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1 QUÍMICA ORGÂNICA Engenharia Química - 2º. Semestre 2018 Aula 1 Introdução às Reações Orgânicas Ácidos e Bases CONSTANTINO Química Orgânica. Curso Básico Universitário. 1.ed. v. 1, Cap. 1.4 – “Reações Químicas” Cap. 1.5 – “Ácidos e Bases” SOLOMONS & FRYHLE Química Orgânica. 10 ed. v. 1, Cap. 3 “Uma Introdução às Reações Orgânicas e seus mecanismos: Ácidos e Bases” VOLLHARDT & SCHORE Química Orgânica. Estrutura e Função. 4 ed. Cap. 2.2 – “Ácidos e Bases: Eletrófilos e Nucleófilos” 2 Reações orgânicas e seus mecanismos O mecanismo de reação é a descrição dos eventos que ocorrem em nível molecular à medida que os reagentes tornam-se produtos. - reações orgânicas envolvem mais de uma etapa. - existem intermediários de reação. - muitas reações orgânicas envolvem reagentes ácidos ou básicos. - muitas etapas em diversas reações orgânicas envolvem equilíbrios ácido-base. 1. Aspectos Termodinâmicos de uma reação 2. Ruptura homolítica e heterolítica das ligações químicas 3. Estabilidade de radicais e carbocátions 4. Ácidos e bases: definições 5. Força dos ácidos e das bases 6. Relação entre acidez e estrutura química 7. Reações ácido-base 1. Aspectos Termodinâmicos de uma Reação CH3Cl CH3OH+ NaOH H2O aquecimento + NaCl V = k [CH3Cl] [OH - ] Ex/ 4 2. Ruptura Homolítica e Heterolítica Heterólise (hetero-, diferente, + lise, quebra) a ligação covalente é quebrada de maneira que um único átomo fica com seus dois elétrons. São formados íons, um cátion e um ânion. Reações Iônicas. Homólise (homo-, igual, + lise, quebra) a ligação covalente é quebrada de maneira igualitária, onde cada átomo permanece com um elétron desemparelhado. Neste caso, são formados radicais. Reações radicalares 5 • reações heterolíticas ocorrem quase sempre em compostos com ligações covalentes polarizadas. • a reação é freqüentemente assistida pela formação de uma ligação nova. 6 A heterólise de ligações de carbono leva a formação de carbocátions e carbânions. 7 7 3. Estabilidade de Radicais e Carbocátions Ordem de estabilidade relativa de radicais e carbocátions: Quanto mais substituído for o carbono que contém o elétron desemparelhado ou a carga positiva mais estável é o radical/carbocátion. Carbocátions: O carbono que possui o elétron desemparelhado é hibridizado sp2. O radical tem geometria trigonal planar e o elétron desemparelhado está em um orbital p. • um grupo alquila doa elétrons, estabilizando o radical. Assim, quanto mais grupos alquila estiverem ligados, mais estável será o radical. Doação de elétrons do grupo alquila para o radical ocorre por hiperconjugação. 9 9 Hiperconjugação é a sobreposição com orbitais de ligações sigma. Válido para radicais e carbocátions. 10 4. Ácidos e bases - definições 4.1. Definição de Arrhenius (1884) Ácido é qualquer substância que aumenta a concentração de prótons (H+) em solução aquosa. Exemplos: H2SO4, HCl, HNO3 etc. Base é qualquer substância que aumenta a concentração de íons hidróxido (OH-) em solução aquosa. Exemplos: NaOH, Mg(OH)2 etc. Limitação para a Química Orgânica: Restrita a soluções aquosas ! 11 4.2. Definição de Brnsted-Lowry (1923) Ácido é qualquer substância doadora de prótons. Base é qualquer substância aceptora de prótons. a molécula ou íon que se forma quando um ácido perde seu próton é chamada de base conjugada. a molécula ou íon que se forma quando a base recebe um próton é chamada de ácido conjugado. 12 4.3. Definição de Lewis (1938) Ácido é qualquer substância aceptora de par de elétrons. Base é qualquer substância doadora de par de elétrons. Os doadores de H+ não são os únicos ácidos! Tanto o HCl quanto o AlCl3 são ácido de Lewis. 13 Eletrófilos são espécies deficientes em elétrons, ávidas por elétrons para completar seu octeto eletrônico (ácidos de Lewis; p. ex. um carbocátion). Nucleófilos são espécies reativas rica em elétrons, ávidas por um próton ou outro centro pobre em elétrons (bases de Lewis, p. ex. um carbânion). Eletrófilos e nucleófilos 14 5. Força dos ácidos e das bases Ácido forte está completamente ionizado em solução aquosa. Exemplos: HCl, H2SO4, HI etc. Base forte está completamente ionizada em solução aquosa. Exemplos: NaOH, KOH etc. Consideremos a dissolução do ácido acético em água: 15 • podemos expressar a constante de equilíbrio em termos de uma nova constante, Ka, constante de acidez: • expressamos a força de um ácido de forma geral HA da seguinte maneira: Ka [H3O +] força do ácido Ka [H3O +] força do ácido HA + H2O H3O + + A- 16 • a maioria dos ácidos orgânicos é fraca. • a acidez é normalmente expressa em termos de pKa. relação inversa de proporcionalidade Ka pKa [H3O +] força do ácido Ka pKa [H3O +] força do ácido Exemplos: 17 E como prever a força das bases? Quanto mais forte é o ácido, mais fraca é a sua base conjugada. Assim, podemos relacionar a força de uma base ao valor do pKa do seu ácido conjugado. Considerando as forças relativas dos ácidos e das bases podemos prever o resultado de reações ácido-base. 18 EXERCÍCIOS 1. Qual é a base conjugada de cada um dos ácidos a seguir: 2. Qual é o ácido conjugado de cada uma das bases a seguir: 19 6. Relação entre acidez e estrutura química • a força de um ácido de Brnsted-Lowry depende da extensão na qual um próton pode ser separado dele e transferido para uma base. • a remoção do próton envolve a quebra da ligação HA e a formação da base conjugada carregada negativamente (A-) Fatores que podem influenciar a acidez de HA: 6.1. Força da ligação H-A 6.2. Eletronegatividade de A 6.3. Hibridização 6.4. Efeito de ressonância 6.5. Efeito indutivo 20 6.1. Força da ligação H-A • a força de ligação com um próton diminui a medida que descemos uma família da Tabela Periódica e, portanto, a acidez do ácido aumenta. Força das ligações: H-F 135 kcal mol-1 H-Cl 103 kcal mol-1 H-Br 87 kcal mol-1 H-I 71 kcal mol-1 21 6.2. Eletronegatividade de A • a força do ácido aumenta se A é um átomo eletronegativo, pois quanto maior a eletronegatividade de A, maior a estabilidade do ânion A- e, portanto, mais forte o ácido HA. 22 Compare: 23 6.3. Hibridização • os elétrons de orbitais híbridos com maior caráter s estão mais pertos do núcleo e possuem menor energia. C CH H etino pKa = 25 C C H H H H eteno pKa = 44 C C H HH H H H etano pKa = 50 24 6.4. Efeito de ressonância (mesomérico) Princípio: “as moléculas e íons são estabilizados pela ressonância especialmente quando eles podem ser representados por duas ou mais estruturas de ressonância equivalentes” Analisar as diferenças de acidez entre ácidos carboxílicos (pKa entre 3- 5) e álcoois (pKa entre 15-18). Porque? 25 • tanto o ácido acético quanto o íon acetato são estabilizados por ressonância. • existe maior estabilização no íon acetato (2 estruturas equivalentes). 26 • por outro lado, o etanol e seu ânion (íon etóxido) não são estabilizados por ressonância. • isto leva à necessidade de mais energia para a desprotonação do etanol e o equilíbrio é bastante deslocado no sentido do etanol. O etanol é um ácido mais fraco que o ácido acético O íon etóxido é uma base mais forte do que o íon acetato 27 6.5. Efeito indutivo • efeitos indutivos são efeitos eletrônicos transmitidos através do espaço e através das ligações químicas. A eletronegatividade do átomo de flúor é transmitida através das ligações e promove a polarização da ligação carbono-carbono. O efeito indutivo se enfraquece a medida que a distânciaem relação ao átomo sacador de elétrons aumenta. 28 • no ácido acético, o grupo carbonila altamente polarizado exerce um efeito indutivo de atração de elétrons da ligação O-H, tornando o hidrogênio mais ácido ( polarização da ligação). • no etanol, o grupo CH2 não exerce efeito indutivo de atração de elétrons e a ligação O-H é menos polarizada se comparada com a mesma ligação na molécula do ácido acético. Os mesmos efeitos podem ser observados nas respectivas bases conjugadas 29 • outros grupos ou átomos podem exercer efeito indutivo e aumentar a acidez do ácido carboxílico: Os mapas de potencial eletrostático para os ânions acetato e cloroacetato mostram a habilidade relativamente maior deste último em dispersar a carga negativa (devido ao efeito indutivo retirador de elétrons do cloro) 30 Exercício Justifique a acidez relativa dos seguintes ácidos carboxílicos em cada conjunto mostrado a seguir: pKa = 4,75CH3CO2H FCH2CO2H ClCH2CO2H BrCH2CO2H ICH2CO2H pKa = 3,17 pKa = 2,90 pKa = 2,86 pKa = 2,58 pKa = 4,82CH3CH2CH2CO2H CH3CH2CHClCO2H CH3CHClCH2CO2H ClCH2CH2CH2CO2H pKa = 2,86 pKa = 4,05 pKa = 4,53 31 pKa = 4,75CH3CO2H FCH2CO2H ClCH2CO2H BrCH2CO2H ICH2CO2H pKa = 3,17 pKa = 2,90 pKa = 2,86 pKa = 2,58 O efeito indutivo sacador de elétrons é maior para os átomos mais eletronegativos, promovendo maior estabilização da base conjugada do ácido carboxílico e, conseqüentemente, aumentando a sua acidez. pKa = 4,82CH3CH2CH2CO2H CH3CH2CHClCO2H CH3CHClCH2CO2H ClCH2CH2CH2CO2H pKa = 2,86 pKa = 4,05 pKa = 4,53 O efeito indutivo se enfraquece a medida que a distância em relação ao átomo sacador de elétrons aumenta. Assim, quanto mais perto o átomo de cloro estiver do centro negativo na base conjugada do ácido, maior será a sua estabilização e, conseqüentemente, maior será a acidez do ácido carboxílico. 32 7. Reações ácido-base 7.1. Compostos orgânicos como base • qualquer composto orgânico contendo um heteroátomo com um par de elétrons não-ligantes pode agir como base. Exemplos: As reações de transferência de próton como estas são, geralmente, a primeira etapa de muitas reações orgânicas envolvendo várias funcionalidades orgânicas (ex: álcoois, éteres, cetonas, aldeídos, ácidos carboxílicos, ésteres etc). 33 • os elétrons de uma ligação dupla carbono-carbono também podem agir como “base”. • os elétrons estão disponíveis para a reação com ácidos fortes (HA). Exemplo: A reação de um alceno qualquer com um ácido forte, por exemplo HCl, leva a formação de um carbocátion como intermediário reacional
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