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Álgebra Vetorial 1.1 CAPÍTULO 1 ÁLGEBRA VETORIAL Os conhecimentos adquiridos neste capítulo são básicos para o aprendizado e análise de vários conteúdos essenciais à formação de um engenheiro. Na primeira metade desse primeiro capítulo, teremos como objetivo a introdução do conceito de vetor. Após uma abordagem intuitiva, será apresentada a definição formal de vetor como classe de eqüipolência de segmentos orientados, e, em seguida, serão apresentadas as operações básicas com vetores: adição e multiplicação de um número por um vetor. Na segunda metade desse primeiro capítulo, será apresentado o tratamento algébrico de vetores no plano e no espaço. Concluída essa etapa, focaremos nosso trabalho nos produtos entre dois vetores: produto escalar e produto vetorial. No fechamento do capítulo tratremos do produto misto e do duplo produto vetorial. 1.1. INTRODUÇÃO AOS VETORES Existem grandezas denominadas escalares que são caracterizadas por um número e uma unidade: a área do retângulo é 20(cm2), a régua mede 30(cm) de comprimento, o volume do copo é 300(cm3). Outras, no entanto, requerem mais do que isso. Por exemplo, para caracterizarmos uma força ou uma velocidade ou uma aceleração precisamos mais do que um número e uma unidade. Tais grandezas são chamadas vetoriais e são caracterizadas por três elementos: módulo, direção e sentido. Adotamos que duas flechas de mesmo comprimento, mesma direção, isto é, paralelas, e mesmo sentido caracterizam a mesma grandeza vetorial. Veja a representação da Fig.1.1. Fig.1.1-Grandeza vetorial. Intuitivamente flecha é um segmento para o qual se fixou uma orientação, isto é, escolheu-se um sentido e, por isso, nada melhor do que o conceito de segmento orientado para formalizar essa idéia. 1.1.1. SEGMENTO ORIENTADO Um segmento orientado é um par ordenado de pontos AB onde A é a origem e B é a extremidade do segmento AB. Um segmento orientado do tipo AA é chamado de segmento orientado nulo e um segmento orientado BA é o oposto de AB, conforme mostra a Fig.1.2. Álgebra Vetorial 1.2 Fig.1.2-Segmentos orientados: opostos e nulo. 1.1.2. VETOR Um vetor é representado por um segmento orientado indicado por uma letra minúscula com uma flecha em cima ou pelas letras maiúsculas que representam a origem e extremidade encimadas pela flecha. A Fig.1.3 ilustra a representação e a notação de um vetor. Fig.1.3-Representação e notação de um vetor. Os segmentos orientados (AB) e (CD) são de mesmo comprimento se os segmentos geométricos AB e CD têm comprimentos iguais. Se os segmentos orientados (AB) e (CD) não são nulos, eles são de mesma direção, ou paralelos, se os segmentos geométricos AB e CD são paralelos, isto inclui o caso em que AB e CD são colineares1. A Fig.1.4 ilustra essas situações. Fig.1.4-Segmentos orientados: paralelos e colineares. Caso (AB) e (CD) sejam paralelos diz-se que são de mesmo sentido se os segmentos geométricos AB e CD têm interseção vazia, isto é, não há interseção na ligação das origens e das extremidades. Caso contrário, havendo intersecção, (AB) e (CD) são de sentido contrário. A Fig.1.5 ilustra essas duas situações. 1 co = mesma; linear = linha colinear = mesma linha ou seja mesma reta. Álgebra Vetorial 1.3 Fig.1.5-Segmentos orientados: mesmo sentido e sentidos contrários. 1.1.3. MÓDULO OU NORMA OU COMPRIMENTO DE UM VETOR O módulo de um vetor é o comprimento de qualquer um de seus representantes. O módulo é indicado por (barras). Um vetor é unitário se seu módulo for igual a 1, ou seja, se seu comprimento (“tamanho”) for igual a 1. Dois ou mais segmentos orientados de mesmo comprimento, mesma direção e mesmo sentido são representantes de um mesmo vetor, conforme mostra a Fig.1.6. Fig.1.6-Representações de um mesmo vetor. Todos os segmentos orientados, da Fig.1.6, representam o mesmo vetor AB , pois todos têm o mesmo módulo, a mesma direção e o mesmo sentido. Eles são denominados de vetores eqüipolentes. Note, ainda, que cada ponto pode ser considerado como origem de um segmento orientado que é representante do vetor AB . Dessa maneira esse vetor é chamado de vetor livre, pois a origem pode ser colocada em qualquer ponto. 1.1.4. CLASSIFICAÇÕES (TIPOS) DE VETORES Apesar de algumas classificações de vetores já ter sido apresentada em itens anteriores, vamos formalizar as principais classificações para os vetores. 1. Vetor Livre: é o vetor que tem por origem em qualquer ponto no espaço. Álgebra Vetorial 1.4 2. Vetor deslizante: é o vetor cuja origem pertence obrigatoriamente a uma reta que funciona como a reta suporte do mesmo, conforme mostra a Fig.1.7. Fig.1.7-Vetor deslizante. 3. Vetor posição: é o vetor que dá a posição de um ponto qualquer (do plano ou do espaço) em relação à origem. 4. Vetor nulo: é o vetor de comprimento zero. Por exemplo, o vetor AA é um vetor nulo, pois sua origem coincide com sua extremidade. Sua representação geométrica é um ponto. Normalmente se indica o vetor nulo por 0 . Por definição, o vetor nulo é paralelo a qualquer vetor não nulo. 5. Vetor unitário: é o vetor de comprimento um. 6. Vetores Iguais: são vetores que possuem a mesma direção, o mesmo sentido e o mesmo comprimento e indica-se por vu . Na Fig.1.8 temos segmentos orientados representando o mesmo vetor. Fig.1.8-Vetores Iguais. 7. Vetores Opostos: são vetores que possuem a mesma direção, o mesmo comprimento e sentidos opostos. A oposição é, geralmente, marcada por sinal negativo. Na Fig.1.9 temos segmentos orientados representando vetores opostos. Fig.1.9-Vetores opostos. 8. Vetores paralelos: são vetores que possuem mesma direção e indica-se por wvu //// . Observamos que o vetor nulo é paralelo a qualquer vetor. Na Fig.1.10 temos segmentos orientados representando vetores paralelos. Fig.1.10-Vetores paralelos. Álgebra Vetorial 1.5 9. Vetores Coplanares: são aqueles que têm representantes num mesmo plano. Observamos que dois vetores, não nulos, ao mesmo tempo, sempre são coplanares. Três vetores poderão ou não ser coplanares. Na Fig.1.11 temos segmentos orientados representando vetores coplanares. Fig.1.11-Vetores coplanares. 10. Vetores ortogonais: são vetores que formam um ângulo de 90º entre si e indica-se por vu . Na Fig.1.12 temos segmentos orientados representando vetores ortogonais. O termo ortogonal vem do Grego “orthos” que significa “justo, reto” e “gonia” que significa “ângulo”. Fig.1.12-Vetores ortogonais. 11. Versor: de um vetor não nulo v é o vetor unitário de mesma direção e sentido de v e indica-se por v̂ . Por exemplo, na Fig.1.13 temos o vetor v de comprimento 3 e os vetores 1u e 2u que são vetores unitários e têm a mesma direção do vetor v . Entretanto, o vetor 1u tem a mesma direção do vetor v ao passo que o vetor 2u tem sentido contrário ao do vetor v . Logo, 1u é o versor de v , ou seja, vu ˆ1 . Fig.1.13-Conceito de versor. 1.2. OPERAÇÕES COM VETORES 1.2.1. ADIÇÃO DE VETORES Geometricamente temos dois processos para somar vetores: Álgebra Vetorial 1.6 1. Tendo dois vetores para somá-los devemos, da extremidade do primeiro vetor, colocar a origem do segundo, sem alterar seu módulo, direção e sentido. Para ilustrar, consideremos os vetores v e u mostrados na Fig.1.14. Fig.1.14-Vetores a serem somados. Da extremidade do vetor v trace o vetor u , conforme mostra a Fig.1.15. Fig.1.15-Vetores preparados para a soma. O vetor resultante é o segmento orientado que tem origem na origem do vetor v e extremidade na extremidade do vetor u , conforme mostra a Fig.1.16. Fig.1.16-Soma dos vetores pelo primeiro método. 2. O outro processo é denominado de regra do paralelogramo2. Pela regra, completa-se o paralelogramo traçando segmentos paralelosao vetor v e ao vetor u . O vetor resultante é o segmento orientado representado pela diagonal maior do paralelogramo, conforme mostra a Fig.1.17. 2 Paralelogramo é o quadrilátero que apresenta dois a dois os lados opostos paralelos. Álgebra Vetorial 1.7 Fig.1.17-Soma dos vetores pelo segundo método. A Fig.1.18 mostra outro exemplo de soma através dos dois métodos. Fig.1.18-Soma de vetores pelos dois métodos. 1.2.2. SUBTRAÇÃO DE VETORES Para subtrair dois vetores podemos utilizar o conceito de vetor oposto e proceder da mesma forma que efetuamos a adição. Fig.1.19-Subtração de vetores. A Fig.1.19 mostra que, para encontrarmos uv , teremos que encontrar o vetor oposto do vetor u . A partir daí, basta procedermos como na soma, ou seja: )( uvuv , conforme mostra a Fig.1.20, por qualquer um dos dois métodos. Álgebra Vetorial 1.8 Fig.1.20-Subtração de vetores pelos dois métodos. A Fig.1.21 mostra a subtração entre vetores colineares. Fig.1.21-Subtração de vetores colineares. 1.2.3. MULTIPLICAÇÃO DE UM VETOR POR UM NÚMERO (ESCALAR) Dado um vetor v diferente do vetor nulo e um número real 0 , o produto do número real pelo vetor v , representado por v , dá origem a um novo vetor que tem as seguintes características: 1. O módulo, || v , do novo vetor é igual ao módulo (comprimento) de v multiplicado por || ; 2. A direção do novo vetor, v , é a mesma do vetor v ; 3. O sentido do novo vetor, v , é o mesmo do vetor v se 0 ; se 0 , o sentido do novo vetor, v , é contrário ao sentido do vetor v . É comum usar o termo escalar para designar o número real, em contraposição à denominação vetor. Por isso, essa operação também é denominada de multiplicação de um vetor por um escalar. A Fig.1.22 mostra alguns exemplos dessa operação. Fig.1.22-Multiplicação de um vetor por um escalar. Álgebra Vetorial 1.9 Exercício proposto 1.1. A figura a seguir apresenta o losango EFGH inscrito no retângulo ABCD, sendo O o ponto de interseção das diagonais desse losango. Decidir se é verdadeira ou falsa cada uma das seguintes afirmações: a) ( ) OGEO ; b) ( ) COEH ; c) ( ) OCAO // ; d) ( ) CHAF ; e) ( ) |||| BDAC ; f) ( ) OHAB ; g) ( ) HGDO ; h) ( ) || 2 1 || DBOA ; i) ( ) CBEO ; j) ( ) |||| BOOC ; k) ( ) CDAF // ; l) ( ) HFAO ; m) ( ) |||| DHOH ; n) ( ) HGGF // ; o) ( ) FEOB . Exercício proposto 1.2. Com base na figura do exercício anterior, determinar os vetores a seguir, expressando-os com origem no ponto A: a) CHOC ; b) FGEH ; c) AFAE 22 ; d) EFEH ; e) BGEO ; f) OCOE 22 ; g) EHBC 2 1 ; h) FGFE ; i) HOOG ; j) AOFOAF . Exercício proposto 1.3. Sabendo que o ângulo entre os vetores u e v é de 30º, determine o ângulo formado pelos vetores: a) u e v 2 ; b) u e v 2 ; c) u 13 e v 4 . Exercício proposto 1.4. Calcule o módulo do vetor resultante da soma dos vetores a e b em cada caso abaixo. a) 5|| a (m) e 8|| b (m) b) 10|| a (m) e 5|| b (m) 1.3. VETORES NO PLANO Qualquer vetor pode ser expresso, no plano, em função de dois vetores não paralelos 1v e 2v . Os vetores 1v e 2v formam o que denominamos de base. Os vetores 1v e 2v não precisam ser ortogonais, mas, quando eles o são, facilitam o trabalho de representação visto que estamos acostumados a trabalhar com projeções ortogonais. Caso os vetores, 1v e 2v , Álgebra Vetorial 1.10 sejam ortogonais e unitários constituem uma base denominada de ortonormal. A Fig.1.23 ilustra uma base ortogonal. Fig.1.23-Base ortogonal. Para cada vetor v representado no mesmo plano de 1v e 2v , existe uma só dupla de números reais 1a e 2a tal que 2211 vavav . O vetor v é denominado de combinação linear de 1v e 2v . O conjunto },{ 21 vvB é chamado base no plano. Os números reais 1a e 2a são denominados de componentes do vetor v na base B. O vetor v pode ser representado também por ),( 21 aav . As bases mais utilizadas são as ortonormais que são aquelas em que os vetores são ortogonais e unitários. A base ortonormal mais importante é a que determina o sistema cartesiano ortogonal. Os vetores nesse sistema são representados por i e j , ambos com origem na origem dos eixos coordenados e extremidade nos pontos )0,1( e )1,0( , respectivamente. A base },{ jiC , ilustrada na Fig.1.24, é denominada de base canônica e é a que iremos utilizar no nosso estudo dos vetores no plano. Ela simplifica a representação dos vetores. Fig.1.24-Base canônica para o plano. Voltando à representação de um vetor sob a forma de uma combinação linear utilizando a base canônica teremos: jyixvvavav 2211 , (1.1) onde x e y são as componentes na base canônica. A maneira mais comum de representar o vetor v é utilizando apenas as suas componentes: ),( yxv , dispensando a “escrita” da sua base canônica. Desta forma podemos dizer que um vetor no plano é um par ordenado, ),( yx , de números reais. O par ),( yx é Álgebra Vetorial 1.11 denominado de expressão analítica do o vetor v . A Fig.1.25 ilustra a representação gráfica de um vetor. Fig.1.25-Representação gráfica de um vetor no sistema de coordenadas. O link: http://www.fisica.ufpb.br/prolicen/Applets/Applets1/Vetores/Ponto.html traz alguns “applets3” e pode ser consultado como exercício para a visualização das componentes de um vetor. Alguns exemplos de representação de vetores: Forma canônica Forma analítica ji 32 )3,2( j 2 )2,0( j )1,0( ji )1,1( i 4 )0,4( ji 72 )7,2( 1.3.1. IGUALDADE DE VETORES Dois vetores são iguais quando têm as mesmas componentes. Se o vetor: jyixu 11 é igual ao vetor: jyixv 22 , então: 21 xx e 21 yy . 1.3.2. OPERAÇÃO COM VETORES Na seção 1.2 dessa apostila, vimos a representação geométrica das operações com vetores. Nessa seção, vamos estudar a forma analítica dessas operações. Para tal, consideremos dois vetores: ),( 1111 yxjyixu e ),( 2222 yxjyixv : O1. Adição: a soma dos vetores u e v é igual a: jyyixxvu )()( 2121 , ou, em notação simplificada: ),( 2121 yyxxvu . Por exemplo, se: )2,3(23 jiu e )1,1( jiv , a soma dos dois vetores é: )3,4(34)12()13( jijivu . O link: http://www.fisica.ufpb.br/prolicen/Applets/Applets1/Vetores/SomaVet.html traz aplicação da soma de 2 vetores. O link: http://www.walter-fendt.de/ph14br/resultant_br.htm traz aplicações da soma de 2 ou mais vetores. O2. Multiplicação de um vetor por um escalar: Seja α um número real diferente de zero e v um vetor não nulo. A multiplicação de α por v é representada por v e é dada por: ),( 2222 yxjyixv . Por exemplo, se: )1,2(2 jiv e 3 , temos: 3 Applets são mini aplicativos JAVA que permitem a manipulação dos fenômenos físicos e matemáticos. Álgebra Vetorial 1.12 )3,6()13,23(1323 jiv . Note que o vetor resultante tem a mesma direção de v . O módulo do vetor resultante é || vezes maior que o módulo do vetor v . O sentido do vetor resultante é o mesmo sentido de v se 0 . Se 0 , o sentido do vetor resultante é oposto ao sentido de v . Se 0 , 000 jiv , ou seja, o vetor resultante é o vetor nulo. Exercício proposto 1.5. Sejam os seguintes vetores: jia 22 ; jib 5 ; ic 5 ; jd 2 ; jie 34 ; jif 54 . Determine: a) bav 21 ; b) edv 22 ; c) fcv 23 ; d) fcav 224 ; e) cbv 5 ; f) fedcv 2346 ; g) afcv 237 . 1.4. VETORES DEFINIDOS POR DOIS PONTOS O vetor AB representado geometricamente na Fig.1.26 tem infinitos representantes, ou seja, há uma infinidade de segmentos orientados que apresentam mesmo módulo, mesma direção e mesmo sentido do que AB . Observe a Fig.1.27 com alguns desses segmentos. Fig.1.26-Representação gráfica do vetor AB . Álgebra Vetorial 1.13 Fig.1.27-Outras representação gráficas do vetor AB . O questionamento, nesse momento, é como caracterizar o vetor AB a partir das coordenadas dos 2 pontos que o formam? Para responder essa pergunta, consideremos que o ponto A tem coordenadas: ),( 11 yxA e que o ponto B tem coordenadas: ),( 22 yxB . O vetor que liga o ponto A à origem do sistema de coordenadas é dado por: ),( 11 yxOA . O vetor que liga o ponto B à origem do sistema de coordenadas é dado por: ),( 22 yxOB . A soma do vetor OA com o vetor AB é igual ao vetor OB , ou seja, OBABOA . Temos, então: ),(),(),( 12121122 yyxxyxyxABOAOBABOBABOA . (1.2) Do resultado da equação (1.2), podemos escrever: AByyxxAB ),( 1212 . (1.3) Em resumo, para caracterizar um vetor definido por 2 pontos efetuamos a diferença entre as coordenadas do ponto da extremidade e as coordenadas do ponto da origem do vetor dado. Exercício proposto 1.6. Sejam os seguintes pontos: )2,2( A ; )5,1( B ; )0,5(C ; )2,0( D ; )3,4(E ; )5,4( F . Determine: a) AC ; b) CA ; c) FD ; d) EB ; e) CFAB ; f) DECD ; g) DAAD . 1.5. PONTO MÉDIO Seja determinar as coordenadas do ponto médio M do segmento AB. Se M é ponto médio do segmento orientado AB, temos que: ABAM 2 . Supondo que as coordenadas dos pontos A e B são: ),( 11 yxA e ),( 22 yxB e que as coordenadas do ponto M, a ser determinado, são ),( yxM , podemos escrever: ),( 11 yyxxAM e ),( 1212 yyxxAB . Logo: Álgebra Vetorial 1.14 ),(),(2 121211 yyxxyyxx , ou, ),()22,22( 121211 yyxxyyxx . Para que a igualdade entre os vetores seja mantida, devemos ter: 12122 xxxx e 12122 yyyy . Isolando x e y, temos: 2)( 21 xxx e 2)( 21 yyy . Assim, as coordenadas do ponto médio do segmento AB são as médias aritméticas das coordenadas dos pontos A e B, isto é, 2 , 2 2121 yyxxM . (1.4) 1.6. PARALELISMO DE DOIS VETORES Se dois vetores u e v são paralelos então existe um número real α tal que: vu . Supondo que as componentes dos vetores u e v são: ),( 21 uuu e ),( 21 vvv , então vu nos leva a 11 vu e a 22 vu . Melhorando essas relações, podemos escrever: 2 2 1 1 v u v u . (1.5) Em resumo, dois vetores são paralelos quando suas componentes forem proporcionais. Por exemplo, para: )3,2( u e )3,2(v , estabelecemos que: 1 3 3 2 2 . Logo esses vetores são paralelos. Por outro lado, se temos: )3,2( u e )3,2( v , estabelecemos que: 3 3 2 2 e os vetores não são paralelos. 1.7. MÓDULO DE UM VETOR Vamos considerar um vetor com origem na origem dos eixos coordenados )0,0(O e extremidade em um ponto qualquer ),( yxP . Conforme mostra a Fig.1.28, seu módulo, ou seja, seu comprimento pode ser encontrado utilizando o Teorema de Pitágoras. Álgebra Vetorial 1.15 Fig.1.28-Cálculo do módulo de um vetor. 22|| yxOP . (1.6) Por exemplo, o módulo do vetor )4,3( OP será: 5169)4(3|| 22 OP (unidades de comprimento). Se desejarmos encontrar o vetor unitário de um dado vetor v , basta multiplicá-lo pelo inverso de seu módulo, pois, como sabemos, o vetor unitário tem seu módulo igual a 1. Esse vetor unitário encontrado é denominado, como classificamos anteriormente, de versor do vetor v e é representado por: || ˆ v v v . (1.7) Por exemplo, o versor do vetor )4,3(v é: 5 4 , 5 3 v̂ , conforme mostra a Fig.1.29. Fig.1.29-Um vetor e seu versor. 1.8. DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS Muitas vezes necessitamos calcular a distância entre dois pontos, por isso, é interessante registrar que para esse cálculo nos valemos do triângulo retângulo e utilizamos o Teorema de Pitágoras conforme a situação geométrica mostrada na Fig.1.30. Vale ressaltar, ainda, que a distância entre dois pontos equivale ao módulo do vetor que é obtido com esses dois pontos, independente do sentido tomado visto que tanto a distância entre dois como como o módulo de um vetor, é um número positivo. Álgebra Vetorial 1.16 Fig.1.30-Distância entre dois pontos. Por Pitágoras temos: 212 2 12 2 )()( yyxxd , logo: 212 2 12 )()( yyxxd . (1.8) Exercício proposto 1.7. Escrever a equação dos vetores indicados nas figuras apresentadas a seguir: Exercício proposto 1.8. Dados )3,2(A , )0,2(B , )5,0( C e )2,4( D , verifique se: a) os vetores AB e DC são iguais; b) os vetores AD e CB são opostos. Exercício proposto 1.9. Dados )1,2(A , )1,5( B , )0,4(C , calcule e represente o vetor soma dos vetores AB e AC . Exercício proposto 1.10. Se ABv , )2,3(A e )8,5(v , então qual é o ponto B? Exercício proposto 1.11. Os vetores )4,3(u , )7,2( av e )3,1( bw satisfazem à equação: 032 wvu . Calcule a e b. Exercício proposto 1.12. Sabendo que o ângulo entre os vetores u e v é de 60º, determine o ângulo formado pelos vetores: a) u e v b) –u e v c) –u e – v d) 2u e 3 v Álgebra Vetorial 1.17 Exercício proposto 1.13. Dados os pontos )7,3(A e )1,11( B determine o ponto médio de AB . Exercício proposto 1.14. Obter os pontos que dividem o segmento de extremidades )4,2(A e )13,14(B em três partes iguais. Exercício proposto 1.15. O baricentro G de um triângulo ABC é o ponto de interseção das medianas do triângulo. Medianas são segmentos que vão de um vértice do triângulo até o ponto médio do lado oposto ao vértice. Numa pesquisa pela internet sobre baricentro, um aluno encontrou a seguinte afirmativa: Cada coordenada do baricentro G de um triângulo pode ser calculada através da média aritmética das coordenadas dos pontos que compõem os vértices do triângulo. Com base nessa afirmativa, encontre o baricentro do triângulo ABC em cada caso e faça a representação gráfica do triângulo e do baricentro: a) )0,0(A , )0,9(B e )6,0(C b) )2,1( A , )4,0( B e )6,1(C 1.9. VETORES NO ESPAÇO Nas seções anteriores trabalhamos com vetores no plano xy, isto é, em R2, onde definimos como forma analítica de um vetor um par ordenado de números reais. Essa definição foi motivada pelo fato de que a cada par ordenado ),( yx podemos fazer corresponder um segmento orientado. Fato semelhante também se verifica no espaço, com vetores em R3, onde a forma analítica é uma terna de números representados por ),,( zyx que representa o segmento orientado no espaço, conforme ilustra a Fig.1.31. Fig.1.31-Representação do espaço tridimensional. O eixo dos x é denominado de eixo das abscissas, o eixo dos y é denominado de eixo das ordenadas e o eixo dos z é denominado de eixo das cotas. Para entender a representação desses vetores vamos iniciar com a representação de pontos no espaço xyz, por exemplo, do ponto )4,3,2( . Podemos proceder seguindo os seguintes passos, que podem ser acompanhados através das Fig.1.31: 1. Marcar duas unidades no eixo das abscissas (eixo dos x); 2. A partir daí traça-se uma perpendicular ao eixo x que seja paralela ao eixo y com 3 unidades de comprimento; Álgebra Vetorial 1.18 3. A partir daí traça-se um segmento perpendicular ao plano formado pelos eixos dos x e dos y e que seja paralelo ao eixo z com 4 unidades de comprimento. Fig.1.32-Representação de um ponto no espaço tridimensional. Assim como em R2, onde temos o plano dividido em 4 quadrantes, em R3 temos o espaço dividido em8 octantes com a seguinte convenção: 1º octante x, y e z positivos; 2º octante x negativo, y e z positivos; 3º octante x e y negativo e z positivo; 4º octante x e z positivos e y negativo; 5º octante x e y positivos e z negativo; 6º octante x e z negativos e y positivo; 7º octante x, y e z negativos e 8º octante x positivo e y e z negativos. A Fig.1.33 ilustra os 8 octantes. Para ajudar a visualização os planos divisórios estão em três cores: azul, vermelho e verde. Através do link: http://www.walter-fendt.de/m14pt/vector3d_pt.htm é possível treinar a representação no espaço tridimensional. Álgebra Vetorial 1.19 Fig.1.33-Representação dos octantes do espaço tridimensional. Da mesma forma que utilizamos a base canônica ),( ji para vetores no plano, no espaço consideraremos a base canônica ),,( kji , conforme mostra a Fig.1.34. Assim de forma análoga podemos representar os vetores no espaço sob a forma canônica e analítica. Alguns exemplos de representação de vetores: Forma canônica Forma analítica kji 42 )1,4,2( kj )1,1,0( i 3 )0,0,3( j )0,1,0( Vetores unitários i )0,0,1( j )0,1,0( k )1,0,0( Fig.1.34-Base canônica do espaço tridimensional. Álgebra Vetorial 1.20 No sistema de coordenadas em R3, cada dupla de eixos determina um plano, conforme mostra a Fig.1.35. Esses três planos são denominados de planos coordenados. São eles: plano XOY ou simplesmente plano xy; plano XOZ ou plano xz e o plano YOZ ou plano yz. Fig.1.35-Planos coordenados. Da mesma forma que no plano, a cada ponto ),,( zyxP do espaço irá corresponder o vetor kzjyixOP . As coordenadas x, y e z do ponto P são as componentes do vetor OP na base canônica, ou ainda ),,( zyxOP na forma analítica. Vamos representar um vetor no espaço, por exemplo: kjiv 432 na forma canônica do vetor ou simplesmente )4,3,2( na sua forma analítica. As três primeiras etapas nós já seguimos quando, anteriormente, representamos um ponto no espaço. Repetindo o processo, de acordo com a Fig.1.36: 1. Marcar duas unidades no eixo das abscissas (eixo dos x); 2. A partir daí traça-se uma horizontal ao eixo y com 3 unidades de comprimento; 3. A partir daí traça-se um segmento paralelo ao eixo z com 4 unidades de comprimento; 4. O vetor tem origem na origem dos eixos e extremidade no ponto encontrado. Álgebra Vetorial 1.21 Fig.1.36-Representação de um vetor no espaço tridimensional. 1.9.1. IGUALDADE DE VETORES Assim como no plano, dois vetores são iguais quando têm as mesmas componentes. Se o vetor: kzjyixu 111 é igual ao vetor: kzjyixv 222 , então: 21 xx , 21 yy e 21 zz . 1.9.2. OPERAÇÃO COM VETORES Assim como no plano, podemos somar (ou subtrair) vetores e multiplicá-los por um escalar. Vamos considerar dois vetores assim definidos: ),,( 111111 zyxkzjyixu e ),,( 222222 zyxkzjyixv : O1. Adição: a soma dos vetores u e v é igual a: kzzjyyixxvu )()()( 212121 , ou, ),,( 212121 zzyyxxvu . Por exemplo, se: )2,2,3(223 kjiu e )0,1,1( jiv , a soma dos dois vetores é: )2,3,4(234)02()12()13( kjikjivu . O2. Multiplicação de um vetor por um escalar: seja α um número real diferente de zero e v um vetor não nulo. A multiplicação de α por v é representada por v e é dada por: ),,( 222222 zyxkzjyixv . Por exemplo, se: )1,0,2(2 kiv e 4 , temos: )4,0,8()14,04,24(1424 kiv . Note que o vetor resultante tem a mesma direção de v . O módulo do vetor resultante é || vezes maior que o módulo do vetor v . O sentido do vetor resultante é o mesmo sentido de v se 0 . Se 0 , o sentido do vetor resultante é oposto ao sentido de v . Se 0 , 0000 kjiv , ou seja, o vetor resultante é o vetor nulo. Exercício proposto 1.16. Sejam os seguintes vetores: kjia 22 ; jkb 5 ; jc 5 ; jid 25 ; kjie 2 . Determine: a) bav 21 ; b) edv 22 ; c) dcv 23 ; Álgebra Vetorial 1.22 d) ecav 224 ; e) cbv 5 ; f) aedcv 2346 ; g) abcv 237 . 1.10. VETORES DEFINIDOS POR DOIS PONTOS O vetor AB representado geometricamente na Fig.1.37 tem infinitos representantes, ou seja, há uma infinidade de segmentos orientados que apresentam mesmo módulo, mesma direção e mesmo sentido do que AB . Observe a Fig.1.38 com alguns desses segmentos. Fig.1.37-Representação gráfica do vetor AB . Fig.1.38-Outras representação gráficas do vetor AB . Da mesma forma que no plano, para caracterizar um vetor definido por 2 pontos, efetuamos a diferença entre as coordenadas do ponto da extremidade e as coordenadas do ponto da origem do vetor dado: ABzzyyxxAB ),,( 121212 . (1.9) Exercício proposto 1.17. Sejam os seguintes pontos: Álgebra Vetorial 1.23 )2,1,2( A ; )5,1,0( B ; )2,0,5( C ; )4,0,1(D ; )3,4,1(E . Determine: a) AC ; b) CA ; c) ED ; d) EB ; e) CDAB ; f) DECD ; g) DAAD . 1.11. PONTO MÉDIO Seja determinar as coordenadas do ponto médio M do segmento AB. Se M é ponto médio do segmento orientado AB, temos: ABAM 2 . Supondo que as coordenadas dos pontos A e B são: ),,( 111 zyxA e ),,( 222 zyxB e que as coordenadas do ponto M a ser determinado são ),,( zyxM , podemos escrever: ),,( 111 zzyyxxAM e ),,,( 121212 zzyyxxAB . Logo: ),,(),,(2 121212111 zzyyxxzzyyxx . Para que a igualdade entre os vetores seja mantida, devemos ter: 12122 xxxx , 12122 yyyy e 12122 zzzz . Isolando x, y e z, temos que as coordenadas do ponto médio do segmento AB são as médias aritméticas das coordenadas dos pontos A e B, isto é 2 , 2 , 2 212121 zzyyxxM . (1.10) 1.12. PARALELISMO DE DOIS VETORES Da mesma forma que no plano, se dois vetores u e v são paralelos então existe um número real α tal que: vu . Supondo que as componentes dos vetores u e v são: ),,( 321 uuuu e ),,( 321 vvvv , então vu nos leva a: 3 3 2 2 1 1 v u v u v u . (1.11) Em resumo, dois vetores são paralelos quando suas componentes forem proporcionais. 1.13. MÓDULO DE UM VETOR Quando o vetor tem origem na origem dos eixos coordenados )0,0,0(O e extremidade em um ponto qualquer ),,( zyxP , seu módulo, ou seja, seu comprimento pode ser encontrado por: 222|| zyxOP . (1.12) Álgebra Vetorial 1.24 Por exemplo, o módulo do vetor )3,5,2( OP será: 38)3(52|| 222 OP (unidades de comprimento). Como no plano, se desejamos encontrar o vetor unitário de um dado vetor v , basta multiplicá-lo pelo inverso de seu módulo, pois, como sabemos, o vetor unitário tem seu módulo igual a 1. Esse vetor unitário encontrado é denominado de versor do vetor v e é representado por: || ˆ v v v . (1.13) Note que as operações com os vetores no espaço repetem as do plano apenas acrescentando a terceira componente do vetor. 1.14. PRODUTOS ENTRE VETORES Nessa seção vamos apresentar os principais produtos entre vetores. 1.14.1. PRODUTO ESCALAR Dado dois vetores kzjyixu 111 e kzjyixv 222 chamamos de produto escalar (ou produto interno) a expressão: 212121 zzyyxx representada por: 212121 zzyyxxvu , (1.14) onde se lê u escalar v ou vetor u escalar vetor v. Note que o resultado desse produto é um escalar (um número real) daí o nome do produto. Note, ainda, que é de fundamental importância a representação simbólica do produto escalar por um “ponto”. Quando temos produto de escalares (números) a representação pode ser feita tanto por um “ponto”, um “x” ou ainda por omissão de operador que sabemos que estaremos efetuando a operação de multiplicação. Por exemplo,sendo: kjiu 25 e kiv 32 , temos: 43).2(0.12.5 vu . Exercício proposto 1.18. Dados os vetores )1,,4( u e )3,2,(v e os pontos )2,1,4( A e )1,2,3( B , determine o valor de α tal que 5)( BAvu . O produto escalar apresenta as seguintes propriedades: P1. Comutativa: a ordem dos vetores do produto escalar não muda o resultado da operação: uvvu . P2. Distributiva: wuvuwvu )( . P3. Multiplicação por um escalar: )()()( vuvuvu . P4. Se 0 u ou 0 v , então: 0 vu . P5. Se vu , então: 2|u|uuvu . Álgebra Vetorial 1.25 Vamos analisar, agora, o produto escalar de uma forma geométrica. Para tal, observe a Fig.1.39. Fig.1.39-Produto escalar de uma forma geométrica. Os vetores u , v e vu formam um triângulo qualquer. Dessa maneira podemos aplicar a lei dos co-senos da trigonometria para triângulos quaisquer que nos diz: “Em um triângulo QUALQUER o quadrado de um lado é igual à soma dos quadrados dos outros lados MENOS duas vezes o produto desses dois lados pelo CO-SENO do ângulo por eles formado.” Tendo os lados do triângulo da Fig.1.39, ou seja, tendo AB , AC e BC , pela lei dos co- senos, podemos escrever: cos.2 222 ACABACABBC . (1.15) Fazendo a substituição na equação (1.15) dos respectivos vetores4, temos: cos||||2||||| 222 vuvu|vu . (1.16) Fazendo o produto escalar do vetor vu por ele mesmo podemos escrever: vvuvvuuuvuvu )()( . Utilizando as propriedades do produto escalar na expressão anterior, temos: 222 ||2|| vvu|u|vu . (1.17) Igualando as equações (1.16) e (1.17) temos: 22222 ||2|cos||||2||| vvuu|vuv|u||vu , o que nos leva a concluir, por comparação, que: cos||| vu|vu , (1.18) que é outra expressão que nos permite o cálculo do produto escalar. Juntando as equações (1.14) e (1.18) podemos escrever: cos||212121 v|u|zzyyxxvu . (1.19) Podemos aproveitar a equação (1.18) para determinar o ângulo entre dois vetores: |||| cos vu vu , (1.20) se 0 u e 0 v . Observe que: 4 Observe que precisamos utilizar o módulo porque estamos trabalhando com o lado do triângulo. Álgebra Vetorial 1.26 200cos0 vu , ou seja, se o produto escalar é positivo, o ângulo entre os vetores é agudo; 20cos0vu , ou seja, se o produto escalar é negativo, o ângulo entre os vetores é obtuso; 20cos0 vu , ou seja, se o produto escalar é nulo, o ângulo entre os vetores é reto os vetores são ortogonais (ou perpendiculares). Por exemplo, sendo: kjiu 232 e kjiv 42 , esses vetores são ortogonais, pois: 04).2(2.3)1.(2 vu . Exercício proposto 1.19. Determine o ângulo entre os vetores )4,1,1(u e )2,2,1(v . Exercício proposto 1.20. Sabendo que o vetor )1,1,2( v forma um ângulo de 60º com o vetor AB determinado pelos pontos )2,1,3( A e ),0,4( mB , calcule m. Geometricamente, o produto escalar representa a projeção de um dado vetor na direção de outro vetor. Para entender esse conceito, vamos observar a Fig.1.40. Fig.1.40-Interpretação geométrica do produto escalar. Na Fig.1.40, A’B’ é a medida algébrica da projeção do vetor v sobre a direção do vetor u . Em símbolos: A’B’ vproju . Do triângulo retângulo A’B’B, temos que: A’B’ cos|v| . Como: |||| cos vu vu , temos: A’B’ |||| vu vu |v| . Simplificando, vem: || u vu vproju ou vproju|vu u | . Outra definição importante para o estudo de vetores é a de ângulos diretores de um vetor. Os ângulos diretores de um vetor v são os ângulos α, β e γ que o vetor v forma com os versores da base canônica i , j e k , conforme mostra a Fig.1.41. Os co-senos diretores do vetor v são os co-senos de seus ângulos diretores, isto é, cos , cos e cos . Fig.1.41-Ângulos diretores de um vetor. Assim, temos: Álgebra Vetorial 1.27 ||1|| )0,0,1(),,( |||| cos v x v zyx iv iv , (1.21) ||1|| )0,1,0(),,( |||| cos v y v zyx jv jv , (1.22) ||1|| )1,0,0(),,( |||| cos v z v zyx kv kv . (1.23) Os co-senos diretores são as componentes do versor do vetor v , isto é )cos,cos,(cos |||||||| ˆ k v z j v y i v x v v v . (1.24) Em conseqüência, temos 1coscoscos 222 . (1.25) O estudo dessa seção foi realizado para vetores em R3, mas todas as considerações feitas aqui são válidas para vetores em R2, isto é, no plano. Exercício proposto 1.21. Dados )3,7,4(u , )1,2,2(v e )2,5,0( w , calcule: a) vu b) wv c) wvu )( d) )2( wvu e) vproju Exercício proposto 1.22. Dados )3,0,4(u e )1,1,0( v , determine: a) || vu b) |3| uv Exercício proposto 1.23. Determine o versor de )10,10,5( u . 1.14.2. PRODUTO VETORIAL Dado dois vetores kzjyixu 111 e kzjyixv 222 , tomados nessa ordem, chamamos de produto vetorial (ou produto externo) ao resultado: kyxyxjzxzxizyzyvu )()()( 122121121221 , (1.26) onde se lê u vetorial v ou vetor u vetorial vetor v. Cada componente deste vetor pode ser expresso na forma de um determinante de segunda ordem: k yx yx j zx zx i zy zy vu 22 11 22 11 22 11 . (1.27) Uma maneira fácil de memorizar esta fórmula é utilizar a notação: 222 111 zyx zyx kji vu . (1.28) É importante lembrar que )0,0,1(i , )0,1,0(j e )1,0,0(k . E mais, é importante notar que para formar o determinante para o cálculo de vu , indicamos: na 1ª linha os vetores i , j , k ; na 2ª linha as componentes do primeiro vetor (u ); Álgebra Vetorial 1.28 na 3ª linha as componentes do segundo vetor ( v ). Para o cálculo de uv devemos anotar as componentes de v na segunda linha e as de u na terceira linha. Isto acarreta mudança de sinal do determinante. Note que o resultado desse produto é um vetor daí o nome do produto. Note, ainda, que é de fundamental importância a representação simbólica do produto escalar por um “x”. Por exemplo, sendo: kjiu 32 e kjiv 23 , temos: kji kji vu 117 213 132 . Exercício proposto 1.24. Dados os vetores )3,4,5(u e )1,0,1(v e os pontos )2,1,4( A e )1,2,3( B , determine )()( ABvvu . O produto vetorial apresenta as seguintes propriedades: P1. A ordem dos vetores do produto vetorial inverte o resultado da operação: uvvu . P2. Distributiva: wuvuwvu )( . P3. Multiplicação por um escalar: )()()( vuvuvu . P4. Se 0 u ou 0 v , então: 0 vu . P5. Se vu // , então: 0 vu . Como já dissemos, o produto vetorial dá origem a um vetor e, como sabemos, todo vetor tem módulo, direção e sentido. Vamos explorar as características do vetor resultante de um produto vetorial. 1. Módulo Tirando o módulo do vetor expresso pela equação (1.26), e elevando ao quadrado, temos: 21221 2 2112 2 1221 2 )()()(|| yxyxzxzxzyzyvu . (1.29) Por outro lado, ))((|||| 22 2 2 2 2 2 1 2 1 2 1 22 zyxzyxvu , (1.30) e, 2212121 2 )()( zzyyxxvu . (1.31) Efetuando as operações indicadas, é possível verificar que: 2222 )(||||| vuvu|vu 5. (1.32) Como: cos||| vu|vu , podemos reescrever s equação (1.32) como: 5 Essa expressão é conhecida como identidade deLagrange. Álgebra Vetorial 1.29 )cos1(|cos|||||| 222222222 v||u|vuv||u||vu . (1.33) Sabemos, das relações trigonométricas, que 22 cos1sen . Assim, 2222 sen|||| vu||vu . Logo, sen||| v|u||vu . (1.34) 2. Direção O vetor vu é, por definição, perpendicular aos vetores u e v e, logicamente, perpendicular ao plano formado por u e v . A Fig.1.42 ilustra a direção do vetor vu . Fig.1.42-Direção do vetor resultante do produto vetorial. 3. Sentido O sentido do vetor resultante do produto vetorial pode ser obtido pela regra da mão direita que está ilustrada na Fig.1.43. A regra da mão direita determina o seguinte: Desenhe os dois vetores com origem comum e imagine um eixo perpendicular ao plano que contém os dois vetores e que passe pela origem dos vetores. Agora, dobre os dedos da mão direita em torno desse eixo, “empurrando” com a ponta dos dedos o primeiro vetor, que aparece na operação, sobre o segundo vetor pelo menor ângulo possível entre eles e mantendo o polegar estendido: o polegar apontará no sentido do produto vetorial. Fig.1.43-Sentido do vetor resultante do produto vetorial. Geometricamente, o módulo do produto vetorial dos vetores u e v equivale à área do paralelogramo ABCD determinado pelos vetores ABu e CDv , conforme mostra a Fig.1.44. Álgebra Vetorial 1.30 Fig.1.44-Interpretação geométrica do produto vetorial. De fato, a área do paralelogramo ABCD é dada por: hu || . Como: sen|v|h , temos que: senABCD Área |v||u||vu| . Em resumo, o módulo do produto vetorial fornece a área do paralelogramo formado pelos dois vetores. Exercício proposto 1.25. Dados )2,1,1(u , )1,1,3( v e )1,2,0(w , calcule: a) vu b) )( uwv c) )()( wvvu Exercício proposto 1.26. Dados )1,2,0(u , )4,3,1(v e )2,4,1(w , determine: a) )( wvu b) )()( wvvu Exercício proposto 1.27. Calcule a área dos triângulos de vértices: a) )3,2,1( A , )1,3,4( B e )3,7,5( C ; b) )1,0,1(A , )1,2,4(B e )0,2,1(C . Importante: cos|v||u|vu VERDADEIRO é um escalar!!! sen|v||u|vu FALSO é um vetor e não um escalar!!! 1.14.3. PRODUTO MISTO Dado três vetores kzjyixu 111 , kzjyixv 222 e kzjyixw 333 , notamos que: wv é um novo vetor em R3; )( wvu é um escalar (número real), pois é o resultado de um produto escalar. O escalar (número real) definido pelo resultado da operação )( wvu é denominado de produto misto dos vetores u , v e w (nesta ordem) e pode ser representado por ],,[ wvu ou por ),,( wvu . O produto misto pode ser calculado da seguinte forma: k yx yx j zx zx i zy zy wv 33 22 33 22 33 22 , (1.35) e levando em consideração a definição de produto escalar de dois vetores, o valor de )( wvu é dado por: 33 22 1 33 22 1 33 22 1)( yx yx z zx zx y zy zy xwvu . (1.36) Álgebra Vetorial 1.31 Uma maneira fácil de memorizar esta fórmula é utilizar a notação: 333 222 111 )( zyx zyx zyx wvuwvu . (1.37) É importante notar que para formar o determinante para o cálculo de )( wvu , indicamos: na 1ª linha as componentes do primeiro vetor (u ); na 2ª linha as componentes do segundo vetor ( v ); na 3ª linha as componentes do terceiro vetor ( w ). Note que o resultado desse produto é um escalar obtido a partir da “mistura” de dois produtos: o vetorial e o escalar, daí o nome do produto ser produto misto. Por exemplo, sendo: kjiu 532 , kjiv 33 e kjiw 234 , temos: 27 234 331 532 wvu . Exercício proposto 1.28. Dados os vetores )4,2,0(u , kijv 32 e )1,0,2(w , determine )( wvu . O produto misto apresenta as seguintes propriedades (que em sua maioria estão intimamente relacionadas com propriedades dos determinantes): P1. O produto misto muda de sinal ao trocarmos a posição de dois vetores. Essa propriedade é uma conseqüência direta das propriedades dos determinantes: )()()( wuvvwuwvu . P2. O produto misto é nulo, 0)( wvu , se: Pelo menos um dos vetores for nulo; Dois vetores são paralelos ou colineares, pois todo determinante é zero quando tem duas filas de elementos proporcionais ou iguais; Os três vetores forem coplanares6, pois o vetor wv por ser ortogonal a v e w , é ortogonal ao vetor u . P3. A permuta circular ou cíclica dos fatores não altera o produto misto. Essa propriedade também é uma conseqüência direta das propriedades dos determinantes: )()()( vuwuwvwvu . P4. Os sinais e podem ser permutados (trocados) e o produto misto não se altera, ou seja: )()( wvuwvu . P5. Multiplicação por um escalar: )()()( wvuwvuwvu . Importante: O produto vetorial e o produto misto não são definidos no R²!!! Quanto à ordem das operações, no produto misto, realiza-se primeiro o produto vetorial e depois o escalar!!! 6 Vetores coplanares são aqueles que estão num mesmo plano. Álgebra Vetorial 1.32 Geometricamente, o módulo do produto misto dos vetores u , v e w é igual ao volume do paralelepípedo de arestas determinadas pelos vetores ADu , ABv e ACw , conforme mostra a Fig.1.45. Fig.1.45-Interpretação geométrica do produto misto. Sabe-se que o volume de um paralelepípedo é dado pelo produto entre a área da sua base ( bA ) e a sua altura (h), ou seja: hAV b . . A área da base pode ser obtida pelo módulo do produto vetorial entre os vetores v e w : |wv|Ab Admitindo que o ângulo entre o vetor u e o vetor wv é ϕ, a altura do paralelepípedo é dada por: cos|u|h . Logo: cos|||cos||| wvu|uwv|V , o que nos leva a: |wvu|V . (1.38) Em resumo, o módulo do número resultante do produto vetorial fornece o volume do paralelepípedo formado pelos três vetores. Exercício proposto 1.29. Dados )1,3,2( u , )2,1,5( v e kijw 23 , determine o volume do paralelepípedo determinado por esses três vetores. Exercício proposto 1.30. Calcule o volume do tetraedro cujos vértices são: )1,2,1(A , )3,4,7(B , )2,6,4(C e )3,3,3(D . 1.14.4. DUPLO PRODUTO VETORIAL Dados três vetores kzjyixu 111 , kzjyixv 222 e kzjyixw 333 , denomina-se de duplo produto vetorial dos vetores u , v e w (lê-se u vetorial v vetorial w ) ao vetor )( wvu . Sabemos que o produto vetorial de dois vetores quaisquer, u e v , é um vetor ortogonal a u e a v . Logo o produto vetorial desse vetor, vu , com outro vetor qualquer w resulta num vetor que está contido no plano determinado pelos vetores iniciais u e v , conforme mostra a Fig.1.46. Álgebra Vetorial 1.33 Fig.1.46-Posição relativa dos vetores no duplo produto vetorial. Três vetores coplanares são vetores linearmente dependentes, ou seja, podemos escrever qualquer um deles como combinação linear dos outros dois. Pela Fig.1.46 fica claro que os vetores )( wvu , u e v são coplanares. Assim, podemos expressar o duplo produto vetorial como combinação linear dos vetores v e w , ou seja: wvwvu )( . Após algumas manipulações algébricas podemos determinar os valores dos parâmetros e em função dos vetores u , v e w , resultando em: wvuvwuwvu )()()( . (1.39) Como o duplo produto vetorial não é comutativo, wvuwvu )()( , pois o primeiro é perpendicular ao plano formado poru e wv e o segundo é perpendicular ao plano formado por vu e w , podemos escrever, também, uvwvu )( . Com algumas manipulações algébricas conseguimos determinar os valores dos parâmetros e em função dos vetores u , v e w . O resultado é: uwvvwuwvu )()()( . (1.40) As expressões (1.39) e (1.40) são derivadas, de forma simples, através da chamada regra do termo central que afirma o seguinte: o duplo produto vetorial é igual ao vetor central, cujo coeficiente é o produto escalar dos vetores restantes menos o outro vetor entre parênteses, cujo coeficiente é o produto escalar dos vetores restantes. O duplo produto vetorial pode ser expresso, ainda, sob a forma de determinante: wuvu wv wvu )( , (1.41) ou, wuwv uv wvu )( , (1.42) Álgebra Vetorial 1.34 Exercício proposto 1.31. Dados os vetores )6,2,3( u , jiv 2 e )4,3,1(w , determine )( wvu . 1.15. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 1.1. a)(V), b)(F), c)(V), d)(F), e)(V), f)(V), g)(V), h)(V), i)(V), j)(V), k)(V), l)(F), m)(F), n)(F), o)(V). 1.2. a) AE , b) AC , c) AC , d) AB , e) AO , f) AD , g) AH , h) AD , i) AO , j) AC . 1.3. a)30º, b)150º, c)150º. 1.4. a) 7 (m), b) 18,11 (m). 1.5. a) )1,5( , b) )4,8( , c) )10,3( , d) )14,9( , e) )5,6( , f) )27,15( , g) )8,5( . 1.6. a) )2,3( , b) )2,3( , c) )3,4( , d) )8,5( , e) )2,6( , f) )3,1( , g) )0,0( . 1.7. a) )3,4( , b) )2,4( , c) )3,5( , d) )2,3( , e) )3,4( , f) )3,4( . 1.8. a)sim, são iguais; b)sim, são opostos. 1.9. )3,3( . 1.10. )10,8(B . 1.11. 2 9 a ; 9 1 b . 1.12. a)60º, b)120º, c)60º, d)60º. 1.13. )3,7(M . 1.14. )7,6(1P , )10,10(2P . 1.15. a) )2,3(G , b) )0,0(G . 1.16. a) )1,1,4( , b) )4,0,7( , c) )0,1,10( , d) )2,7,6( , e) )1,10,0( , f) )8,10,21( , g) )1,7,2( . 1.17. a) )0,1,3( , b) )0,1,3( , c) )1,4,2( , d) )8,5,1( , e) )9,2,4( , f) )5,4,4( , g) )0,0,0( . 1.18. 3 7 . 1.19. 45º. 1.20. 4m . 1.21. a)25, b) 8 , c) 37 , d)83, e) 74 25 . 1.22. a) 21 , b) 61 . 1.23. 3 2 , 3 2 , 3 1 . 1.24. )12,8,14( . 1.25. a) )2,7,3( , b) )4,4,0( , c) )10,11,3( . 1.26. a) 5 , b) 5 . 1.27. a) 6 , b) 2 7 . 1.28. 16. 1.29. 66. 1.30. 7. 1.31. )32,3,62( . 1.16. EXERCÍCIOS DE REVISÃO R.1. Dados os vetores )4,2( u , )1,5(v e )6,12(w , determine 1a e 2a tal que: vauaw 21 . Resp.: 11 a e 22 a . R.2. Dados os vetores )4,2,1(u , )0,1,2(v e )0,0,1(w , calcule os números a, b e c tal que: )8,6,4( wcvbua . Resp.: 2a , 2b e 2c . R.3. Dados os vetores )12,,1( aau , )1,1,( aav e )1,1,( aw , determine a de modo que: wvuvu )( . Resp.: 2a . Álgebra Vetorial 1.35 R.4. Dados os pontos )0,4,2(A e )2,3,1(B , obter o ponto C tal que ABAC 3 . Resp.: )6,1,7(C . R.5. Dados os pontos )3,2,1(A , )3,2,6( B e )1,2,1(C , determine o versor do vetor: BCBA 23 . Resp.: 9 4 , 9 4 , 9 7 . R.6. Obter o ponto simétrico (que está do outro lado, tipo espelho) do ponto )0,1,2(P em relação ao ponto )2,1,0(M . Resp.: )4,1,2( . R.7. Sabendo que: vvkji )4,10,6(273 , determine o vetor v . Resp.: )1,1,1(v . R.8. Calcule o perímetro do triângulo ABC de vértices )0,1,1(A , )1,1,0(B e )1,1,1(C . Resp.: 22 . R.9. Obtenha um ponto P no eixo das abscissas e eqüidistante dos pontos )1,0,1(A e )0,2,1(B . Resp.: 0,0, 4 3 . R.10. Determine a e b de modo que os vetores )8,2,4( u e ),,10( bav sejam paralelos. Resp.: 5a e 20b . R.11. Sabe-se que os vetores )0,1,( k e )2,1,2( formam, entre si, um ângulo de 45º. Qual(ais) é(são) o(s) valor(es) de k? Resp.: 1k ou 7k . R.12. Dado o triângulo de vértices )2,0(A , )5,3(B e )5,0(C , calcule a medida do ângulo interno A. Resp.: 30º. R.13. Qual(ais) o(s) valor(es) de α para que os vetores kjiu 45 e kjiv 42)1( sejam ortogonais. Resp.: 3 e 2 . R.14. Calcule || vu e || vu , sabendo que 4|| u , 3|| v e o ângulo entre u e v é de 60º. Resp.: 37 e 13 . R.15. Qual é o valor da projeção do vetor )5,1,0(u sobre o vetor )1,5,3( v ? Resp.: 0, pois os vetores são ortogonais entre si. R.16. Efetue as seguintes operações: a) )()( jikj ; b) )())(( jjjkki . Resp.: a) j b) 0 R.17. Determine o vetor ),,( zyxw , tal que: 3)2,0,1( w , e, )2,3,2()1,0,1( w . Resp.: )0,2,3(w . R.18. Qual deve ser o valor de m para que os vetores )1,2,( mu , )3,1,1( v e )4,2,0( w sejam coplanares? Resp.: 3m . R.19. Dados os vetores )0,5,(xu , )1,2,3( v e )1,1,1( w , calcule o(s) valor(es) de x para que o volume do paralelepípedo determinado por esses três vetores seja 24 unidades de volume. Resp.: 4x ou 4x . R.20. Representar graficamente os seguintes vetores: a) ija 32 ; b) kib 3 ; c) kjc 2 . Resp.: a) ka 6 b) jb 3 c) ic 2
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