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TAREFA ACADÊMICA Aluno: Bruno de Paula Soares (216.218.001) Disciplina: Ações Cíveis Temática: Meios executórios (artigo 139, IV, do CPC) Período: 2018.2 1. Os princípios da atipicidade e da tipicidade/concentração das medidas executivas, as cláusulas gerais processuais executivas dos artigos 139, IV, 297 e 536, §1º, do CPC e a questão da tipicidade das medidas previstas para o cumprimento de obrigação de pagar quantia certa. A influência de autores liberais na construção da dogmática do Direito Processual Civil, em especial na questão da tutela executória, faz concluir que, em razão da necessidade de se proteger o cidadão parte em um processo de arbítrios do Estado- juiz, deveriam prevalecer, como medidas executivas, aquelas previstas em lei. O princípio da tipicidade das medidas executórias (ou concentração dos poderes executórios do juiz) tem cedido lugar ao princípio da atipicidade, vez que a doutrina processualista passou a prezar pelo direito fundamental à tutela executiva adequada como corolário do direito de ação. Neste sentido, Luiz Guilherme Marinoni1 afirma que: É claro que, com a percepção de que as modalidades executivas devem ser idôneas às necessidades de tutela das diferentes situações de direito substancial, o direito ao meio executivo adequado passou a ser visto como corolário do direito de ação, isto é, do direito à possibilidade de obtenção da tutela do direito material. O direito ao procedimento e ao meio executivo adequado à tutela do direito exigiria do legislador a instituição de tantos procedimentos e técnicas processuais quantas fossem as necessidades carentes de tutela, o que levaria a uma pluralidade de procedimentos especiais irracional, jamais eficaz à tutela dos direitos e à administração da justiça. De qualquer forma, o legislador se lançou de uma norma jurídica cujas consequências para o exequente não são previamente sabidas, a qual confronta diametralmente com o princípio da tipicidade dos meios executivos. As peculiaridades 1 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 6a edição, 2a tiragem. 2014. Pág. 61. 1 do caso concreto trarão a resposta mais conveniente em matéria de tutela executiva e de meios executivos atípicos. Não obstante haver a previsão de um poder geral de efetivação2 no artigo 139, IV, do CPC, é possível afirmar, ainda hoje, que se entende que o princípio da tipicidade dos meios executórios ainda prevalece sobre a atipicidade, de modo a manter a segunda com a primeira, relação de subsidiariedade34. Nesse sentido, os meios executórios melhor desenhados pelo legislador ordinário foram aqueles referentes às obrigações mais comuns de serem identificadas: dar, fazer, não fazer e pagar quantia certa, esta última com mais de 100 dispositivos codificados, contabilizados os de cumprimento de sentença e de execução por quantia certa. Como afirmado, o artigo 139, IV, do CPC5, possui natureza jurídica de cláusula geral processual executiva, isto é, segundo Fredie Didier Jr, “uma espécie de texto normativo, cujo antecedente (hipótese fática) é composto por termos vagos e o consequente (efeito jurídico) é indeterminado”6. Trata-se de uma norma, inserida no contexto dos poderes do juiz no processo, cuja hipótese de incidência é geral e cujo efeito não é sabido anteriormente pelas pessoas que integram a relação jurídico-processual. Por esta razão, o juiz é instado a fazer incidir a norma no caso concreto segundo as suas especificidades para lhe dar concretude, ou seja, realizar a mens legis de construir a tutela executiva mais satisfatória. A redação do artigo 139, IV, do CPC, possibilita que o intérprete conclua pela aplicabilidade ampla desta cláusula geral para garantir a efetividade das decisões judiciais: seja título extrajudicial ou judicial, seja obrigação de fazer, não fazer, dar 2MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. 3a edição. Pág. 284. Ou, para Luiz Guilherme Marinoni, poder de imperium. 3É o que dispõe o Enunciado 12 do FPPC, sob o seguinte texto: “A aplicação das medidas atípicas sub- rogatórias e coercitivas é cabível em qualquer obrigação no cumprimento de sentença ou execução de título executivo extrajudicial. Essas medidas, contudo, serão aplicadas de forma subsidiária às medidas tipificadas, com observação do contraditório, ainda que diferido, e por meio de decisão à luz do art. 489, § 1º, I e II”. 4MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. 4a edição. Pág. 256.Para José Miguel Garcia Medina, o princípio da tipicidade dos meios executórios é temperado pelo sistema atípico. 5Ademais, os artigos 297 do CPC (sobre tutela provisória) e 536, § 1º, do CPC (sobre cumprimento de sentença de obrigação de fazer e não fazer) também constituem cláusulas gerais processuais executivas. 6 JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a edição revista. Vol. 5. Pág. 104. 2 coisa certa ou incerta, e de pagar quantia certa7. Este é o mesmo teor do enunciado 12 do FPPC8e do enunciado 48 do ENFAM9. Fredie Didier Jr.10 entende que o poder geral de efetivação contido no dispositivo em comento somente induz subsidiariedade com as medidas típicas no caso de obrigação de pagar quantia certa – nas obrigações de fazer, não fazer e dar coisa distinta de dinheiro, para o autor, prevalece o princípio da atipicidade, em razão do disposto no artigo 536, §1º, do CPC, cláusula geral processual executiva específica para as obrigações de fazer e não fazer. A razão deste posicionamento reside na integração do artigo 139, IV, do CPC, com o restante do sistema processual típico previsto para as obrigações de pagar quantia certa: o devedor, no cumprimento de sentença com obrigação de pagar quantia certa, é instado a pagar a quantia a requerimento do credor em 15 dias, sob pena de incidência de multa punitiva e honorários de advogado. Frustrado o pagamento voluntário, inicia- se a execução forçada, com novo prazo de 15 dias para a impugnação do cumprimento de sentença e a constrição de bens segundo o rol de preferência do artigo 835 da codificação processual (penhora, adjudicação e alienação). Não se reputaria válido o argumento de que o poder geral de efetivação, como cláusula geral, prevaleceria sobre toda a formalização do procedimento idealizada pelo legislador. Ad argumentandum, Fredie Didier Jr.11 afirma que os artigos 921, III, e 924, V, do CPC, corroboram a posição de que o procedimento de execução de obrigação por 7JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a edição revista. Vol. 5. Pág. 103. MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. 3a edição. Pág. 284. Não faltam críticas à redação do dispositivo em análise. Fredie Didier Jr. entende que faltou técnica ao legislador no sentido de que o texto enfim positivado parece apresentar termos de signo linguístico sinonímico – é o caso de “mandamentais”, “indutivas” e “coercitivas”, pois que são técnicas executivas indiretas, enquanto as medidas “sub-rogatórias” têm caráter direto. Luiz Guilherme Marinoni afirma que as medidas coercitivas são espécie de medidas indutivas e que o efeito mandamental é característica de toda ordem judicial. 8O enunciado 12 do FPPC, como transcrito na nota 2, reconhece a subsidiariedade do poder geral de efetivação para todo tipo de obrigação, enquanto Fredie Didier Jr. entende que esta subsidiariedade é mais proeminente nas obrigações de pagar quantia certa, tanto porque nas outrasespécies de obrigação (fazer, não fazer e dar coisa), prevalece a cláusula do artigo 536, § 1º, do CPC e não pode prevalecer sobre todo o regramento procedimental das obrigações de pagar quantia certa positivado no Código de Processo Civil. 9Cujo texto é: “O art. 139, IV, do CPC/2015 traduz um poder geral de efetivação, permitindo a aplicação de medidas atípicas para garantir o cumprimento de qualquer ordem judicial, inclusive no âmbito do cumprimento de sentença e no processo de execução baseado em títulos extrajudiciais”. 10 JÚNIOR, Fredie Didier. Opus Citatum. Pág. 107. 11 JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a edição revista. Vol. 5. Pág. 109. 3 quantia certa é típico, caso contrário, a inexistência de bens não ensejaria a suspensão da execução e a consequente extinção pelo decurso do prazo prescricional intercorrente (fl. 109). Nesse sentido, “[…] se a atipicidade fosse a regra, a ausência de bens penhoráveis não deveria suspender a execução, bastando ao juiz determinar outras medidas necessárias e suficientes à satisfação do crédito”. Por esta razão, Fredie Didier Jr.12 sustenta que a multa coercitiva não pode ser aplicada ao procedimento de cumprimento de obrigação de pagar quantia certa com base no artigo 139, IV, do CPC, porquanto já há multa de caráter coercitivo (e também punitivo) a ser aplicada pelo juiz – no caso, estaria configurado bis in idem punitivo (p. 127). Seria possível, segundo o autor13, “valer-se da multa, como medida atípica, em execução pecuniária, como forma de impor o cumprimento de deveres processuais do executado – e não o dever de pagar a quantia – ou de terceiro”. O raciocínio jurídico de Fredie Didier Jr. é acompanhado pela jurisprudência do STJ desde a reforma processual de 2005, que incluiu o artigo 461-A, §3º, do CPC, a qual resistia em reconhecer a atipicidade de meios executórios nas execuções de obrigações de pagar quantia certa. É o caso do julgado abaixo, que estipula claramente a vocação das medidas atípicas para o procedimento do artigo 461 do CPC/1973, de obrigações de fazer e não fazer. PROCESSUAL CIVIL. FGTS. OBRIGAÇÃO DE FAZER. ASTREINTES. ART. 461, DO CPC. POSSIBILIDADE. RESIÇÃO DO “QUANTUM” ESTIPULADO. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 7/STJ. 1. Decorrendo da sentença, não da obrigação de pagar quantia, mas sim a de efetuar crédito em conta vinculada do FGTS, o seu cumprimento se dá sob o regime do art. 461 do CPC. Não havendo dúvida sobre o montante a ser creditado e nem outra justificativa para o atendimento da sentença, é cabível a aplicação de multa diária como meio coercitivo para o seu cumprimento. Precedentes: REsp 679.048/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28.11.2005; REsp 666.008/RJ, Rel. Min. José Delgado, 1a Turma, DJ de 28.03.2005 (REsp 869.106/RS, 1a Turma, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, DJ de 20/11/2006). […]. (STJ – REsp: 893.484/RS 2006/0225844-0, Relator: Ministro Herman Benjamin, Data de Julgamento: 15/03/2007, 2a Turma, Data de Publicação: DJe 03/09/2000). O poder geral de efetivação, além de presente nas obrigações de entregar coisa, fazer e não fazer (artigo 536, §1º, do CPC) e nas obrigações de pagar quantia certa (com grau maior de subsidiariedade, segundo o enunciado 12 do FPPC, todo o sistema típico previsto pelo legislador e Fredie Didier Jr.), pode ser exercido tanto na tutela definitiva como em tutelas provisórias. 12 Idem. Pág. 127. 13 Idem. Ibidem. 4 O artigo 297 do CPC prevê que “o juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória”. Da mesma forma, poderá o juiz se valer de meios executórios diretos e indiretos para fazer com que alguém cumpra ordem judicial. 2. O poder geral de efetivação e o de cautela (artigo 301 do CPC). Difere-se do poder geral de efetivação o poder geral de cautela por ser uma cláusula geral contida no ordenamento processual de modo a possibilitar que o juiz estabeleça medidas cautelares, não relacionadas diretamente ao cumprimento do objeto da decisão (bem da vida), para assegurar a discussão e o cumprimento de um direito no futuro14. Ainda se confundem indevidamente estes conceitos na literatura jurídica, tal como se prevê nas lições de José Miguel Garcia Medina15, ao afirmar que: O inc. IV do art. 139 impõe ao magistrado atuar de modo a assegurar que os efeitos da decisão que proferiu – ou que está em vias de proferir – se produzam. Há muito, na doutrina, se relacionava a possibilidade de concessão de cautelares ex officio à direção material do processo […], orientação que acabou sendo incorporada no art. 139, IV, do CPC/2015. Sob o prisma do denominado “poder geral de cautela”, vinha-se sustentando, na vigência do CPC/1973, que o juiz poderia determinar as medidas que entender adequadas para o caso concreto a fim de assegurar a eficácia do processo de conhecimento ou de execução […]. Em lição mais aprofundada sobre o assunto, Daniel Amorim Assumpção Neves16 afirma que o poder geral de cautela permanece no Código de Processo Civil de 2015 no artigo 301 (e não no artigo 139, IV, do CPC), apesar da reforma estrutural que este diploma representa à tutela cautelar em relação à codificação de 1973. Malgrado a tutela cautelar ter sido extinta como processo autônomo, e as medidas cautelares típicas não gozarem mais de procedimentos positivados como no Código de Processo Civil de 1973 (artigos 813 a 889), Daniel Amorim concorda com o teor do enunciado 31 do FPPC, nos termos: “o poder geral de cautela está mantido no CPC”17. 3. Requisitos para a aplicação de medidas executivas atípicas. 14MONTEIRO, Elane Botelho. Poder geral de cautela do magistrado com o novo Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.ambito- juridico.com.br/site/n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=19288&revista_caderno=21>. 15 MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. 4a edição. Pág. 256. 16 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil Comentado Artigo por Artigo. Salvador: Editora Juspodium, 2016. 1a edição, 3a tiragem. Pág. 480. 17 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil Comentado Artigo por Artigo. Salvador: Editora Juspodium, 2016. 1a edição, 3a tiragem. Pág. 480. 5 http://www.ambito-juridico.com.br/site/ http://www.ambito-juridico.com.br/site/ http://www.ambito-juridico.com.br/site/ http://www.ambito-juridico.com.br/site/ Fredie Didier Jr. construiu, em seus estudos requisitos a partir dos quais o intérprete possa realizar um juízo de valor mais acertado acerca da utilização de uma medida executiva atípica, segundo princípios e postulados próprios da execução. Ele afirma que: “De modo geral, a escolha deve pautar-se nos postulados da proporcionalidade, da razoabilidade (art. 8º, CPC) e da proibição de excesso, bem como nos princípios da eficiência e da menor onerosidade da execução”18. A medida executiva atípica deve atender aos critérios de adequação, necessidade e proporcionalidade. Inicialmente, reputa-se por adequada a medida se o seu resultado se relacionar com a causa que a ensejou, de modo a providenciar uma tutela executiva satisfatória para o credor. Este critério sofre influência, conforme Fredie Didier Jr.19, do postulado da proporcionalidade20 e do princípio da eficiência21. Em segundo lugar, as medidas atípicas devem ser necessárias, de sorte que se erija um limite ao juiz, ao avaliar a situação do devedor: a medida deve atender ao resultado almejado pelo credor na melhor hipótese executória possível para o devedor. Segundo Fredie Didier Jr.22, a necessidade das medidas executivas atípicas se imbica com o postulado da proibição do excesso (intrinsecamente com o princípio da menor onerosidade para o executado) e com o postuladoda razoabilidade23. Finalmente, as medidas executivas atípicas devem conciliar os interesses contrapostos, isto é, o aplicador do direito deve se atentar à posição do credor e à do devedor, de seus direitos fundamentais, das vantagens e desvantagens em aplicar a medida. Reputa-se conciliatória aquela que atender a um equilíbrio de interesses, sem lesionar direitos de uma ou outra parte, como é o caso de Ações Civis Públicas que discutem a poluição ambiental por parte de indústrias – nestes casos, revelariam ser não conciliatórias as medidas de interdição da produção em razão do reflexo social da atividade empresarial na geração de empregos, no recolhimento de tributos e na 18 JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a edição revista. Vol. 5. Pág. 113. 19 Idem. Ibidem. 20Pois que a medida deve guardar relação concreta com o seu resultado (não é proporcional que se imponha multa coercitiva na ordem de dezenas de reais contra grandes empresas contumazes no descumprimento de ordens judiciais). 21Visto que, ao adotar a medida executiva pleiteada, ou ex officio, o juiz deve avaliar a probabilidade de se atingir o resultado almejado, caso contrário, não seria eficiente. 22 JÚNIOR, Fredie Didier. Opus Citatum. Pág. 113. 23Neste caso, proíbe-se que o executado sofra excessos na execução com medidas que alcance demasiadamente o seu patrimônio, como é o caso de multa coercitiva em caso de emissão de declaração de vontade – no artigo 501 do CPC, há medida sub-rogatória no sentido de evitar o excesso de execução. 6 participação da economia. Este critério também é informado pelos postulados da proporcionalidade e da razoabilidade. Este último requisito ganha sempre a atenção do Judiciário brasileiro no sentido de que juízes, por muitas das vezes sensibilizados com a posição do credor no processo, acabam por adotar medidas executórias cujas proporcionalidade e razoabilidade são plenamente discutíveis à luz destes requisitos e dos postulados expostos. O primeiro caso em tela faz referência a juízes que determinam a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação e de passaporte, e o cancelamento de cartões de crédito. No TJRJ e no TRT da 1a Região, prevalece a posição encabeçada por Fredie Didier Jr. no sentido de considerar a priori que estas medidas não são proporcionais, razoáveis, tampouco conciliatórias, além de ferir direitos fundamentais, como o de locomoção em território nacional. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. MENSALIDADES ESCOLARES EM ATRASO. DECISÃO QUE INDEFERE PEDIDO DO EXEQUENTE NO SENTIDO DE APLICAÇÃO DE MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS: SUSPENSÃO DA CNH, APREENSÃO DO PASSAPORTE, E CANCELAMENTO DOS CARTÕES DE CRÉDITO. MEDIDAS EXTRAORDINÁRIAS QUE EXTRAPOLAM O LIMITE DA RAZOABILIDADE, POR NÃO TRAZER EFETIVIDADE À EXECUÇÃO OU UTILIDADE DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. As medidas coercitivas objetivam o cumprimento das decisões judiciais, na forma do inciso IV do artigo 139 do NCPC, e não punir o devedor inadimplente. Ademais, fere garantias constitucionais fundamentais, como o direito de ir e vir. Inaceitável, no caso, acatar o requerimento do exequente, por impedir o executado de praticar atos imprescindíveis do cotidiano do cidadão médio. Correta a decisão agravada. Não provimento do recurso. (TJRJ – AI: 00400524320178190000 RIO DE JANEIRO CAPITAL 11 VARA CÍVEL, Relator: EDUARDO DE AZEVEDO PAIVA, Data de Julgamento: 27/09/2017, DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 28/09/2017). MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS. BLOQUEIO DE CNH E PASSAPORTE. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. Em que pese o CPC/15 prever o uso de medidas executivas atípicas (CPC, artigo 139, IV; 536, §1º), no presente caso, as medidas pretendidas privam o devedor do direito de ir e vir, e se traduzem em medidas restritivas de direitos, sem qualquer respaldo legal. Agravo de petição do autor improvido. (TRT-1 – AP: 01101007019945010069 RJ, Relator: Glaucia Zuccari Fernandes Braga, Segunda Turma, Data de Publicação: 10/07/2018). Em sentido contrário, alguns tribunais, como o TJDFT e o STJ, entendem que a cassação ou a suspensão de CNH e de passaporte não configuram violação ao direito fundamental à locomoção, pois que o devedor ainda tem o poder de se locomover livremente em todo o território nacional por outros meios (o direito não dependeria do automóvel). No caso do STJ, a posição majoritária consiste em uma interpretação mais 7 restritiva do direito à locomoção, de modo que os habeas corpus impetrados em favor dos executados com habilitação para dirigir suspensa não possam sequer ser conhecidos. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRELIMINAR. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS. SUSPENSÃO DA CNH. APREENSÃO DE PASSAPORTE. MEDIDAS EXCEPCIONAIS CABÍVEIS. Rejeita-se a preliminar de ausência de fundamentação da decisão ao se verificar que o magistrado esclareceu as razões de seu convencimento. As medidas executivas atípicas de suspensão da carteira nacional de habilitação e retensão do passaporte podem ser aplicadas após o esgotamento dos meios convencionais da execução e representam tentativa de persuadir o inadimplente, de modo que seja mais vantajoso cumprir sua obrigação do que permanecer no inadimplemento. A retenção do passaporte, apesar de restringir, em pequena medida, a liberdade de locomoção, acaba por obstar que a parte executada possa contrair novas dívidas, na hipótese de utilização para viagens de lazer, o que agravaria ainda mais a situação de inadimplência. A medida de coerção de suspensão da Carteira Nacional de Habilitação, por seu turno, não é capaz de ferir o direito de ir e vir do executado, visto que não o impede de se locomover por outros meios de transporte diversos do veículo automotor particular. A simples alegação de ofensa a direitos e garantias fundamentais não é suficiente para indeferir medidas executivas atípicas, devendo ser cotejados os elementos do caso para verificar se, de modo concreto, a limitação é aceitável ou não, preservando o núcleo essencial de cada direito e a dignidade da pessoa humana. Precedentes. (TJDF 0708144232018070000 DF 0708144-23.2018.8.07.0000, Relator: ESDRAS NEVES, Data de Julgamento: 15/08/2018, 6a Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJe: 20/08/2018). RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. MEDIDAS COERCITIVAS ATÍPICAS. CPC/2015. INTERPRETAÇÃO CONSENTÂNEA COM O ORDENAMENTO CONSTITUCIONAL. SUBSIDIARIEDADE, NECESSIDADE, ADEQUAÇÃO E PROPORCIONALIDADE. RETENÇÃO DE PASSAPORTE. COAÇÃO ILEGAL. CONCESSÃO DA ORDEM. SUSPENSÃO DA CNH. NÃO CONHECIMENTO. 1. O habeas corpus é instrumento de previsão constitucional vocacionado à tutela da liberdade de locomoção, de utilização excepcional, orientado para o enfrentamento das hipóteses emq ue se vislumbra manifesta ilegalidade ou abuso nas decisões judiciais. 2. Nos termos da jurisprudência do STJ, o acautelamento de passaporte é medida que limita a liberdade de locomoção, que pode, no caso concreto, significar constrangimento ilegal e arbitrário, sendo o habeas corpus via processual adequada para essa análise. 3. o CPC de 2015, em homenagem ao princípio do resultado na execução, inovou o ordenamento jurídico com a previsão, em seu art. 139, IV, de medidas executivas atípicas, tendentes à satisfação da obrigação exequenda, inclusive as de pagar quantia certa. 4. As modernas regras de processo, no entanto, ainda respaldadas pela busca da efetividade jurisdicional, em nenhuma circunstância, poderão se distanciar dos ditames constitucionais, apenas sendo possível a implementaçãode comandos não discricionários ou que restrinjam direitos individuais de forma razoável. 5. Assim, no caso concreto, após esgotados todos os meios típicos de satisfação da dívida para assegurar o cumprimento de ordem judicial, deve o magistrado eleger medida que seja necessária, lógica e proporcional. Não sendo adequada e necessária, ainda que sob o escudo da busca pela efetivação das decisões judiciais, será contrária à ordem pública. 6. Nesse sentido, para que o julgador se utilize de meios executivos atípicos, a decisão deve ser 8 fundamentada e sujeita ao contraditório, demonstrando-se a excepcionalidade da medida adotada em razão da ineficácia dos meios executivos típicos, sob pena de configurar-se como sanção processual. 7. A adoção de medidas de incursão na esfera de direitos do executado, notadamente direitos fundamentais, carecerá de legitimidade e configurar-se-á coação reprovável, sempre que vazia de respaldo constitucional ou previsão legal e à medida em que não se justificar em defesa de outro direito fundamental. […] 11. A jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação não configura ameaça ao direito de ir e vir do titular, sendo, assim, inadequada a utilização do habeas corpus, impedindo o seu conhecimento. É fato que a retenção desse documento tem potencial para causar embaraços consideráveis a qualquer pessoa e, a alguns determinados grupos, ainda de forma mais drástica, caso de profissionais, que têm na condução de veículos, a fonte de sustento. É fato também que, se detectada esta condição particular, no entanto, a possibilidade de impugnação da decisão é certa, todavia por via diversa do habeas corpus, porque sua razão não será a coação ilegal ou arbitrária ao direito de locomoção, mas inadequação de outra natureza. 12. Recurso ordinário parcialmente conhecido. (STJ – RHC: 97876/SP 2018/0104023-6, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 05/06/2018, Quarta Turma, Data de Publicação: DJe 09/08/2018). Fredie Didier Jr.24 entende também que as medidas executivas atípicas não podem configurar de per se um ilícito, e exemplifica, segundo decisão25 que repercutiu em diversos meios de comunicação: Um juiz do Distrito Federal determinou, para efetivação da sua decisão que determinava a desocupação de uma escola, o uso de técnicas de privação do sono dos ocupantes, com uso de “instrumentos sonoros contínuos”. Na mesma decisão, o juiz proibiu a entrada de alimentos no local, determinou o corte de fornecimento de água, energia e gás e proibiu o acesso à escola de parentes e conhecidos dos ocupantes, tudo até que a ordem fosse cumprida. De acordo com o Protocolo de Istambul, privação de sono e restrição de acesso à água são técnicas de tortura. A tortura é crime inafiançável e insuscetível de graça e anistia (art. 5º, XLIII, CF). Sendo uma prática criminosa, por definição não pode ser uma prática lícita, nem mesmo e muito menos sob o abrigo de uma cláusula geral processual. 4. Questões doutrinárias acerca do poder geral de efetivação. I. Determinação e substituição de ofício pelo juiz (enunciado 396 do FPPC) e a proibição ao juiz de impor medida atípica quando houver negócio processual obstativo e para a qual a lei, tipicamente, exige provocação da parte; O poder-dever contido no artigo 139, IV, do CPC, não é vinculante para o juiz, de forma que ele possa determinar e substituir, ex officio ou a requerimento da parte, uma medida executiva atípica por outra diferente da requerida, seja qual for a gravidade, 24JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a edição revista. Vol. 5. Pág. 134. 25 Disponível em: <http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2016/11/juiz-autoriza-tecnica-de- privacao-de-sono-para-desocupar-escola-no-df.html>. 9 desde que obedeça aos postulados da proporcionalidade, da razoabilidade e da conciliação de interesses. Segundo Fredie Didier Jr.26, “Trata-se de uma mitigação da regra da congruência objetiva (arts. 141 e 492 do CPC), admitindo-se a atuação de ofício do julgador”. A flexibilidade no poder de determinar, suspender, agravar ou atenuar medida executiva atípica completa a atividade legislativa, naturalmente lacunosa, a qual nunca poderia prever, dada a evolução da sociedade, as necessidades das novas demandas judiciais e novas medidas executivas que poderiam surgir. Há a possibilidade da instituição de ofício, segundo a própria redação do artigo 139, IV, do CPC. Conforme o enunciado 396 do FPPC, entretanto, se instituído de ofício, o meio executório deve observar aos princípios basilares do ordenamento processual, quais sejam: bem comum, dignidade da pessoa humana, proporcionalidade, razoabilidade, legalidade, publicidade e eficiência. É possível, segundo Fredie Didier Jr.27, também, que o credor requeira uma medida típica e o juiz, ao concluir fundamentalmente (artigo 93, IX, da CRFB/1988) pela ineficácia da medida, determine medida atípica – salvo no caso de cumprimento de obrigação de pagar quantia certa, em que subsiste subsidiariedade. Não é possível que o juiz, todavia, quando existir negócio jurídico processual obstativo de medidas executivas determinadas, institua alguma delas28. É impossível, tampouco, que o juiz institua determinada medida atípica ex officio quando a lei, expressamente, exigir provocação da parte29 – são os casos da constituição de capital na execução de alimentos indenizativos e a prisão civil do devedor de alimentos. II. Aplicação das medidas executivas a terceiros e ao autor; As medidas executivas típicas e atípicas servem à autoridade das decisões judiciais, de modo a auxiliar o cumprimento direto ou indireto das ordens. O artigo 77, IV, do CPC, afirma que todos que participam do processo têm o dever de “cumprir com exatidão as ordens jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação”. Desta feita, pode-se inferir que todos os atores do processo (autor, réu e juiz), assim como aqueles que interveem em seus nomes (procuradores, Ministério Público, 26 JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a edição revista. Vol. 5. Pág. 120. 27 Idem. Pág. 121. 28 JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a edição revista. Vol. 5. Pág. 121. 29 Idem. Ibidem. 10 representantes legais) podem ser destinatários de medidas executórias atípicas, assim como entende Fredie Didier Jr.30 no seguinte exemplo: Daí que é possível, por exemplo, a fixação de multa para cumprimento de decisão que imponha a terceiro, administrador de cadastro de proteção de crédito, a exclusão do nome da parte. O administrador não precisa ser réu no processo para ser destinatário da ordem – e, portanto, para ser compelido a cumpri-la. […]. O demandante também pode ser destinatário da medida executiva. Isso pode acontecer tanto nos casos em que o réu exerce uma situação jurídica ativa no processo – por exemplo, quando formula demanda reconvencional, pedido contraposto, ou quando a demanda tem caráter dúplice – como nos casos em que o réu exerce uma situação jurídica passiva. III. A prisão civil como medida atípica; A prisão civil como medida executiva típica subsiste no ordenamento brasileiro, autorizado pela Constituição Federal (artigo 5º, LXVII) para o descumprimento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e do depositário infiel. O Brasil ratificou tratados internacionais, como o Pacto de São José da Costa Rica (Decreto 678/1992) e o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (Decreto legislativo 226/1991) que, em razão da matéria tratar de direitos humanos, ostentam status de norma supralegal,mas infraconstitucional, observada a jurisprudência do STF no RE 466.343/SP. Estes tratados proíbem a prisão civil por dívida, excluída a do devedor voluntário de alimentos. Por esta razão, qualquer lei ordinária que autorize a prisão do depositário infiel afronta estes tratados e é considerada ilícita (súmula vinculante 25 do STF). Segundo a súmula 419 do STJ, “descabe a prisão civil do depositário judicial infiel”. Ainda subsiste na doutrina a discussão sobre a possibilidade de se instituir a prisão civil como medida atípica nas obrigações de fazer, não fazer e dar coisa, em razão dos termos constitucionais do artigo 5º, LXVII. Segundo o dispositivo da Carta Magna, não haverá prisão civil por dívida – este termo, segundo Fredie Didier Jr.31, poderia ser interpretado segundo duas exegeses: dívida no sentido de “obrigação civil”, hipótese na qual se vedaria qualquer prisão civil por dívida, e dívida no sentido de “obrigação de pagar quantia”, segundo a qual seria possível instituir prisão civil como medida atípica nos procedimentos de cumprimento de obrigação de fazer, não fazer e dar coisa. Os defensores da primeira tese auferem sentido amplo à palavra “dívida” em razão dos valores contidos na norma em comento, pois que se trata de uma previsão 30 Idem. Pág. 111. 31 JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a edição revista. Vol. 5. Pág. 129. 11 positivada da restrição à liberdade de locomoção em razão de dívida, situação que a História do Direito permite concluir ser deveras arcaica32, de modo a conferir um valor quase que absoluto ao direito à liberdade. Neste sentido, ratifica Fredie Didier Jr.: A tese que restringe a possibilidade de utilização da prisão civil como medida coercitiva – dando ao termo “dívida” o significado mais amplo de “obrigação civil” - privilegia a liberdade individual. O problema é que ela pressupõe uma hierarquização abstrata e absoluta desse direito fundamental, como se a liberdade individual tivesse de prevalecer em qualquer situação. […]. Sabemos todos que tais direitos são sempre relativos e podem ser episodicamente afastados em prestígio de outros direitos fundamentais que, no caso concreto, se revelem de melhor proteção. Essa teoria justifica até mesmo o afastamento pontual das normas que, casuisticamente, se apresentem como empecilho à concretização de determinados direitos. Os argumentos de Fredie Didier Jr.33 são lançados em favor da segunda tese, desde que este instituto seja utilizado com parcimônia: se o direito à liberdade se confrontar com outro direito fundamental na execução, aquele deve ceder a este segundo critérios específicos de utilização. A prisão civil como medida atípica: a) quando houver confronto direto do direito à liberdade com direitos fundamentais, segundo melhor aplicação da ponderação de interesses, b) só pode ser decretada de modo fundamentado (artigo 93, IX, da CRFB/1988 e artigo 489, §1º, do CPC), c) não pode se referir a obrigação com conteúdo patrimonial, d) deve ser utilizada como ultima ratio, quando o devedor se eximir de cumprir a obrigação em qualquer caso, e) quando decretada, deve garantir o contraditório ao executado e f) deve vir com prazo determinado pelo juiz. IV. A aplicabilidade das medidas atípicas em outros ramos de direito processual. A doutrina se debruçou sobre este assunto recentemente para discutir o caso do aplicativo Whatsapp, instado a fornecer informações para a instrução processual penal, que se negou veementemente ao alegar que as conversas dos seus usuários possuem confidencialidade contratual e que, mais recentemente, só os usuários poderiam apresentar o conteúdo, pois que as conversas no mensageiro passaram a ser criptografadas. Alguns juízes passaram a determinar que as atividades do aplicativo fossem suspensas, de maneira que milhões de usuários fossem atingidos, mas estas decisões 32HUMENHUK, Hewerstton. Prisão civil: visão do Direito Constitucional. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/15734-15735-1-PB.pdf>. 33 JÚNIOR, Fredie Didier. Opus Citatum. Pág. 131. 12 foram reformadas pelos respectivos tribunais, devido à falta de razoabilidade e de proporcionalidade na eleição da medida atípica. SUSPENSÃO DE LIMINAR DE SENTENÇA Nº 2.174 – RJ (2016/0202787-0) RELATORA: MINISTRA PRESIDENTE DO STJ. REQUERENTE: SOLIDARIEDADE. ADVOGADO: DANIEL SOARES ALVARENGA DE MACEDO E OUTRO(S) – DF 036042. REQUERIDO: JUIZ DE DIREITO DA 2A VARA CRIMINAL DE DUQUE DE CAXIAS – RJ. DECISÃO. Vistos, etc. Cuida-se de pedido suspensivo formulado pelo SOLIDARIEDADE, partido político, contra a decisão prolatada pelo Juízo da 2a Vara Criminal da Comarca de Duque de Caxias – RJ, que obrigou a “suspensão de 72 horas dos serviços do aplicativo WhatsApp pela impossibilidade de conexão ao aplicativo pelas operadoras de telefonia móvel (fl. 1). […]. (STJ – SLS: 2174 RJ 2016/0202787-0, Relator: Ministra Laurita Vaz, Data de Publicação: DJ 28/04/2017). Um magistrado do TJSP, de Presidente Venceslau, município do interior do estado de São Paulo, determinou que o aeroporto municipal fosse fechado por 20 dias, porquanto, no feito criminal, encontrou-se convencido de que uma facção poderia se utilizar do aeroporto como rota de fuga – esta decisão também foi veiculada difusamente em meios de comunicação34. Neste sentido, Fredie Didier Jr.35 entende por aplicável a cláusula geral processual executiva, desde que não se trate de decisão que imponha prisão penal ao executado ou réu (pois que há procedimento para tal previsto no Código de Processo Penal e na Lei 7.210/1984, de Execução Penal), e que a medida seja proporcional e razoável no caso concreto (fl. 142). 34Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/10/juiz-manda-fechar-aeroporto-por- 20-dias-em-sp-apos-suspeita-de-acao-do-pcc.shtml>. 35 JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a edição revista. Vol. 5. Pág. 142. 13
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