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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS Integração Europeia, Gaulismo e Detende na Europa e O Colapso da Detente e o Retorno das Hostilidades Beatrice Gisela Rafael Rego e Silva - RA00196952 Leticia Thomazelli Gonzaga de Menezes - RA00167977 São Paulo 2019 O presente texto pretende analisar o período da história que o ocorreu entre o final da Segunda Guerra Mundial e o fim da União Soviética. Abordaremos os fatores que desencadearam as tensões entre as grandes potências da época e também culminaram na união das relações dentro do continente europeu e suas relações de política externa, tendo como base uma análise dos autores apresentados em aula. No início dos anos 60 a Guerra Fria teve as suas piores crises, tendo como símbolo o muro de Berlin. A Europa se via como refém dessa divisão no continente. No ano seguinte os Estados Unidos encontrou mísseis em Cuba, e por 13 dias o mundo ficou preocupado com uma possível troca nuclear, mas as duas crises foram resolvidas diplomaticamente. Aparentemente a Guerra Fria foi um confronto no qual só poderia ser resolvido pelos dois atores principais, Estados Unidos e União Soviética. Com todos os confrontos acontecendo, como a Guerra do Vietnam e inúmeros conflitos pós coloniais na África e no Oriente Médio, que chamou a atenção dos americanos e russos, enquanto os europeus estavam se sentiam humilhados pois as duas potências do momento estavam negociando com a República Popular da China. Foi nesse contexto que surgiu a Integração Europeia, que ocorreu principalmente por motivos econômicos, não militares ou cooperação política. O primeiro foi o Plano Schuman que buscou unir as indústrias de aço e carvão da França, Alemanha, Itália e o Benelux. Com sucesso, esse grupo de países criou em 1952 o European Coal and Steel Community (ECSC). No início desse acordo econômico o intuito era a diminuição da tarifa alfandegária para as indústrias, para o sistema de subsídio da agricultura e por uma relação da comunidade econômica europeia com os vizinhos do oeste europeu. Quando essa comunidade estava em criação os Estados Unidos teve participação, já que essa união fazia parte do Plano Marshall, para fortalecer o laço dos países do oeste europeu e também para conter a forte influência norte-americana na região.A França, comparada com as outras duas super-potências, Alemanha e o Reino Unido, passa despercebida. Alemanha por estar em uma posição geográfica, entre o mundo Leste-Oeste, que estava conflituoso, teve um papel importante até o final e os Britânicos por ter uma relação "especial" com os Estados Unidos. Charles de Gaulle foi um importante líder durante o período de guerra e para a política a partir de 1946. Foi o único líder francês que entendeu a dinâmica da guerra e por isso fez com que voltasse ao poder em 1958. Restabeleceu a soberania da França no cenário mundial e conquistou um posto de influência no conflito Leste-Oeste. Seus sucessores continuaram administrando a França de acordo com seus moldes porém a ordem bipolar estava chegando ao fim, contrário de que De Gaulle esperava. Sua herança para os franceses foi importante, ou melhor, o Gaullismo ditou toda a postura dos franceses durante esse conflito e também foi um sinônimo de revisionismo durante a Guerra Fria. Esse modelo de política se sobressaiu do sistema de blocos, sendo uma alternativa para a ordem estabelecida. A Détente europeia foi um projeto para diminuir as tensões do mundo bipolar no continente pois estavam com medo de estourar mais uma guerra e a tentativa de expandir o comércio entre as nações, levando em conta que a Europa ainda era muito dependente dos EUA e da URSS apesar de que estava acontecendo uma transformação entre 1960 e 1970 com o colapso do sistema de Bretton Woods. Isso porque os europeus não estavam contentes com a importância dada no meio dessa trama entre Estados Unidos e União Soviética. Os americanos e os soviéticos tentaram mostrar uma convivência pacífica com o fim da corrida armamentista, adotada levando em consideração que as nações estavam com medo de uma guerra nuclear pois as duas potências estavam muito bem armadas e poderia ter uma consequência desastrosa. Na França, por exemplo, a política usava foi a do nacionalismo planejada pelo De Gaulle para levantar o status quo do país internacionalmente. Os três autores N. Pier Lusdow, Frédéric Bozo e Jussi Hanhimaki abordam o continente europeu como importante ator durante a Guerra Fria mas não como principal. Este período foi decisivo para a atual Europa pois foi o início da idéia da União Europeia. Todos os textos conversam entre si e Lusdow acredita que os líderes europeus não queriam perder sua zona de influência e logo criaram esse mecanismo para ‘conquistar’ o Leste-Oeste. A integração europeia foi crucial para absorver o impacto que foi a unificação alemã, no trabalho comunitário de trazer a democracia, primeiros para os países do Oeste europeu e depois para o leste, mostrando que essa integração foi além de econômica em busca de um mercado único. Frédéric Bozo tem uma visão mais nacionalista, dizendo que o Gaullismo foi decisivo para a França apesar de ter passado por algumas crises onde o franco ficou desvalorizado. Jussi Hanhimaki também diz que o continente europeu estava fragilizado e jogado para escanteio e a Détente na Europa foi uma maneira deles se constituírem para voltar a ser superpotências e que por conta disso trouxe uma ordem multipolar para um mundo bipolar. Podemos entender que o cenário global era de extrema tensão entre os países que afetou profundamente as estruturas internas, gerando crises e caos entre os povos. Para isso, é necessário entender a conjuntura mundial no período, o desdobramento das políticas norte-americanas e soviéticas e seu impacto nas relações durante a Guerra Fria. O período de instabilidade norte-americana durante a Guerra Fria foi fundado em três pilares: o primeiro deles foi a crise econômica, que devido a elevação do preço do barril de petróleo no Oriente Médio, por conta da baixa da produtividade, deixou os EUA em estado de alerta e mostrou a necessidade de buscar outros recursos. Em seguida, a crise militar provocada, principalmente, pela derrota na Guerra do Vietña, que já não tinha o apoio da população há tempos, mostrou a tentativa falha de contenção da doutrina comunista e resultou em gastos excessivos e desnecessários do governo em época de crise. Por fim, a política norte-americana também estava envolvida em escândalos de corrupção com o Caso Watergate, que culminou na renúncia do presidente Richard Nixon. A falta de credibilidade do governo intensificou a instabilidade e a necessidade de cenário pacífico. Podemos analisar o período a partir da perspectiva realista, no texto de Henry Kissinger, ator de alta relevância para política internacional e diplomacia norte-americana durante o mandato de diferentespresidentes, de Nixon à Reagan. Kissinger era grande defensor de um sistema de alianças e esteve envolvido de forma intensa nas relações com os demais Estados, sendo eles África, América do Sul, República Popular da China, Vietnã e a própria União Soviética, a fim de garantir a manutenção das zonas de influência dos EUA. A ascensão do republicano Ronald Reagan, fiel nacionalista, gerou polêmicas entre os políticos e estudiosos da área devido sua postura mais ativa em relação a URSS. O presidente tinha um discurso que priorizava o combate ao inimigo e na busca do declínio do regime comunista soviético através de um colapso econômico. Kissinger critica a postura do governo norte-americano de Reagan sob os soviéticos, afirmando a necessidade de se impor apesar do aparente equilíbrio entre as potências a fim de garantir o poder e a influência norte americana no Sistema Internacional. Alguns fatores fizeram com que o autor criticasse a postura do então presidente e se apoiasse na impopularidade do mesmo. Nota-se ao longo do texto que Kissinger questiona inúmeras vezes a ambiguidade no posicionamento do presidente ao tomar ações impopulares de ataque a união soviética e ao mesmo tempo colaborar com o processo de interdependência entre os dois países. Do lado soviético mudanças também ocorrem quando Mikhail Gorbatchov assume a presidência. Gorbatchov tem uma postura contrária aos governos anteriores em relação às políticas domésticas e internacionais. Em suas tentativa de resolver a crise instaurada na URSS, começou a fazer uma série de reformas políticas e econômicas de abertura ao estrangeiro que reduziram as tensões e deixam Reagan ainda mais interessado em estreitar os laços dos dois países. Lewis Gaddis também faz sua participação ao falar do tema. A postura do autor é um pouco diferente de Kissinger, de crítica ao governo Reagan e foca em analisar as estratégias políticas das duas superpotências. Ele explica como o embate se tratava de um luta ideológica, onde um lado visava a liberdade individual e a democracia e o outro o autoritarismo estatal e o poder a base do terror apesar das duas pregarem a esperança para o povo. Como dito anteriormente, Gaddis analisa ambas estratégias e não ignora os erros dos norte-americanos durante a guerra, mencionando atividades como a CIA e as investigações e a renúncia de Nixon. O autor destaca o papel de grandes líderes e figuras importantes da época como João Paulo II, Walesa, Vaclav Havel e o então presidente, Reagan como fundamentais para o desfecho do processo obscuro da humanidade durante a Guerra Fria. Além disso, Gaddis entende que a abertura do governo soviético foi na verdade uma investida de Gorbatchov para salvar o ideal socialista do seu colapso. É possível compreender que o autor acredita que a guerra tenha sido o momento quando o poder deixou de ser a força militar. Quando o muro de Berlim cai, Gaddis ressalta a importância de líderes grandiosos como Reagan e Margaret Thatcher, que uniram força e moral para alcançar o fim do período de tensão. Gaddis analisa de que forma essas duas grandes potências, que tinham poderio para destruir uma a outra e todo o planeta, negociaram para o domínio global. O autor entende trágico porém necessário para o desenrolar das tensões o cumprimento dos compromissos morais. Para que houvesse o fim da guerra fria era necessário o fim do período da Détente e isso foi alcançado, de acordo com Gaddis, graças a luta de importante atores como Reagan e afirma que o ex-presidente teve força e capacidade para resolver o problema entendendo sua fragilidade e complexidade. Na opinião de Gaddis, apesar de Gorbatchov ter se tornado herói nos países ocidentais, o soviético falha por não ter sido um líder por querer salvar o socialismo mas não ter forças para alcançá-lo e por isso desistiu da ideologia no fim da guerra, abrindo mão do império por não ter coragem de usar a força. O descontentamento com o regime comunista era visto por todo a extensão da URSS. A retirada das tropas soviéticas do Afeganistão, a desmobilização militar do leste europeu e a queda do muro de Berlim marcaram a crise do bloco socialista e sua fragmentação. A União Soviética entrou em colapso com o seu arsenal nuclear e exércitos intactos. Podemos concluir que, segundo os autores acima citados, a necessidade de imposição e firmeza na tomada de decisões durante o período foi crucial para o resultado da guerra. Foi a primeira vez que não se fez necessário, ou então se forçou o controle, do poder armamentista e militar entre os países. O avanço das tecnologias através da corrida espacial ao longo do período faz com que seja importante observar que ambas potências entendiam os perigos envolvidos e as consequências caso houvesse de fato um confronto armado.
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