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MÓDULO 4 – BALANÇO PATRIMONIAL – INTRODUÇÃO Neste módulo conheceremos um pouco sobre o principal demonstrativo contábil emitido pela contabilidade: o Balanço Patrimonial. Estudaremos a sua representação gráfica e seus principais componentes. Veremos, também, um comparativo entre as origens e as fontes de recursos identificadas pela contabilidade. IDENTIFICAÇÃO Trata-se do mais importante demonstrativo contábil emitido pela contabilidade. Nele, encontramos uma posição clara das contas patrimoniais de uma empresa evidenciando a saúde financeira e econômica do negócio em um dado momento no tempo. O Balanço Patrimonial – BP é formado pelo ativo, passivo e patrimônio líquido existente em uma organização. Por convenção, temos que o Balanço Patrimonial se divide em duas colunas. Na coluna da esquerda temos aos elementos que compõem o ativo e, na coluna da direita temos os elementos que compõem o passivo e o Patrimônio Líquido. Assim, esse tipo de relatório contábil representa graficamente e de maneira estática, a posição patrimonial de uma organização em um dado momento. Representação gráfica do Balanço Patrimonial: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LIQUIDO Obs.: A coluna da direita é nomeada apenas de Passivo em função da Lei das S A ATIVO É composto pelo conjunto de bens e direitos de propriedade da organização. São itens que possuem valor expresso em moeda e representam benefícios para a empresa. • Bens: Máquinas, equipamentos, estoques, dinheiro em caixa, veículos etc. • Direitos: Contas a receber, depósitos em conta corrente, títulos de crédito etc. Dessa forma, registra-se no ativo apenas aquele item que atenda simultaneamente as seguintes características: • Bens ou direitos; • Propriedade; • Mensurável em dinheiro; • Benefícios presentes ou futuros. Graficamente a representação do ativo ocorre da seguinte forma: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LIQUIDO Bens Máquinas Equipamentos Estoques Dinheiro em caixa Veículos Direitos Contas a receber Depósitos em conta corrente Títulos de crédito PASSIVO Compreende um conjunto de obrigações contraídas pela empresa. São dívidas exigíveis, que possuem seu valor expresso em moeda e que deverão ser honradas pela organização em data previamente acordada. Assim, o passivo é conhecido como dívidas com terceiros ou capital de terceiros. Veja os exemplos: • · Fornecedores, salários a pagar e empréstimos a pagar. Graficamente a representação do passivo ocorre da seguinte forma: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LIQUIDO Obrigações Fornecedores Salários a pagar Empréstimos a pagar Patrimônio Líquido PATRIMÔNIO LÍQUIDO Evidencia o total de recursos aplicados pelos proprietários da empresa. Trata- se de quantia inicial utilizada para a constituição do negócio, ou seja, o capital social. Esta capital social não pode ser reclamado pelos seus proprietários, mas pode ser vendido ou repassado para outros proprietários. Assim, o patrimônio líquido recebe o nome de capital próprio, pois tais recursos pertencem à empresa. Veja os exemplos: • · Capital social, lucros do exercício e reservas Tal capital pode ser aumentado ao longo do tempo através dos seguintes fatos contábeis: • · Aumento de capital feito por um novo aporte de recursos; • · Incorporação dos lucros auferidos pela atividade empresarial A fórmula matemática, a seguir, expressa o patrimônio líquido de uma empresa: PL = ATIVO – PASSIVO OU PL = bens + direitos – obrigações Graficamente a representação do Patrimônio Píquido ocorre da seguinte forma: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LIQUIDO Obrigações Patrimônio Líquido Capital social Lucros do exercício Reservas De outra forma, pode-se notar, portanto, que o passivo de uma empresa é composto por capitais próprio e capitais de terceiros, ou seja, há duas fontes de recursos. O TERMO “CAPITAL” EM CONTABILIDADE De forma ampla capital significa recursos. Assim, como já comentamos, as obrigações representam capital de terceiros e o patrimônio líquido o capital próprio. Além dessa classificação, pode-se reconhecer os seguintes conceitos de capital em termos contábeis: · Capital social: recurso inicial destinado a constituir um negócio; · Capital Subscrito: Quando os sócios se comprometem a disponibilizar recursos para e empresa; · Capital integralizado: Recurso já disponibilizado para a empresa; · Capital a integralizar: recurso que ainda não foi colocado à disposição da empresa. ORIGENS VERSUS APLICAÇÕES O passivo e o patrimônio líquido representam origem (fonte de recursos) de capital. Essa origem pode ser externa (capital de terceiros) ou interna (capital próprio). Em relação ao ativo, o que temos é a aplicação de recursos. Assim, todos os recursos que entram em uma organização transitam pelo passivo ou pelo patrimônio líquido. Esses recursos serão transformados em bens e direitos representado pelo ativo e, portanto aplicação de recursos. Dessa forma, fica evidenciado que a empresa só pode aplicar recursos (bens e direitos) havendo a respectiva contrapartida do passivo (obrigações e PL). A PRINCIPAL ORIGEM DE RECURSOS A principal fonte de recursos para uma organização é o lucro. Entretanto, cabe ressaltar que os lucros obtidos pertencem aos sócios da empresa. Isso se deve ao fato de que foram os sócios que investiram na empresa e, portanto merecem ter o devido retorno sobre os capitais investidos e riscos assumidos. Cabe aos sócios decidirem qual o destino que será dado aos lucros obtidos no exercício. As possibilidades abrangem desde a sua distribuição entre os proprietários até a sua total incorporação, para possíveis reinvestimentos na organização. A opção de distribuição dos lucros é conhecida como dividendos, ou seja, é a remuneração do capital investido pelos sócios proprietários. A EXPRESSÃO BALANÇO PATRIMONIAL O termo Patrimônio representa o conjunto de bens direitos e obrigações. Dessa forma a contabilidade busca registrar as fontes e aplicações de recursos nesse demonstrativo contábil. Assim, o termo balanço patrimonial expressa o equilíbrio que deve existir entre as aplicações e as fontes de recursos. MÓDULO 5 – BALANÇO PATRIMONIAL – GRUPO DE CONTAS Introdução O Balanço Patrimonial é o principal demonstrativo contábil. Sua interpretação e análise dependem, em grande parte, da ordem em que as contas são agrupadas. Dessa forma, para facilitar a leitura e analise das informações, contidas nesse demonstrativo, é que devemos agrupar as contas de mesma natureza. O Balanço Patrimonial possui dois grupos de contas do lado do ativo e três grupos de contas do lado do passivo conforme quadro abaixo: ATIVO PASSIVO E PL AC – Ativo circulante ANC – Ativo Não Circulante PC - Passivo Circulante PNC – Passivo Não circulante PL – Patrimônio Líquido Curto e Longo Prazo A contabilidade considera curto prazo o período de um ano. Dessa forma, todos os valores a receber e a pagar dentro do período de um ano (365 dias) devem ser classificados no curto prazo. Já os valores a pagar e a receber com prazo superior a 365 dias, ou seja, um ano, devem ser classificados no longo prazo. Cabe salientar que determinados ramos de negócios possuem ciclo operacional superior a um ano (365) dias e nesses casos, os períodos de curto e longo prazo, devem respeitar esse ciclo. ATIVO: · AC – AtivoCirculante Neste grupamento encontramos valores que serão convertidos em dinheiro no curto prazo. Neste grupo de contas temos os seguintes exemplos: Caixa, bancos, duplicatas a receber estoques e outros. Trata-se de valores responsáveis pela formação do capital de giro da empresa, o qual tem a função de suportar os compromissos assumidos pela organização. Neste grupamento são classificadas as contas de maior dinamismo das empresas e que estão em constante renovação, ou seja, compreende as contas que estão constantemente em giro/movimento e sua conversão em dinheiro ocorrerá no curto prazo (365 dias). · ANC – Ativo Não Circulante Compreende todas as contas do ativo que não tenham seus recebimentos marcados até o próximo exercício social ou que não estão a venda. Este item está subdividido em: Realizável a longo prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível. o ANC – Ativo Não Circulante (realizável a longo prazo) Neste grupamento teremos os itens que serão transformados em dinheiro a longo prazo, ou seja, em período superior a um ano. A exceção ocorre para aquela empresa que atua em um ramo de negócios cujo ciclo operacional seja superior a um ano. o ANC – Ativo circulante (Investimentos) Incluem-se neste item as aplicações de caráter permanente que geram rendimentos não necessários à manutenção da atividade principal da empresa. o ANC – Ativo circulante (Imobilizado) Registra-se os itens corpóreos de natureza permanente que serão utilizados para a manutenção da atividade básica da empresa. o ANC – Ativo circulante (Intangível) São direitos que tenham por objetos bens incorpóreos, ou seja, que não possam ser “tocados”, destinados à manutenção da empresa ou exercícios com essa finalidade. PASSIVO De forma geral, passivo representa a parte negativa do Balanço Patrimonial. Dito, de outra forma, visualiza-se, neste item, as dívidas ou obrigação contraídas pela empresa. Divide-se em três grupos de contas: Passivo circulante, Passivo não circulante e Patrimônio Líquido. · PC - Passivo Circulante Compreende as obrigações exigíveis que serão liquidadas no próximo exercício social, ou seja, nos próximos 365 dias após o levantamento do Balanço. · PNC – Passivo Não Circulante È composto pelas contas exigíveis a longo prazo que compreende as obrigações com terceiros e serão honradas a longo prazo ( um ano) · Patrimônio Líquido Retrata os recursos investidos na organização, por parte dos sócios. São recursos dos proprietários aplicados nas contas capital e lucros. A figura abaixo demonstra graficamente a forma e disposição das contas e grupos de contas que compõem o Balanço Patrimonial de uma empresa. Fonte: Marion (2009) Principais deduções do ativo e do patrimônio Líquido · Deduções do ativo circulante Normalmente, encontramos no ativo as contas positivas, ou seja, itens que representam bens e direitos. Entretanto, determinados lançamentos ocorrem com o sinal de (-) negativo, exercendo uma diminuição ou dedução. Dessa forma as principais deduções encontradas no Balanço Patrimonial são as seguintes: o Duplicatas a receber: a parcela estimada pela empresa que não será recebida em decorrência dos maus pagadores deverá ser subtraída de duplicatas a receber, com o título de provisão para devedores duvidosos. Parte das duplicatas a receber, negociadas com as instituições financeiras com o objetivo de realização financeira antecipada daqueles títulos deverá ser subtraída de duplicatas a receber, como título de duplicatas descontadas. · Deduções do ANC – ativo não circulante o Imobilizado: Os bens, com o passar do tempo, pelo uso vão sofrendo desgaste físico ou tecnológico e assim, perdem sua eficiência. A esse processo damos o nome de depreciação acumulada o qual devemos subtrair do item imobilizado. · Deduções do Patrimônio líquido o Neste item, destacamos a presença da conta prejuízo. Situação em que a empresa apresenta resultado negativo e que deve ser lançado deduzindo o patrimônio dos proprietários. A figura abaixo destaca a presença das contas tidas como dedutivas do ativo e do Patrimônio líquido. Tais contas aparecem com o sinal de (-) negativo e devem ser deduzidas para a apuração final do item. MÓDULO 6 – APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO A apuração do resultado A cada exercício social ou período contábil (normalmente, 12 meses) a empresa deve apurar o resultado dos seus negócios. Para saber se obteve lucro ou prejuízo, a contabilidade confronta a receita (vendas) com as despesas. Se a receita foi maior que a despesa, a empresa teve lucro. Se a receita foi menor, teve prejuízo. A apuração de resultados é realizada de forma destacada na Demonstração do Resultado do Exercício. Apresenta-se aí um resumo ordenado das despesas e receitas do período, facilitando-se, dessa forma, a tomada de decisão. Conceito de Receita e Despesa A Receita corresponde a vendas de mercadorias ou prestações de serviços. Ela é refletida no balanço através da entrada de dinheiro no caixa (receita à vista) ou entrada em forma de direitos a receber (Receita à Prazo)- duplicatas a receber. A Receita aumenta o ativo. A Despesa é todo o sacrifício, todo esforço da empresa para obter Receita. Ela é refletida no balanço através de uma redução do Caixa (quando é pago no ato - à vista) ou mediante um aumento de uma dívida - Passivo (quando a despesa é contraída no presente para ser paga no futuro - a prazo). Regimes de contabilidade · Regime de Competência Esse regime evidencia o resultado da empresa (lucro ou prejuízo) de forma mais adequada e completa, é aceito e recomendado pela Teoria da Contabilidade e também pelo Imposto de Renda. As regras básicas para a contabilidade pelo regime de competência são: · A Receita será contabilizada no período em que for gerada, independentemente do seu recebimento. Assim, se a empresa vendeu a prazo em dezembro do ano T1 para receber somente em T2, pelo Regime de Competência, considera-se que a Receita foi gerada em T1; portanto, ela pertence (compete) a T1. · A Despesa será contabilizada no período em que for incorrida, utilizada, independentemente do pagamento. Assim, se em 10 de janeiro de T2 a empresa pagar seus funcionários (que trabalharam em dezembro de T1), a despesa compete a T1, pois nesse período ela incorreu efetivamente. O lucro será apurado considerando-se um período, normalmente um ano: toda a despesa gerada no período (mesmo que ainda não tenha sido paga) será subtraída do total da receita, também gerada no mesmo período (mesmo que ainda não tenha sido recebida). · Regime de Caixa O Regime de Caixa é uma forma simplificada de contabilidade, aplicado basicamente à microempresas ou às entidades sem fins lucrativos (igrejas, clubes, sociedades filantrópicas etc.). As regras básicas para a contabilidade por esse regime são: · A receita será contabilizada no momento do seu recebimento, ou seja, quando entrar dinheiro no caixa (encaixe) · A despesa será contabilidade no momento do pagamento, ou seja, quando sair dinheiro do caixa (desembolso). O lucro será apurado subtraindo-se toda a despesa paga (saída de dinheiro do caixa) da receita recebida (entrada de dinheiro no caixa) Balanço Patrimonial (BP) X Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e Regime de Competência. As contas (cifras contábeis) só podem ser classificadas em duas demonstrações: Balanço Patrimonial (BP) ou Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). No lado do ativo, classificam-se os itens que trazem benefícios para a empresa. No momento em que esses itens perderem a capacidade deproduzir benefícios passam a ser despesas, exemplo material de escritório e seguros a vencer. Ha, todavia, outros casos como devedores duvidosos (perdas estimadas para duplicatas de clientes que adquiriram mercadorias à prazo) e depreciação (despesas decorrentes do uso dos bens do Ativo Imobilizado). Efeito do lucro no balanço: O lucro apurado pela empresa pertence aos proprietários (investidores), uma vez que são responsáveis pelo negócio. Se houver prejuízo, os proprietários deverão assumi-los. Os proprietários, desejando expandir o negócio, não retiram totalmente o lucro, reinvestindo uma parte (lucros retidos ou lucros acumulados). A parte do lucro distribuída aos proprietários é denominada dividendos. A parte do lucro não distribuída aos proprietários (reinvestimento) entra no balanço via Patrimônio Líquido (origem de recursos), sendo aplicada no Ativo. Diferença entre despesa e custo Para fins de estudo do presente conteúdo on line, trataremos as despesas e os custos com os seguintes conceitos: · Custos: É todo sacrifício (gasto) relativo a bens ou serviços que serão utilizados na produção de outros bens ou serviços; · Despesa: Todo sacrifício (esforço) realizado pela empresa no sentido de obter receita. Veja abaixo a tabela com alguns exemplos de custos e despesas. Conta Custos de produção Despesas comerciais e administração Pessoal X X Matéria prima X Mercadoria X Embalagem X Manutenção X X Aluguel X X Marketing X Comissão de vendas X Fretes de entrega X Limpeza X X MÓDULO 7 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO A demonstração do resultado do exercício é um resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período, normalmente 12 meses. É apresentada de forma dedutiva(vertical), ou seja, das receitas subtraem-se despesas e, em seguida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo). A DRE pode ser simples para micro ou pequenas empresas que não requeiram dados pormenorizados para a tomada de decisão, como é o caso de bares, farmácias, mercearias. Deve evidenciar o total de despesa deduzido da receita, apurando-se, assim, o lucro sem destacar os principais grupos de despesas. A DRE completa, exigida por lei, fornece maiores minúcias para a tomada de decisão: grupos de despesas, vários tipos de lucro, destaque dos impostos etc. Neste módulo será abordado o modelo completo, sem a pretensão de esgotar o assunto. Estrutura básica da Demonstração do Resultado do Exercício - DRE Vejamos a seguir a estrutura básica de uma DRE que adota o sistema de demonstração vertical, partindo da receita bruta e, por meio de subtrações sucessivas chega-se ao resultado líquido do exercício. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO RECEITA BRUTA · ( - ) Deduções · Impostos · Abatimentos (descontos) · Devoluções (vendas canceladas) RECEITA LÍQUIDA · ( - ) Custos da venda/prestação do serviço LUCRO BRUTO · ( - ) Despesas operacionais · ( + ) Receitas financeiras LUCRO OPERACIONAL · ( - ) Despesas não operacionais · ( + ) Receitas não operacionais LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA · ( - ) IR e Contribuição social LUCRO DEPOIS DO IR E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL · A Receita Bruta é o total bruto vendido no período. Nela estão inclusos os impostos sobre vendas (os quais pertencem ao governo) e dela não foram subtraídas as devoluções (vendas canceladas) e os abatimentos (descontos) ocorridos no período. Impostos e taxas sobre vendas são aqueles gerados no momento da venda; variam proporcionalmente à venda, ou seja, quanto maior for o total de vendas, maior será o imposto. Vejamos alguns exemplos: • IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados (governo federal) - de 0 a quase 400% (no caso de cigarros). • ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (governo estadual) - Estado de São Paulo: de 18 a 25%. • ISS - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (governo municipal) - Município de São Paulo: de 0 a 10%. • PIS - Programa de Integração Social - taxa sobre o faturamento (go- verno federal) - 0,65%. • Cofins - Contribuição para a Seguridade Social (governo federal) - 7,6% (não cumulativo a partir de 2003). Os impostos sobre vendas não pertencem empresa, mas sim ao governo. Ela é uma mera intermediária (veículo de arrecadação) que arrecada impostos junto ao consumidor e recolhe ao governo; por isso, não devem ser considerados como receita real da empresa. Devoluções (vendas canceladas) - são mercadorias devolvidas por estarem em desacordo com o pedido (preço, qualidade, quantidade, avaria). O comprador, sentindo-se prejudicado, devolve total ou parcialmente a mercadoria. Às vezes, a empresa vendedora, na tentativa de evitar devolução, propõe um abatimento no preço (desconto) para compensar o prejuízo ao comprador. Tanto a devolução como o abatimento aparecem deduzindo a Receita Bruta na DRE. Portanto, deduções são ajustes (e não despesas) realizadas sobre a Receita bruta para se apurar a Receita Líquida. Lucro Bruto é a diferença entre a Venda de Mercadorias e o Custo dessa Mercadoria Vendida, sem considerar despesas administrativas, de vendas e financeiras. Ou seja, subtrai-se da receita o custo da mercadoria ou do produto, ou do serviço para ser colocado à disposição do consumidor, não considerando as despesas administrativas, financeiras e de vendas. Quanto maior for a fatia denominada Lucro Bruto, maior poderá ser a re- muneração dos administradores, dos diretores, do pessoal de vendas, do governo, dos proprietários da empresa etc. CUSTO DAS VENDAS A expressão custo das vendas é bastante genérica, devendo, por essa razão, ser especificada por setor na economia: · Para empresas industriais o custo das vendas é denominado Custo do Produto Vendido (CPV); · Para empresas comerciais o custo das vendas é denominado Custo das Mercadorias Vendidas (CMV); · Para empresas prestadoras de serviços o custo das vendas é denominado Custo dos Serviços Prestados (CSP). LUCRO OPERACIONAL A apuração deste resultado evidencia o desempenho no negócio da entidade. O Lucro Operacional é obtido através da diferença entre o Lucro Bruto e as despesas operacionais. DESPESAS OPERACIONAIS As despesas operacionais são as necessárias para vender os produtos, administrar a empresa e financiar as operações. Enfim, são todas as despesas sacrificadas para a manutenção da atividade operacional da empresa. Os principais grupos de Despesas Operacionais são especificados a seguir: · Despesas de vendas: Abrangem desde a promoção do produto até sua colocação junto ao consumidor (comercialização e distribuição). São despesas com o pessoal da área de venda, comissões sobre vendas, propaganda e pu- blicidade, marketing, estimativa de perdas com duplicatas derivadas de vendas a prazo (provisão para devedores duvidosos) etc. · Despesas administrativas: São aquelas necessárias para administrar (dirigir) a empresa. De maneira geral, são gastos nos escritórios que visam à direção ou à gestão da empresa. Podem ser citados como exemplos: honorários administrativos, salários e encargos sociais do pessoal administrativo, aluguéis de escritórios, materiais de escritório, seguro de escritório, depreciação de móveis e utensílios, assinaturas de jornais etc. · Despesas financeiras: São as remunerações aos capitais de terceiros, tais como: juros pagos ou incorridos, comissões bancárias, descontos concedidos, juros de mora pagos etc. LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDAAs despesas e receitas não relacionadas diretamente com o objetivo do negócio da empresa são classificadas como Não Operacionais. Normalmente, trata-se de ganhos ou perdas, isto é, são aleatórias, impre- visíveis. São exemplos: · Ganhos ou Perdas: são os lucros ou prejuízos na venda de itens do Ativo Permanente: venda de um veículo (imobilizado), com lucro ou prejuízo; venda de máquinas-equipamentos (imobilizado), com lucro ou prejuízo, venda com lucro ou prejuízo de ações (investimentos) etc. LUCRO DEPOIS DO IMPOSTO DE RENDA As principais fórmulas para tributação: (a) Lucro Real: é o lucro calculado pela contabilidade e ajustado conforme as regras do Imposto de Renda; (b) Lucro Presumido: calcula-se a aplicação de percentuais fixados pela legislação, de acordo com a atividade da pessoa jurídica, sobre a Receita Total; (c) Simples Nacional: legislação especial para a Microempresa e Empresa de Pequeno Porte; (d) Lucro Arbitrado: o arbitramento do lucro é um privilégio concedido, em geral, às autoridades fiscais. A alíquota do Imposto de Renda continua 15% (quinze por cento) e a do adicional em 10% (dez por cento). Todavia, a Lei n2 11.638/07 dispõe a possibilidade da empresa contabilizar conforme as regras tributárias, para, em seguida, fazer ajustes contábeis, para apresentação das Demonstrações Financeiras. Qualquer empresa, por menor que seja, pode fazer opção pela tributação com base no Lucro Real. As opções de tributação pelo Lucro Presumido e Simples Nacional nem sempre serão possíveis em razão do valor da receita bruta, da atividade ou condição da empresa. Para as empresas que não calculam Imposto de Renda pelo Lucro Presumido, a base de cálculo para o Imposto de Renda não é exatamente o lucro apurado pela Contabilidade, mas o lucro ajustado às disposições da legislação do Imposto de Renda que será denominado, como ja vimos, Lucro Real. Este lucro será calculado num livro extracontábil denominado "Livro de Apuração do Lucro Real" - LALUR. Além do Imposto de Renda as empresas são obrigadas a pagar ao governo federal a CSLL - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Na DRE destacamos a CSLL junto com o Imposto de Renda. LUCRO LÍQUIDO O lucro líquido é a sobra líquida à disposição dos proprietários (sócios ou acionistas). Doações e contribuições são dirigidas às fundações com a finalidade de assistir o quadro de funcionários; às previdências particulares com o objetivo de complementar a aposentadoria; às cooperativas de empregados etc. Normalmente, as participações são complementos à remuneração de empre- gados e administradores. É estipulado um percentual sobre o lucro. A participação no lucro ou no resultado para os empregados é obrigatória. DISTRIBUIÇÃO DO LUCRO Como já foi visto, o Lucro Líquido de uma empresa limitada (sócios) é a sobra líquida à disposição dos proprietários da empresa. Os proprietários decidem a parcela do lucro que ficará retida na empresa e a parte que será distribuída aos donos do capital (dividendos). A distribuição do lucro será evidenciada na Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPAc). Nas Sociedades Anônimas, normalmente, o percentual do lucro a ser distribuído aos acionistas em forma de dividendos está estipulado no estatuto da empresa. DEMONSTRAÇÃO DOS LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS Evidencia o destino do lucro, a canalização, a distribuição do lucro do exercício. Havendo sobras (saldos) de lucros de exercícios anteriores não distribuídos, estas sobras são adicionadas ao lucro do exercício atual. Daí a expressão Lucros Acumulados. Dessa forma, o roteiro contábil é: em primeiro lugar apurar o lucro (ou prejuízo); em segundo lugar transferi-lo para Lucros Acumulados; e em terceiro lugar, após distribuição do lucro aos proprietários (dividendos), canalizar o lucro retido (não distribuído) para o patrimônio líquido (conta dos proprietários): MÓDULO 8 – ATIVO NÃO CIRCULANTE, DEPRECIAÇÃO E ANÁLISE DOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS. ATIVO NÃO CIRCULANTE E A DEPRECIAÇÃO: Como já vimos, o ativo não circulante divide-se em quatro grupos: realizável a longo prazo (R.L.P.), investimentos, imobilizado e intangível. IMOBILIZADO: Entende-se por ativo imobilizado todo ativo de natureza relativamente permanente, que se utiliza na operação dos negócios de uma empresa e que não se destina a venda. Assim, o imobilizado deve ter três características: a) Natureza relativamente permanente (vida útil longa – um ano) b) Ser utilizado na operação dos negócios c) Não se destinar a venda Dizemos que é de natureza relativamente permanente porque praticamente nenhum bem (exceto terrenos) possui vida útil ilimitada dentro da empresa. Ex: o edifício da fábrica constitui um ativo imobilizado pois atende as três características mencionadas. De maneira geral, os bens podem ser classificados como veremos a seguir: a) BENS TANGÍVEIS: São os bens que possuem substancia concreta e que podem ser tocados. Exemplos: a) Sujeitos a depreciação: edifícios e equipamentos b) Não sujeitos a depreciação: terrenos e obras de arte c) Sujeitos a exaustão: reservas minerais e florestais b) BENS INTANGÍVEIS: São os ativos que não tem substância física e que não podem ser tocados, mas podem ser comprovados. Exemplos: Ponto comercial, direitos autorais, licença de exploração, patentes relativas a invenções e a marca de uma indústria/comercio. ITENS QUE COMPÕEM O ATIVO IMOBILIZADO: · Terrenos (utilizados pela empresa) · Edifícios (utilizados pela empresa) · Instalações (integradas aos edifícios) · Máquinas e equipamentos ( para realizar a atividade da empresa) · Móveis e utensílios (mesas, cadeiras, arquivos etc) · Veículos ( de utilização para cargas, para vendas, para administração) · Ferramentas ( com vida útil superior a um ano) SUBTRAÇÕES DO IMOBILIZADO: DEPRECIAÇÃO: A maior parte dos ativos imobilizados tem vida útil limitada, ou seja, serão úteis a empresa por um período (período contábil). A medida que esses períodos forem decorrendo, dar-se-á o desgaste dos bens que representam a despesa a ser registrada. A depreciação, portanto, é uma despesa porque todos os bens e serviços consumidos por puma empresa são vistos como despesas. Assim, essa despesa poderá ser computada em cada exercício e corresponderá à diminuição do valor dos bens do ativo imobilizado resultante dos desgastes pelo USO, AÇÃO DA NATUREZA E OBSOLESCÊNCIA. DEPRECIAÇÃO PERANTE O IMPOSTO DE RENDA: Para efeito de imposto de renda, a depreciação NÃO é obrigatória, mas é interessante que a empresa a faça, pois terá redução com o imposto de renda. A depreciação calculada a maior que as taxas permitidas, não é dedutível como despesa para fins de imposto de renda. TAXA ANUAL DE DEPRECIAÇÃO: Para calculo da taxa anual de depreciação é necessário estimar a vida útil do bem, isto é, quanto ele vai durar, levando-se em conta causas físicas e causas funcionais. Assim, a taxa de depreciação é estabelecida em função do prazo de vida útil do bem a depreciar. Tabela de depreciação anual fixada pela legislação do imposto de renda: Bens moveis em geral 10% Edifícios e construções 4% Biblioteca 10% Ferramentas 20% Maquinas e instalações industriais 10% Veículos em geral 20% Tratores 25% EFEITOS DA DEPRECIAÇÃO NO BP E DRE: O item despesas de depreciação é uma conta que deve figurar na demonstração do resultado do exercício (DRE). No balanço patrimonial, a depreciação aparece deduzindo o imobilizado como uma contaretificadora. MÉTODOS DE CÁLCULO DE DEPRECIAÇÃO: Existem vários tipos de métodos de depreciação mas, o MÉTODO DA LINHA RETA é um dos mais simples e oferece a vantagem de ser aceito pelo imposto de renda. Exemplo: um veículo adquirido por R$ 600.000,00, com vida útil estimada de 5 anos.... Fórmula: Depreciação do período = custo do bem / vida útil provável Depreciação= 600.000,00= 120.000 5 anos Anos Despesas com depreciação Depreciação acumulada Saldo contábil 1 120 120 480 2 120 240 360 3 120 360 240 4 120 480 120 5 120 600 0 TÉCNICAS DE ANÁLISE DOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS INTRODUÇÃO Os índices são o principal instrumento utilizado para a análise de uma empresa. Por serem o resultado da comparação entre grandezas, eles estabelecem a relação entre contas ou grupo de contas dos demonstrativos financeiros, visando evidenciar um aspecto em particular. Servem, portanto, como termômetro na avaliação da saúde da empresa. OBJETIVOS E USUÁRIOS Análise de demonstrações contábeis ou financeiras e análise de balanço têm o mesmo significado. A partir desse momento, será utilizada esta última forma de expressão. A análise de balanços é feita, basicamente, com os dados do balanço pa- trimonial e da demonstração de resultado. Outras demonstrações contábeis le- galmente obrigatórias (e as não obrigatórias) auxiliam na análise da situação patrimonial e financeira da empresa. AS Notas Explicativas, o Relatório da Administração e o Parecer da Auditoria Independente, quando existentes, fornecem informações bastante úteis para interpretação correta dos dados contábeis e análise de tendências. A análise de balanços é considerada uma arte, apesar de utilizar fórmulas matemáticas e métodos científicos para extrair dados, pois, dependendo do grau de conhecimento teórico, conhecimento do ramo, experiência prática, sensibilidade e intuição, cada analista poderá produzir diagnósticos diferentes a partir de um mesmo conjunto de dados. Para que fazer a análise de balanços se as conclusões podem ser diferentes dependendo de cada analista? Geralmente, as análises feitas por dois analistas experientes e com boa formação técnica, utilizando o mesmo conjunto de da- dos e informações, chegam a conclusões semelhantes sobre a situação atual da empresa, embora possam indicar diferentes níveis de tendências. Os principais usuários da análise de balanços são: administradores da em- presa, acionistas e investidores, instituições financeiras, fornecedores, clientes, concorrentes e órgãos governamentais. Cada grupo de usuários enfoca a análise de balanços de acordo com suas necessidades. PROCEDIMENTOS PRELIMINARES Antes de iniciar a análise de balanços, existem procedimentos básicos que devem ser aplicados sobre as demonstrações contábeis, para evitar distorções significativas. O primeiro procedimento é a reclassificação das demonstrações contábeis. No balanço patrimonial, as contas que geralmente precisam ser reclassificadas são as retificadoras Duplicatas e Saques de exportação descontados, que, na realidade, são empréstimos. O Resultado de Exercícios Futuros pode ser considerado como Patrimônio Líquido (geralmente, o valor desse grupo de contas é relativamente pequeno). Na demonstração de resultado, as Despesas e receitas financeiras devem ser separadas do grupo de Despesas operacionais. As contas do Ativo e Passivo Circulantes são separadas emoperacionais e nãooperacionais, de acordo com a natureza, relacionando-as com as atividades operacionais. Esse procedimento será bastante útil para analisar o Capital de giro. O segundo procedimento refere-se à eliminação dos efeitos inflacionários das demonstrações contábeis, pois as demonstrações elaboradas de acordo com a legislação societária não são inteiramente adequadas para análise. Os balanços patrimoniais e as demonstrações de resultado apresentados foram reclassificadas conforme os Quadros (1, 2 e 3) apresentados. Estão sendo apresentadas acrescidas de mais um exercício, para possibilitar a análise de tendências, e já estão preparadas para análise vertical e horizontal. Para facilidade didática, considere-se que essas demonstrações contábeis estão livres dos efeitos inflacionários. CLASSIFICAÇÃO DE ATIVOS E PASSIVOS OPERACIONAIS As empresas colocam à disposição dos gestores os ativos totais consistentes de caixa, contas a receber, estoques, investimentos em subsidiárias, máquinas e equipamentos, veículos etc. com o propósito de gerarlucro. Os ativos podem ser classificados em duas categorias:ativos operacionais e ativos nãooperacionais. Igualmente, os passivos também podem ser classifica- dos em passivosoperacionais epassivos não operacionais. Os ativos operacionais podem ser divididos emcapital de giro operacional(contas a receber, estoques, adiantamentos a fornecedores, ICMS e IPI a recuperar etc.) eativo permanente (prédios, máquinas e equipamentos, instalações industriais, veículos etc.), necessários para "fazer funcionar" o negócio. O capital de Giro Operacional (CGO) é composto de Ativos Circulantes Operacionais (ACOs), que são utilizados dentro do ciclo operacional de uma empresa. Geralmente, uma parte do ACO é financiada pelas contas do Passivo Cir- culante Operacional (PCO), que surgem naturalmente em função do próprio negócio, representados pelas contas como: fornecedores, salários a pagar e adiantamentos de clientes. A diferença entre o ACO e o PCO é o Capital de Giro Operacional Líquido (CGOL), ou Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG). Os ativos e passivos não operacionais apresentam características de natureza financeira ou não estão diretamente relacionados com as atividades ope- racionais, tais como: caixa, bancos, aplicações financeiras, depósitos judiciais, empréstimos e dividendos a distribuir. São classificadas como Ativos Circulantes Não Operacionais (ACNOs) e Passivos Circulantes Não Operacionais (PCNOs). Aplicando os conceitos apresentados, os ativos e passivoscirculantes dos Qua- dros 1 e 2 estão classificados comooperacional ounão operacional. Essa classificação deve ser flexível, pois, em alguns casos, uma conta contábil apa- rentemente não operacional pode ser, na realidade, operacional. Por exemplo, se as atividades operacionais da empresa exigirem que seja mantido um saldo mínimo de caixa no valor de $ 30.000, no período encerrado em 31-12-X8, esse valor deverá ser classificado como um ativo operacional e deduzido do ativo não operacional, que apresentará o valor de $ 15.685, na conta Caixa e Bancos, totalizando $ 45.685. Balanço Patrimonial: Demonstração do Resultado do Exercício: Quadro 1 Quadro 2 Quadro 3 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL A análise vertical facilita a avaliação da estrutura do Ativo e do Passivo, bem como a participação de cada item da Demonstração de Resultado na formação do lucro ou prejuízo. O cálculo do percentual de participação relativa dos itens do Ativo e do Passivo é feito dividindo-se o valor de cada item pelo valor total do Ativo ou do Passivo. O cálculo do percentual de participação relativa dos itens da Demonstração de resultado é feito dividindo-se cada item pelo valor da Receita líquida, que é considerada como base. Como exemplo, pode-se verificar que, conforme o Quadro 1 (coluna AV (%)), houve pequenos aumentos do percentual do grupo do Ativo Circulante em 31-12-X7 e em 31-12-X8, mas o percentual do item Duplicatas a receber apresentou aumento significativo nessas datas em relação a 31-12-X6. No Quadro 3, pode-se verificar que houve melhora do Lucro bruto em 20X7 (46,0%) e 20X8 (50,0%), em relação a 20X6. Outras constatações podem ser extraídas,mas a utilidade aumenta sensi- velmente se a análise vertical for utilizada conjuntamente com a análise hori- zontal. A análise horizontal tem a finalidade de evidenciar a evolução dos itens das demonstrações contábeis, por períodos. Calculam-se os números-índices esta- belecendo o exercício mais antigo como índice-base 100. Podem ser calculadas, também, variações anuais. Os números-índices dos exercícios encerrados em 31-12-X7 e em 31-12-X8 foram calculados em relação a dados do exercício encerrado em 31-12-X6. Tomando como exemplo o saldo do Ativo Circulante, em 31-12-X7, o au- mento da participação desse grupo no total do Ativo foi relativamente pequeno (de 47,3% para 50,6%), mas houve um crescimento de 19,0% em valores absolutos (a taxa de variação é calculada dividindo o índice de um ano pelo índice do ano anterior e, do resultado, subtraindo 1). Análises semelhantes podem ser feitas com outros valores, descendo a níveis mais detalhados, se for o caso. No caso do Lucro bruto, os "pequenos aumentos" anuais de participação relativa desse item (4,9% em 20X7, e 4,0% em 20X8) significaram "aumentos excelentes" em 20X7 (61,1%) e 20X8 (109,9%), ambos em relação ao exercício-base 20X6. As técnicas utilizadas em análise horizontal apresentam algumas limitações: · Quando o valor do item correspondente no exercício-base é nulo, o número-índice não pode ser calculado pela forma proposta, pois os nú- meros não são divisíveis por zero. Nesses casos, podem ser analisadas variações em valores absolutos; · Quando o exercício-base apresenta um número negativo e no exercício seguinte o número fica positivo (e vice-versa), matematicamente, é calculável, mas o resultado deve ser tratado com bastante cuidado, para não ocorrerem interpretações equivocadas da evolução. ANÁLISES POR MEIO DE ÍNDICES A técnica de análise por meio de índices consiste em relacionar contas e grupos de contas para extrair conclusões sobre tendências e situação econômico financeira da empresa. Alguns dos índices e quocientes mais utilizados pelos analistas de balanços são apresentados nos Quadros 4 e 5. O analista pode trabalhar com índices ou percentual. Por exemplo, 0,42 equivale a 42%, pois 0,42 = 42 / 100 = 42%. Podem-se classificar os índices da empresa como ótimo, bom, satisfatório ou deficiente, ao compará-los com os índices de outras empresas do mesmo ramo e porte, ou com os índices do setor, publicados pelas revistas especializadas. Geralmente, as fórmulas apresentadas em livros de análise de balanços uti- lizam o prazo médio simples baseado no ano comercial de 360 dias (ou mês comercial de 30 dias), mas nesta disciplina será utilizado o prazo de 365 dias para se referir ao período de um ano. Para analisar períodos menores que um ano, é recomendável a utilização de número de dias efetivo do período, pois existem meses com 28 (ou 29), 30 e 31 dias. Quatro 4 – Indicadores da situação econômica financeira Quatro 5 – Indicadores de rotação e rentabilidade ÍNDICES DE ESTRUTURA DE CAPITAL Osíndices de estrutura de capital são bastante úteis em análise da estrutura de capital. Os índices são calculados relacionando as fontes de capitais entre si e com os ativos de natureza permanente. Indicam o grau de dependência da empresa com relação a capital de terceiros e o nível de imobilização do capital. Quanto menor o índice, melhor. PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS SOBRE OS RECURSOS TOTAIS (PCT) Esse índice, calculado com os dados de 20X8, relaciona os capitais de ter- ceiros ou Exigível total (Passivo circulante + Passivo não circulante) com os recursos totais obtidos para o financiamento do Ativo. O índice 0,49 significa que, para cada $ 1,00 de recursos totais, o capital de terceiros participa com $ 0,49. Em outras palavras, o capital de terceiros financia 49% do Ativo. COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO (CE) O índice Composição do endividamento indica quanto da dívida total vence no curto prazo. De acordo com o índice, 68% da dívida da empresa vence no curto prazo. IMOBILIZAÇÃO DO CAPITAL PRÓPRIO (ICP) Esse índice indica a parcela dos recursos próprios investidos no Ativo Per- manente. O índice calculado indica que 70% dos recursos próprios estão investidos em ativos de natureza permanente e, portanto, os restantes 30% dos recursos próprios estão sendo investidos em ativos realizáveis. MOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO CORRENTES (IRNC) Esse índice informa quanto dos recursos permanentes e de longo prazo está investido em ativos de natureza permanente. O cálculo indica que 53% dos recursos permanentes e de longo prazo estão "imobilizados" e, portanto, 47% desses recursos estão sendo utilizados por ativos circulante e realizável a longo prazo. ÍNDICES DE LIQUIDEZ Os índices de liquidez mostram a situação financeira da empresa. Como os valores se referem a vencimentos de diferentes datas, um valor com vencimento no primeiro dia de um ano pode estar sendo comparado em igualdade de condições com outro valor que vence no último dia do mesmo ano. Os valores traduzidos a valor presente minimizam esse tipo de problema. Quanto maior o índice, melhor. LIQUIDEZ GERAL (LG) Esse índice indica a capacidade de pagamento de dívida no longo prazo. O índice 1,31 que a empresa apresenta significa que ela possui bens e direitos suficientes para liquidar os compromissos financeiros no longo prazo, pois, para cada $ 1,00 de dívida, possui $ 1,31 de bens e direitos. Mas se a empresa apresentar problema financeiro no curto prazo, o índice "bom" do longo prazo não será válido. O principal problema desse índice é que os diversos valores correntes de diferentes datas se misturam. LIQUIDEZ CORRENTE (LC) Na maioria dos casos, esse índice é considerado como o melhor indicador da capacidade de pagamento da empresa. O resultado do cálculo indica que a empresa tem $ 1,61 de ativos conversíveis em dinheiro no curto prazo para li- quidar cada $ 1,00 de dívida de curto prazo. Mas esse índice também é resul- tante de diversos valores correntes de diferentes datas. LIQUIDEZ SECA (LS) Pode-se verificar que, com exceção dos Estoques e Despesas do exercício se- guinte, todos os outros itens do Ativo Circulante, como Aplicações de liquidez imediata, Títulos e valores mobiliários, Outras contas a receber, Duplicatas a receber, Saques de exportação e Impostos a recuperar, podem ser convertidos em dinheiro com relativa facilidade antes do prazo normal de realização, se for necessário. Nesses casos, podem existir deságios, o que reduz o valor desses ativos. Levando-se em conta que, para continuar operando, a empresa precisa ter pelo menos os estoques, e estes são mais difíceis de ser transformados em dinheiro imediatamente, ela consegue obter recursos para liquidar 90% das dívidas de curto prazo. LIQUIDEZ IMEDIATA (LI) Esse índice indica quanto a empresa possui de recursos imediatamente dis- poníveis para liquidar compromissos de curto prazo. As disponibilidades são recursos imediatamente disponíveis, mas as obrigações de curto prazo podem estar compostas por dívidas que vencem em 15 dias, 30 dias, ou até 365 dias. A empresa possui $ 0,20 de Disponibilidades para cada $ 1,00 de Passivo Circulante. O analista interno pode obter dados mais detalhados e utilizar esse índice com base em relatórios de dívidas separadas por vencimentos (aging). Deve-se avaliar a composição dos Títulos e valores mobiliários, pois, em alguns casos, são praticamente disponíveis. ÍNDICES DE ROTAÇÃO Os índices de rotação (giros) são calculados relacionando-se os elementos patrimoniais com os itens da demonstração de resultados e evidenciamo pra- zo de renovação dos elementos patrimoniais dentro de determinado período. A análise do giro dos ativos fornece informações sobre aspectos de gestão da empresa, tais como as políticas de estocagem, financiamento de compras e fi- nanciamento de clientes. O analista interno pode obter saldos médios calculados com base em dados diários ou mensais, o que gera análise de melhor qualidade. O analista externo, se não tiver acesso a saldos intermediários, pode calcular o saldo médio dos elementos patrimoniais somando-se o saldo atual com o saldo anterior e dividindo a soma por dois. O analista deve estar ciente das possíveis distorções que essa forma de cálculo possa causar. Os exemplos a seguir apresentados referem-se aos dados do período (N) de um ano. Portanto, a variável N das fórmulas será substituída por 365 dias. Caso o período da análise seja de um mês, a variável N deverá ser representada pelo número efetivo de dias do mês. Exemplos: o mês de fevereiro tem 28 ou 29 dias, o mês de março tem 31 dias, o mês de abril tem 30 dias etc. GIRO DOS ESTOQUES (GE) E PRAZO MÉDIO DE ESTOCAGEM (PME) A empresa apresenta o giro dos estoques de 1,59 vezes e prazo médio de estocagem de 230 dias, em 20X8. O PME pode ser calculado dividindo-se o número de dias do período (ano, em nosso exemplo) pelo giro ocorrido nesse período. Assim, o PME = 365 dias 1,59 = 230 dias, o que significa que os estoques completam o giro a cada 230 dias (desde a compra até a venda). As empresas procuram aumentar o giro dos estoques, pois, quanto mais rápido vender o produto, mais o lucro aumentará. Esse raciocínio é válido desde que a margem de contribuição seja positiva e o aumento do giro não implique "custos extras" em volume superior ao ganho obtido pelo aumento do giro. GIRO DAS CONTAS A RECEBER (GCR) E PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS (PMRV) O Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) pode ser calculado di- retamente dividindo-se 365 dias pelo GCR. A empresa apresenta um giro de 5,36 em 20X8, o que significa que as duplicatas e saques de exportação (de- duzidos dos créditos de liquidação duvidosa) são recebidos, em média, a cada 68 dias (365 dias h- 5,36 = 68 dias). A alteração do giro do período atual em relação ao período anterior pode ser causada por diversos fatores: alteração na política de financiamento de clientes, aumento (ou redução) da eficiência de cobrança etc. PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DE FORNECEDORES (PMPF) O valor das Compras brutas deve ser extraído de registros internos, pois não estão evidentes em demonstrações contábeis de publicação obrigatória, em casos de indústria. O valor das Compras pode ser calculado pela clássica fórmula: Estoque final = Estoque inicial + Compras - Custo das mercadorias vendidas, em casos de empresas do ramo de comércio. Em empresas industriais, o custo de produção inclui mão de obra direta e custo indireto de fabricação, além dos custos de materiais. Estimando que o custo dos materiais corresponda a 65% do Custo de produção (62% em ano anterior), pode-se efetuar o seguinte cálculo: O valor das comprar brutas (compras líquidas mais impostos), que é o valor devido aos fornecedores, pode ser calculado também de outra forma: calcula- se o valor das compras líquidas de impostos e, em seguida, adicionam-se os impostos. Suponha que o custo dos materiais, sem impostos, represente 55% do custo de produção (50% no ano anterior) e os impostos incidentes sobre as compras seja de 16,1552%. Nessas condições, teríamos o seguinte cálculo: O valor de $ 585.868 representa o valor de materiais sem impostos. Adi- cionando os impostos com a alíquota média de 16,1552%, teremos o valor das compras brutas, de $ 680.516 (585.868 x 1,161552 = 680.516). O prazo médio de pagamento de fornecedores pode ser comparado com o prazo médio das contas a receber. A empresa compra com o prazo de 113 dias e vende com o prazo de 68 dias. Deve-se levar em consideração, porém, que os valores das vendas são geralmente maiores do que os valores das compras. GIRO DO ATIVO OPERACIONAL CIRCULANTE (GAOC) E PRAZO MÉDIO DE REALIZAÇÃO DE ATIVO OPERACIONAL (PMAO) O GAOC e o PMAO podem ser calculados com base em receita líquida ou receita bruta. O GAOC expressa quantas vezes o ativo operacional circulante se renovou pelas vendas. O denominador é composto de contas como Duplicatas a Receber, Saques de Exportação, Impostos a Recuperar, Estoques e Prêmios de Seguros a Apropriar. Essas contas têm características permanentes; portanto, devem ser reduzidos ao mínimo necessário. O PMAO expressa o número de dias que o ativo operacional circulante de- mora para transformar-se em dinheiro. Esse prazo médio deduzido do prazo médio de pagamento de passivo operacional é o ciclo financeiro. Pode-se calcular também o giro do ativo operacional total (soma do ativo operacional circulante e ativo permanente). ÍNDICES DE RENTABILIDADE Os índices de rentabilidade medem quanto estão rendendo os capitais in- vestidos. São indicadores muito importantes, pois evidenciam o sucesso (ou o insucesso) empresarial. Os índices de rentabilidade são calculados, geralmen- te, sobre as Receitas líquidas (alguns índices podem já ter sido calculados em análise vertical), mas, em alguns casos, pode ser interessante calcular sobre as Receitas brutas deduzidas somente das Vendas canceladas e Abatimentos. MARGEM BRUTA (MB) Esse índice indica quanto a empresa obtém de Lucro bruto para cada $ 1,00 de Receita líquida. Com 50% de Lucro bruto, a empresa precisa cobrir outras despesas e ainda gerar lucro. O conceito de "margem" utilizado nessa fórmula difere do conceito utilizado para analisar a relação custo-volume- lucro. MARGEM LÍQUIDA (ML) Esse índice indica qual foi o Lucro líquido em relação à Receita operacional líquida. O índice calculado mostra que, em 20X8, após descontados todos os custos e despesas, sobraram 6% das vendas líquidas da empresa. RENTABILIDADE DO CAPITAL PRÓPRIO (RCP) Esse índice informa quanto rende o capital aplicado na empresa pelos pro- prietários. Em 20X8, a empresa gerou lucro líquido de $ 105.016, ou seja, 8% sobre o capital médio investido pelos acionistas ou sócios. MÓDULO - ESTUDOS DISCIPLINARES