erro não ocorrerá, até porque ele treina esse 
número há anos. 
Ocorre que o pior acaba por acontecer, por erro no lançamento da faca, o 
atirador acerta o peito da moça, matando-a. 
Eis a culpa consciente! O sujeito acredita, sinceramente, que o resultado 
não ocorrerá, mas acaba causando esse resultado por imprudência, negligência ou 
imperícia. 
 
19. Qual a diferença entre DOLO EVENTUAL e CULPA CONSCIENTE? 
O DOLO EVENTUAL se aproxima da CULPA CONSCIENTE, porém com ela 
não se confunde, por que: (a) no DOLO EVENTUAL há conformação com o resultado 
(seja como for, dê no que dê, não deixo de agir); ao passo que (b) na CULPA CONSCIENTE 
não se conforma com o resultado e acredita não sua não ocorrência. (até pode 
acontecer, mas não acredito que aconteça). 
(CESPE - 2008 - TCU - Analista de Controle Externo ) Durante um 
espetáculo de circo, Andrey, que é atirador de facas, obteve a concordância de Nádia, 
que estava na platéia, em participar da sua apresentação. Na hipótese de Andrey, 
embora prevendo que poderia lesionar Nádia, mas acreditando sinceramente que tal 
resultado não viesse a ocorrer, atingir Nádia com uma das facas, ele terá agido com 
dolo eventual. 
Resposta: errado 
 
 
 
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b. Culpa Inconsciente (sem previsão): O sujeito não prevê um resultado 
que lhe seria previsível. Diga-se, não vê o resultado que poderia e deveria prever. 
( FCC - 2010 - TRE-AL - Analista Judiciário-adaptada ) Há culpa 
inconsciente quando, embora previsível o resultado, o agente não o prevê por 
descuido, desatenção ou desinteresse. 
Gabarito: correto. 
 
Imagine que o sujeito deixe seu filho de um ano de idade dentro do carro 
enquanto vai ao banco pagar contas. Ao fazer isso, o pai não pensou que algo de mal 
poderia ocorrer com seu filho. Mas, qualquer pessoa medianamente inteligente poderia 
ter previsto que tal ato é de extremo perigo ao infante. Assim, podemos dizer que a 
eventual morte da criança era algo PREVISÍVEL para qualquer pessoa normal. 
Enfim, o pai não previu algo que seria perfeitamente previsível. Por isso, 
deve responder pelo resultado. 
Ambas as formas de culpa (previsível e imprevisível) são equiparadas. 
Esse estudo é realizado, principalmente, para demonstrar a diferença entre culpa 
DOLO EVENTUAL X 
CULPA CONSCIENTE 
DOLO EVENTUAL É O 
DANE-SE! 
CULPA CONSCIENTE 
É O IH, DANOU! 
 
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consciente (culpa com previsão) e dolo eventual (o agente assume o risco de produzir o 
resultado). 
Então vamos lá mais uma vez. Qual a diferença entre DOLO EVENTUAL e 
CULPA CONSCIENTE? 
Dolo eventual – o agente vê o resultado como possível e aceita esse 
resultado; 
Culpa consciente – o agente vê o resultado como possível, mas acredita 
sinceramente que ele não ocorrerá. 
(CESPE_Analista Judiciário _Execução de Mandados_TJDFT_2008) Se o 
sujeito ativo do delito, ao praticar o crime, não quer diretamente o resultado, mas 
assume o risco de produzi-lo, o crime será culposo, na modalidade culpa consciente. 
Resposta: errado 
 
(CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS – TCE-ES_2009) A culpa 
consciente ocorre quando o agente assume ou aceita o risco de produzir o resultado. 
Nesse caso, o agente não quer o resultado, caso contrário, ter-se-ia um crime doloso. 
 
Resposta: errado. 
 
 
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20. A previsibilidade objetiva (possibilidade de previsão) 
Cuidado com uma coisa! Na culpa consciente existe previsão do 
resultado, enquanto na culpa inconsciente não existe essa previsão. Mas, PREVISÃO é 
diferente de PREVISIBILIDADE. 
Todo crime exige previsibilidade (a capacidade ou possibilidade de 
previsão). Se não há previsibilidade de ocorrer um crime não haverá culpa. 
Note que o agente pode PREVER ou não como possível o resultado. Se 
não previu o que era previsível, não houve PREVISÃO, mas ainda existe a previsibilidade 
(possibilidade de ter previsto). 
Hehe, confuso? Vamos lá então! 
O filho que, ao ouvir trovões, sai de casa sem proteção contra chuva pode 
ter incorrido nas seguintes hipóteses: 
CULPA = QUEBRA 
DO DEVER DE 
CUIDADO 
CULPA CONSCIENTE: 
CULPA COM 
PREVISÃO 
CULPA 
INCONSCIENTE: 
CULPA SEM 
PREVISÃO 
 
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 a) Saiu de casa PREVENDO que choveria, mas como o trajeto era curto, 
não se molharia. Ocorre que por negligenciar a capa acaba se molhando (molhou-se por 
culpa consciente). RESULTADO: VAI TOMAR UM PUXÃO DE ORELHA DA MAMÃE; 
b) Apesar de ter ouvido os trovões não previu a chuva, fato que poderia 
ser previsto por qualquer pessoa mentalmente normal. Ao sair de casa acaba se 
molhando (culpa inconsciente ou sem previsão) RESULTADO: VAI TOMAR UM PUXAO DE 
ORELHA DA MAMÃE. Observe que não houve PREVISÃO efetiva pelo sujeito, mas o fato 
lhe era previsível (houve previsibilidade). 
 
 
A previsibilidade objetiva toma como parâmetro o “homem médio”, ou 
seja, um indivíduo comum, de atenção, diligência e perspicácia normais à 
generalidade das pessoas. 
( CESPE - 2010 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz) No ordenamento jurídico 
brasileiro, de acordo com a doutrina majoritária, a ausência de previsibilidade 
subjetiva - a possibilidade de o agente, dadas suas condições peculiares, prever o 
resultado - exclui a culpa, uma vez que é seu elemento. 
PREVISÃO X 
PREVISIBILIDADE 
Previsibilidade: 
potencial para 
prever 
Previsão: a efetiva 
visualização do 
resultado futuro. 
Requer 
previsibilidade 
 
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 Página 35 
 
Resposta: errado. 
 
Veja um último exemplo sempre citado pelo sempre inspirador Professor 
Edson Smaniotto (Desembargador do TJDFT) em exemplo proferido em sala de aula em 
curso de pós-graduação em Direito Penal: 
"Um pai pediu para que seus dois filhos o auxiliasse na reparação da 
cisterna de sua chácara. Os dois filhos entraram na cisterna e sentaram-se em uma 
taboa improvisada para que enchessem o balde com os entulhos que entupiam a 
cisterna, puxando a corda como sinal para o pai suspender o balde quando este estava 
cheio. Em determinado momento, devido o sol ter mudado de posição, o interior da 
cisterna ficou muito escuro e os filhos reclamaram da falta de luminosidade ao pai. Este 
providenciou um holofote alimentado por um gerador de energia a diesel. Ligou oaparelho, que iluminou por completo a cisterna, com o cuidado de posicioná-lo de 
forma que a fumaça emitida tomasse direção oposta à mesma. Os garotos reiniciaram 
então a tarefa. O pai, percebendo a demora na emissão do sinal de balde cheio, 
resolveu olhar para o fundo do poço e percebeu os dois meninos deitados inertes na 
tábua. Estavam mortos. O laudo pericial constatou que devido à combustão incompleta 
do combustível, além da água e gás carbônico foi liberado um gás extremamente tóxico, 
o monóxido de carbono (CO). Como é um gás invisível e sem cheiro, não foi percebido e 
tomou conta do ambiente onde os garotos se encontravam. Uma quantidade 
equivalente a 0,4% no ar em volume é letal para o ser humano, em um tempo 
relativamente curto. Esse gás se combina com a hemoglobina do sangue e esta 
combinação é extremamente estável. Devido a esta combinação, os glóbulos vermelhos 
não podem transportar o oxigênio e o gás carbônico, e os tecidos deixam de receber o 
oxigênio. A morte dos garotos ocorreu por asfixia química. Para se ter uma ideia do 
potencial tóxico do gás, se um carro ficar ligado em uma garagem fechada de 4 m de 
comprimento, 4 m de largura e 2,5 m de altura, tendo, portanto, um volume de 40 000 
litros, à temperatura ambiente e a pressão ao nível do mar, durante aproximadamente 
 
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10 minutos, a quantidade de monóxido de carbono produzido já atingirá a quantidade 
letal." 
Percebe-se que tal morte não pode ser atribuída ao pai dos garotos, pois 
era absolutamente imprevisível o resultado trágico (faltou possibilidade potencial para 
previsão). 
Já vi nos noticiários várias vezes pessoas morrerem nos Estados Unidos 
durante o inverno, pois se trancam dentro dos veículos ligados enquanto acionam o ar 
quente. Como o gelo acaba por entupir o escapamento do veículo, o monóxido de 
carbono fica em seu interior, matando seus ocupantes. 
 
Últimas informações sobre o crime culposo 
21. Compensação e concorrência de culpas 
Compensação de culpas – não é admitida no direito penal. Exemplo: 
vítima atravessa fora da faixa e motorista não para, pois está em alta velocidade. O 
motorista responde pelo resultado, apesar de a vítima também ter sido imprudente. 
Lógico que o juiz vai considerar isso no momento do art. 59 do CPB ( dosimetria da 
pena). 
 (CESPE – Procurador de Vitória-ES – 2007) Suponha que o motorista de 
um veículo, por negligência, deixe de observar a má conservação do sistema de freios 
de seu carro e, ao trafegar em via pública, atropele e mate um pedestre que tenha 
cruzado a pista em local inadequado. Nessa situação, caso se comprove que o evento 
danoso tenha decorrido da falta de freios no veículo atropelador, responderá 
culposamente o seu condutor pela morte do pedestre, mesmo diante da imprudência 
da vítima. 
 
 
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LÚCIO VALENTE 
 
 Página 37 
 
Resposta: correto. 
 
CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS – TCE-ES_2009) A 
compensação de culpas no direito penal, aceita pela doutrina penal contemporânea e 
acolhida pela jurisprudência pátria, diz respeito à possibilidade de compensar a culpa 
da vítima com a culpa do agente da conduta delituosa, de modo a assegurar equilíbrio 
na relação penal estabelecida. 
 
Resposta: errado. 
 
 
22. Concorrência de culpas – é possível em direito penal. A 
compensação de culpas é incabível em matéria penal. Não se confunde com a 
concorrência de culpas. Suponha-se que dois veículos se choquem num cruzamento, 
produzindo ferimentos nos motoristas e provando-se que agiram culposamente. Trata-
se de concorrência de culpas; os dois respondem por crime de lesão corporal culposa. 
23. Excepcionalidade do crime culposo - Em respeito ao disposto no 
art. 18, inciso II, parágrafo único do Código Penal, salvo os casos expressos em lei, 
ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica 
dolosamente. 
(CESPE_Analista Judiciário _Execução de Mandados_TJDFT_2008) 
Excetuadas as exceções legais, o autor de fato previsto como crime só poderá ser 
punido se o praticar dolosamente. 
 
Resposta: correto. 
 
 
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 Página 38 
 
(CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) Excetuadas as exceções legais, 
o autor de fato previsto como crime só poderá ser punido se o praticar dolosamente. 
 
Resposta: correto. 
 
Trata-se do princípio da excepcionalidade do crime culposo, que 
determina que o crime culposo só seja punível se houver expressamente determinado 
pelo código penal, geralmente através de expressões como: “se o crime é culposo, “no 
caso de culpa”. 
Essa previsão não existe para o crime de aborto (arts. 124 a 127 do CPB), 
por exemplo. Por esse motivo, não se admite a figura do aborto culposo. 
24. Culpa mediata ou indireta: ocorre quando o agente pratica um 
fato secundário de forma culposa, como no exemplo em que José ameaça João com 
uma arma de fogo em via pública (resultado 1) e João, apavorado, atravessa a pista e 
acaba por ser atropelado e morto (resultado 2). 
25. Culpa imprópria ou culpa por extensão: o estudo da culpa 
imprópria deve ser feito na Teoria do Erro em aula específica. Contudo, adianto que 
ocorrerá a culpa imprópria quando o agente age com dolo, mas erra na análise de uma 
excludente de ilicitude (legítima defesa, por exemplo). A isso se dá o nome de 
excludente putativa (legítima defesa putativa, por exemplo). A palavra “putativa” 
significa “imaginária”. 
O exemplo seria daquele que ataca um inimigo por pensar, 
precipitadamente, que estava sendo atacado por este, mas na verdade era uma 
aproximação para pedido de desculpas. 
Veremos que a culpa imprópria é uma espécie de erro (de tipo ou de 
proibição, dependendo do caso). 
 
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 Página 39 
 
Vamos retornar ao assunto quando falarmos de erro de tipo. 
(CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS – TCE-ES_2009) A culpa 
imprópria ou culpa por extensão é aquela em que a vontade do sujeito dirige-se a um 
ou outro resultado, indiferentemente dos danos que cause à vítima. 
 
Resposta: errado. 
 
 
 
 
PEGANDO O FIO DA MEADA 
1. A CULPA É A QUEBRA DO CUIDADO POR IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA 
OU IMPERÍCIA; 
2. A CULPA CONSCIENTE OCORRE QUANDO HÁ PREVISÃO DO 
RESULTADO; 
3. A CULPA INCONSCIENTE OCORRE QUANDO O AGENTE NÃO PREVIU O 
QUE DEVERIA TER PREVISTO; 
NO CRIME 
CULPOSO 
NÃO CABE 
COMPENSAÇÃO DE 
CULPAS 
CABE 
CONCORRÊNCIA DE 
CULPAS 
SÓ HAVERÁ CRIME 
CULPOSO SE A LEI 
FOR EXPRESSA 
NESSE SENTIDO 
 
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4. O DOLO EVENTUAL É O “DANE-SE” E A CULPA CONSCIENTE É O “IH, 
DANOU-SE”! 
 
26. CRIME PRETERDOLOSO (CRIMES AGRAVADOS PELO RESULTADO) 
ESPÉCIES DE CRIMES AGRAVADOS PELO RESULTADO 
Pode ocorrer, em situações muito específicas, que a lei imponha lei mais 
severa na ocorrência de um determinado resultado. Note-se que é necessário esse 
resultado mais gravoso advenha de dolo ou culpa. 
Nos crimes agravados pelo resultado temos duas etapas a serem 
observadas: (a) o fato antecedente: causado por dolo ou culpa; (b) fato consequente: 
causado por dolo ou culpa. 
 
 
São quatro as possibilidades de crimes agravados pelo resultado: 
1º Dolo no antecedente e dolo no consequente (dolo + dolo) 
CRIME 
AGRAVADO PELO 
RESULTADO 
FATO 
ANTECEDENTE: 
CAUSADO POR 
DOLO OU CULPA 
 FATO 
CONSEQUENTE: 
CAUSADO POR 
DOLO OU CULPA 
 
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Fato antecedente: Desferir um soco (Art. 129 do CPB: Ofender a 
integridade corporal ou a saúde de outrem); 
Fato consequente: Deixar lesão permanente resultante daagressão (Art. 
129, § 2º, inciso IV, do CPB: “se resulta lesão permanente”. 
Responderá pela lesão dolosa qualificada pela lesão permanente. 
2º Culpa no antecedente e culpa no consequente (culpa + culpa) 
Fato antecedente: Causar incêndio culposo ( art. 250, § 2º) 
Fato consequente: Causar a morte de alguém devido ao incêndio culposo 
causado anteriormente (art. 258) 
Responderá por incêndio culposo qualificado pela morte culposa. 
3º Culpa no antecedente e dolo no conseqüente (crimes preterculposos) 
Fato antecedente: Atropelar alguém culposamente (Lesão Corporal 
Culposo no trânsito, art. 303 da Lei 9.503/97); 
Fato consequente: Deixar de prestar socorro à vítima atropelada ( Art. 
302, inciso III da Lei 9.503/97) 
Responde pela lesão culposa no trânsito agravada pela omissão de 
socorro. 
4º Dolo no antecedente e culpa no conseqüente (crime preterdoloso ou 
preterintencional) 
Fato antecedente: Desferir um soco em alguém com dolo de lesioná-lo 
(art. 129 do CPB) 
 
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 Página 42 
 
Fato consequente: Após o soco, a vítima se desequilibra e acaba por bater 
a cabeça no chão e morre de traumatismo craniano (art. 129,§ 3°: “Se resulta morte e as 
circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de 
produzi-lo. ) 
Responde por Lesão corporal seguida de morte. 
Bom, como se vê, o crime preterdoloso é apenas uma forma de crime 
agravado pelo resultado. 
CESPE – CONSULTOR LEGISLATIVO DO SENADO/2002) Diz-se que o crime 
é doloso, quando o agente quis o resultado; preterdoloso, quando, embora não 
querendo o resultado, o agente assumiu o risco de produzi-lo. 
Resposta: errado. 
 
 
CRIMES 
QUALIFICADOS 
PELOS RESULTADO 
DOLO+DOLO CULPA+CULPA 
CULPA+DOLO 
(PRETERCULPA) 
DOLO+CULPA 
(PRETERDOLO) 
 
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 Página 43 
 
BIZU DO VALENTE! 
TENTATIVA NO CRIME PRETERDOLO: não é possível, já que o resultado 
agravador não era desejado, e não se pode tentar produzir um evento que não era 
querido. 
Exceção: a doutrina tem admitido que no crime de aborto qualificado 
pela morte da gestante (art. 127 do CPB), caso o feto sobreviva ao procedimento 
abortivo, mas a mãe não, teríamos um caso de tentativa de crime preterdoloso. 
Voltarei ao assunto quando falarmos do crime de aborto. 
 
FATO TÍPICO – RESULTADO 
 
fato típico 
conduta 
RESULTADO 
nexo causal 
tipicidade 
ilicitude 
estado de 
necessidade 
legítima 
defesa 
estrito 
cumprimento 
do dever 
legal 
exercício 
regular do 
direito 
culpabilidade 
imputabilidade 
potencial 
consciência 
da ilicitude 
exigibilidade 
de conduta 
diversa 
 
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 Página 44 
 
 
Lembrando que estamos estudando o crime através de seus elementos. 
De acordo com a tabela que coloquei na segunda aula, o crime tem os seguintes 
elementos: Fato típico, ilicitude (ou antijuridicidade) e Culpabilidade. Já estudamos 
completamente a conduta, a qual pertence ao Fato típico. Vamos ao segundo elemento 
do Fato Típico, o Resultado. 
27. Resultado 
A conduta dolosa ou culposa pode levar a um resultado. Às vezes esse 
resultado é físico (perceptível pelos sentidos humanos), como a morte no homicídio. É o 
que a doutrina denomina de “resultado material”. Outras vezes esse resultado não 
existe no mundo físico, porém existe no mundo do direito. É o que os juristas titulam de 
“resultado jurídico ou formal”. 
 Imagine que você seja xingado por alguém. O resultado desse ato 
injurioso é ferimento de sua honra subjetiva. Isso não pode ser medido fisicamente. 
Ocorre que juridicamente (ou seja, para o Direito) houve um resultado relevante, apesar 
de não poder ser medido quão injuriado você foi. 
Basicamente, o crime pode ser classificado quanto ao resultado: 
 
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 Página 45 
 
 
28. Crimes Materiais 
O crime de resultado material é aquele em que o tipo penal (a lei) 
descreve um resultado físico (perceptível aos sentidos humanos), e sem esse resultado 
não há consumação do crime. 
Estava este professor ministrando aula em curso preparatório de Brasília 
em um dia de sexta-feira, isso por volta das 22 horas. Nesse momento, outro professor 
interrompe minha aula: 
- Valente, vem comigo aqui correndo ao estacionamento! 
-Poxa, amigo, eu não posso abandonar a turma assim! 
-Valente, o negócio é sério, meu! 
Percebendo a aflição do colega, resolvi descer para ver o que estava 
ocorrendo. Pense se a turma inteira não me seguiu de curiosidade! (hehe) 
Quando chegamos ao carro do professor, ele mostra o capô do veículo, 
onde havia riscos feitos a prego por uma ex-namorada. 
TIPOS DE RESULTADO 
CRIME DE RESULTADO 
MATERIAL 
CRIME DE RESULTADO 
FORMAL 
CRIME DE MERA 
CONDUTA 
 
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Bom, fora as questões particulares, houve sobre o carro do professor um 
crime praticado por sua ex-namorada. Você sabe dizer qual? 
Isso mesmo. Trata-se do crime de DANO, uma vez que ela danificou o 
veículo do tal professor. 
Veja o que diz o tipo penal: “Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia” 
(Dano, Art. 163 do CPB). 
O crime de dano é exemplo de crime material, pois o tipo penal exige o 
resultado físico para a consumação. 
Outros exemplos de crimes materiais: homicídio (art. 121); Infanticídio 
(art. 122); Aborto (Arts. 124 a 127); Furto (art. 155); Roubo (art. 157). 
O CRIME DE RESULTADO MATERIAL EXIGE UM RESULTADO FÍSICO PARA 
SUA CONSUMAÇÃO. 
29. Crimes Formais 
No crime formal (de consumação antecipada ou de resultado cortado) os 
tipos penais descrevem uma ação e um resultado material possível, mas não o exige 
para sua consumação. É o que o ocorre na extorsão mediante sequestro (Art. 159, CPB). 
O tipo descreve a seguinte ação: “Sequestrar pessoa com o fim de obter, 
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate”. 
Note que o agente sequestra pessoa com uma determinada finalidade – 
obter vantagem como condição ou preço do resgate -, mas não há necessidade que o 
criminoso, efetivamente, receba o resgate para que se faça consumado o crime em tela 
(resultado material). A extorsão mediante sequestro consuma-se com a privação da 
liberdade da vítima, independentemente da obtenção da vantagem pelo agente. Nesse 
 
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 Página 47 
 
caso, um possível resultado material, apesar de não influenciar na adequação típica, 
poderá influenciar o juiz na dosimetria da pena (aplicação da pena). 
Esses dias eu estava vendo no noticiário que um médico cirurgião de um 
hospital conveniado ao SUS estava exigindo dinheiro dos pacientes para realização da 
cirurgia. Caso o valor não fosse pago, o paciente perderia a vez na fila. A cirurgia já seria 
paga pelo SUS, mas mesmo assim médico faz a sórdida exigência. 
 
Veja o que diz a lei: Exigir, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, 
vantagem indevida (Concussão, art. 316 do CPB.) 
Vamos supor que o paciente (no caso, vítima do crime) negue-se a pagar 
o valor exigido e comunica o fato à polícia. Você como Delegado o indiciaria pela 
Concussão consumada ou tentada? 
O caso é de Concussão consumada, por se tratar de crime formal. 
Perceba que se o resultado material (naturalístico) ocorrer será mero exaurimento do 
crime, leia-se, não poderá ser considerado para aumentar a pena, a menos que seja 
descrito na lei como tal. 
(Magistratura – TJPI -2007 – adaptada) A consumação dos crimes 
formais ocorre com a prática da conduta descrita no núcleo do tipo, 
independentemente doresultado naturalístico, que, caso ocorra, será causa de 
aumento de pena. 
Resposta: errado 
 
 
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 Página 48 
 
30. Outros exemplos de crimes formais: 
“Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja 
notificação é compulsória” (Omissão de notificação de doença, art. 269 do CPB) 
Conduta: “deixar de realizar a notificação”. 
Resultado material possível, mas não exigido par a consumação: a 
efetiva contaminação ou epidemia. 
“Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou 
de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação 
possa produzir dano a outrem” (Divulgação de Segredo, art. 153 do CPB). 
Conduta: “divulgar o segredo”. 
Resultado material possível, mas não exigido par a consumação: o 
efetivo dano a terceira pessoa. 
Crimes de Mera Conduta 
Os crimes de mera conduta não descrevem a possibilidade de um 
resultado naturalístico, como no crime de Violação de domicílio (art. 150). 
Um sujeito faz um churrasco em sua casa e convida Dicró. 
Dicró era um cara bacana, mas quando bebia ficava um tanto 
inconveniente. Após algumas horas, Dicró começa a paquerar as moças presentes, o que 
desagradou seus respectivos companheiros. 
O dono da festa determina que Dicró saia de sua casa imediatamente. 
 
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Dicró se nega a sair e deita no chão. 
Veja o que diz a lei: 
“Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a 
vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas 
dependências.” (Violação de Domicílio, art. 150 do CPB.) 
Conduta: “entrar ou permanecer”. 
Resultado material possível: não existe. 
Formas especiais de consumação 
Crimes instantâneos ou de estado: são aqueles em que a consumação 
ocorre em um único momento determinado, sem se prolongar no tempo (ex.: CP, art. 
121). 
Crimes Permanentes: são aqueles em que a consumação se protrai no 
tempo, por vontade do agente (ex.: CP, art. 158). Divide-se em: 
a) necessariamente permanentes: o tipo penal exige, necessariamente, 
que a consumação típica se alongue no tempo, como no sequestro (CP, art. 148). 
b) eventualmente permanentes: são crimes instantâneos que admite 
determinada forma de consumação permamente, como no furto de energia elétrica (CP, 
art. 155, § 3º). 
Crimes instantâneos de efeitos permanentes: o crime é de consumação 
instantânea, mas os efeitos do crime costumam perdurar indeterminadamente, como 
no homicídio (CP, art. 121). 
 
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Crimes a prazo: são aqueles em que o tipo penal exige a fluência de 
determinado tempo para, somente após, considerar o fato típico, como ocorre na 
apropriação indébita previdenciária (“Deixar de repassar à previdência social as 
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo é forma legal ou convencional”, CP, 
art. 168-A). 
 PEGANDO O FIO DA MEADA 
1. TODO CONDUTA CAUSA UM RESULTADO; 
2. O RESULTADO PODE SER FÍSICO (MATERIAL). NESTE CASO, TEMOS OS 
CRIMES MATERIAIS; 
3. O RESULTADO PODE SER APENAS JURÍDICO (FORMAL). NESTE CASO 
TEMOS OS CRIMES FORMAIS E DE MERA CONDUTA; 
4. NOS CRIMES FORMAIS, A LEI DESCREVE UM RESULTADO MATERIAL 
POSSÍVEL, MAS NÃO O EXIGE PARA A CONSUMAÇÃO; 
5. OS CRIMES DE MERA CONDUTA (OU MERA ATIVIDADE), NÃO EXISTE 
UM RESULTADO MATERIAL POSSÍVEL. A CONDUTA JÁ É O RESULTADO; 
 
 
 
 
QUESTÕES COMENTADAS 
 
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1. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) Excetuadas as exceções 
legais, o autor de fato previsto como crime só poderá ser punido se o praticar 
dolosamente. 
Comentário: Trata-se do princípio da excepcionalidade do crime culposo. 
Só haverá a possibilidade de punição por culpa se a lei expressamente trouxer isso por 
escrito. Exemplo: No homicídio é possível o crime culposo, porque o art. 121 do Código 
Penal traz a hipótese em seu parágrafo terceiro: 
 Homicídio simples 
 Art. 121. Matar alguém: 
 Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 (...) 
 Homicídio culposo 
 § 3º Se o homicídio é culposo: 
 Pena - detenção, de um a três anos. 
Perceba que não existe furto culposo, por exemplo, porquanto o Código 
Penal não previu essa hipótese. 
GABARITO: CERTO 
 
2. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) Julgue os itens a seguir, 
concernentes às espécies de dolo: 
No crime de falsificação de documento público o dolo é específico. 
 
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Comentário: O dolo específico ocorre quando o tipo penal traz uma 
finalidade específica para que ocorra o crime. Exemplo: Constranger alguém, mediante 
violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida 
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa 
(Extorsão, art. 158 do Código Penal). 
O crime de Extorsão acima exige o “dolo específico” para que ele ocorra, 
qual seja o intuito de obter a indevida vantagem econômica. 
Quanto ao crime de falsificação de documento, vejamos o que diz a lei: 
Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público 
verdadeiro (art. 297 do CPB). 
Como se vê, não existe dolo específico nesse crime. 
GABARITO: ERRADO 
 
 
3. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) Para a configuração do 
crime de peculato-desvio, é necessária a presença do dolo genérico e do dolo específico. 
Comentário: O Peculato é um crime contra a Administração Pública 
previsto nos arts. 312 do Código Penal. 
“Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro 
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, 
em proveito próprio ou alheio” 
No peculato desvio a conduta consiste em desencaminhar, mudar o 
destino do valor público ou particular, de que tem a posse em razão da função pública. 
Exemplo: a merendeira desvia os mantimentos que são destinados para a escola para a 
casa de um amigo, em seu proveito. Ou o Deputado Federal que tem um assessor lotado 
em seu gabinete e o desvia para ser jardineiro de sua casa. 
 
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No peculato desvio exige-se o dolo específico de agir visando proveito 
próprio ou alheio. 
GABARITO: CERTO 
 
4. (CESPE_JUIZ FEDERAL 2ª REGIÃO_2009) Nos crimes culposos, o tipo 
penal é aberto, o que decorre da impossibilidade do legislador de antever todas as 
formas de realização culposa; assim, o legislador prevê apenas genericamente a 
ocorrência da culpa, sem defini-la, e, no caso concreto, o aplicador deve comparar o 
comportamento do sujeito ativo com o que uma pessoa de prudência normal teria, na 
mesma situação. 
Comentário: O injusto penal culposo é uma modalidade dos TIPOS 
PENAIS ABERTOS, pois exige para sua interpretação o exame de elementos exteriores ao 
tipo para aferir sua adequação à conduta. Quero dizer, a lei não estabeleceu o que é 
imprudência, negligência ou imperícia. Então, deve haver um juízo de valor para que se 
chegue aos conceitos necessários. 
Exemplo: No crime de ato obsceno, art. 233 do CPB, a norma diz: 
“Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público”. Pois muito 
bem, para se chegar ao conceito de “ato obsceno”, devemos lançar um juízo de valor 
sobre o termo. 
Beijar na boca em público é ato obsceno? Fazer sexo em uma encenação 
de teatro é ato obsceno? Depende do juízo de valor que se fizer. 
Em uma cidade do interior, um casal de namorados foi preso por estarem 
se beijando em frente à igreja. 
Será que eles teriam sido presos se tivessem em um shoppingde uma 
grande cidade? 
Viu, juízo de valor! 
 
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GABARITO: CERTO 
 
5. (CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS – TCE-ES_2009) A culpa 
consciente ocorre quando o agente assume ou aceita o risco de produzir o resultado. 
Nesse caso, o agente não quer o resultado, caso contrário, ter-se-ia um crime doloso. 
Comentário: Quando o agente assume o risco de produzir o resultado, 
esta cometendo um crime com dolo eventual. A culpa consciente é culpa com previsão. 
GABARITO: ERRADO 
 
6. CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS – TCE-ES_2009) A culpa 
imprópria ou culpa por extensão é aquela em que a vontade do sujeito dirige-se a um ou 
outro resultado, indiferentemente dos danos que cause à vítima. 
 
Comentário: 
O exemplo é de dolo alternativo, quando o agente quer um ou outro 
resultado (quero matar ou ferir). 
Culpa imprópria é aquela que reside (ocorre) no erro fático sobre as 
descriminantes putativas (putativo = falso, imaginário). Erro que recai no erro de tipo 
sobre as justificantes putativas (erro de tipo na cabeça é uma coisa e na realidade é 
outro). São casos de culpa imprópria as hipóteses previstas no art. 20, § 1º, 2ª parte (“... 
o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”), e art. 23, parágrafo 
único, parte final do Código Penal ( “... responderá pelo excesso doloso e culposo”). A 
culpa imprópria será mais bem estudada na aula sobre a TEORIA DO ERRO. 
GABARITO: ERRADO. 
 
 
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 Página 55 
 
7. (CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS – TCE-ES_2009) A 
compensação de culpas no direito penal, aceita pela doutrina penal contemporânea e 
acolhida pela jurisprudência pátria, diz respeito à possibilidade de compensar a culpa da 
vítima com a culpa do agente da conduta delituosa, de modo a assegurar equilíbrio na 
relação penal estabelecida. 
 
Comentário: compensação de culpas – não é admitida no direito penal. 
Exemplo: vítima atravessa fora da faixa e motorista não pára, pois está em alta 
velocidade. O motorista responde pelo resultado. GABARITO: ERRADO 
8. (CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS – TCE-ES_2009) A autoria 
dos crimes culposos é basicamente atribuída àquele que causou o resultado. Com isso 
admite-se a participação culposa em delito doloso, participação dolosa em crime 
culposo e participação culposa em fato típico culposo. 
Comentário: Coautoria em crime culposo – a jurisprudência admite, mas 
não admite participação. Obs. Existe aqui uma grande confusão na doutrina e 
jurisprudência, mas a posição do STJ é nesse sentido explicado. 
APENAS MEMORIZE: CRIME CULPOSO – NÃO ADMITE PARTICIPAÇÃO, SÓ 
COAUTORIA. 
Não se preocupe, veremos a diferença entre coautoria e participação na 
aula sobre Concurso de Pessoas. 
GABARITO: ERRADO 
 
9 - ( FAE - 2008 - TJ-PR - Juiz Substituto) George Shub, conhecido 
terrorista, pretendendo matar o Presidente da República de Quiare, planta uma bomba 
no veículo em que ele sabe que o político é levado por um motorista e dois seguranças 
até uma inauguração de uma obra. A bomba é por ele detonada à distância, durante o 
 
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trajeto, provocando a morte de todos os ocupantes do veículo. Com relação à morte do 
motorista, George Shub agiu com: 
a) Dolo direto de primeiro grau 
b) Dolo direto de segundo grau 
c) Dolo eventual 
d) Imprudência consciente 
Comentário: Vimos que o dolo direto pode ser classificado como (a) dolo 
direto de primeiro grau – refere-se à finalidade; (b) dolo direto de segundo grau – 
refere-se aos meios necessários. 
Desta forma, George agiu como dolo direto de primeiro grau em relação 
ao presidente da República do Quiare; e como dolo direto de segundo grau em relação 
ao outros mortos, incluindo o motorista. 
GABARITO: Letra “b” 
10. (CESPE - 2008 - TCU - Analista de Controle Externo ) Durante um 
espetáculo de circo, Andrey, que é atirador de facas, obteve a concordância de Nádia, 
que estava na platéia, em participar da sua apresentação. Na hipótese de Andrey, 
embora prevendo que poderia lesionar Nádia, mas acreditando sinceramente que tal 
resultado não viesse a ocorrer, atingir Nádia com uma das facas, ele terá agido com dolo 
eventual. 
Comentário: Vimos que na culpa consciente o agente prevê o resultado 
como possível, mas acredita sinceramente que esse não irá ocorrer. Andrey, ao acertar 
Nádia, fala para si próprio: “Hi! Danou-se!”. 
Culpa consciente, portanto. 
 
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GABARITO: ERRADO 
 
11. (Magistratura – TJPI -2007 – adaptada) A consumação dos crimes 
formais ocorre com a prática da conduta descrita no núcleo do tipo, 
independentemente do resultado naturalístico, que, caso ocorra, será causa de 
aumento de pena. 
Comentário: De fato, a consumação dos crimes formais é antecipada para 
a conduta, mesmo sendo possível a realização de um resultado físico. Caso este último 
ocorra, teremos um mero exaurimento do crime, leia-se, um pós- crime impunível. 
GABARITO: ERRADO 
12. (Analista – MPU – 2007) João, dirigindo um automóvel, com pressa 
de chegar ao seu destino, avançou com o veículo contra uma multidão, consciente do 
risco de ocasionar a morte de um ou mais pedestres, mas sem se importar com essa 
possibilidade, João agiu com 
a) culpa 
b) dolo indireto 
c) culpa consciente 
d) dolo eventual 
Comentário: João viu o resultado como possível, mas disse a si mesmo: 
“para mim tanto faz” (dane-se!). Trata-se de hipótese de dolo eventual. 
GABARITO: Letra “d” 
13. (CESPE – Procurador de Vitória-ES – 2007) Suponha que o motorista 
de um veículo, por negligência, deixe de observar a má conservação do sistema de freios 
de seu carro e, ao trafegar em via pública, atropele e mate um pedestre que tenha 
cruzado a pista em local inadequado. Nessa situação, caso se comprove que o evento 
 
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danoso tenha decorrido da falta de freios no veículo atropelador, responderá 
culposamente o seu condutor pela morte do pedestre, mesmo diante da imprudência da 
vítima. 
Comentários: No direito penal brasileiro não se admite a compensação 
de culpas, quer dizer, a culpa do autor ser compensada pela culpa da vítima. O que pode 
ocorrer é culpa exclusiva da vítima, o que afasta a responsabilidade do autor. 
GABARITO: CORRETO 
 
14.( NCE-UFRJ - 2005 - PC-DF - Delegado de Polícia; ) 
Segundo a redação do artigo 18, I, do Código Penal ("Diz-se o crime: I - 
doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo"), é possível 
concluir que foi adotada: 
a) a teoria do assentimento; 
b) a teoria da representação; 
c) as teorias do assentimento e da representação; 
d) as teorias do assentimento e da vontade; 
e) as teorias da representação e da vontade. 
Comentário: O conceito de dolo pode ser variável conforme a teoria que 
se adote para conceituá-lo. Podem-se citar as seguintes teorias existentes na doutrina: 
a) Teoria da Vontade: O agente deve ter vontade e consciência para 
causar o resultado final. “Quero matá-lo!”. 
 
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b) Teoria do Consentimento, assentimento ou aprovação: O agente 
aceita a possibilidade da ocorrência do resultado. “Não quero matar, mas se morrer 
dane-se, não é por isso que vou deixar de agir!” 
c) Teoria da Representação: há previsibilidade (capacidade de previsão) 
da ocorrência do resultado, mas o agente acredita que ele não ocorrerá. Exemplo seria o 
médico que, sabendo das dificuldades de determinado procedimento cirúrgico, resolve 
realizá-lo, acreditando que o resultado pior

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