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realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 1 Lei 11.340/2006 Reality concursos Cadernos Aplicados e Mentoria Realityconcursos.com LEI MARIA DA PENHA https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 2 SUMÁRIO LEI MARIA DA PENHA ....................................................................................................................................... 4 LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006 ..................................................................................................... 4 Introdução ................................................................................................................................................ 4 Disposições Preliminares .......................................................................................................................... 5 Interpretação da Lei Maria da Penha ....................................................................................................... 6 Da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher ................................................................................. 6 Sujeito Ativo ............................................................................................................................................. 9 Sujeito Passivo ........................................................................................................................................ 12 Jurisprudência ........................................................................................................................................ 13 Âmbito de Aplicação ............................................................................................................................... 14 DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER ............................................... 15 Violência Física ....................................................................................................................................... 15 Violência Psicológica............................................................................................................................... 16 Violência Sexual ...................................................................................................................................... 16 Violência Patrimonial.............................................................................................................................. 16 Violência Moral ...................................................................................................................................... 16 Substituição da Pena Privativa de Liberdade por Restritiva de Direitos ................................................. 17 DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR ................................. 18 DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO ......................................................................................... 18 DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR ............................. 19 DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL ................................................................................... 22 DOS PROCEDIMENTOS ............................................................................................................................... 27 Disposições Gerais .................................................................................................................................. 27 Das Medidas Protetivas de Urgência ...................................................................................................... 31 Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor............................................................... 33 Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida.................................................................................... 35 Instrumentos para Proteção Patrimonial ............................................................................................... 36 Do crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência ....................................................... 37 Da Atuação do Ministério Público .......................................................................................................... 38 Da Assistência Judiciária ......................................................................................................................... 38 Da Equipe de Atendimento Multidisciplinar ........................................................................................... 39 Disposições Transitórias ......................................................................................................................... 39 Disposições Finais ................................................................................................................................... 40 Referências Bibliográficas ........................................................................................................................... 42 https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 3 https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 4 LEI MARIA DA PENHA LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006 Introdução A Lei nº 11.340/2006 tem por finalidade coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Esse diploma normativo é amplamente conhecido como Lei Maria da Penha, uma referência a Maria da Penha Maria Fernandes. Esta senhora sofreu agressões por parte de seu marido por anos, sem buscar a tutela dos órgãos estatais. No dia 29 de maio de 1983, em Fortaleza (CE), foi atingida enquanto dormia por um tiro de espingarda disparado por seu marido. Como consequência desse tiro, Maria ficou paraplégica. Não satisfeito com o resultado dessa violência, que tinha como finalidade a morte da mesma, depois de alguns dias o marido tentou outra investida: eletrocutá-la durante o banho. Seis meses antes da prescrição, o marido foi condenado, em razão dos crimes, a cumprir pena de dez anos em regime aberto. A história de Maria da Penha foi objeto de tamanha repercussão internacional que o Comitê Latino-Americano e Caribe para Defesa da Mulher (CLADEM) formalizou denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Em 2001, o Brasil foi condenado por meio de um relatório da OEA, que impôs um pagamento de indenização de 20 mil dólares em favor de Maria da Penha, responsabilizando o Estado Brasileiro pela negligência e omissão em relação à violência doméstica, e recomendando a adoção de várias medidas, entre elas a de simplificar procedimentos judiciais, diminuindo os prazos processuais de julgados. Diante da inércia do Estado Brasileiro, o caso foi levado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que proferiu o seguinte: Relatório 54/2001 – A ineficácia judicial, a impunidade e a impossibilidade de a vítima obter uma reparação mostra a falta de cumprimento do compromisso assumido pelo Brasil de reagir adequadamente ante a violência doméstica. Cinco anos após o relatório, foi editada a Lei Maria da Penha. Está é a razão da referência que o art. 1º da Lei Maria da Penha faz à Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres e à Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher. Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 5 Disposições Preliminares Inicialmente, destaca-se que a Lei 11.340/2006 possui inúmeras finalidades. Não se trata de uma lei estritamente penal,possui dispositivos relacionados à segurança pública, cria mecanismos de proteção à mulher, traz elementos de natureza cível, por isso se diz que é uma lei multidisciplinar abordando vários ramos do Direito. Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Trata-se de norma que criou mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Essa norma busca fundamento no art. 226, ß8º, da CF, e em diversos diplomas internacionais. A nossa Constituição estabelece: Art. 226, § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. A Lei, já no seu início, reitera os direitos e garantais fundamentais das mulheres, afirmando que deve ser assegurado uma vida digna, livre de qualquer violência. Para que isso seja assegurado, o Poder Assim, podemos concluir que as finalidades da Lei Maria da Penha são: ➢ Criação de mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher; ➢ Criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; ➢ Estabelecer medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Além disso, a Lei Maria da Penha deixa claro que esse dever não é apenas do Estado, mas constitui o da família e da sociedade. Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo- lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 6 § 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. § 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados no caput. Interpretação da Lei Maria da Penha A Lei 11.340/2006 foi pensada para proteger a mulher em um cenário de violência doméstica e familiar. Assim, obviamente, deve ser interpretada levando em consideração as condições peculiares da mulher e os fins sociais a que se destina, nos termos do art. 4º. Devemos interpretar a lei sempre de modo a proteger a mulher vulnerável. Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 7 Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão BASEADA NO GÊNERO que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I - No âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II - No âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. A lei Maria da Penha NÃO PROTEGE a mulher de forma indiscriminada. O objeto jurídico protegido pela norma é a mulher VULNERÁVEL, HIPOSSUFICIENTE. É importante compreender bem as definições trazidas pela lei no que se refere à violência doméstica e familiar contra a mulher. Essa violência consiste numa ação ou omissão baseada no gênero. O conceito de gênero surgiu a partir de 1980, na tentativa de aumentar o entendimento a respeito das diferenças e desigualdades com relação aos sexos, que eram entendidas como expressões de comportamentos sociais rigorosos, ligados por meio das diferenças biológicas entre homem e mulher, com foco nos aspectos sociais dessa relação desigual. A mulher é a maior vítima da violência de gênero. Estudos confirmam que em cerca de 95% dos casos de violência praticada contra a mulher, o homem é o agressor. Assim, violência de gênero contra mulher é toda a e qualquer ação ou omissão, baseada no gênero, capaz de causar morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico ou que possa ocasionar dano moral ou patrimonial, quando praticado: ➢ No âmbito doméstico; ➢ No âmbito familiar; ou ➢ Em decorrência de relação de afeto. Violência baseada em gênero é aquela violência fundamentada na vulnerabilidade, hipossuficiência e na discriminação da mulher. A vulnerabilidade poderá se contextualizar a esfera física ou financeira. REQUISITO 1 REQUISITO 2 REQUISITO 3 https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 8 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA ou FAMILIAR CONTRA MULHER VIOLÊNCIA BASEADA NO GÊNERO que cause: ➢ MORTE, ➢ LESÃO ➢ SOFRIMENTO FÍSICO ➢ SOFRIMENTO SEXUAL ➢ SOFRIMENTO PSICOLÓGICO ➢ DANO MORAL ➢ DANO PATRIMONIAL NO ÂMBITO DA UNIDADE DOMÉSTICA, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; NO ÂMBITO DA FAMÍLIA, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa EM QUALQUER RELAÇÃO ÍNTIMA DE AFETO, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. É o DOLO! É o elemento subjetivo necessário! A motivação do agente! https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 9 Sujeito Ativo O agressor pode ser tanto um homem quanto uma mulher, nos termos do art. 5º, parágrafo único, da Lei 11.340/2006: Art. 5º, Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. No parágrafo único, ficou estabelecido que as relações enunciadas no art. 5º independem de orientação sexual, prevendo a lei, portanto, expressamente, sua incidência também à família homoafetiva. Súmula 600 do STJ: “Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da lei 11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima”. O STJ já decidiu que a Lei Maria da Penha pode ser aplicada mesmo que não tenha havido coabitação, e mesmo quando as agressões ocorrerem quandojá se tiver encerrado o relacionamento entre as partes, desde que guardem vínculo com a relação anteriormente existente. “O NAMORO é uma relação íntima de afeto que independe de coabitação; portanto, a agressão do namorado contra a namorada, ainda que tenha cessado o relacionamento, mas que ocorra em decorrência dele, caracteriza violência doméstica” (CC 96.532/MG, DJe 19/12/2008). A agressão do namorado contra a namorada, mesmo cessado o relacionamento, mas que ocorra em decorrência dele, está inserida na hipótese do art. 5º, III, da Lei n. 11.340/06, caracterizando a violência doméstica. 1416580/RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, 01/04/2014 59208/DF, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, 26/02/2013 “Consoante entendimento desta Corte, a relação existente entre o sujeito ativo e o passivo de determinado delito deve ser analisada em face do caso concreto, para verificar a aplicação da Lei Maria da Penha, sendo desnecessário que se configure a coabitação entre eles” HC 184.990/RS, DJe 09/11/2012 https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 10 VIOLÊNCIA PRATICADA POR GENRO CONTRA SOGRA Aplica-se a Lei Maria da Penha. STJ. 5ª Turma. RHC 50847/BA, Rel. Min. Walter de Almeida, 07/10/2014. VIOLÊNCIA PRATICADA POR FILHO CONTRA A MÃE Aplica-se a Lei Maria da Penha. STJ. 5ª Turma. HC 290650/MS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 15/05/2014. VIOLÊNCIA PRATICADA POR COMPANHEIRO DA MÃE ("PADRASTO") CONTRA A ENTEADA Aplica-se a Lei Maria da Penha. Obs.: a agressão foi motivada por discussão envolvendo o relacionamento amoroso que o agressor possuía com a mãe da vítima (relação íntima de afeto). STJ. 5ª Turma. RHC 42092/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 25/03/2014. VIOLÊNCIA PRATICADA POR TIA CONTRA SOBRINHA Aplica-se a Lei Maria da Penha. A tia possuía, inclusive, a guarda da criança (do sexo feminino), que tinha 4 anos. STJ. 5ª Turma. HC 250435/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 19/09/2013. VIOLÊNCIA PRATICADA POR NORA CONTRA SOGRA Aplica-se a Lei Maria da Penha. Desde que estejam presentes os requisitos de relação íntima de afeto, motivação de gênero e situação de vulnerabilidade. Ausentes, não se aplica. STJ. 5ª Turma. HC 175816/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 20/06/2013. VIOLÊNCIA PRATICADA POR PAI CONTRA A FILHA Aplica-se a Lei Maria da Penha. O agressor também pode ser mulher. STJ. 6ª Turma. HC 178751/RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 21/05/2013. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 11 LEI MARIA DA PENHA NA RELAÇÃO ENTRE MÃE E FILHA. É possível a incidência da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) nas relações entre mãe e filha. Isso porque, de acordo com o art. 5º, III, da Lei 11.340/2006, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Da análise do dispositivo citado, infere-se que o objeto de tutela da Lei é a mulher em situação de vulnerabilidade, não só em relação ao cônjuge ou companheiro, mas também qualquer outro familiar ou pessoa que conviva com a vítima, independentemente do gênero do agressor. Nessa mesma linha, entende a jurisprudência do STJ que o sujeito ativo do crime pode ser tanto o homem como a mulher, desde que esteja presente o estado de vulnerabilidade caracterizado por uma relação de poder e submissão. Informativo nº 551 Precedentes citados: HC 175.816-RS, Quinta Turma, DJe 28/6/2013 HC 250.435-RJ, Quinta Turma, DJe 27/9/2013. HC 277.561-AL, Rel. Min. Jorge Mussi, 6/11/2014. VIOLÊNCIA PRATICADA POR EX-NAMORADO CONTRA A EX-NAMORADA Aplica-se a Lei Maria da Penha. Vale ressaltar, porém, que não é qualquer namoro que se enquadra na Lei Maria da Penha. Se o vínculo é eventual, efêmero, não incide a Lei 11.340/06 (CC 91.979- MG). STJ. 5ª Turma. HC 182411/RS, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu, 14/08/2012. VIOLÊNCIA PRATICADA POR IRMÃO CONTRA IRMà Aplica-se a Lei Maria da Penha. Ainda que não morem sob o mesmo teto. STJ. 5ª Turma. REsp 1239850/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, 16/02/2012. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 12 Sujeito Passivo O artigo 5º da Lei 11.340/2006 determina que, para seus efeitos, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero, que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, psíquico, sexual e dano moral ou patrimonial, praticada no âmbito da unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto. Em um primeiro momento, diante desse conceito de violência doméstica e familiar contra a mulher, pode-se afirmar que o sujeito passivo do crime é somente a mulher que tenha sido vítima de agressão decorrente de violência doméstica e familiar. Para a doutrina e jurisprudência esmagadoramente majoritárias, a Lei Maria da Penha criou um microssistema protetivo específico para as mulheres, acatando que o sujeito passivo se trata, exclusivamente, da mulher (esposa, amante, namorada, mãe, avó, sogra, irmã). • Aplicação da Maria da Penha a travestis e transsexuais Parte minoritária da doutrina admite a aplicação da Lei Maria da Penha a travestis e transsexuais. Sobre a aplicação da referida lei, Maria Berenice Dias afirma que “há a exigência de uma qualidade especial: ser mulher. Assim, lésbicas, transexuais, travestis e transgêneros, que tenham identidade social com o sexo feminino estão sob a égide da Lei Maria da Penha. A agressão contra elas no âmbito familiar constitui violência doméstica.” E prossegue, ressaltando, com propriedade, que “descabe deixar à margem da proteção legal aqueles que se reconhecem como mulher.” Neste sentido, há precedente no Tribunal de Justiça de Santa Catarina. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR. HOMOLOGAÇÃO DE AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE. AGRESSÕES PRATICADAS PELO COMPANHEIRO CONTRA PESSOA CIVILMENTE IDENTIFICADA COMO SENDO DO SEXO MASCULINO. VÍTIMA SUBMETIDA À CIRURGIA DE ADEQUAÇÃO DE SEXO POR SER HERMAFRODITA. ADOÇÃO DO SEXO FEMININO. PRESENÇA DE ÓRGÃOS REPRODUTORES FEMININOS QUE LHE CONFEREM A CONDIÇÃO DE MULHER. RETIFICAÇÃO DO REGISTRO CIVIL JÁ REQUERIDA JUDICIALMENTE. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO, NO CASO CONCRETO, DA LEI N. 11.340/06. TJ-SC - CJ: 64616 SC 2009.006461-6, Relator: Roberto Lucas Pacheco, Data de Julgamento: 14/08/2009, Destaca-se que o STJ reconheceu que uma figura pública também pode ser vítima de violência doméstica e familiar. ATRIZ FAMOSA QUE É AGREDIDA PELO NAMORADO É PROTEGIDA PELA LEI MARIA DA PENHA O fato de a vítima ser figura pública renomada não afasta a competência do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher para processar e julgar o delito. Isso porque a situação de vulnerabilidade e de hipossuficiência da mulher, envolvida em relacionamento íntimo de afeto, revela-se ipso facto, sendo irrelevante a sua condição. 1416580/RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, 01/04/2014 https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 13 Jurisprudência O sujeito passivo da violência doméstica objeto da Lei Maria da Penha é a mulher, já o sujeito ativo pode ser tanto o homem quanto a mulher, desde que fique caracterizado o vínculo de relação doméstica, familiar ou de afetividade, além da convivência, com ou sem coabitação. Precedentes: HC 277561/AL, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, 06/11/2014 HC 250435/ RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, 19/09/2013CC 88027/MG, Rel. Ministro OG FERNANDES, TERCEIRA SEÇÃO, 05/12/2008 RHC 046278/AL, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, 09/06/2015, (INFORMATIVO 551) Para a aplicação da Lei n. 11.340/2006, há necessidade de demonstração da situação de vulnerabilidade ou hipossuficiência da mulher, numa perspectiva de gênero. Precedentes: 1430724/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, 17/03/2015, HC 181246/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, 20/08/2013, CC 96533/MG, Rel. Ministro OG FERNANDES, TERCEIRA SEÇÃO, 05/12/2008 Não é possível a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria nos delitos praticados com violência ou grave ameaça no âmbito das relações domésticas e familiares. Precedentes: 1537749/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, 30/06/2015 1464335/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, 24/03/2015 19042/DF, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, 14/02/2012 A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. Súmula 536 do STJ https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 14 Âmbito de Aplicação Para aplicação da Lei Maria da Penha vimos que são necessários requisitos. Dentre eles, que seja uma violência doméstica ou familiar contra mulher baseada no gênero que cause morte, lesão, sofrimento físico, sofrimento sexual, sofrimento psicológico, dano moral ou dano patrimonial: I - No âmbito da unidade doméstica Compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas. O critério utilizado pelo legislador foi o critério ESPACIAL. O legislador dispensou o vínculo familiar, mas, nesse caso, a coabitação. Ex: Empregada doméstica habitual, que mora na casa há algum tempo. (Diarista não se aplica) II - No âmbito da família Compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; Critério adotado pelo legislador foi o vínculo familiar que pode decorrer de laços naturais, vontade expressa ou afinidade. Não há necessidade de coabitação. (STJ – súmula 600) III - em qualquer relação íntima de afeto Agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Inclui namorada, amante, esposa, ex esposa etc. Grande parte da doutrina que “relação íntima” deve englobar relacionamento amoroso, sexual. Ex: Namorado, inconformado com fim do relacionamento, começa a perseguir a vítima. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 15 DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: I - A violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; II - A violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação. (Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018) III - A violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV - A violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; V - A violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. Trate-se de um rol exemplificativo, em virtude da expressão “entre outras” existe no caput do art. 7º. Ou seja pode o legislador definir outras formas em outras leis, por exemplo. O art. 7º não trata de crimes, sim condutas. Perceba que o artigo 7º não possui preceito secundário, não há pena. Porém, as formas de violências, combinadas com a legislação, podem configurar crime, contravenção ou até mesmo fato atípico. Exemplo: Crime: Lesão corporal, homicídio, ameaça. Contravenção: Vias de fato; Fato atípico: Adultério. Violência Física É entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 16 Violência Psicológica Uma das formas de violência psicológica é a ameaça. Não se exige formalidade na representação. A violência psicológica é entendida como qualquer conduta que lhe cause: ➢ Dano emocional e diminuição da autoestima ➢ Que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ➢ Que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ➢ Qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação. Violência Sexual Qualquer conduta que: ➢ A constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; ➢ Que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade ➢ Que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ➢ Que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; Violência Patrimonial Qualquer conduta que: ➢ Configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; Violência Moral ➢ Qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 17 SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS É inviável a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos nos casos de violência doméstica, uma vez que não preenchidos os requisitos do art. 44 do CP. Precedentes: 700718/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, 30/06/2015 700745/MS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, 30/06/2015 HC 320816/MS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, 09/06/2015 A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. O enunciado da Súmula 588 STJ, diz não ser possível a conversão de pena restritiva de direitos para crimes cometidos contra mulheres no ambiente doméstico.O artigo 44, I, CP, prevê que não é possível a conversão da pena privativa de liberdade em pena restritiva de direitos em crimes cometidos com violência ou grave ameaça contra à pessoa. Sendo assim, o artigo 17 da lei Maria da Penha, 11.340/06, possui as sanções e a proibição de conversão das penas. Súmula 588 STJ https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 18 DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO Art. 8º A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes: I - A integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação; II - A promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às consequências e à frequência da violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas; III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1º , no inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal; IV - A implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher; V - A promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres; VI - A celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher; VII - A capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia; VIII - A promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia; IX - O destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher. A Lei Maria da Penha, em seu art.. 8º, estabeleceu que a política pública que visa a coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher deve ser feita por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de ações não governamentais, tendo por diretrizes básicas elencadas nos incisos do art. 8º. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 19 DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso. § 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal. § 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica: I - Acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta; II - Manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. III - Encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) A mulher vítima de violência doméstica muitas vezes precisa ser retirada rapidamente do convívio do agressor. Esse afastamento, entretanto, pode implicar em prejuízos à vítima, e as medidas previstas no §2° têm o condão de diminuir essas consequências danosas, pelo menos no que tange aos vínculos de trabalho. Caso a mulher seja servidora pública, o juiz deve determinar acesso prioritário à remoção, que nada mais é do que a mudança do local de trabalho da servidora. Caso se trate de empregada, a lei autoriza o juiz a determinar a manutenção do vínculo trabalhista pelo período de até 6 meses. A Doutrina tem se posicionado no sentido de que o afastamento deve contemplar também a remuneração, pois de nada adiantaria a vítima manter seu vínculo empregatício se não tiver como se sustentar. Entretanto, não há nenhuma regra a respeito da responsabilidade pelo pagamento dos salários, e nem existe ainda benefício assistencial específico para essa finalidade. § 3º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual. A Lei Maria da Penha protege a mulher com relação à sua liberdade no uso de sua capacidade reprodutiva. São considerados sexualmente violentos os atos que impedirem o acesso da mulher a métodos contraceptivos. A proteção conferida pelo §3° à mulher vítima de violência exige a coordenação de diversos níveis no âmbito governamental e não governamental, possibilitando a garantia de direitos fundamentais. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 20 A Lei 13.871/19 acrescentou três parágrafos ao artigo 9º da Lei 11.340/06 e traz ao autor de violência doméstica ou familiar a obrigação de ressarcir todos os danos causados por suas condutas, como, por exemplo, os gastos da vítima com médico particular. § 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos serviços de saúde prestados para o total tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar, recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas unidades de saúde que prestarem os serviços. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) § 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibilizados para o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) § 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou ensejarpossibilidade de substituição da pena aplicada. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) A Lei 13.871/19 acrescentou três parágrafos ao artigo 9º da Lei 11.340/06 e traz ao autor de violência doméstica ou familiar a obrigação de ressarcir todos os danos causados por suas condutas, como, por exemplo, os gastos da vítima com médico particular. Mais não é só isso: o autor de violência doméstica ou familiar também será obrigado ao ressarcimento dos gastos com o SUS. Nesse último caso, o Estado poderá cobrar do agressor os valores gastos para o tratamento da vítima, e os recursos obtidos serão destinados ao ente da federação que prestou o serviço de saúde. Ainda segundo a nova lei, o autor de violência doméstica ou familiar terá a obrigação de ressarcir os gastos relativos aos equipamentos de monitoramento e segurança, a exemplo de botão de pânico, usado para acionar a polícia, em caso de perigo representado pelo agente. Continua a lei dizendo que a obrigação de ressarcimento por parte do autor de violência doméstica ou familiar não pode atingir o patrimônio da mulher e dos seus dependentes, ou seja, o dinheiro vai ter que sair do bolso do agente. Além disso, a lei proíbe que os ressarcimentos sejam usados como atenuantes ou para fins de substituição da pena. Por fim, é importante lembrar que a obrigação de ressarcimento por parte do autor de violência doméstica ou familiar não depende do trânsito em julgado de eventual condenação. Em outras palavras, ele pode ser acionado na esfera cível, sem necessidade de aguardar o resultado na esfera penal. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 21 § 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade para matricular seus dependentes em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante a apresentação dos documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo de violência doméstica e familiar em curso. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019) § 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou transferidos conforme o disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos competentes do poder público. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019) No dia 9/10/2019 foi publicada a Lei n. 13.882/2019 que alterou a Lei Maria da Penha, incluindo a garantia de matrícula dos dependentes da mulher vítima de violência em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio. O dispositivo modificado por o art. 9º, que prevê que a mulher vítima de violência doméstica deverá receber a devida assistência a ser prestada nos âmbitos: ➢ da saúde; ➢ da assistência social; e ➢ da segurança pública. Na realidade foi incluído no art. 9º o § 7º, que prevê que a mulher vítima da violência doméstica terá prioridade para matricular ou para transferir seus filhos ou outros dependentes para escolas próximas de seu domicílio. Ainda que não haja vaga na escola próxima, o dependente da vítima terá direito de ser matriculado como um excedente, aguardando o surgimento posterior de nova vaga. Isso significa que a escola não poderá recusar a matrícula, quando estiverem presentes as condições que permitam identificar a situação da mãe como vítima de violência doméstica e familiar. Um ponto interessante a ser mencionado é que a nova garantia estabelecida pela Lei Maria da Penha alcança apenas a educação básica, constituída pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Além disso, a informação de que o aluno foi transferido ou matriculado em razão de violência doméstica sofrida por sua mãe deverá permanecer em sigilo, sendo de conhecimento apenas do Juiz, do Ministério Público e dos órgãos competentes do poder público. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 22 DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência deferida. Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) § 1º A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) I - Salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) II - Garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) III - NÃO REVITIMIZAÇÃO DA DEPOENTE, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) A mulher que esteja em situação de violência doméstica e familiar tem o direito de receber atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores previamente capacitados. Os servidores responsáveis por esse atendimento deverão ser preferencialmente do sexo feminino. O aluno deve estar atendo… preferencialmente não é exclusivamente! Em que consiste a chamada “revitimização”? A vítima de um crime, especialmente em delitos sexuais ou violentos, todas as vezes em que for inquirida sobre os fatos, ela é, de alguma forma, submetida a um novo trauma, um novo sofrimento ao ter que relatar um episódio triste e difícil de sua vida para pessoas estranhas, normalmente em um ambiente formal e frio. Desse modo, a cada depoimento, a vítima sofre uma violência psíquica. Assim, revitimização consiste nesse sofrimento continuado ou repetido da vítima ao ter que relembrar esses fatos. Para evitar a revitimização, o Poder Público deverá adotar providências a fim de que a vítima não seja ouvida repetidas vezes sobre o mesmo tema. Além disso, deve-se fazer com que o ambiente em que os depoimentos são prestados seja acolhedor. Por fim, deve-se evitar perguntas que invadam a vida privada da vítima ou que induzam à ideia de que ela teve “culpa” pelo fato, transformando a investigação ou o processo em um “julgamento” sobre o comportamento da vítima. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 23 Alguns autores afirmam que a revitimização é uma forma de “violência institucional” cometida pelo Estado contra a vítima. “A revitimização no atendimento às mulheres em situação de violência, por vezes, tem sido associada à repetição do relato de violência para profissionais em diferentes contextos o que pode gerar um processo de traumatização secundária na medida em que, a cada relato, a vivência da violência é reeditada. Além da revitimização decorrente do excesso de depoimentos, revitimizar também pode estar associado a atitudes e comportamentos, tais como: paternalizar; infantilizar; culpabilizar; generalizar histórias individuais; reforçar a vitimização; envolver-se em excesso; distanciar-se em excesso; não respeitar o tempo da mulher; transmitir falsas expectativas. A prevenção da revitimização requer o atendimento humanizado e integral, no qual a fala da mulher é valorizada e respeitada.”(Diretrizes gerais e protocolos de atendimento. Programa “Mulher, viver sem violência”. Brasil: Governo Federal. Secretaria Especial de Políticas para mulheres. 2015). § 2º Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se- á, preferencialmente, o seguinte procedimento: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) I - A inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) II - Quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em violência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências: I - Garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; II - Encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal; III - fornece transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; IV - Se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; V - Informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de assistência judiciária https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 24 para o eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável. (Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019) O art. 11 da Lei nº 11.340/2006 prevê algumas providências que o Delegado de Polícia deverá adotar ao ter conhecimento da prática de crime de violência doméstica. A Lei nº 13.894/2019 alterou o inciso V do art. 11 para dizer que o Delegado de Polícia deverá explicar à vítima seus direitos e que um desses direitos é o de ela ter assistência judiciária caso ela queria ajuizar ação de divórcio, separação judicial anulação de casamento ou dissolução de união estável. Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: I - Ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada; II - Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias; III - Remeter, no prazo de 48 horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência; IV - Determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários; V - Ouvir o agressor e as testemunhas; VI - Ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele; VI- A - verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese de existência, juntar aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição responsável pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento); (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019) A Lei 13.880, de 08 de outubro de 2019, altera a Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) para prever a apreensão de arma de fogo sob posse de agressor em casos de violência doméstica. VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público. § 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter: I - Qualificação da ofendida e do agressor; II - Nome e idade dos dependentes; III - Descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 25 IV - Informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da violência sofrida resultou deficiência ou agravamento de deficiência preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019) § 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida. § 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde. Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas políticas e planos de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes especializadas para o atendimento e a investigação das violências graves contra a mulher. Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida: (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) I - Pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) II - Pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) § 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) A atualização conferida através da lei nª 13.827 de 13 de maio de 2019 onde se afirma que, verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da vítima, o agressor poderá ser imediatamente afastado do lar pela autoridade judicial; ao delegado de polícia quando o município não ter sede de comarca ou ao policial quando o município não for sede de comarca e não houver delegado de polícia disponível no momento da denúncia. Juiz será comunicado no prazo máximo de 24 horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 26 Por um lado, a abertura dada pela lei aos delegados e policiais representa um avanço no que tange a capacidade de reação das instituições garantidoras da integridade física, psicológica e patrimonial das mulheres tornando o afastamento do lar mais eficaz em situações de conflitos ou agressões. Por outro lado, verifica-se um ponto polêmico uma vez que qualquer policial, às vezes, sem o devido conhecimento jurídico da lei, é capaz de afastar o agressor do lar ou do convíviosem ponderar corretamente as circunstâncias dos fatos como fosse ponderadas por um magistrado. Gerou-se superficialmente o questionamento de que haveria inconstitucionalidade por usurpação de jurisdição por parte do policial, civil ou militar, ao aplicar a medida protetiva de afastamento do convívio contra o agressor (NUCCI, 2019). De acordo com o doutrinador Guilherme de Souza Nucci: “Não se fugiu desse contexto. Não visualizamos nenhuma inconstitucionalidade nem usurpação de jurisdição. Ao contrário, privilegia-se o mais importante: a dignidade da pessoa humana. A mulher não pode apanhar e ser submetida ao agressor, sem chance de escapar, somente porque naquela localidade inexiste um juiz (ou mesmo um delegado). O policial que atender a ocorrência tem a obrigação de afastar o agressor. Depois, verifica-se, com cautela, a situação concretizada.” Nesse contexto, questionar a reserva de jurisdição no caso, significaria prejudicar várias mulheres que sofrem diariamente com agressões domésticas e familiares por conta de uma burocracia estatal judicial. Neste conflito, o princípio constitucional da dignidade a pessoa humana se sobrepõe acima de qualquer princípio ou processo administrativo. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 27 DOS PROCEDIMENTOS Disposições Gerais Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o estabelecido nesta Lei. Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher acumulam competência cível e criminal, e fazem parte da Justiça comum estadual, mas o STF já decidiu que esses órgãos não podem aplicar os “institutos despenalizadores” típicos dos juizados criminais Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) § 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão relacionada à partilha de bens. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) § 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o ajuizamento da ação de divórcio ou de dissolução de união estável, a ação terá preferência no juízo onde estiver. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) A lei 13.894/19 alterou a Lei Maria da Penha para dispor sobre assistência judiciária para divórcio, separação, anulação de casamento ou dissolução de união estável. Entrou em vigor na data de 30/10/2019 três alterações na Lei 11.340/06, todas relativas à assistência judiciária para o ajuizamento de ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável. Uma delas diz respeito ao art. 9º, cujo § 2º passa a contar com o inciso III, segundo o qual o juiz deve assegurar à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica, o encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente. A Lei 13.894/19 passa a estabelecer uma espécie de assistência jurídica que possibilite à vítima de violência doméstica e familiar adotar imediatamente as providências para se separar, dissolver ou anular o vínculo matrimonial ou dissolver a união estável. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 28 A intenção de possibilitar que a assistência seja imediata se extrai de outra modificação que a mesma lei impôs: dentre as providências que o juiz deve adotar no procedimento das medidas protetivas de urgência, segundo dispõe o art. 18 da Lei 11.340/06, está o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para o ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente (a menção expressa à finalidade da ação no inc. II do art. 18 foi incluída pela Lei 13.894/19). A Lei 13.894/19 também altera a disciplina do atendimento pela autoridade policial, que passa a ser obrigada a informar a vítima acerca dos direitos de assistência judiciária para o eventual ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável (art. 11, inc. V, da Lei 11.340/06). O propósito do legislador não é outro senão evitar que a vítima seja obrigada a adotar providências adicionais para romper o vínculo pessoal com o agressor. Com o novo procedimento, a própria comunicação da violência, além de garantir as medidas protetivas necessárias para resguardar a integridade física e psicológica da vítima, pode dar ensejo às primeiras providências para a separação do casal, evitando que a mulher que sofreu a violência tenha que fazê-lo em procedimento apartado. Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: I - Do seu domicílio ou de sua residência; II - Do lugar do fato em que se baseou a demanda; III - Do domicílio do agressor. Atenção ao que pode ser uma pegadinha de prova! Para facilitar o acesso ao Poder Judiciário, a mulher vítima de violência tem a opção de buscar o Juizado que seja mais próximo de sua residência, do local em que ocorreu o ato de violência, ou ainda do domicílio do agressor. Essa opção, entretanto, diz respeito apenas no que se refere aos processos cíveis, ou seja, às medidas protetivas, ações indenizatórias etc. Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. Este dispositivo foi considerado inconstitucional pelo STF em relação aos crimes de lesão corporal, no julgamento da ADI n° 4.424. Para a Suprema Corte, a necessidade de representação da ofendida acaba por esvaziar a proteção constitucional assegurada às mulheres. A ação penal nos crimes de lesão é de natureza pública incondicionada, ou seja, a ação é proposta pelo Ministério Público, sem necessidade de representação por parte da ofendida. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 29 O Plenário, por maioria, julgou procedente ação direta, proposta pelo Procurador Geral da República, para atribuir interpretação conforme a Constituição aos artigos 12, I; 16 e 41, todos da Lei 11.340/2006, e assentar a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão corporal, praticado mediante violência doméstica e familiar contra a mulher. Salientou-se a evocação do princípio explícito da dignidade humana, bem como do art. 226, § 8º, da CF. Frisou-se a grande repercussão do questionamento, no sentido de definir se haveria mecanismos capazes de inibir e coibir a violência no âmbito das relações familiares, no que a atuação estatal submeter-se-ia à vontadeda vítima. ADI 4424/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9.2.2012. (ADI-4424) A decisão da Suprema Corte brasileira quanto à incondicionalidade da ação penal nos crimes de lesão corporal leve e culposa, no âmbito da Lei Maria da Penha tem caráter vinculante e efeito erga omnes. Sendo assim, o posicionamento do STF já está sedimentado, servindo de norte para demais decisões. “09/02/2012 PLENÁRIO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.424 DISTRITO FEDERAL RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO REQTE.(S) :PROCURADOR- GERAL DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) :PRESIDENTE DA REPÚBLICA ADV.(A/S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO INTDO.(A/S) :CONGRESSO NACIONAL AÇÃO PENAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER – LESÃO CORPORAL – NATUREZA. A ação penal relativa a lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada – considerações. A C Ó R D à O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal em julgar procedente a ação direta para, dando interpretação conforme aos artigos 12, inciso I, e 16, ambos da Lei nº 11.340/2006, assentar a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão corporal, pouco importando a extensão desta, praticado contra a mulher no ambiente doméstico, nos termos do voto do relator e por maioria, em sessão presidida pelo Ministro Cezar Peluso, na conformidade da ata do julgamento e das respectivas notas taquigráficas. Brasília, 9 de fevereiro de 2012. MINISTRO MARCO AURÉLIO – RELATOR.” STF, Acórdão da ADI nº 4424, DATA DE PUBLICAÇÃO DJE 01/08/2014 - ATA Nº 98/2014. DJE nº 148, divulgado em 31/07/2014 A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionado. Súmula 542 do STJ https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 30 Lembre-se, porém, de que os crimes de AMEAÇA e CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL, por exemplo, continuam obedecendo à regra do art. 16 (vide julgamento do RHC 33620 do STJ). Entendeu-se não ser aplicável aos crimes glosados pela lei discutida o que disposto na Lei 9.099/95, de maneira que, em se tratando de lesões corporais, mesmo que de natureza leve ou culposa, praticadas contra a mulher em âmbito doméstico, a ação penal cabível seria pública incondicionada. Acentuou-se, entretanto, permanecer a necessidade de representação para crimes dispostos em leis diversas da 9.099/95, como o de ameaça e os cometidos contra a dignidade sexual. ADI 4424/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9.2.2012. (ADI-4424) Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. As vedações do art. 17 endurecem o tratamento dado aos crimes relacionados à violência doméstica contra a mulher. Não podem ser aplicadas penas que consistam exclusivamente em prestação material, ou seja, não pode haver penas cujo cumprimento consista simplesmente no pagamento de valores ou doação de bens. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 31 Das Medidas Protetivas de Urgência Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 horas: I - Conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência; II - Determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para o ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente; (Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019) Uma dessas medidas protetivas de urgência que a vítima poderá pedir é justamente a assistência judiciária . A Lei nº 13.894/2019 altera esse inciso II do art. 18 para deixar claro que essa assistência judiciária abrange o direito de ajuizar ações de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável. III - Comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis. IV - Determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019) Apreender a arma de fogo consiste em recolhê-la com o fim de evitar que o agressor a utilize para qualquer finalidade e que a arma possa ser periciada e utilizada como prova no processo. A alteração na lei não permite que o delegado de polícia suspenda o porte ou posse de arma ou que a apreenda, imediatamente, em razão da prática de violência doméstica. A arma poderá ser apreendida pelo delegado, de imediato, somente se tiver sido utilizada na prática do crime, como apontar a arma para ameaçar ou efetuar disparos de arma de fogo. O Delegado deverá informar nos autos da prisão em flagrante ou do inquérito se o agressor possui arma de fogo ou autorização para ter e caso possua deverá constar nos autos e comunicar a ocorrência registrada à instituição responsável pela concessão do registro ou emissão do porte. A informação nos autos de que o agressor possui arma de fogo é relevante para que o juiz determine a sua apreensão. Ao juiz caberá determinar, no prazo de 48 horas, a apreensão de arma de fogo eventualmente registrada em nome ou sob posse do agressor. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 32 Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. § 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado. § 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados. § 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público. Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. Perceba que o juiz pode decretar a prisão preventiva do agressor a requerimento do Ministério Público, por representação da autoridade policial, ou mesmo de ofício, ou seja, sem qualquer provocação. Os requisitos para a decretação da prisão preventiva do agressor são os mesmos já constantes do art. 312 do CPP, acrescidos da real necessidade de garantir as medidas protetivas de urgência que foram ou virão a ser aplicadas. Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do defensor público. Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor . https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 33 Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor As medidas protetivas de urgência se destinam tanto a vítima (ofendida) quanto ao agressor. As medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor estãono artigo 22 e são formas de SUSPENSÃO ou RESTRIÇÃO de direitos do agressor visando a proteção da vítima. DESNECESSIDADE DA EXISTÊNCIA, PRESETE OU POTENCIAL, DE PROCESSO-CRIME OU AÇÃO PRINCIPAL CONTRA SUPOSTO AGRESSOR STJ – 4ª Turma definiu que as medidas protetivas previstas na lei, observados os requisitos específicos para a concessão de cada uma, podem ser pleiteadas de forma autônoma para proteger a mulher da violência doméstica, independentemente da existência, presente ou potencial, de processo-crime ou ação principal contra o suposto agressor. Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: I - Suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ; Suspender a posse consiste em proibir, temporariamente, que o agressor tenha a arma no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa. Restringir o porte trata de proibir, temporariamente, que o agressor leve a arma consigo nas ruas ou em qualquer local que não seja sua residência ou local de trabalho, em que seja o titular ou responsável legal. A restrição pode ser total (proibição de portar arma em qualquer hipótese) ou parcial (proibição de um policial portar arma quando não estiver em serviço). Tenha como exemplo um policial que obviamente trabalha armado. Ao voltar para casa, caso tenha seu porte restringido, deverá ir sem arma. A cassação refere-se à perda do direito de portar ou possuir arma de fogo. Possui caráter definitivo, sendo possível a obtenção de novo direito de portar/possuir arma de fogo após observar todos os trâmites legais e regulamentares II - Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 34 c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; IV - Restrição ou Suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; Suspensão – Exemplo: Quando o agressor, além de agredir a mãe, agride também os filhos. Restrição – Exemplo: Quando o agressor agride a mãe, mas mantêm vinculo afetivo com os filhos. V - Prestação de alimentos provisionais ou provisórios. Se o agressor for afastado do lar (II – afastamento do lar) e ele também for o provedor, como ficará a mulher? Nesse caso ele poderá ter que prestar alimentos provisórios. Então, o juiz pode aplicar o inciso II e o inciso V (prestação de alimentos). § 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público. § 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso. § 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial. § 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil). O habeas corpus não constitui meio idôneo para se pleitear a revogação de medidas protetivas previstas no art. 22 da Lei n. 11.340/2006 que não implicam constrangimento ao direito de ir e vir do paciente. RHC 31984/PI, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, 25/06/2013, HC 32883, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE 15/06/2012, RHC 57814/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, 07/05/2015 https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 35 Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: I - Encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; II - Determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor; III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; IV - Determinar a separação de corpos. V - Determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, independentemente da existência de vaga. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019) A Lei 13.882/19 também alterou o art. 23 da Lei 11.340/06, que trata das medidas protetivas de urgência à ofendida. O dispositivo passa a contar com o inciso V, segundo o qual o juiz pode determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica mais próxima do seu domicílio, assim como pode determinar a transferência deles para essa instituição, independentemente da existência de vaga. No art. 23, que dispõe sobre as medidas de urgência e se caracteriza pela cautelaridade, existe um plus em relação ao § 7º do art. 9º, pois enquanto aquele dispositivo garante a prioridade na matrícula, este a impõe, ainda que não existam vagas. Trata-se, efetivamente, de duas coisas distintas, pois é possível que a vítima não requeira medidas protetivas, mas decida modificar seu domicílio para se distanciar do agressor. Neste caso, apresentados documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo de violência doméstica e familiar em curso, a direção da unidade de ensino deve zelar pela prioridade estabelecida na nova lei. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 36 Instrumentos para Proteção Patrimonial Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: I - Restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; II - Proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; III - Suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; IV - Prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida. Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ realityconcursos.com REALITY CONCURSOS 37 Do crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: Pena – detenção, de 3
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