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Resumo de Teoria da Constituição

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DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
O Direito Constitucional está na centralidade do Direito brasileiro. Ele ​é político​; tem alto 
grau de politicidade; nasce dos embates políticos. Revolução → mudança da ordem 
constitucional. 
 
Teoria Constitucional 
Acontece nas academias; procura elementos que dão substrato ao Direito Constitucional. 
 
Ciência Constitucional 
Acontece nas academias; busca extrair indicativos científicos. 
 
Política Constitucional 
Acontece nos parlamentos; faz escolhas entre os modelos propostos pelos cientistas; o 
discurso político delibera sobre o futuro. Os julgamentos, por exemplo, tratam de acontecimentos 
do passado, assim, o discurso vai deliberar sobre o passado. 
 
SENTIDOS E CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
Segundo José Gomes Canotilho, a Constituição é a ordenação sistemática e racional da 
comunidade política através de documento escrito. 
 
1 Sentidos da Constituição 
 
1.1 Jurídico (Hans Kelsen) 
É a norma fundamental (válida) de um país, ou seja, o ápice de uma pirâmide, fundamento 
de validade do ordenamento jurídico. 
 
1.2 Político (Carl Schmitt) 
É o produto da decisão política fundamental de um povo, pois ela cria e estrutura o Estado, 
além de estipular a soberania de um povo. A Constituição é o único momento em que o povo se 
direciona ao Estado. 
 
1.3 Sociológico (Ferdinand Lassalle) 
Representa os fatores reais de poder, ou seja, o conjunto de forças políticas, econômicas e 
sociais que rege um país. 
 
2 Classificação das Constituições 
 
2.1 Origem 
2.1.1 Promulgadas 
Produzidas por Assembleias Nacionais Constituintes e editadas pelos representantes do 
povo. 
 
 
2.1.2 Outorgadas 
São impostas ao povo pelos detentores do poder político. 
2.1.3 Cesaristas/bonapartistas 
Elaborada pelo detentor do poder político e ratificada (ou não) pelo povo, ou seja, é feito 
um referendo. 
 
2.1.4 Pactuadas 
Acontecem em momentos de crise política, onde nasce de um pacto entre forças opostas. 
 
2.2 Conteúdo 
2.2.1 Formal 
Considera como norma constitucional toda norma que esteja no texto. 
2.2.2 Material 
Composta pelos princípios básicos sem os quais a Constituição se descaracteriza 
(essenciais, como a organização do Estado, limitação do poder estatal e tripartição do poder). 
 
2.3 Extensão 
2.3.1 Sintéticas 
Composta pelos princípios básicos das ordenação de um país. Ex.: EUA. 
2.3.2 Analíticas 
Busca apreender a realidade de um país; detalha suas normas, traçando verdadeiras 
regras a serem seguidas tanto pelo legislador infraconstitucional, quanto por todos os operadores 
do direito, na aplicação e interpretação das normas jurídicas de um dado ordenamento jurídico. 
Ex.: Brasil. 
 
2.4 Elaboração 
2.4.1 Dogmáticas 
Representa o momento político de um país. Ex.: Brasil, pois se deram várias rupturas que 
representaram os valores da época. 
2.4.2 Históricas 
Produção permanente; respeita o processo evolutivo de um país, além de fundar o poder 
constituinte. Ex.: EUA, Inglaterra. 
 
2.5 Ideologia 
2.5.1 Ortodoxas 
Vinculação total a uma certa ideologia. Ex.: China. 
2.5.2 Ecléticas 
Síntese de diversas correntes políticas. Ex.: Brasil. 
 
2.6 Ontologia 
2.6.1 Normativas 
Reflete perfeitamente bem os valores eleitos pelo povo em dado momento (alto grau de 
legitimidade), além de ter seus princípios e normas cumpridas no decorrer do tempo. 
2.6.2 Nominalistas 
A Constituição é considerada boa, mas não pode ser cumprida na realidade. Há, no 
entanto, a pretensão de que se torne normativa após determinado tempo. 
2.6.3 Semânticas 
Criada de maneira simbólica, não há pretensão de ser cumprida. 
 
 
2.7 Alterabilidade 
2.7.1 Imutáveis 
Não pode ser modificada, ou seja, não permite emendas constitucionais. 
2.7.2 Rígidas 
Tem processo legislativo mais complexo e dificultoso do que o adotado para as leis 
ordinárias. 
2.7.3 Flexíveis 
O processo legislativo é igual ao adotado para leis ordinárias. 
2.7.4 Semirrígidas 
Separam a parte material da formal, onde a parte material só pode ser modificada por 
processo legislativo dificultoso e a formal tem um processo legislativo mais flexível. 
 
2.7.5 Super-rígidas 
Uma parte pode ser mudada com processo dificultoso e outra parte é imutável. Não é o 
caso do Brasil, visto que as cláusulas pétreas podem ser sim modificadas, embora apenas para 
crescer, ou seja, não podem ser abolidas. 
 
2.8 Forma 
2.8.1 Escritas 
Sistematizadas e organizadas em um único documento. 
2.8.2 Não-escritas 
Não há um texto integral, pode ser costumeira/consuetudinária, estar desmembrada em 
vários códigos etc. Ex.: Inglaterra, onde a Constituição é consuetudinária, existe uma certa rigidez 
psicológica (Pontes de Miranda). 
 
2.9 Finalidade 
2.9.1 Garantista 
É aquela que possui um vasto catálogo de direitos e garantias fundamentais, sem, no 
entanto, intervir na discricionariedade do gestor público; objetiva principalmente proteger as 
liberdades públicas contra a arbitrariedade do Estado. Corresponde ao primeiro período de 
surgimento dos direitos humanos. Os ​garantistas são contrários à relativização dos direitos 
fundamentais. Os ​consequencialistas​, por outro lado, prezam pela opinião pública; desse modo, 
não se "limitam" à interpretação fiel da Constituição e relativizam os direitos fundamentais. 
2.9.2 Dirigente 
Concebida para proteger os direitos fundamentais, além de traçar diretrizes que devem 
nortear a ação estatal (suas escolhas políticas), prevendo, para isso, as chamadas normas 
programáticas. Limita a discricionariedade do poder político. Dirige o plano de desenvolvimento, 
como, por exemplo, erradicar a pobreza. 
 
2.10 Classificação das Constituições brasileiras 
 
1824 → outorgada, formal, analítica, histórica, eclética, garantista, semirrígida e normativa. 
 
1891 → promulgada, material, analítica, dogmática, eclética, garantista, rígida e normativa. 
 
1934 → promulgada, formal, analítica, dogmática, eclética, dirigente, rígida e normativa. 
 
1937 → outorgada, material, analítica, dogmática, ortodoxa, dirigente, rígida e semântica. 
 
 
1946 → promulgada, formal, analítica, dogmática, eclética, dirigente, rígida e normativa. 
 
1967 → outorgada, formal, analítica, dogmática, ortodoxa, garantista, rígida e semântica. 
 
1988 → promulgada, formal, analítica, dogmática, eclética, dirigente, rígida e normativa. 
 
PODER CONSTITUINTE 
É o poder que tem faculdade/competência para criar ou reformar constituições. 
 
1 Espécies de poder constituinte 
 
1.1 Originário 
É o poder de criar uma constituição (texto integral) pela primeira vez. Tem como 
característica ser Inicial, pois apaga todo poder que existia antes; o ordenamento começa dele; 
autônomo, pois não é subordinado à ninguém, a não ser ao povo, que pode convocar as 
assembleias; ilimitado (com relação ao Direito Interno), pois sua única limitação é quanto aos 
direitos humanos, que têm de ser respeitados; permanente, pois o poder permanece em estado de 
latência, podendo ser convocado a qualquer momento para se criar uma nova constituição; e 
incondicionado, pois não existe norma jurídica que possa regê-lo; a assembleia vai criar seu 
próprio regimento. 
O Estado é um ​fato jurídico​, deve ser reconhecido pelas Nações Unidas para ser assim 
chamado. 
 
1.2 Derivado 
Poder que tem competência apenas para modificar a Constituição, baseado nos 
procedimentos legislativos nela previstos. Características do poder derivado: limitado, 
condicionado. 
 
1.2.1 Revisor 
Possibilidadede o Congresso revisar toda a Constituição (revisão geral). “A revisão 
constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo 
voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.” (CF — 
Art. 3º dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias) 
 
1.2.2 Decorrente 
Poder constituinte do Estado; elabora e modifica as constituições estaduais. 
“Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do 
Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os 
princípios desta. 
Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de 
seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitado o 
disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual.” (CF — Art. 11 dos Atos das 
Disposições Constitucionais Transitórias) 
Estados → Constituição Estadual; Municípios → Lei Orgânica. 
 
 
1.2.2.1 Lei orgânica 
Organiza uma instituição estatal. Nesse caso, organiza os órgãos de um município. 
Municípios ​não têm poder constituinte. As constituições estaduais são subordinadas à 
Constituição Federal. 
 
1.2.3 Reformador 
É pontual; serve para reformar determinadas matérias da Constituição, através de 
emendas constitucionais. 
 
1.2.3.1 Limites do poder constituinte derivado reformador 
 
1.2.3.1.1 Circunstanciais 
Intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio (art. 60, § 1º — CF). 
Estado de defesa → “O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e 
o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente 
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por 
grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções 
na natureza.” (art. 136 ​caput​ — C.F.) 
Estado de sítio → “O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o 
Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado 
de sítio nos casos de: 
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de 
medida tomada durante o estado de defesa; 
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.” (art. 137 ​caput​, I 
e II — C.F.) 
 
1.2.3.1.2 Formais 
“A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos 
membros.” (art. 60, § 2º — C.F.) 
“A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do 
Senado Federal, com o respectivo número de ordem.” (art. 60, § 3º — C.F.) 
 
1.2.3.1.3 Materiais 
Proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, 
universal e periódico; a separação dos Poderes e os direitos e garantias individuais não será 
objeto de deliberação (art. 60, § 4º, I ao IV — CF). 
 
1.2.3.1.4 Temporais 
“A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode 
ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.” (art. 60, § 5º — C.F.) 
 
(C.F.)​ Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: 
I - emendas à Constituição → alteração feita em determinado texto específico presente na 
Constituição de um Estado, alterando as bases da lei em determinada matéria; 
II - leis complementares → finalidade de regulamentar norma prevista na Constituição Federal; 
III - leis ordinárias → normas gerais e abstratas, “na forma da lei”; 
 
IV - leis delegadas → ato normativo elaborado pelo chefe do Poder Executivo no âmbito federal, 
com a solicitação ao Congresso Nacional, relatando o assunto que se irá legislar; 
V - medidas provisórias → ato unipessoal do presidente da República, com força imediata de lei, 
sem a participação do Poder Legislativo, que somente será chamado a discuti-la e aprová-la em 
momento posterior; 
VI - decretos legislativos → ato normativo de competência exclusiva do poder legislativo com 
eficácia análoga a de uma lei; 
VII - resoluções → norma jurídica destinada a disciplinar assuntos do interesse interno do 
Congresso Nacional. 
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e 
consolidação das leis. 
 
1.3 Supranacional → global. 
 
 
1.3.1 Ordem jurídica supra-estatal 
Tratados internacionais de direitos humanos editados pelas Nações Unidas. 
“Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do 
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República 
Federativa do Brasil seja parte.” (CF — Art. 5º, § 2º) 
“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, 
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos 
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.” (CF — Art. 5º, § 3º) 
No entanto, esses tratados acabam entrando no ordenamento jurídico de forma supralegal, 
ou seja, abaixo da Constituição e acima das leis infraconstitucionais. 
 
1.3.1.1 Vertentes de tutela dos direitos humanos 
● Direito Internacional dos Direitos Humanos; 
● Direito dos Refugiados; 
 
● Direito humanitário. 
 
1.3.2 Ordem jurídica supra-estatal regional 
Ex.: sistema europeu, sistema árabe, liga africana, sistema interamericano etc. 
 
1.3.2.1 Sistema interamericano (Pacto de São José da Costa Rica) 
● OEA → Organização dos Estados Americanos. 
● Comissão Interamericana de Direitos Humanos → elabora documentos e faz 
recomendações aos países. 
○ Os recursos internos têm que ser todos esgotados, ou o tempo de espera por um 
processo deve ser muito longo. 
● Corte Interamericana de Direitos Humanos → órgão judicial repressivo. 
 
1.4 Difuso 
Vem da ​ressignificação ​da Constituição pelo Poder Judiciário; modifica o sentido/conteúdo 
da Constituição. 
 
Informal ​no sentido de que não há um processo legislativo. 
 
1.4.1 Mutação constitucional 
Atualizar a Constituição através da interpretação; é a alteração do significado de 
determinada norma da Constituição. 
 
1.4.2 Por que da mutação constitucional? 
Nova percepção do Direito (releitura do que deve ser considerado ético ou justo) e 
mudança na realidade fática. 
 
1.4.3 Legitimidade da mutação constitucional 
A mutação precisa ter lastro democrático, ou seja, corresponder a uma demanda social 
efetiva, estando respaldada pela soberania popular. A legitimidade deve ser baseada no equilíbrio 
entre a rigidez da Constituição e a plasticidade das suas normas. 
 
1.4.4 Aspectos que diferenciam a Constituição/sistema jurídico do Brasil → supremacia da 
Constituição e ambiguidade da norma. A Constituição brasileira é principiológica. 
 
1.4.5 Mecanismos interpretativos 
 
1.4.5.1 Interpretação construtiva 
Em casos de conceitos indeterminados, há a construção da norma pelo juiz. “Ampliação do 
sentido/extensão do alcance da Constituição para o fim de criar uma nova figura/hipótese de 
 
incidência não prevista originalmente (de forma expressa).” Encontrar uma forma de aplicar a 
norma. ​Alcance​: abrangência jurídica da norma. 
 
1.4.5.2 Interpretação evolutiva 
Aplicação da Constituição a situações que não foram contempladas quando de sua 
elaboração/promulgação,mas que se encaixam no espírito e nas possibilidades semânticas do 
texto constitucional. 
 
DIREITO INTERTEMPORAL 
O direito intertemporal estuda as normas jurídicas no tempo e no espaço, ou seja, normas 
jurídicas que já foram revogadas mas continuam a produzir efeitos jurídicos. 
 
1 Presunção 
1.1 Relativa (juris tantum) 
Determinado(a) fato/condição é considerado(a) verdadeiro(a) até que seja provado o 
contrário. 
 
1.2 Absoluta (juris et de jure) 
O resultado (de uma sentença, por exemplo), não pode ser modificado, apenas se for para 
benefício. 
 
2 Recepção 
Quando da mudança de Constituição, todas as leis são válidas/constitucionais, até que se 
prove o contrário (seja feita uma avaliação), então ela será revogada. A recepção é uma 
presunção (de verdade) relativa. 
 
3 Repristinação 
Fenômeno através do qual uma norma jurídica constitucional ou infraconstitucional já 
revogada volta a produzir efeitos jurídicos em virtude da revogação daquela que lhe sucedeu. 
Fenômeno não previsto na Constituição. 
 
4 Desconstitucionalização 
Fenômeno através do qual uma norma jurídica perde a sua condição de fundamentalidade, 
mas continua a vigorar como norma infraconstitucional, ou seja, lei ordinária ou complementar. 
 
5 Direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada 
 
“A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.” (art. 5º, 
XXXVI, CF) 
 
5.1 Direito adquirido 
O direito já adquirido por uma pessoa, por uma legislação anterior, não pode ser 
prejudicado por uma nova lei. Pode ser decorrente da coisa julgada ou do ato jurídico perfeito. 
 
5.1.1 Expectativa de direito 
O fato aquisitivo se iniciou, mas não se completou. 
 
5.1.2 Direito adquirido 
O fato aquisitivo já se completou, mas o efeito previsto na norma ainda não se produziu. 
 
 
5.1.3 Direito consumado 
O fato aquisitivo já se completou e o efeito previsto na norma já se produziu integralmente. 
 
5.2 Ato jurídico perfeito 
Praticado em respeito a todas as regras legais. 
 
5.3 Coisa julgada 
Sentença que transitou em julgado; não cabe mais qualquer recurso. 
 
 
 
TEORIA DA NORMA CONSTITUCIONAL 
 
1 Introdução: Constituição como sistema normativo aberto de regras e princípios. ​Aberto 
pois é suscetível a atualização. 
 
1.1 Dispositivo 
Fragmento de determinada legislação da CF; a forma do comando; identificação formal do 
texto; localização na CF. 
 
1.2 Enunciado normativo 
Texto escrito passível de interpretação, ou seja, ainda por interpretar. 
 
1.3 Norma jurídica 
É o produto da interpretação do enunciado normativo; fruto da interação entre o texto e a 
realidade. É um enunciado normativo composto por preceito e efeitos jurídicos. 
Distinção entre norma jurídica e norma constitucional → ​fundamentalidade​. 
 
2 Regras e princípios 
 
Gênero​: norma. 
Espécies​: regras e princípios. 
Autor da distinção entre regras e princípios: Ronald Dworkin. 
 
2.1 Regras 
Subsunção; aplicação mecânica; dimensão lógico-dedutiva. As regras são normas que 
podem ou não ser cumpridas; se uma regra é válida, logo deverá fazer exatamente o que ela diz. 
 
2.2 Princípios 
Ponderação; dimensão argumentativa. Segundo Robert Alexy, princípios são normas que 
ordenam que algo seja realizado na medida do possível, dentro das possibilidades jurídicas e 
reais existentes. 
 
2.3 Critérios de distinção 
 
 
2.3.1 Grau de abstração 
Necessita de interpretação. Princípios: alto grau de abstração. Regras: baixo grau de 
abstração. As regras podem ser aplicadas de forma direta ao caso concreto, enquanto os 
princípios não. 
 
2.3.2 Grau de determinabilidade 
Leva em consideração o caso concreto. Princípios vão carecer de ​mediação 
concretizadora​ do juiz; o juiz vai construir a norma. Regras são diretamente aplicáveis. 
 
2.3.3 Proximidade da ideia de direito 
Princípios: tem proximidade com a moral; vão exigir justificação voltada para a ideia de 
Justiça; pretensão de acerto/correção. Regras: caráter funcional. 
 
2.3.4 De natureza normogenética 
Princípios são os fundamentos éticos e valorativos das regras. Os princípios são normas 
qualitativamente distintas. 
 
3 Eficácia (social e jurídica), aplicabilidade e aplicação 
 
3.1 Eficácia social 
A norma se concretiza na realidade social; seus efeitos se fazem sentir. Conceitos ligados: 
plano da análise sociológica do Direito; desuetude (Kelsen); princípio da observância; efetividade; 
realização. 
 
3.2 Eficácia jurídica 
Conceito dogmático; significa a aptidão para que uma norma seja aplicada; é uma 
potência; é a capacidade de produzir efeitos jurídicos. 
 
3.3 Aplicabilidade 
Elemento que sucede a eficácia jurídica; ato que pressupõe uma ação. É a possibilidade 
de atuação de uma autoridade judiciária ou administrativa para utilizar determinada norma jurídica 
para a solução de conflitos intersubjetivos de interesses. 
 
3.4 Aplicação 
Ato concreto do juiz em aplicar uma norma jurídica. 
 
4 Classificações 
As seguintes classificações levam em consideração a eficácia jurídica e a aplicabilidade da 
norma. 
 
4.1 Thomas Cooley (Ruy Barbosa) 
 
4.1.1 Normas auto aplicáveis 
São aquelas que estão aptas para serem aplicadas a partir da promulgação constitucional; 
têm aplicabilidade direta. 
 
4.1.2 Normas não autoaplicáveis 
Dependem de lei regulamentadora para que possam ser aplicadas. Existe a necessidade 
de lei infraconstitucional para que elas adquiram eficácia jurídica. Ex.: determinados chamados, 
como "na forma da lei", "segundo lei complementar" etc. 
 
 
4.2 Pontes de Miranda 
Incidência​. Há primeiro a incidência da norma, e então a sua aplicação. No entanto, as 
normas que incidem nem sempre são aplicadas. 
 
4.2.1 Normas bastantes em si 
Estão aptas a incidir (transformar o fato em fato jurídico; o suporte fático é preenchido). O 
suporte fático é um fato, seja evento ou conduta, que poderá ocorrer no mundo e que, por ter sido 
considerado relevante, tornou-se objeto da normatividade jurídica. 
 
4.2.2 Normas não bastantes em si 
Não estão aptas a incidir, ou seja, não podem incidir enquanto não houver 
complementação a seu respeito. 
 
4.2.3 Normas programáticas 
Não estabelecem uma conduta, estabelecem diretrizes, metas, objetivos etc. 
 
4.3 José Afonso da Silva (classificação adequada à realidade do Brasil) 
 
4.3.1 Normas constitucionais de eficácia plena 
Eficácia jurídica imediata e aplicabilidade direta, ou seja, desde a sua promulgação, as 
normas estão aptas para produzir efeitos e podem ser aplicadas pelo juiz. Existem normas de 
eficácia plena que podem ser regulamentadas, porém elas têm uma natureza clarificadora, ou 
seja, vai clarificar o conceito/direito que está previsto na Constituição. 
 
4.3.2 Normas constitucionais de eficácia contida 
A aplicabilidade é direta, mas a eficácia é passível de ser restringida por uma lei, ou seja, 
são aquelas que estão aptas para produzir efeitos e ser aplicadas para a solução de casos 
concretos, podendo ter seu espectro de atuação restringido mediante lei ordinária ou 
complementar. Ex.: CF, art. 5º, XIII, “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, 
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.” 
 
4.3.3 Normas constitucionais de eficácia limitada 
São aquelas que não estão aptas para produzir efeitos enquanto não for editada lei 
regulamentadora. Ex.: CF, art. 9, ​caput​, “é assegurado o direito de greve, competindo aos 
trabalhadores decidir sobrea oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por 
meio dele defender.” 
 
4.3.3.1 Normas de princípios institutivos 
São aquelas que disciplinam a organização dos poderes e instituições estatais. Ex.: 
magistratura, Poder Judiciário, Executivo e Legislativo; Tribunal de Contas, Defensoria Pública etc. 
Se dão por meio de lei orgânica. 
 
4.3.3.2 Normas de princípios programáticos 
São aquelas, de natureza cogente, que estabelecem objetivos, metas, diretrizes, planos, 
ou programas a serem implementados por lei. 
5 Teorias da interpretação 
A hermenêutica é uma disciplina que surge com muita força na Idade Média, sobretudo 
nos centros de estudos religiosos (conventos, mosteiros, seminários, abadias etc). A hermenêutica 
surge para conseguir estabelecer o conteúdo das escrituras sagradas (que têm linguagem 
simbólica). A hermenêutica se desenvolve até chegar à hermenêutica jurídica. 
 
5.1 Hermenêutica 
Segundo Carlos Maximiliano, é a teoria da arte de interpretar. A hermenêutica se manifesta 
 
por métodos e princípios. 
 
5.2 Hermenêutica jurídica 
Disciplina que tem o objetivo de estabelecer princípios e métodos destinados à descoberta 
do conteúdo de determinada norma jurídica. 
 
5.3 Interpretação 
Ação concreta de um sujeito cognoscente que vai estabelecer a norma jurídica. 
 
5.4 Correntes interpretativas 
 
5.4.1 Interpretativista 
Nega toda e qualquer possibilidade de o juiz criar o Direito indo além do que o texto lhe 
permite; baseia-se na lei ou nas aberturas que a lei dá. 
 
5.4.2 Não interpretativista 
Defende um ativismo judicial na interpretação, permitindo ao juiz exercer atividade criadora 
da lei, inclusive invocando princípios e valores constitucionais. Realiza, portanto, uma 
interpretação substancial da Constituição voltada para a efetividade dos valores constitucionais, 
para a criação do Direito e para uma postura proativa do magistrado. Obs.: prevalecente nos EUA. 
 
5.4.2.1 Ativismo judicial 
Postura filosófica relacionada à atuação do judiciário na criação do direito, e tem premissas 
bastante claras: 1) possibilidade do juiz criar o Direito; e 2) o juiz deve ser proativo. 
 
5.5 Métodos de interpretação 
 
5.5.1 Gramatical 
Método pelo qual faz-se uma análise sintática do enunciado normativo. 
 
5.5.2 Histórico 
Método pelo qual o intérprete vai buscar nos documentos legislativos as razões que 
justificaram a existência de determinado projeto de lei. 
 
5.5.3 Teleológico 
Método pelo qual faz-se uma análise do objetivo da lei e os objetivos atingidos pela norma. 
Deve-se levar em conta as exigências econômicas e sociais que ela buscou atender e conformá-la 
aos princípios da justiça e do bem comum. 
 
5.5.4 Sistemático 
Método pelo qual faz-se análise da norma dentro do contexto em que ela está inserida, ou 
seja, “comparar o dispositivo com outros do mesmo repositório ou de leis diversas, mas referentes 
ao mesmo objeto”. 
 
5.5.5 Analógico 
Ocorre quando não há previsão para um caso concreto, porém o juiz precisa julgar, assim, 
busca-se um caso similar para tal. 
 
HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL 
A hermenêutica constitucional se dá com o surgimento de novos métodos e princípios. A 
ciência da hermenêutica constitucional é a busca de ferramentas para a interpretação. 
Segundo Gilmar Mendes, em sua doutrina, Curso de Direito Constitucional: “interpretação 
constitucional é a atividade que consiste em fixar o sentido das normas da lei fundamental – sejam 
 
essas normas regras ou princípios –, tendo em vista resolver problemas práticos, se e quando a 
simples leitura dos textos não permitir, de plano, a compreensão do seu significado e alcance.” 
Segundo Robert Alexy, ​princípios constitucionais são mandados de otimização que 
devem ser aplicados diante da situação fático-jurídica presente em determinada circunstância. 
 
1 Princípios norteadores da interpretação constitucional 
 
1.1 Princípio da unidade da Constituição 
Analisar/interpretar a Constituição como uma unidade de valores. É a análise da 
Constituição como um sistema unitário e buscar o fundamento para a efetivação de direitos. 
 
1.2 Princípio do efeito integrador 
Tem forte relação com o consequencialismo. Esse princípio leva em consideração a 
repercussão que determinada decisão terá na sociedade. Recomenda-se que o juiz procure 
antecipar as consequências da sentença e se comprometa a que a decisão seja integrada da 
sociedade, ou seja, tenha integração social. 
 
1.3 Princípio da máxima efetividade da Constituição 
Parte da constatação de que o juiz deve sempre buscar realizar a norma constitucional na 
decisão concreta. A norma constitucional não pode ser vista apenas como um princípio, ela deve 
ser cumprida na prática. A efetivação da norma consiste também na execução da sentença. 
Segundo Pedro Lenza, esse princípio deve ser entendido no sentido de a norma 
constitucional ter a mais ampla efetividade social. 
Pode-se haver crises de efetividade dos direitos sociais, como no Brasil atualmente. 
 
1.4 Princípio da conformidade funcional 
A conformidade funcional é um parâmetro que o juiz deve usar para averiguar se os 
princípios de determinado órgão ou instituição estão em execução, ou seja, faz-se uma análise 
das competências dos órgãos/instituições contidos na Constituição para assim evitar abuso de 
poder. 
 
1.5 Princípio da concordância prática ou harmonização 
Está relacionado ao princípio da unidade da Constituição. Acontece quando da ocorrência 
de choques entre o exercício de determinados direitos, geralmente fundamentais. O juiz deve ter a 
tendência à concordância prática. 
 
1.6 Princípio da força normativa da Constituição 
Estabelece que toda norma constitucional possui, ainda que em grau reduzido, eficácia. 
Logo, a Constituição deve incorporar em sua essência a realidade sócio-política, conformando a 
realidade e, ao mesmo tempo, sendo conformada por ela. Assim, a Constituição deve ser 
interpretada de modo que lhe seja assegurada força normativa, reconhecendo a eficácia de suas 
normas, já que não se trata de uma mera carta política de intenções . 1
 
1.7 Princípio da proporcionalidade 
Tenta-se materializar o princípio da harmonização. Parte da concepção de que toda causa 
pode ter várias soluções jurídicas. 
 
1.7.1 Critérios racionais para a solução de um conflito 
 
1 ​Princípios Da Interpretação Constitucional​. Conteúdo Jurídico. Disponível em: 
<​https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/46149/principios-da-interpretacao-constitucional​>. Acesso 
em: 05 dez. 2019. 
https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/46149/principios-da-interpretacao-constitucional
 
1.7.1.1 Adequação 
Busca das decisões mais adequadas; descarte das soluções radicais. Elenca-se todas as 
soluções possíveis para a decisão e descarta-se aquelas aquém do sistema jurídico. 
 
1.7.1.2 Necessidade 
Busca quais medidas/decisões são necessárias para a solução do conflito. Elenca-se as 
necessárias/plausíveis, que não há contradição no sistema jurídico, ou seja, que não vá de 
encontro à Constituição. 
 
1.7.1.3 Proporcionalidade em sentido estrito 
Momento de ponderação e tomada de decisão; pode-se escolher uma das possibilidades 
ou mesclá-las para se ter uma decisão final. Deve-se encontrar as mais necessárias para 
solucionar o conflito naquele momento. É a operação intelectiva através da qual o juiz promove a 
escolha das soluções mais eficazes paraa solução do litígio a partir da ponderação entre as 
opções aceitas pelo sistema jurídico. 
 
1.8 Princípio da presunção de constitucionalidade das leis 
É uma presunção relativa; parte-se da premissa de que todas as leis são constitucionais, a 
não ser da declaração judicial de inconstitucionalidade, o que resultará em nulidade da norma. 
Relaciona-se com o direito intertemporal. 
 
1.9 Princípio da interpretação conforme a Constituição 
Diante de normas polissêmicas, o intérprete deve optar pela interpretação que mais se 
compatibilize com a Constituição, afastando as demais interpretações que violem a Constituição. 
 
1.10 Sociedade aberta dos intérpretes da Constituição 
A ideia de uma sociedade aberta de intérpretes da Constituição, formulada por Peter 
Häberle, defende que o círculo de intérpretes da Constituição deve ser alargado para abarcar 
não apenas as autoridades públicas e as partes formais nos processos de controle de 
constitucionalidade, mas todos os cidadãos e grupos sociais que, de uma forma ou de outra, 
vivenciam a realidade constitucional . 2
 
Na Constituição não há contradição, e sim antinomias. Isso ocorre quando há colisão de 
direitos e faz-se necessário a relevância de tais garantias e decidir qual teria mais expressão 
perante o caso concreto. 
 
EFETIVIDADE DOS DIREITOS SOCIAIS — PRINCÍPIOS 
 
1 Introdução 
Os direitos sociais se desenvolveram através de políticas públicas; eles obrigam o Estado 
a fazer algo para que sejam efetivados. Esses direitos nasceram após a 2ª Guerra Mundial, 
primeiramente nas Constituições do México e de Weimar. 
O Brasil tem muitas carências a respeito desses direitos; o problema não está apenas na 
corrupção, mas principalmente na gestão de recursos. 
 
2 Princípio do mínimo existencial 
Na hermenêutica existem os métodos e os princípios. O princípio da dignidade da pessoa 
humana é o grande fator, o metaprincípio da Constituição brasileira; dele, pode-se extrair o 
princípio do mínimo existencial, que engloba um conjunto de direitos que são essenciais e que, se 
retirados, podem afetar a dignidade humana; direitos básicos. São os direitos assegurados a 
2 MENDES, Gilmar. ​Homenagem à doutrina de Peter Häberle e sua influência no Brasil​. Disponível em: 
<​http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portalstfinternacional/portalstfagenda_pt_br/anexo/homenagem_a_pet
er_haberle__pronunciamento__3_1.pdf​>. Acesso em: 23 jan. 2020. 
http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portalstfinternacional/portalstfagenda_pt_br/anexo/homenagem_a_peter_haberle__pronunciamento__3_1.pdf
http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portalstfinternacional/portalstfagenda_pt_br/anexo/homenagem_a_peter_haberle__pronunciamento__3_1.pdf
 
todos de satisfação de suas necessidades básicas sob o plano físico (como, por exemplo, 
segurança alimentar, saúde, segurança pública etc.), psíquico (como, por exemplo, o direito ao 
lazer) e moral (como, por exemplo, o direito de não sofrer preconceito, desrespeito etc.) 
O direito/princípio do mínimo existencial, quando evocado em uma causa, precisa estar 
atrelado à argumentação. 
 
3 Princípio da reserva possível 
O cumprimento de obrigações está ligado a custos para o Estado. O Estado é uma 
empresa que visa lucros sociais. As necessidades humanas são ilimitadas e os recursos do 
Estado são escassos. Esse princípio parte da concepção que o Estado só pode arcar com os 
custos de determinada causa (?) se o orçamento permitir; é um princípio limitador do gestor 
público, que está limitado a gastar apenas os valores permitidos pela lei orçamentária. 
Muitas vezes o princípio do mínimo existencial se choca com o princípio da reserva 
possível. Há uma antinomia. A jurisprudência tem decidido que o princípio do mínimo existencial 
prevalece. 
 
4 Princípio da proibição do retrocesso social 
O princípio da proibição do retrocesso social está ligado ao princípio da progressividade. 
Segundo Alexy, os direitos sociais estão ligados aos chamados mandados de otimização a serem 
cumpridos de acordo com as circunstâncias fáticas e jurídicas presentes em cada caso concreto. 
Os direitos sociais são passíveis de incrementação progressiva (princípio da progressividade; 
direito internacional). Uma vez alcançadas determinadas marcas/níveis de satisfação dos direitos 
sociais, não se pode haver retrocesso. O princípio da proibição do retrocesso social protege o 
princípio da progressividade. Um direito adquirido pode ser modificado, não extinto. 
 
5 Princípio da proibição da proteção deficiente 
O princípio da proibição da proteção deficiente se refere à estrutura deficiente de um 
serviço fornecido pelo Estado. Esse princípio visa combater essas deficiências. Pode se chocar 
com o princípio da reserva possível, mas geralmente se tratam de deficiências, inconsistências no 
serviço existente, buscando melhorias, não evitar a extinção. 
 
6 Princípio da proibição do excesso 
O princípio da proibição do excesso está ligado ao abuso de poder, que pode ser 1) 
extrapolar suas atribuições; ou 2) desvio de poder, ou seja, praticar um ato quando não se é 
competente para fazê-lo. O princípio da proibição do excesso visa ser um freio, limitar o Estado, 
para que abusos não sejam cometidos, pois são considerados ilegais. 
 
A SOCIEDADE ABERTA DOS INTÉRPRETES DA CONSTITUIÇÃO 
 
1 Introdução: Interpretação das normas jurídicas 
● Busca da hermenêutica voltada à sociedade em sua realidade ; 3
● Estado Democrático de Direito; 
● Interpretação consoante legisladores eleitos democraticamente ; 4
● Interesses sociais no Estado Democrático de Direito. 
 
2 Interpretação pluralista e procedimental da Constituição 5
● Participação dos atores políticos (ex.: ONGs, associações, cidadãos, entidades religiosas 
etc.); 
3 A norma alcança a todos, dessa forma, os cidadãos podem interpretá-la. A norma atinge a sociedade, a 
sociedade a interpreta. 
4 A interpretação constitucional deve ser em sociedade aberta pois os legisladores foram eleitos 
democraticamente. 
5 Art. 1º, V (CF/88): pluralismo político → conviver de maneira harmônica e inclusiva com as diferenças. 
 
● Influência dos legisladores na produção das leis; 
● Afasta monopólio interpretativo do Estado (sociedade fechada → juízes); 6
● A nova hermenêutica contempla: viés cultural, tradições, legados sociais do povo, 
costumes sociais, valores, ideais de conduta, modelos culturais. 
 
3 Características 
3.1 Sociedade fechada 
● Intérpretes jurídicos vinculados às corporações; 
● Elemento cerrado com ​numerus clausus de intérpretes. 7
3.2 Sociedade aberta 
● Plural; 
● Intérpretes jurídicos convivem com os intérpretes da sociedade aberta; 
● Órgãos estatais; 
● Cidadãos, grupos sociais, participação democrática; 
● Persiste a jurisdição constitucional ; 8
● Decisões jurisdicionais revestidas de mais legitimidade . 9
 
4 Na Constituição Federal de 1988 
● “AMICUS CURIAE” → Lei 9868/99 (art. 9º, §1º e art. 20, §1º); 10
● Audiências públicas — 1ª audiência pública: células-tronco de embriões humanos 
 Ensino religioso nas escolas públicas - ADI 4439/STF; 11
 Políticas de Ação Afirmativa de acesso ao ensino superior - ADPF 186 e RE 597.285. 
 
 
6 Afastar, não inibir. A interpretação pluralista não nega o monopólio do Estado; a última palavra é do 
Judiciário, porém a sociedade participa da interpretação. 
7 Significa determinado, taxado, ou seja, os intérpretes são determinados, há um limite. 
8 Decisões são dadas pelo Judiciário,mas a sociedade pode participar da discussão. 
9 O julgador não se submete somente à interpretação dos demais, mas há observância; está ligado à ideia 
de consenso. 
10 “Amigo da corte”; representação da sociedade aberta; pessoa aquém do Judiciário que explicita e defende 
sua própria interpretação. 
11 Basicamente, um instrumento para efetivar a análise de inconstitucionalidade de uma norma.

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