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Todo mundo é um pouco psicólogo, só que não

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TODO MUNDO É UM POUCO PSICÓLOGO, SÓ QUE NÃO! 
Psicolanda 28/03/20178 comments 
 
Você já se perguntou por que os livros de Psicologia ficam próximos ou até mesmo juntos dos livros 
de autoajuda nas livrarias? Já parou para pensar por que muitas pessoas se “acham” psicólogos “só 
porque escutam muitos problemas dos outros e dão bons conselhos”? Você já escutou as diversas 
“associações” entre Psicologia e astrologia, Psicologia e florais, Psicologia e hipnose, Psicologia e 
meditação, Psicologia e misticismo, Psicologia e religião? Já viu os milhares de “testes psicológicos 
online” (sem nenhum fundamento, estudo ou propriedade psicométrica) de personalidade, amor, 
depressão, vidas passadas e tantos outros que aparecem no Facebook ou similares. Ou já leu ou viu 
os “grandes especialistas” em Psicologia (que nunca frequentaram um curso de psicologia) que 
surgem nos muitos blogs e vídeos no Youtube? 
 
Pois é, todo mundo é um pouco psicólogo, só que não! Existe uma velha expressão que diz “De 
médico e louco, todo mundo tem um pouco”, mas se pararmos para pensar, mais além disso, todo 
mundo também acha que “tem um pouco de psicólogo” ou que pelo menos entende um pouco de 
Psicologia. Mas será que sabe mesmo? Será que a Psicologia é realmente uma coisa tão simples 
que todo mundo conhece sem precisar estudar formalmente? Por que é preciso fazer 5 anos de 
faculdade de Psicologia se todo mundo já conhece a Psicologia? 
Para responder a isso precisamos diferenciar a “Psicologia” do Senso Comum da Psicologia 
Científica. É consenso que a Psicologia Científica surge com a criação do laboratório de psicologia 
https://www.psicolanda.com.br/author/thaty/
https://www.psicolanda.com.br/todo-mundo-e-um-pouco-psicologo-so-que-nao/#comments
https://www.psicolanda.com.br/wp-content/uploads/2017/03/psicoterapia.png
experimental de Wilhelm Wundt em Leipzig, na Alemanha, em 1879. Assim, a Psicologia como uma 
ciência tem aproximadamente 138 anos. Como uma profissão legalizada no Brasil, sabemos que a 
Psicologia tem seu marco com a promulgação da lei 4.119 de 27 de agosto de 1962. Por isso, a 
Psicologia tem 54 anos de existência como profissão regulamentada no Brasil. 
Mas será que não existia psicologia antes disso tudo? Aí sim, entramos no conceito de “Psicologia” 
do Senso Comum. Algumas das ideias psicológicas são tão antigas quanto o próprio ser humano. 
Questões como: de onde viemos? Quem somos? Por que e como pensamos? Como nos 
relacionamos? Como nos desenvolvemos? Como podemos melhorar a educação? São questões 
antiquíssimas que envolvem o funcionamento psicológico. Mas não só essas questões como 
também as ideias e explicações para essas perguntas. Explicações como a Alma, o papel das 
emoções, da personalidade, da punição e das recompensas, da mente, são ideias anteriores a 
Psicologia, mas transformadas por ela. Transformadas, pois, como ciência a Psicologia não se pauta 
por crenças e ideologias, mas sim por evidências. 
Vamos pensar um pouco sobre isso. Sua avó podia conhecer vários remédios caseiros, frutos da 
tradição e experiência, mas nem todos esses remédios realmente funcionavam e alguns deles 
podem até mesmo ser prejudiciais, não é? Como é que distinguimos entre os bons e os maus 
remédios? Saindo do conhecimento da vovó, do conhecimento popular, e estudando cientificamente 
os remédios. Buscando entender os efeitos de diferentes dosagens, efeitos dos remédios sobre 
diferentes doenças, efeitos colaterais, toxicidade e etc. E para isso que existe o método científico, 
para reduzir as taxas de erros e falhas conhecimento intuitivo e se aproximar da previsibilidade e 
controle das ações, comportamentos e consequências. 
Ou seja, é preciso que nós tenhamos controle de que todas as vezes que se toma um remédio ele 
terá uma porcentagem muito alta de funcionar e muito pequena de ser um veneno ou causar algum 
prejuízo a saúde de quem toma. Veja estamos falando de previsibilidade não é acerto. Assim como 
na meteorologia, não é porque existe uma alta probabilidade de chuva hoje que vai realmente 
chover. Embora quanto mais as ciências avançam mais próximos de previsões mais acuradas nós 
ficamos. É para isso que a Psicologia se tornou ciência também, para estudar cientificamente as 
questões e ideias psicológicas já existentes e novas que tem surgido, buscando ter uma certa 
previsibilidade e controle sobre os fenômenos psicológicos. 
O que isso significa? Isso significa que um psicólogo não é aquele que tem um dom, uma dádiva, um 
talento natural, ou sabe a Psicologia do Senso Comum, mas sim alguém que estudou uma ciência 
que se baseia no método científico para investigar questões que são importantes para todos nós. 
Por isso, as decisões de psicólogos são baseadas ou pelo menos deveriam ser baseadas em 
ciência, não em crenças pessoais ou de entidades, grupos e partidos. 
Assim, não é qualquer um que pode se considerar um psicólogo e sair falando em nome de uma 
Psicologia que não é científica. Além de ser incorreto é danoso tanto para a imagem da Psicologia 
quanto para as pessoas que recebem informações erradas ou imprecisas. Os alegados “testes 
psicológicos” de internet, por exemplo, estão longe de serem um instrumento com real potencial de 
avaliação. É preciso muito estudo para criar testes psicológicos e também para aplicar e avaliar, não 
dá para sair rotulando qualquer enquete de teste psicológico. Livros de autoajuda podem até te 
ajudar, mas na grande maioria não são baseados em Psicologia, são baseados nas opiniões do 
escritor, são tão corretos quanto os conselhos de qualquer pessoa que você encontrar na rua. 
 
Há todavia, dentre os próprios psicólogos, os que questionam o status de ciências da Psicologia e 
dizem que “não tem como controlar e predizer os fenômenos psicológicos em humanos”, mas na 
realidade isso mostra um conhecimento muito limitado da própria Psicologia Científica. É verdade 
que humanos são muito complexos, mas será que é mais complexo do que o universo? Do que criar 
computadores? Do que operar com precisão uma pessoa usando microcâmaras? Tudo isso é fruto 
de pesquisas em coisas complexas e por mais tempo que demore para predizer com precisão os 
comportamentos humanos dada toda a variabilidade sempre é possível predizer e controlar muita 
coisa com base no que já foi produzido na ciência psicológica, já que boa parte do que fazemos é 
sim controlável e previsível. Como se evidencia nos estudos que mostram, por exemplo, o efeito de 
diferentes técnicas terapêuticas, que inclusive superam os efeitos de medicamentos em alguns 
casos. 
Os conhecimentos produzidos pela ciência psicológica não são apenas hipóteses informais ou 
achismos baseados na experiência isolada das pessoas, mas, sim evidências oriundas de rigorosos 
estudos que confirmaram ou refutaram ideias que até podem continuar sendo repetidas pelas 
pessoas sem que tenham um embasamento em evidências científicas. Por exemplo, é comum que 
ainda se acredite, em alguns lugares, que a punição é uma boa forma de educação, quando já 
sabemos há muito tempo, principalmente pelos estudos de B. F. Skinner que a punição não é a 
melhor forma de modificação de comportamentos e que inclusive gera consequências adversas 
como os comportamentos de fuga e esquiva. 
Enfim, ainda hoje a imagem da Psicologia é permeada por essas crenças populares e mesmos os 
psicólogos acabam se valendo muitas vezes dessas crenças e ideologias em detrimento da ciência 
psicológica. Não se engane de que realizar uma faculdade de 5 anos garante a aprendizagem 
completa de uma ciência tão vasta quanto a Psicologia. Até mesmo porquê em muitas das 
faculdades a formação é muito rasa no que se refere ao ensino do método científico. Ao invés de os 
alunos aprenderem que teorias são conjuntos de hipóteses provisórias sobre os fenômenos e que, 
portanto, precisam ser questionadas e reformuladas sempre que necessário, eles aprendem que 
pessoas iluminadascomo Freud, Skinner, Piaget, Lacan, Jung e Vygotsky foram seres de luz (que 
você obviamente um mero mortal não pode questionar) e que descobriram toda a verdade do mundo 
com suas teorias que não podem ser questionadas. Dica fundamental, duvide de quem acha que 
qualquer teórico é infalível. Por princípio básico todos que produzem conhecimento científico podem 
e devem ser questionados. Aliás, isso é tão fundamental que foi postulado por Karl Popper, o mais 
renomado filósofo da ciência, no que ele chamou de falseabilidade, isso é, uma teoria só pode ser 
considerada científica justamente quando é falseável, ou seja, quando é possível prova-la falsa. 
Quando não se pode provar que uma teoria é falsa, ela não é científica. 
E além disso, há um agravante no caso do Brasil no que se refere a compreensão da Ciência. 
Tradicionalmente os países colonizados pela Espanha e por Portugal tem uma tendência histórica a 
valorizar mais a religião e a filosofia como fontes de conhecimento em detrimento das Ciências. 
Essas raízes históricas são explicações possíveis para o fato de que aqui em terras tupiniquins a 
história da Psicologia começa nos cursos de filosofia e educação e ainda hoje tem muito mais 
ligação com o campo da filosofia crítica e da sociologia que empregam métodos distintos dos 
métodos experimentais. A compreensão de ciências para nós é ainda muito limitada e muitas vezes 
as pessoas acabam preferindo as explicações mais filosóficas ou “românticas” da Psicologia, como 
por exemplo, a Psicanálise que não é uma ciência e oferece explicações grandiosas, por vezes 
irrefutáveis, e sem evidências consolidadas sobre os fenômenos psicológicos, do que abordagens 
como a Comportamental que se baseia em métodos experimentais rigorosos. 
Para concluir, esse texto é para convidar você a refletir sobre a importância do reconhecimento da 
Psicologia como uma ciência. Como tal, o que se baseia em Psicologia deve ser questionado a luz 
do método científico e não entendido como verdade absoluta. Para além disso, esse texto também 
serve para que você possa refletir sobre o porquê há tanta confusão entre o que é o que não é 
Psicologia no Brasil e porquê o que acaba ganhando mais espaço na mídia é justamente aquilo que 
não é Psicologia. Os alunos de Psicologia e os Psicólogos precisam aprender que estudar 
Psicologia é estudar uma ciência e não se filiar a um partido político. Lutemos não só pelas 
polêmicas e ideologias do momento, mas sim por uma Psicologia cada vez mais científica que possa 
de fato contribuir para a melhoria na qualidade de vida das pessoas. 
Texto Original: Psicologia Explica 
http://www.psicologiaexplica.com.br/todo-mundo-e-um-pouco-psicologo-so-que-nao/

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