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VITÓRIA NOVAIS – MED 115 ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS Grande grupo de substâncias estruturalmente distintas, mas com mesmo efeito farmacológico - anti-inflamatórios - antipiréticos - analgésicos Efeito farmacológico = inibe a síntese de prostaglandinas (PGs) pelo bloqueio da enzima ciclo-oxigenase (COX) PROSTAGLANDINAS: são sinais químicos celulares lipídicos similares a hormônios, porém que não entram na corrente sanguínea, atuando apenas na própria célula e nas células vizinhas (resposta parácrina). Atuam no controle da pressão sanguínea, a função renal, a formação de trombos, os processos inflamatórios, o fluxo sanguíneo regional, a função exercida pelo músculo liso, a atividade neuronal e determinados processos patológicos. Mediadores da inflamação derivados do ácido araquidônico ( componente da membrana celular extraído para o citoplasma através da enzima fosfolipase A2 ) Ácido Araquidônico (AA) = Metabolizado pelas ciclo-oxigenases (COX) dando origem às prostaglandinas - mais especificamente em PGH2 transformada nas diferentes PGs ( PGE2, PGF2, PGI2…) dependente de outras enzimas específicas ( prostaglandina-sintetases) CICLO-OXIGENASES: 3 isoformas: - COX-1 - COX-2 - COX-3 variante da COX-1 expressa de forma constitutiva ( enzima constitutiva é a enzima cuja síntese não dependente da presença de substrato específico) no SNC de função não totalmente compreendida 1) COX-1: expressa de forma constitutiva principalmente em plaquetas e mucosa gastroduodenal manter homeostase - formação do “tampão” plaquetário - estimula mecanismos de defesa contra o ácido gástrico produção de muco 2) COX-2: expressa nas formas constitutiva e indutível forma indutível = responsável pelo processo inflamatório grande alvo terapêutico - sintetizada apenas na presença de estímulos = destruição tecidual e exposição ao LPS bacteriano forma constitutiva = expressa continuamente no cérebro, rins e endotélio vascular - mediadores anti-inflamatórios, vasodilatadores e antitrombóticos de ação local mantém a “saúde” do endotélio FARMACOLOGIA 2 – AULA 1 AINES VITÓRIA NOVAIS – MED 115 EFEITOS ADVERSOS CLÁSSICOS DOS AINES: Mediados pela inibição indesejada da COX-1 - úlcera péptica - tendência ao sangramento EFEITOS TERAPÊUTICOS CLÁSSICOS DOS AINES: Mediados pela inibição da forma indutível da COX-2 - tecidos inflamados AINEs seletivos para COX-2 (COXIBES): Desenvolvidos desde 1990 inibem COX-2 com potência até 3000x > COX-1 menor toxicidade gastroduodenal e plaquetária MAIOR risco cardiovascular FARMACOLOGIA DOS AINES: Diferentes AINEs exercem seus efeitos competindo com o AA pelas COXs todos AINES (exceto o AAS - ácido acetilsalicílico que tem a propriedade de baixar a febre (antipirético), aliviar a dor (analgésico) e reduzir a inflamação (anti-inflamatório).) promovem inibição reversível das COX efeito cessa em cerca de 24-48h Nimesulida, Etodolaco e Meloxicam = desenvolvidos anteriormente aos coxibes com objetivo de serem menos gastrotóxicos - inibição seletiva inferior da COX-2 (10-20x) -não são considerados coxibes nem convencionais clássicos - suficiente para reduzir gastrotoxicidade Quase todos são ácidos orgânicos, por isso: - tem excelente penetração em áreas inflamadas = “meio-ambiente mais ácido” - pKa reduzido (constante de dissociação ácida) - assumem forma não ionizada (mais lipossolúvel) quanto mais baixo for o pH (mais ácido) AAS: Único que bloqueia a COX de maneira irreversível através do processo de acetilação - transferência do radical acetil da molécula do AAS para a COX com formação de uma ligação covalente Bloqueia preferencialmente a COX-1 e “modifica” a COX-2 endotelial - síntese maior de resolvinas e lipoxinas (atuam na resolução da inflamação) efeito cessa somente quando as plaquetas inibidas são naturalmente substituídas por novas : 7 a 10 dias PGs: Fisiologia Fetal PGs mantém o canal arterial aberto CA desvia sangue proveniente da artéria pulmonar para a aorta - permite que o sangue oxigenado que entra pelo sistema venoso (oriundo da placenta) atinja a circulação sistêmica bloqueio à síntese de PG induz obliteração do canal PRINCIPAIS AINES: VITÓRIA NOVAIS – MED 115 VITÓRIA NOVAIS – MED 115 AÇÃO ANTI-INFLAMATÓRIA: Inibição da síntese das PGs através do bloqueio às COXs em algumas doenças, como AR (artrite reumatoide ), não modificam história natural da doença - alívio sintomático (efeito paliativo) - há progressão das erosões articulares em caso de terapia exclusiva AÇÃO ANALGÉSICA: São mais analgésicos que anti-inflamatórios = dose para aliviar dor é menor que a dose necessária para suprimir inflamação Efeito analgésico não é direto PGs sensibilizam terminações nervosas nociceptivas (Nocicepção ou algesia é o termo médico para a recepção de estímulos aversivos, transmissão, modulação e percepção de estímulos agressivos. Receptores de danos são chamados de nociceptores e transmitido pelo sistema nervoso periférico até o sistema nervoso central onde é interpretado como dor.) - reduz limiar de ativação = dificulta deflagração do impulso nervoso - área inflamada é mais “hiperalgésica” que uma área normal Bloqueio à síntese de PGs diminui hipersensibilidade - especialmente se for feito antes do surgimento da lesão p.e.: antes do ato operatório Associação com drogas de ação central aumenta eficácia em aliviar dor - analgésicos opioides (p.e. morfina) - analgésicos simples (p.e. paracetamol) AÇÃO ANTIPORÉTICA: No hipotálamo, temos vasos sanguíneos dotados de endotélio especializado que sintetiza PGs em resposta a pirogênios endógenos e exógenos - interleucinas (IL-1) - LPS bacteriano PGs sintetizadas localmente (principalmente PGE2) cruzam BHE estimulando centros de termorregulação produzindo FEBRE - AINEs bloqueiam a síntese dessas PGs EFEITOS ADVERSOS DOS AINES: AINES e coxibes causam EAs similares com diferenças nos perfis de segurança - toxicidade gastrointestinal - risco cardiovascular - nefrotoxicidade Causam muitas hospitalizações e até óbitos 1) TOXIDADE GASTROINTESTINAL: Bloqueio indesejado da COX-1 leva à inibição de PGs produzidas no TGI como a PGE2 e a PGI2 VITÓRIA NOVAIS – MED 115 - redução da secreção gástrica - vasodilatação - aumento da secreção de muco - aumento da secreção de bicarbonato Dispepsia: EA mais frequente = 10-20% em idosos - sensação de dor ou desconforto na parte superior do abdome; muitas vezes é recorrente. Pode ser descrita como indigestão, gases, saciedade precoce, empachamento pós-prandial, sensação de corrosão interna ou queimação Doença ulcerosa péptica: - Úlcera péptica é a erosão em um segmento de mucosa gástrica, classicamente no estômago (úlcera gástrica) ou nos primeiros centímetros do duodeno (úlcera duodenal), que penetra na muscular da mucosa. Praticamente todas as úlceras são causadas por Helicobacter pylori ou uso de AINE - complicação mais temida - cerca de 30% dos usuários crônicos - muitas vezes não é precedida por dispepsia HDA e/ou perfuração gastroduodenal: 1 a 4% dos pacientes com úlcera - Hemorragia digestiva alta é um sangramento na região do esôfago, estômago, duodeno ou intestino delgado. Essa perda de sangue pode estar relacionada a problemas nestes órgãos, como gastrite, úlcera estomacal, úlcera duodenal, consumo excessivo de certos medicamentos ( como AINES) ou álcool, entre outros. - Cerca de 20% evoluem com complicações “baixas” como hematoquezia = hemorragia retal éo termo médico utilizado para designar a presença de sangue vermelho pelo ânus, sinal de uma hemorragia digestiva baixa efeito direto na mucosa colônica - enterorragia = eliminação de sangue vivo pelo ânus. Coxibes = Apesar de uma toxicidade GI menor, apresentam relação dose-resposta podem causar úlcera péptica AAS = em baixas doses pode causar efeitos GI não há dose segura que não se associe ao surgimento de úlcera péptica - 7% dos pacientes desenvolvem erosões na mucosa GI após 3 meses de uso após 3 meses, até METADE apresenta erosões endoscopicamente identificáveis - maioria dos pacientes é assintomática - Cuidado para uso concomitante de outros AINEs risco de úlcera péptica aumenta em cerca de 10x Pacientes com fatores de risco GI: ■ Pesquisar H. pylori e erradicar se positivo ■ Usar inibidores da bomba de prótons enquanto durar o tratamento ■ não usar antagonistas de receptor H2 ■ Pode-se usar misoprostol, um análogo da PGE2, em pacientes de alto risco 2) RISCO CARDIOVASCULAR: Plaquetas = possuem apenas COX-1 que sintetiza tromboxano A2 - molécula vasoconstritora e pró-trombogênica estimula ativação, adesão e agregação plaquetária Endotélio = expressa COX-2 constitutiva sintetiza prostaciclina (PGI2) sintetiza resolvinas e lipoxinas ( moléculas mediadoras com efeitos antiinflamatórios, vasodilatadores e antitrombogênicos) Coxibes = Inibem preferencialmente a COX-2 endotelial sem interferir na COX-1 plaquetária interfere no equilíbrio entre estímulos VD/ VITÓRIA NOVAIS – MED 115 antitrombogênicos e VC/ pró-trombogênicos = favorece a TROMBOSE AINEs convencionais = reduzem síntese de tromboxano A2 (inibição da COX-1 plaquetária) e acabam privando o endotélio da produção de substâncias protetoras (inibição da COX-2 constitutiva) AUMENTAM risco cardiovascular AINEs & Coxibes = Risco é MAIOR nos pacientes com aterosclerose previamente estabelecida elevam PA ao promoverem retenção renal de sódio AAS em baixas doses = é um AINE relativamente seletivo para COX-1 que inibe a síntese de tromboxano A2 sem reduzir síntese de PGs endoteliais modifica COX-2 endotelial fazendo-a aumentar síntese de resolvinas e lipoxinas em baixas doses (75-325mg/dia) reduz risco CV em pacientes com alto risco 3) NEFROTOXICIDADE: PGs fisiologicamente inibem reabsorção renal de sódio aumentando natriurese (aumento da excreção urinária de sódio ), inibem retenção de água livre promovida pelo ADH (vasopressina- também conhecida como arginina vasopressina ou argipressina ou hormônio antidiurético ou hormona antidiurética, é um hormônio humano secretado em casos de desidratação e queda da pressão arterial; fazendo com que os rins conservem a água no corpo, concentrando e reduzindo o volume da urina.) AINEs reduzem natriurese e excreção de água livre: 25% desenvolvem edema controle anti- hipertensivo mais difícil Nefrite intersticial Aguda: reação idiossincrásica - inflamação renal onde a maior lesão é aos túbulos e tecido intersticial. - combinação de proteinúria nefrótica (lesão mínima glomerular) e nefrite intersticial linfocítica Glomerulopatia membranosa pode ocorrer inflamação e espessamento lento e gradual da membrana basal dos capilares sanguíneos dos glomerulos renais. Ocorre uma significativa perda de proteínas (síndrome nefrótica), mas a função renal segue saudável. AINES E O SISTEMA NERVOSO CENTRAL: Idosos usuários crônicos de AINEs são mais predispostos aos efeitos centrais cefaleia tonteira episódios de confusão mental depressão Convulsões AINES E OS OSSOS: Processo de turnover ósseo (reabsorção pelos osteoclastos e formação de osso novo pelos osteoblastos) é mediado em parte pela produção local de PGs (PGE2) Estudos experimentais mostram que AINEs dificultam o reparo de fraturas uso limitado ao mínimo possível AINEs parecem não interferir na densidade mineral óssea a longo prazo AINES E O SISTEMA IMUNE: Paradoxalmente, PGs exercem efeito imunossupressor sobre o sistema imune AINEs podem aumentar resposta imune específica por isso não são DMD da AR AINES E HEPATOTOXICIDADE: Na maioria das vezes há efeitos discretos, reversíveis após suspensão ou redução de dose - cerca de 15% dos pacientes apresentam aumento de ≥3x das transaminases (TGO/TGP) atenção para o diclofenaco Aumento do tempo de sangramento pela inibição plaquetária - não ocorre com coxibes Apesar de raras, manifestações hematológicas graves respondem por boa parte dos óbitos - anemia aplásica = doença das células-tronco hematopoiéticas que resulta na perda dos precursores dos eritrócitos, hipoplasia ou aplasia da médula óssea e citopenia de duas ou mais linhagens celulares (eritrócitos, leucócitos e/ou plaquetas). - agranulocitose = diminuição ou desaparecimento dos leucócitos polimorfonucleares (freq. menos de 500 granulócitos por mm3) e se manifesta por ulcerações nos intestinos ou em outras mucosas, na garganta e na pele. VITÓRIA NOVAIS – MED 115 - trombocitopenia = condição na qual há uma deficiência de plaquetas (trombócitos) no sangue, células fundamentais para a coagulação. AINES E ASMA: 10-20% dos asmáticos possuem “asma exacerbada por AAS” - broncoespasmo com manifestações nasoculares desencadeados por qualquer AINE - redução da síntese de PGs “protetoras” da mucosa respiratória produzidas pela COX-1 - tríade: rinite vasomotora, polipose nasal (formações polipóides não neoplásicas, pedunculadas e edematosas observadas nas cavidades nasais e seios paranasais em decorrência de um processo inflamatório crônico da mucosa nasal.) e asma AINES, SISTEMA GENITAL E FERTILIDADE: PGs produzidas no folículo ovariano são imprescindíveis para síntese de enzimas proteolíticas ( rompem o folículo e permitem a ovulação) AINEs podem causar infertilidade transitória em mulheres - síndrome do folículo não roto luteinizado MEDIDAS GERAIS PARA REDUÇAO DE RISCOS: Usar estratégias não-farmacológicas para alívio da dor ou analgésicos não AINEs Usar a menor dose pelo menor tempo possível Evitar terapia combinada Evitar uso concomitante de outros agregantes plaquetários (p.e. clopidogrel) e anticoagulantes (p.e. varfarina) OBS. ANALGÉSICOS SIMPLES: Dipirona (Novalgina®) Proscrita nos EUA - pró-droga cujo metabólitos têm propriedades analgésicas - inibe COX-3 - variante da COX-1 no SNC - inibe PGs preferencialmente no SNC Efeitos analgésico e antipirético podem ser esperados em 30 a 60 minutos - geralmente duram 4 horas Efeitos adversos mais comuns: - náusea, vômitos, diarréia, retenção de sódio, fenômenos hemorrágicos, agranulocitose, púrpura, trombocitopenia e anemia aplásica Agranulocitose = casualidade imunoalérgica rara que dura pelo menos uma semana - não é dose-dependente e pode ocorrer em qualquer momento durante o tratamento Paracetamol (Tylenol®) Analgésico (elevação do limiar da dor) e antipirético (ação no centro hipotalâmico) Efeito tem início em 15-30min e permanece por 4-6h - menor grau de ligação às proteínas plasmáticas - não altera tempo de sangramento Posologia (adultos e crianças com >12 anos): 500- 1000mg/dose com intervalos de 4 a 6h - usuários crônicos de bebidas alcoólicas podem apresentar risco aumentado de hepatopatia Hepatotoxidade (7,5-10g em ≤8 horas) sinais clínicos e laboratoriais podem não estar presentes até 48 a 72 horas após ingestão ■ A literatura sugere certos AINEs para condições ou doenças específicas - evidências recentes sugerem que existe pouca diferença de eficácia entre AINEs com relação aos seus efeitos analgésicos e anti-inflamatórios■ O fato de algumas pessoas responderem melhor a um AINE pode ser explicado por características idiossincrásicas diferenças de metabolização justificariam possíveis EA exclusivos de cada droga ■ Paracetamol e Dipirona (ANALGÉSICOS COMUNS) são analgésicos e antitérmicos, sem atividade anti- inflamatória apreciável
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