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Bioquímica Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Kelly Cristina de Oliveira Bermar Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Proteínas e Enzimas • Proteínas; • Enzimas. · Discorrer sobre a estrutura das proteínas e suas funções no organis- mo humano e sobre o papel e o mecanismo de ação das enzimas e dos fatores que afetam sua atividade. OBJETIVO DE APRENDIZADO Proteínas e Enzimas Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Proteínas e Enzimas Proteínas As proteínas são as moléculas em maior quantidade no organismo humano, de- sempenhando diversas funções e envolvidas em todos os processos metabólicos. Atuam na defesa do organismo, como transportadoras de substâncias, têm ações re- gulatórias, além de ser componentes estruturais das células e tecidos. (VOET, 2014) Importante! Definimos polímeros anteriormente. Você recorda? Se sim, ótimo, se não, vale a pena voltar e ler. Trocando ideias... As proteínas são polímeros formados pela união de aminoácidos, estruturas de forma química distintas, como estudamos anteriormente. A sequência de aminoá- cidos determina as propriedades física e química das proteínas, assim como a inte- ração entre proteínas e seu mecanismo de ação. As proteínas podem se associar a íons, como o zinco e o cálcio, e também a grupos fosfatos, lipídeos e carboidratos. (TYMOCZKO, 2011; VOET, 2014) Classificação e Estrutura das Proteínas Em relação à estrutura, as proteínas são descritas em níveis de organização, conforme a seguir: • Estrutura primária: define-se pela sequência de aminoácidos da cadeia ou ca- deias polipeptídicas que formam a proteína. A sequência de aminoácidos é de- finida por um gene, informação genética presente no DNA celular (falaremos mais sobre este assunto porteriormente) e determina a estrutura tridimensional e a função da proteína. Normalmente, as proteínas contém entre 100 e 1000 resíduos, com algumas exceções, e o limite mínimo para a formação de uma proteína estável e com funções específicas é de 40 resíduos. Algumas proteínas são compostas por cadeias polipeptídicas simples, unidas posteriormente; um exemplo é a insulina (Figura 1). A sequência de aminoácidos é determinante para a função de uma proteína, devido à estrutura química deles, que influencia na forma tridimensional da proteína (TYMOCZKO, 2011; VOET, 2014). Você lembra o que são resíduos? Anteriormente, quando falamos sobre ligações peptídicas, definimos resíduos como os aminoácidos das cadeias polipeptídicas.Ex pl or 8 9 • Estrutura secundária: é caracterizada pelos padrões de enovelamento dos polipeptídeos, resultante de um padrão regular de pontes de hidrogênio entre átomos de carbono e hidrogênio do interior dos resíduos, sendo os mais co- muns a alfa-hélice (α-hélice) e a folha β (beta) pregueada. A α-hélice é uma estrutura espiralada, formada por pontes de hidrogênio dentro da cadeia (Figu- ra 2), já a folha β pregueada é uma estrutura estendida, formada por pontes de hidrogênio entre duas ou mais cadeias polipeptídicas (Figura 3) (TYMOCZKO, 2011; VOET, 2014); • Estrutura terciária: define-se pela estrutura tridimensional ou enovelamento global da cadeia polipeptídica, criada por interações diversas entre as cadeias laterais e pontes de dissulfeto. Normalmente, as cadeias laterais hidrofóbicas estão voltadas para o interior da proteína, longe do ambiente aquoso e as ca- deias laterais hidrofílicas voltadas para o lado externo (TYMOCZKO, 2011; VOET, 2014); • Estrutura quartenária: presente somente em proteínas formadas por mais de uma cadeia polipeptídica, denominadas subunidades, define como estas subu- nidades se agrupam para formar a estrutura final da proteína (Figura 4). Elas são classificadas como fibrosas ou globulares. Proteínas fibrosas apresen- tam-se em fibras alongadas, geralmente, insolúveis em água e com papel basi- camente estrutural; as proteínas globulares são esféricas, solúveis em água e com ações diversas, como, por exemplo, enzimas, proteínas transportadoras (NELSON, 2002; TYMOCZKO, 2011; VOET, 2014). Figura 1 – Estrutura primária da insulina Fonte: Wikimedia Commons 9 UNIDADE Proteínas e Enzimas Figura 2 – Estrutura secundária α-hélice Fonte: Wikimedia Commons Figura 3 – Estrutura secundária folha β pregueada Fonte: Wikimedia Commons Estrutura quaternária da hemoglobina formada por 4 subunidades α 1, α 2, β 1 e β 2, disponível em: https://goo.gl/zVzCCjEx pl or Desnaturação Proteica A desnaturação de uma proteína ocorre quando há modificação na estrutura secundária, terciária ou quaternária devido a alterações nas forças fracas que man- tém a estrutura, pode ser reversível ou irreversível. Diversos fatores podem causar a desnaturação proteica, tais como: • Temperatura: pequenas elevações de temperatura podem causar modifica- ções importantes nas propriedades das proteínas; a maioria apresenta ponto de fusão bem menores que 100ºC (TYMOCZKO, 2011; VOET, 2014). 10 11 O processo de alisamento dos cabelos com a “chapinha” trata-se de uma desnaturação pro- teica. Leia o artigo disponível no link a seguir e veja que interessante: https://goo.gl/b88jRcEx pl or • pH: altera a característica iônica das cadeias laterais dos aminoácidos, alteran- do as ligações de hidrogênio (TYMOCZKO, 2011; VOET, 2014); • Detergentes: ligam-se aos aminoácidos apolares, interferindo nas interações hidrofóbicas (TYMOCZKO, 2011; VOET, 2014); • Agentes caotrópicos: aumentam a solubilidade das substâncias apolares, in- terferindo nas interações hidrofóbicas; exemplo, guanidina e ureia (TYMO- CZKO, 2011; VOET, 2014). Que tal ler esta entrevista com o pesquisador Matheus Pavani, farmacêutico e Mestre em Ciências pela Unicamp, sobre chapinhas e alisantes, para o blog cachos e fatos. Leremos sobre desnaturação reversível e irreversível. Disponível em: https://goo.gl/gQH6Xm Ex pl or Função das Proteínas As proteínas desempenham inúmeras e distintas funções no organismo huma- no. Abordaremos as principais: • Veículos de transporte: diversas proteínas tem a função de transportar subs- tâncias no organismo humano, como, por exemplo, a mioglobina, uma pro- teína pequena, que se liga ao oxigênio, transportando-opara os músculos e a hemoglobina, proteína constituída por 4 subunidades, presente no sangue, que faz o transporte de oxigênio para todas as células (VOET, 2014); • Contração muscular: o músculo estriado esquelético é constituído de fibras musculares que, microscopicamente, tem o aspecto de fibras e contém feixe paralelos, denominados miofibrilas, responsáveis pelo encurtamento no mo- mento da contração. As miofibrilas estão acondicionadas no sarcômero e são compostas por filamentos grosso e filamentos finos. Os filamentos grossos são de miosina, proteína constituída por 6 cadeias polipeptídicas e os fila- mentos finos consistem principalmente em actina, proteína com 357 resíduos (TYMOCZKO, 2011; VOET, 2014); • Defesa: os anticorpos são um grupo de proteínas que contêm pelo menos 4 subunidades, produzidas pelos linfócitos B e que têm a função de defesa contra infecções bacterianas e virais (VOET, 2014); • Estrutural: a queratina é uma proteína fibrosa, formada por cadeias polipep- tídicas em α-hélice, insolúvel em água, rica em cisteína, aminoácido que apre- senta enxofre em sua estrutura, o que permite que as cadeias que a formam sejam unidas por pontes dissulfeto (Figura 5), conferindo rigidez a estrutura. 11 UNIDADE Proteínas e Enzimas É o principal componente da rígida camada externa da epiderme e dos cabe- los e unhas. A diferença de rigidez entre eles se dá pela presença das ligações dissulfeto; quanto mais presentes, mais rígida é a matriz. A queratina, quando aquecida, é esticada ao dobro do seu tamanho, o que explica o cabelo es- ticar quando é escovado (NELSON, 2002). O colágeno é a proteína mais abundante nos vertebrados, é fibrosa e insolúvel em água e constituída por três cadeias polipeptídicas, sendo os aminoácidos mais presentes a glicina e a prolina. No organismo humano, existem pelo menos 28 diferentes tipos de colágeno, sendo o mais comum o colágeno tipo I, que é responsável pela estrutura e resistência ao estresse dos ossos, dentes, cartilagem, tendões, pele e veias (TYMOCZKO, 2011; VOET, 2014). A elastina é uma proteína fibro- sa, que compõe a estrutura da matriz extracelular e tem propriedade elástica, podendo ser estendida várias vezes em relação ao seu comprimento normal, voltando ao estado original quando relaxada. É composta, basicamente, por aminoácidos polares como a glicina, a alanina e a valina (NELSON, 2002; TYMOCZKO, 2011); • Catalisador biológico: as reações bioquímicas são responsáveis pelo funcio- namento do organismo humano e todas elas são mediadas por catalisadores biológicos, as enzimas. Elas aceleram a velocidade da reação e as tornam mais leves e mais específicas, conforme abordaremos nesta Unidade (VOET, 2014). Figura 4 – Estrutura química da queratina mostrando a ligação ou pontes dissulfeto Fonte: Wikimedia Commons 12 13 Enzimas As enzimas, também conhecidas como catalisadores biológicos, representam um grupo de proteínas com ações diretas no metabolismo, que têm por função básica acelerar as reações químicas. Elas estão envolvidas nas reações mais simples, como, por exemplo, na adição de água ao dióxido de carbono (CO2) pela anidrase carbônica, facilitando a elimi- nação pelos pulmões, como nas mais complexas, como a transformação de glicose em “energia”, na qual agem até 12 diferentes enzimas. Essas moléculas são nomeadas adicionando-se o sufixo “ase” ao nome da subs- tância envolvida na reação química; por exemplo, a peptidase é uma enzima res- ponsável pela quebra da ligação peptídica no processo de digestão das proteínas. São classificadas de acordo com as reações químicas nas quais estão envolvidas em: oxidorredutases: catalisam reações de óxido-redução; transferases: catali- sam transferência de grupos funcionais; hidrolases: catalisam reações de hidrólise; liases: catalisam reações de eliminação de grupos para formar ligações duplas; isomerases: catalisam reações de isomerização e ligases: catalisam reações de ligação (TYMOCZKO, 2011; VOET, 2014). As enzimas possuem três características principais: • Aceleram a velocidade de reação: as enzimas diminuem a energia de ativação ou energia necessária para a reação, diminuindo a velocidade da reação, sem alterar o resultado final. Quanto maior a energia necessária, menor será a velocidade (Figura 6) (TYMOCZKO, 2011; Voet, 2014). Sem catalisador Energia de ativação Reagentes Produtos Caminho da reação En er gi a d e a tiv aç ão Com catalisador Figura 5 – Efeito de uma enzima na energia de ativação Fonte: Wikimedia Commons • Tornam as reações mais leves: na presença de enzimas, as reações acontecem em menores temperaturas e valores de pH próximo ao neutro (VOET, 2014); • São altamente específicas: as enzimas se ligam às suas moléculas de inte- resse e catalisam as reações com alta especificidade, devido à sua estrutura e afinidade por grupos químicos (VOET, 2014). 13 UNIDADE Proteínas e Enzimas As enzimas agem especificamente na substância alvo da reação química que é definida como substrato, sendo que a interação entre eles segue o modelo “chave e fechadura” e a região de ligação entre a enzima e o substrato denomina-se sítio ativo (Figura 6). Algumas enzimas necessitam de cofatores para desempenhar sua função, que são diferentes tipos de moléculas associadas à estrutura da proteína. A interação da enzima com o cofator é denominada holoenzima, e a enzima inativa, na ausência do cofator, é denominada apoenzima. Os cofatores são divididos em dois grupos: metais como o Cu2+ (cobre), o Fe3+ (ferro), o Zn2+ (zinco) e o Mg2+ (magnésio) e moléculas orgânicas, chamadas de coenzimas, como NAD+ (dinucleotídeo de nicotinamida adenina) e o NADP+ (di- nucleotídeo de nicotinamida adenina fosfato) (TYMOCZKO, 2011; VOET, 2014). Substrato entrando no centro activo da enzima Complexo enzima/substrato Complexo enzima/produto Produtos deixando o centro activo da enzima Produtos Substrato Centro activo A enzima altera ligeiramente a sua forma à medida que o substrato se liga Figura 6 – Esquema do mecanismo de ação de uma enzima Fonte: Wikimedia Commons Fatores que Afetam a Ação das Enzimas As enzimas são sensíveis a parâmetros ambientais que influenciam todas as rea- ções química, como a temperatura e o pH. • Temperatura: normalmente, a elevação da temperatura aumenta a veloci- dade das reações; porém, para a maior parte das enzimas, existe uma tem- peratura ideal para sua atividade, e caso haja um aumento de temperatura, a enzima perde totalmente a capacidade de ação; isso ocorre porque a proteína é desnaturada, ou seja, perde sua estrutura, conforme vimos anteriormente (TYMOCZKO, 2011; VOET, 2014); • pH: para cada enzima existe um pH ótimo, pH no qual exibem atividade má- xima e uma faixa aceitável para sua ação; caso o pH se altere, a característica dos grupos funcionais dos resíduos também se modificarão, alterando a capa- cidade catalítica da enzima (TYMOCZKO, 2011; VOET, 2014). 14 15 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Enzimas: natureza e ação nos alimentos Site sobre a função das proteínas https://goo.gl/mi4Srt Desnaturação Desnaturação proteica https://goo.gl/pGde5h Vídeos Proteínas | Compostos Orgânicos | Bioquímica | Prof. Paulo Jubilut Vídeo sobre proteínas https://youtu.be/SH45DG5jfu0 Leitura Enzimas: natureza e ação nos alimentos Texto complementar sobre enzimas https://goo.gl/XCmyDQ 15 UNIDADE Proteínas e Enzimas Referências NELSON, D. L.; COX, M. M. Lehninger Princípios de Bioquímica. São Paulo: Sarvier, 2002. TYMOCZKO, J. L.; Berg, J. M.; Stryer, L. Bioquímica fundamental. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. VOET, D.; VOET, J. G.; Pratt, W. Fundamentos de bioquímica: a vida em nível molecular. Porto Alegre: Artmed, 2014. 16
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