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Meios_executorios_atipicos_artigo_139_IV

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TAREFA ACADÊMICA
Aluno: Bruno de Paula Soares (216.218.001)
Disciplina: Ações Cíveis
Temática: Meios executórios (artigo 139, IV, do CPC)
Período: 2018.2
1. Os princípios da atipicidade e da tipicidade/concentração das medidas
executivas, as cláusulas gerais processuais executivas dos artigos 139, IV,
297 e 536, §1º, do CPC e a questão da tipicidade das medidas previstas para
o cumprimento de obrigação de pagar quantia certa.
A influência de autores liberais na construção da dogmática do Direito
Processual Civil, em especial na questão da tutela executória, faz concluir que, em razão
da necessidade de se proteger o cidadão parte em um processo de arbítrios do Estado-
juiz, deveriam prevalecer, como medidas executivas, aquelas previstas em lei.
O princípio da tipicidade das medidas executórias (ou concentração dos poderes
executórios do juiz) tem cedido lugar ao princípio da atipicidade, vez que a doutrina
processualista passou a prezar pelo direito fundamental à tutela executiva adequada
como corolário do direito de ação. 
Neste sentido, Luiz Guilherme Marinoni1 afirma que:
É claro que, com a percepção de que as modalidades executivas devem ser
idôneas às necessidades de tutela das diferentes situações de direito
substancial, o direito ao meio executivo adequado passou a ser visto como
corolário do direito de ação, isto é, do direito à possibilidade de obtenção da
tutela do direito material.
O direito ao procedimento e ao meio executivo adequado à tutela do direito
exigiria do legislador a instituição de tantos procedimentos e técnicas
processuais quantas fossem as necessidades carentes de tutela, o que levaria a
uma pluralidade de procedimentos especiais irracional, jamais eficaz à tutela
dos direitos e à administração da justiça.
De qualquer forma, o legislador se lançou de uma norma jurídica cujas
consequências para o exequente não são previamente sabidas, a qual confronta
diametralmente com o princípio da tipicidade dos meios executivos. As peculiaridades
1 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 6a edição, 2a tiragem. 2014. Pág. 61.
1
do caso concreto trarão a resposta mais conveniente em matéria de tutela executiva e de
meios executivos atípicos.
Não obstante haver a previsão de um poder geral de efetivação2 no artigo 139,
IV, do CPC, é possível afirmar, ainda hoje, que se entende que o princípio da tipicidade
dos meios executórios ainda prevalece sobre a atipicidade, de modo a manter a segunda
com a primeira, relação de subsidiariedade34. Nesse sentido, os meios executórios
melhor desenhados pelo legislador ordinário foram aqueles referentes às obrigações
mais comuns de serem identificadas: dar, fazer, não fazer e pagar quantia certa, esta
última com mais de 100 dispositivos codificados, contabilizados os de cumprimento de
sentença e de execução por quantia certa.
Como afirmado, o artigo 139, IV, do CPC5, possui natureza jurídica de cláusula
geral processual executiva, isto é, segundo Fredie Didier Jr, “uma espécie de texto
normativo, cujo antecedente (hipótese fática) é composto por termos vagos e o
consequente (efeito jurídico) é indeterminado”6.
Trata-se de uma norma, inserida no contexto dos poderes do juiz no processo,
cuja hipótese de incidência é geral e cujo efeito não é sabido anteriormente pelas
pessoas que integram a relação jurídico-processual. Por esta razão, o juiz é instado a
fazer incidir a norma no caso concreto segundo as suas especificidades para lhe dar
concretude, ou seja, realizar a mens legis de construir a tutela executiva mais
satisfatória.
A redação do artigo 139, IV, do CPC, possibilita que o intérprete conclua pela
aplicabilidade ampla desta cláusula geral para garantir a efetividade das decisões
judiciais: seja título extrajudicial ou judicial, seja obrigação de fazer, não fazer, dar
2MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de
Processo Civil Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. 3a edição. Pág. 284. Ou, para Luiz
Guilherme Marinoni, poder de imperium.
3É o que dispõe o Enunciado 12 do FPPC, sob o seguinte texto: “A aplicação das medidas atípicas sub-
rogatórias e coercitivas é cabível em qualquer obrigação no cumprimento de sentença ou execução de
título executivo extrajudicial. Essas medidas, contudo, serão aplicadas de forma subsidiária às
medidas tipificadas, com observação do contraditório, ainda que diferido, e por meio de decisão à luz do
art. 489, § 1º, I e II”.
4MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2016. 4a edição. Pág. 256.Para José Miguel Garcia Medina, o princípio da tipicidade dos meios
executórios é temperado pelo sistema atípico.
5Ademais, os artigos 297 do CPC (sobre tutela provisória) e 536, § 1º, do CPC (sobre cumprimento de
sentença de obrigação de fazer e não fazer) também constituem cláusulas gerais processuais executivas.
6 JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a 
edição revista. Vol. 5. Pág. 104.
2
coisa certa ou incerta, e de pagar quantia certa7. Este é o mesmo teor do enunciado 12
do FPPC8e do enunciado 48 do ENFAM9.
Fredie Didier Jr.10 entende que o poder geral de efetivação contido no dispositivo
em comento somente induz subsidiariedade com as medidas típicas no caso de
obrigação de pagar quantia certa – nas obrigações de fazer, não fazer e dar coisa distinta
de dinheiro, para o autor, prevalece o princípio da atipicidade, em razão do disposto no
artigo 536, §1º, do CPC, cláusula geral processual executiva específica para as
obrigações de fazer e não fazer. 
A razão deste posicionamento reside na integração do artigo 139, IV, do CPC,
com o restante do sistema processual típico previsto para as obrigações de pagar quantia
certa: o devedor, no cumprimento de sentença com obrigação de pagar quantia certa, é
instado a pagar a quantia a requerimento do credor em 15 dias, sob pena de incidência
de multa punitiva e honorários de advogado. Frustrado o pagamento voluntário, inicia-
se a execução forçada, com novo prazo de 15 dias para a impugnação do cumprimento
de sentença e a constrição de bens segundo o rol de preferência do artigo 835 da
codificação processual (penhora, adjudicação e alienação). Não se reputaria válido o
argumento de que o poder geral de efetivação, como cláusula geral, prevaleceria sobre
toda a formalização do procedimento idealizada pelo legislador.
Ad argumentandum, Fredie Didier Jr.11 afirma que os artigos 921, III, e 924, V,
do CPC, corroboram a posição de que o procedimento de execução de obrigação por
7JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a
edição revista. Vol. 5. Pág. 103.
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de
Processo Civil Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. 3a edição. Pág. 284.
Não faltam críticas à redação do dispositivo em análise. Fredie Didier Jr. entende que faltou técnica ao
legislador no sentido de que o texto enfim positivado parece apresentar termos de signo linguístico
sinonímico – é o caso de “mandamentais”, “indutivas” e “coercitivas”, pois que são técnicas executivas
indiretas, enquanto as medidas “sub-rogatórias” têm caráter direto. Luiz Guilherme Marinoni afirma que
as medidas coercitivas são espécie de medidas indutivas e que o efeito mandamental é característica de
toda ordem judicial.
8O enunciado 12 do FPPC, como transcrito na nota 2, reconhece a subsidiariedade do poder geral de
efetivação para todo tipo de obrigação, enquanto Fredie Didier Jr. entende que esta subsidiariedade é mais
proeminente nas obrigações de pagar quantia certa, tanto porque nas outrasespécies de obrigação (fazer,
não fazer e dar coisa), prevalece a cláusula do artigo 536, § 1º, do CPC e não pode prevalecer sobre todo
o regramento procedimental das obrigações de pagar quantia certa positivado no Código de Processo
Civil.
9Cujo texto é: “O art. 139, IV, do CPC/2015 traduz um poder geral de efetivação, permitindo a aplicação
de medidas atípicas para garantir o cumprimento de qualquer ordem judicial, inclusive no âmbito do
cumprimento de sentença e no processo de execução baseado em títulos extrajudiciais”.
10 JÚNIOR, Fredie Didier. Opus Citatum. Pág. 107.
11 JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a 
edição revista. Vol. 5. Pág. 109.
3
quantia certa é típico, caso contrário, a inexistência de bens não ensejaria a suspensão da
execução e a consequente extinção pelo decurso do prazo prescricional intercorrente (fl.
109). Nesse sentido, “[…] se a atipicidade fosse a regra, a ausência de bens penhoráveis
não deveria suspender a execução, bastando ao juiz determinar outras medidas
necessárias e suficientes à satisfação do crédito”.
Por esta razão, Fredie Didier Jr.12 sustenta que a multa coercitiva não pode ser
aplicada ao procedimento de cumprimento de obrigação de pagar quantia certa com
base no artigo 139, IV, do CPC, porquanto já há multa de caráter coercitivo (e também
punitivo) a ser aplicada pelo juiz – no caso, estaria configurado bis in idem punitivo (p.
127). Seria possível, segundo o autor13, “valer-se da multa, como medida atípica, em
execução pecuniária, como forma de impor o cumprimento de deveres processuais do
executado – e não o dever de pagar a quantia – ou de terceiro”.
O raciocínio jurídico de Fredie Didier Jr. é acompanhado pela jurisprudência do
STJ desde a reforma processual de 2005, que incluiu o artigo 461-A, §3º, do CPC, a
qual resistia em reconhecer a atipicidade de meios executórios nas execuções de
obrigações de pagar quantia certa. É o caso do julgado abaixo, que estipula claramente a
vocação das medidas atípicas para o procedimento do artigo 461 do CPC/1973, de
obrigações de fazer e não fazer.
PROCESSUAL CIVIL. FGTS. OBRIGAÇÃO DE FAZER. ASTREINTES.
ART. 461, DO CPC. POSSIBILIDADE. RESIÇÃO DO “QUANTUM”
ESTIPULADO. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 7/STJ. 1. Decorrendo da
sentença, não da obrigação de pagar quantia, mas sim a de efetuar
crédito em conta vinculada do FGTS, o seu cumprimento se dá sob o
regime do art. 461 do CPC. Não havendo dúvida sobre o montante a ser
creditado e nem outra justificativa para o atendimento da sentença, é cabível
a aplicação de multa diária como meio coercitivo para o seu cumprimento.
Precedentes: REsp 679.048/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28.11.2005; REsp
666.008/RJ, Rel. Min. José Delgado, 1a Turma, DJ de 28.03.2005 (REsp
869.106/RS, 1a Turma, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, DJ de
20/11/2006). […].
(STJ – REsp: 893.484/RS 2006/0225844-0, Relator: Ministro Herman
Benjamin, Data de Julgamento: 15/03/2007, 2a Turma, Data de Publicação:
DJe 03/09/2000).
O poder geral de efetivação, além de presente nas obrigações de entregar coisa,
fazer e não fazer (artigo 536, §1º, do CPC) e nas obrigações de pagar quantia certa (com
grau maior de subsidiariedade, segundo o enunciado 12 do FPPC, todo o sistema típico
previsto pelo legislador e Fredie Didier Jr.), pode ser exercido tanto na tutela definitiva
como em tutelas provisórias.
12 Idem. Pág. 127.
13 Idem. Ibidem.
4
O artigo 297 do CPC prevê que “o juiz poderá determinar as medidas que
considerar adequadas para efetivação da tutela provisória”. Da mesma forma, poderá o
juiz se valer de meios executórios diretos e indiretos para fazer com que alguém cumpra
ordem judicial.
2. O poder geral de efetivação e o de cautela (artigo 301 do CPC).
Difere-se do poder geral de efetivação o poder geral de cautela por ser uma
cláusula geral contida no ordenamento processual de modo a possibilitar que o juiz
estabeleça medidas cautelares, não relacionadas diretamente ao cumprimento do objeto
da decisão (bem da vida), para assegurar a discussão e o cumprimento de um direito no
futuro14.
Ainda se confundem indevidamente estes conceitos na literatura jurídica, tal
como se prevê nas lições de José Miguel Garcia Medina15, ao afirmar que:
O inc. IV do art. 139 impõe ao magistrado atuar de modo a assegurar que os
efeitos da decisão que proferiu – ou que está em vias de proferir – se
produzam. Há muito, na doutrina, se relacionava a possibilidade de
concessão de cautelares ex officio à direção material do processo […],
orientação que acabou sendo incorporada no art. 139, IV, do CPC/2015. Sob
o prisma do denominado “poder geral de cautela”, vinha-se sustentando, na
vigência do CPC/1973, que o juiz poderia determinar as medidas que
entender adequadas para o caso concreto a fim de assegurar a eficácia do
processo de conhecimento ou de execução […].
Em lição mais aprofundada sobre o assunto, Daniel Amorim Assumpção Neves16
afirma que o poder geral de cautela permanece no Código de Processo Civil de 2015 no
artigo 301 (e não no artigo 139, IV, do CPC), apesar da reforma estrutural que este
diploma representa à tutela cautelar em relação à codificação de 1973. Malgrado a tutela
cautelar ter sido extinta como processo autônomo, e as medidas cautelares típicas não
gozarem mais de procedimentos positivados como no Código de Processo Civil de 1973
(artigos 813 a 889), Daniel Amorim concorda com o teor do enunciado 31 do FPPC, nos
termos: “o poder geral de cautela está mantido no CPC”17.
3. Requisitos para a aplicação de medidas executivas atípicas.
14MONTEIRO, Elane Botelho. Poder geral de cautela do magistrado com o novo Código de
Processo Civil. Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=19288&revista_caderno=21>.
15 MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2016. 4a edição. Pág. 256.
16 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil Comentado Artigo por
Artigo. Salvador: Editora Juspodium, 2016. 1a edição, 3a tiragem. Pág. 480.
17 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil Comentado Artigo por
Artigo. Salvador: Editora Juspodium, 2016. 1a edição, 3a tiragem. Pág. 480.
5
http://www.ambito-juridico.com.br/site/
http://www.ambito-juridico.com.br/site/
http://www.ambito-juridico.com.br/site/
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Fredie Didier Jr. construiu, em seus estudos requisitos a partir dos quais o
intérprete possa realizar um juízo de valor mais acertado acerca da utilização de uma
medida executiva atípica, segundo princípios e postulados próprios da execução. Ele
afirma que: “De modo geral, a escolha deve pautar-se nos postulados da
proporcionalidade, da razoabilidade (art. 8º, CPC) e da proibição de excesso, bem como
nos princípios da eficiência e da menor onerosidade da execução”18.
A medida executiva atípica deve atender aos critérios de adequação,
necessidade e proporcionalidade.
Inicialmente, reputa-se por adequada a medida se o seu resultado se relacionar
com a causa que a ensejou, de modo a providenciar uma tutela executiva satisfatória
para o credor. Este critério sofre influência, conforme Fredie Didier Jr.19, do postulado
da proporcionalidade20 e do princípio da eficiência21.
Em segundo lugar, as medidas atípicas devem ser necessárias, de sorte que se
erija um limite ao juiz, ao avaliar a situação do devedor: a medida deve atender ao
resultado almejado pelo credor na melhor hipótese executória possível para o devedor.
Segundo Fredie Didier Jr.22, a necessidade das medidas executivas atípicas se imbica
com o postulado da proibição do excesso (intrinsecamente com o princípio da menor
onerosidade para o executado) e com o postuladoda razoabilidade23.
Finalmente, as medidas executivas atípicas devem conciliar os interesses
contrapostos, isto é, o aplicador do direito deve se atentar à posição do credor e à do
devedor, de seus direitos fundamentais, das vantagens e desvantagens em aplicar a
medida. Reputa-se conciliatória aquela que atender a um equilíbrio de interesses, sem
lesionar direitos de uma ou outra parte, como é o caso de Ações Civis Públicas que
discutem a poluição ambiental por parte de indústrias – nestes casos, revelariam ser não
conciliatórias as medidas de interdição da produção em razão do reflexo social da
atividade empresarial na geração de empregos, no recolhimento de tributos e na
18 JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a 
edição revista. Vol. 5. Pág. 113.
19 Idem. Ibidem.
20Pois que a medida deve guardar relação concreta com o seu resultado (não é proporcional que se
imponha multa coercitiva na ordem de dezenas de reais contra grandes empresas contumazes no
descumprimento de ordens judiciais).
21Visto que, ao adotar a medida executiva pleiteada, ou ex officio, o juiz deve avaliar a probabilidade de
se atingir o resultado almejado, caso contrário, não seria eficiente.
22 JÚNIOR, Fredie Didier. Opus Citatum. Pág. 113.
23Neste caso, proíbe-se que o executado sofra excessos na execução com medidas que alcance
demasiadamente o seu patrimônio, como é o caso de multa coercitiva em caso de emissão de declaração
de vontade – no artigo 501 do CPC, há medida sub-rogatória no sentido de evitar o excesso de execução.
6
participação da economia. Este critério também é informado pelos postulados da
proporcionalidade e da razoabilidade.
Este último requisito ganha sempre a atenção do Judiciário brasileiro no sentido
de que juízes, por muitas das vezes sensibilizados com a posição do credor no processo,
acabam por adotar medidas executórias cujas proporcionalidade e razoabilidade são
plenamente discutíveis à luz destes requisitos e dos postulados expostos.
O primeiro caso em tela faz referência a juízes que determinam a suspensão da
Carteira Nacional de Habilitação e de passaporte, e o cancelamento de cartões de
crédito. No TJRJ e no TRT da 1a Região, prevalece a posição encabeçada por Fredie
Didier Jr. no sentido de considerar a priori que estas medidas não são proporcionais,
razoáveis, tampouco conciliatórias, além de ferir direitos fundamentais, como o de
locomoção em território nacional.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO
EXTRAJUDICIAL. MENSALIDADES ESCOLARES EM ATRASO.
DECISÃO QUE INDEFERE PEDIDO DO EXEQUENTE NO SENTIDO
DE APLICAÇÃO DE MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS: SUSPENSÃO
DA CNH, APREENSÃO DO PASSAPORTE, E CANCELAMENTO DOS
CARTÕES DE CRÉDITO. MEDIDAS EXTRAORDINÁRIAS QUE
EXTRAPOLAM O LIMITE DA RAZOABILIDADE, POR NÃO TRAZER
EFETIVIDADE À EXECUÇÃO OU UTILIDADE DA PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. As medidas coercitivas objetivam o cumprimento das
decisões judiciais, na forma do inciso IV do artigo 139 do NCPC, e não punir
o devedor inadimplente. Ademais, fere garantias constitucionais
fundamentais, como o direito de ir e vir. Inaceitável, no caso, acatar o
requerimento do exequente, por impedir o executado de praticar atos
imprescindíveis do cotidiano do cidadão médio. Correta a decisão agravada.
Não provimento do recurso.
(TJRJ – AI: 00400524320178190000 RIO DE JANEIRO CAPITAL 11
VARA CÍVEL, Relator: EDUARDO DE AZEVEDO PAIVA, Data de
Julgamento: 27/09/2017, DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 28/09/2017).
MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS. BLOQUEIO DE CNH E
PASSAPORTE. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. Em que pese o CPC/15
prever o uso de medidas executivas atípicas (CPC, artigo 139, IV; 536, §1º),
no presente caso, as medidas pretendidas privam o devedor do direito de ir e
vir, e se traduzem em medidas restritivas de direitos, sem qualquer respaldo
legal. Agravo de petição do autor improvido.
(TRT-1 – AP: 01101007019945010069 RJ, Relator: Glaucia Zuccari
Fernandes Braga, Segunda Turma, Data de Publicação: 10/07/2018).
Em sentido contrário, alguns tribunais, como o TJDFT e o STJ, entendem que a
cassação ou a suspensão de CNH e de passaporte não configuram violação ao direito
fundamental à locomoção, pois que o devedor ainda tem o poder de se locomover
livremente em todo o território nacional por outros meios (o direito não dependeria do
automóvel). No caso do STJ, a posição majoritária consiste em uma interpretação mais
7
restritiva do direito à locomoção, de modo que os habeas corpus impetrados em favor
dos executados com habilitação para dirigir suspensa não possam sequer ser conhecidos.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRELIMINAR. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO
EXTRAJUDICIAL. MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS. SUSPENSÃO
DA CNH. APREENSÃO DE PASSAPORTE. MEDIDAS EXCEPCIONAIS
CABÍVEIS. Rejeita-se a preliminar de ausência de fundamentação da decisão
ao se verificar que o magistrado esclareceu as razões de seu convencimento.
As medidas executivas atípicas de suspensão da carteira nacional de
habilitação e retensão do passaporte podem ser aplicadas após o esgotamento
dos meios convencionais da execução e representam tentativa de persuadir o
inadimplente, de modo que seja mais vantajoso cumprir sua obrigação do que
permanecer no inadimplemento. A retenção do passaporte, apesar de
restringir, em pequena medida, a liberdade de locomoção, acaba por obstar
que a parte executada possa contrair novas dívidas, na hipótese de utilização
para viagens de lazer, o que agravaria ainda mais a situação de inadimplência.
A medida de coerção de suspensão da Carteira Nacional de Habilitação, por
seu turno, não é capaz de ferir o direito de ir e vir do executado, visto que não
o impede de se locomover por outros meios de transporte diversos do veículo
automotor particular. A simples alegação de ofensa a direitos e garantias
fundamentais não é suficiente para indeferir medidas executivas atípicas,
devendo ser cotejados os elementos do caso para verificar se, de modo
concreto, a limitação é aceitável ou não, preservando o núcleo essencial de
cada direito e a dignidade da pessoa humana. Precedentes.
(TJDF 0708144232018070000 DF 0708144-23.2018.8.07.0000, Relator:
ESDRAS NEVES, Data de Julgamento: 15/08/2018, 6a Turma Cível, Data de
Publicação: Publicado no DJe: 20/08/2018).
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO DE
TÍTULO EXTRAJUDICIAL. MEDIDAS COERCITIVAS ATÍPICAS.
CPC/2015. INTERPRETAÇÃO CONSENTÂNEA COM O
ORDENAMENTO CONSTITUCIONAL. SUBSIDIARIEDADE,
NECESSIDADE, ADEQUAÇÃO E PROPORCIONALIDADE.
RETENÇÃO DE PASSAPORTE. COAÇÃO ILEGAL. CONCESSÃO DA
ORDEM. SUSPENSÃO DA CNH. NÃO CONHECIMENTO. 1. O habeas
corpus é instrumento de previsão constitucional vocacionado à tutela da
liberdade de locomoção, de utilização excepcional, orientado para o
enfrentamento das hipóteses emq ue se vislumbra manifesta ilegalidade ou
abuso nas decisões judiciais. 2. Nos termos da jurisprudência do STJ, o
acautelamento de passaporte é medida que limita a liberdade de locomoção,
que pode, no caso concreto, significar constrangimento ilegal e arbitrário,
sendo o habeas corpus via processual adequada para essa análise. 3. o CPC
de 2015, em homenagem ao princípio do resultado na execução, inovou o
ordenamento jurídico com a previsão, em seu art. 139, IV, de medidas
executivas atípicas, tendentes à satisfação da obrigação exequenda, inclusive
as de pagar quantia certa. 4. As modernas regras de processo, no entanto,
ainda respaldadas pela busca da efetividade jurisdicional, em nenhuma
circunstância, poderão se distanciar dos ditames constitucionais, apenas
sendo possível a implementaçãode comandos não discricionários ou que
restrinjam direitos individuais de forma razoável. 5. Assim, no caso
concreto, após esgotados todos os meios típicos de satisfação da dívida
para assegurar o cumprimento de ordem judicial, deve o magistrado
eleger medida que seja necessária, lógica e proporcional. Não sendo
adequada e necessária, ainda que sob o escudo da busca pela efetivação
das decisões judiciais, será contrária à ordem pública. 6. Nesse sentido,
para que o julgador se utilize de meios executivos atípicos, a decisão deve ser
8
fundamentada e sujeita ao contraditório, demonstrando-se a excepcionalidade
da medida adotada em razão da ineficácia dos meios executivos típicos, sob
pena de configurar-se como sanção processual. 7. A adoção de medidas de
incursão na esfera de direitos do executado, notadamente direitos
fundamentais, carecerá de legitimidade e configurar-se-á coação reprovável,
sempre que vazia de respaldo constitucional ou previsão legal e à medida em
que não se justificar em defesa de outro direito fundamental. […] 11. A
jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que a suspensão da
Carteira Nacional de Habilitação não configura ameaça ao direito de ir e
vir do titular, sendo, assim, inadequada a utilização do habeas corpus,
impedindo o seu conhecimento. É fato que a retenção desse documento tem
potencial para causar embaraços consideráveis a qualquer pessoa e, a alguns
determinados grupos, ainda de forma mais drástica, caso de profissionais, que
têm na condução de veículos, a fonte de sustento. É fato também que, se
detectada esta condição particular, no entanto, a possibilidade de impugnação
da decisão é certa, todavia por via diversa do habeas corpus, porque sua razão
não será a coação ilegal ou arbitrária ao direito de locomoção, mas
inadequação de outra natureza. 12. Recurso ordinário parcialmente
conhecido.
(STJ – RHC: 97876/SP 2018/0104023-6, Relator: Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, Data de Julgamento: 05/06/2018, Quarta Turma, Data de
Publicação: DJe 09/08/2018).
Fredie Didier Jr.24 entende também que as medidas executivas atípicas não
podem configurar de per se um ilícito, e exemplifica, segundo decisão25 que repercutiu
em diversos meios de comunicação:
Um juiz do Distrito Federal determinou, para efetivação da sua decisão que
determinava a desocupação de uma escola, o uso de técnicas de privação do
sono dos ocupantes, com uso de “instrumentos sonoros contínuos”. Na
mesma decisão, o juiz proibiu a entrada de alimentos no local, determinou o
corte de fornecimento de água, energia e gás e proibiu o acesso à escola de
parentes e conhecidos dos ocupantes, tudo até que a ordem fosse cumprida.
De acordo com o Protocolo de Istambul, privação de sono e restrição de
acesso à água são técnicas de tortura. A tortura é crime inafiançável e
insuscetível de graça e anistia (art. 5º, XLIII, CF). Sendo uma prática
criminosa, por definição não pode ser uma prática lícita, nem mesmo e muito
menos sob o abrigo de uma cláusula geral processual.
4. Questões doutrinárias acerca do poder geral de efetivação.
I. Determinação e substituição de ofício pelo juiz (enunciado 396 do
FPPC) e a proibição ao juiz de impor medida atípica quando houver
negócio processual obstativo e para a qual a lei, tipicamente, exige
provocação da parte;
O poder-dever contido no artigo 139, IV, do CPC, não é vinculante para o juiz,
de forma que ele possa determinar e substituir, ex officio ou a requerimento da parte,
uma medida executiva atípica por outra diferente da requerida, seja qual for a gravidade,
24JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a
edição revista. Vol. 5. Pág. 134.
25 Disponível em: <http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2016/11/juiz-autoriza-tecnica-de-
privacao-de-sono-para-desocupar-escola-no-df.html>.
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desde que obedeça aos postulados da proporcionalidade, da razoabilidade e da
conciliação de interesses.
Segundo Fredie Didier Jr.26, “Trata-se de uma mitigação da regra da congruência
objetiva (arts. 141 e 492 do CPC), admitindo-se a atuação de ofício do julgador”.
A flexibilidade no poder de determinar, suspender, agravar ou atenuar medida
executiva atípica completa a atividade legislativa, naturalmente lacunosa, a qual nunca
poderia prever, dada a evolução da sociedade, as necessidades das novas demandas
judiciais e novas medidas executivas que poderiam surgir.
Há a possibilidade da instituição de ofício, segundo a própria redação do artigo
139, IV, do CPC. Conforme o enunciado 396 do FPPC, entretanto, se instituído de
ofício, o meio executório deve observar aos princípios basilares do ordenamento
processual, quais sejam: bem comum, dignidade da pessoa humana, proporcionalidade,
razoabilidade, legalidade, publicidade e eficiência.
É possível, segundo Fredie Didier Jr.27, também, que o credor requeira uma
medida típica e o juiz, ao concluir fundamentalmente (artigo 93, IX, da CRFB/1988)
pela ineficácia da medida, determine medida atípica – salvo no caso de cumprimento de
obrigação de pagar quantia certa, em que subsiste subsidiariedade.
Não é possível que o juiz, todavia, quando existir negócio jurídico processual
obstativo de medidas executivas determinadas, institua alguma delas28.
É impossível, tampouco, que o juiz institua determinada medida atípica ex
officio quando a lei, expressamente, exigir provocação da parte29 – são os casos da
constituição de capital na execução de alimentos indenizativos e a prisão civil do
devedor de alimentos.
II. Aplicação das medidas executivas a terceiros e ao autor;
As medidas executivas típicas e atípicas servem à autoridade das decisões
judiciais, de modo a auxiliar o cumprimento direto ou indireto das ordens. O artigo 77,
IV, do CPC, afirma que todos que participam do processo têm o dever de “cumprir com
exatidão as ordens jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços
à sua efetivação”.
Desta feita, pode-se inferir que todos os atores do processo (autor, réu e juiz),
assim como aqueles que interveem em seus nomes (procuradores, Ministério Público,
26 JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a 
edição revista. Vol. 5. Pág. 120.
27 Idem. Pág. 121.
28 JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a 
edição revista. Vol. 5. Pág. 121.
29 Idem. Ibidem.
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representantes legais) podem ser destinatários de medidas executórias atípicas, assim
como entende Fredie Didier Jr.30 no seguinte exemplo:
Daí que é possível, por exemplo, a fixação de multa para cumprimento de
decisão que imponha a terceiro, administrador de cadastro de proteção de
crédito, a exclusão do nome da parte. O administrador não precisa ser réu no
processo para ser destinatário da ordem – e, portanto, para ser compelido a
cumpri-la. […].
O demandante também pode ser destinatário da medida executiva. Isso pode
acontecer tanto nos casos em que o réu exerce uma situação jurídica ativa no
processo – por exemplo, quando formula demanda reconvencional, pedido
contraposto, ou quando a demanda tem caráter dúplice – como nos casos em
que o réu exerce uma situação jurídica passiva.
III. A prisão civil como medida atípica;
A prisão civil como medida executiva típica subsiste no ordenamento brasileiro,
autorizado pela Constituição Federal (artigo 5º, LXVII) para o descumprimento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e do depositário infiel.
O Brasil ratificou tratados internacionais, como o Pacto de São José da Costa
Rica (Decreto 678/1992) e o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos
(Decreto legislativo 226/1991) que, em razão da matéria tratar de direitos humanos,
ostentam status de norma supralegal,mas infraconstitucional, observada a
jurisprudência do STF no RE 466.343/SP. Estes tratados proíbem a prisão civil por
dívida, excluída a do devedor voluntário de alimentos.
Por esta razão, qualquer lei ordinária que autorize a prisão do depositário infiel
afronta estes tratados e é considerada ilícita (súmula vinculante 25 do STF). Segundo a
súmula 419 do STJ, “descabe a prisão civil do depositário judicial infiel”.
Ainda subsiste na doutrina a discussão sobre a possibilidade de se instituir a
prisão civil como medida atípica nas obrigações de fazer, não fazer e dar coisa, em
razão dos termos constitucionais do artigo 5º, LXVII.
Segundo o dispositivo da Carta Magna, não haverá prisão civil por dívida – este
termo, segundo Fredie Didier Jr.31, poderia ser interpretado segundo duas exegeses:
dívida no sentido de “obrigação civil”, hipótese na qual se vedaria qualquer prisão civil
por dívida, e dívida no sentido de “obrigação de pagar quantia”, segundo a qual seria
possível instituir prisão civil como medida atípica nos procedimentos de cumprimento
de obrigação de fazer, não fazer e dar coisa.
Os defensores da primeira tese auferem sentido amplo à palavra “dívida” em
razão dos valores contidos na norma em comento, pois que se trata de uma previsão
30 Idem. Pág. 111.
31 JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a 
edição revista. Vol. 5. Pág. 129.
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positivada da restrição à liberdade de locomoção em razão de dívida, situação que a
História do Direito permite concluir ser deveras arcaica32, de modo a conferir um valor
quase que absoluto ao direito à liberdade. Neste sentido, ratifica Fredie Didier Jr.:
A tese que restringe a possibilidade de utilização da prisão civil como medida
coercitiva – dando ao termo “dívida” o significado mais amplo de “obrigação
civil” - privilegia a liberdade individual. O problema é que ela pressupõe uma
hierarquização abstrata e absoluta desse direito fundamental, como se a
liberdade individual tivesse de prevalecer em qualquer situação. […].
Sabemos todos que tais direitos são sempre relativos e podem ser
episodicamente afastados em prestígio de outros direitos fundamentais que,
no caso concreto, se revelem de melhor proteção. Essa teoria justifica até
mesmo o afastamento pontual das normas que, casuisticamente, se
apresentem como empecilho à concretização de determinados direitos.
Os argumentos de Fredie Didier Jr.33 são lançados em favor da segunda tese,
desde que este instituto seja utilizado com parcimônia: se o direito à liberdade se
confrontar com outro direito fundamental na execução, aquele deve ceder a este
segundo critérios específicos de utilização.
A prisão civil como medida atípica: a) quando houver confronto direto do direito
à liberdade com direitos fundamentais, segundo melhor aplicação da ponderação de
interesses, b) só pode ser decretada de modo fundamentado (artigo 93, IX, da
CRFB/1988 e artigo 489, §1º, do CPC), c) não pode se referir a obrigação com conteúdo
patrimonial, d) deve ser utilizada como ultima ratio, quando o devedor se eximir de
cumprir a obrigação em qualquer caso, e) quando decretada, deve garantir o
contraditório ao executado e f) deve vir com prazo determinado pelo juiz.
IV. A aplicabilidade das medidas atípicas em outros ramos de direito
processual.
A doutrina se debruçou sobre este assunto recentemente para discutir o caso do
aplicativo Whatsapp, instado a fornecer informações para a instrução processual penal,
que se negou veementemente ao alegar que as conversas dos seus usuários possuem
confidencialidade contratual e que, mais recentemente, só os usuários poderiam
apresentar o conteúdo, pois que as conversas no mensageiro passaram a ser
criptografadas.
Alguns juízes passaram a determinar que as atividades do aplicativo fossem
suspensas, de maneira que milhões de usuários fossem atingidos, mas estas decisões
32HUMENHUK, Hewerstton. Prisão civil: visão do Direito Constitucional. Disponível em:
<http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/15734-15735-1-PB.pdf>.
33 JÚNIOR, Fredie Didier. Opus Citatum. Pág. 131.
12
foram reformadas pelos respectivos tribunais, devido à falta de razoabilidade e de
proporcionalidade na eleição da medida atípica.
SUSPENSÃO DE LIMINAR DE SENTENÇA Nº 2.174 – RJ
(2016/0202787-0) RELATORA: MINISTRA PRESIDENTE DO STJ.
REQUERENTE: SOLIDARIEDADE. ADVOGADO: DANIEL SOARES
ALVARENGA DE MACEDO E OUTRO(S) – DF 036042. REQUERIDO:
JUIZ DE DIREITO DA 2A VARA CRIMINAL DE DUQUE DE CAXIAS –
RJ. DECISÃO. Vistos, etc. Cuida-se de pedido suspensivo formulado pelo
SOLIDARIEDADE, partido político, contra a decisão prolatada pelo Juízo da
2a Vara Criminal da Comarca de Duque de Caxias – RJ, que obrigou a
“suspensão de 72 horas dos serviços do aplicativo WhatsApp pela
impossibilidade de conexão ao aplicativo pelas operadoras de telefonia móvel
(fl. 1). […].
(STJ – SLS: 2174 RJ 2016/0202787-0, Relator: Ministra Laurita Vaz, Data de
Publicação: DJ 28/04/2017).
Um magistrado do TJSP, de Presidente Venceslau, município do interior do
estado de São Paulo, determinou que o aeroporto municipal fosse fechado por 20 dias,
porquanto, no feito criminal, encontrou-se convencido de que uma facção poderia se
utilizar do aeroporto como rota de fuga – esta decisão também foi veiculada
difusamente em meios de comunicação34.
Neste sentido, Fredie Didier Jr.35 entende por aplicável a cláusula geral
processual executiva, desde que não se trate de decisão que imponha prisão penal ao
executado ou réu (pois que há procedimento para tal previsto no Código de Processo
Penal e na Lei 7.210/1984, de Execução Penal), e que a medida seja proporcional e
razoável no caso concreto (fl. 142).
34Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/10/juiz-manda-fechar-aeroporto-por-
20-dias-em-sp-apos-suspeita-de-acao-do-pcc.shtml>.
35 JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora Juspodium, 2018. 8a
edição revista. Vol. 5. Pág. 142.
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