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SISTEMA DE ENSINO DIREITO PROCESSUAL CIVIL Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução Livro Eletrônico 2 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL Apresentação . ............................................................................................................................3 Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução ..................................................5 Princípios ....................................................................................................................................5 Sujeitos .....................................................................................................................................39 Competência. ............................................................................................................................44 Resumo ..................................................................................................................................... 51 Questões de Concurso . ...........................................................................................................54 Gabarito ....................................................................................................................................78 Gabarito Comentado ................................................................................................................79 ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL ApresentAção Olá, tudo bem com você? Vamos nos aventurar no maravilhoso mundo do Processo Civil e eu terei a honra de auxi- liar vocês nessa caminhada. Eu sempre adotei, na minha trajetória de estudos, um material base com o qual eu pudes- se contar e ler sempre antes de fazer as provas. Acredito que seja fundamental você ter suas anotações/cadernos e sempre poder revisá-los nas semanas que antecedem a prova. DICA! É fundamental você ter um caderno apenas. Uma fonte para cada matéria. Não faça a besteira de ter 3 ou 4 anotações es- parsas da mesma matéria. Condensar tudo em um mesmo material é muito importante para fins de organização. Por isso, utilize este material em PDF e monte seus cadernos a partir deles, ou, caso você já tenha seus cadernos, alimente- -os com as informações que você verá aqui. O importante é você não ter uma pluralidade de materiais, porque se fizer isso você vai acabar se perdendo. Minha trajetória de estudos começou em 2010 e, desde então, eu acompanho todas as notícias diárias que são publicadas no STF e no STJ, bem como todos os informativos sema- nais dos dois Tribunais, sem perder nenhum. O diferencial deste material, portanto, é justamente este: abordarei com vocês o conteúdo básico de cada disciplina, mas irei aprofundar com a jurisprudência mais atual e mais diver- sificada sobre o assunto, além de trazer questões sobre as matérias. As provas, atualmente, cobram muita letra de lei, mas também muito entendimento ju- risprudencial, por isso eu acredito que com esta leitura você ficará preparado para alcançar seu objetivo no mundo dos concursos públicos, pois terá todo o conteúdo mais atualizado possível. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL Com esse método, fui aprovado e exerci os cargos de Técnico Administrativo no MPU, Analista Judiciário no TJDFT, Juiz de Direito no TJMT e Juiz Federal no TRF1. Se eu consegui, você também consegue! Em Processo Civil, ficarei responsável por 14 pontos que estão divididos conforme o cro- nograma abaixo. Não vejo a necessidade de uma leitura ordenada dos pontos, portanto, você pode começar com Provas (Aula 12) e depois ler sobre Juizados Especiais (Aula 28), por exem- plo. Eu acho importante apenas que você leia o ponto inteiro antes de partir para o próximo. Aula Conteúdo 7 Atos processuais; e Vícios dos atos 8 Tutela provisória 9 Formação, suspensão e extinção do processo; e Petição inicial 10 Audiência de mediação e conciliação; Respostas do réu; e Revelia 11 Providências preliminares e julgamento conforme o estado do processo; e Audiência de instrução e julgamento 12 Provas 13 Sentença; Liquidação de sentença; e Coisa julgada 16 Execução; Princípios, Sujeitos e Competência da execução 17 Título executivo; e Responsabilidade patrimonial 18 Cumprimento provisório de sentença; Cumprimentos de sentença (fazer, não fazer, entregar e pagar); Processo de execução (fazer, não fazer e entregar) 19 Processo de execução de pagar quantia; Execuções especiais 20 Defesas do executado; Suspensão e extinção do processo de execução 27 Mandado de segurança; Ação popular; Ação civil pública; e Ação de improbidade administrativa 28 Juizados Especiais; Processo eletrônico Boa leitura! ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO: PRINCÍPIOS, SUJEITOS E COMPETÊNCIA DA EXECUÇÃO Nesta aula, eu e você iremos trabalhar os artigos 771 ao 782 do nosso Código de Processo Civil. Fique tranquilo porque sempre que o artigo for muito importante, eu irei transcrevê-lo para você. Sempre que tiver algum julgado importante eu também vou transcrever a ementa para que seu estudo fique dinâmico. princípios O Livro II do CPC regula o procedimento da execução fundada em título extrajudicial. To- das as regras gerais que serão vistas aplicam-se também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no procedimento de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força exe- cutiva. O intercâmbio entre as disposições é uma tentativa de o Código colmatar as lacunas exis- tentes, tanto que as disposições referentes ao cumprimento de sentença e mesmo aquelas afetas ao processo de conhecimento também são passíveis de aplicação, a depender da hi- pótese, na execução embasada em título extrajudicial. Como estamos em sede e ação de execução, é preciso ressaltar que não há execução sem título que a embase, o que se traduz no princípio da nulla executio sine título. Além do mais, os títulos executivos previstos em lei estão em rol taxativo, conforme o princípio da tipicidade dos títulos executivos. O juiz tem, à sua disposição, durante o processo de execução, o poder necessário ao bom andamento dos trabalhos. Pode o juiz ordenar o comparecimento das partes, sempre que necessário; advertir o exe- cutado de que seu procedimento constitui ato atentatório à dignidade da justiça; ou mesmo determinar que os sujeitos indicados pelo exequente forneçam informações em geral rela- cionadas ao objeto da execução, tais como documentos e dados que tenham em seu poder, assinando-lhes prazo razoável. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL De ofício ou a requerimento da parte, pode o juiz determinar as medidas necessárias ao cumprimento da ordem de entrega de documentos e dados, que, se forem sigilosos, devem se submeter às medidas necessárias para assegurar a confidencialidade. O Código estabelece ainda como atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omissiva do executado que: frauda a execução; se opõe maliciosamente à execução, em- pregando ardis e meios artificiosos; dificulta ou embaraça a realização da penhora; resiste injustificadamenteàs ordens judiciais; intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus. Em todos esses casos o juiz fixará multa que não poderá ser superior a 20% do valor atu- alizado do débito em execução, a ser revertido ao exequente, exigível nos próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material. Como se vê e como ocorre também no processo de conhecimento, a execução é regida pelos princípios da lealdade e da boa-fé processual. A esse respeito, aliás, o Código é expresso ao afirmar que a cobrança de multas ou de in- denizações decorrentes de litigância de má-fé ou de prática de ato atentatório à dignidade da justiça será promovida nos próprios autos do processo. Estamos tratando aqui da multa aplicada dentro do processo que não poderá ser superior a 20% e protege a lealdade e a boa-fé processual. Muitas questões de prova acabam cobrando conteúdo sobre uma multa que é completamente diversa, aplicada pelo TCU em sua função própria de fiscal de contas. • Legitimidade para execução de valores impostos pelos Tribunais de Contas: − Para o STJ: ◦ Imputação de débito/ressarcimento ao Erário – O crédito pertence ao ente público cujo patrimônio foi atingido; ◦ Aplicação de multa – Deve ser revertida em favor do ente a que se vincula o órgão sancionador; ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL ◦ TCU multando gestores estaduais ou municipais – legitimidade da União; ◦ TCE multando gestores municipais – legitimidade do Estado. Julgado: STJ. EAg 1138822/RS. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MULTA APLI- CADA POR TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL A GESTOR MUNICIPAL. RECEITA DO ENTE FEDERATIVO A QUE SE VINCULA O ÓRGÃO SANCIONADOR. LEGITIMIDADE DO ESTADO PARA AJUIZAR A COBRANÇA. 1. A controvérsia diz respeito à titularidade da cobrança de crédito decorrente de multa aplicada a gestor municipal por Tribunal de Contas esta- dual. O acórdão embargado consignou que a cobrança compete ao próprio município, enquanto o paradigma entende que a legitimidade para a execução é do Estado a que se vincula a Corte de Contas. 2. Ambas as Turmas da Primeira Seção adotavam o mesmo posicionamento, no sentido do acórdão embargado, até o julgamento do REsp 1.181.122/ RS, no qual a Segunda Turma reviu sua jurisprudência. 3. Devem-se distinguir os casos de imputação de débito/ressarcimento ao Erário – em que se busca a recomposição do dano sofrido, e, portanto, o crédito pertence ao ente público cujo patrimônio foi atingido – dos de aplicação de multa, que, na ausência de disposição legal específica, deve ser revertida em favor do ente a que se vincula o órgão sancionador. 4. Não foi outra a solu- ção preconizada pelo Tribunal de Contas da União, em cujo âmbito as multas, mesmo que aplicadas a gestores estaduais ou municipais, sempre são recolhidas aos cofres da União. 5. Este mesmo raciocínio deve ser aplicado aos Tribunais de Contas estadu- ais, de modo que as multas deverão ser revertidas ao ente público ao qual a Corte está vinculada, mesmo se aplicadas contra gestor municipal. 6. Dessa forma, a legitimidade para cobrar os créditos referentes a multas aplicadas por Tribunal de Contas é do ente público que mantém a referida Corte - na espécie, o Estado do Rio Grande do Sul -, por intermédio de sua Procuradoria. 7. Embargos de Divergência providos. (Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/12/2010, DJe 01/03/2011). Julgado: STJ. REsp 1300411/RS. PROCESSUAL CIVIL. TÍTULO EXECUTIVO FORMADO NO TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL EM RAZÃO DE IRREGULARIDADES NA PRESTA- ÇÃO DE CONTAS DE EX-PREFEITO. LEGITIMIDADE PARA EXECUÇÃO. 1. As multas apli- cadas pelos Tribunais de Contas Estaduais deverão ser revertidas ao ente público com o qual a Corte tenha ligação, mesmo se impostas a gestor municipal. A solução adequada é proporcionar ao próprio ente estatal a que esteja vinculado o Tribunal de Contas a ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL titularidade do crédito decorrente da cominação da multa por ela aplicada no exercício de seu mister. Precedentes do STJ. 2. A legitimidade para ajuizar a ação de cobrança relativa ao crédito oriundo de multa lançada contra ex-prefeito por Tribunal de Contas é do ente público que mantém o referido Órgão, neste caso, o Estado do Rio Grande do Sul. 3. Recurso Especial provido. (Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/09/2012, DJe 24/09/2012). − Para o STF, a legitimidade é do Município se o Tribunal de Contas da União ou dos Estados multa gestor municipal; Informativo 711, STF: “O estado-membro não tem legitimidade para promover execução judicial para cobrança de multa imposta por Tribunal de Contas estadual à autoridade municipal, uma vez que a titularidade do crédito é do próprio ente público prejudicado, a quem compete a cobrança, por meio de seus representantes judiciais. Com base nessa orientação, a 1ª Turma negou provimento a agravo regimental em recurso extraordinário, no qual se discutia a legitimidade ad causam de município para execução de multa que lhe fora aplicada. O Min. Dias Toffoli destacou que, na omissão da municipalidade nessa execução, o Ministério Público poderia atuar.” (PRIMEIRA TURMA, RE 580943 AgR/AC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 18.6.2013). • Na defesa do interesse público secundário (patrimônio público meramente econômico) – execução de decisão de Tribunal de Contas – As procuradorias judiciais dos entes públicos têm legitimidade ordinária; − [STJ e STF] O MP não tem legitimidade; Julgado: STJ. REsp 1194670/MA. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL. O MINISTÉRIO PÚBLICO NÃO TEM LEGITIMIDADE PARA PROPOR A EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL PROVENIENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS. PRECEDENTE DO STF. VEDAÇÃO AO MP DE EXERCER AS FUNÇÕES DE REPRESENTAÇÃO JUDICIAL DE ENTIDADES PÚBLICAS. RECURSO ESPECIAL DESPRO- VIDO. 1. Inexiste dúvida acerca da eficácia de título executivo extrajudicial de que são dotadas as decisões do Tribunal de Contas de que resulte imputação de débito ou multa, nos termos do art. 71, § 3º. da Constituição Federal. 2. Em que pese a anterior jurispru- ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL dência desta Corte em sentido contrário, deve prevalecer a tese diversa, pela qual enten- de-se não possuir o Ministério Público legitimidade para cobrar judicialmente dívidas consubstanciadas em título executivo de decisão do Tribunal de Contas. Precedente do STF. 3. Destaca-se que, antes da Constituição de 1988, nada obstava que lei ordi- nária conferisse ao Ministério Público outras atribuições, ainda que incompatíveis com suas funções institucionais; contudo, com a entrada em vigor da Constituição Federal de 1988, o exercício pelo Parquet de outras funções, incompatíveis com sua finalidade institucional, restou expressamente vedado (art. 129, inciso IX da CF), inclusive, a repre- sentação judicial e consultoria jurídica de entidades públicas. 4. Recurso Especial des- provido. (Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/06/2013, DJe 02/08/2013). Julgado: STJ. REsp 1464226/MA. […]. 4. A Primeira Seção desta Corte Superior, no jul- gamento do REsp 1.119.377/SP (Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe de 4.9.2009) paci- ficou o entendimento no sentidode que o Ministério Público tinha legitimidade para promover execução de título executivo extrajudicial decorrente de decisão do Tribunal de Contas, ainda que em caráter excepcional, nas hipóteses de falha do sistema de legi- timação ordinária de defesa do erário. 5. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal, em jul- gamento de recurso submetido ao rito de repercussão geral, estabeleceu que a execução de multa aplicada pelo Tribunal de Contas pode ser proposta apenas pelo ente público beneficiário da condenação, bem como expressamente afastou a legitimidade ativa do Ministério Público para a referida execução (ARE 823.347 RG/MA, Tribunal Pleno, Rel. Min. GILMAR MENDES, DJe de 28.10.2014). 6. No mesmo sentido, os seguintes prece- dentes do Pretório Excelso: ARE 791.577 AgR/MA, 2ª Turma, Rel. Min. RICARDO LEWA- NDOWSKI, DJe de 21.8.2014; RE 791.575 AgR/MA, 1ª Turma, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJe de 27.6.2014. 7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. (Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/11/2014, DJe 26/11/2014). Julgado: STF. ARE 823347 RG. Recurso extraordinário com agravo. Repercussão geral da questão constitucional reconhecida. Reafirmação de jurisprudência. 2. Direito Cons- titucional e Direito Processual Civil. Execução das decisões de condenação patrimonial proferidas pelos Tribunais de Contas. Legitimidade para propositura da ação executiva pelo ente público beneficiário. 3. Ilegitimidade ativa do Ministério Público, atuante ou ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL não junto às Cortes de Contas, seja federal, seja estadual. Recurso não provido. (PLENO, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, julgado em 02/10/2014). • [STJ, 1ª Seção, em 2009 (posicionamento antigo)] O MP terá legitimidade extraordiná- ria se o sistema de legitimação ordinária falhar. Neste caso, a defesa será do patrimô- nio público, e não da Fazenda. (REsp 1119377/SP. Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/08/2009, DJe 04/09/2009). − Não pode executar por ACP; Julgado: STJ. REsp 276306 / SP. Embora a decisão do Tribunal de Contas da União, resultando em imputação de débito e multa tenha eficácia de título executivo, não pode ser executada através da ação civil pública, típica de conhecimento que, julgada proce- dente, comportaria sua execução posterior. (Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MAR- TINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/12/2003, DJ 28/06/2004, p. 218). • É possível que exista, na estrutura do Tribunal de Contas, uma procuradoria jurídica, mas a norma estadual não pode prever que compete à Procuradoria do Tribunal de Contas cobrar judicialmente as multas aplicadas em decisão definitiva do Tribunal e não saldadas no prazo, pois a Constituição Federal não outorgou aos Tribunais de Con- tas competência para executar suas próprias decisões; Informativo 851, STF: “É constitucional a criação de órgãos jurídicos na estrutura de tri- bunais de contas estaduais, vedada a atribuição de cobrança judicial de multas aplica- das pelo próprio tribunal. Com base nessa orientação, o Plenário julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade do inciso V do art. 3º da LC 399/2007, do Estado de Rondônia, que dispõe sobre a organiza- ção e o funcionamento da Procuradoria-Geral do Tribunal de Contas estadual, na forma do art. 253 da Constituição rondoniense. Inicialmente, o Plenário rejeitou as preliminares de prejuízo e de não conhecimento da ação. Quanto ao alegado prejuízo, considerou que os artigos da LC 399/2007 revogados pela LC 658/2012 tratavam de subsídios, manti- dos hígidos os dispositivos concernentes à organização e ao funcionamento da Procu- radoria-Geral do Tribunal de Contas estadual. Relativamente ao não conhecimento da ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL ação, o Plenário afirmou que a análise da constitucionalidade das normas contidas na lei complementar impugnada independeria, em princípio, da análise da constitucionalidade dos dispositivos da Constituição estadual que também cuidaram da matéria (art. 253 e parágrafos). Asseverou a possibilidade de ser inconstitucional a norma regulamentadora de determinada matéria sem que o seja também a norma que lhe serve de fundamento. Observou que as normas da Constituição de Rondônia em que o legislador rondoniense se pautou para criar a lei impugnada já foram objeto da ADI 94/RO (DJE de 15.12.2011). Assim, inviável que as normas ora impugnadas fossem objeto da referida ADI, porque editadas em 2007 (oito anos após o seu ajuizamento). Por outro lado, não remanescem dúvidas sobre a desnecessidade de se reiterar pedido de declaração de inconstituciona- lidade de normas já sob análise do Supremo Tribunal Federal. No mérito, quanto ao inciso V do art. 3º da lei complementar rondoniense, que prevê a competência da Procurado- ria-Geral do Tribunal de Contas estadual para cobrar judicialmente as multas aplicadas em decisão definitiva pela Corte de Contas e não saldadas em tempo devido, o Colegiado reportou-se à orientação fixada em precedentes, no sentido de que o art. 71, § 3º, da CF, norma a ser observada pelos tribunais de contas estaduais em face do princípio da sime- tria (CF/1988, art. 75), apenas conferiu eficácia de título executivo às decisões do TCU, de que resulte imputação de débito ou multa, sem, contudo, outorgar àquela Corte de Contas legitimação para executá-las. Por outro lado, reputou não haver qualquer vício de inconstitucionalidade dos arts. 1º, §§ 1º e 2º; 2º, caput, I e II, e §§ 1º; 3º, caput, I, II, III, IV, VI, VII, VIII, IX, X, XI, XII, §§ 1º a 3º; 4º, I a X e parágrafo único; 5º; 6º (com alteração da LC 658/2012) e 7º da LC rondoniense 399/2007. Adotou, para tanto, o entendimento fixado no julgamento da ADI 1557/DF (DJ de 18.6.2004) e da ADI 94/RO, no sentido de reconhe- cer a possibilidade de existência de procuradorias especiais para representação judicial de assembleia legislativa e de tribunal de contas nos casos em que necessitem praticar em juízo, em nome próprio, uma série de atos processuais na defesa de sua autonomia e independência em face dos demais poderes, as quais também podem ser responsáveis pela consultoria e pelo assessoramento jurídico de seus demais órgãos.” (PLENÁRIO, ADI 4070/RO, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 19.12.2016). O exequente pode desistir de toda a execução ou de apenas algumas medidas executivas. Fala-se, portanto, no princípio da disponibilidade da execução. As desistências são delicadas ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL e você precisa ter bastante atenção, pois a sistemática é diferente se se está em processo de conhecimento, em sede recursal, em mandado de segurança ou mesmo em ação de execução. Na desistência da execução, serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o exequente as custas processuais e os hono- rários advocatícios. Nas demais hipóteses (p. ex.: embargos que versarem sobre questões materiais), a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do embargante. • A citação válida é fator de estabilização subjetiva da demanda, logo, como funcionam as desistências? − Desistência da ação depois do prazo para resposta exige consentimento do réu! ◦ O consentimento pode ser tácito; Julgado: STJ. REsp 1036070/SP. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.DESIS- TÊNCIA REQUERIDA APÓS DECORRIDO O PRAZO PARA A RESPOSTA. CONCORDÂNCIA TÁCITA. POSSIBILIDADE. 1.- É válida a homologação da desistência da ação requerida pelo autor, após o prazo para a resposta, na hipótese em que o réu, devidamente inti- mado para se manifestar a respeito do pedido de desistência formulado, deixa trans- correr in albis o prazo assinalado. 2.- Recurso Especial improvido. (Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/06/2012, DJe 14/06/2012). ◦ A recusa deve ser fundamentada e justificada; “O réu, depois de citado, tem de ser ouvido sobre o pedido de desistência formulado pelo autor. So- mente pode opor-se a ele, se fundada a sua oposição. A resistência pura e simples, destituída de fun- damento razoável, não pode ser aceita porque importa em abuso de direito” (NERY JR, Nelson e NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil Comentado, 9ªed., São Paulo: RT, 2006, p. 437). “Só não é dado ao réu impedir a extinção por desistência, quando em sua defesa ele próprio houver pedido a extinção do processo por outros motivos – porque nesse caso o autor estar-lhe-á ofere- cendo precisamente aquilo que ele pleiteava (DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil, v. III, São Paulo: Malheiros, 2002, p. 131). ◦ Discordância fundada no direito ao julgamento de mérito da demanda = OK. Julgado: REsp 1.318.558 – RS. PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REVI- SÃO CONTRATUAL DESISTÊNCIA DA AÇÃO. CONCORDÂNCIA DO RÉU. NECESSIDADE. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL FUNDAMENTAÇÃO RAZOÁVEL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Após a contestação, a desistência da ação pelo autor depende do consentimento do réu porque ele também tem direito ao julgamento de mérito da lide. 2. A sentença de improcedência interessa muito mais ao réu do que a sentença de extinção do processo sem resolução do mérito, haja vista que, na primeira hipótese, em decorrência da formação da coisa jul- gada material, o autor estará impedido de ajuizar outra ação, com o mesmo fundamento, em face do mesmo réu. 3. Segundo entendimento do STJ, a recusa do réu deve ser fun- damentada e justificada, não bastando apenas a simples alegação de discordância, sem a indicação de qualquer motivo relevante. 4. Na hipótese, a discordância veio fundada no direito ao julgamento de mérito da demanda, que possibilitaria a formação da coisa jul- gada material, impedindo a propositura de nova ação com idênticos fundamentos, o que deve ser entendimento como motivação relevante para impedir a extinção do processo com fulcro no art. 267, VIII, e §4º do CPC. 5. Recurso especial provido. (Rel. Min. Nancy Andrighi, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/06/2013). • O réu já deverá ter apresentado defesa no processo. Antes da citação ou mesmo depois dela – no transcurso do prazo antes da interposição e no caso de revelia –, a extinção poderá ser realizada de ofício; Julgado: STJ. REsp 976861/SP. 1. A melhor interpretação a ser conferida ao § 4º do art. 267 do CPC é a teleológica, uma vez que o fim buscado pela norma é impedir a homologação de um pedido de desistência quando haja fundada razão para que não seja aceito. 2. “A recusa do réu ao pedido de desistência deve ser fundamentada e jus- tificada, não bastando apenas a simples alegação de discordância, sem a indicação de qualquer motivo relevante” (REsp 90738/RJ). Outros precedentes. 3. Recurso especial não provido. ◦ Salvo no Mandado de Segurança coletivo, não cabe desistir da ação após a prola- ção de sentença de mérito, mesmo com a concordância do réu; Julgado: STJ. REsp 1115161/RS. 1. A desistência da ação é faculdade processual con- ferida à parte que abdica, momentaneamente, do monopólio da jurisdição, exonerando o Judiciário de pronunciar-se sobre o mérito da causa, por isso que não pode se dar, ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL após a sentença de mérito. 2. Realmente, a doutrina do tema é assente no sentido de que “O mesmo princípio que veda a mutatio libeli após o saneamento impede, também, que haja desistência da ação após a decisão definitiva do juiz. Nessa hipótese, o que é lícito às partes engendrar é a transação quanto ao objeto litigioso definido jurisdicio- nalmente, mas, em hipótese alguma lhes é lícito desprezar a sentença, como se nada tivesse acontecido, de sorte a permitir, após a desistência da ação que potencialmente outra ação seja reproposta” (in FUX, Luiz. Curso de Direito Processual Civil. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008, pg. 438). 3. In casu, o acórdão recorrido reconheceu e homo- logou o pedido de desistência da ação feito pelos autores, mesmo após a prolação da sentença de mérito e havendo discordância expressa da União que, condicionava o ato homologatório à renúncia ao direito que se funda a ação, restando violado o art. 267, §4º do CPC, verbis: “Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação”. 4. Recurso especial provido. (Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/03/2010, DJe 22/03/2010). ◦ A desistência da ação só gera efeito depois de homologado pelo juiz; Julgado: STJ. REsp 1026028/AL. […]. 3. Nos termos do parágrafo único do art. 158 do CPC “A desistência da ação só produzirá efeito depois de homologada por sentença”. Inexistente a homologação da desistência, esta não produz efeitos jurídicos. […]. (Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/04/2008, DJe 17/04/2008). ◦ Como a produção de efeitos só ocorre com a homologação, cabe a retratação do pedido de desistência da ação; Julgado: STJ. AgRg no MS 18.448/DF. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. RETRATAÇÃO DA DESISTÊNCIA AINDA NÃO HOMOLOGADA POR SENTENÇA. POSSIBI- LIDADE. ANISTIA DE MILITAR. ANULAÇÃO. ILEGALIDADE. CONCESSÃO DE LIMINAR QUE SUSPENDE A INTERRUPÇÃO NO PAGAMENTO DO BENEFÍCIO, DADA A AUSÊNCIA, EM JUÍZO PROVISÓRIO, DE JUSTA CAUSA. 1. Em 3.5.2012, mesma data em que o pedido liminar foi deferido, o impetrante protocolou petição onde manifestou desistência da impetração. 2. Seis dias após, em 9.5.2012, aviou nova petição, na qual expressamente se retratou do anterior pedido. 3. Ao contrário das demais declarações unilaterais de ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL vontade das partes, o artigo 158, parágrafo único, do CPC prescreve que a desistên- cia da ação somente produz efeitos quando homologada por sentença. 4. Na circuns- tância acima narrada, portanto, admite-se a retratação da desistência manifestada. […]. (Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/06/2012, DJe 22/08/2012). ◦ Com repercussão geral reconhecida não se permite a desistência da ação; Informativo 854, STF: “[...]. A Corte entendeu que, ainda que reconhecida a suposta pre- judicialidade do recurso, deveria proceder ao julgamento da tese de repercussão geral, em vista da relevância da questão constitucional posta em discussão. Citou o disposto no parágrafo único do art. 998 do CPC e o que decidido no RE 693.456 QO/RJ (DJE de 22.9.2015), no qual assentada a impossibilidade de desistência de qualquer recurso ou mesmo de ação após o reconhecimento de repercussão geral da questão constitucional. […].” (PLENO, RE 647827/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 15.2.2017). − Desistência do recurso independe do consentimento e cabe da interposição até a sustentação oral ou pronunciamento final dojulgamento! Renúncia/Aquiescência Desistência Da intimação da decisão até a interposição do recurso Da interposição até a sustentação oral ou pronunciamento final do julgamento. Informativo 661, STF: “ […]. Consignou-se que somente seria possível a desistência de recurso ainda pendente de julgamento. O Min. Luiz Fux ressaltou que esse instituto teria como termo ad quem a sustentação oral ou o pronunciamento final do julgamento. […].” (AI 773754 AgR-ED-AgR/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 10.4.2012). ◦ “Apesar de o dispositivo legai prever ‘a qualquer tempo’, existe um momento apro- priado para a desistência do recurso: somente se desiste do que existe, de manei- ra que a desistência só pode ocorrer a partir da interposição do recurso. O Supe- rior Tribunal de Justiça, aplicando literalmente a expressão “a qualquer momento”, ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL entendeu que a desistência pode ocorrer até o encerramento do julgamento do recurso, admitindo-se depois de iniciado o julgamento, inclusive já tendo sido prolatado o voto do relator; ◦ Doutrina autorizada entende que a desistência gera a inexistência jurídica do re- curso interposto, sendo irrelevante indagar se ele era ou não admissível. Adoto a tese, fazendo uma importante observação: se o recurso é juridicamente inexis- tente, não pode gerar efeitos, inclusive a preclusão consumativa, de forma que, interposto recurso viciado, poderá a parte desistir desse recurso e, ainda dentro do prazo, ingressar com outro recurso, agora formalmente regular. Considerando- -se efetivamente inexistente o primeiro recurso, nenhum impedimento poderá ser oposto à interposição tempestiva do segundo; ◦ […] a parte recorrente pode renunciar ao recurso, independentemente de concor- dância da parte contrária. A renúncia diz respeito ao direito de recorrer, de forma que só pode ser realizada antes da interposição do recurso, porque depois disso já estará consumado o direito recursal, não havendo mais sobre o que se renunciar. ◦ O termo inicial da renúncia é o surgimento concreto e específico do direito de re- correr, não se admitindo no direito brasileiro a renúncia prévia, nem mesmo quan- do resultado de acordo de vontade das partes. Dessa forma, o termo iniciai da renúncia é a intimação das partes da decisão contra a qual poderiam potencial- mente se insurgir; ◦ […] a parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. Trata-se do fenômeno da aquiescência, que gera uma preclusão lógica a impedir a admissão do recurso. A aquiescência, a exemplo da renúncia, só é possível entre a intimação da decisão impugnável e a interposição do recurso.” (Daniel Amorim); Julgado: STJ. REsp 1.104.392. 1. Hipótese em que o autor renuncia ao direito sobre que se funda a ação, nos termos do art. 269, V, do CPC, em fase recursal. 2. A renúncia ocasiona julgamento favorável ao réu, cujo efeito equivale à improcedência do pedido formulado pelo autor, de modo que este deve arcar com o pagamento dos honorários advocatícios. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL Julgado: STJ. QO no REsp 1063343/RS. Processo civil. Questão de ordem. Incidente de Recurso Especial Repetitivo. Formulação de pedido de desistência no Recurso Especial representativo de controvérsia (art. 543-C, § 1º, do CPC). Indeferimento do pedido de desistência recursal. - É inviável o acolhimento de pedido de desistência recursal for- mulado quando já iniciado o procedimento de julgamento do Recurso Especial repre- sentativo da controvérsia, na forma do art. 543-C do CPC c/c Resolução n.º 08/08 do STJ. Questão de ordem acolhida para indeferir o pedido de desistência formulado em Recurso Especial processado na forma do art. 543-C do CPC c/c Resolução n.º 08/08 do STJ. ◦ Exceções à irrelevância do consentimento para a desistência de recurso; Desistência de recurso independe de consentimento, exceto: Recurso submetido ao regime de recursos repetitivos (STJ) ou reper- cussão geral (STF) Relevante interesse público, de recurso já pautado e às vésperas do julgamento Desistência do recurso principal se houver antecipação dos efeitos da tutela recursal em recurso adesivo ◦ Mas cuidado, se for recurso submetido ao regime de recurso repetitivo, surge o interesse público, portanto não é cabível a desistência (STJ); ◦ O STF, no caso da Ficha Limpa envolvendo o candidato Roriz, extinguiu o processo sem julgamento de mérito diante do pedido de desistência do RE (extinção anô- mala do processo principal por perda superveniente de objeto e de interesse), mas manteve a repercussão geral reconhecida, aguardando a subida de novo processo com a mesma temática; ◦ Com repercussão geral reconhecida não se permite nem a desistência da ação; Informativo 854, STF: “[...]. A Corte entendeu que, ainda que reconhecida a suposta pre- judicialidade do recurso, deveria proceder ao julgamento da tese de repercussão geral, em vista da relevância da questão constitucional posta em discussão. Citou o disposto no parágrafo único do art. 998 do CPC e o que decidido no RE 693.456 QO/RJ (DJE de 22.9.2015), no qual assentada a impossibilidade de desistência de qualquer recurso ou mesmo de ação após o reconhecimento de repercussão geral da questão constitucional. […].” (PLENO, RE 647827/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 15.2.2017). ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL ◦ O STJ está na tendência de mudar esse posicionamento (REsp 1308830): “Terceira Turma rejeita desistência e decide julgar recurso mesmo contra vontade das partes Em decisão unânime e inédita em questão de ordem, a Terceira Turma do STJ rejeitou pedido de desistência de um recurso especial que já estava pautado para ser julgado. Na véspera do julgamento, as partes fizeram acordo e protocolaram a desistência. A relatora, ministra Nancy Andrighi, ressaltou que o recurso especial de autoria da Google Brasil Internet Ltda. trata de questão de interesse coletivo em razão do número de usuá- rios que utilizam os serviços da empresa, da difusão das redes sociais virtuais no Brasil e no mundo e de sua crescente utilização em atividades ilegais. Por isso, a ministra sugeriu à Turma que o julgamento fosse realizado. A ministra manifestou profundo aborrecimento com a desistência de processos depois que eles já foram analisados e estão prontos para ir a julgamento, tendo em vista a sobrecarga de trabalho dos magistrados. ‘Isso tem sido constante aqui. A gente estuda o processo de alta complexidade, termina de fazer o voto e aí vem o pedido de desistên- cia’, lamentou. A ministra reconhece que o pedido tem amparo no artigo 501 do Código de Processo Civil (CPC): “O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso.” Ela entende que o direito de desistência deve preva- lecer como regra. Mas, verificada a existência de relevante interesse público, o relator pode, mediante decisão fundamentada, promover o julgamento. A ministra considerou que o referido dispositivo deve ser interpretado à luz da realidade surgida após da criação do STJ, 15 anos após a edição do CPC. ‘Infere-se que o julga- mento dos recursos submetidos ao STJ ultrapassa o interesse individual das partes envolvidas, alcançando toda a coletividade para a qual suas decisões irradiam efeitos’, afirmou Nancy Andrighi. Além disso, o ministro Sidnei Beneti afirmou que o artigo501 do CPC foi concebido em um período em que não havia número tão elevado de processos, sendo necessário atu- alizar sua interpretação. O ministro Massami Uyeda lembrou que, nos casos dos recursos repetitivos, a Corte Especial do STJ já decidiu que, uma vez pautados, não poderá haver desistência em razão do interesse público envolvido. Para ele, essa interpretação privilegia os princípios ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL da razoabilidade e da proporcionalidade, pois a sociedade aguarda posicionamento da mais alta corte infraconstitucional. O ministro Beneti ressaltou que, mesmo com o julgamento de mérito, nada impede que haja a homologação do acordo entre as partes. ‘A tese aproveita a toda sociedade e o acordo fica válido individualmente entre os contendores da demanda judicial’, explicou. A ministra Nancy Andrighi espera mais um efeito: que as partes e advogados pensem melhor antes de recorrer. Apesar de rejeitar a desistência, a Turma transferiu o julgamento para a sessão seguinte porque o advogado de apenas uma das partes estava presente. O outro precisava ser intimado.” (Notícias do STJ de 29/05/2012). “[...]. Não concordamos com a decisão. Em primeiro lugar, porque a desistência não se pede. Não há pedido de desistência do recurso. A parte simplesmente desiste do recurso. Desistir de um recurso é revogá- -lo. Uma vez formulada a desistência, seus efeitos são imediatamente produzidos, nos termos do art. 158 do CPC. Somente a desistência da ação é que depende de homolo- gação judicial (CPC, art. 158, parágrafo único), mas a do recurso opera efeitos imediatos (CPC, art. 158, caput). Se não há pedido, não há como ser acolhido ou rejeitado. Quando a parte desiste de seu recurso, este deixa de existir, pois foi revogado. Não há mais como ser julgado. É ineficaz o julgamento. […]. Na verdade, o STJ deixou confessadamente de aplicar o disposto no art. 501 do CPC. Para afastar o dispositivo, deveria ter sido indicada alguma inconstitucionalidade. E, para isso, o caso haveria de ser submetido à Corte Especial. Não foi, entretanto, o que ocorreu. A decisão, enfim, merece a nossa lamentação.” (Editorial 148/2012, Fredie Didier Jr.). ◦ Concedida antecipação dos efeitos da tutela em recurso adesivo, não se admite a desistência do recurso principal de apelação; Informativo 554, STJ: “Concedida antecipação dos efeitos da tutela em recurso ade- sivo, não se admite a desistência do recurso principal de apelação, ainda que a peti- ção de desistência tenha sido apresentada antes do julgamento dos recursos. De fato, a apresentação da petição de desistência na hipótese em análise demonstra pretensão ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL incompatível com o princípio da boa-fé processual e com a própria regra que faculta ao recorrente não prosseguir com o recurso, a qual não deve ser utilizada como forma de obstaculizar a efetiva proteção ao direito lesionado. Isso porque, embora tecnica- mente não se possa afirmar que a concessão da antecipação dos efeitos da tutela repre- sente o início do julgamento da apelação, é evidente que a decisão proferida pelo rela- tor, ao satisfazer o direito material reclamado, passa a produzir efeitos de imediato na esfera jurídica das partes, evidenciada a presença dos seus requisitos (prova inequívoca e verossimilhança da alegação). Além disso, deve-se considerar que os arts. 500, III, e 501 do CPC – que permitem a desistência do recurso sem a anuência da parte contrá- ria – foram inseridos no Código de 1973, razão pela qual, em caso como o aqui anali- sado, a sua interpretação não pode prescindir de uma análise conjunta com o art. 273 do CPC – que introduziu a antecipação dos efeitos da tutela no ordenamento jurídico pátrio por meio da Lei 8.952, apenas no ano de 1994, como forma de propiciar uma prestação jurisdicional mais célere e justa –, bem como com o princípio da boa-fé processual, que deve nortear o comportamento das partes em juízo (de que são exemplos, entre outros, os arts. 14, II, e 600 do CPC, introduzidos, respectivamente, pelas Leis 10.358/2001 e 11.382/2006). Ante o exposto, a solução adequada para o caso em apreço desborda da aplicação literal dos arts. 500, III, e 501 do CPC, os quais têm função apenas instrumen- tal, devendo ser adotada uma interpretação teleológica que, associada aos demais arti- gos mencionados, privilegie o escopo maior de efetividade do direito material buscado pelo sistema, que tem no processo um instrumento de realização da justiça.” (TERCEIRA TURMA, REsp 1.285.405-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014). ◦ O pedido de desistência recursal produz efeitos imediatos, independente de homo- logação do juiz, contando o prazo para a ação rescisória do dia do pedido, quando ocorrerá o trânsito em julgado (não retroagirá para a sentença e não aguardará a homologação judicial); ◦ Desistência de recurso não precisa de homologação (produz efeitos imediata- mente), basta um pronunciamento judicial declaratório dos efeitos já produzidos. ◦ Como produz efeitos imediatos, há imediatamente o trânsito em julgado e a coisa julgada, impedindo a retratação da desistência recursal; ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL ◦ A preclusão é outro fator impeditivo da retratação; Julgado: STJ. AgRg nos EDcl no REsp 1014200/SP. 1. A jurisprudência é pacífica no sentido de que a desistência do recurso produz efeitos imediatos, tendo em vista que, nos termos do art. 501 do CPC, “o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anu- ência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso”. A produção dos efeitos prescinde, inclusive, de homologação judicial, pois o atual Código de Processo Civil não exige essa providência (STF-RE 65.538/RJ, 1ª Turma, Rel. Min. Antônio Neder, DJ de 18.4.1975; REsp 246.062/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Franciulli Netto, DJ de 20.5.2004). 2. Assim, formulado de modo regular o pedido de desistência do recurso, e havendo a res- pectiva homologação, opera-se a preclusão, cujo principal efeito é o de ensejar o trân- sito em julgado em relação à decisão recorrida, caso não haja outro recurso pendente de exame. No mesmo sentido: REsp 7.243/RJ, 1ª Turma, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ de 2.8.1993; AgRg no RCDESP no Ag 494.724/RS, 3ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ de 10.11.2003. Na doutrina, o entendimento de José Carlos Barbosa Moreira. 3. Agravo regimental desprovido. (Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/10/2008, DJe 29/10/2008). Julgado: STJ. REsp 246062/SP. PROCESSO CIVIL - RECURSO ESPECIAL PEDIDO DE DESISTÊNCIA DO RECURSO - POSTERIOR RETRATAÇÃO - IRRELEVÂNCIA - EXTINÇÃO DO PROCEDIMENTO RECURSAL. 1- A desistência do recurso interposto produz efeitos desde logo e prescinde de homologação, bastando, para tanto, um pronunciamento judi- cial declaratório desses efeitos que provêm de ato unilateral da parte recorrente. Se pode inferir, assim, que, em face dos efeitos que exsurgem da desistência do recurso, não há espaço para posterior retratação. Ensinamento doutrinário e precedente da 1ª Turma. 2- A barreira intransponível à retratação é a coisa julgada, matéria de ordem pública. 3- Em vista do pedido de desistência do recurso especial, declaro extinto o procedimento recursal. (Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/05/2004, DJ 06/09/2004, p. 190). – Desistência da ação no processo de execução independede consentimento: ◦ Quanto à desistência dos embargos eventualmente propostos, é preciso diferenciar: ◦ Se versam sobre questões de mérito – Precisa da anuência do embargante para extinguir os embargos; ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL ◦ Se versam de questões preliminares – Pressupõe-se que o embargante aceite a extinção dos embargos sem resolução de mérito; ◦ Os embargos são autônomos, ou seja, pode haver a extinção do processo de execu- ção e a continuação dos embargos. Já a impugnação ao cumprimento de sentença ou a exceção de pré-executividade são incidentais, ou seja, não há autonomia; ◦ Daniel Assumpção entende que, no caso de exceção de pré-executividade ou im- pugnação ao cumprimento de sentença com matéria de mérito, deverá haver a anuência do executado para a homologação da desistência, aplicando-se a regra do processo de conhecimento; OBS: A “raiz histórica” da exceção de pré-executividade no direito brasileiro nascera pelo Decreto Imperial n. 9.885, de 1888, que possibilitou ao devedor opor-se à execução através desse instituto, sem estar obrigado a segurar o juízo, e a ele seguiram-se o Decreto n. 848, de 11 de outubro de 1890 e o Decreto n. 5.255, de 31 de dezembro de 1932, este último do Estado do Rio Grande do Sul, que também previam a possibilidade de se opor à execução por simples requerimento. O ins- tituto não foi lembrado pelo CPC de 1939 e nem pelo de 1973; somente ganhou notoriedade face à omissão legal, quando, em 1966, a Cia. Siderúrgica Mannesmann, sofrendo diversos processos de execução simultâneos, tendo por base títulos falsos, foi orientada pelo eminente jurista Pontes de Miranda a opor-se à execução via exceção de pré-executividade. A natureza jurídica do institu- to é incidental, e sua principal finalidade é extinguir, “no nascedouro, pretensão executiva viciada ou inexistente” (APPEL BOJUNGA, Luís Edmundo. “A Exceção de Pré Executividade”, in RT, p.156), evitando, assim, que o executado sofra o ônus de uma penhora, que não tem mais qualquer “funda- mento jurídico ou lógico” (LACERDA, Galeno de. “Defesa do Executado Mesmo Antes da Penhora”, in RT 639/89, p. 34). − Desistência do processo (todos) contra a Fazenda Pública Federal configura desis- tência material do direito pleiteado: Lei 9.469/97: “Art. 3º As autoridades indicadas no caput do art. 1º poderão concorda com pedido de desistência da ação, nas causas de quaisquer valores desde que o autor renuncie expressamen- te ao direito sobre que se funda a ação (art. 269, inciso V, do Código de Processo Civil). Parágrafo único. Quando a desistência de que trata este artigo decorrer de prévio requerimento do autor dirigido à administração pública federal para apreciação de pedido administrativo com o mesmo objeto da ação, esta não poderá negar o seu deferimento exclusivamente em razão da renúncia prevista no caput deste artigo.” ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL Julgado: REsp 1267995/PB. 1. Segundo a dicção do art. 267, § 4º, do CPC, após o ofe- recimento da resposta, é defeso ao autor desistir da ação sem o consentimento do réu. Essa regra impositiva decorre da bilateralidade formada no processo, assistindo igual- mente ao réu o direito de solucionar o conflito. Entretanto, a discordância da parte ré quanto à desistência postulada deverá ser fundamentada, visto que a mera oposição sem qualquer justificativa plausível importa inaceitável abuso de direito. 2. No caso em exame, o ente público recorrente condicionou sua anuência ao pedido de desistência à renúncia expressa do autor sobre o direito em que se funda a ação, com base no art. 3º da Lei 9.469/97. 3. A existência dessa imposição legal, por si só, é justificativa sufi- ciente para o posicionamento do recorrente de concordância condicional com o pedido de desistência da parte adversária, obstando a sua homologação. 4. A orientação das Turmas que integram a Primeira Seção desta Corte firmou-se no sentido de que, após o oferecimento da contestação, não pode o autor desistir da ação, sem o consentimento do réu (art. 267, § 4º, do CPC), sendo que é legítima a oposição à desistência com fun- damento no art. 3º da Lei 9.469/97, razão pela qual, nesse caso, a desistência é condi- cionada à renúncia expressa ao direito sobre o qual se funda a ação. 5. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ n. 8/08. (Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/06/2012, DJe 03/08/2012). Julgado: STJ. EREsp 356915. 1. Embargos de divergência que gravitam em torno da possibilidade de extinção do crédito por força de renúncia tácita inferida de omissão da prática de ato após intimação do credor. 2. A renúncia ao direito é o ato unilateral com que o autor dispõe do direito subjetivo material que afirmara ter, importando a extinção da própria relação de direito material que dava causa à execução forçada, consubstan- ciando instituto bem mais amplo que a desistência da ação, que opera tão somente a extinção do processo sem resolução do mérito, permanecendo íntegro o direito mate- rial, que poderá ser objeto de nova ação a posteriori. 3. A doutrina acerca da renúncia ao direito em que se funda a ação assenta, in verbis: “A parte pode renunciar à ação, figura que recebe o nome de ‘desistência’, ou renunciar ao ‘próprio direito material’, objeto mediato do pedido. Nessa hipótese, a manifestação não é meramente formal, senão atinge a própria pretensão, abdicando a parte do direito que lhe pertence para não ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL mais reclamá-lo. Opera-se, assim, a extinção com julgamento de mérito porque a parte que renuncia despoja-se de seu direito material e a eficácia da coisa julgada material é plena, sendo defeso discutir novamente em juízo acerca daquela pretensão. Em face dessa relevante diferença, cumpre ao juiz verificar com exatidão e de forma inequívoca a real intenção da parte, abrindo nova oportunidade processual, se necessário, para os devidos esclarecimentos do alcance desse ato de disponibilidade processual.” (Curso de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro, Forense, 2001, p. 420/421) 3. Sob esse enfoque, a renúncia há de ser inequívoca, não se admitindo sua presunção, por isso que, in casu, a inércia da recorrente em manifestar-se acerca do valor já levantado, após intimação judicial, não é fundamento para extrair-se a presunção de que houve renúncia a eventual crédito, o que poderá ser requerido a posteriori (Precedentes:...). 4. Em consonância com doutrina abalizada, in verbis: “Satisfeito o direito do credor, porque cumprida a prestação pela qual o devedor é executado, ou renunciando o credor ao seu crédito, obviamente, tendo ali a ação de execução atingido o seu objetivo e aqui perdido a sua finalidade, extinguem-se a ação e o respectivo processo. Poderá a renúncia efetivar-se por termos nos autos ou por instrumento público ou particular, tendo nesse caso que ser levada a conhecimento do juiz, acompanhada de instrumento que a comprove.” (Moacyr Amaral Santos, in Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, Saraiva, 3º vol. 18ª ed, págs. 475/476). 5. Embargos de divergência providos. − Desistência de mandado de segurança independe do consentimento da autori- dade apontada como coatora ou da PJ correspondente, ainda que prestadas as informações; Julgado: STJ. DESIS no MS 13.300. 1. O pedidode desistência de mandado de segu- rança há de ser homologado independentemente da anuência da autoridade impetrada ou da pessoa jurídica de direito público, ainda que já prestadas as informações. Prece- dentes do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. 2. “O mandado de segurança, que se distingue das demais ações pela especificidade de seu objeto e pelo comando emergente de sua decisão, visa exclusivamente a invalidar o ato de auto- ridade lesivo ao direito líquido e certo e sua decisão contém uma determinação à autori- dade coatora para que cesse a ilegalidade apontada. Não há, no mandado de segurança, ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL um litígio entre direitos contrapostos. Assim a autoridade, apontada como coatora, não constitui parte, pelo menos no sentido técnico, da relação processual mandamental; por isso é de se admitir a desistência da impetração a qualquer tempo e independente- mente do consentimento da autoridade impetrada.” (RE n. 108.992/PR, Relator Ministro Paulo Brossard, in DJ 20/4/90). 3. “(...) Não se aplica ao mandado de segurança o dis- posto no art. 267, § 4º, do Código de Processo Civil. Como ensina Hely Lopes Meirelles, ‘não se confundindo com as outras ações em que há direitos das partes em confronto, o impetrante pode desistir da impetração ou porque se convenceu da legitimidade do ato impugnado, ou por qualquer conveniência pessoal, que não precisa ser indicada nem depende de aquiescência do impetrado’. (...) Noutro passo, assere o ilustre jurista citado: ‘O mandado de segurança, visando unicamente à invalidação de ato de autori- dade, admite a desistência a qualquer tempo, independentemente do consentimento do impetrado.’ (in Mandado de Segurança e Ação Popular, 8ª ed., pág. 71).” (MS n. 20.476/ DF, Pleno, Relator Ministro Néri da Silveira, in DJ 3.5.85). ◦ O STF aceita o pedido de desistência do MS desde que não haja trânsito em jul- gado da sentença; ◦ Pode desistir até mesmo com sentença de mérito proferida; ◦ STF confirma possibilidade de desistência de mandado de segurança após deci- são de mérito. Por maioria de votos, o Plenário do STF decidiu nesta quinta-feira (2) que a desistência do mandado de segurança é uma prerrogativa de quem o propõe e pode ocorrer a qualquer tempo, sem anuência da parte contrária e inde- pendentemente de já ter havido decisão de mérito, ainda que favorável ao autor da ação.” (Notícias do STF de 02/05/2013); Julgado: STF. RE 669367. EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL ADMITIDA. PROCESSO CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. PEDIDO DE DESISTÊNCIA DEDUZIDO APÓS A PROLAÇÃO DE SENTENÇA. ADMISSIBILIDADE. “É lícito ao impetrante desistir da ação de mandado de segurança, independentemente de aquiescência da autoridade apontada como coatora ou da entidade estatal interessada ou, ainda, quando for o caso, dos litisconsortes passivos necessários” (MS 26.890-AgR/DF, Pleno, Ministro ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL Celso de Mello, DJe de 23.10.2009), “a qualquer momento antes do término do julga- mento” (MS 24.584-AgR/DF, Pleno, Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de 20.6.2008), “mesmo após eventual sentença concessiva do ‘writ’ constitucional, (…) não se apli- cando, em tal hipótese, a norma inscrita no art. 267, § 4º, do CPC” (RE 255.837-AgR/PR, 2ª Turma, Ministro Celso de Mello, DJe de 27.11.2009). Jurisprudência desta Suprema Corte reiterada em repercussão geral (Tema 530 - Desistência em mandado de segu- rança, sem aquiescência da parte contrária, após prolação de sentença de mérito, ainda que favorável ao impetrante). Recurso extraordinário provido. (RE 669367, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 02/05/2013). Informativo 704, STF: “[...]. Asseverou-se que o mandado de segurança, enquanto ação constitucional, com base em alegado direito líquido e certo frente a ato ilegal ou abusivo de autoridade, não se revestiria de lide, em sentido material. […].” (PLENO, RE 669367/RJ, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Rosa Weber, 2.5.2013). ◦ Apesar do posicionamento do Plenário, o STF afasta a compreensão do RE 669367 quando: houver mero intuito de se recusar observância à Jurisprudência; Informativo 781, STF: “Não é cabível a desistência de mandado de segurança, nas hipó- teses em que se discute a exigibilidade de concurso público para delegação de ser- ventias extrajudiciais, quando na espécie já houver sido proferida decisão de mérito, objeto de sucessivos recursos. Com base nessa orientação, a Segunda Turma, em jul- gamento conjunto, resolveu questão de ordem suscitada pelo Ministro Teori Zavascki (relator) e deliberou não homologar pedidos de desistência formulados em mandados de segurança que impugnavam atos proferidos pelo CNJ, nos quais foram considera- dos irregulares os provimentos — decorrentes de permuta, e, portanto, sem concurso público — de serventias extrajudiciais, em ofensa ao art. 236, § 3º, da CF. A Turma des- tacou que a jurisprudência do STF seria pacífica quanto à necessidade de realização de concurso público para o provimento das serventias extrajudiciais. No caso em apre- ciação na questão de ordem — desistências formuladas em mandados de segurança quando em apreciação agravos regimentais a impugnar decisões proferidas em sede de embargos de declaração interpostos em face de decisões monocráticas de mérito ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL sobre a referida matéria —, o STF estaria a apreciar ações originárias, sendo, portanto, a última instância sobre o caso. Essas desistências não se dariam simplesmente porque se estaria de acordo com os atos do CNJ. Tudo levaria a crer que teriam como finali- dade secundária levar essa matéria em ação ordinária perante a justiça comum, perpe- tuando a controvérsia. No mérito, superada a questão quanto à continuidade de apre- ciação dos mandados de segurança, a Turma negou provimento a agravos regimentais neles interpostos, reiterado o quanto decidido no MS 28.440 ED-AgR (DJe de 7.2.2014) e no MS 30.180 AgR (DJe de 21.11.2014).” (SEGUNDA TURMA, MS 29093 ED-ED-AgR/ DF, rel. Min. Teori Zavascki, 14.4.2015; MS 29129 ED-ED-AgR/DF, rel. Min. Teori Zavas- cki, 14.4.2015; MS 29189 ED-ED-AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, 14.4.2015; MS 29128 ED-ED-AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, 14.4.2015; MS 29130 ED-ED-AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, 14.4.2015; MS 29186 ED-ED-AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, 14.4.2015; MS 29101 ED-ED-AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, 14.4.2015; MS 29146 ED-ED-AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, 14.4.2015). Julgado: STF. MS 29083 ED-ED-AgR. EMENTA Agravo regimental em embargos de decla- ração em embargos de declaração em mandado de segurança. Petição de desistência. Intuito de recusa à observância da jurisprudência da Corte. Não homologação. Mérito recursal. Serventia extrajudicial. Permuta. Necessidade de concurso público. Decadên- cia. Inaplicabilidade do art. 54 da Lei n. 9.784/99. Interinidade. Aplicação do teto de remuneração. Precedentes. Petição de desistência não homologada e agravo regimental não provido. 1. Nas hipóteses em que demonstrado o mero intuito de se recusar obser- vância a Jurisprudência pacífica da Corte, o Supremo Tribunal tem afastado o entendi- mento firmado no RE 669.367 RG (Relatora para o acórdão a Ministra Rosa Weber, Pleno, DJe de 30/10/14), segundo o qual podea parte impetrante manifestar desistência da ação mandamental a qualquer tempo, mesmo após a sentença, independentemente da concordância da parte impetrada. Precedentes. Pedido de desistência não homologado. [...]. 5. Petição de desistência não homologada e agravo regimental não provido. (Rela- tor(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 16/05/2017). ◦ houver pedido de desistência após interposição de Agravo Interno (exceção gene- ralizada/objetivada após a primeira exceção anterior); ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL Julgado: STF. MS 29895 AgR-ED-AgR. Ementa: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO MANDADO DE SEGURANÇA. PEDIDO DE DESISTÊNCIA FORMU- LADO APÓS A INTERPOSIÇÃO DO RECURSO DE AGRAVO. INVIABILIDADE. JURISPRU- DÊNCIA CONSOLIDADA. DESISTÊNCIA NÃO HOMOLOGADA. SERVENTIA EXTRAJUDI- CIAL. PROVIMENTO, MEDIANTE PERMUTA, SEM CONCURSO PÚBLICO. ILEGITIMIDADE. ARTIGO 236 E PARÁGRAFOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL: NORMAS AUTOAPLICÁVEIS, COM EFEITOS IMEDIATOS, MESMO ANTES DA LEI 9.835/1994. PACÍFICA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL DESTA SUPREMA CORTE. PEDIDO DE DESISTÊNCIA NÃO HOMOLO- GADO. RECURSO DE AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (Relator(a): Min. ALEXAN- DRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado em 24/08/2018). O STJ não aceita o pedido de desistência do mandado de segurança após proferida sen- tença de mérito. Para tanto, é preciso anuência do impetrado. Exceto no MS coletivo, em que é possível a desistência em relação a um dos litisconsortes ativos sem a necessidade de anuência do impetrado. Julgado: STJ. AgRg no AgRg no REsp 928.453/RJ. 1. A jurisprudência da Primeira Seção e de ambas as Turmas que a compõem pacificou-se no sentido de inadmitir a desistência do Mandado de Segurança após sentença de mérito, ainda que favorável ao impetrante, sem anuência do impetrado. (Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, jul- gado em 08/06/2011, DJe 14/06/2011). Julgado: STJ. EDcl no AgRg nos EDcl na PET no REsp 573.482/RS. 1. Em regra, é inviá- vel a desistência do mandado de segurança em momento posterior à prolação da sen- tença, conforme orientação jurisprudencial desta Corte Superior. 2. Todavia, excepcio- nalmente, em se tratando de mandado de segurança coletivo, é possível a desistência de um dos litisconsortes ativos após a prolação da sentença, pois o “writ” terá prosse- guimento regular, não acarretando nesta hipótese a extinção do processo. (Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/10/2010, DJe 09/11/2010). Atenção, contudo, em relação ao posicionamento recente da 2ª Turma do STJ, que acom- panhou o STF (o tema tende a ser uniformizado, ou seja, desistência até o trânsito). ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL Julgado: STJ. REsp 1405532/SP. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. DESISTÊNCIA APÓS A SENTENÇA DE MÉRITO. POSSIBILIDADE. 1. O Supremo Tribunal Federal, nos autos do Recurso Extraordinário 669367, julgado em 02/05/2013, reconhe- cida a repercussão geral, definiu que é plenamente admissível a desistência unilateral do mandado de segurança, pelo impetrante, sem anuência do impetrado, mesmo após a prolação da sentença de mérito. 2. Indeferir o pedido de desistência do mandamus para supostamente preservar interesses do Estado contra o próprio destinatário da garantia constitucional configura patente desvirtuamento do instituto, haja vista que o mandado de segurança é instrumento previsto na Constituição Federal para resguardar o particu- lar de ato ilegal perpetrado por agente público. 3. Recurso especial provido. (Rel. Minis- tra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 18/12/2013). Em relação à ação Desistência Renúncia O autor desiste de prosseguir com a ação naquele processo. O autor abre mão do direito material que alegava pos- suir. Após o juízo homologar a desistência, o autor poderá repropor a mesma ação. O autor não poderá propor nova ação fundada naquele direito material que foi objeto de renúncia. Se o réu já tiver apresentado contestação, é obrigató- rio que o réu consinta com a desistência. Não existe obrigatoriedade legal de ouvir o réu sobre a renúncia do direito manifestada pelo autor. A sentença que homologa a desistência é terminativa (extingue o processo sem resolução do mérito). A sentença que reconhece a renúncia é definitiva (extingue o processo com resolução do mérito). A sentença faz apenas coisa julgada formal. A sentença faz coisa julgada formal e material. Produz efeitos meramente processuais. Produz efeitos materiais. Obs.: � não é cabível a renúncia ao direito reconhecido no provimento alienígena, mas apenas a desistência do processo homologatório, se for o caso. Informativo 621, STJ: “É inadmissível a renúncia em sede de homologação de provi- mento estrangeiro. Trata-se de homologação de provimento estrangeiro em que os requerentes apresentaram petição solicitando a renúncia à pretensão de obtenção da homologação, com o que expressamente não concordam os requeridos. Observe-se, ini- cialmente que, em sede de homologação de provimento estrangeiro, não é factível o ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL exercício da renúncia. Isso porque, conforme lição doutrinária, a homologação consiste em “ato formal de órgão nacional a que se subordina a aquisição de eficácia pela sen- tença estrangeira”. Nessa linha de intelecção, a homologação consubstancia um pres- suposto de eficácia da decisão alienígena em território nacional, objetivando apenas a sua posterior execução, o que denota o seu caráter meramente processual, sem correla- ção direta com o direito material veiculado na ação original. Tal fato torna-se ainda mais evidente quando se observa o procedimento imposto pela legislação nacional ao reco- nhecimento da sentença estrangeira, limitando o juízo exercido por esta Corte à mera delibação, que se restringe, via de regra, à verificação dos requisitos formais preconiza- dos no ordenamento jurídico, com vistas a conferir a produção de efeitos jurídicos ao ato proveniente de outra jurisdição. Dessarte, nesta seara, a boa técnica jurídica prenun- cia que a parte requerente pode tão somente desistir do processo homologatório e não renunciar ao próprio direito reconhecido no provimento alienígena.” (CORTE ESPECIAL, SEC 8.542-EX, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 29/11/2017, DJe 15/03/2018). O exequente possui também responsabilidade em relação às medidas executivas que propõe. Deverá ele ressarcir ao executado os danos que este sofreu, quando a sentença, transitada em julgado, declarar inexistente, no todo ou em parte, a obrigação que ensejou a execução. Há ainda alguns princípios importantes no âmbito da execução, tais como o da menor onerosidade, que afirma não ser a execução um meio de vingança, por isso não há justificativa em o executado sofrer mais do que o estritamente necessário à satisfação do crédito. Fala-se também no princípio da patrimonialidade, no sentido de que a execução é sempre real, não pessoal, ou seja, busca apenas a satisfação por intermédio de bens, não do sujeito devedor em si. Na busca pela satisfação do direito, há ainda diversos meios previstos em lei (penhora, astreintes, expropriação etc), mas é possível que o juiz adote outros meios que não encon- trem previsão no Código, o que faz atrair o princípio da atipicidade dos meios executivos. ************https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL Na linha da execução menos gravosa, o STJ admite apreensão de passaporte ou CNH para coação ao pagamento de dívida de valor, mas exige: • Contraditório prévio; • Indícios de que o devedor possua patrimônio expropriável, caso contrário haveria mera sanção em substituição à dívida patrimonial inadimplida, em espécie de subrogação; • Subsidiariedade da medida; • Fundamentação no sentido de ser a medida necessária, lógica e proporcional. NCPC, Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: IV – determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias neces- sárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; Julgado: STJ. REsp 1782418/RJ. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL E REPARAÇÃO POR DANO MATERIAL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. QUANTIA CERTA. MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS. ART. 139, IV, DO CPC/15. CABI- MENTO. DELINEAMENTO DE DIRETRIZES A SEREM OBSERVADAS PARA SUA APLICA- ÇÃO. 1. Ação distribuída em 10/6/2011. Recurso especial interposto em 25/5/2018. Autos conclusos à Relatora em 3/12/2018. 2. O propósito recursal é definir se, na fase de cumprimento de sentença, a suspensão da carteira nacional de habilitação e a retenção do passaporte do devedor de obrigação de pagar quantia são medidas viáveis de serem adotadas pelo juiz condutor do processo. 3. O Código de Processo Civil de 2015, a fim de garantir maior celeridade e efetividade ao processo, positivou regra segundo a qual incumbe ao juiz determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária (art. 139, IV). 4. A interpretação sistemática do ordenamento jurídico revela, todavia, que tal previsão legal não autoriza a adoção indiscriminada de qualquer medida executiva, independentemente de balizas ou meios de controle efetivos. 5. De acordo com o entendimento do STJ, as moder- nas regras de processo, ainda respaldadas pela busca da efetividade jurisdicional, em nenhuma circunstância poderão se distanciar dos ditames constitucionais, apenas sendo possível a implementação de comandos não discricionários ou que restrinjam direitos individuais de forma razoável. Precedente específico. 6. A adoção de meios ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL executivos atípicos é cabível desde que, verificando-se a existência de indícios de que o devedor possua patrimônio expropriável, tais medidas sejam adotadas de modo subsi- diário, por meio de decisão que contenha fundamentação adequada às especificidades da hipótese concreta, com observância do contraditório substancial e do postulado da proporcionalidade. 7. Situação concreta em que o Tribunal a quo indeferiu o pedido do exequente de adoção de medidas executivas atípicas sob o singelo fundamento de que a responsabilidade do devedor por suas dívidas diz respeito apenas ao aspecto patri- monial, e não pessoal. 8. Como essa circunstância não se coaduna com o entendimento propugnado neste julgamento, é de rigor - à vista da impossibilidade de esta Corte revol- ver o conteúdo fático-probatório dos autos - o retorno dos autos para que se proceda a novo exame da questão. 9. De se consignar, por derradeiro, que o STJ tem reconhe- cido que tanto a medida de suspensão da Carteira Nacional de Habilitação quanto a de apreensão do passaporte do devedor recalcitrante não estão, em abstrato e de modo geral, obstadas de serem adotadas pelo juiz condutor do processo executivo, devendo, contudo, observar-se o preenchimento dos pressupostos ora assentados. Precedentes. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, jul- gado em 23/04/2019, DJe 26/04/2019). Julgado: STJ. RHC 99.606/SP. […]. 5. A medida de restrição de saída do país sem prévia garantia da execução tem o condão, por outro lado, - ainda que de forma potencial - de ameaçar de forma direta e imediata o direito de ir e vir do paciente, pois lhe impede, durante o tempo em que vigente, de se locomover para onde bem entender. 6. O pro- cesso civil moderno é informado pelo princípio da instrumentalidade das formas, sendo o processo considerado um meio para a realização de direitos que deve ser capaz de entregar às partes resultados idênticos aos que decorreriam do cumprimento natural e espontâneo das normas jurídicas. 7. O CPC/15 emprestou novas cores ao princípio da instrumentalidade, ao prever o direito das partes de obterem, em prazo razoável, a reso- lução integral do litígio, inclusive com a atividade satisfativa, o que foi instrumentalizado por meio dos princípios da boa-fé processual e da cooperação (arts. 4º, 5º e 6º do CPC), que também atuam na tutela executiva. 8. O princípio da boa-fé processual impõe aos envolvidos na relação jurídica processual deveres de conduta, relacionados à noção de ordem pública e à de função social de qualquer bem ou atividade jurídica. 9. O princípio da cooperação é desdobramento do princípio da boa-fé processual, que consagrou a ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 118www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Execução: Princípios, Sujeitos e Competência da Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL superação do modelo adversarial vigente no modelo do anterior CPC, impondo aos liti- gantes e ao juiz a busca da solução integral, harmônica, pacífica e que melhor atenda aos interesses dos litigantes. 10. Uma das materializações expressas do dever de coo- peração está no art. 805, parágrafo único, do CPC/15, a exigir do executado que alegue violação ao princípio da menor onerosidade a proposta de meio executivo menos gra- voso e mais eficaz à satisfação do direito do exequente. 11. O juiz também tem atribui- ções ativas para a concretização da razoável duração do processo, a entrega do direito executado àquela parte cuja titularidade é reconhecida no título executivo e a garantia do devido processo legal para exequente e o executado, pois deve resolver de forma plena o conflito de interesses. 12. Pode o magistrado, assim, em vista do princípio da atipicidade dos meios executivos, adotar medidas coercitivas indiretas para induzir o executado a, de forma voluntária, ainda que não espontânea, cumprir com o direito que lhe é exigido. 13. Não se deve confundir a natureza jurídica das medidas de coerção psi- cológica, que são apenas medidas executivas indiretas, com sanções civis de natureza material, essas sim capazes de ofender a garantia da patrimonialidade da execução por configurarem punições ao não pagamento da dívida. 14. Como forma de resolução plena do conflito de interesses e do resguardo do devido processo legal, cabe ao juiz, antes de adotar medidas atípicas, oferecer a oportunidade de contraditório prévio ao executado, justificando, na sequência, se for o caso, a eleição da medida adotada de acordo com os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. 15. Na hipótese em exame, embora ausente o contraditório prévio e a fundamentação para a adoção da medida impugnada, nem o impetrante nem o paciente cumpriram com o dever que lhes cabia de indicar meios executivos menos onerosos e mais eficazes para a satisfação do direito execu- tado, atraindo, assim, a consequência prevista no art. 805, parágrafo único, do CPC/15, de manutenção da medida questionada, ressalvada alteração posterior. 16. Recurso em habeas corpus desprovido.
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