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Metodos de Abordagem

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Assirane Mintade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Métodos de abordagem 
 
 
Curso de Licenciatura em Administração e Gestão da Educação com Habilitações em 
Desenvolvimento Comunitário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Rovuma 
Extensão de Cabo Delgado 
2020 
 
 
 
Assirane Mintade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Métodos de abordagem 
 
 
Trabalho de carácter avaliativo a ser 
apresentado na cadeira de Metodologias de 
Estudo e Investigação Científica, leccionada 
no curso de licenciatura em Ciências 
Alimentares, por: 
Mestre Perlo Miquidade António Rabeca 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Rovuma 
Extensão de Cabo Delgado 
2020 
 
 
Índice 
Introdução ........................................................................................................................................ 3 
1. Métodos de abordagem ............................................................................................................ 4 
1.1. Método indutivo ................................................................................................................ 4 
1.2. Método dedutivo ............................................................................................................... 5 
1.3. Método hipotético-dedutivo .............................................................................................. 6 
1.4. Método dialéctico ............................................................................................................. 7 
1.5. Método fenomenológico ................................................................................................... 9 
1.6. Método hermenéutico ..................................................................................................... 10 
Conclusão ...................................................................................................................................... 13 
Referências bibliográficas ............................................................................................................. 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
O presente trabalho da cadeira de Metodologias de Estudo e Investigação Científica visa debruçar 
acerca do tema: Métodos de abordagem, no qual sarão abordados os seguintes itens: método 
dedutivo; método hipotético-dedutivo; método dialéctico; método fenomenológico e; método 
hermenéutico. 
Para a materialização deste trabalho, o autor recorreu à revisão bibliográfica, que consistiu na 
consulta de livros, cujos autores abordam a temática em questão. 
Com vista à compreensão do conteúdo do presente trabalho, optamos por organizá-lo obedecendo 
a seguinte sequência: introdução, desenvolvimento, conclusão, e para terminar e como em 
qualquer trabalho desta natureza segue-se as referências bibliográficas. 
Uma das características da ciência e do seu conhecimento é a continuidade e o dinamismo. 
Assim, reconhecendo humildemente que o ponto de vista, pró ou contra algumas passagens ou 
afirmações que se corporalizam em torno do trabalho vai significativamente à melhoria dos 
próximos trabalhos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. Métodos de abordagem 
De acordo com ANDRADE (2001, p. 130), “os métodos de abordagem são os que possuem 
carácter mais geral”. São responsáveis pelo raciocínio utilizado no desenvolvimento da 
pesquisa, ou seja, são procedimentos gerais, que norteiam o desenvolvimento das etapas 
fundamentais de uma pesquisa científica. 
Dentre os métodos de abordagem, destacam-se: o indutivo, o dedutivo, o hipotético-dedutivo e o 
dialéctico. 
1.1. Método indutivo 
É um método responsávelpela generalização, isto é, parte-se de algo particular para uma questão 
mais ampla, ou seja, geral. Para Lakatos & Macroni (2003, p. 86): 
Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados 
particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou 
universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo dos 
argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do 
que o das premissas nas quais se basearam. 
O seu objectivo é chegar a conclusões mais amplas do que o conteúdo estabelecido pelas 
premissas nas quais está fundamentado. Esta generalização não ocorre por meio das escolhas a 
priori das respostas, sendo que estas devem ser repetidas, geralmente baseadas na 
experimentação. Isso significa que a indução parte de um fenómento para chegar a uma lei geral 
por meio da observação e de experimentação, descobrindo-se a relação existente entre dois 
fenómenos para se generalizar. 
Podem-se destacar algumas etapas para a utilização do método indutivo: 
 Observação – identificação de fenómenos da realidade, seja de forma natural, seja de 
forma induzida. 
 Hipótese – resposta prévia. 
 Experimentação – análise da reação “causa-efeito”. 
 Comparação – classificar e analisar os dados obtidos. 
 Generalização – tratar de forma universal os dados obtidos. 
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MEZZAROBA & MONTEIRO (2003, p. 63) indicam o cuidado que se deve tern a utilização do 
método indutivo: 
Vamos imaginar essa situação: os jornais dão cobertura a um grande caso de 
corrupção de um proeminente magistrado nacional. O cidadão leigo em 
Sociologia utiliza seu senso comum para reflectir e chega à seguinte conclusão: - 
Se aquele juiz “X” é corrupto, todos os juízes também são! 
Para que não sejam cometidos equívocos na utilização desse método, primeiramente o 
pesquisador deverá se certificar que a relação que se pretende generalizar é verdadeira, que os 
fenómenos ou factos relacionados devem ser idêntico e, por fim, não se pode relevar o aspecto 
quantitativo dos factos ou fenómenos. De acordo com LAKATOS & MARCONI (2003, p. 88), 
aprimorando esses cuidados, foram estipuladas algumas leis para o método indutivo: 
 Nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos; 
 Oque é verdade de muitas partes suficientemente enumeradas de um sujeito, é verdade 
para todo esse sujeito universal. 
Portanto, note-se nesse método é imprescindível a verificação do dado particular, assim como de 
sua utilização de forma geral, por meio de uma experimentação ampla para que a generalização 
obtida seja considerada verdadeira. 
1.2. Método dedutivo 
O método dedutivo é o opsto do indutivo. Ele parte de uma generalização para uma questão 
particularizada. 
Esses argumentos gerais apresentam-se como verdadeiros, pois já foram validados pela ciência. 
Há, portanto, uma relação lógica entre as premissas gerais e os particulares, pois caso a primeira 
seja considerada inválida a conclusão também o será. Essa logicidade fez com que esse método 
fosse amplamente utilizado por pesquisadores mais formalistas. 
Esse tipo de método fundamenta-se no silogismo: partindo de uma premissa maior, passando por 
outra menor e chegando a uma conclusão particular. Vejamos o exemplo a seguir: 
 Premissa maior – os empregadores são favoráveis à flexibilização da lei do trabalho. 
 Premissa menor – Éden é empregador. 
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 Conclusão – logo, Éden é a favor da flexibilização da lei do trabalho. 
Note-se que, se a premissa maior for considerada falsa, a conclusão não terá validade. Para 
MEZZAROBA & MONTEIRO (2003, p. 65), “a questão fundamental da dedução está na relação 
lógica que deve ser estabelecida entre as proposições apresentadas, a fim de não comprometer a 
validade da conclusão”. 
Para SALOMON (1996, p. 30), existem duas diferenças básicas entre os métodos indutivo e 
dedutivo. A primeira consiste no facto de que se todas as premissas são verdadeiras no método 
dedutivo a conclusão deve ser verdadeira. J’a no método indutivo, se todas as premissas são 
verdadeiras, a conclusão é provavelmte, mas não necessariamente, verdadeira. 
A segunda diferença é que no método indutivo a conclusão traz ideias que não estavam presentes 
nas premissas, enquanto no método dedutivotodas as informações já estavam, mesmo que 
indirectamente, previstas nas premissas. 
Note-se que o método dedutivo possibilita ao pesquisador caminhar do conhecido para o 
desconhecido com uma margem pequena de erro. Todavia, esse método é bastante limitado, uma 
vez que a conclusão a que se chegou não pode ultrapassar as premissas. 
Outro aspecto e ser observado, segundo MEZZAROBA & MONTEIRO (2003, p. 65), em relação 
a esses dois métodos é que: 
[…] não se apresentam de forma muito clara, isto porque ambos estão 
fundamentados no processo observacional. Ressalta-se, no entanto, que, se por 
um lado, o método dedutivo pode nos levar à construção de novas teorias e 
novas leis, por outro, o método indutivo só nos possibilita chegar a 
generalizações empíricas de observações. 
O pesquisador, ao escolher o método para sua pesquisa, deverá levar em consideração os seus 
objectivos, o que e onde pretende chegar. Não se deve esquecer também que os métodos de 
abordagem devem estar presentes em todos os momentos da pesquisa, independentemente da 
parte da monografia que está sendo analisada. 
1.3. Método hipotético-dedutivo 
O método hipotético-dedutivo busca unir os dois anteriores, acrescentado a reacionalizacão do 
método dedutivo à experimentação do método indutivo. 
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Foi desenvolvido por Karl R. Popper e consiste na eleição de hipóteses (proposições hipotéticas), 
as quais possuem uma certa viabilidade para responder um determinado problema de natureza 
científica. 
Após a eleição dessas hipóteses, busca-se o falseamento delas, a fim de comprovar sua 
sustentabilidade. O método encerra-se com a comprocação das hipóteses; caso sejam refutadas, 
as hipóteses deverão ser refeitas. 
No enteder de SOARES (2003, p. 39), o método hipotético-dedutivo consistiria: 
[…] na construção de conjecturas, as quais deveriam ser submetidas a testes, os mais diversos 
possíveis, à crítica intersubjectiva e ao controlo mútuo pela discussão crítica, à publicidade crítica 
e ao confronto com os factos, para ver quais as hipóteses que sobrevivem como mais aptas na luta 
pela vida, resistindo às tentativas de refutação e falseamento. 
Figura 1: Passos de utilização do método hipotético-dedutivo 
 
Para que um pesquisador refute uma hipótese, ele deverá actuar de forma crítica, pois, é 
impossível atingir a verdade. Isto quer dizer que uma teoria científica pode fornecer apenas 
soluções temporárias para os problemas que enfrenta, pois assim que uma eventual nova teoria 
responder de forma diferente, ou melhor, ao problemas suscitado, a primeira será refutada. 
1.4. Método dialéctico 
A primeira questão a ser pontuada é a respqito da identificação do método dialético com a 
corrente de pensamento marxista. O método dialético não foi criaso por Karl Marx, mas sim 
Comprovação ou não das hipóteses 
Falseamentos das hipóteses 
Hipóteses 
Problema 
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utilizado na criação de sua teoria. Por isso, a opção por esses méttodo não implica a adpção de 
um pensamento “de esquerda”. 
Dialética é a arte de dialogar, ou seja, de argumentar e contra-argumentar em relação a assuntos 
que não podem ser demonstrados. Para MEZZAROBA & MONTEIRO (2003, p. 71), a dialética, 
portanto, restringe-s, nesse caso, à emissão de opiniões, “[…] que poderiam ser consideradas 
racionai desde que fundamentadas em uma argumentação consistente”. 
Mas há também outra forma de entender o método dialético, que disciplona a construção de 
conceitos para diferenciar os objectos, e examiná-los, com rigor científico. Dessa forma, aquilo 
que se coloca perante o pesquisador como verdade deve ser contraditado, confrontado com outras 
realidades e teorias para obter uma conclusão, uma nova teoria. Utilizar o método dialético como 
raciocínio faz com que seja possível verificar com mais rigor os objectos de análise, justamente 
por serem postos frente a frente com o teste de suas contradições possíveis. 
Mas foi com Hegel que a dialética ganhou espaço na ciência, já no século XIX. Esse pensador 
identificou três momentos básicos que compõem o método dialético: a tese, que constitui uma 
pretensão, a antítese, que vai negar a tese apresentada, e a síntese, que surge de embate teórico 
entre tese e antítese. A síntese, por sua vez, constituirá uma nova tese, à qual será proposta uma 
antítese, assim por diante. Dessa forma, o método dialético impõe movimento, pois a conclusão 
será acatada como uma nova tese, dando continuidade ao método. 
Vejamos como fica o esquema do método dialético: 
Figura 2: Esquema do método dialético 
 
 
Síntese → (𝑁𝑜𝑣𝑎 𝑇𝑒𝑠𝑒) 
Antitese 
Tese 
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Note-se que a partir desse método, o objecto é proposto para se superar mediante a proposição de 
uma antítese, originando um resultado distinto. É a partir dessa permanente superação que 
podemos afirmar que o método dialético é um método de movimento. 
Segundo MEZZAROBA & MONTEIRO (2003, p. 72), 
O que a dialética faz de diferente é captar as estruturas da dinâmica social, não da estática. Não é, 
pois, um instrumental de resfriamento da história, tornando-a mera repetição estanque de 
esquemas rígidos e já não reconhecendo conteúdos variados e novos, mas um instrumental que 
exalte o dinamismo dos conteúdos novos, mesmo que reconheça não haver o novo total. 
Mesmo sendo um método interassntíssiimo, sua utilização é complexa e necessita de um 
amadurecimento na pesquisa. 
1.5. Método fenomenológico 
Para MARTINS & THEÓPHILO (2016, p. 72),“o método fenomenológico consiste em mostrar o 
que é dado e em esclarecer esse dado. Não explica mediante leis nem deduz a partir de 
princípios, mas considera imediatamente o que está presente à consciência: o objecto”. 
Consequentemente, tem uma tendência orientada totalmente para o objecto. Ou seja, o método 
fenomenológico limita-se aos aspectos essenciais e intrínsecos do fenómeno, sem lançar Mao de 
deduções ou empirismo, buscando compreendê-lo por meio da intuição, visando apenas o dado, o 
fenómeno, não importando sua natureza real ou fictícia. 
O método fenomenológico é um método de pesquisa que se distingue como estudo de um 
fenómento tal que ele se apresenta à percepção, para descobrir seu significado. É um método que 
ocupa de descrever um fenómeno tal quel é percebido pelo pesquisador, procurando ir ao 
encontro das coisas em si mesmas. 
Os pesquisadores em fenomenologia entendem que por meio da observação, essa abordagem 
constitui uma tentativa de explicação neutra de um fenómeno como ele se apresenta à consciência 
que a pessoa tem do mundo. A utilização da fenomenologia como método, era para Husserl uma 
garantia contra a certeza ingênua dos positivistas, da ciência de base empírica. Daí os 
pesquisadores fenomenológicos não se apoiarem em teorias sociológicas, psicológicas nem em 
explicações de causas do aparecimento do fenómeno. 
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Segundo essa postura, a realidade é múltipla e depende da interpretação que lhe é dada. Trata-se, 
pois, de um método altamente subjectivo. 
1.6. Método hermenéutico 
No sentido da formulação de uma teoria da interpretação, os filósofos Friedrich Daniel Ernst 
Scheiermacher e Wilhelm Dilthey expandem o alcance de uma compreensão de base teológica e 
jurídica para o conceito de uma compreensão objectiva de qualquer tipo de texto e manifestação 
linguística. 
Para SCHLEIERMACHER (1999, p. 14), 
A hermenêutica pode-se dizer, mostra os limites da dialética; esta, porém, 
mostra a possibilidade daquela. Justamente porque o universal sempre é pensado 
dentro das possibilidades de uma dada linguagem, a hermenêutica é essencial 
para a compreensão do pensamento, mesmo daquele que se perfaz no plano 
ideal-formal. O pensamento puro, não obstante ser caracterizado pela 
imutabilidade e universalidade, nunca se dá por si, mas sempre através de uma 
linguagem histórica, o que coloca a hermenêutica e a dialética em uma relação 
de interdependência também com a gramática, na medida emque na base está a 
operação de entendimento e comunicação linguística. 
Por tudo isso, falar em hermenêutica implica compreender, constituindo um acto infindável de 
reconciliação com o outro, com a natureza, com a realidade e com o mundo da vida. PALMER 
(2006, p. 49) define o método hermenêutico a compreensão, que desvela as estruturas existenciais 
que envolvem a acção humana, no sentido de desocultar o que parece familiar, questionando e 
trazendo os desdobramentos de uma tradução, que envolve riscos e a diversidade de expressões 
vitais. 
Para o autor acima citado, tal concepção de hermenêutica implica uma crítica radical do ponto de 
vista da filologia, pois procura ultrapassar o conceito de hermenêutica como conjunto de regras, 
fazendo uma hermenêutica sistematicamente coerente, uma ciência que descreve as condições da 
compreensão, em qualquer diálogo. O resultado não é uma hermenêutica filológica, mas uma 
hermenêutica geral cujos princípios possam servir de base a todos os tipos de interpretação de 
texto. 
A hermenêutica pode ser compreendida como a maneira pela qual interpretamos algo no 
movimento que interessa e constitui o ser humano, de formar-se e educar-se. A interpretação 
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decorre de um texto, um gesto, uma atitude, uma palavra de abertura e relação com o outro, que é 
capaz de se comunicar, de interagir. Entretanto, o método hermenêutico busca uma reflexão e 
uma compreensão sobre aquilo que vemos, lemos, vivenciamos, criando uma cultura imersa em 
diferentes tradições e experiências. Implica também na forma como realizamos o movimento para 
nos (re)conhecer a partir das experiências no mundo, ou seja, na medida em que interpretamos 
algo, relacionamos diretamente com a visão de mundo que temos, advindas de nossas 
experiências anteriores. Sendo assim, tematizar a compreensão como modo fundador da 
existência humana lança questões críticas sobre o que é educar, aprender, compreender, pesquisar 
e dialogar, para dar conta da singularidade da vida humana. 
Todo projecto de pesquisa constitui-se de uma interrogação, que se denomina de problema de 
pesquisa, com os objectivos, que são as possíveis respostas a estas perguntas, a justificativa, que 
consiste na necessidade sentida e na motivação que levou o pesquisador a seguir aquela temática, 
tendo em vista a contribuição para a sociedade e para o avanço das pesquisas na área. Além da 
metodologia, que é o caminho a ser percorrido (o que efetivamente fez e o como fez) e do 
referencial teórico, que será a etapa onde o pesquisador indicará os autores que pretende se 
apropriar, com suas respectivas teorias para dar conta da estrutura da pesquisa. Nas palavras de 
ALVES (1991, p. 56): 
[...] um projecto de pesquisa consiste basicamente na formulação clara da 
questão (ou questões) que se pretende investigar e na descrição da maneira pela 
qual se planeja respondé-la, acompanhadas de uma argumentação que destaque a 
relevância do estudo e a adequação da estratégia proposta. Em outras palavras, 
seja qual for o tipo de pesquisa, o projecto deverá indicar: (a) o que se pretende 
investigar (o problema e\ou questões do estudo); (b) como se planejou conduzir 
a investigação de modo a responder às questões propostas (procedimentos 
metodológicos); e (c) porque o estudo é relevante (em termos de contribuições 
teóricas e práticas que o estudo pode oferecer). 
Esse giro investigativo não funciona sem a componente da resistência, sem o contraditório, ou 
aquilo que o nega (diferença). Daí que surge o estranhamento hermenêutico e a necessidade de 
mudar, de ultrapassar os obstáculos conservadores para compreender o pensamento da 
humanidade na conversação, pois o visível tem sempre aspectos de invisibilidade. 
Podemos dizer que determinadas informações sobre o estudo proposto podem, e 
devem ser antecipadas, tanto para orientação do próprio pesquisador com o para 
fins da avaliação da proposta. Tais informações compreendem: a focalização do 
problema (incluindo-se aí as questões do estudo, o quadro teórico e a unidade de 
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análise) e sua relevância, e os procedimentos metodológicos (ALVES, 1991, p. 
57). 
Curiosamente, as contribuições que a hermenêutica pode trazer para a elaboração do projecto de 
pesquisa iniciam desde a escolha do tema perpassando pela formulação do problema, ou das 
questões e reflexões de partida. Para GADAMER (2005, p. 484), 
a lógica de pergunta e resposta deve reconstruir duas perguntas distintas que 
encontrarão também duas respostas distintas: a pergunta pelo sentido no curso 
de um grande acontecimento, e a pergunta para ver se este curso se deu de 
acordo com o plano. 
Compreender uma pergunta significa colocar essa pergunta. Compreender uma opinião significa 
compreendê-la como resposta a uma pergunta. Assim tem-se que a formulação do problema de 
pesquisa deriva de uma abordagem hermenêutica no sentido de ir além do diagnóstico, jogando 
luzes ao problema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Conclusão 
Os métodos de pesquisa orientam a colecta de dados, abordagens e técnicas que o pesquisador 
precisa seguir. Normalmente, os pesquisadores buscam esse tipo de orientação somente quando 
estão, de facto, devem realizar uma pesquisa mais aprofundada. Contudo, quanto antes 
aprenderem sobre esse assunto, mais fácil será na hora de escolher um método para fazer o 
embasamento e nortear todo o trabalho. 
O método é a escolha de procedimentos sistemáticos para a descrição e a explicação de 
fenômenos. Esses procedimentos se assemelham ao método científico que consiste em delimitar 
um problema, realizar observações e interpretá-las com base nas relações encontradas, 
fundamentando-se nas teorias existentes. 
Os métodos de abordagem proporcionam as bases lógicas da investigação são vinculados a uma 
das correntes filosóficas que se propõem a explicar como se processa o conhecimento da 
realidade. São eles: método dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo e dialético. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Referências bibliográficas 
ALVES, A. J. O planejamento de pesquisas qualitativas em educação. Cadernos de Pesquisa, 
1991. 
GADAMER, H. G. Verdade e método I. Traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. 
São Paulo: Editora Universitária São Francisco, 2005. 
LAKATOS, Eva M. & MARCONI, M. de A. Metodologia Científica. 10ª ed. São Paulo: editora 
Atlas, 2003. 
MARTINS, Gilberto de Andrade & THEÓPHILO, Carlos Renato. Metodologia da Investigação 
Científica para Ciências Sociais Aplicadas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2016. 
MEZZAROBA, E. J. & MONTEIRO, Z. A. Metodologia da Pesquisa Jurídica: teoria e prática 
da monografia para cursos de Direito. São Paulo: Editora Saraiva, 2003. 
PALMER, R. E. Hermenêutica. Lisboa: Edições 70, 2006.

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