Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
HISTÓRIA DA MODA Vamos refletir?! O conhecimento da História da Moda se faz imperativo para a Produção de Moda uma vez que a indumentária é reflexo móvel de identidades, comportamentos e características sociais dos períodos históricos e das civilizações; podendo revelar as prioridades de um povo, as aspirações, ou ainda, satisfazer necessidades emocionais simples ou complexas do ser humano, ou seja, a roupa, e toda a composição da imagem pessoal, reverberam quem somos ou gostaríamos de ser. LINHA DO TEMPO: ERA DO COSTUME E ERA DA MODA ATÉ 1899. Nesta Unidade Curricular, serão abordados os conteúdos pertinentes ao período histórico que data desde a Pré-História até a Era Vitoriana, este último pertencente a uma fatia da Idade Contemporânea, Idade esta, que continuará a ser abordada na Unidade Curricular de Moda, Arte e Cultura. PRÉ-HISTÓRIA Existem duas vertentes à respeito do fato que motivou o indivíduo a se cobrir: para a igreja o ser humano iniciou o ato de se vestir pelo sentimento de pudor; o que pode ser verificado a partir do Mito de Adão e Eva: “Os olhos dos dois se abriram, e perceberam que “se me fosse dado escolher no amontoado dos livros que serão publicados cem anos após a minha morte, sabe o que eu escolheria? [...] Eu escolheria tranquilamente, meu amigo, uma revista de moda para ver como as mulheres estarão vestidas um século após meu falecimento. E estes pedacinhos de tecido me diriam mais sobre a humanidade futura do que todos os filósofos, romancistas, pregadores e sábios.” Anatole France HISTÓRIA DA MODA estavam nus; então juntaram folhas de figueira para cobrir-se”. Desta forma, a folha vegetal foi a primeira vestimenta do homem. Já para a ciência, o homem começa a se vestir pela necessidade de proteção diante às intempéries da natureza; quando começaram a sentir a necessidade de diferenciação em relação aos outros, passaram a acrescentar adornos na indumentária. PRIMITIVOS: As roupas dos primitivos eram feitas de peles de animais; para as tornarem maleáveis, utilizavam os óleos dos próprios animais e ácido tânico, encontrado nas cascas de determinadas árvores, resultando em peles macias e impermeáveis. As peles eram presas ao corpo utilizando as garras, os nervos e tendões dos animais. Aprimorando técnicas, as mulheres começaram a limpar e cortar as peles dos animais com a ajuda de lascas de pedra. Além de coserem a peça com “agulhas” feitas de ossos, espinhas e mais tarde bronze. Com o passar do tempo, começaram a usar fibras vegetais, para tecer a vestimenta, mesmo que de maneira rude; além de se adornarem com sementes, pedras, garras e dentes de animais. Você sabia que... DICA DE FILME: A Guerra do Fogo | de Jean-Jacques Annaud. ANTIGUIDADE ORIENTAL MESOPOTÂMIA: A Mesopotâmia foi a região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, onde os Sumérios, Assírios e Babilônios, se desenvolveram. ...ter o domínio da técnica de “fazer” o fogo, e mantê-lo aceso, fazia com que uma tribo primitiva fosse mais evoluída do que outra, que não o dominava? Essa evolução era refletida, inclusive, na indumentária, uma vez que os membros da tribo, que dominava o fogo, utilizavam mais adornos e pinturas corporais. Homem Neanderthal. Crédito: Klaus Nilkens http://www.thinkstockphotos.com/search/2/image?artist=Klaus+Nilkens&family=creative HISTÓRIA DA MODA o Sumérios: primeiro povo sedentário que se tem notícia, viviam às margens dos rios Tigre e Eufrates. Criaram diques e barragens, que impediam enchentes, gerando o desenvolvimento das cidades. Foram eles que inventaram a roda e criaram o primeiro tipo de escrita: a cuneiforme. A indumentária era composta por pele de carneiro, de cabra e de ovelha, além da lã, que eram usadas em saiotes que iam da cintura até acima dos tornozelos, denominados como Kaunakés; caracterizados pelos tufos das fibras, visíveis externamente na peças. Os homens na maioria das vezes usavam o torso nú, enquanto as mulheres, em sua maioria, vestiam trajes longos cobrindo o colo. o Babilônios e Assírios: com a indumentária semelhante, babilônios e assírios usavam uma túnica com mangas curtas e justas. Por cima da túnica, e jogada sobre os ombros, uma estola de franjas formava um saiote diagonal. Para fazerem suas roupas, usavam tecidos de algodão, além da lã e do linho, mas com o passar do tempo tiveram acesso à seda comercializada pela China. Nobres e servos usavam o mesmo traje, a diferenciação ficava por conta do comprimento da túnica; sendo a longa para os mais abastados. Porém, a posição social era mais claramente revelada pelo uso da estola e cintos: quanto mais nobre, mais enfeitado era. Outros King of Lagash. Crédito: Photos.com Rei Nabucodonosor da Babilônia e súditos. Crédito: Peter Dennis http://www.thinkstockphotos.com/search/2/image?artist=Klaus+Nilkens&family=creative HISTÓRIA DA MODA símbolos de poder, eram a barba e o cabelo. Os reis costumavam usar barba postiça, costuradas com fios de ouro. Tanto homens quanto mulheres, usavam os cabelos longos que eram untados com óleo para hidratar e repelir piolhos. Os únicos ornamentos de cabeça eram a coroa, no caso do Rei, e uma espécie de chapéu/ gorro adotado pelos homens. A utilização de brincos também era um tipo de adorno masculino. Os Assírios eram o mais militarizado dos povos da Antiguidade Oriental, sendo o primeiro exército da história. A indumentária da infantaria e cavalaria, era constituída por roupas de couro, que posteriormente foram recobertas por placas de metal. EGITO: Situados nas margens do Rio Nilo, o povo do Egito considerava o faraó como um deus vivo, o senhor de todos. O faraó usava barba postiça de cerâmica e raspava todos os pelos do corpo e cabelo. O hábito de ter as cabeças raspadas era questão de higiene e saúde, uma vez que os piolhos eram pragas mortais naquele tempo. Assim, perucas de cabelo natural ou fibras vegetais eram utilizadas em ocasiões especiais. Na cabeça usava, ainda, o Claft: cobertura de tecido cujas laterais emolduravam a face. Era hábito, também, pintar o contorno dos olhos para lhe dar maior destaque. Usados justos ao corpo, o traje típico do Egito era o Chanti, uma espécie de tanga masculina; e o Kalasiris, uma túnica longa usada tanto por homem quanto por mulheres. A cor mais usada era o branco e os tecidos mais usados eram linho seguido por algodão, tendo em vista que não usavam fibra de origem animal pois a mesma era considerada impura pela religião. Coroas, peitorais e braceletes em ouro e pedras preciosas eram indispensáveis aos soberanos. No Egito as roupas e complementos ganhavam a Indumentária egípicia. Crédito: Kursatunsal http://www.thinkstockphotos.com/search/2/image?artist=kursatunsal&family=creative HISTÓRIA DA MODA conotação de distinção de classes, os nobres se diferenciavam em opulência e os de classes menos favorecidas podiam andar até nus. Nos pés, alguns usavam sandálias de dedos feitas em palha trançada. Curiosidade: DICA DE FILMES: O príncipe do Egito | animação de Brenda Chapman, Simon Wells e Steve Hickner. Cleópatra | de Joseph L. Mankiewicz, Rouben Mamoulian e Darryl F. Zanuck. ANTIGUIDADE OCIDENTAL GRÉCIA: Arte, democracia, filosofia e estética são temas que se relacionam diretamente à Grécia Antiga; berço, também, dos Jogos Olímpicos, onde os vencedores recebiam uma coroa de folhas de louros. Os gregos eram politeístas e cultuavam deuses com aparência e comportamento humano. Ex: Zeus (deus dos deuses), Poseidon (deus dos mares), Hades (deus dos mortos), Afrodite (deusa do amor). A veste grega era composta por um tecido de linho ou lã, de formato retangular, que envolvia o corpo, chamadoquíton. Com efeito blusonado, era preso por broches e amarrado por um cinto ou cordão. Homens e mulheres usavam o quíton. Para eles a veste era longa, para cerimônias, ou curta, para o dia-a-dia; ao passo que para as mulheres era sempre longa. Sobre o quíton alguns ainda utilizavam mantas e o peplo. Quase sempre a veste mantinha a coloração original das fibras, em alguns casos, somente, é que tingiam os fios e/ou tecidos para atingirem a cor desejada. Os egípcios adoravam deuses com formas de animais. Posteriormente, estas divindades ganharam corpos humanos; como Anúbis, deus com cabeça de chacal, que levava os mortos ao tribunal divino. Estátua grega. Crédito: Olgabayraktar http://www.thinkstockphotos.com/search/2/image?artist=tolgabayraktar&family=creative HISTÓRIA DA MODA Em relação à beleza, para os homens de mais idade era comum o uso de barbas, uma vez que os jovens as raspavam. Os cabelos eram comumente usados curtos. Já as mulheres usavam os cabelos soltos e encaracolados. Algumas faziam uma amarração com fitas ou com o Chinó; suporte que prende o cabelo na nuca. As joias também eram muito usadas por elas: braceletes, colares, brincos, anéis, alfinetes e broches cheios de pedraria. O sapato na Grécia distinguia socialmente seu utilizador, os escravos não usavam nenhum tipo de cobertura nos pés. Os gregos lançaram diversos modelos e chegaram a criar os primeiros calçados especializados para cada pé. Curiosidade: ROMA: Localizada na região central da península Itálica, Roma foi fundada em 753 a.C. e teve seu declínio em 476 d.C. por conta da invasão dos bárbaros. Com muita influência Grega, inclusive no vestuário, Roma adotava deuses semelhantes aos dos gregos, porém com nomes diferentes: Zeus (Grécia) era Júpiter (Roma), Afrodite (Grécia) era Vênus (Roma), dentre outros. A peça característica da indumentária romana foi a toga, correspondente ao manto grego, geralmente feita de lã em formato de semicírculo. Muito volumosa, a toga era usada por cima de uma túnica. Quanto mais volumosa fosse mais rico era seu usuário. Os indivíduos de classe baixa e soldados do exército, em geral, usavam apenas a túnica simples de baixo. Na indumentária, as mulheres usavam uma túnica longa com mangas, muitas vezes sobreposta por um manto retangular, que vez ou outra recobria a cabeça. A vestimenta dos militares era composta por uma túnica curta e simples; por cima um saiote e couraça de metal, para proteger o tórax. Alguns usavam um manto por cima da veste, preso por um cinto. Nos pés um tipo de sandália fechada. Na cabeça utilizavam o Gálea, capacete de metal que visava a proteção e adorno. As sandálias romanas consistiam em pedaços de couro atados nos pés com uma fina sola, para o inverno usavam um tipo de bota de cano curto. As sandálias militares se distinguiam pois levam no solado, mais resistente, esferas de metal encravadas. A bota do estilo coturno, como conhecemos hoje em dia, teve origem na Grécia. Cothurnus, como originalmente é denominada a sola alta da bota, era usada em espetáculos de teatro, pois dava altura extra aos atores. Imperador romano Júlio César. Crédito: AndreaAstes http://www.thinkstockphotos.com/search/2/image?artist=AndreaAstes&family=creative HISTÓRIA DA MODA Os penteados das mulheres variavam e com o tempo foram tornando-se mais elaborados, tornando-se um sinal de status. Eram usados coques com mechas, ou o rosto emoldurado por pequenos cachos anelados. Elas usavam joias como pulseiras, anéis, colares e brincos, todos preciosos. DICA DE FILME: Tróia | de Wolfgang Petersen. IDADE MÉDIA | IMPÉRIO ROMANO OCIDENTAL A queda do Império Romano, pela invasão dos bárbaros em busca de riquezas, de solos férteis e de climas agradáveis, é um marco do fim da Antiguidade e início da Idade Média. BÁRBAROS: Bárbaro é o codinome usado pelos romanos para todos aqueles que habitavam fora das fronteiras do império e que não falavam o latim; existindo, então, várias tribos bárbaras como os Hunos, Francos e os Celtas. Habitantes especialmente do norte da Europa, esses povos moravam numa região onde o frio era intenso. Organizavam-se em aldeias rurais, com habitações rústicas feitas de barro e galhos de árvores. Em relação à indumentária: Mulheres: usavam uma túnica longa presa por broches e atadas ao corpo por cintos, sobre ela utilizavam um xale. Por baixo trajavam uma camisa, em geral de linho, com abertura frontal até o peito. Homens: trajavam túnicas que podiam ser mais curtas, sendo de couro ou de tecido, e usavam ainda calções denominados braies; atados às pernas abaixo do joelho. Por cima usavam um manto de couro ou de pele de animal. Homens e mulheres tinham cabelos longos, se diferenciando de escravos, e para se protegerem usavam toucas. FEUDAIS: Com a invasão dos bárbaros quem ficou em Roma (Ocidente) enfrentou: decadência do comércio, descentralização da autoridade e deslocamento para o campo; resultando no sistema que denomina-se Feudalismo. A roupa usada por mais ou menos favorecidos, materialmente falando, tinha a principal diferença nos tecidos e ornamentos, visto que, o corte era muito semelhante para as classes sociais distintas. Em relação à indumentária: Mulheres: trajavam túnica, com ou sem mangas, dependendo do clima, atadas na cintura por um cinto. Sobre os ombros usavam um manto curto, denominado palla, ou um longo até o pé. HISTÓRIA DA MODA Homens: usavam uma túnica com cinto, sendo a dos mais ricos na altura da panturrilha e dos pobres nos joelhos. Por cima usavam uma capa e por baixo calções. Ainda, usavam capuzes podendo ser cobertas com placas metálicas, como fator também de proteção. GÓTICOS: O restabelecimento da economia no Ocidente, novas técnicas agrícolas e a intensificação do comércio, causaram a revalorização dos centros urbanos europeus. A Igreja se sobrepunha a tudo e os próprios monarcas, em escala social, estavam abaixo do Sumo Pontífice. Em relação à indumentária: Mulheres: trajavam vestidos com mangas longas e amplitude na altura dos punhos. O busto do vestido era ajustado ao corpo enquanto as saias amplas pelo volume do tecido chegavam ate os pés. O uso de véus foi uma constante feminina no período gótico. Uso da barbette, que era uma banda de tecido que passava sob o queixo, elevada às têmporas e presa no alto da cabeça sob o penteado. Homens: usavam meias que eram cortadas no formato da própria perna; como longos calções. As túnicas foram se encurtando transformando-se na peça chamada gibão. DICA DE SERIADOS: Merlin e Game of Thrones. EXTRA: http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/the-new-york- times/2016/03/18/moda-do-imperio-romano-vira-destaque-em-nova-york.htm O casamento místico de Santa Catarina. Crédito: Photos.com http://www.thinkstockphotos.com/search/2/image?artist=AndreaAstes&family=creative HISTÓRIA DA MODA IDADE MÉDIA | IMPÉRIO ROMANO ORIENTAL Com a Roma enfraquecida, a capital do Império foi transferida para uma antiga colônia grega chamada Bizâncio, com o Imperador Constantino. Depois de sua morte, o local passou a se chamar Constantinopla – a capital do Império Romano do Oriente (Império Bizantino). BIZÂNCIO: O apogeu da Idade Média se deu na cultura bizantina, no Império Romano do Oriente, durante o governo do imperador Justiniano, cuja esposa era Teodora. A religião vigente era a cristã, todavia, no início do século XVI, houve de fato a cisão entre a cristandade, dividindo-se em Católica Romana (I.R. Ocidental) e Ortodoxa Oriental (I.R. Oriental). O luxo oriental sempre foi mais ostensivo do que o ocidental e, em Constantinopla, não era diferente. Nunca na história da indumentária houve uma aproximação tão grande entre roupas civis e roupas religiosas.• A roupa em si era muito semelhante para os dois sexos, sendo que ambos usavam túnicas com mangas longas até os punhos • A influência do corte do manto era nitidamente romana, todavia, evoluiu ganhando maior comprimento. Esses mantos eram presos nos ombros por broches ou fivelas que eram verdadeiras joias, reforçando o luxo oriental. • Não havia sensualidade, o corpo tinha de ser todo coberto. • A seda foi o principal tecido usado em Bizâncio. A fabricação as seda era feita no próprio império e era monopólio do governo. Normalmente, esse tecido só podia ser usado pelos altos funcionários da corte, e os tecidos mais opulentos e suntuosos Mosaico bizantino retratando a Imperatriz Theodora e seus súditos. Crédito: Gameover2012 http://www.thinkstockphotos.com/search/2/image?artist=gameover2012&family=creative HISTÓRIA DA MODA eram de uso da família imperial. Contudo, a lã, o algodão e o linho também faziam parte da indumentária de Bizâncio. • Como se não bastasse todo esse esplendor, as roupas ainda eram bordadas com fios de ouro, pérolas e pedras preciosas, refletindo todo um luxo e fazendo eco aos mosaicos das construções locais, que é a arte maior entre os bizantinos. • As cores eram muito presentes não só para o casal imperial como também para os mais privilegiados materialmente falando; além do uso da complementação ornamental em bordados com cenas religiosas, motivos florais e até mesmo animais. Para os sapatos, não era diferente o excesso de ornamentação. Normalmente em seda, ainda alguns tinham também aplicações de pérolas e pedras. IDADE MODERNA RENASCIMENTO (O nascimento da Moda): O Renascimento foi iniciado no século XIV na Itália, porém difundiu-se, de fato, pela Europa - quando ficou conhecido - no decorrer dos séculos XV e XVI. Antropocêntricos, os renascentistas começaram a separar o que era do domínio de Deus e o que era do domínio dos homens; valorizando a racionalidade. Redescobriram os valores do humanismo greco-romano. Valorizando o individualismo, o homem passa a ter confiança no seu poder de decisão, e desejo de diferenciação, sem estar subordinado a um coletivo. Nessa época ocorre o intenso desenvolvimento dos retratos individuais, feitos em pintura. Com o desenvolvimento das cidades e a reorganização da vida das cortes, aflora o desejo de imitar. Enriquecidos pelo comércio, os burgueses passaram a copiar as roupas dos nobres. Ao tentar variar suas roupas, para diferenciar-se dos burgueses, os nobres inventavam algo novo e assim por diante. Nesse processo de busca pelo novo e pelas novidades, a lógica da moda instaura-se acelerada pelo capitalismo: iniciou –se, mais fortemente na Europa, um processo de distinção através dos trajes usados. Para o sociólogo Gilles Lipovetsky, esta data se impõe em razão do aparecimento de um tipo de vestuário radicalmente novo, diferenciando os sexos: “curto e ajustado para o homem, longo e justo para a mulher”. (1987, p. 31) HISTÓRIA DA MODA • Para os homens, a peça característica desse período foi o gibão, que, com ou sem mangas, era abotoado à frente e alguns tinham “cortes” no tecido denominados landsknecht. Por baixo usavam um chemise com gola aparente. Sobre o gibão, usavam uma sobrecasaca aberta. A parte inferior das roupas masculinas era composta pelos calções bufantes, que encurtaram com o tempo, além da meia calça, que poderiam ser coloridas. Os homens usavam uma espécie de suporte no órgão sexual, denominado Braguette, como um adorno para exibir a masculinidade e virilidade. Nos pés, os sapatos eram de bicos achatados, diferente dos pontiagudos da Idade Média. • Na indumentária feminina, inicialmente era comum o uso do vestido Vertugado. As formas foram ficando arredondadas, com o tempo, perdendo a verticalidade gótica, expandindo-se lateralmente. Esse período foi também marcado pela expansiva armação, denominada farthingale; e pelo corpete, usados pelas mulheres abaixo de seus vestidos. Muito usadas pelas mulheres, as rendas, pérolas e pedras, adornavam inclusive os cabelos. As mulheres, que normalmente utilizavam os cabelos presos, em penteados com textura encaracolada e com tranças, tinham o hábito de raspá-los no alto da testa. Além desses hábitos, os chopines, tamancos que atingiam 50 cm, eram usados pelas mulheres para manter seu vestido acima da sujeira e lama das ruas. Sinônimo de prestígio social, a gola rufo, foi usada tanto por homens quanto por mulheres. Normalmente na cor branca, engomada e em efeito fitado, o rufo cresceu até se transformar em gola Médici, usada, principalmente acoplada na indumentária feminina, como um esplendor. Ícone da época, a Rainha Elizabeth I é inspiração para a Rainha de Copas do filme Alice no País das Maravilhas. DICA DE FILME: Elizabeth - A Era de Ouro | de Shekhar Kapur. Rainha Elizabeth I. Crédito: Photos.com http://www.thinkstockphotos.com/search/2/image?artist=gameover2012&family=creative HISTÓRIA DA MODA DESCOBRIMENTO DO BRASIL - Modos e artefatos de uma terra plural: Enquanto acontecia o Renascimento na Europa, em 1500 a cultura europeia adentrou à “Terra Brasilis” e se deparou com os povos indígenas que aqui viviam e seus costumes. Tempos depois vieram os afrodescendentes que, pelo processo de escravidão, começaram a habitar essa terra. Da fusão de tantos costumes, crenças e pluralidades, surge a heterogênea cultura do Brasil. Mesmo com o calor de 40 graus, as senhoras trajando a indumentária europeia, passeavam nas enlameadas “ruas”, que do outro lado passavam as índias desnudadas. Assim, a indumentária brasileira seguiu sendo cópia da indumentária da Europa. Somente após a primeira guerra mundial, é que o modo de vestir do Brasil começou a ser adaptado, com ainda referência estrangeira. A indumentária e outras características do povo indígena, que na Terra Brasílis habitava, são descritas, e podem ser compreendidas, pela carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei D. Manuel em Maio de 1500: “E estando Afonso Lopes, nosso piloto, em um daqueles navios pequenos, por mandado do Capitão, por ser homem vivo e destro para isso, meteu-se logo no esquife a sondar o porto dentro; e tomou dois daqueles homens da terra, mancebos e de bons corpos, que estavam numa almadia. Um deles trazia um arco e seis ou sete setas; e na praia andavam muitos com seus arcos e setas; mas de nada lhes serviram. Trouxe-os logo, já de noite, ao Capitão, em cuja nau foram recebidos com muito prazer e festa. A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros, de comprimento duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão, agudos na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita como roque de xadrez, ali encaixado de tal sorte que não os molesta, nem os estorva no falar, no comer ou no beber. Os cabelos seus são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta, mais que de sobrepente, de boa grandura e raspados até por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a fonte para detrás, uma espécie de cabeleira de penas de ave amarelas, que seria do comprimento de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço e as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena e pena, com uma confeição branda como cera (mas não o era), de maneira que a cabeleira ficava mui redonda e mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para a levantar.” “Ali falavam e traziam muitos arcos e continhas daquelas já ditas, e resgatavam-nas porqualquer coisa, em tal maneira que os nossos trouxeram dali para as naus muitos arcos e setas e contas. HISTÓRIA DA MODA Então tornou-se o Capitão aquém do rio, e logo acudiram muitos à beira dele. Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim nos corpos, como nas pernas, que, certo, pareciam bem assim. Também andavam, entre eles, quatro ou cinco mulheres moças, nuas como eles, que não pareciam mal. Entre elas andava uma com uma coxa, do joelho até o quadril, e a nádega, toda tinta daquela tintura preta; e o resto, tudo da sua própria cor. Outra trazia ambos os joelhos, com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas e com tanta inocência descobertas, que nisso não havia nenhuma vergonha. Também andava aí outra mulher moça com um menino ou menina ao colo, atado com um pano (não sei de quê) aos peitos, de modo que apenas as perninhas lhe apareciam. Mas as pernas da mãe e o resto não traziam pano algum.” A carta completa pode ser vista em: www.objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf Existem várias tribos indígenas e cada uma possui peculiaridades de costumes, rituais e indumentos; no Brasil, por exemplo, tem diversas tribos espalhadas pelo país: Amawáka (Acre) / Arara (Acre) / Deni (Acre) / Nawa (Acre) / Karipuna (Amapá) / Palikur (Amapá) / Wayampi (Amapá) / Kambeba (Amazonas) / Jarawara (Amazonas) / Korubo (Amazonas) / Wanana (Amazonas) / Anambé (Pará) / Jaruna (Pará) / Kayapó (Pará) / Munduruku (Pará) / Arara (Rondônia) / Aruá (Rondônia) / Nambikwara (Rondônia) / Tupari (Rondônia). Saiba mais! Caracterizada de forma genérica pelos portugueses da Corte, sem ser consideradas suas peculiaridades, a etnia africana esboça os traços da riqueza cultural desse povo que em parte adentrou à Terra Brasilis escravizados. A indumentária e outras características dos negros que chegavam à Terra Brasílis escravizados pela corte, só foram possíveis de serem estudadas a partir das pinturas de Debret e Rugendas, artistas europeus que retrataram este “Novo Mundo”. Para aprofundar o conhecimento e pesquisa da indumentária e características dos indígenas veja: Museu do índio no Rio de Janeiro: http://www.museudoindio.gov.br Livro “História dos índios no Brasil” organizado por Manuela Carneiro da Cunha. Livro “Índios do Brasil” de Julio Cezar Melatti. http://www.objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf HISTÓRIA DA MODA Segundo João Braga e Luís do Prado no livro História da Moda no Brasil, “O trabalho de tecer foi passado para as negras que produziam vestuário para os próprios escravos, para as sacarias de café e demais população pobre [...]”. Inicialmente, pelo que se retira das pinturas, os homens trajavam saiotes feitos de sacas de algodão, ou calças e camisas rudimentares do mesmo tecido. Já as mulheres se cobriam com vestidos recobertos por tecidos amarrados pelo corpo e cabeça. Com o tempo a responsabilidade de vestir “decentemente” os escravos passa a ser cada vez mais de seus senhores; apenas os que trabalhavam dentro das casas é que trajavam indumentos com tecidos luxuosos, uma vez era sinal de prestigio exibir escravos bem vestidos nos passeios pela cidade. Os outros costumavam andar seminus, apenas com uma camisa ou calça de tecido grosseiro (que logo viravam trapos). Segundo o naturalista francês Saint Hilaire "(...) No rancho ainda permanecia um lote de negros e negras, novos que um feitor conduzia a uma fazenda vizinha de Resende. Todos eles usavam roupa nova e as mulheres tinham para vestir-se uma coberta de pano azul. Trajavam camisa de algodão e saia de cor, os homens punham carapuça de lã vermelha, camisa e calção de algodão grosso. Ontem ao anoitecer estenderam esteiras no chão e deitaram-se uns ao lado dos outros, envoltos em cobertores." SAINT-HILAIRE, Auguste de Segunda Viagem a São Paulo e Quadro Histórico da Província de São Paulo Brasília: Ed. Senado Federal, 2002, p. 125 Saiba mais! BARROCO: Estilo que surgiu em Roma; muito comprometido em retratar a emoção humana de maneira expressiva, a partir de efeitos de luz e sombra em suas obras, Barroco significa “pérola irregular, com altibaixos” Para aprofundar o conhecimento e pesquisa da indumentária e características dos afrodescendentes veja: Museu afro-brasil em São Paulo: www.museuafrobrasil.org.br Portal da cultura afro-brasileira: www.faecpr.edu.br/site/portal_afro_brasileira/index.php Livro “O africano que existem em nós brasileiros – Moda e design afro-brasileiros” de Julia Vidal. Livro “Arte africana” de Hildegard Feist. Análise “O vestuário dos escravos no Brasil” de Marta Iansen: http://martaiansen.blogspot.com.br/2011/06/o-vestuario-dos- escravos-no-brasil.html Programa Tv Brasil: http://tvbrasil.ebc.com.br/novaafrica/episodio/moda-africana HISTÓRIA DA MODA O Barroco surge em meio às lutas entre católicos e protestantes, entre o final do século XVI e meados do século XVIII, exaltando a dramaticidade do período na arte e estética ao refletir contrastes tais como: sagrado e profano, fé e razão, claro e escuro, entre outros; como fica claro nas obras de Caravaggio. No Brasil o estilo foi introduzido pelos jesuítas, com intuito de ensinar o caminho religioso aos que aqui viviam. Um pouco mais tarde manifestou-se nas artes plásticas, quando da descoberta do ouro em Minas Gerais, tendo como principal nome o artista plástico Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Na moda, não havia uma única corte que a ditava. A Holanda recebia influência espanhola e, juntamente com o protestantismo local, usaram muito a cor preta. De forma largas e adornos elaborados, a moda no Barroco teve como característica o uso de brocado de seda e rendas. Predominava, ainda, as linhas curvas e o uso do dourado e vermelho. Em relação à indumentária: • As mulheres trajavam vestidos longos, com decote quadrado, e volumosos, com as ancas alargadas. Em alguns, a parte da frente da saia tinha um corte, revelando um saiote. As mangas, normalmente, iam até o cotovelo. O corpete era comum, afinando a cintura. • A gola inclinada, inspirada na Médice, evoluiu para a Gola Caída, que era completamente apoiada sobre os ombros, para ambos os sexos. • A indumentária masculina estava associada aos mosqueteiros do rei e toda extravagância, característica do período, faz referência à moda francesa do Rei Sol, Luiz XIV. Homens, de forma geral, usavam o gibão mais amplo e largo, além do calção, denominado culottes, com altura abaixo do joelho. Por influência oriental, alguns usavam uma túnica longa em tecido brocado. Por fim usavam uma gravata ou tecido de renda adornando a chemise, de punhos largos de renda, que utilizavam por baixo do gibão. A peruca era símbolo da elegância masculina, utilizadas como sinal de distinção social, tendo em vista o preço. Foi por conta da calvície do rei Luís XIV que as mesmas começaram a ser utilizadas. • Os sapatos, de ambos os sexos, eram de salto e pontiagudos, os mais abastados poderiam calçar sapatos com solado vermelho além de serem ornamentados com fivelas e pedrarias. Para os homens, tinha, também, botas de cano longo, como a dos mosqueteiros. Charles I. Crédito: Photos.com http://www.thinkstockphotos.com/search/2/image?artist=gameover2012&family=creative HISTÓRIA DA MODA DICA DE FILME: Os três Mosqueteiros | dirigido por Paul Anderson. ROCOCÓ: O surgimento do Iluminismo no século XVIII, período conhecido como Rococó, foi tido como o apogeu da modernidade sendo a base ideológica de duas das revoluções mais importantes da história da humanidade: a Revolução Industrial e a Revolução Francesa; tendo na data de início da Revolução Francesa,1789, o fim do Rococó. Os iluministas eram pensadores que buscavam, através da razão, compreender a natureza e a sociedade. Em Paris o Rococó surge como uma reação da aristocracia contra o Barroco dramático e suntuoso de Luís XIV. A arte do período foi considerada a mais exagerada, apesar disso, uma das mais requintadas, caracterizando-se pela manifestação da delicadeza, sensualidade e graça; a partir de temas leves, onde imperavam a linha curva, as cores claras e a assimetria. Em relação à indumentária: • A indumentária masculina era composta de culote justo até os joelhos, camisa, colete bordado e abotoado à frente, casaca, meias brancas e sapatos de salto. As perucas continuaram a serem usadas por eles, mas agora eram empoadas com pó branco; tinham um rabo-de-cavalo preso por um laço de fita de seda preta e eram feitas de crina de bode ou de cavalo e de fibras vegetais. • As mulheres continuavam a usar vestidos. Os vestidos tinham um corpete decotado quadrado, com mangas até os cotovelos, sendo finalizadas por babados, rendas e laços de fita, com saias muito volumosas, obtidas por uma espécie de cestinho feito de vime: Paniers. Os penteados, inicialmente baixos e empoados, tornaram-se grandes, chegando ao Criança Marguerite pintada por Diego Velasques. Crédito: Photos.com Experimento científico. Crédito: Photos.com http://www.thinkstockphotos.com/search/2/image?artist=gameover2012&family=creative http://www.thinkstockphotos.com/search/2/image?artist=gameover2012&family=creative HISTÓRIA DA MODA extremo exagero em proporções e em adornos. Não usavam perucas, apenas enchimentos com crina de cavalo. Eram enfeitados com cestos de frutas, caravelas, moinhos de vento, borboletas, etc. Curiosidade: DICA DE FILME: Maria Antonieta | dirigido por Sofia Coppola. IDADE CONTEMPORÂNEA NEOCLÁSSICO: A Revolução Francesa é um marco do fim da Idade Moderna e início da Idade Contemporânea – 1789, onde os ideais de tradição de monarcas, aristocratas e clero foram derrubados pelos esquerdistas sob o lema liberdade, igualdade e fraternidade. Vestir-se com luxo e ostentação esse período se tornou sinônimo de associação com o regime deposto. A busca pela simplicidade levou ao uso das “roupas de campo ingleses” em detrimento às roupas do estilo da corte. A indumentária de maneira geral pode ser dividida em três fases, correlacionadas aos acontecimentos na política: fase Diretório, fase Império, fase Regência. No Brasil a indumentária era a cópia das vestes europeias, como a trajada por Carlota Joaquina, princesa do Brasil, quando da chegada da família Imperial • A indumentária feminina, com influência greco-romana, era composta de vestidos longilíneos, demarcados abaixo do busto, feitos de tecidos finos com transparência; sendo necessário o uso de malhas brancas ou cor da pele por debaixo do mesmo. Por conta dos vestidos fluidos, longas luvas e xales eram usados pelas mulheres, para se protegerem do frio; além de um chapéu, estilo bonnet, com abas fechadas nas laterais, que ficavam sobre os cabelos presos, cacheados e repartidos ao meio. No final do Rococó os paniers, ficaram tão grandes que para a mulher sentar precisava de um banco inteiro, e para ela passar, tinham de abrir duas partes de uma porta. “A liberdade guiando o povo” de Eugene Delacroix. Crédito: Photos.com http://www.thinkstockphotos.com/search/2/image?artist=gameover2012&family=creative HISTÓRIA DA MODA Curiosidade: • Para os homens, as calças como conhecemos atualmente, começam a ser utilizadas, sendo inicialmente muito justas. O traje era completado por botas, um colete curto, o casaco justo e com cauda e um grande lenço amarrado no pescoço, além da cartola. À época, cada vez mais a imagem masculina deixava de estar relacionada à moda. O homem será o responsável pela gestão da cidade e, portanto este novo personagem não deverá lembrar o luxo do Antigo Regime monárquico. Neste contexto (1820) surge a tribo urbana dos Dândis. Os dândis formavam uma tribo que, questionando os novos padrões burgueses de simplicidade, buscava manter o culto do supérfluo, da aparência e da exclusividade. Com ares de distinção e elegância, a estilo “blasé”, buscando nas roupas a ideia de unicidade, tinham alfaiates exclusivos e rejeitavam as peças produzidas industrialmente. Havia, também, os “Incroyables e as Merveilleuses”, Incríveis e Maravilhosas, que se denominavam dândis, porém eram extravagantes e de postura exagerada; mesclavam o estilo neoclássico com o rococó. Com a silhueta distorcida, propositalmente, os homens usavam as antigas perucas e bengalas encurtadas, por exemplo. As mulheres usavam vestidos transparentes, com caudas enormes, adornos chamativos para a época e cabelos esvoaçantes. DICA DE FILME: Emma | dirigido por Douglas McGrath. ROMANTISMO: No Romantismo, período aproximadamente entre 1820 e 1840, teve a restauração da monarquia francesa, estimulando a volta do conservadorismo europeu. Agora, com os homens no campo de trabalho, ficou a cargo das mulheres a exibição dos poderes materiais do marido; elas deveriam ser frágeis e delicadas. Para os homens o estilo dândi permaneceu, quase inalterado: • Barba • Casaco, colete, calça comprida, camisas com altas golas e pescoços adornados com um lenço que deixava a cabeça erguida. A vestimenta feminina gerou a necessidade de criação da bolsa, sendo chamadas de réticule, tendo recebido o apelido de ridícula. Sua invenção deve ao fato dos vestidos não terem bolsos. Albert e Victoria ainda na época do Romantismo. Crédito: Photos.com http://www.thinkstockphotos.com/search/2/image?artist=gameover2012&family=creative HISTÓRIA DA MODA • Cartola = status e poder social que foi usada durante todo o século XIX. Já as mulheres buscaram inspiração no passado e resgataram os valores tradicionais: • Tecidos listrados e florais além de coloridos e o preto • Cintura no seu lugar marcada pelo corpete. • As saias são usadas com anáguas voltando com volume. • Mangas bufantes = “Mangas Presunto” • Decotes aparecem mais na noite: em forma de canoa, além dos tradicionais em V. • Xale manteve-se e podia ser de renda. • Joias: relicários, pulseiras, broches e laços, babados, fitas, flores. • Cabelos: cachos caídos, chapéus de palha ou cetim, do tipo boneca amarrados sobre o queixo. • Sapatos tinham salto baixo e o leque era indispensável. DICA DE FILME: Jane Eyre | dirigido por Cary Fukunaga. ERA VITORIANA: A segunda metade do século XIX, foi marcada por Napoleão III (França) e pela Rainha Vitória (Inglaterra). Na Era Vitoriana a burguesia tinha cada vez mais prestígio: o trabalho com negócios e comércio e a acumulação de capital dentro da sociedade de consumo vigente. Quando a Rainha Vitória se casa com Albert inicia um período pudico com um código moral estrito. Para as mulheres: • Ideal de beleza: pequena e esguia, olhos grandes e escuros, boca pequenina, ombros caídos e cabelos cacheados. • Frágeis, tímidas, inocentes e sensíveis. Era elegante ser pálida e desmaiar facilmente. “Saúde de ferro” eram características das classes baixas. Já os homens: • Pouco mudou da era do romantismo. A calça ficou mais reta e levemente tubular para facilitar o movimento do homem trabalhador. • Usavam gravata ou um lenço de seda branco em torno do pescoço; cartola e um relógio de bolso, com corrente aparente sobre o colete. • De dia, vestiam um casaco longo, normalmente preto. Para uso à noite um casaco trespassado com corte reto. • O fraque com gravata branca também era um traje da época. Mulher Vitoriana Crédito: Photos.com http://www.thinkstockphotos.com/search/2/image?artist=gameover2012&family=creativeHISTÓRIA DA MODA Em 1861 morre príncipe Albert e a rainha vive uma profunda tristeza, não tirando o luto até o fim de sua vida (1902). A morte do príncipe Albert marca o início da segunda fase da era vitoriana. A moda vitoriana do luto extremo e elaborado contribuiu para tornar o preto mais aceito e digno para as mulheres. Uma viúva mantinha o luto por dois anos, podendo optar – como a rainha Vitória – por usá-lo permanentemente. Para as mulheres: • Silhueta menor • Saias passaram a ser retas na frente e projetadas para trás, mas ainda com volume e ornamentos. • Ombros e braços também ficavam mais aparentes • Tecidos eram muito luxuosos como a seda, o tafetá, o brocado, a crepe, a mousseline, dentre outros. • O chapéu ao estilo boneca dava lugar a chapéus pequenos, caídos sobre a testa, usados com cabelos presos. Tranças em torno da cabeça eram muito comuns. No Brasil a indumentária era a cópia das vestes europeias, como a trajada pela Princesa Isabel do Brasil. DICA DE FILME: A Jovem Rainha Vitória | produzido por Martin Scorsese. O NASCIMENTO DA ALTA COSTURA por Charles Frederic Worth A moda, em meados do século XIX, já era um fenômeno que não somente abarcava as classes mais altas, mas sim toda a sociedade acelerada pelo consumismo burguês. Fez-se necessário um sistema de moda que não somente ficasse entre o “bom gosto” das freguesas e a habilidade das costureiras. Antes de Worth, as roupas eram feitas por costureiros que apenas reproduziam aquilo que as senhoras apresentavam, seja a partir de revistas ou bonecas de moda, com tecidos trazidos também por elas. Charles Frederick Worth (1825-1895) quando em 1846, em Paris, começa a trabalhar como balconista de uma conceituada loja de tecidos, não imaginaria que seria percussor de um novo patamar no sistema da moda. No início Worth criou vestidos e sua esposa Marie Vernet vestia-os como uma modelo. Clientes ficaram interessadas e ele teve que abrir um espaço para atendê-las. Depois de ganhar medalhas em mostras internacionais e com o crescente reconhecimento, em 1858, na Rue de la Paix, abriu sua primeira Maison com o suíço Otto Bobergh. A Imperatriz Eugene, esposa de Napoleão III, era a grande incentivadora de Worth. Por sugestão de Worth, a Câmara Sindical de Confecção e Costura foi criada para assumir a intermediação sobre temas relacionados à administração e produção de vestuário. HISTÓRIA DA MODA Em 1910 evoluiu para a Câmara Sindical de Alta-Costura Parisiense, órgão que implantou regras rígidas que delimitam quem faz alta-costura. Atualmente Ralph Toledano é o chefe desta associação cujos membros incluem apenas as empresas designadas como casas de alta- costura. Haute Couture (Alta Costura) é uma marca legalmente protegida e controlada, que só pode ser usado por aquelas casas de moda que foram concedidos a designação pelo Ministério da Indústria francês. O grupo de empresas que gozam o rótulo Haute Couture é revista anualmente. Para fazer parte da Câmara há uma série de regras a cumprir, algumas delas são: • Os modelos são artesanais, ou seja, construídos a mão. • Cada casa emprega no mínimo 20 funcionários especializados no que fazem – por exemplo, bordadeiras. • O endereço da maison deve estar entre as três avenidas mais importantes de Paris: Champs Elysées, Montaigne e Georges V. • A casa deve ter pelo menos cinco andares e concentrar ali um espaço para desfiles. • Cada coleção deve ter 35 modelos originais (nada de cópias) para o dia e para a noite. • As clientes podem encomendar peças sob medida. Pode-se dizer que a alta costura marca a moda na era moderna, além de uma empresa de criação tornou-se máquina de espetáculo publicitário com luxuosas apresentações de coleções ao longo do ano. Saiba mais! PARA INSPIRAR O PROJETO FINAL “O fotógrafo de moda russo Danil Golovkin sabe como transmitir uma história, como é o caso da seção de fotos chamada Garbage Reign! Seu trabalho é caracterizado por um forte senso de composição visual que é de morrer! Ao posicionar seus modelos sobre um cenário simples, surgem personagens de uma realeza decadente, vestidos com materiais recuperados do lixo que lembram o figurino do filme “As Aventuras do Barão Munchausen”. O fotógrafo criou um projeto de moda colorido inspirado nas artes plásticas (moda, fotografia, artes e lixo). Trabalho incrível com detalhes fabulosos. Nesse universo imaginário e surreal, bem “Decadence avec Elegance”, ele mostra de forma irônica que a moda, embora muito elegante, um dia se tornará lixo. É um lixo, mas é um luxo.” Para aprofundar a respeito do sindicato de Alta Costura: • Acesse o portal: www.modeaparis.com/en https://www.behance.net/danilgolovkin HISTÓRIA DA MODA Confira a matéria completa em: http://www.stylourbano.com.br/httpwww-stylourbano-com-bra-necessidade-de-inovacao- tecnologica-na-industria-da-moda/ LISTA DE FONTES DE PESQUISA EM HISTÓRIA DA MODA Museus com arquivos online: MET (Nova York): www.metmuseum.org/ Moma (Nova York): www.moma.org/collection/ Victoria and Albert Museum (Londres): www.vam.ac.uk/page/t/the-collections/ MoMu (Antuérpia): www.momu.be/ MUDE (Lisboa): www.mude.pt/ Museo Del Traje (Madrid): http://museodeltraje.mcu.es/ The Kyoto Costume Institute (Kyoto): www.kci.or.jp/ Museo de la Moda (Santiago): www.museodelamoda.cl/ FIT Museum (Nova York): www.fitnyc.edu/museum/ Museu da Moda de Canela (Canela): www.museudamodadecanela.com.br/principal MASP (São Paulo): www.masp.art.br Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro): http://www.museuhistoriconacional.com.br/ Museu do Traje e do Têxtil (Salvador): www.institutofeminino.org.br/museu_do_traje_e_do_textil/ Livros de Indumentária: A roupa e a moda: uma história concisa | James Laver A evolução da indumentária: subsídios para criação de figurino | Marie Louise Nery História da indumentária e da moda: da Antiguidade aos dias atuais | Bronwyn Cosgrave História da Moda: uma narrativa | João Braga História do Vestuário No Ocidente | François Boucher História do Vestuário | Carl Köhler Tudo sobre moda | Marnie Fogg Histórias da Moda | Didier Grumbach Cronologia da moda – De Maria Antonieta a Alexander McQueen | NJ Stevenson História Ilustrada do Vestuário | Melissa Leventon História Social da Moda | Daniela Calanca http://www.metmuseum.org/ http://www.vam.ac.uk/page/t/the-collections/ http://www.momu.be/ http://museodeltraje.mcu.es/ http://www.kci.or.jp/ http://www.museodelamoda.cl/ http://www.museudamodadecanela.com.br/principal http://www.masp.art.br/ http://www.museuhistoriconacional.com.br/ http://www.institutofeminino.org.br/museu_do_traje_e_do_textil/ http://ggili.com.br/pt/autores/bronwyn-cosgrave http://ggili.com.br/pt/autores/bronwyn-cosgrave
Compartilhar