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TEÓRICO LEGISLAÇÃO E NORMAS TÉCNICAS PÓS EAD CRUZEIRO DO SUL

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Legislação e 
Normas Técnicas
O Ordenamento Jurídico Brasileiro e a Saúde do Trabalhador
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Sandra Regina Cavalcante
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Direito: Noções Terminológicas;
• Normas: Hierarquia e Tipos Legais;
• Jurisprudência: importante Fonte do Direito;
• O Poder Judiciário;
• Saúde do Trabalhador: Contextualização e Desafios.
Fonte: iStock/Getty Im
ages
Objetivos
• Apresentar visão geral e integrada sobre o sistema jurídico e a estrutura institucional 
existente no país para a área da Saúde do Trabalhador, que abrange o especialista em 
Engenharia de Segurança do Trabalho.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material 
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você 
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns 
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões 
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e 
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de 
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de 
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de 
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
O Ordenamento Jurídico Brasileiro 
e a Saúde do Trabalhador
UNIDADE 
O Ordenamento Jurídico Brasileiro e a Saúde do Trabalhador
Contextualização 
O Direito é um conjunto de institutos criados pelo homem para viabilizar o convívio so-
cial em relativa paz e segurança, dando condições de previsibilidade nas relações humanas. 
Mas ele é um “canteiro de obras” repleto de dissenso e em constante construção. Ao re-
gular as relações humanas por meio de regras e limitações no interesse do bem comum, 
o Direito cria condições para transformar materialmente o mundo. E essa transformação 
pressupõe, necessariamente, a presença do trabalho humano.
O trabalho, por sua vez, ocupa papel central na existência humana. As palavras usadas 
cotidianamente ao se referir à atividade profissional do indivíduo deixam evidente tal relevân-
cia: “O que você vai ser quando crescer?”, “O que você faz na vida?”. O trabalho é um ele-
mento essencial na constituição da saúde, da identidade e, para a maior parte das pessoas, 
o principal elo entre os indivíduos e a sociedade. Trabalhar significa pensar, agir, conviver, 
construir-se a si próprio e confrontarse perante o mundo. O trabalho é um dos espaços 
da vida determinantes na construção e na desconstrução da saúde (ASSUNÇÃO e LIMA, 
2003). Esse contínuo confronto identitário gera um sofrimento que não necessariamente 
será patológico, pois, a depender das condições que o trabalhador tem de superá-lo, poderá 
ser fator de crescimento e de desenvolvimento psíquico (SZNELWAR et al., 2015).
O Brasil, chamado na década de 1970 de campeão mundial em acidentes de 
trabalho, adotou desde então alterações legislativas, punições mais severas e outras 
medidas para melhorar a segurança e qualidade de vida nos locais de trabalho; o país 
apresentou progressos, mas ainda está longe de uma situação aceitável (OLIVEIRA, 
2014; ALMEIDA e VILELA, 2010; MELO, 2006). Apesar da estrutura institucional 
e normativa criada, grande número de trabalhadores continua encontrando doença e 
morte quando vai à busca do “ganhar a vida” (OLIVEIRA, 2014).
Uma das medidas trazidas pela legislação visando reduzir o número de acidentes e doenças 
ocupacionais foi a obrigatoriedade das empresas possuírem um Serviço Especializado em 
Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), que é previsto no artigo 162 
da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e na Norma Regulamentadora 4(NR4).
O especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho precisa, para desempenhar 
a contento sua função de prevenir os riscos nas atividades de trabalho, conhecer as 
normas técnicas aplicáveis nas mais diversas situações. Contudo, para ser um profissional 
de referência que sabe se articular com os diversos setores da empresa (técnico, jurídico, 
administrativo), bem como com os órgãos públicos e privados envolvidos neste segmento 
da Saúde e Segurança do Trabalho, é preciso ir além. E deve passar pela compreensão da 
importância da responsabilidade técnica e compromisso assumido quando se desenvolve 
a atividade de Engenheiro de Segurança do Trabalho. 
As normas estão inseridas em um conjunto legislativo que implica na forma como será 
interpretada cada linha da especificação técnica; é impossível entender as entrelinhas do 
conjunto de normas aplicáveis a uma situação sem conhecer os princípios que regem 
o ordenamento jurídico. E já que a lei não dá conta de prever todas as situações reais 
possíveis, é essencial ter essa formação acerca do sistema jurídico e estrutura institucional 
existente no país, que norteará o profissional para se posicionar diante das instituições 
existentes e embasará suas decisões diante da grande responsabilidade de zelar pela 
saúde e integridade física do trabalhador.
6
7
Direito: Noções Terminológicas
Justiça, direito e lei são conceitos que se entrelaçam, a tal ponto de serem considerados 
uma só coisa pelo senso comum. Contudo, nem sempre possuem o mesmo significado 
e podem até mesmo entrar em colisão. 
Eleita como a palavra do ano em 20181, Justiça é um conceito abstrato que se refere 
ao estado ideal e almejado de interação social equilibrada. Embora signifique condição 
do que é equitativo ou moralmente correto, o termo também é utilizado para se referir 
ao próprio Poder Judicial.
A deusa grega Têmis (Themis) está representada na escultura  “A Justiça”, de Alfredo 
Ceschiatti, localizada em Brasília, na frente do Supremo Tribunal Federal (STF). A obra 
segue a tradição de mostrar a “deusa da justiça” com os olhos vendados, para sinalizar 
a sua imparcialidade, e com espada, que simboliza a força de que dispõe para impor o 
direito. Muitas representações possuem também uma balança, que simboliza a necessária 
ponderação dos interesses das partes em conflito. 
Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images
O direito é um fenômeno de regulação social que tem como objetivo atingir o estado 
de equilíbrio da justiça, muito embora nem sempre o alcance. O direito permeia todas 
as relações sociais e a vida do indivíduo, do nascer ao morrer, desde uma corrida de táxi 
até a punição por um crime. Ele possui várias fontes que lhe dão alicerce e direção, e a 
principal delas é a lei (ao lado dos costumes, jurisprudência, doutrina, analogia, princípios 
e equidade). Assim, quando um juiz decide ou um advogado requer algo em juízo, será 
preciso fundamentar tal argumentação em uma ou várias dessas fontes do Direito, que 
se dá principalmente na aplicação da legislação em vigor para aquele assunto.
O Princípio da Legalidade pode simplificar a compreensão do papel exercido pela 
lei na sociedade humana. Previsto na Constituição da República Federativa do Brasil de 
1988 (CRFB/88, artigo 5º, inciso II), declara que “ninguém será obrigado a fazer ou 
1 O dicionário da editora Merriam-Webster’s, nos Estados Unidos, elegeu “justiça” como a palavra do ano 2018. 
De acordo com a editora, ela esteve no topo das pesquisas neste ano e foi consultada 74% vezes a mais que em 
2017. Disponível em: <https://goo.gl/YthHfY>. Acesso em 17/12/2018.
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UNIDADE 
O Ordenamento Jurídico Brasileiro e a Saúde do Trabalhador
deixar alguma coisa senão em virtude de lei”. Dessa forma, temos que, se algo não está 
descrito na lei comoproibido, ninguém poderá exigir que esse algo não seja feito. 
Vale destacar que a aplicação desse princípio difere quando se trata da Administração 
Pública: enquanto o indivíduo pode fazer tudo o que a lei não proíbe, o administrador 
público deve fazer tudo o que a lei autoriza. Ou seja, dentro da Administração Pública 
a legalidade restringe a atuação naquilo que é permitido por lei, de acordo com os 
interesses públicos. Já no âmbito privado, o cidadão pode fazer tudo o que a lei não 
previu como proibido.
A interpretação da lei se dá por alguns caminhos, a mais adotada é a sistemática 
porque considera todo o arcabouço legal sob o qual a regra se insere e está subordinada. 
Chama-se hermenêutica jurídica a técnica de interpretação aprendida nas faculdades de 
direito que consiste em um percurso racional e sistemático, dentro da ordem jurídica, 
para responder a determinado caso. 
Normas: Hierarquia e Tipos Legais
Ordenamento jurídico é o nome que se dá ao conjunto hierarquizado de normas 
que disciplinam coercitivamente as condutas humanas, com a finalidade de buscar 
harmonia e a paz social. Nesse sistema, a constituição tem papel de preponderância, 
ou seja, todas as demais normas precisam conter regras compatíveis com aquelas 
presentes na constituição.
Inicialmente, é preciso esclarecer que o termo “norma” tem um significado genéri-
co, sendo utilizado em sentido amplo para se referir a qualquer espécie legislativa ou 
ato normativo com cunho regulamentar. A figura 2 a seguir indica que o nível superior 
precisa ser respeitado em todos os seus preceitos pela norma inferior, caso contrário, 
haverá colisão de normas. Nessa situação, a norma hierarquicamente superior deve ser 
respeitada. Por exemplo, os contratos e sentenças fazem lei entre as partes, mas não 
podem desrespeitar as portarias, leis, tratados e constituição no que for aplicável àquele 
tema, sob risco de anulação do contrato ou reforma da sentença.
Observe que algumas nomenclaturas utilizadas geram dúvidas. Por exemplo, a maio-
ria da matéria relativa à Saúde e Segurança do Trabalho (SST) é tratada por Normas 
Regulamentadoras (NR) emitidas pelo Ministério do Trabalho. Contudo, as NRs recebem 
tal denominação, mas são criadas por portarias. 
No que se refere à lei, o termo ordinário significa comum e, assim, essa é a mais 
usual espécie de lei no ordenamento jurídico, pois possui um trâmite de aprovação 
mais simples que os demais tipos legais. Há outras modalidades de lei, como a lei 
complementar, contudo, quando se usa a nomenclatura “lei” o que se lê nas entrelinhas 
é que está se falando de um produto do processo legislativo, ou seja, um ato normativo 
de competência do Poder Legislativo.
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Enquanto as leis têm como fonte de inspiração a Constituição Federal e criam, mo-
dificam, ou extinguem direitos, o decreto tem como finalidade regulamentar uma lei, 
portanto, não podem inovar o mundo jurídico. O decreto regulamentar é um ato admi-
nistrativo e sua emissão é de competência do chefe do Poder Executivo, sem votação e 
discussão no Poder Legislativo. Um bom exemplo é o que ocorre na legislação previden-
ciária, com a Lei 8.213/91 que dispôs sobre os Planos de Benefícios da Previdência So-
cial, mas de forma genérica e abstrata, tendo sido publicado posteriormente o Decreto 
3.048/99, que detalha como será operacionalizada a Previdência Social, esmiuçando 
pormenores para a fiel execução da lei, mas sem inovações do que já fora previsto na 
Lei 8.213/91.
As portarias, por sua vez, são atos administrativos emitidos pelos chefes dos órgãos 
públicos e têm como objetivo disciplinar o funcionamento da Administração Pública e a 
conduta de seus agentes. Elas precisam respeitar o que consta nas leis, nos decretos e, 
obviamente, na constituição.
CRFB e
Emendas
Sentenças
e Contratos
Portarias
e Resoluções
Medidas Provisórias
e Decretos
Leis Ordinárias
e Leis Delegadas
Lei Complementar
Tratados
Internacionais*
*Se tratado internacional sobre direitos humanos ou aprovado
em rito especial no Congresso Nacional, terá mesmo status
de norma constitucional.
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Figura 2 – Hierarquia das normas
*Se tratado internacional sobre direitos humanos ou aprovado em rito especial no 
Congresso Nacional, terá mesmo status de norma constitucional.
Embora a Figura 2 represente essencialmente a hierarquia de normas federais (com a 
Constituição Federal no topo), vale destacar que o mesmo se aplica para normas estadu-
ais e municipais. Assim, cada estado possui sua Constituição Estadual que também pre-
cisa ser respeitada em todos os termos pelas leis criadas pelas Assembleias Legislativas 
daquele estado. As Câmaras Municipais, por sua vez, representam o Poder Legislativo 
do município e precisam observar a Lei Orgânica daquela cidade em cada norma que for 
debatida e criada. A divisão dos assuntos que serão legislados na esfera federal, estadual 
ou municipal, bem como a organização político-administrativa do Estado brasileiro, é 
feita pela CRFB/88 (artigos 18 a 33).
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UNIDADE 
O Ordenamento Jurídico Brasileiro e a Saúde do Trabalhador
Jurisprudência: Importante Fonte do Direito
O termo “jurisprudência” significa “sabedoria dos tribunais”. Trata-se do conjunto de 
decisões judiciais proferidas sobre determinada matéria. As decisões reiteradas do judiciário 
são utilizadas como fonte do direito, no sentido de serem matéria-prima da qual nasce o 
direito. Isso ocorre porque, embora o ordenamento jurídico disponha de leis tratando dos 
mais variados assuntos, persistem lacunas, já que é muito difícil prever todas as situações que 
podem acontecer na prática. Em outros casos, a redação da norma dá margem a mais de 
uma interpretação, ou podem ocorrer conflitos de normas. Nessas situações, cabe ao juiz 
dar a solução ao caso concreto, tomando uma decisão fundamentada no sistema jurídico 
existente, e com frequência outros julgamentos são utilizados de parâmetros para decidir.
Quando uma jurisprudência se consolida, é comum a edição de súmulas, que são 
enunciados afirmando a regra originada a partir da aplicação da legislação, decisões 
anteriores e demais fontes do direito segundo a interpretação daquele tribunal. Assim, é 
muito importante conhecer as súmulas e jurisprudência dos tribunais, pois sinaliza como 
a lei vem sendo aplicada aos casos concretos.
Você pode acessar todas as Súmulas do Tribunal Superior do Trabalho (TST) no site: 
https://goo.gl/sI3iS. Para conhecer a jurisprudência do TST sobre determinado assunto, 
acesse o link: https://goo.gl/1Jk9zl.
A súmula é, no contexto jurídico, uma interpretação jurisprudencial sem efeito de vínculo, 
visando auxiliar outros tribunais na interpretação de casos semelhantes aos que ela aborda. 
Contudo, desde 2004, existe no país a previsão da Súmula Vinculante, que obriga os demais 
tribunais a seguirem a decisão do STF; ela foi criada justamente para reduzir a sobrecarga da 
nossa corte máxima, que recebia todos os anos centenas de recursos para casos aos quais já 
dera parecer. Até 2018, foram editadas 56 súmulas vinculantes pelo STF. 
Cabe ainda mais uma explicação envolvendo a jurisprudência. Em alguns países de tradição 
inglesa, como os EUA, o Direito tem como principal fonte as decisões judiciais. É o sistema 
conhecido como “Common Law”, sendo chamadas de “precedentes” as decisões anteriores 
sobre o mesmo caso, semelhantes às nossas súmulas. Você provavelmente já ouviu falar que 
a constituição americana tem apenas 7 artigos e 27 emendas. Ela é a mais curta constituição 
em vigor no mundo, mas faz toda a diferença lembrar que na estrutura jurídica daquele país 
as principais regras são construídas pela jurisprudência e não pelo processo legislativo, como 
ocorre no Brasil e na maior parte dos países (sistema conhecido como “Civil Law”).
O Poder Judiciário
O Estado brasileiro é formado por três poderes, cuja estrutura e separação de compe-
tências se encontram na CRFB/88. O Poder Judiciário, regulado nos artigos 92 a 126,possui vários órgãos que estão divididos por área de atuação: Justiça Comum (tanto es-
tadual quanto federal) e as especializadas Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral e Justiça 
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Militar. Por exclusão, as matérias que não são de competência da Justiça Federal ou de 
qualquer outra justiça especializada são de competência da Justiça Comum estadual. 
Figura 3 – Organograma do Poder Judiciário do Brasil
Fonte: Conselho Nacional de Justiça
Os órgãos do Poder Judiciário estão hierarquicamente apresentados na figura acima, 
de autoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), criado em 2005 com a função de tornar 
o Poder Judiciário do país mais eficiente, transparente e célere, por meio do controle 
administrativo e financeiro (ARCURI, 2015). Para você ter uma noção da magnitude do 
Poder Judiciário do Brasil, saiba que se submetem ao controle do CNJ os 90 tribunais 
brasileiros e seus 18.168 magistrados (CNJ, 2018), assim divididos: 4 tribunais superiores 
(STJ, TST, STM e TSE), 5 TRFs, 24 TRTs, 27 TREs, 3 TJMs e 27 TJs.
A função típica do Poder Judiciário é a jurisdicional, ou seja, dizer com quem está 
o direito, resolver os conflitos de interesses em cada caso concreto, por meio de um 
processo judicial. Como regra, os processos se originam nas varas, julgados por juiz 
singular (apenas um magistrado) e podem ser levados, por meio de recursos, para a 
segunda instância (tribunais regionais ou tribunais superiores), de tal forma que a decisão 
anteriormente proferida será revisada por órgão colegiado (grupo de juízes) que poderá 
manter ou alterar a sentença ou acórdão.
Sentenças são as decisões prolatadas nas varas (juízo de primeiro grau), enquanto 
os acórdãos são prolatados por órgãos colegiados superiores, ou seja, pelos tribunais 
(juízo de 2º ou 3º graus). O termo ‘decisão judicial’ costuma ser usado tanto para 
sentenças quanto para acórdãos. 
11
UNIDADE 
O Ordenamento Jurídico Brasileiro e a Saúde do Trabalhador
O STF é o órgão máximo do Judiciário brasileiro. Sua principal função é zelar pelo 
cumprimento da Constituição e dar a palavra final nas questões que envolvam normas 
constitucionais. As ações podem chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), em grau 
de recurso extraordinário, desde que se tenha ofendido matéria constitucional. O STF 
é composto por 11 ministros indicados pelo Presidente da República e nomeados por 
ele após aprovação pelo Senado Federal. Assim como no STF, os juízes dos outros 
tribunais superiores também são chamados de ministros e cuidam da uniformização 
(padronização) da jurisprudência. No STJ, os 33 ministros, também nomeados pelo 
Presidente da República após aprovação do Senado e escolhidos a partir de uma lista 
tríplice elaborada pelo próprio STJ, têm como responsabilidade manter a interpretação 
uniforme da legislação de competência das justiças estaduais, revisando as decisões dos 
Tribunais de Justiça do país. O mesmo ocorre com o TST e seus 27 ministros com 
relação às decisões dos TRTs. 
Existe a instância que julga (primeira) e aquela que revisa (segunda). Engano presente no 
senso comum, não existe “3ª instância”, mas sim 3º grau ou nível, já que os juízos são de 
1º grau, 2º grau e grau superior (STF, STJ, TST, STM e TSE são tribunais de grau superior). Já 
as instâncias são móveis e dependem da lide; casos que devem ser propostos diretamente 
para os tribunais regionais, terão sua apreciação em 2ª instância nos tribunais superiores; 
caso contrário, a 2ª instância será apreciada no tribunal regional, seja do trabalho, federal 
ou de justiça. 
Compete à Justiça Federal processar e julgar as questões que envolvem, como autoras 
ou rés, a União Federal, suas autarquias, fundações e empresas públicas federais, dentre 
outras. Os juízes federais e os Tribunais Regionais Federais (TRFs) compõem a Justiça 
Federal, que conta também com os juizados especiais para julgar causas de menor 
potencial ofensivo e pequeno valor econômico. As ações de regresso movidas pela 
autarquia previdenciária (INSS) contra o empregador que descumpriu lei e gerou ônus 
aos cofres da Previdência (pensão por morte ou auxílio-doença acidentário) é julgada 
pela Justiça Federal. Também é essa a justiça competente para decidir sobre a concessão 
de aposentadorias, inclusive aquelas especiais com a antecipação do benefício em 
decorrência de condições insalubres, perigosas ou penosas no ambiente de trabalho. 
A Justiça Comum Estadual é composta pelos juízes de direito (que atuam na primeira 
instância) e pelos desembargadores, juízes que atuam nos tribunais de justiça. Assim 
como na Justiça Federal, possui juizados especiais cíveis e criminais para casos de menor 
potencial ofensivo e pequeno valor econômico. A ela cabe processar e julgar qualquer 
causa que não esteja sujeita à competência de outro órgão jurisdicional (Justiça Federal, do 
Trabalho, Eleitoral e Militar). Muitos tribunais estaduais organizaram suas varas divididas 
por competência exclusiva, tais como: varas exclusivas cíveis, varas exclusivas criminais, 
varas exclusivas da infância e juventude, varas exclusivas de violência doméstica, varas 
exclusivas de execução penal, juizados especiais da Fazenda Pública e varas de acidentes 
do trabalho (CNJ, 2018).
Enquanto as ações de divórcio são julgadas pelos juízes estaduais das varas de família, 
as ações penais, envolvendo, por exemplo, acidente que vitimou trabalhador, serão 
12
13
julgadas pelo juiz estadual de uma vara criminal. Também as ações previdenciárias 
acidentárias, interpostas pelo trabalhador contra o INSS, para a concessão ou revisão 
do benefício previdenciário, são de competência da Justiça Estadual. Observe que, como 
tal ação é movida contra o INSS, deveria, em primeira análise, ser julgada pela Justiça 
Federal (afinal, tem como parte uma autarquia federal). Porém, a CRFB estabeleceu 
expressamente no artigo 109, I que será a justiça dos estados a competência para 
decidir sobre tais questões. 
A Justiça do Trabalho tem a competência de julgar conflitos individuais e coletivos 
entre trabalhadores e empregadores e outras controvérsias decorrentes da relação de 
trabalho, bem como as demandas que tenham origem no cumprimento de suas pró-
prias sentenças. Os órgãos da Justiça do Trabalho são o Tribunal Superior do Trabalho 
(TST), os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e os Juízes do Trabalho, que atuam 
nas varas do trabalho. Além das reclamações trabalhistas para discutir pagamentos 
de diferenças salariais ou verbas rescisórias, esse é o ramo da justiça que recebe os 
pedidos de indenização por danos morais, que podem até ser coletivos, mas sempre 
em decorrência de uma relação de trabalho (não necessariamente de emprego) havida 
entre as partes. 
Saúde do Trabalhador: 
Contextualização e Desafios
Os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais são um grande problema para 
a Saúde Pública em todo o mundo e o principal agravo à saúde dos trabalhadores, com 
elevados custos sociais e econômicos (OLIVEIRA, 2014; SILVA, 2014). Quando um 
trabalhador se acidenta ou adoece no trabalho, as repercussões não acontecem apenas 
na vida do indivíduo, mas na sociedade como um todo. Para as empresas, esses eventos 
afetam o custo de produção e forçam a elevação dos preços de bens e serviços, inter-
ferindo no conjunto da economia. Oneram o Estado pela atenção à saúde que precisa 
prover aos trabalhadores afetados e pela ativação do sistema de previdência. Mas são as 
pessoas mais próximas do trabalhador acidentado ou doente que suportam as principais 
consequências, pois, além do sofrimento pessoal, os familiares com frequência passam 
pela redução de renda, interrupção do emprego e gastos com acomodação no domicílio 
(WÜNSCH FILHO, 2004; SANTANA et al., 2006).
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em documento de 2007, reitera que os tra-
balhadores representam metade da população do mundo, são os principais contribuintes 
para o desenvolvimento socioeconômico e que a sua saúde é determinada não só por 
riscos no localde trabalho, mas também por fatores sociais e individuais, bem como o 
acesso a serviços de saúde (OMS, 2007). A OIT (Organização Internacional do Trabalho), 
que, desde a sua criação há 100 anos (em 1819), mobiliza nações em prol da melhoria das 
condições de trabalho existentes, conclamou governos, empresas e sociedade a promo-
verem campanha urgente e vigorosa para combater os acidentes e doenças profissionais, 
classificadas como ‘epidemia oculta’ (OIT, 2013).
13
UNIDADE 
O Ordenamento Jurídico Brasileiro e a Saúde do Trabalhador
Ao longo dos últimos 30 anos, houve importantes avanços na regulamentação da 
proteção dos trabalhadores, particularmente no que diz respeito a aspectos da SST em 
todo o mundo (OIT, 2015). O Brasil conta atualmente com um vasto conjunto normativo 
aplicável à proteção da saúde e segurança dos trabalhadores, que inclui tratados inter-
nacionais, garantias constitucionais, normas regulamentadoras e outros dispositivos em 
leis ambiental, previdenciária, trabalhista e civil. 
Nossa legislação prevê instrumentos processuais não apenas para reparar os danos 
causados à saúde dos trabalhadores, mas também para prevenir que ocorram (SILVA, 
2015; MELO, 2012; SILVA, 2014). A legislação ambiental brasileira abrange o meio 
ambiente do trabalho e permite agir preventivamente mesmo sem a certeza absoluta 
do dano (princípio da precaução) para proteger interesses coletivos (FIGUEIREDO, 
2007; FELICIANO, 2006). A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) 
de 1988 atrelou a organização econômica do país à proteção do valor do trabalho 
humano, priorizando a “dignidade da pessoa humana trabalhadora” (MORI e FAVA, 
2015). A existência digna para todos, conforme os ditames da justiça social, deve estar 
conjugada com a livre iniciativa e livre concorrência (artigos 1º, III; 170 caput e VI da 
CRFB). A saúde é declarada direito fundamental universal e dever do Estado, garantia 
constitucional que foi regulamentada pela Lei Orgânica da Saúde (8080/90) que criou 
o Sistema Único de Saúde (SUS). 
Na esfera do direito à saúde, encontra-se a Saúde do Trabalhador, definida na Lei 
8080/90 (art. artigo 6º, §3º) como:
um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância 
epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde 
dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da 
saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das 
condições de trabalho.
A abordagem da Saúde do Trabalhador (ST) ocorre na investigação do processo de 
trabalho com a visão sistêmica e não de fatores de risco. A lógica da Saúde Pública, com 
prevenção de riscos, promoção da saúde e participação dos trabalhadores em perspectiva 
coletiva é incorporada na Saúde do Trabalhador (VASCONCELLOS, 2011). Ela surgiu 
como crítica ao modelo trabalhista-previdenciário ligado à Medicina do Trabalho e Saúde 
Ocupacional, para ultrapassar as visões reducionistas de causa e efeito de ambas as 
concepções, sustentadas pela visão unicausal entre doença e agente específico (MENDES 
e DIAS, 1991; LACAZ, 2007). Como é próprio da saúde coletiva, a ST agrega amplo 
aspecto de disciplinas, que inclui a sociologia, epidemiologia, ergonomia, ecologia, 
estatística, toxologia, engenharia de produção, ciências políticas, história e o direito. 
A ST rompe com a concepção hegemônica que estabelece um vínculo causal 
entre a doença e um agente específico ou a um grupo de fatores de risco presentes 
no ambiente de trabalho (MENDES e DIAS, 1991) e, contrariamente aos marcos da 
saúde ocupacional – em que os trabalhadores são vistos como pacientes, objetos de 
intervenção profissional –, na Saúde do Trabalhador, eles constituem-se em sujeitos 
políticos coletivos, depositários de saber emanado da experiência e agentes essenciais 
de ações transformadoras (MINAYO-GOMEZ, 2011).
14
15
No aspecto institucional, merecem destaque os Centros de Referência em Saúde do 
Trabalhador (CRST, mais conhecidos como CERESTs), de inserção estadual e municipal, 
criados na estrutura do SUS para implementar ações de prevenção, promoção e 
recuperação da saúde dos trabalhadores, no âmbito da sua área de abrangência (Portaria 
MS 1679/GM de 2002). Além da orientação e atendimento, os centros têm fiscalizado 
e punido empresas pelo descumprimento de normas de saúde e segurança do ambiente 
laboral. Após questionamentos judiciais, a sua legitimidade para fiscalizar o cumprimento 
das normas de SST e impor multas vem sendo reconhecida nos tribunais e, em 2016, 
pelo Tribunal Superior do Trabalho2. 
Outra instituição que tem sido protagonista na área da SST, principalmente com 
medidas preventivas, é o Ministério Público do Trabalho (MPT). O MPT é um dos ramos 
do Ministério Público da União, tem autonomia funcional e administrativa e, dessa 
forma, atua como órgão independente dos poderes legislativo, executivo e judiciário. 
Aos Procuradores do Trabalho cabe a tutela dos direitos sociais constitucionalmente 
garantidos, abrangendo o meio ambiente do trabalho. O MPT atua judicialmente 
propondo Ações Civis Públicas (ACPs) na Justiça do Trabalho, mas é a atuação 
extrajudicial que tem se destacado na prevenção de acidentes de trabalho. Os Termos 
de Ajustamento de Conduta (TACs) são acordos extrajudiciais firmados com empresas 
principalmente em prol da SST que, se não cumpridos, são executados. Ressaltem-se, 
também, os Procedimentos Promocionais, conhecidos como “Promo”, que têm como 
escopo viabilizar a articulação social do MPT com outros atores sociais.
Embora as vantagens da ação preventiva sejam unanimidade (pois o ideal almejado é 
a não ocorrência de acidentes), a fiscalização com orientação e, se for o caso, punição 
exemplar administrativa e/ou judicial, mesmo que reparatória (quando o dano à saúde 
do trabalhador já ocorreu), também têm grande relevância na diminuição do número de 
acidentes. No Brasil, há mais de um órgão legitimado a fazer a inspeção das condições 
de saúde e segurança nos ambientes de trabalho: Ministério Público do Trabalho, na 
pessoa dos seus procuradores do trabalho; Ministério do Trabalho, por meio dos seus 
auditores fiscais do trabalho; e mais recentemente os profissionais do Cerest, inclusive 
com a legitimidade para multar referendada em alguns tribunais regionais e também pelo 
TST, como abordado linhas acima. 
Apesar da estrutura institucional e normativa criada, a situação está longe de aceitável 
e grande número de trabalhadores continua encontrando a morte quando vai à busca do 
“ganhar a vida” (OLIVEIRA, 2014). Um dos grandes problemas da luta pela proteção 
da saúde e segurança dos trabalhadores no Brasil é a dispersão da responsabilidade pela 
proteção à saúde e segurança no trabalho por um excessivo número de órgãos estatais 
e a falta de unidade na atuação dos mesmos (BOUCINHAS FILHO, 2012). 
O Ministério da Previdência Social se encarrega dos benefícios acidentários (auxí-
lio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria por invalidez, pensão por morte) e o serviço 
de reabilitação profissional. Ao Ministério do Trabalho cabe a elaboração das Normas 
Regulamentadoras e a fiscalização no cumprimento das normas de SST. Enquanto esta 
2 Processo: ARR - 389-35.2012.5.15.0094. Data de Julgamento: 03/02/2016, Relatora Ministra: Maria de Assis 
Calsing, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/02/2016.
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UNIDADE 
O Ordenamento Jurídico Brasileiro e a Saúde do Trabalhador
última atividade é realizada pelos auditores fiscais do trabalho, a primeira tem a coorde-
nação do ministério, mas é realizada por comissão tripartite formada por representantes 
do governo, trabalhadores e empresas. A Comissão Tripartite Paritária Permanente 
(CTPP), responsável pela criação e revisão das NRs, foi substituída pela Comissão Na-
cional Tripartite (CNT) com a Portaria 59/2008. Além de integrar a CNT como repre-
sentante do governo, a Fundacentro é o braço do Ministério do Trabalho que cuida do 
desenvolvimento de pesquisas e provê formação em SST.O Ministério da Saúde, por 
sua vez, coordena o SUS, que também atua na área da saúde do trabalhador (Cerests).
Outro problema diz respeito ao modelo normativo brasileiro de SST que deixa 
vulnerável o trabalhador dentro do seu ambiente laboral. Em 1977, uma das medidas 
trazidas pela legislação para reduzir o número de acidentes e doenças ocupacionais foi 
a obrigatoriedade de as empresas possuírem um Serviço Especializado em Engenharia 
de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), que é previsto no artigo 162 da 
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e na Norma Regulamentadora 4 (NR4). Esses 
serviços consistem em um grupo interdisciplinar de profissionais que atuam nas questões 
de SST dentro da empresa, com composição obrigatória que depende do grau de risco 
da atividade e número de funcionários (anexos I e II da NR4). Segundo essa norma, o 
SESMT será constituído pelos seguintes profissionais: Médico do Trabalho, Engenheiro 
de Segurança do Trabalho, Técnico de Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho 
e Auxiliar ou Técnico em Enfermagem do Trabalho.
Ao lado da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), obrigatória para 
empresas com mais de 20 empregados e formada por representantes eleitos para 
mandato de 1 ano (regulada no art. 163 da CLT e NR5), essas duas figuras foram criadas 
para proteger a saúde e prevenir acidentes de trabalho. Porém, a lei não assegurou 
espaço de autonomia para a ação independente desses profissionais, e na prática 
reverteu-se em atuação burocrática e cartorial de defesa jurídica da empresa em caso 
de acidentes (INOUE e VILELA, 2014; JACKSON FILHO et al., 2013; COSTA et 
al., 2013). Nesse sentido, também se manifestou Homero Batista Mateus da Silva, ao 
apontar como dilema do SESMT o fato de o serviço nem sempre atingir os resultados 
almejados porque: 
achando-se seus ocupantes vinculados a contrato de trabalho com o 
empregador, dificilmente vão se envolver em alguma controvérsia so-
bre a forma de trabalho e tampouco se deve supor que, em caso de 
litígio, penderão para o lado do empregado. Outrossim, a tendência é 
que naturalmente se priorize o tratamento clínico do empregado que 
apresentar algum distúrbio ou sintomas de enfermidades, em vez de 
atacar as causas da moléstia, que residem no meio ambiente de traba-
lho. (SILVA, 2015, p. 42)
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17
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Fórum Acidentes do Trabalho
Espaço de discussão e troca de experiências, que promove gratuitamente encontros 
presenciais esporádicos em diversas cidades do país.
https://goo.gl/gg32p2
 Livros
Saúde e segurança do trabalho no Brasil
Livro online publicado pelo Ministério Público do Trabalho: FILGUEIRAS, Vitor Araújo 
[org]. Saúde e segurança do trabalho no Brasil. Brasília : Gráfica Movimento, 2017. 
Artigos que trazem aprofundamento de temas tratados nesta unidade.
https://goo.gl/hCfSgH
 Vídeos
Para que serve o direito?
Vídeo da UFMG aborda a importância do Direito para os engenheiros. 
https://goo.gl/Xshf3q
 Leitura
Índice de Súmulas
Que tal fazer um levantamento das Súmulas do TST sobre a área de SST? Há muitas 
decisões que esclarecem sobre o cálculo dos adicionais de insalubridade e periculosidade, 
situações envolvendo a CIPA, qual a justiça competente para julgar dano moral decorrente 
de acidente de trabalho e outras.
https://goo.gl/sI3iS
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UNIDADE 
O Ordenamento Jurídico Brasileiro e a Saúde do Trabalhador
Referências
ALMEIDA, I. M; VILELA, R. A. G. Modelo de análise e prevenção de acidente de 
trabalho – MAPA. Piracicaba: CEREST, 2010. 
ARCURI, D. M. Nos bastidores do Conselho Nacional de Justiça. Revista do Advogado, 
São Paulo, n. 128, p. 13-21, dez/2015. 
ASSUNÇÃO, A. Á; LIMA, F. P. A. A contribuição da ergonomia para a identificação, 
redução e eliminação da nocividade do trabalho. In: MENDES, Renê (org.) Patologia 
do Trabalho. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, p. 1768-1789, 2003. 
BOUCINHAS FILHO, J. C. Reflexões sobre as normas da OIT e o modelo 
brasileiro de proteção à saúde e à integridade física do trabalhador. Revista LTr, 
São Paulo, n. 76, vol. 11, p. 1355-1364, nov/2012. Disponível em <http://www.lex.
com.br/doutrina_23686422_REFLEXOES_SOBRE_AS_NORMAS_DA_OIT_E_O_
MODELO_BRASILEIRO_DE_PROTECAO_A_SAUDE_E_A_INTEGRIDADE_FISICA_
DO_TRABALHADOR.aspx>. Acesso em 21/11/2018.
CNJ - Conselho Nacional de Justiça. Justiça em números 2018: ano base 2017. 
Brasília: CNJ, 2018. Disponível em <http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/pj-
justica-em-numeros>. Acesso em 19/11/2018.
COSTA, D. et al. Saúde do Trabalhador no SUS: desafios para uma política pública. 
Rev. bras. Saúde ocupacional, São Paulo, n.38, vol. 127, p. 11-30, 2013.
INOUE, K. S. Y; VILELA, R. A. G. O poder de agir dos Técnicos de Segurança do 
Trabalho: conflitos e limitações. Rev. bras. saúde ocup., São Paulo, n. 39, vol. 130, p. 
136-149, dez 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbso/v39n130/0303-
7657-rbso-39-130-136.pdf>. Acesso em 30/11/2018. 
JACKSON FILHO, J. M. et al. Sobre a aceitabilidade social dos acidentes do 
trabalho e o inaceitável conceito de ato inseguro. Rev. bras. saúde ocup., São Paulo, 
n. 38, vol. 127, p. 6-8. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ar
ttext&pid=S0303-76572013000100001>. Acesso em 30/11/2018.
LACAZ, F. A. C. O campo Saúde do Trabalhador: resgatando conhecimentos e 
práticas sobre as relações trabalho-saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, n. 23, vol. 
4, p.   757-766, abr 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n4/02.
pdf>. Acesso em 30/11/2018.
MELO, R. S. Direito Ambiental do Trabalho e a Saúde do Trabalhador. 2. ed. São 
Paulo: LTr, 2006. 
MELO, R. S. Ações acidentárias na Justiça do Trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 2012. 
MENDES, René e DIAS, Elisabete Costa Dias. Da medicina do trabalho à saúde do 
trabalhador. Revista de Saúde Pública, São Paulo, n. 25, vol. 5, p. 341-349, 1991.
18
19
MINAYO-GOMEZ, C. Produção de conhecimentos e intersetorialidade em prol das 
condições de vida e de saúde dos trabalhadores do setor sucroalcoleiro. Ciência & 
Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, n. 16, vol. 8, p. 3363-3368, 2011. 
MORI, D; FAVA, M. N. A causa de pedir nas demandas que envolvem adicionais de 
periculosidade e insalubridade. In: Devonald SRPG, Nahas TC (coord). Desafios para 
alcançar o trabalho seguro no Brasil. São Paulo: LTr, p. 180-189, 2015.
OIT - Organização Internacional do Trabalho. A prevenção das doenças profissio-
nais. Abril 2013. Disponível em: <http://www.ilo.org/public/portugue/region/eur-
pro/lisbon/pdf/safeday2013_relatorio.pdf >. Acesso em 30/11/2018.
OIT - Organização Internacional do Trabalho. Proteção dos trabalhadores num mun-
do do trabalho em transformação. Genebra, 2015. Disponível em: <http://www.ilo.
org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/pdf/relatorio104_vi_pt.pdf>. Acesso em 
30/11/2018.
OLIVEIRA, S. G. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional, 8. 
ed. São Paulo: LTr, 2014. 
OMS- Organización Mundial de la Salud. Salud de los trabajadores: plan de acción 
mundial, Genebra, 2007. Disponível em: http://www.who.int/occupational_health/
WHO_health_assembly_sp_web.pdf?ua=1 . Acesso em 30/11/2018.
SANTANA, V. S. et al. Acidentes de trabalho: custos previdenciários e dias de traba-
lho perdidos. Rev. Saúde Pública, n. 40, v. 6, p. 1004-1012, 2006. 
SILVA, J. A. R. O. Acidente do trabalho: responsabilidade objetiva do empregador. 3. 
ed. São Paulo: LTr, 2014. 
SILVA, H. B. M. Curso de direito do trabalho aplicado: Segurança e Medicina do 
Trabalho. Vol.3. Rio de Janeiro: Campus, 2015.
SZNELWAR, L. S; LANCMAN, Selma; UCHIDA, S; PEREIRA L; BARROS, J. 
Trabalhar na magistratura, construção da subjetividade, saúde e desenvolvimento 
profissional. Brasília: Conselho Nacional de Justiça, 2015.
VILELA, R. A. G; ALMEIDA, I. M; MENDES, R. W. B.. Da vigilância para prevenção 
de acidentes de trabalho: contribuição da ergonomia da atividade. Cien. Saúde Colet.,n. 17, vol. 10, p. 2817-2830, 2012. 
WÜNSCH FILHO, V. Perfil epidemiológico dos trabalhadores. Rev. Bras. Med. 
Trabalho, n. 2, vol.2, p. 103-117, 2004.
 
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Legislação e
Normas Técnicas
Legislação sobre EST e SST
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Sandra Regina Cavalcante
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Atribuições e Especificidades Legais do Especialista 
em Engenharia de Segurança do Trabalho;
• Normas Aplicáveis à Saúde e Segurança do Trabalho (SST).
Fonte: iStock/Getty Im
ages
Objetivos
• Apresentar a regulamentação existente sobre a profissão, bem como as atribuições e 
responsabilidades envolvidas no exercício da Engenharia de Segurança do Trabalho;
• Expor as principais leis aplicáveis à SST no país, agrupadas por dispositivos com finalida-
de preventiva e aqueles de dimensão reparatória.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material 
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você 
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns 
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões 
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e 
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de 
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de 
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de 
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
Legislação sobre EST e SST
UNIDADE 
Legislação sobre EST e SST
Contextualização
Há registros de que o primeiro caso brasileiro de condenação penal na área de acidente 
de trabalho teria ocorrido em 1987, na cidade de Restinga Seca, localizada a 250 quilô-
metros de Porto Alegre. A morte de um operário por descarga elétrica levou o tribunal de 
justiça a condenar todos os responsáveis pela segurança da vítima. Foram condenados o 
presidente da usina hidroelétrica, o gerente, o engenheiro elétrico responsável e o eletro-
técnico da empresa de energia elétrica local. Todos foram enquadrados nas sanções do 
artigo 121 (matar alguém), combinado com o artigo 29 (concurso de pessoas – penas gra-
duadas conforme a culpabilidade) do Código Penal. Como os réus condenados eram todos 
primários, a pena privativa de liberdade foi substituída pela pena restritiva de direitos, que 
se deu através da prestação de serviços à comunidade. A critério do juiz de Execuções 
Penais, os condenados tiveram de ministrar aulas a professores e alunos sobre como lidar 
com energia elétrica com absoluta segurança.1
No relato acima, nada se afirmou sobre a condenação de integrantes do SESMT ou 
CIPA, incluindo o engenheiro de segurança da empresa. Isso pode ter ocorrido por uma 
lacuna na descrição, inexistência desses profissionais naquela empresa, ou porque aque-
les conseguiram provar que eram inocentes. Você acha que seria possível um engenhei-
ro de segurança tomar medidas para ficar isento de eventual responsabilização penal ou 
mesmo civil no caso de acidente de trabalho? Se sim, quais seriam? 
A lei impõe uma série de atribuições ao profissional da área, assim como traz limita-
ções a quem pode atuar como especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. 
Estas e outras especificidades sobre a legislação envolvendo a carreira profissional, você 
terá nesta unidade. Espero que ao final deste estudo fique claro para você que as exigên-
cias legais significam um patamar mínimo de atuação, mas nem sempre são suficientes 
para evitar acidentes e doenças no ambiente de trabalho, pois a legislação não consegue 
prever tudo o que acontece no mundo laboral.
1 Exemplo retirado de aula sobre o tema no link a seguir: <https://goo.gl/ax5M8Q>.
6
7
Atribuições e Especificidades Legais
do Especialista em Engenharia
de Segurança do Trabalho
O exercício da especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho é permiti-
do, exclusivamente, ao engenheiro (incluindo os agrônomos) ou arquiteto que cursou a 
especialização (lato sensu) em Engenharia de Segurança do Trabalho (Lei 7.410/85).
O Engenheiro de Segurança do Trabalho (EST) tem a responsabilidade de zelar pela 
saúde e integridade física do trabalhador, reduzindo ou eliminando o risco de acidentes 
no ambiente de trabalho. Ele tem como atribuições elaborar, administrar e fiscalizar pla-
nos de prevenção de acidentes ambientais, bem como assessorar empresas em assuntos 
relativos à segurança e higiene do trabalho, examinando instalações, materiais e proces-
sos de fabricação. Ao EST também cabe orientar a Comissão Interna de Prevenção de 
Acidentes (CIPA) da(s) empresa(s), instruir funcionários sobre o uso de equipamentos de 
proteção individual e ministrar palestras e treinamentos, seguindo as normas governa-
mentais e da(s) companhia(s).
Segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), as atividades 
deste profissional são as seguintes (art. 4º da Resolução 359/1991):
1 - Supervisionar, coordenar e orientar tecnicamente os serviços de 
Engenharia de Segurança do Trabalho;
2 - Estudar as condições de segurança dos locais de trabalho e das 
instalações e equipamentos, com vistas especialmente aos problemas 
de controle de risco, controle de poluição, higiene do trabalho, ergo-
nomia, proteção contra incêndio e saneamento;
3 - Planejar e desenvolver a implantação de técnicas relativas a geren-
ciamento e controle de riscos;
4 - Vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, emitir parecer, laudos 
técnicos e indicar medidas de controle sobre grau de exposição a 
agentes agressivos de riscos físicos, químicos e biológicos, tais como 
poluentes atmosféricos, ruídos, calor, radiação em geral e pressões 
anormais, caracterizando as atividades, operações e locais insalubres 
e perigosos;
5 - Analisar riscos, acidentes e falhas, investigando causas, propondo 
medidas preventivas e corretivas e orientando trabalhos estatísticos, 
inclusive com respeito a custo;
6 - Propor políticas, programas, normas e regulamentos de Segurança 
do Trabalho, zelando pela sua observância;
7 - Elaborar projetos de sistemas de segurança e assessorar a elabo-
ração de projetos de obras, instalação e equipamentos, opinando do 
ponto de vista da Engenharia de Segurança;
8 - Estudar instalações, máquinas e equipamentos, identificando seus 
pontos de risco e projetando dispositivos de segurança;
7
UNIDADE 
Legislação sobre EST e SST
9 - Projetar sistemas de proteção contra incêndios, coordenar ativi-
dades de combate a incêndio e de salvamento e elaborar planos para 
emergência e catástrofes; 
10 - Inspecionar locais de trabalho no que se relaciona com a segurança 
do Trabalho, delimitando áreas de periculosidade; 
11 - Especificar, controlar e fiscalizar sistemas de proteção coletiva e 
equipamentos de segurança, inclusive os de proteção individual e os de 
proteção contra incêndio, assegurando-se de sua qualidade e eficiência; 
12 - Opinar e participar da especificação para aquisição de substân-
cias e equipamentos cuja manipulação, armazenamento, transporte 
ou funcionamento possam apresentar riscos, acompanhando o con-
trole do recebimento e da expedição; 
13 - Elaborar planos destinados a criar e desenvolver a prevenção de 
acidentes, promovendo a instalação de comissões e assessorando-lhes 
o funcionamento;
14 - Orientar o treinamento específico de Segurança do Trabalho e 
assessorar a elaboração de programas de treinamento geral, no que 
diz respeito à Segurança do Trabalho; 
15 - Acompanhar a execução de obras e serviçosdecorrentes da ado-
ção de medidas de segurança, quando a complexidade dos trabalhos a 
executar assim o exigir;
16 - Colaborar na fixação de requisitos de aptidão para o exercício de 
funções, apontando os riscos decorrentes desses exercícios; 
17 - Propor medidas preventivas no campo da Segurança do Traba-
lho, em face do conhecimento da natureza e gravidade das lesões pro-
venientes do acidente de trabalho, incluídas as doenças do trabalho; 
18 - Informar aos trabalhadores e à comunidade, diretamente ou por 
meio de seus representantes, as condições que possam trazer danos a 
sua integridade e as medidas que eliminam ou atenuam estes riscos e 
que deverão ser tomadas.
O campo de atuação da engenharia de segurança é muito vasto, podendo o profissio-
nal ser perito, consultor, professor ou integrante do Serviço Especializado em Engenha-
ria de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) de empresas. O SESMT consiste 
num grupo interdisciplinar de profissionais que atua nas questões de Saúde e Segurança 
do Trabalho (SST) dentro do ambiente corporativo, cuja composição obrigatória depen-
de do grau de risco da atividade e do número de funcionários da empresa (definido no 
anexo II da Norma Regulamentadora 04 – NR4 – do Ministério do Trabalho). 
Segundo esta norma, o SESMT será composto pelos seguintes profissionais: Médico 
do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Técnico de Segurança do Trabalho, 
Enfermeiro do Trabalho e Auxiliar em Enfermagem do Trabalho. No caso do Engenhei-
ro de Segurança do Trabalho, ele será obrigatório, por exemplo, no SESMT de empresa 
de grau de risco 4 que possua a partir de 101 funcionários; empresa de risco 3 que 
possua a partir de 501 empregados; empresa de grau de risco 2 com 1001 funcionários 
ou mais; e em empresas de risco 1 a partir de 2001 empregados.
8
9
Aqui você pode aprender, em 5 passos, a fazer o dimensionamento do SESMT de uma 
empresa: https://goo.gl/7TKSpG
As responsabilidades do Engenheiro de Segurança do Trabalho, enquanto integrante 
do SESMT, também estão estabelecidas na NR4, dentre as quais destacam-se: aplicar 
os conhecimentos de engenharia de segurança do trabalho ao ambiente de trabalho e 
a todos os seus componentes, inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir 
até eliminar os riscos ali existentes à saúde do trabalhador; colaborar, quando solicitado, 
nos projetos e na implantação de novas instalações físicas e tecnológicas da empresa; 
responsabilizar-se tecnicamente pela orientação quanto ao cumprimento do disposto 
nas NRs aplicáveis às atividades executadas pela empresa e/ou seus estabelecimentos; 
promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos tra-
balhadores; esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e 
doenças ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção; analisar e registrar em 
documento(s) específico(s) todos os acidentes e doenças ocupacionais ocorridos na em-
presa ou estabelecimento.
Portanto, como regra geral, o engenheiro de segurança atuará como o profissional 
responsável pelo SESMT das empresas, cuidando da identificação, realização de estudos 
e análises para propor medidas de neutralização ou mitigação dos riscos encontrados no 
ambiente de trabalho. Entre as principais atribuições do EST estão a elaboração ou cola-
boração com os programas de segurança do trabalho, como o Programa de Prevenção 
de Riscos Ambientais (PPRA – NR9); o Programa de Condições e Meio Ambiente de 
Trabalho na Indústria da Construção Civil (PCMAT – NR18) e o Programa de Gerencia-
mento de Riscos (PGR – NR22). 
Atente que apenas a elaboração do PCMAT deve ser exclusivamente atribuída ao 
Engenheiro de Segurança do Trabalho; a implantação do Programa de Prevenção de 
Riscos Ambientais (PPRA) pode ser outorgada a profissionais escolhidos a critério do 
empregador ou ao SESMT, conforme item 9.3.1.1 da Norma Regulamentadora 9.
O Ministério do Trabalho emitiu a Nota Técnica nº 96/2009 DSST/SIT, sobre a obriga-
toriedade do Engenheiro de Segurança do Trabalho elaborar o PCMAT, e concluiu nos 
seguintes termos: 
Analisando as atribuições dos Técnicos de Segurança do Trabalho 
verificamos que os mesmos não possuem atribuição de projetar, di-
mensionar e especificar materiais das proteções coletivas, que são de 
competência exclusiva definidas para determinadas categorias profis-
sionais registradas no sistema CONFEA/CREA e, considerando que o 
projeto, dimensionamento e especificação de proteções coletivas são 
partes integrantes do programa, concluímos que tão somente os Enge-
nheiros de Segurança do Trabalho devidamente registrados no sistema 
CONFEA/CREA, possuem a atribuição para elaboração e execução 
do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria 
da Construção – PCMAT.
9
UNIDADE 
Legislação sobre EST e SST
Ainda quanto à legislação trabalhista, o engenheiro de segurança do trabalho é o 
profissional legalmente habilitado, juntamente com o médico do trabalho, para reali-
zar laudos de insalubridade, periculosidade, acidente do trabalho e Laudo Técnico das 
Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT). Ou seja, esses documentos somente têm 
validade se realizados por um EST ou médico do trabalho.
Na legislação previdenciária, os levantamentos ambientais servem para a manuten-
ção do perfil profissiográfico previdenciário (PPP). O representante legal ou o preposto 
da empresa deverá assinar o PPP; entretanto, é preciso a indicação do Médico Coorde-
nador do PCMSO e do Engenheiro de Segurança do Trabalho ou Médico do Trabalho 
responsável pelo LTCAT, sem a necessidade da assinatura dos mesmos.
1. O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), por meio da Resolução 1107, 
de 28/11/2018, inseriu o “Engenheiro de Saúde e Segurança” na Tabela de Títulos Pro-
fissionais do Sistema CONFEA/CREA, para efeito de fiscalização do exercício profissional. 
Trata-se de um curso de graduação de engenharia, porém com competências em segu-
rança do trabalho e saúde do trabalhador. Enquanto não houver modificação da NR4, 
para ser responsável pelo SESMT, o graduado em Engenharia de Saúde e Segurança 
deverá cursar uma especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. A tendên-
cia, no entanto, é que essas leis sejam futuramente modificadas e melhor adaptadas à 
realidade, segundo nota técnica da UNIFEI. https://goo.gl/LqjMxr
2. Arquitetos com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho também po-
dem atuar na área e estão habilitados a emitir documento de responsabilidade técni-
ca desta atividade; neste caso, os arquitetos estão desobrigados do registro no CREA e 
precisam apenas do registro no Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). As ativi-
dades relativas à Engenharia de Segurança do Trabalho ficam sujeitas à Anotação de 
Responsabilidade Técnica – ART, definida pela Lei nº 6.496, de 1977 (Resolução Confea 
437/1999), que é um documento no qual o engenheiro registra seus serviços junto ao 
CREA. Já o Registro de Responsabilidade Técnica (RRT) é o documento no qual os arqui-
tetos registram seus serviços junto a CAU (Resolução CAU/BR nº 21/2012).
Mais informações:
https://goo.gl/qBpHbt
https://goo.gl/yjLMKA
https://goo.gl/4NYmDS
Embora as atribuições e o espaço de trabalho estejam definidos na legislação brasi-
leira, publicações indicam que a engenharia de segurança não estaria alcançando seu 
objetivo no país. A prescrição de comportamentos ditos “seguros”, que bastariam para 
atender à legislação, mas que se revelam insuficientes para evitar acidentes de trabalho, 
é uma das principais falhas nas atividades dos ESTs avaliadas em algumas publicações 
científicas (INOUE e VILELA, 2014; JACKSON FILHO et al., 2013; COSTA et al., 
2013; SILVA, 2015; MOREIRA, 2003).
Jackson e Amorim (2001) alertam para as características prescritivas e normativas da 
Engenharia de Segurança do Trabalho, nas quais os profissionais focam suas ações nos 
projetos de sistemas de proteção, treinamentos de trabalhadores e criação/aplicaçãode 
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normas de conduta. Na chamada “visão legalista” da SST, haveria uma idolatria legal em 
função da cultura empresarial dominante de se limitar ao atendimento do que as normas 
técnicas dispõem sobre a matéria, de tal forma que as exigências legais se tornariam me-
ros rituais e o cumprimento do estabelecido na legislação seria colocado num patamar 
mais importante que a própria prática prevencionista (MOREIRA, 2003).
Treinar trabalhadores a cumprir normas – em ambientes agressivos 
desfavoráveis à vida, [...] sem dar a eles as condições necessárias e po-
der para intervirem nas condições de trabalho – é criar uma condição 
a mais de sofrimento. (OLIVEIRA apud MOREIRA, 2003, p. 57)
Assunção e Lima (2003) apontam quatro desafios à prática da segurança do traba-
lho: 1) Supremacia da produção e do lucro em curto prazo em relação à segurança;
2) Limitações da legislação e da normatização para garantir uma melhoria contínua da 
segurança dos sistemas produtivos; 3) Ineficácia das prescrições de comportamentos e 
de procedimentos seguros, como tentativa de evitar os ditos “erros humanos”; 4) Ação 
meramente corretiva quando se trata de “acidentes normais” e de riscos latentes ineren-
tes aos sistemas complexos.
Cabe destacar, portanto, a necessidade do EST entender a importância do seu papel 
e o compromisso assumido ao desenvolver suas atividades. Por um lado, a empresa es-
pera da área orientação sobre SST que eleve seu patamar competitivo, para ficar quites 
com obrigações legais, mas também quer se firmar/manter no mercado com imagem de 
comprometimento ético e responsabilidade social (departamentos de compliance estão 
em alta para cuidar de tal objetivo). 
Ao mesmo tempo, o EST precisa galgar espaço (e os gestores precisam abrir tal 
caminho) dentro do ambiente corporativo para ir além do papel de cumprir normas, 
articulando-se para implementar outras ações preventivas de maior eficácia, como par-
ticipar da escolha de novos equipamentos e em projetos de novas instalações, quando 
poderia usar seus conhecimentos técnicos. Esta problemática tem relação com o fato de 
grande parcela dos EST ficar subordinada hierarquicamente ao setor de Recursos Hu-
manos, determinando um distanciamento grande em relação a áreas das empresas onde 
há maior risco de acidentes, como o departamento de Produção (MOREIRA, 2003).
Você precisa ter em mente que as exigências legais significam um patamar mínimo de 
atuação, mas nem sempre a legislação é suficiente para evitar acidentes e doenças no am-
biente de trabalho. Afinal, a norma não consegue prever toda a variabilidade que ocorre no 
mundo real. Além disso, muitas vezes, as causas imediatas dos acidentes que geram tantos 
prejuízos a empresas e trabalhadores, vistos como atos inseguros praticados pelos próprios 
acidentados, têm causas remotas na própria organização do trabalho: pressão por metas, 
conflitos internos, falhas no treinamento e outros (LLORY e MONTMAYEUL, 2014).
Os estudos citados indicam que uma boa estratégia para a atuação dos EST e de toda 
a equipe dos SESMTs seja ouvir os trabalhadores, que na verdade são os especialistas 
nos riscos e fragilidades que possam haver em seu ambiente de trabalho. A utilização 
desta experiência e conhecimento empírico vai enriquecer os programas de segurança, 
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UNIDADE 
Legislação sobre EST e SST
e a efetiva oitiva dos trabalhadores com criação de mecanismos internos de participação 
gera engajamento e mudança de comportamento com vistas à prevenção de acidentes.
No item a seguir você verá que a legislação brasileira determina que todas as medidas ne-
cessárias para promover um ambiente de trabalho seguro sejam tomadas pela empresa, 
sob orientação do EST. Por isso, a atuação deste profissional deve ir além do cumprimento 
de normas técnicas. Embora possam ser apresentados como indicativo de boas práticas em 
eventual defesa judicial de empresa ou de profissional, o mero fato de ter realizado os pro-
gramas de segurança do trabalho não isenta a responsabilidade do EST em caso de traba-
lhador que adoece ou morre no trabalho. Você sabe dizer quais são as consequências legais 
para empresa e EST que coordena o SESMT quando um trabalhador se acidenta no trabalho? 
Normas Aplicáveis à Saúde
e Segurança do Trabalho (SST)
A empresa é responsável pela adoção e uso de medidas coletivas e individuais de se-
gurança da saúde dos trabalhadores, e será punida caso não cumpra as normas existen-
tes. Há juristas que sustentam, ainda, que o fato de o acidente ou doença ocorrer naque-
le ambiente de trabalho já basta para evidenciar que o empregador falhou no seu dever 
de prevenção e que, assim, fica obrigado a indenizar quem foi lesionado, nos moldes 
do que ocorre nas relações de consumo ou na área ambiental. O não cumprimento das 
normas protetivas da SST causam consequências trabalhistas, previdenciárias, adminis-
trativas e penais, que podem inclusive atingir o Engenheiro de Segurança do Trabalho. 
A fundamentação jurídica destas afirmações é o que você verá nos próximos tópicos.
Dimensão Preventiva
O conjunto de normas que impõem medidas preventivas de acidentes e doenças no 
meio ambiente de trabalho está distribuída em diversos diplomas legais, a começar pela 
Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), e também em leis infraconstitu-
cionais que devem ser interpretadas a partir da constituição. 
A CRFB inclui entre os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais a “redução dos 
riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança” (CRFB, 
Art. 7º, XXII ), determinando, ainda, que o direito à saúde deve ser garantido median-
te políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros 
agravos (CRFB, Art. 196). Observa-se, ainda, que os direitos e garantias expressos na 
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adota-
dos (CRFB, Art. 5º, § 1º). Além de reconhecer a proteção ao meio ambiente do trabalho 
como parte do meio ambiente, a nossa constituição também obriga poder público e 
sociedade a preservar e proteger o meio ambiente, inclusive o laboral, pois é direito das 
presentes e futuras gerações (CRFB, art. 200, VIII e art. 225). 
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Em matéria de normas internacionais sobre meio ambiente de trabalho, o Brasil 
ratificou as Convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho) nº 148 (trata 
da Contaminação do Ar, Ruído e Vibrações), nº 152 (sobre a Segurança e Higiene dos 
Trabalhos Portuários), nº 155 (que trata da Segurança e Saúde dos Trabalhadores) e a 
Convenção nº 161 (sobre os Serviços de Saúde do Trabalho). Cada convenção inter-
nacional, uma vez ratificada, insere-se no ordenamento jurídico pátrio com força infra-
constitucional, porém, supralegal. Isso significa que ela complementa, altera ou revoga o 
direito interno, conforme o caso, se sobrepondo às regras contidas nas leis, exceto nos 
tópicos que eventualmente contrariem os preceitos constitucionais.
Como exemplo de regra de norma internacional que se sobrepõe a dispositivos le-
gais existentes no país, temos o “direito de recusa”, previsto na Convenção 155 da OIT 
(Parte IV, f), que determina:
f) o trabalhador informará imediatamente o seu superior hierárquico 
direto sobre qualquer situação de trabalho que, a seu ver e por motivos 
razoáveis, envolva um perigo iminente e grave para sua vida ou sua 
saúde; enquanto o empregador não tiver tomado medidas corretivas, 
se forem necessárias, não poderá exigir dos trabalhadores a sua volta a 
uma situação de trabalho onde exista, em caráter contínuo, um perigo 
grave ou iminente para sua vida ou sua saúde.
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), por sua vez, em seu capítulo referente 
à segurança e medicina do trabalho, determina a obrigação das empresas cumprirem 
as normas de segurança e medicina do trabalho, bem como de instruir os empregados 
quanto às precauções a tomar para evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacio-
nais (art. 157). Também estabelecea obrigatoriedade do fornecimento de equipamentos 
de proteção individual (EPIs) quando não houver outra medida para proteger a saúde 
dos empregados (art. 166); a CLT ainda dispõe sobre o pagamento de adicionais refe-
rentes às atividades insalubres (art. 192) e perigosas (art. 193), direito também previsto 
na CRFB (art. 7º, XXIII).
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem 
à melhoria de sua condição social: [...] XXIII - adicional de remuneração para as 
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
O legislador encarregou ao Ministério do Trabalho a expedição de disposições com-
plementares às normas de medicina e segurança do trabalho, tendo em vista as pecu-
liaridades de cada atividade ou setor de trabalho (CLT, Art. 200). Foram estabelecidas, 
então, um conjunto de normas técnicas complementares, denominadas Normas Regula-
mentadoras (NRs), relativas à segurança e saúde do trabalho, de observância obrigatória 
pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e 
indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam 
empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
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UNIDADE 
Legislação sobre EST e SST
A Portaria 3214/78 estabeleceu 28 NRs, e neste início de 2019, são 36 Normas Regulamen-
tadoras vigentes, todas disponíveis em: https://goo.gl/swvZDJ.
A NR 37 sobre segurança e saúde em plataformas de petróleo está aprovada e entrará em 
vigor em dezembro de 2019. Disponível em: https://goo.gl/pRUQhF.
O não cumprimento das disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde 
no trabalho poderá acarretar ao empregador a aplicação de uma série de penalidades: 
multas administrativas, aumento de carga tributária, paralização de atividades, indeni-
zações impostas em condenações judiciais, entre outras. O empregado também tem a 
obrigação de observar as regras de SST e utilizar os equipamentos de proteção individual 
fornecidos pela empresa, sendo punido como ato faltoso a recusa injustificada do seu 
uso (art. 158 CLT e item 1.8.1 da NR1).
Entre as principais normas regulamentadoras, merecem destaque a NR-6, que se 
refere ao fornecimento de EPIs, NR-7 sobre o programa PCMSO, NR–9, que dispõe 
sobre riscos ambientais e a PPRA, e a NR-15, que trata das atividades e operações 
insalubres. A proibição de início de atividade sem prévia inspeção e aprovação das auto-
ridades, bem como a interdição e embargo em decorrência de risco para o trabalhador, 
são previstas na CLT (Arts. 160 e 161) e tratadas na NR-2 (inspeção prévia) e NR3 
(interdição e embargo). Contudo, a falta de estrutura para tais inspeções as transformou 
em autodeclarações, que são fiscalizadas mediante denúncias ou em caso de acidentes. 
A menção às NRs no tópico referente à legislação preventiva da SST pode causar 
estranhamento, já que inclui os criticados limites de tolerância e adicionais acusados de 
provocar a monetização da saúde. Contudo, é preciso ponderar que a intenção desse tipo 
de norma é estimular o empresário a implementar mudanças em prol da prevenção de 
acidentes, assim como garantir condições saudáveis em seu meio ambiente de trabalho. 
A eficácia das NRs é questionável porque, ao mesmo tempo em que definem ativi-
dades de risco e estabelecem critérios de prevenção (limites de tolerância), deixam de 
prever outras situações tão arriscadas quanto aquelas nelas contidas. Além disso, estabe-
lecem padrões de tolerância que, por vezes, adotam critérios inadequados para atender 
às necessidades de cada um dos indivíduos, ou mesmo não refletem a realidade de cada 
região, uma vez que são usados parâmetros internacionais cuja aplicabilidade é duvidosa 
a partir da composição étnica, cultural e até climática de cada povo/região. 
Mori e Fava (2015) advertem que a eliminação dos riscos no ambiente de trabalho 
tem perdido lugar para a monetização da saúde do trabalhador, elevando erroneamente 
a demanda pelo pagamento desses valores a uma posição central no cenário normativo 
de proteção. É uma grave distorção porque essas leis são insuficientes para tutelar a vida 
e saúde dos trabalhadores já que, além de não priorizarem a adoção de medidas pre-
caucionistas pelos empregadores, desestimulam a adequação do ambiente do trabalho, 
pois pagar adicionais de insalubridade e periculosidade é, na maior parte das vezes, mais 
barato do que implementar mudanças que visem à prevenção de doenças e acidentes 
(SADY, 2000; MELO, 2006; SCHINESTSCK, 2011).
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Para se garantir o meio ambiente saudável e equilibrado no local de trabalho não 
basta efetuar pagamentos por danos já ocorridos, cujos efeitos, via de regra, são irrever-
síveis e a restituição integral impossível. É preciso agir antes. O antigo critério de limitar 
a atuação da norma à exigibilidade do pagamento de um adicional pela precarização das 
condições de saúde e segurança, provocada pela prestação laboral em condições adver-
sas de insalubridade e periculosidade (conhecida como monetização do risco) não pode 
mais subsistir (GEMIGNANI e GEMIGNANI, 2012).
No mesmo sentido, juristas como Leite (2015) e Brandão (2010) destacam que esta 
concepção clássica, calcada apenas em NRs e normas técnicas da CLT, estaria supe-
rada, pois o paradigma da melhoria da condição social do trabalhador (CRFB, art. 7º, 
caput) e da ação preventiva no sentido de reduzir os riscos inerentes ao trabalho (art. 7º, 
XXII) é a diretriz que deve orientar ações e a aplicação da lei, seja por empresários, fis-
cais, engenheiros, juízes, promotores, legisladores ou governo executivo. E este direito 
à proteção não alcança apenas a redução dos riscos: impõe a sua total eliminação, me-
diante a remoção ou a neutralização das causas (SÜSSEKIND apud BRANDÃO, 2010).
Nesta linha de entendimento a pergunta a ser feita não deve ser “qual o limite aceitável”, 
mas sim “é possível eliminar o risco?”, já que a melhor prevenção sempre será a eliminação 
do risco.
Dimensão Reparatória
O instituto jurídico da responsabilidade decorre da evolução da sociedade humana ao 
lidar com os conflitos; afinal, foi a resposta construída que partiu da vingança privada 
presente na lei de talião (olho por olho, dente por dente) para estruturar o revide ao dano 
a partir de uma medida repressiva que será fixada e aplicada pelo Estado. A consequência 
lógico-normativa de qualquer ato ilícito é uma sanção. A responsabilidade civil repercute 
no âmbito privado, sendo o agente compelido a reparar o dano causado, buscando res-
taurar o status quo ante, ou seja, voltar ao estado em que se encontrava antes do ilícito; 
não sendo isso possível, pleiteará pela reparação do prejuízo através de indenização. 
Já a responsabilidade penal é imputada a alguém cuja conduta lesiona os interesses da 
coletividade, o que desestabiliza a ordem social. Com o objetivo de manter a paz social, se 
impõe uma sanção punitiva. Na área penal as penas são privativas de liberdade, restritivas 
de direito e/ou pecuniárias (multas). Uma mesma ação ou omissão pode ser considerada 
ilícita em ambas as esferas de direito, civil e penal, se ocorrer de amoldar-se às hipóteses 
de incidência estipuladas como dever de conduta em ambos os ramos, o que caracterizará 
dupla ilicitude e sujeitará o infrator a sanções diferenciadas em decorrência do mesmo ato 
(SILVA, 2007). É o caso dos Acidentes de Trabalho e doenças ocupacionais.
O pagamento do seguro obrigatório, no Brasil chamado de Seguro de Acidente de 
Trabalho (SAT), não suprime a responsabilidade do empregador. Caso contrário, pode-
ria se transformar em incentivo ao aumento do risco específico do trabalho, provocado 
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UNIDADE 
Legislação sobre EST e SST
pelo desleixo do patrão com as medidas de segurança indispensáveis (THEODORO 
JÚNIOR, apud SILVA, 2014, p. 272). Em outras palavras, essas “indenizações/com-
pensações são independentes dos benefícios previdenciários” (MELO, 2012, p. 34), 
pois enquanto os valores pagos pela PrevidênciaSocial têm natureza salarial, portanto 
alimentícia e compensatória (porque compensa o salário que deixou de receber), pela 
responsabilidade civil, o autor da ação cobra parcelas de natureza indenizatória (para 
reparar o dano causado, restaurando-se o estado anterior se possível).
Assim, há previsão na lei para o recebimento de duas indenizações, a devida pelo 
Instituto de Previdência ao beneficiário segurado e aquela que pode ser imposta ao em-
pregador, sob determinadas circunstâncias.
De acordo com a lei brasileira em vigor, o trabalhador ou seus herdeiros e dependentes 
podem pleitear, em razão de acidente de trabalho ou doença ocupacional, benefícios pre-
videnciários custeados pelo SAT e também indenizações com base na Constituição Federal2 
a lei civil.3
A limitação à responsabilidade do empregador pelo dano à saúde do empregado foi 
sendo reduzida, e hoje há situações nas quais, como ocorre com a indenização previ-
denciária, basta que se verifique o dano e o nexo com o trabalho para que nasça o dever 
de o empregador indenizar. São os casos de responsabilidade objetiva, nos quais não é 
preciso comprovar a culpa da empresa ou de outro funcionário pelo ocorrido. 
2 CRFB, Art. 7º: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
 XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obri-
gado, quando incorrer em dolo ou culpa; 
3 CC, Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano 
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
 CC, Art. 189: Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a 
que aludem os arts. 205 e 206.
 CC, Art. 927: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
 Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, 
ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos 
de outrem.
 Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
 III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes com-
petir, ou em razão dele;
 Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, res-
ponderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
 CC, Art. 948: No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
 I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
 II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida 
da vítima.
 CC, Art. 949: No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento 
e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
 CC, Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe 
diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da 
convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação 
que ele sofreu.
 Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. 
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O empregador que não observa as regras mínimas de segurança e medicina do tra-
balho, deixando de promover medidas que resguardem a integridade física e saúde do 
empregado, responde pelo prejuízo causado4. O STF já decidiu que o empregador deve 
assegurar que, ao final do contrato de trabalho, o empregado se encontre nas mesmas 
condições de saúde que desfrutava quando fora admitido, o que inclui sua integridade 
física e psíquica (BRANDÃO, 2006, p. 296).
A lei ambiental também pode ser aplicada à proteção do meio ambiente do trabalho, 
e o poluidor deve indenizar independente de culpa, ou seja, é objetiva a responsabilidade 
por dano ao meio ambiente5. Este é um princípio do direito ambiental conhecido como 
o princípio do poluidor-pagador. Também são aplicados na área da SST os princípios 
ambientais da prevenção e da precaução. 
O princípio da prevenção impõe a eliminação dos riscos cientificamente já compro-
vados; por sua vez, o princípio da precaução determina a adoção de medidas necessárias 
e suficientes para a eliminação de ameaça em situações nas quais ainda não haja certeza 
jurídica, ou seja, adota-se um comportamento preventivo diante de possíveis ameaças, 
ainda não cientificamente confirmadas (PESSOA e SOUZA, 2017).
Tomando tais traços distintivos, pode-se concluir que o controle dos riscos ambientais 
pela inspeção do trabalho atende mais ao princípio da prevenção, pois, de um modo 
geral, exige o cumprimento das Normas Regulamentadoras (NRs), que guarnecem o 
ambiente laboral de riscos já conhecidos e cientificamente confirmados. Contudo, Pessoa 
e Souza (2017) alertam que é comum na doutrina e, sobretudo, na jurisprudência, a men-
ção imprecisa do princípio da precaução como sinônimo da prevenção.
Mas os efeitos jurídicos do acidente de trabalho e doenças ocupacionais vão muito 
além da responsabilização civil e direito ao benefício previdenciário. Há consequências 
trabalhistas, previdenciárias, administrativas e penais. Além da estabilidade de um ano a 
partir do retorno e a necessidade da empresa recolher o FGTS durante o afastamento, o 
acidente do trabalho tem como consequências possíveis para o empresário: aumento do 
valor de contribuição da empresa para custeio da aposentadoria especial (Fator Aciden-
tário de Prevenção - FAP), ação regressiva do INSS contra a empresa, ação trabalhista
Indenizatória movida pelo trabalhador, perda da certificação OHSAS-18001 sobre 
sistema de gestão da saúde e segurança ocupacional, multas aplicadas pela inspeção 
do trabalho e implicações criminais, que podem atingir o Engenheiro de Segurança do 
Trabalho responsável.
4 CLT, Art. 157 - Cabe às empresas: I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho; II - 
instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do 
trabalho ou doenças ocupacionais; [...]
 Lei 8213/91, Art. 19, § 1º- A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de prote-
ção e segurança da saúde do trabalhador; § 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de 
cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho; § 3º É dever da empresa prestar informações pormenorizadas 
sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular.
5 Lei 6938/81, art. 14, § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, 
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a tercei-
ros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de 
responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
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UNIDADE 
Legislação sobre EST e SST
A AGU (Advocacia Geral da União) pode ajuizar ações regressivas para cobrar, em nome do 
INSS, os gastos sofridos pelo erário público com pagamento de benefícios acidentários quan-
do reconhecida a responsabilidade da empresa pela ocorrência do acidente ou doença laboral.
O FAP é um multiplicador variável que poderá causar a redução em até 50% ou o aumento 
em até 100% da alíquota do Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa Decorrente 
dos Riscos do Ambiente de Trabalho (GIIL-RAT), equivalente ao Seguro de Acidente de Tra-
balho (SAT), uma das Contribuições Sociais que incidem sobre a folha de pagamento das 
empresas para financiamento da Seguridade

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