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Resumo Tabelado Constitucionalismo

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1 
 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
Teoria da Constituição 
Introdução 
A palavra Constituição admite vários significados distintos. Conceito do Prof. José Afonso da Silva: “Constituição 
é o sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, 
o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os 
direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. Em síntese, a constituição é o conjunto de normas 
que organiza os elementos constitutivos do Estado (= elementos humano/povo, geográfico/território e 
político/soberania)”. 
 
 
Concepções de Constituição 
Conceito de 
Constituição 
 É nessa acepção que se pode considerar a Constituição enquanto o conjunto de normas 
fundamentais e supremas, que podem ser escritas ou não, responsáveis pela criação, 
estruturação e organização político-jurídica de um Estado. 
 Lembre-se que em razão de a Constituição tratar dos assuntos mais importantes do 
Estado, ela ocupa no ordenamento jurídico uma posição diferenciada. A Constituição 
trata dos assuntos mais importantes do Estado, por isso ela ocupa no ordenamento 
jurídico uma posição diferenciada, de superioridade. 
 Nossa Constituição Federal de 1988 foi elaborada pelo chamado "Poder Constituinte 
Originário" e promulgada em 05/10/1988. 
 Em nossa Constituição existem normas constitucionais que são originárias (pois estão no 
texto constitucional desde 5/10/1988) e normas constitucionais que são derivadas, que 
foram sendo inseridas ao longo das últimas três décadas. 
 
Estrutura Saiba que, estruturalmente, nossa Constituição pode ser dividida em três partes: 
(1) preâmbulo; 
(2) parte permanente (ou parte dogmática) e 
(3) ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias) 
 
Constitucionalismo De início, é crucial que você recorde que a Constituição possui uma importância central para 
a proteção dos direitos e das garantias individuais e é o documento jurídico mais adequado 
para estruturar e organizar o sistema de poder de um Estado. 
 
Constitucionalismo Antigo: 
- Povo Hebreu: organizados politicamente em um regime teocrático, no qual os detentores 
do poder eram limitados por dogmas religiosos ("leis divinas"). 
- Grécia: Ampla participação dos governados no processo político-decisório (democracia 
direta). 
- Roma: Valorização do indivíduo; desenvolvimento do direito privado contratual; embrião 
da separação de poderes. 
 
Constitucionalismo Medieval: 
Simbolizado pela Magna Carta, celebrada pelo Rei João Sem Terra e a nobreza, em 1215, 
cujo intuito era limitar o poder monárquico. 
 
Constitucionalismo Moderno (Liberal-burguês): 
Seu marco central são as revoluções liberais do final do século XVIII (EUA,1776, e França, 
1789). Promulgação das primeiras constituições escritas, com limitação dos governantes 
e afirmação de direitos políticos e individuais dos cidadãos. 
 
 
2 
 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
 
 
O 
constitucionalismo 
é um movimento 
que busca limitar 
o poder do Estado 
através de um 
documento 
escrito. 
 
 
 
 
 
 
Conceito de constitucionalismo 
 Canotilho Kildare Gonçalves Carvalho André Ramos Tavares 
Define-o 
constitucionalismo como 
uma “... teoria (ou 
ideologia) que ergue o 
princípio do governo 
limitado indispensável à 
garantia dos direitos em 
dimensão estruturante da 
organização político-social 
de uma comunidade. 
Neste sentido, 
constitucionalismo 
moderno representará 
uma técnica específica de 
limitação do poder com 
fins garantísticos. O 
conceito de 
constitucionalismo 
transporta, assim, um 
claro juízo de valor. É, no 
fundo, uma teoria 
normativa da política, tal 
como a teoria da 
democracia ou a teoria do 
liberalismo”. 
Por seu turno, vislumbra tanto 
uma perspectiva jurídica como 
sociológica: “... em termos 
jurídicos, reporta-se a um 
sistema normativo, enfeixado 
na Constituição, e que se 
encontra acima dos detentores 
do poder; sociologicamente, 
representa um movimento 
social que dá sustentação à 
limitação do poder, 
inviabilizando que os 
governantes possam fazer 
prevalecer seus interesses e 
regras na condução do 
Estado”. 
O termo 
“constitucionalismo” é 
empregado com 04 
(quatro) diferentes 
sentidos. No primeiro, o 
constitucionalismo é 
visto como um 
movimento político-
social cujo objetivo é a 
limitação do poder 
estatal. No segundo, 
como a imposição de 
que os Estados adotem 
cartas constitucionais 
escritas. Na terceira 
acepção, o 
constitucionalismo serve 
para indicar a função e a 
posição das constituições 
nas diversas sociedades. 
Por último, o “termo 
“constitucionalismo” é 
também usado para se 
referir à evolução 
histórico-constitucional 
de um determinado 
Estado”. 
* #OBS: Há doutrinadores que fazem a seguinte divisão de sentidos: 
 
SENTIDO AMPLO 
está associado à existência de uma Constituição em um 
Estado. É a ideia de que TODO ESTADO TEM CONSTITUIÇÃO, 
porque todo Estado precisa ser constituído, e quem constitui 
um Estado é uma Constituição. 
 
 
SENTIDO ESTRITO 
Contudo, geralmente refere-se ao termo constitucionalismo 
em sentido estrito, que é o mais importante. Nesse sentido, o 
constitucionalismo está relacionado a duas ideias básicas e 
fundamentais: a primeira ideia é a de garantia de direitos e a 
segunda ideia é a de limitação do poder. O Constitucionalismo 
se contrapõe ao absolutismo, garantindo direitos aos 
cidadãos para protegê-los da arbitrariedade estatal e 
limitando o poder deste! 
 
Dirley da Cunha Júnior (JUNIOR, 2006) define Constitucionalismo como “um 
movimento político-constitucional que pregava a necessidade da elaboração de 
Constituições escritas que regulassem o fenômeno político e o exercício do poder, em 
benefício de um regime de liberdades públicas.” 
 
 
 
3 
 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
Concepções da Constituição 
Constituição 
Sociológica 
(Ferdinand 
Lassale) 
A constituição escrita é apenas uma “folha de papel”. A verdadeira constituição de um 
Estado é a soma dos fatores reais de poder, que prevalece em caso de colisão com a “folha 
de papel”. Segundo Lassalle, em cada sociedade, o poder está dividido em vários atores, 
que atuam na arena social e defendem os seus próprios interesses. O que resulta da soma 
de todos os fatores reais de poder é a verdadeira constituição. 
 
Constituição 
Política (Carl 
Schmitt) 
A constituição é a decisão política fundamental do titular do poder constituinte. Há 
diferença entre constituição e “lei constitucional”. Decisão política fundamental é aquela 
que modela a substância do regime, segundo Daniel Sarmento. O que não for decisão 
política fundamental, mas estiver escrito na constituição, é apenas “lei constitucional”. 
Ex: art. 1º CF é Constituição (adoção do modelo de Estado Democrática de Direito); por 
outro lado, o art. 242, §2º CF é mera “lei constitucional” (Colégio Pedro II). 
 
Constituição 
Jurídica (Hans 
Kelsen) 
Segundo Kelsen, a constituição é norma pura, puro dever-ser, dissociada de qualquer 
fundamento sociológico, filosófico ou político. Kelsen entende a constituição em 2 sentidos 
diferentes: 
(1) Sentido jurídico-positivo: é a constituição formal, escrita, que possui supremacia 
hierárquica formal (ápice da pirâmide normativa) e representa o fundamento de validade 
das demais normas jurídicas inferiores; 
(2) Sentido lógico-jurídico: é a norma hipotética fundamental, que está fora do direito 
posto. Trata-se do fundamento último, pressuposto lógico de todo o direito positivo, 
inclusive da constituição escrita. 
 
Concepção 
Culturalista 
(J.H.Meirelles 
Teixeira) 
Esta acepção desenvolve-se a partir da consideração de que a Constituição é um produto 
da cultura, pois assim como a cultura é o resultadoda atividade criativa humana, o Direito 
também o é. Para esta concepção, a Constituição se fundamenta simultaneamente em 
fatores sociais, nas decisões políticas fundamentais (frutos da vontade política do poder 
constituinte) e também nas normas jurídicas de dever ser cogentes. 
 
A constituição, como invenção humana, é resultado da cultura e, ao mesmo tempo, nela 
interfere (há uma simbiose recíproca). A constituição total é um objeto cultural que, em 
uma perspectiva unitária, abrange aspectos sociológicos, jurídicos, políticos, filosóficos e 
econômicos. Essa concepção total seria o resultado da cultura de uma determinada 
sociedade em um determinado momento histórico. 
 
Força Normativa 
da Constituição 
(Konrad Hesse) 
A constituição não configura apenas a expressão de uma dada realidade. Graças ao 
elemento normativo, a constituição ordena e conforma a realidade política e social. 
Konrad Hesse faz uma crítica à concepção sociológica de Lassalle, pois a constituição não é 
apenas um espelho da soma dos fatores reais de poder, já que a constituição tem força 
normativa, ou seja, ela é capaz de modificar e de interferir na realidade. 
 
A Constituição 
como processo 
político – A 
Constituição 
Aberta (Peter 
Haberle) 
A verdadeira constituição é o resultado (temporário) de um processo de interpretação 
aberto, historicamente condicionado e conduzido à luz da publicidade. Segundo Haberle, a 
constituição não se resume a um ato pontual do poder constituinte, pois a norma 
constitucional é sempre a norma interpretada por uma sociedade aberta de intérpretes 
(não apenas pelos juízes e Tribunais). A interpretação se desenvolve de forma contínua e 
pública no tempo e serve para atualizar o texto constitucional. 
 
A abertura da constituição ocorre, por exemplo, pela existência de mecanismos de 
alteração formal e informal da Constituição, pela utilização de conceitos jurídicos 
indeterminados e pela ausência de monopólio interpretativo. 
4 
 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
Teoria da 
Constituição 
Dirigente (J.J. 
Gomes Canotilho) 
A constituição dirige a atuação do Estado e de seus agentes, por meio de programas de 
ação, para concretizar determinados objetivos e finalidades. A constituição projeta uma 
situação ideal que o constituinte deseja que seja implementada no futuro. Essa constituição 
é típica do modelo de Estado Social. 
 
O prof. Canotilho entende que a vinculação do legislador ao dirigismo constitucional deve 
ser controlada principalmente por mecanismos de participação popular. No Brasil, temos 
um controle eminentemente judicial da constituição. 
 
Obs: O próprio prof. Canotilho tem revisto a sua tese, pois a constituição portuguesa, na 
atual realidade, não consegue dirigir sozinha o Estado, já que Portugal faz parte da União 
Europeia. Assim, o dirigismo encontra-se em outro nível, não apenas na constituição, mas 
também nas normas de direito internacional da União Europeia. 
 
Constituição 
Simbólica 
(Marcelo Neves) 
A atividade legislativa, inclusive a constituinte, pode possuir uma natureza eminentemente 
simbólica, visando atender objetivos políticos diversos da produção de normas jurídicas, 
dando origem a uma legislação simbólica ou a uma constituição simbólica. 
Ex1: o objetivo de determinada constituição pode ser o de confirmar valores sociais de 
determinados grupos dominantes. Um exemplo disso é a criminalização do aborto na 
Alemanha. 
Ex 2: o objetivo pode ser o de fortalecer a confiança do cidadão no governo ou no Estado. 
Trata-se da chamada legislação álibi, que serve para esvaziar pressões populares contra o 
Estado, embora não se pretenda dar efetividade alguma ao que foi legislado. Um exemplo 
são as cartas de direitos fundamentais que existem em Estados ditatoriais. 
Ex 3: o objetivo pode ser o de adiar a solução de determinados conflitos sociais. É uma 
espécie de compromisso dilatório. Um exemplo é a norma programática. 
 
 É a constituição cujo simbolismo é maior que seus efeitos práticos. Para Marcelo Neves, 
a CF/88 é simbólica por ter um elevado número de normas programáticas e 
dispositivos de alto grau de abstração. Marcelo Neves afirma que a constitucionalização 
simbólica tem como objetivos confirmar determinados valores sociais, desejando-se 
apenas uma vitória legislativa e fortalecer a confiança do cidadão no governo ou no 
Estado, por meio da legislação álibi, por meio da qual se esvaziam pressões políticas e 
apresentam o Estado como sensível a expectativas dos cidadãos, porém sem 
efetividade. Por fim, teria como terceiro objetivo adiar a solução de conflitos sociais, 
por meio de compromissos dilatórios, postergando-se a verdadeira decisão para o 
futuro. 
 
 (TJ/CE/2018) A preocupação com a implementação de dispositivos constitucionais e, em 
particular, de suas promessas sociais, não é central. As controvérsias constitucionais são 
decididas com base nos códigos da política e conforme conflitos de interesse. Nessa luta, 
acabam preponderando os interesses dos grupos mais poderosos, dos denominados 
“sobrecidadãos”, que conseguem utilizar a Constituição e o Estado em geral como 
instrumento para satisfazer seus interesses. A juridicidade da Constituição fica 
comprometida pela corrupção da normatividade jurídica igualitária e impessoal, conforme 
o binômio legal-ilegal. As controvérsias constitucionais são decididas com base no código 
do poder.S. Lunardi & D. Dimoulis. Resiliência constitucional: compromisso maximizador, 
consensualismo político e desenvolvimento gradual. São Paulo: Direito GV, 2013, p. 15 (com 
adaptações). A concepção de Constituição a respeito da qual o texto precedente discorre 
denomina-se constituição simbólica. 
 
5 
 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
 
 
Constituição em Branco Não prevê regras e limites para o exercício do poder constituinte derivado 
reformador. 
 
Constituição Dúctil ou 
Constituição Suave 
Gustavo Zagrebelsky 
Idealizada pelo jurista italiano Gustavo Zagrebelsky (constituzione mite). É aquela que 
não define ou impõe uma forma de vida, mas assegura condições possíveis para o 
exercício dos mais variados projetos de vida. Reflete o pluralismo ideológico, moral, 
político e econômico existente na sociedade. 
 
Constituição dúctil (Constituição suave): Segundo o jurista italiano Gustavo 
ZAGREBELSKY (costituzione mite), nas sociedades pluralistas atuais, dotadas de certo 
grau de relativismo e caracterizadas pela diversidade de interesses, ideologias e 
projetos, o papel da Constituição não deve consistir na realização direta de um projeto 
predeterminado da vida comunitária, cabendo-lhe tão somente a tarefa básica de 
assegurar as condições possíveis para uma vida em comum. 
Na imagem utilizada por ZAGREBELSKY, o direito constitucional é equiparado a um 
conjunto de “materiais de construção”, sendo a Constituição apenas a plataforma de 
partida para a construção do edifício concreto, cuja obra seria resultante das 
combinações desses materiais feitas pela “política constitucional”. 
O adjetivo “dúctil” ou “suave” (“mite”) é utilizado com o intuito de expressar a 
necessidade de a Constituição acompanhar a descentralização do Estado e refletir o 
pluralismo social, político e econômico. A “ductilidade constitucional” deve ser 
associada a “coexistência” e “compromisso”, com uma visão política de “integração 
através da rede de valores e procedimentos comunicativos”. 
Constituição Unitextual 
ou Orgânica 
Rechaça a ideia de existência de um bloco de constitucionalidade, visto que a 
Constituição seria disposta em uma estrutura documental única. 
 
Constituição 
Subconstitucional 
Constituição subconstitucional admite a constitucionalização de temas excessivos e o 
alçamento de detalhes e interesses momentâneos ao patamar constitucional. Para 
Uadi Lammêgo Bulos, citando Hild Krüger, as constituições só devem trazer aquiloque 
interessa à sociedade como um todo, sem detalhamentos inúteis. Esse excesso de 
temas forma as constituições substitucionais, que são normas que, mesmo elevadas 
formalmente ao patamar constitucional, não o são, porque encontram-se limitada nos 
seus objetivos. 
 
Constituição Oral É “aquela em que o chefe supremo de um povo reclama, de viva voz, o conjunto de 
normas que deverão reger a vida em comunidade” (BULOS, 2014, p. 108). 
 
Constituição Processual, 
Instrumental ou Formal 
É um "instrumento de governo definidor de competências, regulador de processos e 
estabelecedor de limites à acção política" (Canotilho). Seu objetivo é definir 
competências, para limitar a ação dos Poderes Públicos, além de representar apenas 
um instrumento pelo qual se eliminam conflitos sociais. 
 
Constituição Chapa 
Branca 
O intuito principal da Constituição é tutelar interesses e até mesmo privilégios 
tradicionalmente reconhecidos aos integrantes e dirigentes do setor público. 
 
6 
 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
A Constituição é fundamentalmente um conjunto normativo “destinado a assegurar 
posições de poder a corporações e organismos estatais ou paraestatais. É a visão da 
Constituição “chapa-branca”, no sentido de uma “Lei Maior da organização 
administrativa”. Apesar da retórica relacionada aos direitos fundamentais e das 
normas liberais e sociais, o núcleo duro do texto preserva interesses corporativos do 
setor público e estabelece formas de distribuição e de apropriação dos recursos 
públicos entre vários grupos. 
 
Constituição Ubíqua Onipresença das normas e valores constitucionais no ordenamento jurídico. Parte-se 
da constatação de que os conflitos forenses e a doutrina jurídica foram impregnados 
pelo direito constitucional. A referência a normas e valores constitucionais é um 
elemento onipresente no direito brasileiro pós-1988. Essa “panconstitucionalização” 
deve-se ao caráter detalhista da Constituição, que incorporou uma infinidade de 
valores substanciais, princípios abstratos e normas concretas em seu programa 
normativo. 
 
Transconstitucionalismo É fenômeno pelo qual diversas ordens jurídicas de um mesmo Estado, ou de Estados 
diferentes, se entrelaçam para resolver problemas constitucionais” (BULOS, 2014, p. 
90) 
 
Constituição.com ou 
“Crowsaourcing” 
“É aquela cujo projeto conta a opinião maciça dos usuários da internet, que, por meio 
de sites de relacionamentos, externam seu pensamento a respeito dos temas a serem 
constitucionalizados. Foi a Islândia que, pioneiramente, no ano de 2011, fez uma 
‘constituição.com’ (crowdsourcing)” (BULOS, 2014, p. 112). 
 
Constituição Liberal - 
Patrimonialista 
Objetiva preponderantemente garantir os direitos individuais, preservando fortes 
garantias ao direito de propriedade e procurando limitar a intervenção estatal na 
economia. 
 
Constituição 
Principiológica e 
Judicialista 
Leitura da Constituição de 1988 com base nas seguintes características: 
1) importância crucial dos direitos fundamentais, incluindo os sociais, sendo a 
Constituição de 1988 um texto denso exigente, limitando a liberdade do legislador e 
impondo sua implementação; 
2) centralidade dos princípios constitucionais que se multiplicam e adquirem 
relevância prática e aplicabilidade imediata, desde que sejam adotados métodos de 
interpretação abertos, evolutivos e desvinculados da textualidade das regras, em 
particular a ponderação de princípios e/ou valores; 
3) importância do Poder Judiciário que se torna protagonista da Constituição de 
1988, em razão da ampliação e da intensificação do controle de constitucionalidade e 
da incumbência de implementar o projeto constitucional mediante aplicação de 
métodos “abertos” de interpretação. 
 
Algumas curiosidadades 
O que é sentimento 
constitucional? 
O conceito de sentimento constitucional foi cunhado por Pablo Lucas Verdu, pois, 
segundo o autor, a Constituição e os direitos fundamentais para serem efetivos não 
dependem apenas de aspectos técnico-jurídicos, mas também de uma consciência 
social em torno desses direitos, ou seja, as disposições jurídicas para serem efetivas 
necessitam de um mínimo de reconhecimento social. 
 
Esses aspectos psico-sociológicos configuram o chamado sentimento constitucional. 
Assim, ainda segundo o autor, o Estado Moderno necessita criar laços de fraternidade 
7 
 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
e harmonia, baseados em noções como as de patriotismo, cidadania, nacionalidade e 
outros, entre seus cidadãos, que façam com que eles cumpram as normas e 
mantenham a integridade do Estado. 
O que é 
transconstitucionalismo 
O transconstitucionalismo, trazido pelo professor Marcelo Neves, traz a ideia de 
entrelaçamentos entre ordens jurídicas constitucionais para a solução de problemas 
comuns e constitui o fato de uma determinada situação concreta poder ser tratada 
igualmente na legislação interna, na legislação internacional e na legislação 
supranacional, em um verdadeiro fenômeno de “globalização do direito 
constitucional doméstico”. 
 
Esse conceito não dispõe sobre a existência de uma constituição global, em que as 
constituições nacionais seriam hierarquicamente submetidas a essa constituição 
superior, mas sim sobre a existência de problemas jurídico-constitucionais que 
perpassam às distintas ordens jurídicas, impondo-se um diálogo entre estas ordens 
jurídicas, possibilitando que os problemas que lhes são comuns tenham um 
tratamento harmonioso e reciprocamente adequado. 
 
 Ex: O caso da Lei de Anistia, em que o STF entende pela constitucionalidade da 
concessão de anistia aos agentes políticos da ditadura militar, já a Corte 
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) entende que, de acordo com o Pacto de 
San José da Costa Rica, os agentes políticos não devem ser anistiados. Desse modo, o 
transconstitucionalismo sugere um debate entre problemas constitucionais internos 
com as disposições de ordens externas à nacional. 
 
Constitucionalismo do 
Porvir ou do Futuro 
O constitucionalismo do porvir ou do futuro visa aperfeiçoar um conjunto de ideias 
avaliadas a longo prazo. É a esperança de dias melhores da evolução humana. Uadi 
Lammêgo Bulos define que o “constitucionalismo do porvir ou do futuro 
proporcionará o aperfeiçoamento de um conjunto de ideias que foram avaliadas ao 
longo do tempo. Sua concepção parte da esperança de dias melhores, numa etapa 
vindoura da evolução humana. 
 
Espera-se que a constituição do futuro propicie o ponto de equilíbrio entre as 
concepções hauridas do constitucionalismo moderno e os excessos do 
constitucionalismo contemporâneo” (BULOS, 2014, p. 97-98). Alguns valores que 
estariam ligados ao constitucionalismo do porvir ou constitucionalismo do futuro são: 
veracidade, solidariedade, continuidade, participatividade, integracionalidade, 
universalidade. 
 
O que é Constituição 
Biomédica, Constituição 
Biológica ou 
Bioconstituições? 
As Constituições Biomédicas, Biológicas ou Bioconstituições são “aquelas que 
consagram normas assecuratórias da identidade genética do ser humano, visando 
reger o processo de criação, desenvolvimento e utilização de novas tecnologias 
científicas. Visam assegurar a dignidade humana, salvaguardando biodireitos e 
biobens”. 
 
O que é Constituição 
Horizontal? 
A Constituição não é uma estrutura do topo da hierarquia do sistema jurídico, mas 
de coordenação. Diferente da figura clássica da pirâmide de Kelsen. 
 
8 
 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
 
 
Em que consiste a 
Constituição em Branco 
(Blanko-Verfassung)? 
Uadi Lammêgo Bulos define a Constituição em Branco (Blanko-Verfassung) como 
“aquela que não consagra limitações explícitas ao poder de reforma constitucional. O 
processo de sua mudança subordina à discricionariedade dos órgãos revisores, que, 
porsi próprios, ficam encarregados de estabelecer as regras para a propositura de 
emendas ou revisões constitucionais” (BULOS, 2014, p. 107). O defensor dessa 
concepção é Siegenthaler. Por fim, segundo Uadi Lammêgo Bulos, as Constituições 
fixas foram exemplos de cartas ou Constituições em branco (BULOS, 2014, p. 107). 
 
Novo Constitucionalismo 
Latino Americano ou 
Constitucionalismo Andino 
ou Constitucionalismo 
Indígena 
Conforme afirmam Roberto Viciano Pastor e Rubén Martínez Dalmau, o Novo 
Constitucionalismo Latino Americano propõe uma diversidade cultural e de 
identidade, sedimentando-se na ideia de Estado plurinacional e, assim, revendo os 
conceitos de legitimidade e participação popular, especialmente de parcela da 
população historicamente excluída dos processos de decisão, como a população 
indígena. Esse Constitucionalismo possui como representantes as Constituições do 
Equador e da Bolívia. 
 
William Marques e Germana Moraes afirmaram que o Novo Constitucionalismo 
Americano parte da construção de um novo paradigma ecocêntrico, baseado em uma 
noção de ecologia profunda em superação ao paradigma antropocentrista clássico. 
 
Esse posicionamento enquadra o Novo Constitucionalismo Latino Americano como 
um constitucionalismo contra hegemônico, por romper com a lógica antropocentrista 
tradicional, que assenhora a natureza, fazendo-a objeto da exploração liberal; e, 
principalmente, por ser inclusivo, agregando ao processo constituinte grupos 
humanos essenciais à formação latino-americana como quilombolas e indígenas, que 
sempre sofreram forte exclusão dentro do constitucionalismo liberal. 
 
De todo o visto, pode-se afirmar que o Novo Constitucionalismo latino tem como 
pilares inolvidáveis: a reestruturação dos Estado Latino-Americanos; a inclusão de 
grupos étnicos fundamentais ao processo histórico dos países dessa região e que 
foram historicamente excluídos pelo projeto constituinte liberal; e uma visão 
ecocêntrica da realidade, baseada em uma noção de ecologia profunda. 
 
O que é subconstituição 
ou constituições 
subconstitucionais? 
Subconstituição ou constituições subconstitucionais “é o excesso de temas 
constitucionalizados. (...) Podem ser definidas como um conjunto de normas que, 
9 
 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
mesmo elevadas formalmente ao patamar constitucional, não o são, pois que 
limitadas nos seus objetivos. 
 
Demonstram preocupações momentâneas, interesses esporádicos, próprios do 
tempo em que foram elaboradas. Em geral, as subconstituições não servem para o 
futuro, pois já nascem divorciadas do sentido de estabilidade e perpetuidade que 
deve encampar o ato de feitura dos documentos supremos que pretendem ser 
duradouros” (BULOS, 2014, p. 111). 
 
O expoente dessa concepção é Hild Kruger. Em resumo, para Hild Kruger, uma 
Constituição só deve ocupar-se daquilo que interesse para a sociedade como um todo, 
sem particularizações e detalhamentos inúteis (BULOS, 2014, p. 111). 
 
Classificação das Constituições 
Quanto à origem  Democrática: Igualmente denominada promulgada, popular ou votada, esta 
Constituição tem seu texto construído por intermédio da participação do povo, de 
modo direto ou indireto (por meio de representantes eleitos). 
 
 Outorgada: Considera-se outorgada (ou imposta, ditatorial, autocrática e carta 
constitucional) a Constituição que é construída e estabelecida sem qualquer 
resquício de participação popular, sendo imposta aos nacionais como resultado de 
um ato unilateral do governante. O povo não participa do seu processo de 
formação, sequer indiretamente. 
 
 Cesarista: Similarmente à outorgada, a Constituição intitulada cesarista tem seu 
texto elaborado sem a participação do povo. No entanto, e diferentemente 
daquela, para entrar em vigor dependerá de aprovação popular que a ratifique 
depois de pronta. Não nos parece um texto democrático porque a participação 
popular se dá apenas formalmente, através da concordância popular a um 
documento já pronto, sem possibilidade de inserção de conteúdo novo. 
 Dualista ou Convencionadas: Também intituladas pactuadas, as Constituições 
dualistas — absolutamente antiquadas em face do constitucionalismo 
contemporâneo —são formadas por textos constitucionais que nascem do instável 
compromisso entre forças opositoras, no caso entre o monarca e o Poder 
Legislativo (representação popular), de forma que o texto constitucional se 
constitua alicerçado simultaneamente em dois princípios antagônicos: o 
monárquico e o democrático. 
 
Quanto à estabilidade 
(mutabilidade ou 
processo de 
modificação) 
 Imutável: Reconhecida também pelos termos "granítica", "intocável" e 
"permanente", é uma Constituição dotada de uma fantasiosa pretensão à 
eternidade. Não permite qualquer mudança de seu texto, pois não prevê 
procedimento de reforma, ebaseia-se na crença de que não há órgão constituído 
com legitimidade suficiente para efetivar alterações num texto criado por uma 
"entidade suprema e superior". 
 
 Transitoriamente Imutável: Visando preservar a redação original de seu texto nos 
primeiros anos de vigência, determinadas Constituições impedem a reforma de 
seus dispositivos por certo período. Foi o que fez a Constituição Imperial de 1824, 
que estabeleceu, no art. 174 que seu texto somente poderia ser modificado após 
4 anos de sua vigência. 
 
10 
 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
 Fixa: Igualmente intitulada silenciosa — já que não há em seu texto o 
procedimento de modificação de seus dispositivos —, reconhece a possibilidade 
de seu texto sofrer reforma, porém apenas pelo órgão que a criou (poder 
constituinte originário). Hoje são consideradas relíquias históricas. 
 
 Rígida: A alteração desta Constituição é possível, mas exige um processo legislativo 
mais complexo e solene do que aquele previsto para a elaboração das demais 
espécies normativas, infraconstitucionais. Tais regras diferenciadas e rigorosas são 
estabelecidas pela própria Constituição, e tornam a alteração do texto 
constitucional mais complicada do que a feitura das leis comuns. 
 
 Flexível: Contrapõe-se à rígida, uma vez que pode ser modificada por intermédio 
de um procedimento legislativo comum, ordinário. 
 
 Transitoriamente Flexível: Possuidora de flexibilidade temporária, autoriza 
durante certo período a alteração de seu texto através de um procedimento mais 
simples, baseado no rito comum; vencido este primeiro estágio, passa a somente 
permitir a modificação de suas normas por intermédio de um mecanismo 
diferenciado, quando, então, passa a ser considerada rígida. Tal Constituição não 
é ao mesmo tempo flexível e rígida (é primeiro flexível, e depois passa a condição 
de documento rígido); por isso não pode ser intitulada "semirrígida" ou 
"semiflexível" (tipologia que será apresentada no item seguinte) 
 
 Semirrígida: Estamos diante de uma Constituição semirrígida quando o mesmo 
documento constitucional pode ser modificado segundo ritos distintos, a 
depender de que tipo de norma esteja para ser alterada. Neste tipo de 
Constituição, alguns artigos do texto (os que abrigam os preceitos mais 
importantes) compõe a parte rígida, de forma que só possam ser reformados por 
meio de um procedimento diferenciado e rigoroso, enquanto os demais (que 
compõe a parte flexível) se alteram seguindo processo menos complexo, menos 
dificultoso. 
 
Quanto à forma  Escrita: É a Constituição na qual todos os dispositivos são escritos e estão inseridos 
de modo sistemático em um único documento, de forma codificada —por isso diz-
se que sua fonte normativa é única. 
 
 Não escrita: É aquela Constituição na qual as normas e princípios encontram-se 
em fontes normativas diversas, todas de natureza constitucional e de mesmo 
patamar hierárquico, sem qualquer precedência de uma sobre as demais. Nas 
Constituições não escritas, as normas constitucionaisestão esparsas e podem ser 
encontradas tanto nos costumes e na jurisprudência dos Tribunais, como nos 
acordos, convenções e também nas leis. Vê-se, pois, que a Constituição não escrita 
não possui somente normas não escritas; ao contrário, é formada pela junção 
destas com os textos escritos. 
 
Quanto ao modo de 
elaboração 
 Dogmática: Também denominada ortodoxa, traduz-se num documento 
necessariamente escrito, elaborado em uma ocasião certa, historicamente 
determinada, por um órgão competente para tanto. 
 
 Histórica: Sempre não escrita, é uma Constituição que se constrói aos poucos, em 
um lento processo de filtragem e absorção de ideais por vezes contraditórios; não 
11 
 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
se forma de uma só vez como as dogmáticas. Em verdade, é o produto da gradativa 
evolução jurídica e histórica de uma sociedade. 
 
Quanto à extensão  Analítica: Sua confecção se dá de maneira detalhada, já que regulamenta todos os 
assuntos considerados relevantes para a organização e funcionamento do Estado. 
Todavia, referida Constituição não se preocupa em cuidar apenas de matérias 
constitucionais, ao contrário, descreve os pormenores da vida no Estado, através 
de normas de conteúdo dispensável à estruturação estatal. 
 
 Concisa: Sintética (concisa ou reduzida) é a Constituição elaborada de forma 
breve, com preocupação única de enunciar os princípios básicos para a 
estruturação estatal, mantendo-se restrita aos elementos substancialmente 
constitucionais. 
 
Quanto ao conteúdo  Material: Definida a partir de critérios que envolvem o conteúdo das normas, em 
uma Constituição deste tipo considera-se constitucional toda norma que tratar de 
matéria constitucional, independentemente de estar tal diploma inserido ou não 
no texto da Constituição. 
 
 Formal: Nesta acepção, constitucional são todas as normas inseridas no texto da 
Constituição, independentemente de versarem ou não sobre temas tidos por 
constitucionais, isto é, assuntos imprescindíveis à organização política do Estado. 
Em outros termos, são constitucionais os preceitos que compõem o documento 
constitucional, ainda que o conteúdo de alguns destes preceitos não possa ser 
considerado materialmente constitucional. 
 
As explicações postas acima permitem as seguintes conclusões: 
(1) o sentido formal de uma Constituição só é possível se ela for escrita, ou seja, se 
possuir todas assuas normas agregadas em um único documento. É justamente este 
texto codificado e sistematizado que reunirá a totalidade das normas e princípios 
constitucionais; 
(2)na acepção formal, como só podem ser consideradas constitucionais as normas 
integradas ao texto da Constituição, todas as demais normas, independentemente do 
conteúdo, serão consideradas infraconstitucionais; 
(3) todas as normas infraconstitucionais, independentemente da matéria que 
regulem, são inferiores à Constituição, por isso lhe devem respeito e obediência; 
(4) qualquer norma infraconstitucional que contrarie a Constituição será considerada 
inconstitucional; 
(5)por último, não há hierarquia normativa entre as normas constitucionais; todas 
possuem o mesmo status, a mesma dignidade normativa, independentemente de 
qual seja seu conteúdo. 
Quanto à finalidade  Garantia: Esta Constituição também pode ser denominada "Constituição-quadro". 
É aquela que restringe o poder estatal, criando esferas de não ingerência do poder 
público na vida dos indivíduos. Por possuir um corpo normativo repleto de direitos 
individuais oponíveis ao Estado, diz-se que traz para os sujeitos liberdades-
negativas ou liberdades-impedimentos. 
 
 Balanço: Igualmente intitulada "Constituição-registro", é própria dos regimes 
socialistas. Esta tipologia constitucional, cujo "olhar" se volta para o presente, 
procura explicitar o desenvolvimento atual da sociedade e ser um espelho fiel 
capaz de traduzir os patamares em que se encontram a economia e as instituições 
políticas. 
12 
 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
 
 Dirigente: Consagra um documento engendrado a partir de expectativas lançadas 
ao futuro, arquitetando um plano de fins e objetivos que serão perseguidos pelos 
poderes públicos e pela sociedade. É marcada, pois, pela presença de programas 
e projetos voltados à concretização de certos ideais políticos. Comum em seu texto 
é a presença de normas de eficácia programática, destinadas aos órgãos estatais 
com a inequívoca finalidade de fixar os programas que irão guiar os poderes 
públicos na consecução dos planejamentos traçados. 
 
Quanto à interpretação  Nominalista: Possui normas tão precisas e inteligíveis que para ser compreendida 
só depende do método interpretativo gramatical ou literal. Todas as possíveis 
ocorrências constitucionais da vida fática já encontram, previamente, resposta no 
texto constitucional: basta aplicar na literalidade a norma jurídica cabível na 
hipótese que solucionada estará a controvérsia. 
 
 Semântica: Em sentido inverso à nominalista, Constituição semântica é aquela 
cujo texto exige a aplicação de uma diversidade de métodos interpretativos para 
ser realmente entendido. Nesta tipologia, onde se enquadram os documentos 
constitucionais atuais, a interpretação literal não é suficiente à compreensão e 
deve ser aliada a diversos outros processos hermenêuticos no intuito de viabilizar 
uma ampla assimilação do documento constitucional. 
 
Quanto à 
correspondência com a 
realidade = critério 
ontológico 
 Desenvolvido em meados do século XX pelo alemão Karl Loewenstein, este critério 
pretende avaliar o grau de comunicabilidade entre o texto constitucional e a 
realidade a ser normatizada, partindo de uma teoria ontológica das Constituições. 
Vê-se que esta classificação se define a partir de um parâmetro extrínseco à 
Constituição. 
 
 Normativa: Nesta Constituição há perfeita sintonia entre o texto constitucional e 
a conjuntura política e social do Estado, de forma que a limitação ao poder dos 
governantes e a previsão de direitos à população sejam estritamente observadas 
e cumpridas. 
 
 Nominativa: Esta já não é capaz de reproduzir com exata congruência a realidade 
política e social do Estado, mas anseia chegar a este estágio. Seus dispositivos 
não são, ainda, dotados de força normativa capaz de reger os processos de poder 
na plenitude, mas almeja-se um dia alcançar a perfeita sintonia entre o texto 
(Constituição) e o contexto (realidade). Nossa Constituição de 1988 nasceu com o 
ideal de ser normativa mas, obviamente, não conquistou essa finalidade, pois 
ainda hoje existem casos de absoluta ausência de concordância entre o texto 
constitucional e a realidade. 
 
 
 Semântica: É a Constituição que nunca pretendeu conquistar uma coerência 
apurada entre o texto e a realidade, mas apenas garantir a situação de dominação 
estável por parte do poder autoritário. Típica de estados ditatoriais, sua função 
única é legitimar o poder usurpado do povo, estabilizando a intervenção dos 
ilegítimos dominadores de fato do poder político. 
 
Quanto à ideologia ou 
quanto à dogmática 
 Eclética ou Heterogênea: Nesta tipologia constitucional o texto constitucional é 
produto de uma composição variada de acordos heterogêneos, que denota 
Pluralidade de ideologias (muitas vezes colidentes) e sinaliza a ocorrência de 
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 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
possíveis duelos entre os diversos grupos políticos, a serem pacificados pelos 
operadores jurídicos 
 
 Ortodoxa: Esta Constituição é construída tendo por base um pensamento único, 
que afasta o pluralismo na medida em que descarta qualquer possibilidade de 
convivência entre diferentes grupos políticos e distintas teorias. Só há espaço para 
uma exclusiva ideologia -não há espaço para conciliação de doutrinas opostas. 
 
Quanto à unidade 
documental(sistemática) 
 Esta classificação só tem algum sentido para as Constituições escritas, pais é o 
texto escrito que será unitextual (dando origem à Constituição orgânica) ou 
pluritextual (estabelecendo a Constituição inorgânica). 
 
 Orgânica: Constituição orgânica é aquela disposta em uma estrutura documental 
única, na qual todos os dispositivos estão articulados de modo coerente e lógico. 
Não há espaço para identificação de normas constitucionais fora da Constituição - 
esta última exaure os dispositivos constitucionais, não sendo possível a existência 
de normas com valor constitucional que estejam fora de seu texto. 
 
 
 Inorgânica: É formada por diversas estruturas documentais, ou seja, suas normas 
estão dispersas em variados documentos, pois diferentes textos irão compor o que 
denominaremos "Constituição". 
 
Quanto ao sistema  Esta classificação divide os textos constitucionais em principiológicos e preceituais, 
a depender da preponderância de regras ou princípios, vale dizer, do grau de 
abstração das normas que predominam. 
 
 Principiológica: Nesta os princípios ganham relevo, são as normas que 
preponderam. E como princípios possuem grau de abstração significativo, para 
serem concretizados necessitarão de mediação legislativa ou judicial. 
 
 Preceitual: Constituído conferindo primazia às regras, o texto da Constituição 
preceitua) possui normas com alto grau de precisão e especificidade, o que 
permite uma imposição direta e coercitiva de seus dispositivos. Em virtude da 
predominância de normas com grau superior de determinabilidade, as 
Constituições preceituais tendem a ser excessivamente detalhistas. 
 
Quanto ao local da 
decretação 
 Heteroconstituição (ou Constituição heterônoma): A heteroconstituição é 
bastante incomum e causa justificável perplexidade, afinal o documento 
Constitucional vai ser feito fora do Estado onde suas normas produzirão efeitos. 
 
 Autoconstituição: Também intitulada autônoma, é a Constituição elaborada 
dentro do próprio Estado que irá estruturar normativamente e reger. 
 
Quanto ao papel da 
Constituição ou função 
desempenhada pela 
Constituição 
 A função que será desempenhada pela Constituição no ordenamento jurídico dá 
origem à Constituição-lei, à Constituição-moldura e à Constituição-fundamento 
(ou Constituição-total). 
 
 Constituição-Lei: Nesta acepção têm-se Constituições equiparadas às demais leis 
do ordenamento, desprovidas de status hierárquico diferenciado. Nesse sentido, 
como as normas constitucionais estão em idêntico patamar da legislação ordinária, 
14 
 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
não possuindo superioridade em relação a estas, não são capazes de moldar a 
atuação do legislador e funcionam, unicamente, como diretrizes não vinculantes. 
 
 Constituição-Moldura: Nesta concepção a Constituição é só a moldura de um 
quadro vazio, funcionando como limite à atuação do legislador ordinário, que 
não poderá atuar fora dos limites previamente estabelecidos. Dessa forma, a 
preocupação da jurisdição constitucional seria, tão somente, a de verificar se o 
legislador agiu dentro dos contornos da moldura constitucional, isto é, se o 
"desenho" legislativo está dentro do quadro ou se extrapolou as bordas 
previamente definidas. 
 
 Constituição-Fundamento: Esta Constituição diferencia as normas constitucionais 
das demais, na medida em que as situa num plano de superioridade valorativo que 
as torna cogentes para legisladores e indivíduos. A atuação do legislador, neste 
caso, torna-se significativamente abreviada, vez que seu papel está reduzido a 
interpretar as normas constitucionais e efetiva-las. 
 
Quanto ao conteúdo- 
ideológico 
 Proposta por André Ramos Tavares, esta classificação visa identificar o conteúdo 
ideológico que permeia a construção do texto constitucional. 
 
 Liberal: Constituições liberais visam delimitar duas coisas: 
• o exercício do poder estatal, assegurando liberdades individuais oponíveis ao 
Estado, e 
• as garantias que asseguram a realização dos direitos por parte dos indivíduos. 
São Constituições que veem o Estado circunscrito às funções de repressão e 
proteção, despossuído de políticas de desenvolvimento social e econômico. 
 
 Social: As Constituições sociais passam a consagrar em seus textos não só direitos 
relacionados à liberdade, mas também prerrogativas de cunho social, cultural e 
econômico. A atuação do Estado deixa de ser meramente negativa, como era nas 
Constituições liberais, para se tornar positiva, na medida em que fica claro que as 
políticas estatais são eficientes vetores para o alcance de uma igualdade material. 
 
Classificação da CF/88 * Origem: Promulgada 
* Forma: Escrita 
* Sistemática: Codificada 
* Modo de Elaboração: Dogmática 
* Conteúdo: Formal 
* Extensão: Analítica 
* Estabilidade: Rígida 
* Ideologia: Eclética 
* Origem de Decretação: Autoconstituição 
* Sistema: Principiológica 
* Finalidade: Dirigente 
* Correspondência com a Realidade: Normativa (prevalece) 
* Conteúdo Ideológico: Social 
 
Outras Classificações 
Suave Pensada pelo jurista italiano Gustavo Zagrebelsky, "Costituzione mite" (ou leve, soft, 
dúctil) é aquela que, numa sociedade extremamente diversificada e fragmentada por 
interesses plurais, não prevê um único modo de vida e o estabelece como parâmetro 
exclusivo a ser seguido por seus cidadãos. 
15 
 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
 
Plástica Enquanto Pinto Ferreira preceitua ser a Constituição plástica um sinônimo de 
Constituição flexível, os demais veem o termo "plástica" como caractere que confere 
ao texto constitucional certa maleabilidade, que o permite acompanharas oscilações 
típicas da realidade fática. Seria, portanto, uma Constituição que permitiria 
constantes releituras, cujo texto seria permanentemente reinterpretado para melhor 
acompanhar as mutações da sociedade. 
 
Expansiva Com a pretensão de dar conta de textos constitucionais que, comparativamente aos 
anteriores que regiam a vida daquele mesmo Estado, têm seu conteúdo ampliado, 
essa classificação, apresentada por Raul Machado Horta, indica Constituições que 
conferem juridicidade a novas situações e estendem o tratamento jurídico de diversos 
outros temas já presentes nos documentos constitucionais anteriores. 
 
Em branco Nesta Constituição as alterações no texto são viáveis, no entanto, os aspectos 
procedimentais que orientarão as mudanças não estão previstos na Constituição. A 
reforma, se for feita, se subordinará ao regramento imposto pelo órgão revisor, que 
estipulará as regras formais e os obstáculos de conteúdo que deverão ser observados 
na reestruturação do documento. 
 
Aplicabilidade das Normas Constitucionais 
Classificação de José 
Afonso da Silva 
As normas de eficácia plena são aquelas capazes de produzir todos os seus efeitos 
essenciais simplesmente com a entrada em vigor da Constituição, 
independentemente de qualquer regulamentação por lei. São, por isso, dotadas de 
aplicabilidade imediata, direta e integral. 
 
 Por seu turno, as normas de eficácia contida são aquelas que também estão aptas 
para a produção de seus plenos efeitos desde a promulgação da Constituição 
(aplicabilidade imediata), mas que podem vir a ser restringidas. O direito nelas 
previsto é imediatamente exercitável, com a simples promulgação da Constituição, 
mas pode ser, no futuro, restringido. 
 
As normas de eficácia limitada são aquelas que só produzem seus plenos efeitos 
depois da exigida regulamentação. Elas asseguram determinado direito, mas este não 
poderá ser exercido na plenitude enquanto não for regulamentado pelo legislador 
ordinário. 
 
Foram divididas pelo Professor José Afonso da Silva em dois grupos: as definidoras de 
princípios institutivos(organizativos ou orgânicos) e as definidoras de princípios 
programáticos. 
 
 As normas de eficácia limitada definidoras de princípiosorganizativos são aquelas 
pelas quais o legislador constituinte traça esquemas gerais de estruturação e 
atribuições de órgãos ou entidades, para que o legislador ordinário os estruture 
posteriormente, mediante lei. 
 
 As normas de eficácia limitada definidoras de princípios programáticos são 
aquelas pelas quais o constituinte, em vez de regular, direta e imediatamente, 
determinados interesses, limitou-se a lhes traçar as metas para serem cumpridos 
pelos seus órgãos (legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos), como 
programas das respectivas atividades, visando à realização dos fins sociais do 
Estado. Tais normas, embora não produzam plenos efeitos imediatos, elas 
16 
 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
possuem o que se chama eficácia negativa, que se desdobra em eficácia 
paralisante e eficácia impeditiva. 
 
Eficácia Paralisante Eficácia Impeditiva 
É a propriedade jurídica que as normas 
programáticas têm de revogar as 
disposições legais contrárias aos seus 
comandos, ou seja, as normas 
infraconstitucionais anteriores não 
serão recepcionadas se com ela 
incompatíveis. 
A norma programática tem o condão de 
impedir que sejam editadas normas 
contrárias ao seu 
espírito, é dizer: as normas 
programáticas servem de parâmetro 
para o controle de 
constitucionalidade. A norma 
programática serve, ainda, como 
diretriz interpretativa da Constituição, 
vez que o intérprete não pode 
desprezar seu comando quando da 
interpretação do texto constitucional. 
 
 
Classificação de Maria 
Helena Diniz 
Para a autora Maria Helena Diniz, as normas constitucionais, segundo sua eficácia, 
dividem-se em: 
(1) normas com eficácia absoluta (ou supereficazes) - São consideradas imutáveis, 
não podendo ser emendadas; como exemplo temos os princípios constitucionais 
sensíveis e as chamadas cláusulas pétreas; 
 
(2) normas com eficácia plena- Equivalem às normas de eficácia plena do Prof. José 
Afonso da Silva; 
 
(3) normas com eficácia relativa restringível - Equivalem às normas de eficácia 
contida do Prof. José Afonso da Silva; 
 
(4) normas com eficácia relativa complementável ou dependente de 
complementação legislativa - Equivalem às normas de eficácia limitada do Prof. José 
Afonso da Silva, sendo dividas em: (1) normas de princípio institutivo; e (2) normas 
programáticas. 
 
 
Elementos da Constituição (José Afonso da Silva) 
✓ Elementos orgânicos: são as normas reguladoras da organização do Estado e do Poder (ex: título “Da 
organização do Estado”); 
✓ Elementos limitativos: são normas que limitam a ação dos poderes estatais em nome do Estado de Direito. 
Correspondem ao elenco dos direitos e garantias fundamentais. 
✓ Elementos sócio-ideológicos: são normas que revelam o compromisso entre o Estado individualista e o Estado 
social. Ex: direitos sociais e normas da ordem econômica e financeira. 
✓ Elementos de estabilização: são normas que visam solucionar conflitos constitucionais, defendendo o Estado 
e suas instituições democráticas. Ex: normas de jurisdição constitucional (ADI e ADC), intervenção federal, 
emendas constitucionais. 
✓ Elementos formais de aplicabilidade: são dispositivos que estabelecem regras de aplicação da Constituição. 
Ex: preâmbulo, ADCT, art. 5º, §1º CRFB. 
 
 
17 
 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
Métodos de Interpretação 
Método Jurídico 
ou Hermenêutico 
Clássico 
(Ernest Fosthoff) 
Conforme afirma Bernardo Gonçalves o método jurídico “parte da afirmação de que a 
Constituição, apesar de suas particularidades, é uma lei, e como tal deve ser interpretada”. 
Desse modo, a Constituição é uma lei e, portanto, deve-se interpretá-la a partir dos métodos 
tradicionais de hermenêutica: 
✓ Elemento Genético: busca investigar as origens dos conceitos utilizados pelo legislador. 
✓ Elemento Gramatical ou Filológico: a análise deve ser realizada a partir das regras da 
gramática e da interpretação textual. 
✓ Elemento Lógico: procura harmonia lógica das normas constitucionais. 
✓ Elemento sistemático: busca a análise do todo. 
✓ Elemento histórico: analisa o projeto de lei, as discussões que deram origem à elaboração 
da redação do texto legal. 
✓ Elemento Teleológico ou Sociológico: busca a finalidade da norma. 
✓ Elemento Popular: partindo dos “corpos intermediários”, tais como: partidos políticos, 
sindicatos, povo, etc. 
✓ Elemento Doutrinário: parte da interpretação feita pela doutrina. 
✓ Elemento Evolutivo: segue a linha de mutação constitucional. 
 
Método Tópico – 
Problemático ou 
Método da 
Tópica 
(Theodor 
Viehweg) 
Decorre de um problema concreto para a norma, atribuindo-se à interpretação um caráter 
prático na busca de solução de problemas. 
 
Nas palavras de Bernardo Gonçalves o método tópico-problemático “[...] assume as 
premissas de que a interpretação constitucional é dotada de caráter prático (voltada a 
resolução de um problema concreto, pela aplicação da norma ao caso concreto) e um de 
caráter aberto ou indeterminado da lei constitucional (permitindo-se, assim, múltiplas 
interpretações)”. 
 
Por seu turno, segundo Novelino: “O método tópico-problemático tem como ponto de 
partida a compreensão prévia do problema e da constituição e de apoio o consenso ou o 
senso comum, os quais são revelados, e.g., pela doutrina dominante ou pela jurisprudência 
pacífica”. 
 
 Problema-norma (estudo da norma através de um problema) 
 
Método 
Hermenêutico-
Concretizador 
(konrad Hesse) 
 
Pré-compreensões 
Conforme ensina Bernardo Gonçalves “tem por ponto de partida o fato de que a leitura de 
qualquer texto, o que inclui o texto constitucional, se inicia de pré-compreensões já 
presentes no intérprete, a quem cabe a tarefa de concretizar a norma, sempre para e a partir 
de uma situação histórica concreta. Nesses termos, a interpretação constitucional nada mais 
é do que um processo de concretização”. 
 
Parte-se do pressuposto de que, por não haver interpretação constitucional dissociada de 
problemas concretos, interpretação e aplicação consistem em um processo único. Ou seja, 
parte-se da Constituição para o problema, a partir dos seguintes pressupostos 
interpretativos: 
(1) Pressupostos Subjetivos: o intérprete vale de suas pré-comprensões para obter o 
sentido da norma. 
(2) Pressupostos Objetivos: o intérprete atua como mediador entre a norma e a situação 
concreta, tendo como pano de fundo a realidade social. 
(3) Círculo Hermenêutico: o motivo do subjetivo para o objetivo, até o interprete alcançar 
o sentido da norma. 
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 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
 Norma-Problema: parte-se de pré-comprensões para se chegar ao sentido da norma / 
Interpretação concretizadora / Constituição tem força para compreender e alterar a 
realidade. 
 
Método 
Científico- 
Espiritual 
Ou Método 
Valorativo 
Sociológico 
(Rudolf Smend) 
 
valores subjacentes 
A interpretação da norma constitucional não se fixa na literalidade puramente da norma, mas 
na realidade social e dos valores subjacentes do texto constitucional. Interpreta-se a 
Constituição como algo dinâmico e que se renova constantemente. 
 
Para Bernardo Gonçalves o método científico espiritual “atesta que a Constituição deve ter 
em conta as bases de valoração (ou ordens de valores) subjacentes ao texto constitucional, 
bem como o sentido e a realidade que ela possui como elemento do processo de integração 
– não apenas como norma-suporte, como queria Kelsen – mas, ainda, como perspectiva 
política e sociológica, de modo a absorver/superar conflitos, no sentido de preservar a 
unidade social” 
 Não se utiliza apenas valores consagrados na Constituição, mas também valores 
extraconstitucionais, como a realidade social e a cultura do povo. 
 
Método 
Normativo- 
Estruturante 
(Frederic Muller) 
 
Texto e contexto 
Os doutrinadoresque defendem a aplicação desse método reconhece a incompatibilidade 
entre a norma jurídica e o texto normativo. Nesse sentido, Bernardo Gonçalves “trabalha 
com a concepção de que a norma jurídica não se identifica com o seu texto (expresso), pois 
ela é o resultado do processo de concretização”. 
 
Isso porque o teor literal da norma (elemento literal da doutrina clássica), que será 
considerado pelo intérprete, deve ser analisado à luz da concretização da norma em sua 
realidade social. Assim a norma terá de ser concretizada não pela atividade do legislador, 
mas também pela atividade do Judiciário, da administração, do governo, etc. 
 
Este método considera que a norma jurídica é diferente do texto normativo: aquela 
é mais ampla que este, pois resulta não só da atividade legislativa, mas igualmente da 
jurisdicional e da administrativa. Assim, para se interpretar a norma, deve-se utilizar tanto 
seu texto quanto a verificação de como se dá sua aplicação à realidade social (contexto) 
 
 Parte-se do direito positivo para se chegar à norma. 
 A norma seria o resultado da interpretação do texto aliado ao contexto. 
 Texto da norma x Norma jurídica. A norma jurídica deve ser interpretada de 
acordo com o contexto 
 Colhe elementos da realidade social para se chegar à norma. 
 
Método da 
Comparação 
Constitucional 
(Peter Haberle) 
Decorre da comparação de vários ordenamentos. Ressalta-se a comunicação entre várias 
constituições. Para Bernardo Gonçalves “ele consistiria na comparação de ordenamentos 
constitucionais – pela busca por pontos comuns ou divergentes entre dois ou mais 
ordenamentos jurídicos ou textos constitucionais – levando ainda, em consideração seus 
respectivos contextos” 
 Comparação entre as constituições. 
 
Concretista da 
Constituição 
Aberta 
(Peter Haberle) 
Interpretação por todo o povo, não apenas pelos juristas. 
 
 
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 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
Princípios Instrumentais de Interpretação da Constituição e das Leis 
Princípio da 
Supremacia da 
Constituição 
Referida premissa interpretativa estabelece que, em virtude de a Constituição ocupar o 
ápice da estrutura normativa em nosso ordenamento, todas as demais normas e atos do 
Poder Público somente serão considerados válidos quando em conformidade com ela. 
 
Princípio da 
Interpretação 
conforme à 
constituição 
Não se presta à interpretação das normas constitucionais propriamente, e sim da legislação 
infraconstitucional. Este princípio encontra sua morada diante das chamadas normas 
polissêmicas ou plurissignificativas, isto é, aquelas que podem ser interpretadas de 
maneiras diversas. Há, no entanto, regras a serem observadas ante a utilização da 
interpretação conforme à Constituição: 
 
(1) se o texto do dispositivo é unívoco, isto é, não tolera interpretações múltiplas, não há 
que se falar em interpretação conforme; 
 
(2) não são aceitáveis violações à literalidade do texto, afinal o intérprete encontra seu 
limite de atuação no perímetro que envolve as possibilidades hermenêuticas do texto, não 
podendo, jamais, atuar como legislador positivo, criando norma nova a partir da tarefa 
interpretativa. 
 
Princípio da 
Presunção de 
Constitucionalidade 
das leis 
Como os poderes públicos extraem suas competências da Constituição, por consequência 
presume se que eles agem estritamente em consonância com esta. Isso confere às normas 
produzidas pelo Poder Legislativo (e também pelos demais Poderes, no exercício da função 
atípica de natureza legislativa) a presunção de serem constitucionais. Ressalte-se que essa 
presunção é apenas relativa, isto é, admite prova em contrário, o que autoriza que as 
normas (infraconstitucionais ou constitucionais derivadas) submetam-se ao controle de 
constitucionalidade. 
Princípio da 
Unidade da 
Constituição 
 
Evitar contradições e 
não há hierarquia entre 
as normas da CF. 
Dotado de acentuada importância, o princípio da unidade da Constituição visa conferir um 
caráter ordenado e sistematizado para as disposições constitucionais, permitindo que o 
texto da Carta Maior seja compreendido como um todo unitário e harmônico, desprovido 
de antinomias reais. 
 
Em decorrência desse princípio interpretativo, pode-se afirmar que não há hierarquia 
normativa, tampouco subordinação entre as normas constitucionais; eventuais conflitos 
entre as normas originárias serão, pois, sanados por meio da tarefa hermenêutica. É nesse 
sentido que no direito pátrio é inviável a declaração de inconstitucionalidade de uma 
norma constitucional em face de outra. 
 
Esse princípio determina que o texto da Constituição deve ser interpretado de forma a 
evitar contradições entre suas normas ou entre os princípios constitucionais em abstrato. 
Assim, não há antinomias reais no texto da Constituição; as antinomias são apenas 
aparentes. Segundo esse princípio, na interpretação deve-se considerar a Constituição 
como um todo, e não se interpretarem as normas de maneira isolada. Não há hierarquia 
entre as normas da CF. 
 
Princípio da Força 
Normativa 
(Konrad Hesse) 
 
Buscar eficácia 
Idealizado por Konrad Hesse, preceitua ser função do intérprete sempre "valorizar as 
soluções que possibilitem a atualização normativa, a eficácia e a permanência da 
Constituição". Destarte, deve o intérprete priorizar a interpretação que dê concretude à 
normatividade constitucional, jamais negando-lhes eficácia 
 
Esse princípio determina que toda norma jurídica precisa de um mínimo de eficácia, sob 
pena de não ser aplicada. Estabelece, portanto, que, na interpretação constitucional, deve-
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se dar preferência às soluções que possibilitem a atualização de suas normas, garantindo 
lhes eficácia e permanência. São reflexos: 
* Efeito Transcendente 
* Objetivação do Controle Difuso 
* Relativização da Coisa Julgada 
 
Princípio do Efeito 
Integrador ou 
Eficácia Integradora 
 
integração política e 
social 
Esse princípio busca que, na interpretação da Constituição, seja dada preferência às 
determinações que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade 
política. É, muitas vezes, associado ao princípio da unidade da constituição, justamente 
por ter como objetivo reforçar a unidade política. 
 
Princípio da 
Concordância 
Prática ou 
Harmonização 
 
Evitar sacrifício 
Esse princípio impõe a harmonização dos bens jurídicos em caso de conflito entre eles em 
concreto, de modo a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros. É geralmente 
usado na solução de problemas referentes à colisão de direitos fundamentais. Assim, 
apesar de a Constituição, por exemplo, garantir a livre manifestação do pensamento (art. 
5º, IV, CF/88), este direito não é absoluto. Ele encontra limites na proteção à vida privada 
(art. 5º, X, CF/88), outro direito protegido constitucionalmente. 
 
- Harmonização dos bens jurídicos em conflito; Evitar sacrifício 
 
Princípio da 
Máxima 
Efetividade ou da 
Eficiência 
(interpretação 
efetiva) 
 
Efetividade social 
Esse princípio estabelece que o intérprete deve atribuir à norma constitucional o sentido 
que lhe dê maior efetividade social. Visa, portanto, a maximizar a norma, a fim de extrair 
dela todas as suas potencialidades. Sua utilização se dá principalmente na aplicação dos 
direitos fundamentais, embora possa ser usado na interpretação de todas as normas 
constitucionais. 
 
O princípio da máxima efetividade apresenta-se, pois, como um apelo, para que seja 
realizada a interpretação dos direitos e garantias fundamentais de modo a alcançar a maior 
efetividade possível, de maneire a otimizar a norma e dela extrair todo o seu potencial 
protetivo. 
 
Princípio da 
Conformidade 
funcional, da 
Correção Funcional, 
Exatidão Funcional 
ou Justeza 
esquema organizatório 
funcional 
Objetiva impedir que os órgãos encarregados de realizar ainterpretação constitucional 
cheguem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório funcional 
estabelecido pela Constituição, sob pena de usurpação de competência. 
 
Esse princípio determina que o órgão encarregado de interpretar a Constituição não pode 
chegar a uma conclusão que subverta o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo 
constituinte. Assim, este órgão não poderia alterar, pela interpretação, as competências 
estabelecidas pela Constituição para a União, por exemplo. 
 
Princípio da 
Convivência das 
Liberdades Públicas 
ou da Relatividade 
Parte da presunção que não existem princípios absolutos, pois todos encontram limites em 
outros princípios também consagrados na constituição. Para que as liberdades possam 
conviver, elas não podem ser absolutas, devem encontrar óbices. BIZU: Não existem 
princípios absolutos. 
 
Elementos da Constituição 
A doutrina estruturou cinco grupos que traduzem as principais categorias de normas que temos na Constituição 
de 1988. Isso facilita, sobremaneira, a visualização da Constituição enquanto um conjunto harmônico. Parece-nos 
que a mais completa é aquela apresentada pelo Professor José Afonso da Silva, a seguir apresentada: 
(1) elementos orgânicos: contemplam as normas que regulam a estrutura do Estado e dos Poderes; 
(2) elementos limitativos: estão presentes nas normas institutivas do rol de direitos e garantias fundamentais; 
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(3) elementos socioideológicos: são as normas que explicitam o compromisso social das Constituições modernas 
com a proteção dos indivíduos e busca pela efetivação de um bem-estar social; 
(4) elementos de estabilização constitucional: conjunto representado pela reunião das normas que objetivam 
assegurar as solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições 
democráticas; 
(5)elementos formais de aplicabilidade: normas que instituem regras de aplicação das normas constitucionais. 
 
Estrutura da Constituição 
PREÂMBULO 
Caráter normativo dos preâmbulos constitucionais 
Tese da irrelevância jurídica Tese da relevância jurídica 
equivalente 
Tese da relevância jurídica específica 
O preâmbulo não é norma, nem 
faz parte do domínio do direito 
A formulação do preâmbulo pode 
implicar preceitos cuja eficácia 
jurídica assemelha-se à de 
qualquer outra norma da 
Constituição 
O preâmbulo possui apenas algumas 
características próprias da Constituição 
(pode ser usado como elemento de 
interpretação e integração), mas não 
deve ser confundido com o texto 
constitucional em si (não prevalece 
contra disposições constitucionais 
expressas) 
Não pode servir como 
paradigma de confronto no 
controle de constitucionalidade 
Capaz de servir como paradigma 
de confronto no controle de 
constitucionalidade 
Incapaz de servir como paradigma de 
confronto no controle de 
constitucionalidade 
Posição do STF Posição adotada no direito 
constitucional francês 
Posição adotada pela doutrina nacional 
majoritária 
 
ATENÇÃO: Como entendemos que o preâmbulo não tem força normativa, não faz nenhum sentido emendar o 
preâmbulo. Ou seja, o preâmbulo não pode ser objeto de emenda!!! 
PARTE DOGMÁTICA (ARTS. 1º AO 250) 
Possuem força normativa e podem ser a fonte única de inconstitucionalidade de normas inferiores. 
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS 
São normas (têm força normativa) de natureza temporária. Tem como objetivo regular a transição de uma 
realidade existente na data da promulgação da Const. e uma realidade projetada para o futuro. Depois de 
cumprido o seu objetivo, terão sua eficácia exaurida. Podem servir de parâmetro para o controle de 
constitucionalidade. 
ATENÇÃO: Disposições transitórias PODEM ser modificadas por emenda!! 
 
Breve Histórico das Constituições Brasileiras 
Constituição de 
1824 
 Em 25 de março de 1824, então, foi outorgada a Constituição do Império, fruto dos trabalhos do 
Conselho de Estado, criado justamente para a elaboração do documento constitucional depois 
que D. Pedro I determinou a dissolução da assembleia constituinte que (antes mesmo de 
proclamada a independência do país) havia sido por ele convocada. O traço liberal da Carta de 
1824 restou evidenciado por duas questões centrais: (i) na previsão de u rol que enumerava 
direitos individuais (também conhecidos como direitos de primeira dimensão, são direitos que 
prestigiavam o valor liberdade e externavam o desejo de criação de esferas de não ingerência 
estatal em algumas das mais importantes e sensíveis escolhas do indivíduo); (ii) na organização do 
Estado fundada na separação dos Poderes. 
 Aliás, sobre este ponto, vale destacar que tal carta constitucional não adotou o modelo 
de separação de Poderes proposto por Montesquieu pois, além dos Poderes Executivo, Legislativo 
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 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
e Judiciário, estabeleceu um quarto Poder: o Moderador. Essa estrutura institucional quadripartite 
estava associada à ideia desenvolvida por Benjamin Constant de que a existência de um outro 
poder, exercido pelo monarca, manteria o necessário equilíbrio entre os demais (executivo, 
legislativo e judiciário).Evidentemente, essa peculiaridade da nossa Carta imperial revelava um 
indiscutível conflito entre seus dispositivos e a noção de soberania popular, característica tão 
valorizada pelo movimento Liberal que impulsionou a formação dos Estados constitucionais. 
 A Constituição Imperial, além deter sido a única monárquica (quanto à forma de governo, éramos 
uma monarquia hereditária constitucional), foi também a única da nossa história constitucional 
considerada do tipo semirrígida. 
 Outro traço que individualiza a Constituição de 1824 foi a adoção da forma de Estado unitária. 
 Por último, cumpre destacar que, até o presente momento, a Constituição de 1824 
 e presenta nosso documento constitucional que por mais tempo permaneceu em vigor 
Constituição de 
1891 
Dentre os pontos mais significativos trazidos pela Constituição 1891, merecem destaque: 
—A adoção da forma de governo republicana. 
—Forma federativa de Estado: o país tornou-se uma federação, denominada Estados Unidos do Brasil, 
passando as antigas províncias à condição de Estados-membros, dotados de autonomia. 
—Tripartição de poderes: adotou-se o modelo de separação de Poderes proposto por 
Montesquieu (Executivo, Legislativo e Judiciário), tornado extinto o Poder Moderador. 
—Ampliação dos direitos individuais, com a expressa consagração de uma importante 
garantia, qual seja, o habeas corpus. 
Por fim, insta recordar que em 1926, nossa primeira Constituição republicana foi alvo de 
uma significativa reforma, marcadamente autoritária, que acabou precipitando a finalização da sua 
vigência, especialmente após as revoluções de 1930 e 32. 
Constituição de 
1934 
 Promulgada pelo então Presidente Getúlio Vargas, a Constituição democrática de 1934 instituiu 
um constitucionalismo social, notadamente inspirado pela Constituição de Weimar, de 1919, 
sendo o primeiro documento constitucional do Brasil a disciplinar os direitos sociais (direitos de 
segunda geração), inscrevendo-os num título referente à ordem econômica e social. Este nosso 
documento constitucional representa, pois, um importante marco jurídico na transição de uma 
democracia liberal marcadamente individualista para uma democracia de cunho nitidamente 
social, diligente na proteção das necessidades mais básicas dos indivíduos. 
 Quanto às novações introduzidas no constitucionalismo pátrio por essa carta constitucional, como 
principais podem ser citadas as seguintes: 
- Definição de normas de proteção social para o trabalhador. 
- Definição de direitos políticos, com admissão do voto feminino (permitido apenas às mulheres 
em exercício remunerado de funções públicas) e do voto secreto 
-Instituição da Justiça Eleitoral e da Justiçado Trabalho, esta última vinculada ao Poder Executivo. 
-Instituição do Ministério Público e do Tribunal de Contas. 
-Instituição da assistência judiciária aos necessitados assistência judiciária e criação de 
órgãos especiais assegurando, a isenção de emolumentos, custas, taxas e selos. 
-Consagração do mandado de segurança e da ação popular, além da manutenção do 
habeas corpus (que fora constitucionalizado em 1891) 
Constituição de 
1937 
 A Carta de 1937, também conhecida como "Polaca" -numa óbvia alusão ao documento 
constitucional polonês, de 1935, que também exacerbava desmedidamente os poderes e 
atribuições do Executivo-foi elaborada por Francisco Campos, Ministro da Justiça de Vargas, em 
parceria com Carlos Medeiros Silva. 
 0 traço característico mais marcante da Carta em estudo é o seu caráter autoritário e 
centralizador, traduzido pelo vasto rol de competências atribuídas ao Presidente da República. 
 Muito embora a separação de Poderes tenha sido consagrada em seu texto, na prática o Executivo 
funcionava como um `superpoder', que poderia legislar através de decretos-lei (art. 13, da Carta 
de 1937) ou discordar da decisão do Poder Judiciário declaratória de inconstitucionalidade de uma 
lei ou ato normativo, submetendo-a ao Parlamento que poderia, por manifestação de 2/3 de cada 
Casa, destituir os efeitos da manifestação judicial. (art. 96, parágrafo único, da Carta de 1937). 
Constituição de 
1946 
 Elaborada por uma Assembleia Constituinte, reunida em4 de fevereiro de1946 e composta por 
representantes eleitos pelo povo, foi promulgada em18 de setembro de 1946 a nova Carta 
Constitucional, responsável pela renovação democrática do país, reestabelecendo as eleições 
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 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
diretas para os membros do Executivo e do Legislativo e restituindo o equilíbrio entre os três 
Poderes. 
 O Poder Executivo, indiscutível protagonista na vigência da Carta anterior, passa a ter 
seus poderes limitados, prevendo-se, inclusive, a possibilidade de responsabilização do Presidente 
da República pelos seus atos. 
 O Poder Legislativo retoma à condição estrutural bicameral (no âmbito federal), voltando o 
Senado a ser uma das Casas do Congresso e tendo recebido, inclusive, a significativa competência 
para julgar o Presidente da República e outras autoridades pela prática de crimes de 
responsabilidade (art. 62, I). 
 O Poder Judiciário voltou a ter as garantias de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de 
vencimentos (art. 95,I a III) e o controle concentrado de constitucionalidade das leis e atos 
normativos tornou a ser competência exclusiva dos Tribunais (art. 200). 
 No campo dos direitos fundamentais, um importante acréscimo foi a inserção do direito de greve 
e o retorno do rol de direitos individuais (agora com a previsão do princípio da inafastabilidade da 
jurisdição); também o mandado de segurança voltou a ser previsto como remédio constitucional. 
Constituição de 
1967 
 Inspirada na Carta autoritária de 1937, a Constituição de 1967 foi outorgada em 24 de 
janeiro de 1967, e voltou a conceder poderes excepcionais ao Presidente da República, tendo 
reduzido significativamente a autonomia dos Estados-membros-que parcialmente perderam a 
capacidade de autogoverno, já que seus governadores passaram a ser eleitos indiretamente, o 
que evidenciou um novo enfraquecimento da Federação e a consequente centralização política 
no âmbito da União. 
 A ordem constitucional outorgada também previa a possibilidade de suspensão dos direitos 
políticos, na hipótese de abuso de direitos individuais, como da liberdade de expressão, de reunião 
e de associação (art.151, parágrafo único),além de estender à Justiça Militar a competência para 
julgar civis pela prática de crimes contra a segurança interna ou contra as instituições militares 
(art. 173, caput). A primeira emenda feita à Constituição de 1967 acabou por alterá-la por 
completo. 
 Em razão disso, a maioria da doutrina fila-se à ideia de que a Emenda Constitucional nº 1 de 1969 
(de17.10.1969, com entrada em vigor em 30.10.1969)foi utilizada como mecanismo de outorga 
de um novo texto constitucional, o qual, embora reafirmasse parte dos dispositivos da Carta de 
1967, introduziu alterações significativas para o sistema constitucional. 
 Em linhas gerais: fortaleceu ainda mais a figura do Presidente da República; alargou as hipóteses 
autorizadoras da suspensão dos direitos políticos; além de estabelecer as penas de morte, de 
prisão perpétua, de banimento ou confisco, nos casos de guerra "psicológica adversa, ou 
revolucionária ou subversiva, nos termos que a lei determinar" (art.153, § 11) 
 
Poder Constituinte 
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 
(GENUÍNO OU DE 1º GRAU) 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO 
(INSTITUÍDO, CONSTITUÍDO, SECUNDÁRIO, DE 2º 
GRAU OU REMANESCENTE) 
É aquele que instaura uma nova ordem jurídica, 
rompendo por completo com a ordem jurídica 
precedente. 
Deve obedecer às regras colocadas e impostas pelo 
originário, sendo, nesse sentido, limitado e 
condicionado aos parâmetros a ele impostos. 
CARACTERÍSTICAS: 
a) Inicial: instaura uma nova ordem jurídica, rompendo 
por completo com a ordem jurídica anterior. 
b) Autônomo: a estruturação da nova constituição será 
determinada, autonomamente, por quem exerce o 
poder constituinte originário. 
c) Ilimitado juridicamente: não tem de respeitar os 
limites postos pelo direito anterior. 
 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR (OU 
COMPETÊNCIA REFORMADORA): 
 
Tem a capacidade de modificar a Constituição 
Federal, por meio de um procedimento específico, 
estabelecido pelo poder constituinte originário, sem 
que haja uma verdadeira revolução. 
O poder de reforma constitucional, assim, tem 
natureza jurídica, ao contrário do originário, que é um 
poder de fato, um poder político, ou, segundo alguns, 
uma força ou energia social. 
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 Resumo Tabelado – Perfil @corujinha_juridica 
ATENÇÃO: Alguns doutrinadores entendem que o poder 
constituinte originário sofre limitações, pois é 
estruturado e obedece a padrões e modelos de conduta 
espirituais, culturais, éticos e sociais radicados na 
consciência jurídica geral da comunidade e, nesta 
medida, considerados como “vontade do povo”. 
Ademais, para tais autores há a necessidade de 
observância de princípios de justiça (suprapositivos e 
supralegais) e, também, dos princípios de direito 
internacional (princípio da independência, princípio da 
autodeterminação, princípio da observância de direitos 
humanos - neste último caso de vinculação jurídica, 
chegando a doutrina a propor uma juridicização e 
evolução do poder constituinte). 
 
d) Incondicionado e soberano na tomada de suas 
decisões: não tem de submeter-se a qualquer forma 
prefixada de manifestação. 
 
e) Poder de fato e poder político: energia ou força 
social, de natureza pré-jurídica, sendo que, por essas 
características, a nova ordem jurídica começa com a sua 
manifestação, e não antes dela. 
f) Permanente: não se esgota com a edição da nova 
Constituição, sobrevivendo a ela e fora dela como forma 
e expressão da liberdade humana, em verdadeira ideia 
de subsistência. 
 
ATENÇÃO: A manifestação do Poder Constituinte 
originário pode ser legítima (suporte no princípio 
democrático) e ilegal (rompe com o direito posto). 
A manifestação do poder constituinte reformador 
verifica-se por meio das emendas constitucionais 
(arts. 59, I, e 60, CF). 
 
LIMITAÇÕES EXPRESSAS (OU EXPLÍCITAS) AO PODER 
CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR: 
 
a) Limitações formais subjetivas (art. 60, I, II, III, CF): 
estão relacionadas à iniciativa do processo de 
elaboração da emenda. 
 
b) Limitações formais objetivas (art. 60, § 2º e § 5º, 
CF): necessidade de quórum de aprovação de 3/5, em 
dois turnos de votação. Além disso, conforme art. 60, 
§ 5º, CF, a matéria constante de proposta de emenda 
rejeitada

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