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MANUAL SOBRE O CORPO HUMANO Elaborado pelo Curso EFA de Geriatria da Cruz Vermelha Portuguesa – Núcleo de Valença Fevereiro 2005 Índice Aparelho circulatório 3 O sangue 4 Características dos vasos 4 Dinâmica da circulação 8 O pulso 13 A pequena circulação 14 A grande circulação 15 A estrutura e a função dos vasos 16 A digestão 18 Tubo digestivo 19 A boca 21 Os dentes 22 A faringe 25 O esófago 26 O estômago 27 O intestino 27 O pâncreas 28 O fígado 28 A vesícula 30 Fisiologia do sistema digestivo 31 Esqueleto 33 Estrutura microscópica do osso 38 O crânio 40 Ossos da base 42 Ossos da face 45 A coluna 50 A estrutura das vértebras 50 Apófises 51 Vértebras cervicais 53 Vértebras torácicas 53 Vértebras lombares 54 Vértebras sacras 54 Vértebras coccigeanas 54 O tórax 57 Esterno 58 Costelas 59 Os membros 62 O sistema respiratório 65 O sistema muscular 68 Aparelhos sensoriais 73 Sistema urinário 75 Sistema reprodutor 79 Sistema nervoso 81 Bibliografia 84 APARELHO CIRCULATÓRIO Todas as células do nosso organismo têm necessidade, para se manter em vida e a desempenhar as suas funções, de receber oxigénio e materiais nutritivas. A tarefa de transportar esses elementos cabe ao sangue, o qual, por sua vez, recebe das células as substâncias de rejeição. Para realizar esse fornecimento, o sangue tem necessidade de "circular" continuamente: os canais dentro dos quais o sangue circula são os vasos sanguíneos, enquanto o coração é a bomba que dá ao sangue o seu impulso para circulação. Coração e vasos constituem, no seu conjunto, o aparelho circulatório. Tum, tum, tum, bate coração..." O coração bate mais forte quando se salta, joga, brinca ou corre por aí. Por quê? Quando nos movimentamos rapidamente, gastamos mais energia. Então o sangue tem que circular depressinha, porque tem muita coisa para fazer: - alimentar cada célula - levar embora o "cocó" da célula (aquilo que ela não aproveita do alimento) - trazer ar novo para os pulmões - expulsar o ar usado. Ufa! O coração bate mais rápido, porque é ele que faz o sangue circular. Assim como os carros circulam pelas ruas, o sangue circula pelo nosso corpo. As avenidas percorridas pelo sangue chamam-se veias e artérias. Pelas veias, o sangue chega ao coração. As artérias levam-no embora. O sangue é constituído por glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. O sistema circulatório está encarregado de transportar, por meio do sangue, substâncias necessárias para a vida das células. Abastece as células de nutrientes e oxigénio, leva os hormonios das glândulas endócrinas até aos órgãos onde actuam, e retira os resíduos metabólicos (bióxido de carbono etc.) e outras substâncias que as células eliminam. Actua também no equilíbrio da temperatura. O sistema circulatório é formado por: -Uma bomba que impulsiona o sangue através do organismo: o coração. -Um sistema de vasos que inclui: artérias, arteríolas, veias, vênulas e capilares. -O sangue. O coração ocupa uma posição central na cavidade torácica, e tem o tamanho equivalente a uma mão fechada. Ele divide-se em duas metades, direita e esquerda, por uma membrana. Cada lado tem duas cavidades: uma aurícula (cavidade receptora) e um ventrículo (cavidade de descarga). Estas duas cavidades comunicam uma com a outra através de um orifício auriculoventricular, e cada uma é dotada de uma válvula. O coração é um órgão de natureza muscular que se contrai... O sangue Os glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas são como as peças de um carro. Cada um tem uma função definida. Os glóbulos vermelhos levam oxigénio. Os brancos combatem infecções, ou seja, vírus e bactérias que atacam o corpo e que nos deixam doentes. E as plaquetas ficam responsáveis por estancar os sangramentos, ou seja, a plaqueta ajuda na coagulação do sangue. Os três estão misturados numa substância líquida chamada plasma. Um homem tem em média 5 milhões de glóbulos vermelhos por milímetro cúbico de sangue. O sangue não anda só por avenidas. Existem também as ruas, que são as vênulas e as arteríolas. E ainda há ruazinhas chamadas de vasos capilares. Características dos Vasos As artérias: a sua função é a de transportar sangue oxigenado sob uma pressão elevada aos tecidos, por isso as artérias têm paredes vasculares fortes e o sangue flui rapidamente nelas. As artérias são tubos expansíveis que têm três capas: · Interna ou íntima: formada por tecido endotelial. · Média: composta principalmente por fibras elásticas. · Externa ou adventícia: composta principalmente por tecido fibroso. Pela presença do tecido elástico as artérias respondem de forma passiva à pressão do sangue contido. As arteríolas: São os últimos galhos do sistema arteriolar. A sua estrutura é similar às das artérias, sendo a capa média principalmente muscular, pelo que se espera que haja mudanças activas e não passivas no seu calibre. Portanto a quantidade de sangue que chega à camada capilar pode aumentar ou diminuir em resposta às necessidades dos tecidos e, às vezes, em resposta à actividade emocional. Os capilares: São compostos por uma só capa: o endotélio. Em média, não medem mais do que 1mm de comprimento e servem de conexão entre arteríolas e vênulas. A função dos capilares é intercambiar líquidos, nutrientes, electrólitos, hormônios e outras substâncias entre o sangue e o líquido intersticial ou tissular. Para esta função as paredes capilares são muito finas e permeáveis às moléculas pequenas. As vênulas e veias: As vênulas recolhem o sangue dos capilares. Estas unem-se para formar veias. Possuem três capas como as artérias, porém mais finas, especialmente a capa média. A pressão nelas é mais baixa em comparação com as artérias. As veias actuam como condutoras para o transporte do sangue dos tecidos até ao coração mas, de forma igualmente importante, servem como reserva fundamental do sangue. As veias têm um calibre muito maior do que as artérias, sendo o seu fluxo muito mais lento. Estas devolvem ao coração o sangue contra a gravidade e, por isso, têm válvulas que fomentam o fluxo de retorno venoso ao coração. O aparelho circulatório é o sistema de transporte interno do organismo. O seu objectivo não é outro do que levar elementos nutritivos e oxigénio a todos os tecidos do organismo, eliminar os produtos finais do metabolismo e levar os hormônios, desde as correspondentes glândulas endócrinas aos órgãos sobre os quais actuam. Durante este processo, regula a temperatura do corpo. O aparelho circulatório compreende: Coração, vasos sanguíneos, vasos linfáticos, sangue, linfa, líquido falo-raquídiano e líquido intercelular Vasos sanguíneos: existem três tipos de vasos sanguíneos: artérias, veias e capilares. Artérias: a sua função é a de levar o sangue desde o coração até aos tecidos. Veias: devolvem o sangue dos tecidos ao coração. Capilares: são vasos microscópicos situados nos tecidos, que servem de conexão entre as veias e as artérias; a sua função mais importante é a de intercâmbio de materiais nutritivos, gases e desperdícios entre o sangue e os tecidos. O sangue não se põe em contacto directo com as células do organismo, se bem que estas são rodeadas por um líquido intersticial que as recobre; as substâncias difundem-se, desde o sangue pela parede de um capilar, por meio de poros que contém os mesmos e atravessa o espaço ocupado pelo líquido intersticial para chegar às células. Vasos linfáticos: são um sistema auxiliar para o retorno do líquido dos espaços tissulares. A circulação; o líquido intersticial entra nos capilares linfáticos, transforma-se em linfa e logo é levado à união com o sistema vascular sanguíneo e mistura-se com o sangue. Os capilares linfáticos reúnem-se e formam os vasos linfáticos, cada vez maiores, que têm válvulas para evitar o reflexo igual ao dasveias. Baço: é um órgão linfático, situado na parte esquerda da cavidade abdominal. A sua principal função está vinculada com a imunidade; como órgão linfático está encarregue de produzir linfócitos (que são um tipo de glóbulos brancos) que se derramam no sangue circulante e toma parte nos fenómenos necessários para a síntese de anticorpos. Dinâmica da circulação: o batimento do coração é iniciado e regulado pelo nódulo sinodal que se encontra na parte superior da aurícula direita e do nascimento automático deste nódulo passa o estímulo para o resto do coração pelo tecido de Purkinge. Quando o nódulo sinodal por qualquer doença não produz o batimento automático, as outras zonas que constituem a rede ou o tecido de Purkinge podem bater com ritmos de frequências inferiores. A aurícula direita recebe o sangue por intermédio de duas importantes veias. A veia cava superior (sangue da cabeça, braços e parte superior do corpo) e a veia cava inferior (sangue de membros inferiores e parte inferior do corpo). O coração é o órgão central da circulação. É um músculo oco cuja função é recolher o sangue proveniente das veias e lançá-lo nas artérias. O coração está envolvido por uma túnica que se chama pericárdio, enquanto as suas cavidades internas estão forradas por uma membrana delgada: o endocárdio. A parte muscular do coração chama-se miocárdio. A forma do coração é aproximadamente a de um cone. A sua ponta corresponde ao quinto espaço intercostal da esquerda. A cor é de um vermelho mais ou menos escuro, mas a uniformidade dessa cor é interrompida por estrias amareladas, devidas às formações de tecido adiposo. O volume do coração varia nos diversos indivíduos. As suas dimensões médias, em um homem adulto, são as seguintes: -comprimento, 98 milímetros; -largura, 105 milímetros ; -circunferência, 230 milímetros. O peso é de cerca de 275 gramas. O coração da mulher tem dimensões inferiores de 5 a 10 milímetros, e pesa 5 a 10 gramas a menos. INCLUDEPICTURE "http://www.corpohumano.hpg.ig.com.br/circulacao/coracao/cora_2.jpg" \* MERGEFORMATINET Os lugares mais fáceis de sentir a nossa pulsação: · no pulso, onde passa a artéria radial · no pescoço, onde passa a veia jugular Tum, tum, bate coração: já reparou que o coração tem duas batidas? Uma mais forte, outra mais fraca. Uma puxa o sangue, a outra empurra. Sístole (contracção), diástole (dilatação), sístole, diástole, sístole, diástole. O tempo todo, desde a hora em que a vida começa até quando ela acaba. O coração é um músculo em constante actividade. Nesta verdadeira casa existem várias salas: -aurícula direita: recepciona o sangue que vem das veias; -aurícula esquerda: por aqui entra o sangue que vem dos pulmões, também por veias; daqui ele passa para os dois ventrículos; -ventrículo direito: manda o sangue para os pulmões, por artérias; -ventrículo esquerdo: empurra o sangue para o corpo, pela artéria aorta (uma das principais vias de circulação do sangue). A cavidade do coração está dividida em duas partes, uma direita e outra esquerda, separadas por um septo muscular. Seja do lado direito, seja do esquerdo, encontramos duas cavidades: uma superior, a aurícula (ou átrio) e outra inferior, o ventrículo. Aurícula e ventrículo estão em comunicação por meio de um orifício, o orifício auriculoventricular. Ao todo, o coração está, assim, dividido em quatro cavidades: a aurícula e o ventrículo da direita, e a aurícula e o ventrículo da esquerda. Mas, enquanto a aurícula e o ventrículo do mesmo lado se comunicam entre si; não há nenhuma comunicação com as cavidades do outro lado: o sangue da metade esquerda não se mistura com o sangue da metade direita. Examinemos agora, resumida e separadamente, as quatro cavidades do coração. Aurícula direita: Recebe a veia cava superior e a veia cava inferior, que trazem ao coração o sangue proveniente da cabeça e dos braços (cava superior) e da parte inferior do corpo (cava inferior). A aurícula direita está em comunicação com o ventrículo direito pelo orifício auriculoventricular, ao nível do qual existe uma válvula: a válvula auriculoventricular direita, dita também tricúspide porque é formada de três peças valvulares. A função desta válvula é permitir a passagem do sangue da aurícula para o ventrículo e de impedir o refluxo do ventrículo para a aurícula. Ventrículo direito: Recebe o sangue da aurícula direita pelo orifício auriculoventricular e a válvula tricúspide. No ventrículo direito tem início a artéria pulmonar que leva o sangue aos pulmões. O orifício de saída da artéria pulmonar vem a ser fechado pelas válvulas sigmóides, as quais impedem que o sangue volte da artéria pulmonar ao ventrículo. Aurícula esquerda: Recebe o sangue das quatro veias pulmonares e comunica com o ventrículo subjacente pelo orifício auriculoventricular esquerdo, ao nível do qual existe uma válvula: a válvula bicúspide. Na verdade, contrariamente à válvula análoga da direita, ela é formada somente por duas peças. É chamada também mitral porque tem a forma de uma mitra de bispo invertida. Ventrículo esquerdo: Recebe o sangue da aurícula esquerda através da sua válvula mitral, e nele se inicia a maior artéria do organismo: a artéria aorta. Também a artéria aorta, no seu início no ventrículo, é dotada de válvulas sigmóides, as quais têm a mesma função das válvulas sigmóides da pulmonar, isto é, impedir a volta do sangue da artéria para o ventrículo. O coração é constituído por tecido muscular que tem uma característica particular: é formado de fibras estriadas e pluricelulares. As fibras musculares estriadas são características dos músculos que se contraem sob a acção da vontade. Os músculos não sujeitos à vontade (como aqueles das vísceras) são, ao contrário, lisos. O músculo cardíaco apresenta, pois, uma excepção, porque, não estando o coração sujeito à nossa vontade, é todavia formado de fibras estriadas musculares que se unem umas às outras, perdendo a sua individualidade. Temos assim a impressão de que o coração é um músculo único e não um conjunto de fibras independentes, como acontece com todos os outros músculos. O músculo cardíaco tem o nome de miocárdio. Vasos do coração Até o próprio coração tem necessidade de ser convenientemente nutrido. O sangue que circula no coração não o nutre, passa simplesmente pelas suas cavidades. A sua nutrição será, ao contrário, dedicado por um complexo de artérias e de veias particulares: as coronárias ( direita e esquerda). Provêm elas da aorta. Apenas saída do ventrículo esquerdo, a aorta dá origem as artérias coronárias que reentram imediatamente no coração ramificando-se no músculo cardíaco em numerosas subdivisões. O sangue que nutriu e oxigenou o músculo cardíaco é colectado pela grande veia coronária, a qual desemboca directamente na aurícula direita. O coração é, pois, provido de uma pequena circulação independente. Nervos do coração. O coração é um órgão relativamente autónomo. Como possui uma circulação autónoma, também pulsa "por si só". O estímulo que faz bater o coração nasce; na verdade, no íntimo do músculo cardíaco. Isto é, o coração está em condições de bater sem a intervenção do sistema nervoso. No entanto, ao coração chegam nervos que provêm do nervo vago e do sistema simpático. Estes nervos regulam as batidas cardíacas: o simpático o acelera, enquanto o vago o torna vagaroso. O coração, para desempenhar a sua função de bomba, deve dilatar as suas cavidades, de modo que se encham de sangue, e, em seguida, comprimi-las, de modo que o sangue seja lançado nas artérias. Esta alternância de dilatações e de contracções se chama revolução cardíaca. A contracção chama-se sístole e a dilatação diástole. Função cardíaca Obtém-se assim o electrocardiograma, que é formado por uma série de ondas, cada uma das quais é a tradução gráfica inicial da actividade de uma parte do coração. No gráfico em cima distingue-se uma onda P que corresponde à contracção das aurículas, e um consecutivo complexo QRS determinado pela contracção dos ventrículos. Conclui o ciclouma onda T. Muitas alterações cardíacas determinam uma modificação da onda eletrocardiográfica normal, de modo que o electrocardiograma representa um precioso meio de diagnóstico. O PULSO A contracção do ventrículo esquerdo determina, com a passagem repentina do sangue na aorta, uma brusca dilatação dessa artéria. A dilatação transmite-se ao longo das paredes da aorta como uma onda. A transmissão é muito rápida e a onda pode ser percebida no pulso, do lado do polegar, onde a artéria radial é mais facilmente perceptível. O pulso radial percebe-se quase no mesmo instante em que tem lugar a contracção cardíaca; esta pulsação, porém, não corresponde à chegada do sangue, que caminha muito mais lentamente do que a onda. Dos caracteres do pulso se pode deduzir o procedimento do coração. Do pulso aprecia-se a frequência (número de batidas por minuto), o ritmo (regularidade das batidas), a amplitude (grau de distensão da artéria), a celeridade (tempo empregado pela artéria para atingir a dilatação máxima). Esquema da circulação sanguínea: 1- Coração; 2- Circulação cerebral; 3- Circulação pulmonar; 4- Circulação hepática; 5- Circulação gástrica; 6- Baço; 7- Circulação renal; 8-Circulação intestinal; 9- Circulação nos membros inferiores. OS VASOS Para alcançar todas as regiões do nosso organismo, o sangue percorre canais apropriados que se chamam vasos. Os vasos que partem do coração e vão à periferia chamam-se artérias; aqueles que seguem o percurso inverso, isto é, que da periferia se dirigem ao coração, chamam-se veias. Em linhas gerais, nas artérias corre um sangue rico em oxigénio e em substâncias nutritivas, que ele leva aos vários tecidos do organismo; nas veias, contrariamente, que trazem o sangue da periferia para o coração, corre um sangue rico em anidrido carbónico e substâncias de rejeição. As substâncias de rejeição serão depois eliminadas pelos rins, que têm justamente a tarefa de filtrar o sangue. As trocas gasosas, ao contrário, ou seja, a eliminação de anidrido carbónico e a absorção de oxigénio, têm lugar nos pulmões, por efeito da respiração. A PEQUENA CIRCULAÇÃO A artéria pulmonar parte do ventrículo direito e bifurca-se logo em artéria pulmonar direita e artéria pulmonar esquerda, que vão aos respectivos pulmões. Uma vez entradas nos pulmões, ambas se dividem em tantos ramos quantos são os lobos pulmonares. As paredes dos capilares são delgadíssimas e os gases respiratórios podem atravessá-las facilmente: o oxigénio do ar pode assim passar dos ácinos pulmonares para o sangue; ao contrário, o anidrido carbónico abandona o sangue e entra nos ácinos pulmonares, para ser depois lançado para fora. Aos capilares fazem seguimento as vênulas que se reúnem entre si até formarem as veias pulmonares. Estas seguem o percurso das artérias e lançam-se na aurícula esquerda. A artéria pulmonar contém sangue escuro, sobrecarregado de anidrido carbónico (sangue venoso). As veias pulmonares contêm, contrariamente, sangue que abandonou o anidrido carbónico e se carregou de oxigénio, tomando a cor vermelha (sangue arterial). A GRANDE CIRCULAÇÃO A aorta, ponto de início da grande circulação, parte do ventrículo esquerdo. Forma um grande arco, que se dirige para trás e para a esquerda, segue verticalmente para baixo, seguindo a coluna vertebral, atravessa depois o diafragma e penetra na cavidade abdominal. Ao fim do seu trajecto, a aorta divide-se nas duas artérias ilíacas, que vão aos membros inferiores. Da croça da aorta partem as artérias subclávias que vão aos membros superiores e as artérias carótidas que levam o sangue à cabeça. Da aorta torácica partem as artérias branqueais, que vão aos brônquios e aos pulmões, as artérias do esófago e as artérias intercostais. Da aorta abdominal se destacam os seguintes ramos: · o tronco celíaco, que se divide depois em artéria hepática (que vai ao fígado), artéria esplénica (que vai ao baço) e artéria coronária do estômago," · as artérias mesentéricas, que vão ao intestino; · as artérias renais, que se distribuem nos rins; · as artérias genitais, destinadas aos Órgãos genitais; As artérias genitais são chamadas mais propriamente artérias espermáticas no homem e artérias útero-ováricas na mulher. A aorta se divide, enfim, em dois ramos: as artérias ilíacas, as quais saem do abdómen e percorrem a perna até o pé. A estrutura e a função dos vasos As artérias e as veias não são canais rígidos: sãodotadas de determinadas propriedades, tais: a extensibilidade, a elasticidade e a contractilidade. Tais caracteres são mais acentuados nas artérias, as quais recebem a onda sanguínea que o coração lança nelas a cada sístole ventricular. O choque da onda sanguínea contra as paredes arteriais é tanto mais forte quanto mais a artéria está próxima do coração. As paredes das artérias são constituídas de três túnicas, concentricamente dispostas, que, de dentro para fora, são: -a túnica interna, constituída pelo endotélio, em directo contacto com o sangue circulante; -a túnica média, formada por numerosas fibras musculares e elásticas que conferem à artéria a sua propriedade de alargar-se ou estreitar-se, de acordo com a necessidade; -a túnica externa ou adventícia, que tem a estrutura conjuntiva; na sua espessura se distribuem as terminações nervosas as quais trazem às artérias os estímulos que as fazem estreitar-se (nervos vasoconstritores) ou as fazem dilatar (nervos vasodilatadores). Também as veias têm uma estrutura análoga, mas a sua parede é muito mais delgada; além disso possuem elas poucas fibras musculares e elásticas. Isto se explica com a diferente função que têm as veias em relação às artérias. As artérias recebem a onda sanguínea e têm de dilatar-se bastante, e imediatamente contrair-se (devem ser, em uma palavra, muito elásticas) para lançar a onda de sangue até a extrema periferia do corpo. As veias, ao contrário, recebem o sangue depois que este percorreu os capilares. A velocidade do sangue que era notável nas artérias, diminui muito nos capilares e nas veias. A onda sanguínea perdeu a sua força e as veias, na verdade, não pulsam. A velocidade do sangue nas artérias é maior durante as pulsações do que no intervalo entre uma pulsação e outra. O sangue corre nas artérias com a velocidade de 50 centímetros por segundo. Nos capilares, a velocidade fica reduzida a poucos milímetros por segundo e assim também nas veias. A Digestão Neste sistema é desencadeado o processo da digestão que consiste em ingestão, transporte, digestão e absorção do alimento. Estes processos podem ser realizados através da secreção de hormônios e enzimas. Consta de: cavidade bucal, faringe, esófago, estômago, intestino delgado e intestino grosso. Glândulas anexas; glândulas salivares; fígado; pâncreas, ânus e reto. O intestino grosso: é formado por três partes, o cólon ascendente, o cólon transverso e o cólon descendente que desemboca no reto. O intestino delgado: é formado por 3 partes; a primeira é o duodeno, a segunda é o jejuno e a terceira é o íleo. O reto: recebe os resíduos provenientes do cólon para sua expulsão definitiva. A distensão do reto é o estímulo resultante dos nervos de suas paredes, é o que desperta o desejo de defecar. Glândulas salivares estão formadas por 3 pares: As parótidas, muito volumosas cuja inflamação origina a caxumba, as sublinguais, colocadas debaixo da língua, e as submaxilares. TUBO DIGESTIVO O tubo digestivo estende-se da boca, que é a sua abertura inicial, ao ânus, que constitui a sua abertura terminal. Compõe-se de várias partes que examinaremos sucessivamente. Funções: modificar os alimentos para serem aproveitados como energia. Transforma os alimentos digeridos em elementos importantes para o metabolismo. A dinâmica da digestão inicia-se na boca e termina no reto. Na boca levam-se a cabo os primeiros passos da deglutição: a trituração dos alimentos, que segue a insalivação (secreção das glândulas salivares). A saliva transforma amido em dextrina e açúcar e une os fragmentos dos alimentos mastigados num único corpo que é o bolo alimentício.O bolo alimentício é lançado desde a língua até a borda da garganta e logo, pelo músculos faríngeos, ao esófago através do qual , mediante uma série de movimentos peristálticos, desemboca em fermentos que são a pepsina e o coágulo; a pepsina junto com o ácido clorídrico transforma a substância albuminosa em substância absorvível; o coágulo fermenta o leite. O conteúdo do estômago e intestino delgado é denominado quimo. No estômago, o amido e as substâncias amiláceas prosseguem as transformações que a saliva começa e o suco gástrico completará no intestino. O quimo sofre então uma série de transformações ao longo do intestino; a primeira delas por efeito do suco pancreático (separado pelo pâncreas) que, com um de seus componentes, a estrapsina, actua sobre as gorduras neutras, enquanto que outro componente, a tripsina, actua sobre as substâncias proteicas. O quimo também se põe em contacto com a bílis, separada pelo fígado, que, além disso, de uma acção sobre as substâncias proteicas, exerce uma importante acção emulsionante sobre as gorduras alimentícias, assim como uma acção antiputrefação sobre as substâncias alimentícias nitrogenadas; essa tem o poder de reforçar os processos digestivos intestinais. O suco entérico, por último, que contém quimosina que coagula o leite, e a invertina que actua sobre o amido. Todas as substâncias não utilizáveis são expulsas através da desembocadura do tubo digestivo. Depois da digestão segue a absorção do material não elaborado, chamado quilo. O fim do processo digestivo é o de transformar os alimentos digeridos em substâncias solúveis facilmente difusíveis e absorvíveis. A absorção do quilo se faz através de numerosos pêlos que possuem a mucosa intestinal: cada um deles contém um capilar rodeado por pequenos vasos quilíferos nos quais penetra a gordura. Uma vez em circulação, o quilo chega ao sangue e se põe em contacto, e estão durante a digestão em contínuo movimento, prolongando-se e encolhendo-se pela acção das fibras musculares, das quais está provido. No intestino delgado tem lugar a absorção de água e sais, de hidratos de carbono em forma de glucose (açúcar simples); das proteínas em forma de aminoácidos e das gorduras como ácidos gordurosos. A conticuação, na primeira porção do grosso, se realiza a absorção quase total das substâncias que passaram do intestino delgado; os princípios alimentícios se reduzem a 5% de seu conteúdo inicial. No intestino grosso o material intestinal se faz mais consistente e se vê exposto às escisões fermentativas das amígdalas e às escisões putrefactas das proteínas; neste nível tem características de fezes líquidas. Os produtos da putrefacção, que são notavelmente tóxicos, são inócuos para a actividade do fígado que os transformam em produtos que, ao mesmo tempo são eliminados pela urina. As escisões fermentativas e putrefactas são obras da flora bacteriana intestinal; estas bactérias não se encontram nos segmentos anteriores do aparelho digestivo, devido a que a acidez do suco gástrico torna impossível sua sobrevivência nos mesmos. No intestino grosso também se desenvolve a absorção da água contida no material líquido, formando uma massa mais consistente, e as glândulas da mucosa segregam um muco que serve para lubrificar a massa fecal que deve passar do intestino ao reto. A progressão desta massa se faz através de movimentos peristálticos distanciados em longos intervalos. A defecação é um ato reflexo, mas se pode controlar (até certo ponto) pela vontade. As fezes, no momento de sua expulsão estão formadas com 65% de água e o resto de bactérias em grande quantidade (na sua maioria mortas antes de sua eliminação), por substâncias derivadas da escisão, fermentação e putrefacção, produtos de secreção intestinal, pigmentos biliares e sais minerais. A Boca Localizada na parte inicial do sistema digestivo, apresenta um formato oval no seu diâmetro antero-posterior (corte sagital médio). É dividida em duas partes pelos arcos dentais. Seus limites topográficos são: na parte superior, o paladar; na parte inferior, a língua e a base bucal; e nos lados os dentes, gengivas e face (maçãs do rosto). O palato separa a boca da cavidade nasal para evitar que as matérias alimentícias passem para a mesma. A língua, dentes e glândulas salivares funcionam na ingestão e digestão; no homem, a língua e os dentes servem também para articular a linguagem. O órgão do sentido do gosto é a língua. A língua é um músculo grosso recoberto por uma mucosa que apresenta diversas granulações e finos riscos perceptíveis à vista. Na parte axial de sua face superior observa-se um sulco longitudinal que vai desde a ponta até bem mais da sua metade, seguido por duas séries de granulações bastante grandes, que convergem no eixo da língua e formam um v ao contrário chamado uve lingual. Na parte inferior a língua possui uma dobra mucosa que a une à mucosa bucal: é o Freio da língua. A mucosa que recobre a língua possui numerosos pequenos órgãos mais ou menos volumosos e ásperos, denominados papilas gustativas, que nos permitem apreciar o sabor dos alimentos que ingerimos. Apresentam diversas formas e aspectos: filiformes, de textura filamentosa e que ocupam toda a porção da superfície dorsal situada na frente da uve lingual, fungiformes, em forma de cogumelos, avermelhadas, muito visíveis e em número de cerca de 150 a 200, e calciformes, que constam de um botão central rodeado por um sulco, formando a uve lingual. Para que uma substância tenha sabor deve ser total ou parcialmente solúvel na saliva. Só podemos perceber quatro sabores: o amargo, o doce, o ácido e o salgado. O amargo é sentido na base da língua; o doce na ponta, o ácido na ponta e nas bordas; e o salgado em toda a superfície. Certas áreas da língua são insensíveis. A boca é uma cavidade que desempenha uma função activa na digestão. Não constitui somente a abertura superior do tubo digestivo, a porta de entrada dos alimentos. É ela também a sede da mastigação e da insalivação que, triturando e agregando os alimentos (e em parte transformando-os quimicamente), iniciam a digestão. A recomendação de mastigar lentamente e de não engolir rapidamente os alimentos tem um verdadeiro fundamento fisiológico. Na boca distinguem-se: a base na qual se destaca uma massa muscular muito móvel que é a língua; o palato e as duas paredes laterais. O palato constitui o tecto da boca e tem a forma mais ou menos recurva, tanto que é chamado também abóbada palatina. Há tipos de palato que formam justamente um arco agudo, semelhante às ogivas das igrejas (palato ogival). O palato que é, na sua maior parte, ósseo, continua posteriormente com um apêndice exclusivamente músculo-membranoso, chamado véu palatino e também palato mole que apresenta no meio um prolongamento cilíndrico, a úvula (vulgarmente chamada campainha). Dos lados da úvula, o palato mole desce lateralmente em duas pregas que formam os chamados pilares) entre os quais estão aninhadas as duas tonsilas ou amígdalas. As paredes laterais da boca estão limitadas pelas bochechas e pelos dois ossos maxilares, no bordo dos quais se acham implantados os dentes. Os dentes Os dentes são formações de aspecto ósseo, que têm a tarefa de apreender, cortar e moer o alimento. São em número de 32 no adulto, 16 para cada maxilar. Na criança são somente 20 (10 por maxilar). São implantados em pequenas cavidades ditas alvéolos, cavadas na espessura dos ossos maxilares. A sua disposição é simétrica em relação à linha mediana. Para estudá-los basta, portanto, considerar uma única metade dos ossos maxilares. Partindo do meio do maxilar inferior achamos dois dentes chatos e talhados como bisei na sua extremidade livre: são os incisivos, que, encontrando-se com os dois incisivos do maxilar superior, agem como as duas lâminas de uma tesoura. A sua finalidade é pois de cortar. Logo depois encontramos um dente em forma de cone: o canino) cuja função é a de rasgar os alimentos (por tal razão os caninos são particularmente desenvolvidos em certos animais carnívoros). Vêm depoisdois dentes de forma aproximadamente cúbica, cuja superfície livre apresenta dois tubérculos pouco desenvolvidos: são os premolares) aos quais se seguem os três molares, mais volumosos; têm também estes a forma de cubo e a sua superfície triturante apresenta quatro tubérculos. Os dentes compreendem uma parte livre, visível externamente, a coroa, e uma parte oculta (simples ou dividida), a raiz, que apresenta na sua extremidade terminal um orifício através do qual passam os vasos e os nervos destinados aos dentes; e enfim uma região intermédia, o colo, que representa a separação da coroa da raiz. Os incisivos têm uma única raiz, cónica e achatada no sentido transversal; a sua coroa é, ao contrário, achatada de diante para trás e talhada em bisel. Os caninos possuem uma coroa cónica e uma raiz muito longa, especialmente aqueles do maxilar superior, cuja raiz pode chegar até perto da cavidade orbitaria; por esta razão, em algumas regiões, o povo chama "dente do olho" o canino superior. Os premolares terminam com uma coroa em forma de cubo tendo dois tubérculos; têm uma só raiz, a qual traz, sobre ambas as faces, um sulco que parece indicar a tendência da própria raiz a bifurcar-se. Os grandes molares têm, também eles, uma coroa volumosa de forma cúbica, com quatro ou cinco tubérculos na superfície triturante, que constitui uma verdadeira mó. As raízes são duas ou três, ou mesmo mais. Por vezes, a extremidade livre da raiz é recurvada em forma de garra; em tal caso, a extracção do dente só é possível se for quebrada a extremidade recurva, de modo a retirar separadamente os dois fragmentos; caso contrário, junto com o dente, é arrancado também um pedaço do osso maxilar. O Último molar, aquele mais vizinho do ângulo maxilar, é chamado dente do siso porque a sua evolução é tardia. Na verdade, este dente nasce dos vinte aos trinta anos; por vezes nunca. Por vezes, o dente do siso não tem espaço suficiente para ocupar a sua sede natural; brota, então, numa direcção anormal: pode nascer para fora e ulcerar a bochecha, ou então dirigir-se internamente, perturbando os movimentos da língua e ferindo-a. Relativamente à estrutura, um dente compõe-se de três partes: a principal é o marfim ou dentina que tem, pouco mais ou menos, a constituição do tecido ósseo. O marfim, ao nível da coroa, está recoberto por uma substância transparente chamada esmalte, de cor levemente amarelada, muito dura. Ao nível da raiz o marfim é, contrariamente, recoberto pelo cimento, também ele duro, e ligado, exteriormente, ao alvéolo. No interior do dente existe Uma cavidade que contém uma substância mole, rica em vasos sanguíneos e nervos: é a polpa dentária. Evolução dos dentes Os dentes desenvolvem-se pela sexta semana de vida embrionária, por uma invaginação do epitélio da gengiva. O aparecimento dos dentes inicia-se no maxilar inferior. Os dentes do mesmo nome aparecem dois a dois, de um lado e de outro lado do maxilar. Habitualmente, a ordem é a seguinte: - dos seis aos oito meses do nascimento, o incisivo mediano inferior e, algumas semanas mais tarde, o incisivo mediano superior; - dos sete aos nove meses aparece o incisivo lateral inferior seguido do incisivo lateral superior; - com um ano, aparece o primeiro molar; - com quinze a vinte meses, aparece o canino; - com dois anos, aparece o segundo molar. Esta é a dentição de leite que se completa pelos três anos e será mais tarde substituída pela dentição permanente, formada pelos dentes definitivos. Estes últimos existem sob a forma de esboço na espessura dos ossos maxilar e começam a deslocar-se para o bordo alveolar com a idade de cinco a seis anos; neste período, as raízes dos dentes de leite se atrofiam e as coroas acabam por cair. Composição dos dentes: Esmalte, Dentina (Marfim), Cimento e Polpa. A faringe É um conduto, de aproximadamente 13 cm, que está em contacto com a laringe (pertencente ao aparelho respiratório) e que, por meio de uma válvula, o epiglote, fecha a entrada do bolo alimentício às vias respiratórias. A faringe comunica com as fossas nasais, os ouvidos e o esófago. O esófago Da garganta, a comida segue para o esófago, um tubo com paredes musculosas que a empurra para baixo até ela chegar ao estômago. A contracção dos músculos da parede da faringe e a presença do bolo alimentício na porção superior do esófago, provocam uma onda contráctil, única, rítmica e potente das paredes do esófago, chamada onda peristáltica que impulsiona o bolo para o estômago. Sua comunicação com o estômago é regulada por um anel de músculo liso, chamado esfíncter, através do qual se produz a popular hérnia diafragmática. O Estômago Está situado na parte esquerda do abdómen, debaixo das costelas, imediatamente por baixo do músculo diafragma, que separa o tórax do abdómen. Divide-se em três regiões, uma superior ou região do cárdias, uma média ou funda, e outra que se estende até à abertura do intestino delgado, chamada região pilórica. As capas musculares do estômago são muito grossas e têm fibras diagonais, circulares e longitudinais. A mucosa do estômago contém milhões de glândulas gástricas microscópicas que segregam mucos e suco gástrico (com enzimas e ácido clorídrico). O Intestino Intestino delgado: nesta porção ocorre a maior parte da digestão enzimática e quase toda a absorção. É um tubo enrolado de cerca de 7 m de comprimento e de aproximadamente 2,5 cm de diâmetro. O intestino delgado subdivide-se em duodeno, jejuno e íleo, que se comunica com o intestino grosso por meio da válvula íleo cecal. Intestino grosso: nele continua a absorção de água do quimo e graxas, as suas glândulas segregantes de muco, que protege o epitélio, lubrifica as fezes e neutraliza os produtos ácidos do metabolismo bacteriano. O intestino grosso está localizado no abdómen, tem forma de U invertido. Continua no intestino delgado, e deve seu nome ao facto de que o seu diâmetro é maior e as suas paredes mais grossas que o segmento precedente. Começa com uma dilatação fechada chamada ceco, da qual parte um tubo em forma de verme que é o apêndice. O pâncreas É uma massa irregular de tecido situado entre o estômago e o intestino delgado. Consta de três partes: cabeça, corpo e traseiro. Segrega o suco pancreático que contém enzimas que intervêm na hidrolização de proteínas, gorduras, ácido nucléico; também segrega insulina e glucagon que verte na corrente sanguínea e é independente do suco pancreático que intervém na digestão. O Fígado É uma massa glandular que segrega bílis, que ajuda a digestão a neutralizar o quimo ácido do estômago. É um dos órgãos mais volumosos do organismo humano e comunica com o intestino delgado. Grande, de cor avermelhado, o fígado fica próximo ao estômago e está dividido em lobos. O lobo maior é o lado direito e representa 5/6 de todo o órgão. São dois os principais canais de abastecimento de sangue: a veia porta e a artéria hepática. O sangue com nutrientes corre pela veia porta, enquanto que pela artéria hepática chega o sangue rico em oxigénio. Os dois são fundamentais para o trabalho que o fígado precisa fazer. O fígado é o maior órgão interno do corpo. É, também, a maior e mais pesada das glândulas. A medida que uma pessoa envelhece, o tamanho e peso de seu fígado modificam-se : o órgão pesa aproximadamente 1,5kg no adulto saudável (com sangue o peso vai para cerca de 2,5kg) e quando esse adulto atinge 60 anos, o fígado pode ter ficado com a metade do tamanho anterior. O que é normal: mesmo pequeno, o fígado trabalha com eficiência – desde que se mantenha saudável. O fígado é como uma grande e complexa fábrica, capaz de realizar aproximadamente 500 funções diferentes, algumas fundamentais para a preservação da vida. Elas podem ser divididas em três grupos: · funções de desintoxicação - Determinados alimentos e bebidas carregam substâncias tóxicas. Ao filtrar o sangue, o fígado elimina do organismo essas substâncias nocivas (ou consegue torná-las menos prejudiciais) · funções de armazenamento - O fígado age como depósito de gorduras e vitaminas.Também armazena açúcares, fonte de energia. Se o organismo realiza um esforço maior, o fígado fornece mais açúcar. · funções de produção - Ele faz inúmeras proteínas: umas ajudam a criar células sanguíneas, outras carregam gorduras do sangue, etc. Além disso, produz bile e colesterol. Cuidados para manter o fígado saudável O fígado é um dos mais importantes órgãos do corpo e precisa estar em boas condições para fazer o que esperamos dele. Através de atitudes preventivas ajudamos a mantê-lo saudável: 1) Procure seguir horários regulares para alimentar-se e evite comer fora desses momentos. 2) Organize sua rotina de estudo, sem deixar tudo para a última hora. Assim você terá o tempo necessário para divertir-se. 3) Um período de sono de pelo menos oito horas diárias é necessário para que corpo e cabeça descansem e se preparem para o trabalho do dia seguinte. 4) Pratique exercícios, de preferência todos os dias. A actividade física ajuda a manter a forma, relaxa, faz a cabeça funcionar melhor. 5) Beba muito líquido entre as refeições (de preferência sumos ou água fresca) e não beba bebidas alcoólicas. 6) Coma frutas, verduras e legumes frescos diariamente. Glossário COLESTEROL – Composto formado no fígado. Tem diversas funções, porém é mais conhecido por relacionar-se a doenças circulatórias. GLICOGÉNIO – Açúcar que fica armazenado no fígado para ser usado quando o organismo precisa de uma fonte energética. O fígado consegue guardar uma quantidade limitada de glicogénio. O excesso é transformado em gordura e uma das consequências disso é o aumento do peso. ICTERICIA – Cor amarelada da pele provocada por aumento de bilirrubina (um pigmento biliar) no sangue. A icterícia é sintoma de doenças que afectam o fígado ou órgãos próximos. PIGMENTOS BILIARES – Substâncias produzidas pelo fígado a partir da hemoglobina de glóbulos vermelhos. São necessários para a formação da bile. RESSACA - Conjunto de sensações desagradáveis (boca amarga, dor de cabeça, enjoo, etc.) que costuma aparecer quando alguém comete excessos, na maioria das vezes no consumo de bebidas alcoólicas. A vesícula É uma glândula localizada atrás do fígado, está delimitada interiormente pelo epitélio vesicular biliar e produz os componentes da bílis. A vesícula biliar localiza-se na fossa da superfície visceral do fígado, onde está coberta inferior e lateralmente pelo peritónio. A principal parte da vesícula biliar é denominada corpo. A terminação inferior cega do corpo está na borda do fígado ou inferiormente a esta, sendo denominada fundo. Acima, o colo, e a primeira parte do ducto cístico apresentam comumente a forma de um S, uma disposição que resulta no que se denominou de sifão. A vesícula varia bastante em tamanho e forma. Em média, comporta cerca de 30 ml. Uma dilatação denominada bolsa cervical está algumas vezes presente na junção do corpo com o colo, porém é patológica. A mucosa do ducto cístico e do colo da vesícula biliar apresenta-se sob a forma de pregas espirais Fisiologia do Sistema Digestivo Aparelho digestivo ou sistema digestório, como recomenda a nova nomenclatura, é composto de uma série de órgãos tubulares interligados formando um único tubo que se estende desde a boca até o ânus. Recobrindo este tubo há um tipo de "pele" chamado de mucosa. Na cavidade oral (boca), estômago e intestino delgado a mucosa contém pequenas glândulas que produzem líquidos específicos utilizados na digestão dos alimentos. Há dois órgãos digestivos sólidos, o fígado e o pâncreas, que também produzem líquidos utilizados na digestão, estes líquidos chegam ao intestino delgado através de pequenos tubos. Outros sistemas apresentam um importante papel no funcionamento do aparelho digestivo como o sistema nervoso e sistema circulatório (sanguíneo). Porque a Digestão é Importante? Os alimentos quando são ingeridos não estão no formato que o corpo pode aproveitá-los. Devem ser transformados em pequenas moléculas de nutrientes antes de serem absorvidos no sangue e levados às células para a sua nutrição e reprodução. Este processo chama-se de digestão. O Trânsito dos Alimentos Através do Tubo Digestivo. Os órgãos digestivos tubulares contêm músculos que possibilitam dar movimento às suas paredes. Este movimento (peristalse) pode impulsionar e misturar os alimentos com os sucos digestivos. O primeiro movimento é o da deglutição. Apesar de podermos controlar quando engolimos algo, a partir deste momento há uma reacção em cadeia de movimentos involuntários controlados pelo sistema nervoso. O esófago é o órgão ao qual os alimentos são impulsionados após a deglutição. Ele comunica a cavidade oral ao estômago. O alimento então entra no estômago, que tem três funções mecânicas básicas. A primeira como reservatório do alimento, função realizada pela parte superior do estômago que relaxa a sua musculatura e aumenta a sua capacidade. A segunda função é realizada pela parte inferior do estômago misturando os alimentos com o suco digestivo produzido pelo estômago. E finalmente a terceira é a de liberar os alimentos (esvaziamento gástrico), já parcialmente digeridos para o intestino delgado. Este processo ocorre lentamente. Quando o bolo alimentar chega ao intestino delgado ele sofre a acção do suco digestivo produzido pelo pâncreas, fígado e intestino e é impulsionado para frente para dar espaço a mais alimento vindo do estômago. Ao final todos os nutrientes digeridos são absorvidos através da parede do intestino delgado. A parte não digerida que são as fibras e restos celulares da mucosa do intestino. Este material é levado ao intestino grosso (cólon) mantendo-se lá por um dia ou dois até as fezes serem expelidas pelo movimento do intestino grosso até a evacuação. Produção de Sucos Digestivos As glândulas do sistema digestivo são essenciais no processo da digestão. Elas produzem tanto os sucos que degradam os alimentos como também os hormônios que controlam todo o processo. As primeiras glândulas são as que estão na cavidade oral (glândulas salivares). A saliva produzida por essas glândulas, contém uma enzima que inicia o processo da digestão, agindo sobre o amido presente nos alimentos degradando-o a moléculas menores. O próximo grupo de glândulas encontram-se na mucosa do estômago. Produzem o ácido e enzimas que digerem as proteínas. O ácido produzido no estômago é capaz de digerir todos os alimentos que chegam ao estômago, porém não afecta o próprio estômago devido a mecanismos especiais de protecção que este órgão tem. Após o esvaziamento gástrico, o alimento já parcialmente digerido com o suco gástrico vai para o intestino delgado encontrar mais dois sucos digestivos para continuar o processo da digestão. O fígado produz ainda outro suco digestivo: a bile. A bile é armazenada na vesícula biliar e durante as refeições esta " se espreme" liberando-a através de ductos para o intestino. Ao atingir o alimento a bile tem como principal função desmanchar as gorduras para serem digeridas pelas enzimas produzidas pelo pâncreas e intestino. Esqueleto A função mais importante do esqueleto é sustentar a totalidade do corpo e dar-lhe forma. Torna possível a locomoção ao fornecer ao organismo material duro e consistente, que sustenta os tecidos brandos contra a força da gravidade e onde estão inseridos os músculos, que lhe permitem erguer-se do chão e mover-se sobre sua superfície. O sistema ósseo também protege os órgãos internos (cérebro, pulmões, coração) dos traumatismos do exterior. Osso: em todo osso longo, o corpo geralmente cilíndrico, recebe o nome de diáfise, e os extremos, recebem o nome de epífise. A diáfise é oca e seu interior é ocupado pela medula amarela. Também na epífise há um grande número de cavidades formadas pelo entrecruzamento dos delgados tabiques ósseos, os quais contém a medula vermelha, formadora de glóbulos sanguíneos. O periósteo é uma membrana muito tenaz e extremamente vascularizada que envolve os ossos e permite que estes cresçam em espessura; esta membrana é de grande importância pois, por meio de seus vasos sanguíneos, chegamàs células ósseas as substâncias nutritivas. O ESQUELETO: é composto por ossos, ligamentos e tendões. O esqueleto humano é formado por 203 ou 204 ossos e o mesmo divide-se em cabeça, tronco e membros. O esqueleto constitui o arcabouço do organismo e é formado pelos ossos. Além da função de sustento, tem aquela, também, importantíssima, de permitir ao homem de se mover. Os ossos constituem a parte passiva do aparelho locomotor: o seu movimento é devido à contracção e ao relaxamento dos músculos que neles se inserem. Sobre a forma dos ossos têm influência a direcção e a potência dos músculos. Os ossos que formam o esqueleto do adulto são 203, excluindo os ossos considerados "supranumerários" (que existem na cabeça) e os ossos "sesamóides" (pequenos ossos acessórios que se acham na vizinhança das articulações, geralmente imersos em um tecido fibroso). Cada osso do nosso corpo apresenta uma forma característica que permite reconhecê-lo imediatamente, não obstante as variações que possam existir de um indivíduo para outro. A forma dos ossos não é casual mas devida a um complexo de razões. A primeira de tais razões é a forma do seu esboço devido a causas hereditárias; intervêm depois outras causas que influem sobre a forma de cada uma das suas porções: o modo pelo qual dois ossos se põem em relação determina uma mudança das duas superfícies de contacto, e os músculos e os tendões que neles se inserem produzem modificações na superfície de implantação. Além disso, as partes contíguas deixam sobre os ossos impressões, mesmo que sejam menos duras do que ele, como, por exemplo, uma artéria ou um nervo; mesmo o cérebro deixa uma impressão sobre os ossos que o encerram. Os ossos são formados essencialmente pelo tecido ósseo (tecido conjuntivo duro, com 1,87% de fosfato e cálcio) do qual o aspecto é compacto ou esponjoso: no osso compacto o tecido ósseo é constituído de delgadas lâminas ósseas que se sobrepõem umas às outras, unindo-se intimamente em torno de um centro; no osso esponjoso, essas delgadas lâminas se dispõem de modo a formar pequenas cavidades. Há três espécies de ossos: os ossos longos, os ossos curtos e os ossos chatos. O osso longo tem mais desenvolvida uma das suas dimensões; constitui uma espécie de cilindro, no qual podemos distinguir uma parte central dita corpo ou diáfise, e duas extremidades chamadas cabeças ou epífises. Os ossos curtos são aqueles nos quais nenhuma das três dimensões prevalece. Geralmente, os ossos curtos são formados por tecido esponjoso, revestido o mais das vezes superficialmente por uma camada de tecido compacto. Exemplos de ossos curtos são os ossos do carpo e do tarso. Os ossos chatos são aqueles em que predominam duas dimensões; têm, portanto, o aspecto de uma lâmina. São formados por tecido compacto no meio do qual, todavia, se encontra uma camada de tecido esponjoso. Exemplos de ossos chatos são os ossos da abóbada craniana. A forma aparente de um osso pode, por vezes, levar a engano: o osso parece pertencer a certo tipo, quando se considera a forma, mas a sua estrutura é a de um tipo diverso. Por exemplo, as costelas têm a forma alongada e pareceriam, assim, ossos longos; são porém esponjosos internamente e compactos na periferia, como todos os ossos chatos. Certos ossos estão atravessados na periferia por furos: são os furos de transmissão, que servem de passagem a órgãos importantes como vasos e nervos. Todos os ossos têm furos que penetram no seu interior, os furos nutritivos, pelos quais penetram no osso os vasos que devem nutri-lo. Estrutura microscópica do osso Observando-se ao microscópio uma delgadíssima lâmina de osso, veremos que este é formado de numerosas células estreladas que estão unidos entre si por prolongamentos e que se encontram imersos numa substância chamada substância fundamental. No osso compacto, estas células estão dispostas em círculos concêntricos em torno de um canal, o canal de Havers, que contém um capilar sanguíneo e fibras nervosas. Quando o osso morre, as células desaparecem e fica somente a substância fundamental. Mesmo no ser vivo as células estreladas diminuem de volume e em número com o progredir da idade. A substância fundamental é muito dura porque é constituída de sais de cálcio, que estão impregnando uma substância orgânica: a osseína. A osseína é uma substância proteica, e constitui, em peso, a terça parte de um osso seco. Como se formam os ossos Os ossos formam-se no embrião de um esboço constituído por tecido cartilaginoso e por tecido membranoso que representam o osso primário e secundário. Com o tempo, tais esboços começam a ossificar e o processo de ossificação inicia-se em pontos particulares, os centros de ossificação. Por ocasião do nascimento, os ossos estão quase inteiramente no estado cartilaginoso. A ossificação processa-se durante toda a infância e adolescência e só está completa depois do 24º ano de idade. Então todo o esqueleto tornou-se ósseo. Nos ossos longos forma-se um centro de ossificação na diáfise e um em cada epífise; desses três pontos o tecido ósseo começa a estender-se até que o tecido proveniente de um centro se funde com aquele que provém dos outros centros. Nos ossos chatos, o centro de ossificação é na parte mediana e daqui o processo irradia para a periferia. Os ossos, unindo-se uns aos outros, formam o esqueleto, que podemos considerar dividido em duas partes: uma parte constituída pela cabeça, pela coluna vertebral com as costelas, e pelo esterno; e outra apendicular, formada pelos ossos dos membros (superiores e inferiores). O crânio Os ossos da cabeça são vinte e dois, dos quais oito, estreitamente ligados entre si, encaixados uns com outros, (fixos) formam o crânio ou calota cranial que protege o cérebro. Estes são: um frontal, dois parietais (na parte superior-lateral), dois temporais, e o occipital (nuca); o esfenóide (a base do crânio), e o etmóide (entre este último e o frontal). Na face os ossos são: maxilares, zigomáticos, nasais e a mandíbula, que serve para a mastigação, e é o único osso móvel da cabeça. Crânio VISTA LATERAL 1- Osso parietal; 2-Sutura Coronal; 3-Osso Frontal; 4-Glabela; 5-Nasion; 6-Osso nasal; 7-Maxila, processo frontal; 8-Crista lacrimal anterior; 9-Fossa do saco lacrimal; 10-Crista lacrimal posterior; 11-Osso lacrimal; 12-Etnóide, parte orbital; 13-Sutura frontozigomático; 14-Osso zigomático; 15-Maxila; 16-Espinha nasal anterior; 17-Corpo da mandíbula; 18-Ramo da mandíbula; 19-Processo coronóide da mandíbula; 20- Côndilo da mandíbula; 21-Protuberância mental; 22-Forame mental; 23-Processo estiloide do osso temporal; 24-Parte timpânica do osso temporal; 25-Processo mastóide do osso temporal; 26-Meato acústico externo; 27-Processo zigomático do osso temporal; 28-Parte escamosa; 29-Arco zigomático; 30-Esfenóide, asa maior; 31-Ptérion (círculo); 32-Linha temporal inferior; 33-Linha temporal superior; 34-Sutura lambdóide; 35-Osso occipital; 36-Protuberância occipital externa (ínion); 37-Fossa hipofisial (sela túrcica). 1-Osso frontal; 2-Incisura frontal; 3-Forame supraorbital; 4-Órbita; 5-Asa menor do osso esfenóide; 6-Asa maior do osso esfenóide; 7-Fissura orbital superior; 8-Fissura orbital inferior; 9-Osso zigomático; 10-Forame infraorbital; 11-Maxila; 12-Ramo da mandíbula; 13-Corpo da mandíbula; 14-Forame mental; 15-Protuberância mental; 16-Espinha nasal anterior; 17-Concha nasal inferior; 18-Concha nasal média; 19-Septo nasal; 20-Osso nasal; 21-Processo frontal da maxila; 22-Osso lacrimal; 23-Násion; 24-Glabela; 25-Margem infraorbital; 26-Margem supraorbital. Podemos distinguir os ossos que constituem a abóbada e os ossos que constituem a base do crânio. Os ossos da abóbada formam o invólucro externo do crânio e dão à cabeça a sua rotundidade. São representados pelo osso frontal, pelo osso occipital, pelos dois ossos parietais. O osso frontal acha-se anteriormente e contribui para formar a cavidade orbitária. Tem a forma de uma concha. Externamente apresenta duas leves intumescências que constituem as bossasfrontais, mais ou menos desenvolvidas conforme os indivíduos. Posteriormente encontra-se o occipital que apresenta um grande buraco (buraco occipital) por onde passa a medula espinal. Também o occipital é um osso curvo e concorre para formar a abóbada craniana na sua porção posterior; aqui ele apresenta uma protuberância (protuberância occipital externa) e três linhas transversais que se podem sentir facilmente Ossos da base Enquanto a abóbada recobre a massa cerebral superiormente e dos lados, a base serve para sustentá-la. É constituída essencialmente por dois ossos: o esfenóide e o temporal. Concorrem para formar a base, não obstante, também o frontal e o occipital. O frontal, na sua base, dobra-se para dentro, e, constituindo o tecto da cavidade orbitária, dá lugar, por sua vez, ao pavimento do crânio. A mesma coisa faz o occipital posteriormente; dobra-se para baixo, após ter formado o buraco occipital, e fecha a base posteriormente. O esfenóide e o temporal estão compreendidos entre estas duas dobras. O esfenóide constitui a parte preponderante da base do crânio e participa também do esqueleto do nariz. É formado por um corpo central e por prolongamentos laterais, dois de cada lado, que são as pequenas e as grandes asas. O corpo do esfenóide, na sua parte superior, apresenta uma depressão chamada sela túrcica, na qual está contida a hipófise. Da sela túrcica parte a rampa que liga o esfenóide com o occipital. Aos lados da sela túrcica há dois pequenos orifícios que servem para a passagem dos nervos ópticos. As grandes asas unem-se, anteriormente com o frontal e lateralmente com o temporal e concorrem para formar com o temporal o tecto da cavidade orbitária. Apresentam vários orifícios por onde passam nervos. A parte anterior do corpo do esfenóide participa da constituição das fossas nasais e entra em relação com um pequeno osso, o etmóide. O esfenóide, na sua face inferior, apresenta um esporão, o rostro, que se articula com o septo nasal e concorre para separar uma fossa nasal da outra. O temporal contribui para formar tanto a base como a abóbada. É, na verdade, um osso de forma complexa, constituído de um corpo, em forma de pirâmide, que concorre para fechar a base do crânio entre o esfenóide, colocado anteriormente, e o occipital, colocado posteriormente, e da escama, uma lâmina óssea vertical, que forma com o corpo um ângulo e fecha a abóbada craniana ao nível da têmpora, acima da orelha. Na espessura do corpo está contido o aparelho da audição (ouvido médio e interno). Da face lateral, externa, da escama, parte um apêndice, dito apófise zigomática, formando aquele relevo ósseo que se nota nos lados do rosto, adiante da orelha, em particular, é evidente, nos indivíduos muito magros. Posteriormente, também, se distingue uma protuberância, a apófise mastóide, que internamente contém numerosas pequenas cavidades (células) em comunicação com o ouvido médio. Temos assim considerado os ossos da abóbada e da base. Os ossos da abóbada concorrem para formar também a base (frontal e occipital) e vice-versa (o esfenóide e o temporal, além de constituírem a base, contribuem também para fechar o crânio exteriormente). A separação entre a abóbada e a base do crânio é, portanto, puramente teórica, e segue uma linha imaginária que liga a protuberância occipital externa com aquela ligeira eminência que existe no osso frontal, acima da raiz do nariz, e que se chama glabela. Esta linha divide a abóbada, superior, da base, inferior. Resumindo, a abóbada é formada pela escama do frontal, pelos parietais, pela escama do temporal e aquela do occipital, e pela grande asa do esfenóide. A superfície externa da abóbada do crânio está recoberta, anteriormente, pelo músculo frontal e, posteriormente, pelo músculo occipital, e estes dois músculos estão unidos mediante a aponevrose epicraniana, membrana de tecido conjuntivo. Músculos e membrana formam um todo único, acima do qual há o couro cabeludo com os cabelos. Observemos agora a superfície interna da abóbada, aquela que fica voltada para o cérebro. Ela não é lisa como a externa, mas anfractuosa. Os vasos das meninges aí deixam a sua impressão, bem como as circunvoluções cerebrais e os grandes vasos. Encontram-se também pequenas depressões para os vasos linfáticos, chamadas granulações de Pacchioni. A base craniana é formada pela expansão interna do osso frontal; pelo etmóide (que pertence aos ossos da face, pequeno osso que está na parte superior do nariz, entre as duas cavidades orbitárias); pelo esfenóide e pelo corpo do temporal; por fim, pela parte maciça do occipital. A superfície interna da base do crânio, no seu complexo, é muito irregular, por causa das impressões deixadas pela massa cerebral e pelos numerosos orifícios que aí se encontram (dão passagem aos nervos, artérias e veias). A base segue fielmente a massa cerebral e se modela por ela, acompanhando todas as suas sinuosidades. Podemos nela distinguir três fossas: anterior, média e posterior. A fossa anterior está colocada bem mais alto do que as duas outras e recebe os lobos anteriores do cérebro. A fossa média pode dividir-se em duas partes, uma à direita e outra à esquerda, e recebe os lobos temporais do cérebro. Adiante, a fossa média comunica com as cavidades orbitárias, mediante uma fenda (fenda orbitária), pela qual passam os nervos motores do olho com as artérias. A fossa média apresenta orifícios para a passagem da carótida interna (orifício dilacerado), do nervo maxilar superior (orifício redondo), do nervo maxilar inferior (orifício oval), da artéria meníngea média (orifício espinhoso). A fossa posterior, a mais larga de todas, é formada sobretudo pelos temporais e pelo occipital. O centro é ocupado pelo buraco occipital pelo qual passa a medula espinhal; de um lado e de outro deste se acham os furos jugulares que dão passagem à veia jugular interna e a alguns nervos encefálicos. Na parte posterior da fossa estão contidos os lobos occipitais do encéfalo e o cerebelo. Ossos da face Os ossos da face constituem, no seu complexo, três cavidades principais: a cavidade da órbita, a cavidade das fossas nasais, a cavidade da boca. Cavidade orbitária É formada, no seu contorno externo, pelo osso frontal, em cima, e pelo osso zigomático em baixo e lateralmente. O osso zigomático é um típico osso da face; apresenta uma intumescência que constitui, de um lado e de outro, os zigomas ou maçãs do rosto. É continuado atrás por uma apófise que se une a uma apófise análoga do temporal. Adiante, o zigomático se une ao osso maxilar superior e ao nasal. Para cima, emite uma outra apófise que se articula com o osso frontal. O resto da órbita é formado pela grande asa do esfenóide e por dois pequenos ossos: o osso lacrimal, do lado do nariz, e pelo osso palatino, que colabora com o zigomático e o osso maxilar superior para constituir o pavimento da órbita. Cavidade nasal Está situada entre as duas cavidades orbitárias e a cavidade da boca, abaixo da fossa craniana anterior. Abre-se adiante pela abertura piriforme (se observarmos a abertura do nariz no esqueleto veremos que ela tem, caracteristicamente, a forma de uma pêra). Esta abertura é limitada pelos dois maxilares superiores e pelos dois ossos nasais. Atrás, as fossas abrem-se na faringe pelos côanos. A cavidade nasal está dividida em duas partes, a fossa nasal direita e a fossa nasal esquerda, pelo septo nasal, constituído por uma lâmina que desce inferiormente do etmóide, e por um pequeno osso também em forma de lâmina, o vômer. Nas duas fossas nasais podemos distinguir uma base e duas paredes. A base é constituída pelo palato (uma lâmina que deriva do osso maxilar superior), o qual representa, ao mesmo tempo, o tecto da cavidade bucal e o pavimento das fossas nasais. Cavidade bucal A cavidade da boca é formada essencialmente por dois ossos: o maxilar superior e o maxilar inferior ou mandíbula. O maxilar superior é formado por dois ossos que se unem, um ao outro, na linha mediana, e, com o tempo, da sutura fica só o vestígio. Somente em casos excepcionaisos dois ossos não se soldam. Os ossos maxilares superiores articulam-se com os ossos zigomáticos, enquanto, com uma apófise dirigida para cima (apófise frontal) se unem com os ossos nasais e constituem uma boa parte da abóbada do nariz. Na parte interna do osso maxilar destaca-se uma lâmina óssea que avança, para dentro, no sentido horizontal: é a apófise palatina, que, unindo-se com aquela do outro lado, constitui a abóbada da boca, isto é, o palato, e, ao mesmo tempo, o pavimento das fossas nasais. O bordo inferior do osso maxilar superior constitui a arcada dentária superior e apresenta escavações, ou alvéolos.. que recebem as raízes dos dentes superiores. O maxilar inferior é o único osso móvel da cabeça. Apresenta um corpo e dois prolongamentos ascendentes, um de cada lado, os ramos, que partem da extremidade do corpo. O corpo do maxilar inferior tem a forma de uma ferradura de cavalo aberta para trás e a sua borda superior constitui a arcada dentária inferior. Os ramos do maxilar inferior destacam-se do corpo formando com este um ângulo mais ou menos obtuso e terminam por um côndilo que se articula com a fosseta articular do temporal e permite os movimentos da mastigação. Depois da cabeça devemos considerar a coluna vertebral. O crânio O crânio, o esqueleto da cabeça, é a estrutura óssea mais complexa do corpo, porque: (1) contém o encéfalo, cujo formato é irregular; (2) abriga os órgãos dos sentidos especiais para a visão, audição, gustação e olfacto; e (3) envolve as aberturas dos tractos digestivo e respiratório. Na posição anatómica, o crânio é orientado de tal forma que a borda inferior da órbita e a borda superior do meato acústico externo (canal auditivo) estão na horizontal. Este é denominado plano orbitomeático (plano de Frankfurt). O termo crânio é adoptado algumas vezes para se referir ao crânio sem a mandíbula, mas este nome é usado frequentemente em relação à parte do crânio que contém o encéfalo. A sua parte superior é uma estrutura parecida com uma caixa, denominada calvária (abóbada craniana); o restante do crânio, incluindo a maxila, as órbitas e as cavidades nasais, forma o esqueleto facial. O termo vértice (calota) refere-se à parte superior da calvária (calvarium é errado), removida durante necrópsias e dissecções. À face inferior do crânio dá-se o nome de base do crânio. Face anterior do crânio Esta face compreende a parte anterior da calvária, acima, e o esqueleto da face, abaixo. Características notáveis são: afronte formada pelo osso frontal; as órbitas; as proeminências das bochechas formadas pelos ossos zigomáticos; as aberturas nasais anteriores (aberturas piriformes), que se abrem para as cavidades nasais; o par de maxilas contendo os dentes maxilares (superiores); e a mandíbula contendo os dentes mandibulares (inferiores). A face anterior do crânio pode ser dividida em cinco áreas: frontal, orbital, maxilar, nasal e mandibular. Face posterior do crânio Esta face, de contorno redondo ou ovóide, é formada principalmente por um par de ossos parietais e o osso occipital. Encontram as porções mastóideas dos ossos temporais, lateralmente. A característica mais destacada dessa face do crânio é o pólo posterior arredondado, denominado occipúcio. A protuberância occipital externa, uma projecção mediana, facilmente palpável, pode ser identificada em pessoas vivas na extremidade superior do sulco mediano, na face posterior do pescoço. O centro da protuberância occipital externa e sua projecção mais proeminente é denominada íniiJ. As linhas nucais superiores curvas seguem lateralmente, a partir da protuberância occipital externa, em direcção aos processos mastóideos dos ossos temporais. Estas linhas representam o limite superior da face posterior do pescoço. A parte posterior da sutura sagital e as suturas lambdóides são visíveis posteriormente. O lambda, onde as suturas lambdóides e sagital se encontram, é usado quando se mede o crânio. A face posterior da mandíbula, uma característica acentuada dessa superfície do crânio. O adjectivo nucal está relacionado à nuca, a face posterior do pescoço. As linhas nucais indicam a fixação de determinados músculos do pescoço. Face superior do crânio Esta face, também de contorno redondo ou ovóide, é alargada posteriormente por projecções denominadas proeminências parietais. Os arcos superciliares do osso frontal formam o limite anterior dessa face do crânio. Os arcos zigomáticos são visíveis lateralmente. Quatro ossos são unidos por suturas que se interdigitam. Os dois ossos parietais são unidos na sutura sagital; os ossos frontal e parietal são unidos pela sutura coronal; e os ossos parietais são unidos ao osso occipital pela sutura lambdóide. A intersecção das suturas sagital e coronal é denominada bregma. Este ponto de referência é usado na mensuração do crânio. O vértice, a parte mais alta do crânio, está localizado próximo do centro da sutura sagital. Umforame parietal está localizado no osso parietal, a cada lado da sutura sagital. Estes forames conduzem veias emissárias, que conectam os seios venosos durais intracranianos com as veias que recobrem o crânio. Face inferior do crânio A superfície externa da base do crânio mostra a face inferior das maxilas, palato duro e dentes maxilares. As faces inferiores dos arcos zigomáticos, que se curvam para trás a cada lado, também são visíveis. Cada arco zigomático é formado pela união do processo temporal do osso zigomático com o processo zigomático do osso temporal (zigoma). Centralmente, a face inferior do crânio ou base do crânio é irregular, devido aos vários forames, processos e articulações. Lateralmente, a base do crânio apresenta os ossos temporais com seus proeminentes processos mastóides e estiloide. O forame magno é uma das características mais evidentes da base do crânio. É limitado anterolateralmente pelos côndilos occipitais, que se articulam com o atlas (vértebra C 1). O bulbo do tronco do encéfalo atravessa o forame magno, continuando-se com a medula espinhal. Como possui vários forames (aberturas) e áreas delgadas de osso, a base do crânio é frágil; portanto, as fracturas são comuns. Face lateral do crânio Esta face inclui os ossos parietal, frontal e partes dos ossos temporal e esfenóide. A divisão do crânio em uma grande calvária ovóide e um esqueleto facial A Coluna 1. Estrutura das Vértebras: INCLUDEPICTURE "http://www.corpohumano.hpg.ig.com.br/sist_osseo/coluna_vertebral/imagem_coluna_vertebral_2.jpg" \* MERGEFORMATINET A - Apófise Transversa B - Disco Intervertebral (visto de frente e perfil) C - Apófise Posterior (vista de perfil e posterior) D - Apófises Articulares ou Facetas Articulares E - Articulação Costo-transversa F - Articulação Costo-vertebral G - Apófise Odontóide H - Forâmen de Conjugação ou Forâmen Intervertebral I - Lâmina Vertebral J - Pedículo Vertebral As vértebras compõem-se pelas seguintes estruturas: corpo, pedículos, lâmina e apófises. O corpo vertebral encontra-se na porção anterior em relação ao eixo corporal. O corpo vertebral, nesta posição, suporta as forças de carga e pressão e é composto por uma estrutura óssea esponjosa, apresentando uma placa cartilaginosa na sua porção superior e inferior. Varia de altura e de diâmetro conforme o segmento vertebral onde se localiza. Os corpos das vértebras cervicais são de menor diâmetro e altura, sendo a porção mais alta da coluna na posição ortostática. Os corpos dorsais ou toráxicos aumentam progressivamente a sua altura e diâmetro, apresentando um aspecto cilíndrico. Os corpos vertebrais lombares são achatados e largos por constituírem as vértebras que suportam as maiores pressões da coluna vertebral. As vértebras sacras são fusionados entre si, constituindo-se num osso que apresenta forma triangular. Este por sua vez articula-se com o ilíaco na região pélvica, apresentando a base fixa da coluna vertebral e sua relação com a pelve ou bacia. Assim, estabelece-se a base de suporte da coluna vertebral do ser humano. Pedículos vertebrais: são expansões ósseas conectadasao corpo na sua porção anterior e a lâmina óssea vertebral na sua porção posterior. Constituem a face lateral das vértebras e tem na sua porção posterior as apófises articulares. O pedículo limita o canal raquidiano em ambos os lados e, através de sua apófise articular, conecta-se com as vértebras adjacentes. Lâmina Vertebral: são porções ósseas laminares que limitam o canal raquidiano em sua face posterior. Como o corpo vertebral, variam de forma e tamanho conforme a vértebra que constitui. Vista ao Raio X no sentido póstero-anterior têm o formato de asa de borboleta. Apófises: Apófise Vertebral Posterior: as apófises posteriores da coluna vertebral são saliências ósseas de localização posterior formada como uma expansão da lâmina vertebral. Estão situadas na linha média posterior da coluna. Apófise Transversa ou Costiforme: localiza-se lateralmente em relação ao eixo vertebral e constitui uma expansão dos pedículos na sua face lateral. Excepção é feita na quinta vértebra lombar, cuja apófise transversa é uma extensão posterior do corpo vertebral. Apófises Articulares: são saliências articuladas da porção pedicular que relacionam as vértebras entre si, constituem o apoio posterior intervertebral. O apoio anterior é realizado pela estrutura do disco intervertebral. Apófise Odontóide ou Processo Odontóide: é uma porção óssea, densa, que se projecta na parte superior do áxis (segunda vértebra cervical) para dentro do atlas (primeira vértebra cervical) e se introduz no forâmen magnum. Este localiza-se na base do crânio e tem no seu interior estruturas como o bulbo (centro nervoso do comando respiratório) e o início da estrutura medular-nervosa. O processo odontóide estabiliza a coluna cervical em relação ao crânio, permitindo os movimentos de rotação da cabeça. O mesmo se projecta no interior do atlas, que realiza o suporte do crânio e do forâmen magnum que se constitui na cavidade localizada na base do crânio. Facetas Articulares: são porções cartilaginosas das articulações interapofisárias. Na região dorsal, existem as facetas costais superiores e a faceta costal inferior que se localiza superiormente e posteriormente ao corpo vertebral. Elas servem para fazer a conexão com os arcos costais. Cápsula Articular: é uma estrutura com tecido fibroso que é responsável pelo revestimento das articulações interapofisárias e, juntamente com a membrana sinovial, tornam a estrutura fechada onde circulam líquido sinovial para nutrir e vitalizar as cartilagens em contacto na articulação. Forâmen Vertebral: trata-se de um orifício que se localiza lateralmente ao canal vertebral. Encontra-se relacionado ao espaço intervertebral e parte inferior do corpo da vértebra. Localiza-se entre as facetas articulares por trás, e o corpo vertebral e o disco intervertebral pela frente. Disco Intervertebral: O disco intervertebral constitui-se de uma estrutura fibro-cartilaginosa formada por anéis concêntricosna sua porção externa e um núcleo gelatinoso formado por substâncias hidrófilas (muco polissacarídos) que garantem essa hidrofilia (retenção de água), mantendo a capacidade de hidratação e flexibilidade do disco. As vértebras desde C2 (segunda vértebra cervical) até S1 (primeira vértebra sacra) são interpostas por estruturas discais chamadas de discos intervertebrais. Ao todo são 23 discos. Ligamentos: são estruturas fibrosas cuja função está relacionada à estabilidade intrínseca das vértebras na sua posição natural. É constituída por 33 ou 34 ossos ditos vértebras. Toda a vértebra é formada por um corpo em forma de disco, de espessura variável conforme a região. Do corpo partem as lâminas vertebrais que convergem para dentro, e, reunindo-se, formam um anel. Da superposição desses anéis resulta um canal no qual está contida a medula espinhal. Os anéis apresentam, dos lados e posteriormente, apêndices ósseos, chamados apófises; as laterais se chamam apófises transversais; a posterior se chama apófise espinhal. As apófises dão inserção a músculos e ligamentos. Toda vértebra se articula com a vértebra que está acima e com aquela que está abaixo mediante apófises articulares. Todas as vértebras têm particularidades próprias, de acordo com o lugar que ocupam na coluna vertebral. As vértebras classificam-se em cervicais, torácicas ou dorsais, lombares, sacras e coccigeanas. Vértebras cervicais São sete. A sua apófise transversa tem a característica de ser escavada por um orifício (orifício transversal) pelo qual passam os vasos vertebrais. A primeira vértebra cervical chama-se atlas: articula-se, em cima, com o crânio, e, em baixo, com a segunda vértebra cervical chamada áxis. Estas duas vértebras são muito diversas de todas as outras porque têm o fim de permitir os movimentos da cabeça. O atlas não tem corpo e recebe, no seu anel, uma apófise do áxis, o dente do áxis. A sétima vértebra cervical chama-se proeminente porque se destaca de modo sensível e determina, principalmente nos indivíduos magros, uma saliência visível. Vértebras torácicas São 12, têm um corpo reforçado e articulam-se com as respectivas costelas. Vértebras lombares São 5 e têm um corpo maior do que as precedentes. Vértebras sacras São 5 e têm um tamanho decrescente. No feto e na criança até cerca de 8 anos são independentes umas das outras, enquanto no adulto soldam-se entre si; da sua reunião forma-se um único osso, que é chamado osso sacro. Vértebras coccigeanas São 4 ou 5 e têm um tamanho bem reduzido. A coluna vertebral tem bastante mobilidade por causa das articulações entre uma vértebra e outra. Não é recta, mas apresenta quatro curvaturas, duas voltadas para diante e duas voltadas para trás, as quais se alternam entre si e, portanto, se compensam. As curvaturas tomam o nome da região em que se acham: temos assim a curvatura cervical (aberta para trás), a curvatura dorsal (aberta para diante), a curvatura lombar (aberta para trás) e a curvatura sacra (aberta para diante). Essas são as curvaturas dispostas no plano antero-posterior. A coluna vertebral, vista pela frente, parece direita, excepto uma pequena curvatura aberta para a esquerda, presente em quase todos os indivíduos. Essa curvatura faz com que o ombro esquerdo seja ligeiramente mais alto do que o direito. O fenómeno não é facilmente explicável. Foi atribuída a culpa à maior actividade dos músculos da parte direita, mas a mesma curvatura existe nos canhotos. Segundo outros é a posição assumida pela maior parte dos indivíduos nos bancos da escola. As curvas da coluna vertebral podem ser acentuadas por motivos patológicos. Quando são acentuadas as curvas abertas para trás, tem-se a lordose; quando, ao contrário, são exageradas as curvas abertas para a frente tem-se a cifose. Quando a coluna vertebral apresenta uma curvatura para a direita ou para a esquerda, tem-se a escoliose. O Tórax ESQUELETO DO TÓRAX O tórax é formado por ossos que, no seu conjunto, constituem a caixa torácica. Para formar a caixa torácica concorrem: posteriormente as vértebras torácicas ou dorsais; adiante um osso ímpar, o esterno; enfim, entre o esterno e as vértebras, encontram-se as costelas. ESTERNO É um osso mediano, chato, que se parece de modo geral com uma adaga romana. Nele distinguem-se três partes: uma superior, dita manúbrio; uma intermediária, dita corpo; e uma inferior, pequena, chamada apófise xifóide ou apêndice xifóide. O manúbrio forma com o resto do osso um ângulo, dito ângulo de Luys que se torna muito acentuado e evidente quando o desenvolvimento do tórax é deficiente ou no caso de pessoa de constituição delicada. Nos bordos do manúbrio e do corpo há as incisuras nas quais se inserem a clavícula e as primeiras sete costelas. O bordo superior apresenta uma fosseta, muito evidente nos indivíduos magros: a fosseta jugular. COSTELAS As costelas são em número de doze pares e ligam o esterno à coluna vertebral onde se inserem nas vértebras dorsais (essas também em número de doze); têm uma forma curva, com um arco, e a sua direcção não é horizontal; partindo da vértebra torácica, a costeladirige-se para baixo. A sua extremidade anterior (esternal) é mais baixa do que aquela posterior (vertebral). As articulações das costelas com as vértebras torácicas são duas: há uma articulação com o corpo e outra com a apófise transversa. A extremidade anterior das costelas insere-se no esterno com a interposição de um segmento cartilaginoso ou cartilagem costal. Os primeiros sete pares de costelas chamam-se costelas verdadeiras; nelas, a cartilagem costal insere-se directamente no esterno. A oitava, a nona e a décima costela não terminam, diferentemente, no esterno, mas no bordo inferior da costela que se acha acima. A undécima e a duodécima costela não estão ligadas ao esterno, mas ficam livres e por isso são chamadas costelas flutuantes. Em todo o bordo inferior das costelas caminham os vasos e os nervos intercostais. Entre uma costela e outra, isto é. nos espaços intercostais, há músculos. A primeira costela tem uma forma particular. Na verdade, enquanto as outras têm uma face externa e uma interna, a primeira costela está achatada de alto para baixo e apresenta, portanto, uma face superior e uma face inferior. Na face superior acha-se uma pequena saliência, o tubérculo de Lisfranc, importante porque, perto dele, passa a artéria subclávia. O tubérculo é, pois, ponto de orientação para achar a subclávia, sendo útil quando há necessidade de ligar esta artéria. Temos, assim, considerado os elementos que concorrem para formar a caixa torácica. Observemos agora essa caixa torácica no seu conjunto. Tem ela a forma de um tronco de cone, com a base menor voltada para cima. A superfície externa da caixa torácica apresenta, posteriormente, uma saliência que corre de alto a baixo e é devida à série das apófises espinhosas vertebrais. Do lado correm duas goteiras vertebrais, nas quais se contêm os músculos que servem para mover a coluna vertebral. A caixa torácica está aberta em cima, para o pescoço, a fim de dar passagem ao esófago, à traqueia e a grandes vasos; em baixo é, ao contrário, fechada por um músculo em forma de cúpula: o diafragma. O interior da caixa torácica constitui a cavidade torácica, ocupada, lateralmente, pelos pulmões, e, ao centro, pelo coração, com a aorta, que, depois de ter descrito um arco, desce para o abdómen, atravessando o diafragma, A cavidade torácica é percorrida, anteriormente, pela traqueia, que se divide nos dois brônquios, os quais se dirigem aos respectivos pulmões. Posteriormente, a cavidade é percorrida pelo esófago que penetra, também ele, no abdómen depois de atravessar o diafragma. Na cavidade torácica, enfim, estão contidas, em parte, as duas veias cavas e o ducto torácico. A forma da caixa torácica se modifica com a idade e as condições fisiológicas do indivíduo, e é diversa de acordo com o sexo. No homem tem uma forma cónica, enquanto na mulher é arredondada na sua parte mediana, recordando a forma de um tonel. A diferença depende do diverso tipo de respiração: a mulher, na verdade, respira pelo tórax, enquanto no homem a respiração é abdominal. Também essa diversidade tem a sua razão e a sua utilidade: na mulher a respiração abdominal seria muito prejudicada por ocasião da gravidez. Os movimentos da caixa torácica durante a respiração são os seguintes: na inspiração, quando o tórax se dilata, as costelas se elevam e se alargam (mais na mulher que no homem). Na expiração, quando o tórax se restringe, as costelas se abaixam e se reúnem. Deste modo os três diâmetros da caixa torácica aumentam e diminuem alternadamente, de modo que os pulmões, que seguem passivamente os movimentos da caixa torácica, em um primeiro momento se dilatam, enchendo-se de ar, mas logo +em seguida se contraem, deixando sair parte do ar neles encerrado. As costelas As costelas são ossos compridos, elásticos, dispostos em ambos os lados do tórax (totalizam 24). Na parte anterior, uma ou duas costelas flutuantes se unem ao esterno, osso plano disposto verticalmente. Elas ajudam a formar ou compor o Esqueleto do Tórax. Os membros ESQUELETO DOS MEMBROS O esqueleto dos membros superiores e o dos inferiores apresentam características análogas. Em ambos podemos distinguir três segmentos: o primeiro, formado por um osso único; o segundo, por dois ossos, e o terceiro por uma série de pequenos ossos; vêm depois os ossos das falanges. O membro superior é dotado de maior amplitude de movimentos; de outro lado, os ossos do membro inferior são mais fortes. Isto é evidente levando em consideração as funções: o membro superior desenvolve determinadas actividades de trabalho, enquanto o membro inferior tem de sustentar o peso do corpo. Os membros estão unidos ao corpo mediante um sistema ósseo que toma o nome de cintura ou de cinta. A cintura superior se chama cintura torácica ou escapular; a inferior se chama cintura Pélvica. A primeira sustenta o úmero e com ele todo o braço; a segunda dá apoio ao fémur e a toda a perna. Membro superior A cintura torácica é formada de dois ossos: a clavícula e a omoplata ou escápula. Este complexo está unido ao tórax somente mediante a articulação que a clavícula tem com o esterno. A omoplata, por sua vez, está unida somente com a clavícula e uma vez que o osso do braço (úmero) se une à omoplata, e somente a esta, entende-se como a espádua e o braço sejam dotados de movimentos muito amplos. Omoplata É um osso chato, cujo tecido esponjoso quase desapareceu, de modo que as duas lâminas de tecido compacto estão praticamente em contacto. Tem a forma de um triângulo e encontra-se na parte posterior do tórax, contra as sete primeiras costelas. Da face posterior da omoplata destaca-se uma apófise de secção triangular, a espinha da omoplata, que termina com uma saliência: o acrômio. A espinha divide a face posterior da omoplata em duas fossas: uma superior (fossa supra-espinal) e outra inferior (fossa infra-espinal) que são ocupadas por músculos que têm o mesmo nome. O bordo superior da omoplata continua lateralmente por uma saliência óssea, dita apófise coracóide, que se articula com a clavícula. Dos três ângulos, o lateral se alarga para formar a cavidade glenóide, na qual se move o úmero. Úmero O úmero é o osso do braço. Articula-se, superiormente, com a omoplata, e, inferiormente, com os ossos do antebraço (rádio e cúbito). Sendo um típico osso longo, o úmero apresenta uma diáfise e duas epífises. A epífise superior, chamada cabeça do úmero, está reunida à diáfise por um estrangulamento dito colo cirúrgico (neste nível são muito frequentes as fracturas). A cabeça do úmero tem a forma de um hemisfério e se destaca do complexo da epífise por um outro estrangulamento: o colo anatómico. Nesta epífise se pode notar o sulco em que passa o tendão do músculo bíceps, e dois tubérculos para as inserções musculares. A epífise inferior do úmero apresenta duas saliências: uma lateral chamada côndilo, que se articula com o rádio, e uma interna, que se chama tróclea, e se articula com o cúbito. O corpo do úmero apresenta uma goteira, dita de torção, que o percorre de alto a baixo e de trás para diante, representando que o osso foi torcido de 180°. Diferença entre os ossos do esqueleto masculino e feminino Em Em geral, os ossos e as superfícies articulares nas mulheres são menores que nos homens. O comprimento das pernas masculinas, por exemplo, representa 56% da altura, enquanto nas mulheres essa relação é de cerca de 50%. Na comparação entre adultos saudáveis dos dois sexos, verifica-se que as mulheres têm ombros mais estreitos, quadris mais largos e tórax menor. No cotovelo e no joelho, elas têm valgos, como é chamado o ângulo de afastamento do antebraço e perna da linha média do corpo, maiores. Nos quadris, o varos, nome que se dá à aproximação das coxas da linha média do corpo feminino, é menor. Outra diferença: o centro de gravidade nas mulheres é mais baixo que no homem. Isso ocorre porque elas têm bacia mais larga e pernas mais curtas. Esse é um dos factores que proporciona às mulheres certas vantagens na prática de algumas modalidadesdesportivas, como, por exemplo, ginástica rítmica e desportiva. O SISTEMA RESPIRATÓRIO Mas porque se respira? Porque somos formados por células, milhões de células, e cada uma precisa de um pouco de ar. A respiração é a função mediante a qual as células vivas do corpo tomam oxigénio (O2) e eliminam o dióxido de carbono (CO2). É um intercâmbio gasoso (O2 e CO2) entre o ar da atmosfera e o organismo. O sangue circula dentro de diminutos vasos adjacentes a cada célula corporal e são os glóbulos vermelhos do sangue que levam oxigénio aos tecidos e extraem dióxido de carbono. Nos pulmões, os glóbulos vermelhos descarregam o dióxido de carbono no ar e dele tomam sua nova carga de oxigénio. O processo chama-se hematose. O sistema respiratório está formado por: Vias respiratórias: cavidades nasais, naso-faringe, traqueia, árvore bronquial; que conduzem, aquecem, humedecem e filtram o ar inalado de partículas de pó e gases irritantes, antes de sua chegada à parte pulmonar. Parte respiratória dos pulmões, formada pelos pulmões com os bronquíolos respiratórios, os alvéolos pulmonares e o tecido elástico. Todas as vias respiratórias, das narinas até os bronquíolos terminais, mantêm-se húmidas pela presença de uma capa de células (epitélio) que produz uma substância chamada muco. O muco humedece o ar e impede que as delicadas paredes alveolares sequem, ao mesmo tempo que apanha as partículas de pó e substâncias estranhas. Os cílios são espécies de pelos na superfície da célula que têm um movimento ondulatório. Esses movimentos fazem com que o muco flua lentamente até a laringe. Depois o muco e as partículas que leva presas são deglutidas ou expelidas pela tosse. A respiração é uma das funções essenciais do organismo. Consiste em fornecer oxigénio ao sangue, oxigénio esse que será levado a todas as células. Sem oxigénio, os tecidos, e, portanto, o organismo inteiro, não poderiam viver. O oxigénio está contido no ar e o ar entra em contacto com o sangue, mediante um aparelho chamado "respiratório". Permite a troca entre o sangue e o ar: o ar cede ao sangue o oxigénio; o sangue, por sua vez, por meio dos pulmões, abandona o anidrido carbónico que é um produto de rejeição da respiração das células. A respiração exerce por meio de uma série de actos tais que permitem a passagem do ar através das vias respiratórias. Começando pelo nariz, que é onde entra o ar. Dentro do nariz, há um monte de pêlos. Eles servem como um filtro, já que o ar pode estar sujo. E, contra o pó, espirro nela! Sim, é um dos motivos por que a gente espirra. Para expulsar impurezas que vêm junto com o ar inspirado. Imagine – argh – que um mosquito entra no seu nariz. Ele vai ficar preso nos pêlos, aí o seu corpo vai expulsar um monte de ar, fazendo uma ventania. É o espirro! O mosquito vai sair a mais de 160 quilómetros por hora! E já vai tarde. O ar pode entrar pela boca também, mas nesse caso não é filtrado. É por isso que dizem: boca fechada não entra mosquito. Para o ar, a boca deve ser como uma rua de mão única: só saída. Do nariz ou da boca, o ar passa por um grande túnel, cheio de estações, como a linha do metro. No começo do túnel há um portão, a glote. Ela só deixa entrar o ar, impedindo que alimentos passem. A primeira estação é a laringe, muito importante para a voz. Por isso nós ficamos roucos quando temos laringite: é quando a laringe está doente. Em seguida, vêm as cordas vocais. São elas que regulam o ar, quando falamos grosso ou fino. A seguir vem a traqueia. É a última estação antes de chegar aos pulmões – ou a primeira quando o ar está a sair. Como o nariz, a traqueia tem um filtro de pêlos, que não deixa que nenhuma partícula passe para os pulmões. No começo dos pulmões estão os brônquios. Só nos lembramos deles se tem bronquite, mas são muito importantes. Os brônquios formam uma rede através do pulmão, levando o ar por caminhos cada vez mais estreitos até os alvéolos. A bronquite faz com que os caminhos fiquem muito mais estreitos, causando falta de ar. Alvéolos pulmonares, a estação terminal do sistema respiratório. Aqui o ar é passado ao sangue e começa outra viagem. Para nós, o principal componente do ar é o oxigénio. Então o sangue vai pegar o oxigénio com seus glóbulos vermelhos e levá-lo até as mais remotas células. Pensa que demora? Quase nada, isso acontece muitas vezes por minuto. É nos alvéolos também que chega o sangue sujo, com o ar usado. Lembre-se que o coração manda o sangue sujo para o pulmão? Quando respiramos, as células transformam o oxigénio em gás carbónico. Os alvéolos pegam nesse ar usado e mandam embora, pelo mesmo caminho por onde entrou: brônquios, traqueia, cordas vocais, laringe, nariz ou boca. Então quer dizer que, quando a gente fala, nossas palavras estão cheias de significado e... gás carbónico!? Pois é. A peça central do movimento da respiração é o diafragma. Ele fica logo abaixo da caixa torácica. Para o ar entrar, ele baixa e empurra o estômago. Para expulsar o ar, ele dá um empurrão para cima. Portanto, quando você fala, é o diafragma que está mandando o ar para cima. E o que é o soluço? Às vezes estamos a comer e engolimos ar junto. Então a glote fica confusa, não sabe se abre, se fecha... E o diafragma entra em acção, empurrando ar para cima para expulsar algum alimento que possa ter entrado. Aí, para o soluço ir embora, cada um tem uma receita: beber água pulando num pé só, prender a respiração e contar até 83, entre outras. O SISTEMA MUSCULAR No corpo humano existe uma enorme variedade de músculos, dos mais variados tamanhos e formato, onde cada um tem à sua disposição conforme o seu local de origem e de inserção. Temos aproximadamente 212 músculos, sendo 112 na região frontal e 100 na região dorsal. Cada músculo possui o seu nervo motor, o qual se divide em muitos ramos para poder controlar todas as células do músculo. O sistema muscular é capaz de efectuar imensa variedade de movimento, onde todas essas contracções musculares são controladas e coordenadas pelo cérebro. Além disso não podemos esquecer de salientar a importância dos músculos na postura e nas dores, pois sabemos que muitas lombalgia ou cervicalgia são provocadas por encurtamento de músculos, sendo necessário com isso que os mesmos estejam em uma posição mínima de comprimento. Um facto importante é com relação ao encurtamento dos músculo da cadeia posterior e fraqueza dos músculos da cadeia anterior que pode provocar muitas vezes dores e posicionamento inadequado do indivíduo, sendo com isso necessário ter um equilíbrio com relação aos músculos. As patologias mais comuns desse desequilíbrio são: as lombalgias, cervicalgia, dores no nervo ciático, entorse de tornozelo, tendinites e outras patologias. Os músculos são os órgãos activos do movimento. São eles dotados da capacidade de contrair-se e de relaxar-se, e, em consequência, transmitem os seus movimentos aos ossos sobre os quais se inserem, os quais formam o sistema passivo do aparelho locomotor. O movimento de todo o corpo humano ou de algumas das suas partes - cabeça, pescoço, tronco, extremidades deve-se aos músculos. De músculos estão, ainda, dotados os órgãos que podem produzir certos movimentos (coração, estômago, intestino, bexiga etc.). A musculatura toda do corpo humano pode, portanto, dividir-se em duas categorias: 1) Os músculos esqueléticos, que se ligam ao esqueleto; estes músculos inserem-se sobre os ossos e sobre as cartilagens e contribuem, com a pele e o esqueleto, para formar o invólucro exterior do corpo. Constituem aquilo que vulgarmente se chama a "carne" e são comandados pela vontade. 2) Os músculos viscerais, que entram na constituição dos órgãos profundos, ou vísceras, para assegurar-lhes determinados movimentos. Estes músculos têm estrutura "lisa" e funcionam independentemente da nossa vontade. Uma categoria à parte é constituída pelos músculos cutâneos, os quais se inserem na pele, pelo menos por uma das suas, extremidades. No homem, esses músculos são pouco desenvolvidos e são encontrados, na sua maior parte, na cabeça e no pescoço(músculos mímicos), mas são desenvolvidíssimos nos animais. As células musculares, chamadas fibras, têm a capacidade de mover-se. O movimento, uma das propriedades mais surpreendentes da matéria vivente, não é património exclusivo do músculo. No século XVII, observou-se através de um microscópio o movimento de células espermáticas. Existe uma grande variedade de células capazes de mover-se, como, por exemplo: os glóbulos brancos que viajam pelo sangue até os tecidos onde vão actuar, o movimento dos cílios (pelos) na superfície de algumas células como no Sistema Respiratório. Nestes casos, o movimento é função secundária das células. Com o termo "músculo" nos referimos a um conjunto de células musculares organizadas, unidas por tecido conectivo. Cada célula muscular denomina-se fibra muscular. No corpo humano há três tipos de músculos: · Estriado, voluntário ou esquelético; · Liso, involuntário.; · Cardíaco. Músculo-esquelético estriado ou voluntário As células do músculo-esquelético são cilíndricas, filiformes. Uma fibra muscular ordinária mede aproximadamente 2,5 cm de comprimento e sua largura é menor de um décimo de milímetro. As fibras musculares agrupam-se em feixes. Cada músculo compõe-se de muitos feixes de fibras musculares. É avermelhado, de contracção brusca, e os seus movimentos dependem da vontade dos indivíduos. Constitui o tecido mais abundante do organismo e representa de 40 a 45% do peso corporal total. A carne que reveste os ossos é tecido muscular. Esses encontram-se unidos aos ossos do corpo e a sua contracção é que origina os movimentos das distintas partes do esqueleto, e também participa noutras actividades como a eliminação da urina e das fezes. A actividade do músculo-esquelético está sob o controlo do sistema nervoso central e os movimentos que produz relacionam-se principalmente com interacções entre o organismo e o meio externo. Chama-se de estriado porque as suas células aparecem estriadas ou raiadas ao microscópio, igual ao músculo cardíaco. Cada fibra muscular comporta-se como uma unidade. Um músculo-esquelético tem tantas unidades quanto fibras. Por isso se define como multi-unitário. O movimento é feito por contracção da fibra muscular. Músculo liso ou involuntário As células do músculo liso são sempre fusi-formes e alargadas. O seu tamanho varia muito, dependendo da sua origem. As células menores encontram-se nas arteríolas e as de maior tamanho no útero grávido, as suas fibras não apresentam estrias e por isso são chamados de liso. Tendem a ser de cor pálida, a sua contracção é lenta e sustentada, e não estão sujeitos à vontade da pessoa; de onde deriva o seu nome de involuntário. Esse músculo reveste ou forma parte das paredes de órgãos ocos tais como a traqueia, o estômago, o trato intestinal, a bexiga, o útero e os vasos sanguíneos. Como exemplo da sua função, podemos dizer que os músculos lisos comprimem o conteúdo dessas cavidades, intervindo desta maneira em processos tais como a regulação da pressão arterial, a digestão etc. Além desses conjuntos organizados, também se encontram células de músculo liso no músculo erector do pêlo, músculos intrínsecos do olho etc. A regulação de sua actividade é realizada pelo sistema nervoso autónomo e hormonas circulantes. As fibras do músculo liso são menores e mais delicadas do que as do músculo-esquelético. Não se inserem no osso, mas actuam como paredes de órgãos ocos. Em volta dos tubos, em geral, há duas capas, uma interna circular e uma externa longitudinal. A musculatura circular constringe o tubo; a longitudinal encurta o tubo e tende a ampliar a luz. No tubo digestivo, o esforço conjunto da musculatura circular e da longitudinal impulsiona o conteúdo do tubo produzindo ondas de constrição chamadas movimentos peristálticos. Há dois tipos de músculo liso: Multi-unitário: cada fibra comporta-se como uma unidade independente, comportamento semelhante ao músculo-esquelético. Ex: Músculos erector do pêlo, músculos intrínsecos do olho etc. Não se contraem espontaneamente. A estimulação nervosa autónoma é que desencadeia sua contracção. Unitários simples: as células comportam-se de modo semelhante ao músculo cardíaco, como se fossem uma estrutura única. O impulso transmite-se de célula para célula. Pode-se dizer que o músculo, na sua totalidade, funciona como uma unidade. Ex: músculo intestinal, do útero, uréter etc. Músculo cardíaco ou miocárdio Forma as paredes do coração, não está sujeito ao controlo da vontade, tem aspecto estriado. As suas fibras dispõem-se juntas para formar uma rede contínua e ramificada. Portanto, o miocárdio pode contrair-se em massa. O coração responde a um estímulo do tipo " tudo ou nada", daí que se classifique como unitário simples. O músculo cardíaco contrai-se ritmicamente 60 a 80 vezes por minuto. Unidade motora ou unidade funcional. Cada músculo tem um nervo motor (grupo de fibras nervosas) que entra nele. Cada fibra nervosa divide-se em ramas terminais, chegando cada rama a uma fibra muscular. Em consequência, a unidade motora esta formada por um só neurónio e o grupo de células musculares que este enerva. O músculo possui muitas unidades motoras. Responde de forma graduada dependendo do número de unidades motoras que se activem. Contracção muscular A maquinaria contráctil da fibra muscular está formada por cadeias proteicas que se deslizam para encurtar a fibra muscular. Entre elas há a miosina e a actina, que constituem os filamentos grossos e finos, respectivamente. Quando um impulso chega através de uma fibra nervosa, o músculo contrai-se. Quando uma fibra muscular se contrai, encurta-se e alarga-se. O seu comprimento diminui a 2/3 ou à metade. Deduz-se que a amplitude do movimento depende do comprimento das fibras musculares. O período de recuperação do músculo-esquelético é tão curto que o músculo pode responder a um segundo estímulo quando ainda perdura a contracção correspondente ao primeiro. A super posição provoca um efeito de esgotamento superior ao normal. Depois da contracção, o músculo recupera-se, consome oxigénio e elimina dióxido de carbono e calor em proporção superior à registrada durante o repouso, determinando o período de recuperação. O facto de consumir oxigénio e libertar dióxido de carbono sugere que a contracção é um processo de oxidação mas, aparentemente, não é essencial, já que o músculo pode contrair-se na ausência de oxigénio, como em períodos de acção violenta; mas, nesses casos, cansa-se mais rápido e podem aparecer cãibras. APARELHOS SENSORIAIS Os Sentidos Os cinco sentidos da espécie humana. Observe que cada um tem sua relação directa com uma parte diferente do cérebro. Os cinco sentidos fundamentais do corpo humano - tacto, gustação ou paladar, olfacto, audição e visão - constituem um conjunto de funções que propicia o seu relacionamento com o ambiente. Por meio dos sentidos, o nosso corpo pode perceber tudo o que nos rodeia; e, de acordo com as sensações, decide o que lhe assegura a sobrevivência e a integração com o ambiente. Os órgãos dos sentidos Onde quer que estejamos, o ambiente ao nosso redor está sempre alterando-se. Calor e frio, dia e noite, silêncio e ruídos, odores, sabores e mais uma infinidade de estímulos do meio ambiente são captados pelos nossos órgãos dos sentidos. Assim, tomamos conhecimento do que acontece à nossa volta:pelo tacto - sentimos o frio, o calor, a pressão atmosférica, etc.; · pela gustação - identificamos os sabores; · pelo olfacto - sentimos o odor ou cheiro; · pela audição - captamos os sons; · pela visão - observamos as cores, as formas, os contornos, etc. Portanto, no nosso corpo os órgãos dos sentidos estão encarregues de receber estímulos externos. Esses órgãos são: · a pele -para o tacto; · a língua -para a gustação; · as fossas nasais -para o olfacto; · os ouvidos -para a audição; · os olhos -para a visão. Na verdade, todas as sensações são interpretadas no cérebro. Os órgãos dos sentidos recebem os estímulos (luz, som, gosto, cheiro, temperatura, dor, pressão, etc.) e ostransmitem ao cérebro, através de nervos sensoriais. O cérebro, então, "entende" a mensagem, produzindo a sensação. SISTEMA URINÁRIO O que não é assimilado pelo organismo - O que o organismo não assimila, isto é, os materiais inúteis ou prejudiciais ao seu funcionamento, deve ser eliminado. 1-Observe, durante 24 horas, tudo o que o seu corpo elimina - os resíduos. - Certamente constarão: fezes, urina, suor... 2-Os materiais desnecessários ao funcionamento do seu corpo e por ele expelidos são iguais? -Não. Há água, substâncias sólidas (nas fezes) etc. As nossas células produzem muitos resíduos que devem ser eliminados (excretados) do organismo. Esses resíduos são chamados excretas. Os resíduos formados a partir das reacções químicas que ocorrem no interior das células podem ser eliminados através: -do sistema respiratório (gás carbónico) -da pele (suor) -do sistema urinário (urina) O gás carbónico é eliminado de nosso organismo pela expiração. A eliminação de excretas dá-se através do suor e da urina. A pele e o sistema urinário encarregam-se de eliminar de nosso organismo os resíduos das actividades das células e também as substâncias que estão em excesso no sangue, expelindo-os sob forma de suor (pela pele) e de urina (pelo sistema urinário). O sistema respiratório encarrega-se de eliminar do nosso organismo o gás carbónico. Suor O suor é um líquido produzido pelas glândulas sudoríperas, que se encontra na pele. Existem cerca de dois milhões de glândulas sudoríperas espalhadas por nosso corpo; grande parte delas localiza-se na fronte, nas axilas, na palma das mãos e na planta dos pés.O suor contém principalmente água, além de outras substâncias, como ureia, ácido úrico e cloreto de sódio (o sal de cozinha). As substâncias contidas no suor são retiradas do sangue pelas glândulas sudoríperas. Através de canal excretor - o duto sudorípero -, elas chegam até a superfície da pele, saindo pelos poros. Eliminando o suor, a actividade das glândulas sudoríperas contribui para a manutenção da temperatura do corpo. O homem que mantém a temperatura do corpo praticamente constante, ao redor de 36,5°C. Quando praticamos algum exercício físico (futebol, corrida, levantamento de objectos pesados, etc.), a grande actividade muscular produz muito calor e a temperatura do corpo tende a aumentar. Então eliminamos suor; a água contida no suor se evapora na pele, provocando uma redução na temperatura do ar que a circunda. Isso favorece as perdas de calor do corpo para o ambiente, fato que contribui para a manutenção da temperatura do nosso corpo. Urina A urina é composta de aproximadamente 95% de água, a urina humana é composta por: a ureia, o cloreto de sódio e o ácido úrico. O sistema urinário A eliminação da urina é feita através do sistema urinário. Os órgãos que compõe o sistema urinário são os rins e as vias urinárias. As vias urinárias compreendem o uréter, a bexiga e a uretra. Os nossos tecidos, que recebem do sangue as substâncias nutritivas, ao sangue abandonam aqueles compostos químicos tóxicos que neles se formam como resultado do complexo fenómeno da nutrição. Tais substâncias são danosas e devem ser eliminadas para não intoxicar o organismo e pôr a vida em perigo. A maior parte desses produtos é eliminada por trabalho do aparelho urinário; somente uma parte mínima é eliminada pelas glândulas sudoríperas mediante o suor. O aparelho urinário tem a tarefa de separar do sangue as substâncias nocivas e de eliminá-las sob a forma de urina. Compõe-se ele dos rins, que filtram o sangue e são os verdadeiros órgãos activos no trabalho de selecção das substâncias de rejeição; dos bacinetes renais com os respectivos ureteres, que conduzem a urina até a bexiga; da bexiga, que é o reservatório da urina; da uretra, canal mediante o qual a urina é conduzida para fora. Juntamente com as substâncias de rejeição, o aparelho urinário filtra e elimina também água. A eliminação de água é necessária seja porque as substâncias de rejeição estão dissolvidas no plasma, que é constituído, na sua maior parte, de água, seja porque também a quantidade de água presente no sangue e nos tecidos deve ser mantida constante. A água entra na composição de todos os tecidos e da substância intercelular (que enche os espaços entre as células): ela é o constituinte universal de todos os "humores" do organismo e tem a tarefa essencial de servir de "solvente" de todas as substâncias fisiologicamente activas. A água entra no organismo com os alimentos e as bebidas; em parte se forma no próprio organismo por efeito das reacções químicas que aí têm lugar; Depois de ter realizado as suas importantes funções, a água deve ser eliminada: como antes tinha servido de veículo às substâncias nutritivas, agora serve de veículo às substâncias de rejeição. SISTEMA REPRODUTOR Os órgãos genitais destinam-se à reprodução. Diferentes são as tarefas que cabem aos dois sexos, e notáveis são, portanto, as diferenças anátomo-fisiológicas dos órgãos genitais masculino e feminino. Os órgãos genitais masculinos produzem o gâmeta masculino (espermatozóide) e o conduzem ao interior do aparelho genital feminino onde, encontrando e fecundando o gâmeta feminino (óvulo), dará origem a um novo indivíduo. Aos órgãos genitais femininos cabe produzir o gâmeta feminino e guardá-lo, uma vez fecundado, a fim de que possa desenvolver-se até se tornar um novo indivíduo e seja dado à luz com o parto. SISTEMA NERVOSO O Sistema Nervoso tem a capacidade de receber, transmitir, elaborar e armazenar informações. Recebe informações sobre mudanças que ocorrem no meio externo, isto é, relaciona o indivíduo com seu ambiente e inicia e regula as respostas adequadas. Não somente é afectado pelo meio externo, mas também pelo meio interno, isto é, tudo que ocorre nas diversas regiões do corpo. As mudanças no meio externo são apreciadas de forma consciente, enquanto as mudanças no meio interno não tendem a ser percebidas conscientemente. Quando ocorrem mudanças no meio, e estas afectam o sistema nervoso, são chamadas de estímulos. O sistema nervoso, junto com o endócrino, desempenha a maioria das funções da regulação do organismo. O sistema endócrino regula principalmente as funções metabólicas do organismo. Com a denominação de sistema nervoso compreendemos aquele conjunto de órgãos que transmitem a todo o organismo os impulsos necessários aos movimentos e às diversas funções, e recebem do próprio organismo e do mundo externo as sensações. No sistema nervoso distingue-se uma parte nervosa central, formada pelo eixo cérebro-espinal, da qual partem os estímulos e à qual chegam as sensações, e uma parte nervosa periférica, formada pelos nervos, os quais servem para "conduzir" a corrente nervosa. Os nervos transportam à periferia os estímulos e dela recebem as diversas sensações que, com percurso inverso, são conduzidas ao sistema nervoso central. O sistema nervoso central é a parte nobre do nosso organismo: por presunção é a sede da inteligência, o lugar onde se formam as ideias e o lugar do qual partem as ordens para a execução dos movimentos, para a regulação de todas as funções; é o anteparo ao qual chegam as impressões da vista, do ouvido, do tacto, do olfacto, dos sabores. No sistema nervoso central fica, em suma, o comando de todo o organismo, seja entendido no sentido físico, seja no sentido psíquico. Toda a lesão que ocorra numa parte qualquer do sistema nervoso central é quase sempre permanente e não pode ser reparada. As células do sistema nervoso têm carácter "definitivo", não se regeneram quando são destruídas, como acontece, por exemplo, com os outros tecidos, como a pele, os músculos, etc. O tecido nervoso é constituído por uma parte nobre, à qual está confiada a actividade nervosa, e de uma parte de sustento, que tem a função de constituir o arcabouço da primeira. A primeira parte é o tecido nervoso propriamente dito, a segunda é chamada nevróglia. Ela desempenha no sistema nervoso aquela função que nos outros aparelhos é desempenhada pelo tecido conjuntivo.O tecido nervoso é formado de células e fibras nervosas. A célula nervosa é caracterizada por numerosos e longos prolongamentos chamados dendrites. Entre esses há um mais longo do que os outros, o cilindro-eixo… que, a certa distância do corpo celular, se reveste de uma bainha chamada neurilema (análoga ao sarcolema da fibra muscular) e constitui a fibra nervosa. Os outros prolongamentos da célula nervosa, as dendrites, servem para estabelecer os contactos com as outras células. A fibra nervosa, ao contrário, unindo-se aos cilindros-eixos de outras células, isto é, com outras fibras, forma o nervo. O complexo formado por uma célula nervosa, pelas dendrites e pelo cilindro-eixo toma o nome de neurónio, o qual constitui uma unidade fundamental nervosa. Ao estudar o sistema sensorial constatamos que ele funciona em conjunto com o sistema nervoso. Para compreender melhor como percebemos os estímulos externos e como respondemos a eles é fundamental conhecer o sistema que forma a rede de comunicação do corpo. Os Neurónios O sistema nervoso é formado pelo conjunto de órgãos que têm a capacidade de captar as mensagens, os estímulos do ambiente, descodificá-las, isto é, interpretá-las, arquivá-las ou elaborar respostas, se solicitadas. As respostas podem ser dadas na forma de movimentos, de sensações agradáveis ou desagradáveis ou, apenas, de constatação. O sistema nervoso integra e coordena praticamente todas as funções do organismo e funciona por meio de mecanismos eléctricos e químicos, conjugados a electroquímicos. O tecido nervoso é formado por células nervosas, os neurónios. As células típicas deste sistema têm a forma alongada e ramificada, o que representa uma vantagem na condução das mensagens, isto é, dos impulsos do sistema nervoso. A célula ou unidade estrutural e funcional do tecido nervoso é o neurónio. É uma célula muito especializada cujas propriedades de excitabilidade e condução são as bases das funções do sistema. Bibliografia www.corpohumano.hpg.ig.com.br 5