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A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DO LÚDICO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO. FILIPAK, Regiane.[footnoteRef:1] [1: Aluna do curso de Pedagogia do Centro Universitário Internacional UNINTER. Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso. Turma 2015/08. ² Tutora orientadora no Centro Universitário Internacional UNINTER.] 1289683. TEIXEIRA, Silvinha Maria.² RESUMO Esta pesquisa intitula-se “A importância da utilização do lúdico no processo de alfabetização” e fundamenta-se em apresentar como que as atividades lúdicas enriquecem o desenvolvimento da alfabetização em crianças dos anos iniciais do ensino fundamental. Objetiva-se buscar referencias nas principais obras pedagógicas contemporâneas que refletem sobre a importância de utilizar a metodologia lúdica como forma de auxiliar no processo de alfabetização. Busca-se também mostrar que a metodologia lúdica é mais propícia para a aprendizagem e produz resultados mais satisfatórios. Para esse estudo, realizou-se uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório, seguindo os seguintes tópicos: Conceito de alfabetização; conceitos de ludicidade e jogo e o lúdico no processo de alfabetização. Posteriormente, realizou-se uma pesquisa de campo, de abordagem qualitativa onde por meio de observações e anotações foram comparadas aulas tradicionais e aulas lúdicas. Esta pesquisa foi de fundamental importância porque mostrou como os jogos e brincadeiras auxiliam no processo ensino-aprendizagem do aluno, além de proporcionar o desenvolvimento das capacidades cognitivas, afetivas e motoras. Palavras-chave: Lúdico. Alfabetização. Aprendizagem. 1.INTRODUÇÃO Identifica-se que os jogos e as brincadeiras não são somente um divertimento ou uma recreação, é possível fazer uso destes em sala de aula, trazendo melhorias no processo ensino-aprendizagem. E a partir de um estudo aprofundado com relação à ludicidade e à alfabetização, vamos compreender melhor sobre a importância de utilizar o lúdico como uma forma de alfabetizar. Esta pesquisa tem como propósito apresentar a maneira como as atividades lúdicas enriquecem o desenvolvimento da alfabetização em crianças dos anos iniciais do ensino fundamental. Para a criança, brincar é uma necessidade básica e também um direito fundamental, devido a isto, cada uma deve estar em condições de usufruir das oportunidades educativas voltadas a satisfazer suas necessidades básicas e de aprendizagem. Em pesquisas de campo, é possível perceber que as atividades mecânicas e maçantes ainda estão presentes nas escolas, mas que provocam certo desinteresse por parte dos alunos, muitas vezes atrasando o processo de alfabetização. O presente Trabalho de Conclusão de Curso busca apresentar de forma precisa os conceitos de alfabetização e ludicidade e a forma com que ambas podem contribuir para uma aprendizagem enriquecedora. Para ampliar os conhecimentos, a criança necessita ir além de uma metodologia tradicional, é preciso ensinar de maneira mais lúdica e descontraída para um ensino mais satisfatório. Com isso é possível motivar os educandos a se empenharem em busca do conhecimento. A pesquisa dividiu-se em dois momentos, sendo a primeira parte, uma revisão bibliográfica baseada em autores que tratam do tema abordado, tendo como sequencia os seguintes itens: conceitos de alfabetização, ludicidade e jogo e o lúdico no processo de alfabetização. No segundo momento desenvolveu-se uma pesquisa de campo, de caráter qualitativa onde foram observadas aulas de uma turma em fase de alfabetização, comparando o interesse dos alunos nas aulas em que foram aplicados os métodos tradicionais e nas aulas com uma metodologia baseada na ludicidade. Neste sentido, o objetivo central deste estudo é apresentar a importância de buscar maneiras mais lúdicas e favoráveis à apreensão do conhecimento por parte dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental. E assim nos adaptar com o que o mundo moderno demanda, buscando formar cidadãos críticos e ativos na sociedade. 2.A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE PARA CONQUISTA DA APRENDIZAGEM 2.1.CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO Quando se faz um estudo sobre alfabetização é necessário que se conheça a história desta desde seus primórdios, para que se possa acompanhar o seu progresso. Para Cagliari (1998, p.12), “[...] a alfabetização é, pois, tão antiga quanto os sistemas de escrita. De certo modo, é a atividade mais antiga da humanidade.” O termo alfabetismo Segundo Ribeiro (1997), Foi cunhado nos Estados Unidos na década de 1930 e utilizado pelo exército norte-americano durante a Segunda Guerra, indicando a capacidade de entender instruções escritas necessárias para a realização de tarefas militares. A partir de então, o termo passou a ser utilizado para designar a capacidade de utilizar a leitura e a escrita para fins pragmáticos, em contextos cotidianos, domésticos ou de trabalho, muitas vezes colocado em contraposição a uma concepção mais tradicional e acadêmica [...]. (RIBEIRO, 1997, p.45) E assim como as pessoas e as coisas, a alfabetização também evoluiu muito. O seu surgimento decorreu na Antiguidade, havendo a criação do alfabeto e assim, foram aprendendo o método de soletração, a aprendizagem era lenta e complexa. Na Idade Média, as crianças eram alfabetizadas no ambiente familiar, mas logo, viu-se a necessidade de categorizar as letras de forma correta, não bastava apenas conhece-las. Com isso, veio a exigência da alfabetização para um maior número de pessoas, surgindo então as cartilhas para leitura individual e aprendizagem das línguas nativas, também eram utilizados alfabetos em couro e tábuas com alfabeto entalhado para que as crianças pudessem aprender de forma mais rápida. Até os dias atuais já se tem evoluído bastante quando ao quesito alfabetização. Quanto ao seu conceito, refere-se ao processo de aprendizagem onde as habilidades de ler e escrever são desenvolvidas para que esta habilidade seja vista como uma forma de comunicação com seu meio. De acordo com Holanda (1986, p.82), “é a ação de alfabetizar, de propagar o ensino da leitura”, para Freire (1991, p.68), “o conceito de alfabetização vai além do domínio do código escrito, pois, enquanto prática discursiva, possibilita uma leitura crítica da realidade, constitui-se como um importante instrumento de resgate do cidadão [...].” Sendo assim, não basta apenas saber ler e escrever, é preciso entender o que se está lendo e escrevendo, ambas, devem ter sentido, por isso a criança necessita aprender a decodificar, estabelecer relações entre o som e a escrita e compreender os significados através da escrita. Não pode ser considerada alfabetizada uma pessoa que não consegue expressar-se através da escrita. A alfabetização muitas vezes é considerada um processo permanente que se alonga pela vida toda do ser humano, desde a aquisição da língua materna até a apreensão da língua escrita, que vai se aprimorando até a vida adulta, sempre sendo atualizada, porém, há controvérsias, segundo Soares (1985, p.20) [...] “é preciso diferenciar um processo de aquisição da língua (oral e escrita) de um processo de desenvolvimento da língua (oral e escrita); este último é que, sem dúvida, nunca se interrompe.” Com isso, é possível compreender que o desenvolvimento da alfabetização, decorre num longo processo, passando por várias etapas e utilizando vários métodos. É preciso que o professor alfabetizador esteja muito bem preparado, pois se trata de preparar crianças para o mundo, Valle (2013, p.100) “[...] alfabetizar é conhecer o mundo, comunicando-se e expressando-se”. A missão de alfabetizar deve ser algo levado muito a sério, hoje, as crianças já não estão mais tão interessadas em aprender, talvez seja pelo fato da tecnologia estar muito presente, mas o que de fato se faz necessário são novas formas de alfabetizar. A ludicidade é uma ótima opção para que esta missão seja efetivada com sucesso. 2.2.CONCEITO DE LUDICIDADE E JOGO A origem da ludicidade vem desde os homens primitivos, que já brincavam e construíam seus próprios brinquedos. De acordo com Oliveira(2010 p.15), “as atividades como danças, lutas, pescas e caças são ações intrínsecas de povos primitivos em que o lúdico era expresso na época. Desde seus primórdios, já tinha o intuito de oportunizar conhecimento, ensinar obrigações e responsabilidades. O termo lúdico, para Costa (2005, p.45) “[...] vem do latim ludus e significa brincar. Nesse brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e brincadeiras, a palavra é relativa, também à conduta daquele que joga, que brinca e se diverte”. Para Piaget (1978, p.76), ludicidade é manifestação do desenvolvimento da inteligência que está ligada aos estágios do desenvolvimento cognitivos. Cada etapa está relacionada a um tipo de atividade lúdica que se sucede da mesma maneira para todos os indivíduos. Conforme afirma Santos (2002, p.36), é uma necessidade do ser humano em qualquer idade, e tem como sinônimos: divertimento, diversão e lazer, e como antônimos, tristeza e desânimo. A ludicidade “tem como característica lidar com as emoções, e traz à tona sentimentos de alegria, companheirismo e cooperação, mas também evoca sentimentos de medo, ansiedade e frustração. (RAU, 2012 p. 48). Sendo assim, é possível perceber que vivenciar a ludicidade faz com que a criança aprenda a controlar seus sentimentos e emoções, não somente com intuito de recrear e divertir, mas também trabalhar o seu psicológico para diferentes situações emocionais que possam vir a calhar. Esta metodologia se trata também de uma forma facilitadora para a aprendizagem, a qual pode ser trabalhada desde a educação infantil até os demais níveis educacionais, pois o ato de brincar estimula a criança a pensar e isso faz com que seu processo de aprendizagem seja desenvolvido. Associada à ludicidade, se tratando da abrangência da palavra Ludus, o jogo, para Aristóteles (Aristóteles apud Brougere, (2003, p.179) “é entendido como uma oposição ao trabalho, necessário para que o indivíduo repouse e recomponha a sua energia para o trabalho [...]”, já para Kishimoto (1994, p. 04) “é uma ação voluntária da criança, um fim em si mesmo, não pode criar nada, não visa um resultado final. O que importa é o processo em si de brincar que a criança se impõe.” É possível compreender que o jogo, é um recurso bastante rico, pois pode abranger diversas áreas, desde a recreação que é o seu principal objetivo, até funções pedagógicas, objetivando o ensino e a aprendizagem. Nesse sentido, podemos também salientar que o jogo pode auxiliar nas áreas afetivas e sociais. Sendo assim, posso concluir que este, ensina de maneira prazerosa. Ao se referir ao jogo como recurso pedagógico, é necessário que seu uso em sala de aula seja justificado, pois é possível perceber que há crianças que aprendem com facilidade por meio de jogos em grupos do que em atividades individuais. Nesse contexto, Friedmann (1996), afirma que “[...] o jogo é a atividade essencial das crianças, e seria interessante que contribuísse um dos enfoques básicos para o desenvolvimento dos programas pré-escolares”. (FRIEDMANN, 1996, p.35) Portanto, trabalhar o jogo com as crianças, faz com que sejam incitadas as funções lúdicas e educativas, a primeira com intuindo de proporcionar diversão e prazer, a segunda, função educativa, busca desenvolver saberes e conhecimentos. Pode- se concluir que a ludicidade, se utilizada como recurso pedagógico, pode aliar o prazer à conquista do saber. Segundo Kishimoto (2008) O jogo é um instrumento pedagógico muito significativo. No contexto cultural e biológico é uma atividade livre, alegre, que engloba uma significação. É de grande valor social, oferecendo inúmeras possibilidades educacionais, pois favorece o desenvolvimento corporal, estimula a vida psíquica e a inteligência, contribui para a adaptação ao grupo, preparando a criança para viver em sociedade, participando e questionando os pressupostos das relações sociais tais como estão postos.” (KISHIMOTO, 2008, p.37) De acordo com a autora, para formar cidadãos críticos, é necessário que seja introduzido no planejamento, brincadeiras, contos, jogos e brinquedos. Com isso é possível concluir que estes, enriquecem o trabalho pedagógico, e faz com que a criança se torne um ser mais crítico futuramente. Além disso, a ludicidade pode ser utilizada como forma de introduzir e reforçar a aprendizagem, levando o educando a se sentir satisfeito aprendendo. Pode-se dizer que esta é uma ponte que objetiva chegar a melhores resultados se tratando de uma aprendizagem mais significativa. 2.3. O LÚDICO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO Brincar é um direito fundamental de toda criança, e é brincando que esta tem a oportunidade de desenvolver determinadas áreas, motora, afetiva, cognitiva, entre outras, por esse motivo que a ludicidade pode ser aliada ao processo educativo, pois de acordo com Vygotsky (1987 p.117), “na brincadeira, a criança se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade". De acordo com RAU (2012 p.119) “[...] a prática de jogos e brincadeiras nesta etapa da vida da criança pode contribuir para a formação de um sujeito crítico e construtivo, pois aquela aprende a lidar com suas emoções, explora e descobre diferentes formas de expressão, utiliza linguagens significativas, participa de grupos, expõe e ouve ideias e, por fim, faz tudo isso em diferentes contextos que não apenas o da esfera escolar.” (RAU, 2012, p.119) Sendo assim, vemos que a função da ludicidade na vida da criança é de extrema importância, e que desde a brincadeira mais simples que esta participe já está acumulando uma bagagem de aprendizados. Regras, linguagens, conceitos e valores já estão sendo englobados em seu processo de construção do conhecimento. Com isso, é possível perceber que a ludicidade não possui apenas a função de recrear, de divertir, mas também pode auxiliar na aprendizagem e alfabetização da criança, pois, se fizerem o uso desta em sala de aula, pode despertar maior interesse por parte dos educandos. Nos dias atuais ainda existem escolas que transmitem o conhecimento a partir de atividades mecânicas e maçantes onde são utilizados métodos tradicionais: carteiras enfileiradas, cópias e conteúdo definido por livros didáticos. Os anos iniciais do ensino fundamental acolhe crianças vindas da educação infantil, onde brincavam e se divertiam, ao chegar no ensino fundamental se deparam com outra realidade, precisam seguir regras, serem avaliados, além de ficarem sentados realizando atividades. Devido a isso, se torna necessário buscar metodologias voltadas para o lúdico, objetivando maior interesse e dedicação por parte das crianças, tornar a aula mais atrativa e divertida, conseguindo assim, atingir um nível mais satisfatório no que se trata de alfabetização. As crianças da sociedade atual estão acostumadas a uma realidade tecnológica, onde fazem uso constante de computadores, televisão, celulares e tablets, no entanto, faz se necessária que essas tecnologias sejam utilizadas de forma consciente, por exemplo, uma professora de ensino fundamental, em fase de alfabetização, pode fazer uso de tecnologias em prol do processo de aprendizagem. É preciso investigar o que os alunos mais gostam, as atividades que mais lhe chamam atenção, buscando aliar o “útil ao agradável”. Na concepção de Moyles (2006, p.122) “Para criar um ambiente de aprendizagem em que as necessidades do desenvolvimento das crianças possam ser satisfeitas, em que possa ocorrer uma aprendizagem ativa, o brincar parece ser o meio de aprendizagem natural e mais apropriado.” Para isso, é necessário que a escola ofereça condições necessárias para o seu próprio desenvolvimento, ou seja, proporcionar ambientes adequados e qualificação para seus profissionais, pois é tarefa do professor procurar planejar aulas mais descontraídas e lúdicas. Para que a ludicidade seja abordada em sala de aula, é necessário primeiramente uma atitude do professor/educador, a intenção de trabalhar de maneira mais divertida para chamar maisatenção das crianças deve partir deste, o qual deve analisar a realidade da turma e perceber suas dificuldades e onde deve concentrar maior atenção. Na concepção de Santos (1997, p.14) “quanto mais o adulto vivenciar a sua ludicidade, maior será a chance de este profissional trabalhar com a criança de forma mais prazerosa”. Sendo assim, é possível notar que para que as crianças vivenciem a ludicidade na escola, é preciso que o professor a traga em seu planejamento. Na maioria das vezes, o professor vê o desinteresse dos alunos na sua metodologia de ensino, porém não consegue encontrar maneiras para transformar esta realidade, estes precisam, nesse caso, segundo Rau (2012, p.29) “[...] atuar pedagogicamente com força para a mudança, encontrar formas de agir com os próprios meios, tomando como ponto de partida as partes e não o todo, enfrentando o desafio de educar com criatividade e responsabilidade, descobrindo maneiras mais interessantes de lidar com a realidade”. (RAU, 2012, p. 29) Para tanto, a questão de fazer uso do lúdico em sala de aula, deve ser vista como algo inacabado, pois o professor deve estar sempre se reinventando, analisando sua metodologia, organizar os jogos e brincadeiras em que irá utilizar, que por mais que o “aprender brincando” desperte um interesse muito maior nas crianças, estas, quando feitas repetidamente, sem inovações se tornam entediantes e cansativas. O educador para ser um “educador lúdico” precisa participar com seus educandos ativamente do processo de ensino através da ludicidade, deve além de ensinar, experimentar a ludicidade, pois só assim poderá se integrar e interagir com seus alunos. Para isso, Santos (1997, p.14) define “A formação lúdica se assenta em pressupostos que valorizam a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da afetividade, a nutrição da alma, proporcionando aos futuros educadores vivências lúdicas, experiências corporais, que se utilizam da ação, do pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte dinamizadora”. (SANTOS,1997,p.14) Sendo assim, é necessário que primeiro o educador tenha a experiência do lúdico, para posteriormente transmitir aos seus educandos. É possível perceber grande entusiasmo e satisfação por parte destes quando o educador participa das atividades e interage com eles. Com isso percebe-se que não basta o educador trazer uma metodologia lúdica para a sala de aula, este precisa participar integralmente com os alunos. Para vivenciar uma educação baseada na ludicidade é preciso estar presente como docente. Além disso, o educador deve incentivar, motivar e instigar a imaginação da criança, despertando nela, novas ideias, fazendo com que a própria criança busque resolver os problemas que podem surgir durante os jogos e as brincadeiras, para que esta se sinta ativa. Deve ser levado em conta que ensinar a partir do interesse dos alunos, os mesmos aprenderão de forma mais simples. 3.METODOLOGIA O presente estudo sobre a importância da utilização do lúdico no processo de alfabetização, tem como principais objetivos analisar como a ludicidade pode contribuir para o processo de alfabetização e ressaltar a importância de buscar metodologias mais lúdicas e favoráveis à apreensão do conhecimento por parte dos alunos nos anos iniciais do ensino fundamental. Inicialmente, foi escolhida uma pesquisa bibliográfica de caráter qualitativa, realizada com a utilização de livros, artigos, revistas e textos eletrônicos. Sendo a pesquisa bibliográfica a única forma de saber sobre os fatos do passado. Primeiramente foi feita a seleção destes materiais, após, realizei um levantamento de dados, fiz a leitura dos mesmos, objetivando compreender o que os teóricos e autores pensam sobre o assunto. Feita tal pesquisa, pude observar os diferentes pontos de vista e os diferentes conceitos que existem sobre o tema escolhido, com isso foi possível ter mais clareza no que se trata de ludicidade. O tipo de investigação realizada, foi o qual o investigador entra em contato com os sujeitos, conhecendo-os e compreendendo seu contexto, buscando que sua pesquisa se torne mais concreta. Quanto à abordagem a pesquisa pode ser considerada com qualitativa, pois segundo Silva e Menezes (2005, p.20), “estudos qualitativos são onde se observa fatos de forma direta, tendo o contato com o que está sendo estudado”. O tema foi por mim escolhido, de forma livre, o qual me chamou atenção e me despertou interesse em pesquisar e conhecer a realidade das escolas do município em que resido, no que se trata de alfabetização e metodologias de ensino. Portanto, nesta pesquisa está evidenciada a importância de se trabalhar o lúdico em sala de aula e a maneira como este desperta o interesse das crianças em aprender. Em pesquisa de campo realizada em uma escola do município de Contenda, foram observadas aulas de turmas em fase de alfabetização, comparando o interesse dos alunos nas aulas em que foram aplicados métodos tradicionais e aulas com metodologias voltadas para o lúdico. A pesquisa de campo foi realizada nos dias 01 (um) e 05 (cinco) de março de 2018 (dois mil e dezoito), em turmas de 1º (primeiro) ano A e 1º (primeiro) ano B de uma escola pública do município. A primeira turma teve a participação de 20 alunos e a segunda 23 alunos. A escolha das turmas para a aplicação das diferentes metodologias foi priorizando as que estavam em processo de alfabetização. Na primeira aula ministrada para a turma A, foi utilizada a lousa e os cadernos individuais, a professora iniciou a aula com um texto e em seguida, escreveu algumas atividades referentes ao texto na lousa e pediu para que copiassem, foi realizando a leitura das atividades e pedindo para que as realizassem, durante a leitura todos estavam atentos e em silêncio mas durante as atividades ficaram mais dispersos e desatentos, mas sempre que tinham dificuldades lhe solicitavam. Na turma B, foi apresentado um jogo o qual eles mesmo o confeccionaram, o “rolo silábico” utilizando rolinhos de papel higiênico reciclados e letras impressas em papel sulfite, após a criação do jogo, cada criança procurava formar palavras e apresentar aos colegas, estavam todos eufóricos e entusiasmados, buscando formar a maior quantidade de palavras possível. Foi possível observar grande diferença entre ambas, nas aulas tradicionais com carteiras enfileiradas e atividades copiadas da lousa no caderno, as crianças se dispersavam e não fixavam a atenção no conteúdo, o contrário aconteceu quando a professora adotou uma metodologia diferente, introduziram brincadeiras para fazer a fixação do alfabeto. A concentração das crianças foi total, todos participaram e desenvolveram as atividades. Após as observações, foi entregue a três professoras da escola um questionário do tipo qualitativo, estes foram aplicados a fim de verificar qual a concepção dos professores atuantes no ensino fundamental a respeito da maneira pela qual as atividades lúdicas desenvolvidas podem contribuir para uma aprendizagem significativa. Foram analisadas as respostas dadas pelos professores no qual afirmam que o lúdico influencia realmente numa aprendizagem mais significativa. Com uso deste recurso é mais fácil prender a atenção das crianças e leva-las ao conhecimento. Defendem que a prática da ludicidade como atividade pedagógica de fato é eficaz e proporciona grandes progressos, pois se sentem atraídas a aprender. Através desta pesquisa ficou claro que o professor deve ter consciência e conhecimento de seu trabalho, sabendo qual seu papel no processo, este pode realizar um trabalho através de ações pedagógicas enfocando o lúdico dentro das diversas áreas do conhecimento, em forma de propostas de jogos e atividades que permitam à criança pensar e interagir com seu meio. Portanto, conclui-se que a ludicidade na alfabetização necessita também de alguém que esteja preparado para usá-la, o profissional da educação deve estar sempre se atualizando para poder executar melhor o seu trabalho, e com o uso do lúdico em sala de aula é possível alcançar melhores resultadosno que se refere à apreensão do conhecimento. 2.4. COLETA DE DADOS Os dados desta pesquisa foram coletados através de observação em sala de aula e por meio de questionários aplicados a três professoras desta mesma escola, sendo que todas tem formação acadêmica e experiência na área de educação. As questões foram elaboradas a fim de analisar o ponto de vista de cada professora no que se trata de ludicidade, buscando compreender quais são as finalidades de fazer o uso deste tipo de metodologia em sala de aula, principalmente com crianças dos anos iniciais e que se encontram em fase de alfabetização. Para facilitar a visualização dos dados, elaborou-se quadros descritos com as perguntas feitas na entrevista. Na sequência são apresentadas as perguntas que constavam da entrevista, bem como a análise das repostas dadas pelos sujeitos da pesquisa: Primeira pergunta: Em sua opinião, o que é ludicidade? Os dados estão descritos no quadro 1. Pergunta 1 Em sua opinião, o que é ludicidade? Professora A Ludicidade é transformar o aprendizado em brincadeira, buscando trabalhar a individualidade da criança. Professora B Ludicidade não é somente os jogos e as brincadeiras, mas sim, proporcionar prazer e interação nas crianças enquanto aprendem. Professora C A ludicidade em si é o ato de brincar e se divertir, mas esta pode ser grande aliada a todos nós, professores que buscamos ensinar de forma significativa. QUADRO 1 – COMPREENSÃO DAS PROFESSORAS SOBRE LUDICIDADE. FONTE: A autora (2018) De modo geral, as professoras apresentaram respostas que remetem ao verdadeiro significado de ludicidade, é possível perceber que todas elas apresentam uma compreensão aproximada do termo, além de terem o mesmo objetivo que é utilizá-la como metodologia em sala de aula, para melhor compreensão dos conteúdos por parte dos alunos. Segunda pergunta: Para você, qual a importância do lúdico para o processo de aprendizagem? Pergunta 2 Para você, qual a importância do lúdico para o processo de aprendizagem? Professora A A utilização do lúdico ajuda a enriquecer a pratica pedagógica, levando o aluno a ter satisfação em aprender. Professora B Utilizar o lúdico como metodologia faz com que a criança se dedique mais e tenha vontade de aprender, é fundamental a aplicação deste em sala para que tenhamos um ensino mais satisfatório. Professora C É de extrema importância, pois além de despertar o interesse do aluno, auxilia no desenvolvimento cognitivo e integral da criança. QUADRO 2: COMPREENSÃO DAS PROFESSORAS SOBRE A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DO LÚDICO. FONTE: A autora (2018). Em relação a esta questão, o lúdico é uma ferramenta indispensável no processo ensino aprendizagem. Segundo Teixeira (1995, p.23) ”As atividades lúdicas correspondem a um impulso natural da criança; o lúdico apresenta dois elementos que o caracterizam: o prazer e o esforço espontâneo; as situações lúdicas mobilizam esquemas mentais; as atividades lúdicas integram as várias dimensões da personalidade: afetiva, motora e do conhecimento.” (TEIXEIRA,1995, p.23) Sendo assim é possível afirmar que, por meio das atividades lúdicas, a criança expressa, assimila e constrói a sua realidade. Assim, é possível aprender qualquer disciplina através do lúdico, o qual pode auxiliar no ensino de línguas, de matemática, de estudos sociais, e de ciências, entre outras. No quadro 3, estão relacionadas as respostas das professoras sobre a seguinte questão: PERGUNTA 3: No seu ponto de vista, as atividades lúdicas são bem aceitas pelos educandos? Pergunta 3 No seu ponto de vista, as atividades lúdicas são bem aceitas pelos educandos? Professora A Sim, quando planejo algo voltado para o lúdico eles adoram, ficam bastante entusiasmados e atentos às minhas orientações. Professora B Este tipo de atividades são muito bem aceitas pelos alunos, é bem visível a preferência das crianças pelas atividades lúdicas do que pelas atividades tradicionais, eles se divertem construindo brinquedos e jogos e ainda aprendem com isso. Professora C Sim, eles gostam muito quando trago algo diferente para a sala de aula, eles cansam das atividades maçantes e repetitivas, ao se depararem com atividades divertidas e interessantes prestam muita atenção e se dedicam para fazer a melhor. Além de que ver um rostinho maravilhado é muito gratificante para mim. QUADRO 3 – A ACEITAÇÃO DA METODOLOGIA LÚDICA POR PARTE DOS ALUNOS. FONTE: A autora (2018). Esta questão é bastante relevante se tratando de aprendizado, pois ao gostar do que faz, a criança aprende muito mais rápido, também vale ressaltar que ao alfabetizar uma criança é tarefa de extrema importância para um educador, e este deve se dedicar ao máximo para que a mesma usufrua e aprenda ao mesmo tempo. Com esta próxima pergunta busca-se saber em como as professoras englobam o lúdico em seu planejamento. PERGUNTA 4: Em quais contextos você utiliza o lúdico? Pergunta 4 Em quais contextos você utiliza o lúdico? Professora A Utilizo para apresentar novos conteúdos aos alunos e em atividades interdisciplinares. Professora B Sempre que possível, possibilitando assim uma aprendizagem significativa por meio dos jogos, brinquedos e brincadeiras. Professora C Faço a utilização do lúdico para fixar os conteúdos já trabalhados, apresento teoricamente o tema estudado, após, faço com eles alguma brincadeira ou jogo relacionado para que tenham melhor compreensão e assim, aprendam. QUADRO 4 – MOMENTOS DE UTILIZAÇÃO DO LÚDICO. FONTE: A autora (2018). Observa-se que os contextos de utilização das metodologias voltadas para a ludicidade variam de professora para professora e isso se deve ao fato de cada uma utilizar uma didática diferente, mas ressaltando que o intuito será sempre o mesmo, a aprendizagem e progresso dos seus alunos. Nesta quinta e última pergunta procura-se indagar a maneira como a equipe gestora da escola se atenta a esta questão de ludicidade. PERGUNTA 5: A gestão de sua escola incentiva a ludicidade como prática pedagógica? De que forma? Pergunta 5 A gestão de sua escola incentiva a ludicidade como prática pedagógica? De que forma? Professora A Assim como nós professores, a direção da escola sabe da importância da ludicidade para as crianças e para o processo de ensino como um todo, porém não são disponibilizados recursos financeiros para execução de atividades diferenciadas, temos que trabalhar com materiais que sejam acessíveis. Professora B A equipe de gestão da escola incentiva que utilizemos do lúdico em sala porém não são disponibilizados materiais diferenciados para que a façamos de maneira mais satisfatória. Professora C Sim, há um incentivo mas temos que buscar ideias para trabalhar de forma acessível e barata, eu particularmente, utilizo bastante materiais recicláveis na construção de brinquedos e jogos educativos. QUADRO 5 - COMO A GESTÃO DA ESCOLA AUXILIA OS PROFESSORES NA APLICAÇÃO DA METODOLOGIA LÚDICA. FONTE: A autora (2018). A partir desta questão, pode-se verificar que muitas vezes não é apenas falta de vontade dos professores para tentar inovar na sala de aula, pois estes necessitam de apoio da escola como um todo e que a gestão da escola trabalhe em equipe com seus educadores a fim de propiciar um desenvolvimento significativo em relação ao ensino-aprendizagem das crianças. Com isso, a presente pesquisa de campo objetivou mostrar os pontos positivos para a utilização de metodologias diferenciadas e mais interessantes para os educandos, a fim de mostrar que este é um assunto que não envolve somente a professora ou somente o aluno mas sim a escola como um todo, e que a participação da equipe gestora da escola é fundamental para um bom desenvolvimento no que se trata de alfabetização e conhecimento. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta pesquisa, desenvolvida como trabalho de conclusão de curso, foi possível perceber como a ludicidade tem um papel de grande importância quando se trata da busca pelo conhecimento. A mesma, buscou contribuir paraque os professores dos anos iniciais do ensino fundamental possam buscar maneiras diversificadas de transmitir o conhecimento e mostrar como o emprego de uma nova metodologia pode ser mais eficaz no processo de ensino-aprendizagem. De acordo com os autores estudados e a pesquisa de campo, pôde se constatar que a aplicação de atividades lúdicas como metodologia é capaz de gerar aprendizagens relevantes e vem ganhando cada vez mais adeptos no meio educacional. A pesquisa revelou que o ambiente lúdico é o mais propício para aprender e o ato de brincar está incluso no dia-a-dia das crianças, para tanto há a possibilidade de fazer com que a criança brinque com propósitos e um olhar pedagógico. Com a pesquisa de campo constatou-se que a ludicidade é uma ferramenta de trabalho muito proveitosa para o educador. Ao questionar professoras das séries iniciais do ensino fundamental sobre o lúdico e sua utilização em sala de aula foi possível analisar os vários benefícios que estas trazem para os educandos, vale também observar a dedicação das professoras entrevistadas, as quais buscam fazer o máximo para que seus alunos conquistem o conhecimento e se tornem cidadãos críticos futuramente. Portanto, conclui-se que metodologias voltadas para a ludicidade são de grande valia quando se trata da busca pelo conhecimento, sabendo que o momento da alfabetização é um dos mais importantes na vida escolar de uma criança e necessita de muita atenção e dedicação da equipe escolar como um todo. REFERÊNCIAS BROUGÈRE, G. Jogo e educação. Porto Alegre: Editora Artes Medicas, 2003. CAGLIARI, L.C. Alfabetização e linguística, Editora Scipione, 1998. COSTA, S.A. A formação lúdica do professor e suas implicações éticas e estéticas. Psicopedagogia on line. Educação e saúde mental. 28 de jun, 2005. FREIRE, P. A Educação na cidade, São Paulo: Cortez,1991, p.68. FRIEDMANN, A. Brincar: crescer e aprender, o resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996. HOLANDA, A. B. de. Dicionário da língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1986. KISHIMOTO, T.M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1994. 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