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Legislação aplicada à Engenharia de Segurança do trabalho

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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
LegisLação apLicada à 
engenharia de segurança 
do TrabaLho
Elaboração
Paulo Rogério Albuquerque de Oliveira
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 7
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 9
UNIDADE I
ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS .............................................................................................. 17
CAPÍTULO 1
NORMA JURÍDICA E HIERARQUIA DAS LEIS .............................................................................. 17
CAPÍTULO 2
DIREITO, HERMENÊUTICA E SEGURIDADE SOCIAL ..................................................................... 23
CAPÍTULO 3
GERAÇÕES DE SAÚDE DO TRABALHADOR ............................................................................. 29
CAPÍTULO 4
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO REFERENTE À SAÚDE DO TRABALHADOR .................... 41
CAPÍTULO 5
ESTRUTURA JUDICIÁRIA BRASILEIRA ......................................................................................... 50
UNIDADE II
VISÕES SOBRE SAÚDE DO TRABALHADOR ............................................................................................. 56
CAPÍTULO 1
VISÃO SANITÁRIA .................................................................................................................... 56
CAPÍTULO 2
VISÃO PREVIDENCIÁRIA .......................................................................................................... 66
CAPÍTULO 3
VISÃO ACIDENTÁRIA ............................................................................................................... 78
CAPÍTULO 4
VISÃO PENAL.......................................................................................................................... 99
CAPÍTULO 5
VISÃO CIVIL.......................................................................................................................... 116
CAPÍTULO 6
VISÃO TRABALHISTA .............................................................................................................. 132
CAPÍTULO 7
VISÃO TRIBUTÁRIA ................................................................................................................. 149
PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................... 179
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 180
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
7
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
8
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
9
Introdução
Caro aluno,
Bem-vindo à disciplina de Legislação Aplicada à Engenharia de Segurança do Trabalho, 
material básico, sem dúvida, ao estudo da Saúde e Segurança do Trabalhador (SST). 
O objetivo deste caderno é permitir ao leitor uma visão ampla, interligada e sistêmica 
do tema em destaque, considerando a evolução das teorias envoltas ao fenômeno saúde, 
trabalho, adoecimento e meio ambiente, bem como os aparatos jurídicos e científicos, 
multidimensionais e pluridisciplinares que sustentam esse almejado e complexo bem 
social chamado Saúde do Trabalhador.
A Saúde do Trabalhador aqui discutida deve ser entendida como resultado do avanço 
social ao representar um conjunto de anseios, direitos e deveres (de quebra de 
paradigma), por força da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada 
em 1988 (CFRB-88), assumidos na direção do direito público, no campo da saúde 
coletiva, em contraposição aos preceitos obsoletos e restritos da medicina do trabalho, 
calcados em direito privado, no estreito campo da saúde individual.
Nesse esforço de concatenação do tema sanitário laboral, esta obra inicia-se com 
uma base comum e universal a qualquer sistema produtivo, válida como material 
didático-pedagógico às inúmeras possibilidades acadêmicas. Nos capítulos seguintes, 
faz o acoplamento mais adequado entre algo arcaicamente chamado de trabalhista 
(sentido exótico) para um sistema mais elaborado de conexões sociojurídicas, 
hodiernamente vinculado ao campo da dignidade humana (sentido esotérico), com 
desdobramentos nos variados campos do conhecimento humano.
Este caderno está estruturado em unidades de estudo, subdivididas em capítulos, com 
base na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB-88), sequenciada 
pelos ramos do direito que se relacionam com a SST, como ilustra a figura seguinte:
10
Figura 1. Múltiplas dimensões da saúde do trabalhador submetidas à nova ordem constitucional.
Aspectos Constitucionais sobre Saúde do Trabalhador 
Sanitários Previdenciários Tributários Ambientais Penais 
Trabalhistas 
Cíveis 
Direito Privado 
(Interesse 
Individual) – 
Alcança apenas o 
empregado 
Direito Público (Interesse Coletivo) – Alcança todos os trabalhadoresFonte: Elaborada pelo autor.
A Constituição de um Estado emerge de um pacto entre diversificados valores sociais, 
ideias, aspirações e interesses diferenciados e até mesmo antagônicos. Conquanto seja 
verdade que a Constituição tenha por intuito retratar um consenso fundamental, não 
tem ela o condão de aplainar as saliências e reentrâncias do pluralismo e antagonismo 
das ideais subjacentes à celebração do referido pacto. Choques de valores sempre 
existirão, e isso em nada desnatura o Estado Democrático de Direito; ao contrário, faz 
florescer e amadurecer a democracia.
A saúde do trabalhador brota desse bojo de conflitos sob o prisma constitucional como 
novo ramo de direito público voltado à integridade física e mental do trabalhador 
– assim entendido o trabalhador sob qualquer denominação, subordinação ou 
vinculação, inclusive os desocupados. Em outras palavras: o tema é incipiente e 
bastante polêmico.
A constitucionalização do direito sanitário na atual Carta Magna possui duas 
características principais: o reconhecimento do direito à saúde como direito fundamental 
e a definição dos princípios que regem a política pública da saúde.
A caracterização da saúde como direito fundamental ocorre pela primeira vez na história 
constitucional brasileira. A saúde consta como um dos direitos sociais reconhecidos 
no art. 6°, que abre o Capítulo II (“Dos Direitos Sociais”) do Título II (“Dos Direitos 
11
Fundamentais”) da Constituição de 1988; além disso, o caput do art. 196 define a saúde 
como “direito de todos e dever do Estado”. Essa forma de constitucionalização acarreta 
importantes consequências, a saber.
O texto constitucional anterior reconhecia, no art. 165, inciso XV, Título III, “Da 
Ordem Econômica e Social”, o direito à “assistência sanitária, hospitalar e médica 
preventiva”, nos termos da lei. Isso permitia, na legislação infraconstitucional, a 
separação entre o sistema de saúde dos segurados da Previdência Social, integrantes 
do mercado formal de trabalho, e a maioria da população, que não tinha acesso a esse 
sistema. Ou seja, quem tivesse Carteira Profissional (CTPS) teria direito aos serviços 
de saúde; ao contrário, aqueles que não a tivessem ficavam à míngua. 
Com a definição da saúde como direito fundamental, abre-se o caminho para que 
todos os cidadãos brasileiros possam dela usufruir, tendo em vista que a saúde passa 
a constituir um direito público subjetivo que é garantido pela existência do Sistema 
Único de Saúde (SUS).
Direito à saúde como cláusula pétrea: as chamadas “cláusulas pétreas” são limites 
ao poder de reforma da Constituição, já que as matérias por elas alcançadas não podem 
ser abolidas, nem mesmo tendencialmente, por emendas constitucionais.
Neste caderno, usamos a sigla SST para denominar Saúde e Segurança do 
Trabalhador, pois o bem jurídico tutelado é a saúde do trabalhador, e não o 
trabalho. É incorreta essa última acepção, pois colide com a CRFB-88.
A saúde está disposta entre os direitos e garantias individuais, na qualidade de direito 
fundamental, portanto se inclui na definição de “cláusula pétrea”, de acordo com o 
inciso IV do art. 60, § 4º, da CF. Deve-se observar que, na aplicação desse dispositivo, o 
intérprete não deve se pautar pelo critério literal, já que o reconhecimento de todos os 
direitos fundamentais é uma decisão do poder constituinte que não pode ser alterada 
pelo poder reformador.
Direito à saúde como valor: os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição 
possuem não apenas uma dimensão subjetiva, atribuindo direitos aos cidadãos, mas 
também uma dimensão objetiva, na qual se estabelecem os valores ou bens jurídicos 
principais que devem ser objeto de proteção pelo Estado e pela sociedade.
Portanto, mesmo quando não há violação direta do direito subjetivo à saúde, os 
operadores do direito devem verificar se o bem jurídico “saúde” está sendo afetado por 
ações ou omissões dos poderes públicos. Isso justifica, por exemplo, a declaração de 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo que contrarie o direito à saúde.
12
Direito à saúde e efeitos sobre terceiros: apesar de os direitos fundamentais 
terem sido concebidos, na sua origem, como direitos oponíveis ao Estado, admite-se 
contemporaneamente que eles também incidem nas relações jurídicas entre particulares. 
Assim, os direitos fundamentais produzem efeitos não apenas na relação Estado-cidadão 
(efeitos verticais), mas também na relação cidadão-cidadão (efeitos horizontais ou 
efeitos sobre terceiros). Em um primeiro momento, cabe observar que a violação de 
certos direitos é, inclusive, mais provável exatamente no âmbito dessas últimas 
relações, como ocorre com o direito à privacidade e o direito à honra.
No campo do direito à saúde, essa noção impõe aos Poderes Públicos a obrigação de 
proteger a saúde no âmbito das relações privadas, devendo o legislador estabelecer leis 
adequadas a essa proteção e os tribunais interpretarem as normas do direito privado de 
acordo com a Constituição, inclusive as declarando inconstitucionais quando violarem 
o bem jurídico da saúde.
Alguns exemplos dessa ideia: 
I. anulação de cláusulas contratuais dos planos de saúde, tendo em vista o 
prejuízo que acarretam à saúde do usuário; 
II. intervenção do SUS no âmbito do meio ambiente do trabalho quando não 
oferecer condições salubres de trabalho.
Em todos os campos do Direito, observa-se a importância dos princípios, que hoje são 
consensualmente considerados autênticas normas jurídicas, vinculando os poderes 
públicos e os particulares às suas disposições, sem esquecer a aplicabilidade de 
outros princípios constitucionais ao campo do direito sanitário, como os referentes 
à administração pública (art. 37) e os princípios gerais da ordem social (art. 193), 
passamos a examinar os princípios constitucionais da seguridade social (art. 194) e da 
saúde (arts. 196 e 198), todos da CRFB 88.
Por que o Engenheiro de Segurança do Trabalho (EST) e outros profissionais de 
SST precisam conhecer sobre legislação? Porque são muitos os ramos do direito 
que se relacionam com a SST e, por isso, devem ser lidos e interpretados de 
modo a se coadunarem aos princípios constitucionais da CRFB-88.
A análise desses dispositivos demonstra que eles estabelecem as diretrizes que devem 
ser observadas pelos Poderes Públicos no cumprimento de suas obrigações. Dessa 
forma, os princípios impõem um conjunto de objetivos ao Estado cujo alcance é o vetor 
que deve orientar o desenvolvimento das políticas públicas, limitando o campo da 
discricionariedade.
13
Os princípios permitem verificar a constitucionalidade e a legalidade materiais 
das políticas públicas, tanto no que se refere às suas atividades-fim quanto às suas 
atividades-meio. A leitura combinada dos arts. 194, 196 e 198 da CRFB-88 destaca os 
seguintes princípios:
 » universalidade (art. 194, I; art. 196, caput): essa diretriz rompe com a 
divisão que existia anteriormente entre os segurados do sistema de 
previdência social e o resto da população. Como direito de todos, a saúde 
não requer nenhum requisito para sua fruição, devendo ser universal e 
igualitário o acesso às ações e aos serviços de saúde, “em todos os níveis 
de assistência” (art. 7º, I, da LOS);
 » caráter democrático e descentralizado da administração, com participação 
da comunidade (art. 194, VII; art. 198, I e III): a descentralização é aqui 
entendida como uma redistribuição das responsabilidades pelas ações e 
serviços de saúde entre os vários níveis de governo, a partir da ideia de 
que, quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá 
de acerto. Deverá haver uma profunda redefinição das atribuições dos 
vários níveis de governo, com um nítido reforço do poder municipal no 
tocante à saúde;
 » atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, 
sem prejuízo dos serviços assistenciais (art. 198, II): esse princípio 
impõe a articulação e continuidade do conjunto das ações e serviços 
preventivose assistenciais ou curativos, em todos os níveis do sistema. 
A integralidade implica ainda que os serviços de saúde devem funcionar 
atendendo o indivíduo como um ser humano integral, submetido às 
mais diferentes situações de vida e de trabalho, que o levam a adoecer 
e morrer. O indivíduo deve ser entendido como um ser social, cidadão 
que biológica, psicológica e socialmente está sujeito aos riscos inerentes 
à vida. Dessa forma, o atendimento deve ser feito para a sua saúde, e 
não somente para as suas doenças. Isso exige que o atendimento seja 
feito também para erradicar as causas e diminuir os riscos, além de 
tratar os danos. Isso significa que o SUS deve garantir o acesso a ações 
de promoção que buscam eliminar ou controlar as causas das doenças e 
agravos, envolvendo ações também em outras áreas;
 » regionalização e hierarquização (art. 198, caput): esse princípio busca 
permitir um conhecimento maior, por parte da rede de serviços do 
SUS, dos problemas de saúde da população de uma área delimitada, 
favorecendo ações de vigilância epidemiológica, sanitária, controle de 
14
vetores, educação em saúde, além das ações de atenção ambulatorial e 
hospitalar em todos os níveis de complexidade. Dessa forma, o acesso 
da população à rede deve dar-se por intermédio dos serviços de nível 
primário de atenção, que devem ser e estar qualificados para atender 
e resolver os principais problemas que demandam serviços de saúde. 
Os que não podem ser resolvidos nesse nível deverão ser referenciados 
para os serviços de maior complexidade tecnológica.
Além desses princípios, o já citado art. 7º da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, 
enumera outros, a saber:
 » preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade 
física e moral, que significa o respeito à capacidade de o indivíduo tomar 
decisões, inclusive elegendo o procedimento a ser adotado, desde que 
eficaz para a preservação da sua saúde ou da comunidade (art. 7º, III);
 » direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde (art. 7º, V);
 » divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e 
sua utilização pelo usuário (art. 7º VI);
 » utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a 
alocação de recursos e a orientação programática (art. 7º, VII);
 » integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e 
saneamento básico (art. 7º, X);
 » conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação 
de serviços de assistência à saúde da população (art. 7º, XI);
 » capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência, 
isto é, capacidade de os serviços de saúde resolverem, no nível de sua 
complexidade, os problemas que lhes forem apresentados (art. 7º, XII);
 » organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios 
para fins idênticos (art. 7º, XIII).
Como se pode observar, esses princípios regulam não apenas as prestações de serviços 
de saúde, mas também a própria organização do SUS, o qual segue a mesma doutrina e os 
mesmos princípios organizativos em todo o território nacional, sob a responsabilidade 
das três esferas autônomas de governo: federal, estadual e municipal. Assim, o SUS 
não é um serviço ou uma instituição, mas um sistema, que significa um conjunto de 
unidades, serviços e ações que interagem para um fim comum.
15
Tudo o que foi mencionado acima se aplica à saúde do trabalhador, pois tudo que vale 
ao todo vale, por óbvio, à parte desse mesmo todo. Logo, não há saúde do trabalhador 
sem o respeito a esses princípios e diretrizes supramencionados.
Especificamente à saúde do trabalhador, a CRFB-88 pontua alguns fundamentais 
direitos, a partir dos quais se estrutura a presente obra:
 » inciso XXVIII do art. 7º: seguro contra acidentes de trabalho (SAT), a 
cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, 
quando incorrer em dolo ou culpa;
 » inciso XXII do art. 7º: redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio 
de normas de saúde, higiene e segurança;
 » inciso XXIII do art. 7º: adicional de remuneração para as atividades 
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
 » inciso II do art. 200: ao SUS compete, além de outras atribuições, nos 
termos da lei, executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, 
bem como as de saúde do trabalhador;
 » caput do art. 225: meio ambiente ecologicamente equilibrado, neste 
incluso o meio ambiente do Trabalho (VIII do art. 200).
Por conta dos dispositivos acima, fica nítida a ativação de vários ramos do direito, 
submetidos a um mesmo tronco da Saúde do Trabalhador, dentro de um bem jurídico 
maior: a saúde – daí a denominação Direito Sanitário. A ativação dos vários ramos se 
dá de modo expresso, a saber:
 » Direito Tributário – Ao determinar o recolhimento compulsório do SAT, 
por parte das empresas, nos termos do inciso XXVIII do art. 7º.
 » Direito Civil – Ao referenciar indenização, por parte do empregador, 
quando do acidente do trabalho, nos termos do inciso XXVIII do art. 7º.
 » Direito Penal – Ao vincular e definir consequências a pessoa do 
empregador quando da ocorrência de ato culposo ou doloso, nos termos 
do inciso XXVIII do art. 7º. 
 » Direito Trabalhista – Ao criar adicional de remuneração para as atividades 
penosas, insalubres ou perigosas, nos termos do inciso XXIII do art. 7º. 
 » Direito Sanitário – Ao atribuir ao SUS competência ampla e plena, 
inclusive nominando juridicamente a nomenclatura saúde do trabalhador, 
nos termos do inciso II do art. 200. 
16
 » Direito Ambiental – Ao incluir o meio ambiente do trabalho na definição 
constitucional dada pelo art. 225, nos termos do inciso VIII do art. 200.
Este caderno de estudo aborda essas facetas indicadas, separando-as por capítulos e 
entrelaçando-as ao longo do material. 
Nesta disciplina, teremos informações sobre os principais ramos do direito 
relacionados às empresas e aos trabalhadores subordinados ao risco.
Objetivos
 » Apresentar toda a legislação atinente ao campo da SST.
 » Observar a hierarquia das leis e focalizar as legislações que orbitam a 
CRFB-88 quanto à SST
 » Compreender as responsabilidades sanitárias, previdenciárias, tributárias, 
civis, criminais, ambientais e trabalhistas.
 » Permitir capacidade crítica para ler e interpretar os comandos normativos 
quanto à SST.
17
UNIDADE IESTUDO DO DIREITO: 
ASPECTOS GERAIS
CAPÍTULO 1
Norma Jurídica e Hierarquia das leis
Com as sociedades tornando-se cada vez mais complexas, o simples ordenamento 
legal dos costumes tornou-se insuficiente para o regramento das relações. Desse modo, 
surgiram diversas categorias de diplomas normatizadores, com características singulares 
e campos de atuação distintos, tanto de eficácia como de cobertura geográfica.
Estabelece-se que uma espécie normativa é hierarquicamente inferior a outra quando 
aquela encontra seu fundamento de validade, sua razão de ser, nesta. De outra forma, 
podemos considerar o processo legislativo ou normativo a que a norma está sujeita, ou 
seja, quanto mais qualificada for a aprovação daquele, mais ascendente é a norma. 
Antes, porém, de entrar na classificação hierárquica das normas, é importante apontar 
a norma como gênero e os princípios e regras como espécies. 
Normas jurídicas são regras de conduta emitidas pelo poder público para regulamentar 
a coexistência pacífica dos seres humanos que são membros de uma sociedade, cuja 
observância não está sujeita a aceitação ou não pelo destinatário, porque, se ele não 
cumprir, ele pode ser forçado a isso.
por meio da coerção, fazendo uso da força que o Estado possui. Exemplo: a aplicação de 
uma sanção pelo Código Penal quando ocorrer um crime.
Para distinguir entre regras e princípios, há diversos critérios a serem utilizados. 
Quanto ao grau de abstração, os princípios são normas com um grau de abstração 
mais elevado, enquanto as regras têm sua abstraçãoreduzida. De maneira que, em 
função dos princípios serem vagos e indeterminados, necessitam de intervenções que 
os concretizem; já as regras, diante de sua precisão, podem ser aplicadas diretamente. 
Os princípios estabelecem padrões juridicamente vinculantes, estabelecidos em função 
da justiça ou da própria ideia de direito; as regras podem ser normas vinculativas com 
conteúdo apenas funcional.
18
UNIDADE I │ ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS
Um sistema não pode ser formado exclusivamente por regras, nem unicamente por 
princípios. No primeiro caso, pretendendo prever todas as situações, a eficiência 
prática seria limitada. No segundo, a indeterminação e a imprecisão poderiam tornar o 
sistema muito complexo e falível do ponto de vista da segurança jurídica. Por essa razão, 
apresenta-se o sistema aberto, formado por regras e princípios, como a forma mais 
equilibrada na constituição de um sistema jurídico, para que seja possível acompanhar 
a constante evolução social (CANOTILHO, 2000). 
A pirâmide dos padrões de Hans Kelsen1 baseia a concepção de cada lei como norma; 
isto é, como deveria ser. Cada lei pode ser derivada de outra que lhe dá validade até 
atingir o princípio de validade final, que é a norma fundamental. Kelsen representou 
as normas legais por meio de uma pirâmide que representa graficamente a ideia de 
um sistema jurídico escalonado. De acordo com isso, o sistema nada mais é do que a 
maneira pela qual um conjunto de normas legais está relacionado e a principal maneira 
de relacioná-las, dentro de um sistema, com base no princípio da hierarquia legal.
Em outras palavras, as normas que compõem um sistema jurídico estão relacionadas 
entre si de acordo com o princípio da hierarquia legal. Imagine uma pirâmide: o topo da 
pirâmide da Constituição de um Estado seria colocado na etapa imediatamente abaixo, 
lei nos regulamentos no degrau seguinte, e assim por diante, até chegar à base, composta 
por normas legais individuais, que são os testamentos, os contratos e, finalmente, as 
sentenças. A pirâmide seguiria, então, esta ordem: 
1. Constituição Federal;
2. Leis ou regras gerais;
3. Regulamentos; 
4. Negócios e atos legais (contratos, testamentos); 
5. sentenças judiciais e resoluções administrativas.
Quanto mais nos aproximamos da base da pirâmide, mais amplo é o passo, ou seja, há 
um maior número de normas legais. Assim, o escalão superior é muito pequeno, porque 
a Constituição é apenas uma, e é a lei que está acima de tudo, que não pode ser violada; 
assim, entende-se que existem mais leis do que constituições, mais regulamentos do 
que leis, e assim por diante.
No Brasil, apresenta-se a seguinte estruturação hierárquica de nosso ordenamento 
jurídico.
1 Filósofo e político austríaco de origem judaica (1881-1973), professor de filosofia do direito na Universidade de 
Viena desde 1917.
19
ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS │ UNIDADE I
Constituição ou Carta Magna: é o conjunto de leis (codificadas ou não) que define 
as características políticas fundamentais (república X monarquia; presidencialismo 
X parlamentarismo; sistema de representação política etc.), os princípios políticos 
(organização de partidos políticos), os princípios sociais (“art. 5° Todos são iguais 
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade”) e estabelece a estrutura, os procedimentos, os 
poderes e os direitos de um governo.
A Constituição é a lei máxima do nosso país. Ela determina as relações presentes na 
sociedade, define os direitos e deveres dos cidadãos e impõe os limites para que a vida 
em comunidade seja possível. Nenhuma outra lei, código, medida provisória ou decreto 
pode entrar em conflito com o que está estabelecido no documento promulgado em 1988.
Trata-se da Lei Maior, a sua alteração necessita, no caso brasileiro, de rito legislativo 
específico, isto é, precisa da convocação de uma assembleia constituinte, em que os 
legisladores serão escolhidos com esse objetivo principal.
Emendas à Constituição: leis que alteram a Constituição. A própria Constituição, em 
seu art. 60, disciplina a figura da Emenda à Constituição. Como se trata de dispositivo 
que altera a estrutura da Lei Maior, o quórum para a sua apresentação é qualificado 
(necessita de 1/3 dos membros da Câmara e/ou do Senado ou de iniciativa do Presidente 
da República), assim como a sua aprovação:
A proposta de emenda constitucional será discutida e votada em cada Casa do Congresso 
Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, 3/5 dos 
votos dos respectivos membros (art. 60, § 2°, da Constituição Federal). Dessa forma, 
ressalte-se o quórum diferenciado para aprovação, bem como a necessidade de dupla 
votação em cada Casa Legislativa. Não existe participação do Presidente da República 
na fase constitutiva do processo legislativo de uma emenda constitucional, uma vez que 
o titular do poder constituinte derivado reformador é o Poder Legislativo. Assim, não 
haverá necessidade de sanção ou veto.
Leis complementares: são leis destinadas a complementar a Constituição, por 
determinação expressa do legislador constituinte, situando-se em nível intermediário 
entre a Constituição e a lei ordinária. É possível que a lei ordinária venha a regulamentar 
os aspectos decorrentes de lei complementar, tendo de manter a predominância desta, 
de quórum superior.
Para aprovar uma lei complementar, é necessária a aprovação por maioria absoluta dos 
membros da casa legislativa, ou seja, “a metade mais um”. Por exemplo, na Câmara dos 
20
UNIDADE I │ ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS
Deputados, existem 513 deputados. Assim, o projeto somente é aprovado pelo voto da 
maioria absoluta dos membros: 258 votos, segundo o que determina o art. 69 da CF/88.
Leis Ordinárias: leis comuns, formuladas pelo Congresso Nacional (na área federal), 
pela assembleia legislativa (estadual) ou pela câmara dos vereadores (municipal). 
A lei ordinária diz respeito à organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, 
à nacionalidade, à cidadania, aos direitos individuais, políticos e eleitorais, planos 
plurianuais e orçamentos e a todo o direito material e processual, como os códigos civil, 
penal, tributário e respectivos processos. Para a sua aprovação, basta que a maioria 
absoluta esteja presente e que a metade destes vote favoravelmente ao projeto de lei 
ordinária. Por exemplo, na Câmara Federal, em que há 513 membros, basta que 258 
estejam presentes e que 130 votem favoravelmente ao projeto para que ele seja aprovado.
A doutrina jurídica indica que não há uma hierarquia entre as leis complementares 
e as leis ordinárias. O legislador Constituinte separou essas leis de modo a 
estabelecê-las segundo um grau de importância ou relevância dos assuntos que 
cada uma deve tratar, pois cada uma possui um quórum de aprovação específico. 
A outra grande diferença entre as espécies legislativas em questão é o âmbito 
material ou os assuntos que cada uma pode tratar. Um assunto é tratado em lei 
complementar quando a Constituição Federal de 1988 expressamente prever tal 
disposição, enquanto a aprovação por lei ordinária não exige tal determinação 
constitucional.
Tratado Internacional: o tratado internacional, depois de reconhecido pelo Poder 
Executivo e aprovado pelo Poder Legislativo, incorpora-se ao arcabouço jurídico 
brasileiro, colocando-se no mesmo patamar da lei ordinária. O tratado internacional deve 
adequar-se à Constituição Federal, podendo, inclusive, ser declarado inconstitucional. 
Se houver conflito do tratado internacional com a legislação infraconstitucional, 
o tratado é considerado como lei ordinária; se o conflito permanecer em função da 
hierarquia das leis, prevalece o texto mais recente (STF, 1978).
A exceção a essa regra é o caso dos tratados e das convenções internacionais sobre 
direitos humanosque forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois 
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, que equivalem às emendas 
constitucionais, sendo, portanto, hierarquicamente superiores à lei ordinária.2
Medida Provisória: a medida provisória é um ato do Executivo com força provisória 
de lei. É um ato emanado do Presidente da República, em circunstâncias excepcionais 
2 O primeiro tratado aprovado conforme este rito é a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas 
com Deficiência, juntamente com o seu Protocolo Facultativo, celebrada em Nova Iorque em 30 de março de 2007 
e referendada pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008.
21
ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS │ UNIDADE I
de relevância e urgência, com força provisória de lei, que necessita da aprovação do 
Congresso Nacional para que tenha força definitiva de lei, devendo ser convertida em 
lei ordinária no prazo de sessenta dias prorrogável uma vez por igual período, caso 
contrário perde sua eficácia desde o momento de sua edição.
Art. 58. O Presidente da República, em casos de urgência ou de interesse público 
relevante, e desde que não resulte aumento de despesa, poderá expedir decretos 
com força de lei sobre as seguintes matérias: 
I. segurança nacional; 
II. finanças públicas. Parágrafo único. Publicado o texto, que terá vigência 
imediata, o Congresso Nacional o aprovará ou o rejeitará, dentro de 
sessenta dias, não podendo emendá-lo; se, nesse prazo, não houver 
deliberação, o texto será tido como aprovado.
A medida provisória, editada pelo presidente da República, deve ser submetida ao 
Congresso; não pode ser aprovada por decurso de prazo nem produz efeitos em caso 
de rejeição.
Leis Delegadas: equiparam-se às leis ordinárias, diferindo destas apenas na forma de 
elaboração. A lei delegada é elaborada pelo presidente, a partir de delegação específica 
do Congresso, mas não pode legislar sobre atos de competência do Congresso, de cada 
Casa, individualmente, sobre matéria de lei complementar nem sobre certas matérias 
de lei ordinária.
Decretos-Lei: um decreto-lei é um decreto emanado pelo Poder Executivo, e não pelo 
Poder Legislativo, que tem força de lei. Atualmente, não é mais possível a produção de 
um decreto-lei, mas existem ainda muitos em vigor.
Decretos Legislativos: são normas promulgadas pelo Congresso Nacional em 
assunto de sua competência. São de competência exclusiva do Congresso Nacional, 
sem necessitar de sanção presidencial. A resolução legislativa também é privativa do 
Congresso ou de cada Casa isoladamente, por exemplo, a suspensão de lei declarada 
inconstitucional.
Decretos: são atos administrativos da competência dos chefes dos Poderes 
Executivos (presidente, governadores e prefeitos), que visam explicar a lei e facilitar 
a sua execução, melhorando suas determinações e orientando sua aplicação. Um 
decreto é usualmente usado pelo chefe do Poder Executivo para fazer nomeações e 
regulamentos das leis (como para lhes dar cumprimento efetivo, por exemplo), entre 
outras coisas.
22
UNIDADE I │ ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS
Instrução Normativa: ato administrativo expedido por quem possui delegação 
de poder para tal, com o objetivo de auxiliar/ordenar a execução de leis, decretos e 
regulamentos.
Resolução: Resoluções são atos administrativos normativos expedidos pelas 
autoridades do Executivo, mas não pelo Chefe do Executivo ou pelos presidentes de 
tribunais, órgãos legislativos e colegiados administrativos, para disciplinar matéria de 
sua competência específica. As Resoluções são sempre atos normativos inferiores ao 
regulamento não podendo inová-los, mas simplesmente complementá-los e explicá-los. 
Portaria: documento de ato administrativo de qualquer autoridade pública, que 
contém instruções acerca da aplicação de leis ou regulamentos, recomendações de 
caráter geral, normas de execução de serviço, nomeações, demissões, punições, ou 
qualquer outra determinação de sua competência. “As portarias, como demais atos 
administrativos internos, não atingem e nem obrigam a particulares, pela manifesta 
razão de que os cidadãos não estão sujeitos ao poder hierárquico da administração 
pública. Nesse sentido vem decidindo o Supremo Tribunal Federal – RF 107/65 e 277, 
112/2026”.
Apesar de as Normas Regulamentadoras (NR) serem aprovadas por Portaria, elas 
têm força de lei por delegação expressa do art. 200 da CLT.
23
CAPÍTULO 2
Direito, Hermenêutica e Seguridade 
Social
A palavra direito vem do latim directum, que significa “direto”. Esse conceito está 
focado em educar o homem em seu campo social e estudar seu comportamento. Nesse 
sentido, são os padrões de punição ou sanção que garantirão uma correta coexistência 
entre indivíduos. A Lei, do ponto de vista doutrinário, é o conjunto de normas legais 
que regulam a conduta dos homens na sociedade.
A determinação do sentido e alcance das expressões do Direito, processo que visa extrair 
da norma todo o seu conteúdo, realiza-se por meio da interpretação, que possui técnica 
e meios peculiares atingir os objetivos da hermenêutica. 
O termo hermenêutica advém de Hermes, personagem da mitologia grega encarregado 
de transmitir ou interpretar. É uma ciência jurídica que “tem por objeto o estudo e 
a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das 
expressões do Direito”. É a ciência que estuda os métodos e técnicas de interpretação 
do Direito, buscando sistematizá-los de modo a tornar mais fácil e eficiente o trabalho 
do exegeta. Nas palavras de Maximiliano (2011, p.12) hermenêutica “é a teoria 
científica da arte de interpretar”, isto é, “de determinar o sentido e o alcance das 
expressões do Direito”.
Dessa forma, o profissional na área de SST tem como vocação interpretar as normas em 
seus vários campos do direito para corretamente fazer justiça ao empregador e aos seus 
trabalhadores.
A palavra fonte é derivada do latim font, que significa “lugar onde a água vem da terra” e, 
aplicando essa palavra ao estudo legal da norma, vale a pena fazer a seguinte pergunta: 
De onde vem a Lei? Isto é, quais são os atos, fatos, processos ou documentos dos quais 
podem surgir, a qualquer momento, as normas legais, que juntas formam a lei? 
As fontes do direito são geralmente classificadas em fontes reais, formais e históricas. 
Aqui consideraremos apenas as fontes formais, que são os procedimentos pelos quais a 
criação da regra legal foi alcançada. Essas fontes são: 
a. a legislação;
b. o costume. 
c. a jurisprudência;
24
UNIDADE I │ ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS
d. a doutrina; e
e. os princípios gerais do direito. 
Avancemos ao Direito Público, assim entendido o ius publicum como o conjunto de 
regras que regulam as relações e funções do Estado e suas relações com os indivíduos. 
Esse ramo do direito é classificado da seguinte forma: constitucional; sanitário, 
ambiental, tributário, previdenciário e administrativo. Diz-se direito público porque 
os interesses coletivos deles depreendidos sobrepujam aqueles dos indivíduos. Há 
uma precedência, diferentemente do privado, no qual há uma simetria de poderes e 
correspondência de obrigações entre as partes. 
Nesse ponto, vale destacar a abordagem basilar do direito brasileiro definida pela Lei 
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) ainda em vigor, desde 1942, 
dada pelo Decreto-Lei nº 4.657, de 24 de setembro de 1942. A seguir são destacados 
alguns dispositivos dessa lei, pois assim foi convalidada pela Lei nº 12.376, de 30 de 
dezembro de 2010, a saber:
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o 
país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. § 1º Nos 
Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando 
admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. § 3º 
Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, 
destinada a correção,o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores 
começará a correr da nova publicação. § 4º As correções a texto de lei já 
em vigor consideram-se lei nova.
Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até 
que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior 
quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou 
quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2º 
A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já 
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3º Salvo disposição 
em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora 
perdido a vigência.
Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se 
dirige e às exigências do bem comum.
25
ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS │ UNIDADE I
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato 
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se 
ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo 
em que se efetuou. § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos 
que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo 
começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida 
inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º Chama-se coisa julgada ou caso 
julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. 
Seguridade Social 
Boschetti (2006. p. 13-14) faz uma avaliação desse período de nascedouro 
das políticas de Seguridade Social no Brasil, no século XX:
Não é surpreendente que, no início dos anos 1920, as iniciativas 
governamentais fossem tão tímidas em matéria de proteção do 
trabalhador e do cidadão. Recém-saído do regime do Império (1889) e 
com a economia e a sociedade fundadas, até recentemente, na escravidão 
1888, o país entrou no século XX sob a supremacia, ao mesmo tempo, 
da ideologia econômica liberal e do clientelismo político .
O ano de 1923 pode ser considerado o ano de nascimento da Seguridade Social 
Brasileira como instituição pública, pois, nesse ano, foi criado o Decreto-Lei nº 
4.682, em 24 de janeiro (Lei Eloy Chaves), que determinava a criação de Caixas de 
Aposentadorias e Pensões nas empresas ferroviárias existentes. Ele marca o 
início da fase de vinculação à Seguridade Social por empresa. Em 1937, já existiam 
183 Caixas de Assistência, mas a maioria sem um número mínimo de segurados que 
justificassem a sua sustentabilidade. Com isso, o governo alterou o formato das Caixas 
de Assistência e passou a vinculá-las não mais a uma empresa, mas a uma categoria 
funcional, denominada de Institutos de Pensão, o que garantiu a escala necessária para 
sustentabilidade econômica financeira dessas entidades de assistência. 
Assim, surgiram os seis principais Institutos de Pensão: Instituto de Aposentadoria e 
Pensões dos Industriários (IAPI – 1938), Instituto de Aposentadorias e Pensões dos 
Marítimos (IAPM – 1933), Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados 
em Transporte e Cargas (Iapetc – 1945), Instituto de Aposentadoria e Pensões dos 
Comerciários (IAPC – 1934), Instituto de Pensões e Assistência dos Servidores do 
Estado (Ipase – 1938) e o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários (IAPB 
– 1934). Com isso, uma cobertura previdenciária foi estendida virtualmente a todos os 
trabalhadores urbanos e a boa parte dos autônomos.
26
UNIDADE I │ ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS
Em 1930, por meio do Decreto nº 19.433, de 26 de novembro, foi criado o Ministério 
do Trabalho, Indústria e Comércio, que, entre as suas atribuições, estava a de orientar 
e supervisionar a Previdência Social. Sobre esse tema, o Jornal do Brasil noticiava em 3 
de março de 1967, em Matéria de Alceu de Amoroso Lima, [...] deu a Revolução de 1930 
um significado social que correspondia, de fato, uma nova fase na evolução política 
nacional: a ascensão irreversível do proletariado provocada pela industrialização, 
refletindo nas políticas do trabalho, incluindo as de Seguridade Social.
Ao longo do século, grandes mudanças constitucionais sucederam até a atual Carta 
Magna de 1988, que avançou fortemente perante as Constituições anteriores no 
que tange à Seguridade Social, pois estabeleceu um capítulo específico para o tema. 
Além disso, determinou que a seguridade social brasileira fosse pautada por três 
pilares – Assistência a Saúde, Previdência Social e Assistência Social –, tendo como 
objetivo primeiro a busca do bem-estar da sociedade, da justiça social e do indivíduo. 
A Seguridade Social Brasileira vem inserida no Título VIII da Constituição Federal de 
1988, “Da Ordem Social”, assim entendido o social como contraposição ao individual, 
em que as necessidades de um não podem suplantar a necessidade de muitos.
A “Ordem Social” complementa, ao mesmo tempo em que norteia, o Título VII da 
Constituição Federal de 1988, “Da Ordem Econômica e Financeira”, que, em seu art. 
170, determina que a sociedade brasileira deva estabelecer seus projetos econômicos 
baseados na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, com o objetivo de 
assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social. Já o art. 
193 impõe que a ordem social tenha como base o primado do trabalho e como objetivo 
o bem-estar e a justiça sociais. Verifica-se, desse modo, que as políticas econômicas 
estão indissociadas das necessidades sociais, e que ambas, sendo a Ordem Econômica 
sustentáculo da Ordem Social, visam ao atendimento dos direitos sociais do brasileiro, 
cujo art. 6º de nossa Carta Magna lista-os, in verbis: 
Art. 6ºSão direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, 
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à 
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
A Seguridade Social brasileira deve, em seu conjunto, atuar na melhoria dos indicadores 
e dos níveis dos direitos sociais dos brasileiros, não podendo ser tratada de forma 
estanque, separada da sociedade, ou direcionada a um grupo específico. Nesse contexto, 
o arcabouço jurídico vigente garante direitos aos trabalhadores que visem à melhoria de 
sua condição social como regras que preservem sua saúde e segurança no ambiente de 
trabalho, ou na participação dos lucros da empresa, entre outros. A Seguridade Social 
deve sempre garantir que o interesse de muitos se sobreponha ao do indivíduo, desde 
que essa política não atente contra a sua dignidade.
27
ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS │ UNIDADE I
A Constituição Federal de 1988, ao sair do enfoque individual, no que se refere à Ordem 
Social, à percepção do que é bem-estar (outro objetivo da ordem social), sai do campo 
do subjetivo, no qual o conceito e o entendimento de bem-estar variam de indivíduo 
para indivíduo, permitindo que o Estado elabore políticas públicas objetivas voltadas 
para o bem-estar da sociedade, com aplicação da justiça social.
Para garantir que as ações da Seguridade Social atinjam a sociedade brasileira de forma 
homogênea e igualitária, não discriminando nenhum brasileiro, é prerrogativa privativa 
da União legislar sobre a Seguridade Social.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: [...] XXIII – 
seguridade social;
A Constituição Federal de 1988 expõe a Seguridade Social da seguinte maneira, in verbis:
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de 
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a 
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência 
social. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, 
organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I – 
universalidade da cobertura e do atendimento; II– uniformidadee 
equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; 
III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; 
V – equidade na forma de participação no custeio; VI – diversidade da 
base de financiamento; VII – caráter democrático e descentralizado da 
administração, mediante gestão quatripartite, com a participação dos 
trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos 
órgãos colegiados; IV – irredutibilidade do valor dos benefícios;
De modo sucinto, define-se: a Seguridade Social é o conjunto de medidas tomadas pelo 
poder público e pelos cidadãos, em conjunto, ou separadamente, em prol dos direitos 
concernentes à saúde, à previdência e à assistência social (CRETELLA JR.,1991)
A Constituição Federal veda a aplicação de critérios em que haja discriminação de 
qualquer espécie, tornando a Seguridade Social um direito social que deve atingir a 
totalidade da população brasileira. E essa cobertura visa atender todas as vicissitudes da 
vida que podem impor necessidades ao cidadão brasileiro, e que deverão ser atendidas 
pela Seguridade Social.
Considerando que a Seguridade Social é universal, tornou-se inútil distinguir 
trabalhador urbano de trabalhador rural presente no art. 7º da Constituição de 
1988, ficando aí resquício arqueológico da evolução jurídica brasileira.
28
UNIDADE I │ ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS
Ao ter critérios de seletividade e de distributividade, a Seguridade Social indica em 
sua filosofia que, para dar acesso de forma igualitária aos benefícios da Seguridade 
Social, é necessário tratar desigualmente os desiguais, isto é, oferecer mais a quem tem 
menos, para que assim se alcance a justiça social. É dessa forma que os benefícios são 
estabelecidos no Regime Geral de Previdência Social, por meio da Lei nº 8.213, de 24 de 
julho de 1991, tendo para os servidores públicos os benefícios tratados na Lei nº 8.112, 
de 11 de dezembro de 1990, que, de forma geral, apresenta os seguintes benefícios:
 » Quanto ao segurado: 
 › aposentadoria por invalidez; 
 › aposentadoria por idade; 
 › aposentadoria por tempo de contribuição; 
 › aposentadoria especial; 
 › auxílio-doença; 
 › salário-família; 
 › salário-maternidade; 
 › auxílio-acidente.
 » Quanto ao dependente: 
 › pensão por morte; 
 › auxílio-reclusão.
 » Quanto ao segurado e dependente: 
 › serviço social; 
 › reabilitação proftssional.
Com esse apanhado, é possível avançar sobre a legislação referente à SST. Antes, porém, 
iniciamos uma contextualização histórica para situar o nobre leitor acerca das gerações 
pelas quais o Brasil. No Capítulo seguinte, essas gerações serão sistematizadas.
29
CAPÍTULO 3
Gerações de Saúde do Trabalhador 
Em geral, um acidente acontece em decorrência da conjunção de várias falhas, que 
possuem causa ou modo de falhas. Essas falhas possuem probabilidades de acontecerem, 
e, quando acontecem, geram incidentes, também chamados de quase acidente (sem 
danos tangíveis), ou acidentes que causam danos. Se os danos estão segurados, são 
chamados de sinistro; quando não, há perda para a empresa. A associação dos danos 
(efeitos adversos) com a probabilidade de acontecer chama-se risco. Quando o acidente 
acontece, o risco passa a ser a causa. A exposição relativa ao risco é denominada 
perigo. Quando o perigo se refere a procedimentos e regulamentos não atendidos, 
chama-se desvio.
Dessa semântica relacionada ao meio ambiente do trabalho, é bom atentar para a 
história para perceber que nem sempre foi assim. Desde a fase colônia, o Brasil, tendo 
a escravidão como pano de fundo até 1888, e sua cultura de senhorio enraizada mesmo 
depois da abolição, passando pela independência em 1822, chegando até a primeira 
república, tratou seu obreiro segundo a ótica desses modelos políticos de dominação 
e modos de produção. O marco temporal que inaugura um mínimo de proteção aos 
acidentados vem em 1919, ou seja, no 98º ano da Independência e 31º da República, 
com o Decreto-Legislativo nº 3.724 de 15 janeiro, promulgado pelo Presidente Delfim 
Moreira da Costa Ribeiro.
Com a abolição da escravatura, o estabelecimento da República, e os ventos sociais 
trazidos dos arcabouços jurídicos europeus, criou-se um cisma no parlamento 
brasileiro entre incluir ou não incluir normativos reguladores das relações de 
trabalho. Um primeiro bloco defendia uma implantação gradual de uma legislação 
que casasse os interesses do Estado com o desenvolvimento da indústria sem mudar 
o princípio da liberdade do trabalho e instituir uma indenização por acidente de 
trabalho, aplicada na França em 1898. O segundo bloco defendia a harmonia entre 
empregados e empregadores. Já o terceiro bloco era contrário a qualquer tipo de 
legislação social. 
Isso explica por que a legislação que trata de acidentes de trabalho no Brasil foi apresentada 
em 1904 e só foi promulgada em 1919, quinze anos depois. Tal querela fez-se presente na 
Constituição de 1891, e só após a reforma de 1926 veio trazer em seu bojo, de forma muito 
suave, em seu item 28 do art. 34, que é atribuição do Congresso Nacional legislar sobre o 
trabalho. Por isso, o intrumento usado foi um Decreto-Legislativo
30
UNIDADE I │ ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS
Primeira Geração
Ano 1919
A primeira geração nasce em 1919, com o Decreto nº 3.724, de 15 de janeiro, como 
precursora da atual Previdência Social, quando a ordem jurídica brasileira onera o 
empregador mediante o instituto de compensação financeira acidentária, restrita aos 
trabalhadores submetidos aos processos industriais, instituindo obrigatoriedade, 
por parte da empresa, de arcar indenização pelos danos causados pelo acidente 
do trabalho a ser paga ao acidentado ou a sua família. O Decreto nº 3.724, de 
1919, dispunha:
Art. 1º Consideram-se accidentes no trabalho, para os fins da presente 
lei: a) o produzido por uma causa súbita, violenta, externa e involuntária 
no exercício do trabalho, determinado lesões corporaes ou perturbações 
funccionaes, que constituam a causa única da morte ou perda total, ou 
parcial, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho; b) a 
moléstia contrahida exclusivamente pelo exercício do trabalho, quando 
este fôr de natureza a só por si causal-a, e desde que determine a morte 
do operario, ou perda total, ou parcial, permanente ou temporaria, da 
capacidade para o trabalho.
Art. 2º O accidente, nas condições do artigo anterior, quando occorrido 
pelo facto do trabalho ou durante este, obriga o patrão a pagar uma 
indemnização ao operario ou á sua familia, exceptuados apenas 
os casos de força maior ou dolo da propria victima ou de estranhos. 
[...]
Art. 13. Em todos os casos o patrão é obrigado a prestação de soccorros 
medicos e pharmaceuticos, ou sendo necessarios, hospitalares, desde o 
momento do accidente. 
Alguns elementos se depreendem dessa inovação legislativa: exterioridade, subtaneidade, 
violência e involuntariedade, proteção a doenças ocupacionais e exclusão da concausa. 
É importante observar a visão de infortúnio, pois tal regramento se volta ao momento 
posterior ao sinistro. Inexistia preocupação com prevenção de acidentes; a indenização 
era precária; não havia pagamentos mensais; só recebia quem abrisse Boletim de 
Ocorrência (BO); não havia pensão por morte aos dependentes por moléstia ocupacional. 
Direito privado. 
31
ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS │ UNIDADE I
A Comunicação do Acidente do Trabalho (CAT) como conhecemos hoje (art. 23 
da Lei 8.213, de 1991)3 foi criada já neste primeiro diploma, conforme abaixo, 
porém, naquela época, era destinada à autoridade policial pelo patrão, pelo 
próprio operário, ou por qualquer outro.
TITULO III – DA DECLARAÇÃO DO ACCIDENTE
Art. 19. Todo o acidente de trabalho que obrigue o operario a 
suspender o serviço ou se ausentar, deverá ser immediatamente 
communicado á autoridade policial do logar, pelo patrão, 
pelo proprio operario, ou qualquer outro.A autoridade policial 
comparecerá sem demora ao logar do accidente e ao em que se 
encontrar a victima, tomando as declarações desta, do patrão 
e das testemunhas, para lavrar o respectivo auto, indicando o 
nome, a qualidade, a residencia do patrão, o nome, a qualidade, a 
residencia e o salário da victima, o logar preciso, a hora e a natureza 
do accidente, as circumstancias em que se deu e a natureza 
dos ferimentos, os nomes e as residencias das testemunhas e 
dos beneficiarios da victima. § 1º No quinto dia, a contar do 
accidente, deve o patrão enviar á autoridade policial, que tomou 
conhecimento do facto, prova de que fez á victima o fornecimento 
de soccorros medicos e pharmaceuticos ou hospitalares, um 
attestado medico sobre o estado da victima, as consequencias 
verificadas ou provaveis do accidente, e a época em que será 
possivel conhecer-lhe o resultado definitivo. § 2º Nesse mesmo dia 
a autoridade policial remetterá o inquerito, com os documentos a 
que se refere o paragrapho anterior, ao juizo competente, para a 
instauração do summario. 
Antes dessa norma, vigorava o risco civil, comum e geral, conforme a teoria de culpa 
aquiliana, segundo a qual o ofendido tinha que provar que o dano decorria de culpa 
do ofensor. Esse modo de responsabilização era dificultoso para o acidentado, que 
dificilmente conseguia reunir elementos suficientes para comprovar a conduto culposa 
do empregador. Tinha-se, portanto, um sistema altamente nefasto, pois, além de 
obedecer a ordens para operar em ambientes perigosos, sofria as agruras do acidente, 
tendo que provar a culpa daquele que o empregava, dirigia e ordenava.4
O Decreto nº 3.724, de 1919, rompe com esse esquema ao inovar quanto à 
responsabilização, incorporando o risco contratual conforme a teoria do contrato, cuja 
3 Art. 22. A empresa ou o empregador doméstico deverão comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro 
dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre 
o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada 
pela Previdência Social.
4 Lex Aquillia, dentro do sistema romano, caracteriza a exigência de culpa para estabelecimento da culpabilidade, o qual se 
pune a culpa por danos injustamente provocados, independente da relação obrigacional preexistente, também chamada de 
responsabilização extracontratual.
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UNIDADE I │ ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS
culpa pode ser exprimida no dever de vigilância do patrão, sendo o instituidor inaugural 
da inversão do ônus da prova em prol do obreiro. Doutrina francesa ensejadora da 
teoria do contrato sugere a ideia de impedir patrimônio aumentado à custa de outro. 
Empresa e operário deveriam existir em harmonia, pois aquele emprega seu trabalho, 
enquanto este contribui com o capital. 
Antes de 1919, o acidentado só recebia indenização se provasse a culpa do patrão. A partir 
de 1919, tinha-se a teoria do risco contratual, ônus da prova invertido, presumindo-se 
acidentário até que o empregador provasse ocorrência de força maior ou dolo da própria 
vítima ou de estranhos. Só recebia o seguro quem reclamasse à autoridade policial. 
Práticas nesse campo estavam voltadas ao infortúnio (não à prevenção). 
Ano 1934
O Decreto nº 24.637, de 10 de julho de 1934, considerado a segunda lei acidentária 
brasileira, assinado por Getúlio Vargas, ampliou a cobertura aos agrícolas, comerciários 
e empregados domésticos; o rol de acidentes do trabalho, que passou a considerar 
as doenças profissionais por ramos de atividade econômica; e criou as pensões aos 
herdeiros dos acidentados falecidos. Conforme fragmento a seguir:
CAPÍTULO I – DOS ACIDENTES DO TRABALHO
 Art. 1º Considera-se acidente do trabalho, para os fins da presente lei, 
toda lesão corporal, perturbação funcional, ou doença produzida pelo 
exercício do trabalho ou em consequência dele, que determine a morta, 
ou a suspensão ou limitação, permanente ou temporária, total ou parcial, 
da capacidade para o trabalho. § 1º São doenças profissionais, para os 
efeitos da presente lei, além das inerentes ou peculiares a determinados 
ramos de atividade, as resultantes exclusivamente do exercício do 
trabalho, as resultantes exclusivamente especiais ou excepcionais em 
que o mesmo for realizado, não sendo assim consideradas as endêmicas 
quando por elas forem atingidos empregados habitantes da região. 
§ 2º A relação das doenças profissionais inerentes ou peculiares a 
determinados ramos de atividade será organizada e publicada pelo 
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, e revista trienalmente, 
ouvidas as autoridades competentes. Art. 2º Excetuados os casos de 
fôrça maior, ou de dolo, quer da própria vítima, quer de terceiros, 
por fatos estranhos ao trabalho, o acidente obriga o empregador ao 
pagamento de indenização ao seu empregado ou aos seus beneficiários, 
nos têrmos do capítulo III desta lei. § 1º Não canstitúe fôrça maior a 
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ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS │ UNIDADE I
ação dos fenômenos naturais quando determinada ou agravada peta 
instalação ou localização do estabelecimento ou pela natureza do 
serviço. § 2º A responsabilidade do empregador deriva sòmente de 
acidentes ocorridos pelo fato do trabalho, e não dos que se verificarem 
na ida do empregado para o local da sua ocupação ou na sua volta dali 
salvo havendo condição especial fornecida pelo empregador.
Como visto acima, expressamente se alude ao uso da profissão como marcador de risco, 
pois o leque de opções cobertas pela lei se amplia na direção das profissões e atividades 
econômicas, pois consagra algumas proposições como verdadeiras: 
I. atividade profissional envolve certos riscos; 
II. responsabilização ao patrão pelo simples fato de explorar atividade 
econômica, segundo a lógica de quem cria risco e goza das vantagens dos 
lucros, deve arcar com todo ônus, inclusive acidentários.
Mesmo com esse avanço conceitual, que abriu a valorização da solidariedade social 
deixando ultrapassado o foco das atenções das condutas subjetivas do causador do dano 
para a pessoa da vítima, houve concretamente pouco ganho, uma vez que as empresas 
lançavam mão do poder judiciário para questionar e, com isso, protelar as indenizações, 
que, quando aconteciam, eram tardias. 
Dadas as inadimplências e em muitos casos as insolvências, as empresas não pagavam 
as indenizações, e, quando executadas, não tinham patrimônios suficientes para 
honrá-las, por isso o Brasil, por esse decreto, abre espaço às seguradoras privadas 
e obriga recolhimento de caução aos cofres do governo quando as empresas não as 
tenham contratado. Vide abaixo fragmento do Decreto nº 24.637:
Art. 36 Para garantir a execução da presente lei, os empregadores 
sujeitos ao seu regime, que não mantiverem contrato de seguro 
contra acidentes, cobrindo todos os riscos relativos às várias 
atividades, ficam obrigados a fazer um depósito, nas repartições 
arrecadadoras federais, nas Caixas Econômicas da União, ou no Banco 
do Brasil, em moeda corrente ou em títulos da dívida pública federal, 
na proporção de 20:000$000 (vinte contos de réis), para cada grupo de 
50 (cincoenta) empregados ou fração, até ao máximo de 200:000$000 
(duzentos contos de réis), podendo a importância do depósito, a juízo 
das autoridades competentes, ser elevada até ao triplo, si se tratar 
de risco excepcional ou coletivamente perigoso. § 1º Para isenção do 
depósito a que se refere êste artigo, só será permitido o seguro em 
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UNIDADE I │ ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS
companhias ou sindicatos profissionais legalmente autorizados a operar 
em seguros contra acidentes do trabalho, na forma do art. 40, constando 
das respectivas apólices, expressa e discriminadamente, todos os ramos 
de atividade incluídos no seguro, bem como o numero dos empregados 
e os seus salários. 
Aqui umdestaque notável: a primeira aparição legal de aspecto prevencionista, inclusive 
com a criação de Comissão Interna, bem como a reabilitação profissional, vem com esse 
Decreto nº 24.637, a conferir:
CAPÍTULO XII – DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES E DA HIGIENE 
DO TRABALHO 
Art. 77. Todo empregador é obrigado a proporcionar a seus empregados 
a máxima segurança e higiene no trabalho, zelando pelo cumprimento 
dos dispositivos legais a respeito, protegendo-os, especialmente, contra 
as imprudências que possam resultar do exercício habitual da profissão.
 Art. 78. Consideram-se, para este efeito, como parte integrante desta 
lei, as disposições referentes à Higiene e Segurança do Trabalho da 
Consolidação das Leis do Trabalho, como também todas as normas 
específicas que, no mesmo sentido, forem expedidas pelos órgãos 
competentes do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, sujeitos 
os empregadores às penalidades na mesma Consolidação fixadas, 
independente da indenização legal.’
Art. 79. Os empregadores expedirão instruções especiais aos seus 
empregados, a título de “ordens de serviço”, que estes estarão obrigados 
a cumprir rigorosamente, para a fiel observância das disposições legais 
referentes à prevenção contra acidentes do trabalho. § 1º A recusa por 
parte do empregado em submeter-se às instruções a que se refere o 
presente artigo, constitui insubordinação para os efeitos da legislação 
em vigor. § 2º Em nenhum caso o empregador poderá justificar a 
inobservância dos preceitos de prevenção de acidentes e higiene do 
trabalho, com a recusa do empregado em aos mesmos sujeitar-se.
Art. 80. Sempre que o acidente resultar da transgressão, por parte do 
empregador, dos preceitos relativos à prevenção de acidentes e à higiene do 
Trabalho, ficará ele sujeito ao disposto no artigo 78, quanto às penalidades. 
Art. 81. Consideram-se também transgressões dos preceitos de 
prevenção de acidentes e higiene do trabalho, sujeitas às sanções 
previstas na Consolidação das Leis do Trabalho, no capítulo “Da Higiene 
35
ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS │ UNIDADE I
e Segurança do Trabalho”: a) o emprego de máquinas ou instrumentos 
em mau estado de conservação ou não devidamente protegidos contra 
o perigo; b) a execução de obras ou serviços com pessoal e material 
deficientes 
Art. 82. Os empregadores, cujo número de empregados seja superior 
a 100, deverão providenciar a organização, em seus estabelecimentos 
de comissões internas, com representantes dos empregados, para o 
fim de estimular o interesse pelas questões de prevenção de acidentes, 
apresentar sugestões quanto à orientação e fiscalização das medidas de 
proteção ao trabalho, realizar palestras instrutivas, propor a instituição 
de concursos e prêmios e tomar outras providências. tendentes a educar 
o empregado na prática de prevenir acidentes.
CAPÍTULO XIV – DA READAPTAÇÃO PROFISSIONAL E DO 
REAPROVEITAMENTO DO EMPREGADO ACIDENTADO 
Art. 90. A readaptação profissional, que é devida a todo incapacitado 
trabalho, têm por objeto restituir-lhe, no todo ou em parte, a capacidade 
na primitiva profissão ou em outra compatível com as suas novas 
condições físicas.
Art. 91. A readaptação profissional dos Incapacitados para o trabalho 
será realizada através de serviços de readaptação profissional, que 
funcionarão na forma determinada em regulamento, e efetuar-se-á 
não só mediante a prática da fisioterapia, da cirurgia ortopédica e 
reparadora, mas ainda do ensino convenente em escolas profissionais 
especiais.
Art. 92. O Estado determinará o regime sob que deverão funcionar as 
escolas de que trata o artigo anterior, assim como as condições para a 
prática do ensino correspondente.
Buscando ajudar os operários, mediante a crença de que, comprando comida, 
ter-se-ia maior resistência às doenças, foi criado o adicional de insalubridade em 
14 de janeiro de 1936, pela Lei nº 185, que dizia:
Art. 2º Salário mínimo é a remuneração mínima devida ao 
trabalhador adulto por dia normal de serviço. Para os menores 
aprendizes ou que desempenhem serviços especializados é 
permitido reduzir até de metade o salário mínimo e para os 
trabalhadores ocupados em serviços insalubres e permitido 
aumentá-lo na mesma proporção.
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UNIDADE I │ ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS
Constituição dos Estados Unidos do Brasil (CEUB) de 1937 reconhece 
expressamente: Art. 137. A legislação do trabalho observará, além de outros, os 
seguintes preceitos: [...] m) a instituição de seguros de velhice, de invalidez, de 
vida e para os casos de acidentes do trabalho.
CEUB-1946 reconhece expressamente: Art. 157. A legislação do trabalho e a 
da previdência social obedecerão nos seguintes preceitos, além de outros que 
visem a melhoria da condição dos trabalhadores: [...] VIII – higiene e segurança 
do trabalho;
Ano 1944
Novo passo importantíssimo foi dado novamente por Getúlio Vargas, em 1944, ao editar 
o Decreto nº 7.036, em 10 de novembro. As linhas básicas redigidas sobre acidente do 
trabalho vigoram até hoje na Lei nº 8.213, de 1991. 
Art. 1º Considera-se acidente do trabalho, para os fins da presente Lei, 
todo aquele que se verifique pelo exercício do trabalho, provocando. 
direta ou indiretamente, lesão corporal, perturbação funcional, ou 
doença, que determine a morte, a perda total ou parcial, permanente 
ou temporária, de capacidade para o trabalho. 
Art. 2º Como doença, para os efeitos desta lei, entendem-se, além das 
chamadas profissionais, – inerentes ou peculiares a determinados ramos 
de atividades –, as resultantes das condições especiais ou excepcionais 
em que o trabalho for realizado. 
Parágrafo único. A relação das doenças chamadas profissionais, será 
organizada e publicada pelo Ministério do Trabalho, Indústria e 
Comércio, e revista trienalmente.
Art. 3º Considera-se caracterizado o acidente, ainda quando não seja 
ele a causa única e exclusiva da morte ou da perda ou redução da 
capacidade do empregado, bastando que entre o evento e a morte ou 
incapacidade haja uma relação de causa e efeito.
Art. 4º Não se consideram agravações ou complicações de um acidente 
do trabalho, que haja determinado legiões então já consolidadas, 
quaisquer outras lesões corporais ou doenças, que as primitivas se 
associem ou se superponham, em virtude de um novo acidente.
Art. 5º Incluem-se entre os acidentes do trabalho por que responde o 
empregador, de conformidade com o disposto nos artigos anteriores, 
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ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS │ UNIDADE I
todos os sofridos pelo empregado no local e durante o trabalho, em 
conseqüência de: a) atos de sabotagem ou terrorismo levados a efeito 
por terceiros, inclusive companheiros de trabalho; b) ofensas físicas 
intencionais, causadas por companheiros de trabalho do empregado, ou 
não, em virtude de disputas relacionadas com o trabalho; c) qualquer 
ato de imprudência, de negligência ou brincadeira de terceiros, 
inclusive companheiros de trabalho; d) atos de terceiros privados do 
uso da razão; e) desabamentos, inundações ou incêndios, respeitado o 
disposto na letra “b” do artigo 7º.
Art. 6º Ficam igualmente abrangidos por esta lei, considerados como 
produzidos pelos exercício do trabalho ou em conseqüência dele, 
embora ocorridos fora do local e do horário do trabalho, os acidentes 
sofridos pelo empregado: a) na execução de ordens ou realização 
de serviços sob a autoridade do empregador; b) pela prestação 
expontânea de qualquer serviço ao empregador com o fim de lhe evitar 
prejuízos ou de lhe proporcionar proveito econômico; c) em viagem a 
serviço do empregador, seja qual for o meio de locomoção utilizado, 
inclusive veículo de sua propriedade. Parágrafo único. No período de 
tempo destinado às refeições, ao descanso ou na satisfação de outras 
necessidades fisiológicas, no local ou durante o trabalho, é o empregado 
considerado, para os efeitos desta lei, como a serviço do empregador. 
Art.7º Não é acidente do trabalho: a) o que resultar de dolo do próprio 
acidentado, compreendida neste a desobediência a ordens expressas 
do empregador; b) o que provier de força maior, salvo o caso de ação 
de fenômenos naturais determinados ou agravada pelas instalações do 
estabelecimento ou pela natureza do serviço. c) o que ocorrer na ida do 
empregado para o local de sua ocupação eu na volta dali, salvo se houver 
condução especial fornecida pelo empregador, ou se a locomoção do 
empregado se fizer necessariamente por vias e meios que ofereçam reais 
perigos, a que não esteja sujeito o público em geral. Parágrafo único. 
Também não são amparadas por esta lei as doenças endêmicas adquiridas 
por empregados habitantes das regiões em que elas se desenvolvem, 
exceto quando ficar comprovado que a doença resultou de uma exposição 
ou contato direto que a natureza do trabalho houver determinado.
Registre-se que remanesce o risco profissional, amplia-se a solidariedade à vítima, 
no mesmo sistema de direito privado, no qual todo o encargo por assistência médica, 
ambulatorial, farmacêutica, hospitalar e financeiro corre às expensas do patrão, cujas 
lides continuam julgadas pelo poder judiciário estadual.
38
UNIDADE I │ ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS
Essa norma de 1944 é decisiva na inversão do objeto, do bem jurídico tutelado, que 
desconsidera o efeito e passa a buscar a causa, pois a definição de acidente “é toda 
lesão” é alterada para “ é aquele que provoca lesão corporal”. Acabou com a exclusão 
da cobertura aos altos salários (acima de 100 réis); inseriu aqueles decorrentes de 
fatos alheios ao controle da empresa; bem como adota dependentes ao invés 
de herdeiros. A despeito dessa evolução conceitual, o eixo ainda era privado, assunto de 
interesse entre patrão e empregado.
O Brasil já vivenciou a experiência do Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) privatizado. 
Isso perdurou até 1967, quando foi estatizado pela Lei nº 5.316. 
Segunda Geração
Ano 1967
Nasce com a estatização do SAT, que afasta das empresas a responsabilização 
acidentária (segurados e dependentes), transferindo-a ao Seguro Social (INPS à época) 
relativamente aos empregados (diga-se de passagem: só esses são protegidos).
Estatiza-se o SAT e institui-se o risco social a partir da CRFB de 1967 e da Lei nº 
5.316, de 1967. Pelo risco social (princípio da solidariedade), todos devem suportar 
as contingências sociais impostas ao trabalhador acidentado, independentemente da 
existência de culpa da empresa.
Todos pagam para algumas empresas adoecer e matar. Para maior potencial acidentário 
(risco econômico-ambiental), socializam-se as consequências do sinistro: Seguro Social. 
Tudo isso reduzido à bagatela de 0,4% a 0,8% sobre a folha de salários.
A partir de 1967, com forte empenho empresarial, estatiza-se o SAT. Imagine-se: 
fazer lobby para pagar tributo. Lutar em plenário para levar essa tributação ao texto 
constitucional. Bem, por mais estranho que pareça e qualquer que seja a explicação, o 
fato é: a Previdência Social assumiu toda a assistência, inclusive ambulatorial, sustento 
e reabilitação, enquanto que as empresas, via bancada patronal, ofereceram à tributação 
as suas folhas salariais, para se verem livres das consequências de suas más gestões e de 
qualquer consequência dos acidentes por elas produzidos.5
5 Art. 12 da Lei nº 5.316, de 1967, que regulamenta o inciso XVII do art. 158 da CRFB-67: O custeio das prestações por 
acidente do trabalho, a cargo exclusivo da empresa, será atendido, conforme estabelecer o regulamento, mediante: 
I – uma contribuição de 0,4% (quatro décimos por cento) ou de 0,8% (oito décimos por cento) da folha de salários 
de contribuição, conforme a natureza da atividade da empresa; II – quando for o caso, uma contribuição adicional 
incidente sobre a mesma folha e variável, conforme a natureza da atividade da empresa. § 1º A contribuição 
adicional de que trata o item II será objeto de fixação individual para as empresas cuja experiência ou condições 
de risco assim aconselharem. § 2º Na hipótese do art. 10, a contribuição de que trata o item I será de 0,5% (cinco 
décimos por cento) ou de 1% (um por cento). § 3º As contribuições estabelecidas neste artigo serão pagas com as 
contribuições de que tratam os itens I e III do art. 69 da Lei Orgânica da Previdência Social.
39
ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS │ UNIDADE I
Assim, o SAT-privado se torna o SAT-estatal. Em outras palavras, o seguro foi estatizado 
(todos pagam a conta de alguns que acidentam, pois a sociedade entende que a mazela 
familiar coberta pela Previdência é o preço do progresso econômico, que de resto 
alcança a todos – essa é a doutrina liberal) e com ele as consequências do acidente do 
trabalho mediante uma módica tributação sobre a folha salarial.
A estrutura do SAT, recém-estatizado, à época, tem a seguinte composição: natureza 
jurídica tributária, espécie de contribuição social; fato gerador, a remuneração 
do empregado; sujeito passivo, a empresa; sujeito ativo, a União, cuja capacidade 
arrecadatória fora designada ao INPS; alíquotas, 0,4% (quatro décimos por cento) ou 
0,8% (oito décimos por cento) da folha de salários de contribuição, conforme a natureza 
da atividade da empresa (CNAE)6, podendo ter acréscimos variáveis. Ao se comparar a 
estrutura jurídico-legal entre o SAT-estatal originário (1967) e o atual (1991),7 percebe-
se claramente que os elementos constitutivos são idênticos.
Na segunda geração, prevaleceram as teorias da epiização; do ato inseguro do 
acidentado (culpa da vítima); da cartorização do Programa de Prevenção de Riscos 
Ambientais (PPRA) e do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional 
(PCMSO); do viés trabalhista para assuntos sanitários (quando a saúde do trabalhador 
diz respeito a saúde pública, e não a trabalho); da indústria de laudos/atestados; 
do falso-negativo, em que se prefere não assumir o acidente do trabalho quando 
se sabe, ou se desconfia, que se trata de um; bem como da narrativa ideológica do 
estado ineficiente por não dar conta dos milhões de acidentados que batem à porta 
da Previdência Social sem se questionar quem são os produtores desse flagelo social 
(quais são as empresas produtoras desses agravos). Para as empresas, sai barato e 
pouco arriscado “acidentar”. 
Terceira Geração
Pela correria do dia a dia, alguns profissionais da área, e mesmos gestores, não se 
aperceberam dessa inflexão de vanguarda da sociedade brasileira. A Terceira Geração 
nasce com a tríade NTEP-FAP-eSocial – Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário 
(NTEP), Fator Acidentário de Prevenção (FAP) e Escrituração Fiscal Digital Trabalhista, 
Previdenciária e Fiscal (eSocial). 
6 Definida segundo a Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) do empregador
7 Art. 22, II, da Lei nº 8.212, 1991, que regulamenta o inciso XXVIII do art. 7º da CRFB-88 (SAT): A contribuição a cargo da 
empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: II – para o financiamento do benefício previsto nos 
arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade 
laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, 
aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o 
risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante 
esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja 
considerado grave. 
40
UNIDADE I │ ESTUDO DO DIREITO: ASPECTOS GERAIS
Figura 2. Nasce a Terceira Geração com a tríade NTEP-FAP-eSocia.l
NOVOS 
NTEP
FAP
eSocial
• Sanitário
• Epidemiológico
•Mercadológico
• Econômico
• Informacional
• Gerencial
Fonte: Elaborada pelo autor.
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