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GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE PLANO ESTADUAL DE SAÚDE 2016-2019 GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO PLANO ESTADUAL DE SAÚDE 2016-2019 Aprovado pelo Conselho Estadual de Saúde Resolução nº , de XXX de 2016 Governador do Estado Ricardo Vieira Coutinho Secretária de Estado da Saúde Roberta Batista Abath Secretária Executiva de Estado da Saúde Maura Vanessa Sobreira GERENTES Planejamento e Gestão Edna Guedes da Costa Finanças Maria da Penha Santos França Administração Argemira Lins de Medeiros Atenção à Saúde Patrícia Melo Assunção Tecnologia da Informação André Vieira da Costa Regulação, Controle e Avaliação da Assistência Mércia Maria Santos Coutinho Vigilância em Saúde Renata Valéria Nóbrega GERÊNCIAS REGIONAIS 1ª Gerência Regional de Saúde João Pessoa 2ª Gerência Regional de Saúde Guarabira 3ª Gerência Regional de Saúde Campina Grande 4ª Gerência Regional de Saúde Cuité 5ª Gerência Regional de Saúde Monteiro 6ª Gerência Regional de Saúde Patos 7ª Gerência Regional de Saúde Itaporanga 8ª Gerência Regional de Saúde Catolé do Rocha 9ª Gerência Regional de Saúde Cajazeiras 10ª Gerência Regional de Saúde Sousa 11ª Gerência Regional de Saúde Princesa Isabel 12ª Gerência Regional de Saúde Itabaiana EQUIPE DE ELABORAÇÃO Bernadete Moreira de Moura Bruno Vinicius de Bezerra Cesar Augusto de Oliveira Farias Edna Guedes da Costa Ellen Albuquerque Rangel de Moris Eliane De Sousa Gadelha Almeida Fernando Rocha Lucena Lopes Glaciane Mendes Roland Hélio Soares Silva Irlanilson Fabricio de Almeida Ivoneide Lucena Pereira Jonathan Elias T. Lucena Luciana Suassuna Dutra Rosas Maria Analuce Dantas de Figueiredo Maria das Graças Moura L. de Almeida Maria de Fátima Moraes Carvalho Maria do Desterro F. Diniz Catão Maria Izabel Ferreira Sarmento Mércia Maria Santos Coutinho Myriam Carneiro Morgana Kétsia Agra de Brito Patrícia Melo Assunção Rafaela Araújo Lins Pereira Rafaella Keyla de Medeiros Marinho Rejane L. Vieira Renata V. Nóbrega Rosiani P. Videres Selda Gomes de Sousa Shirlene Queiroz de Lima Vivian Correia Arruda LISTA DE SIGLAS ABS Atenção Básica em Saúde ACCR Acolhimento e Classificação de Risco ACS Agentes Comunitários de Saúde AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida AVC Acidente Vascular Cerebral CAPS Centros de Atenção Psicossocial CEDC Centro Especializado de Diagnóstico do Câncer CEDMEX Centro Especializado de Dispensação de Medicamentos Excepcional CEO Centro de Especialidades Odontológicas CERAC Central Estadual de Regulação Da Alta Complexidade CEREST Centros De Referência de Saúde do Trabalhador CGBP Casas da Gestante, Bebê e Puérpera CHMGTB Complexo Hospitalar de Mangabeira Governador Tarcisio Burity CIB Comissão Intergestores Bipartite CID Classificação Internacional de Doenças CIHDOTTS Comissões Intra-Hospitalares de Transplante para Doação de Órgãos e/ou Tecidos CIR Comissão Intergestores Regionais CNCDO Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos da Paraíba CNRAC Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade COAP Contrato Organizativo de Ação Pública em Saúde COSEMS Conselho de Secretarias Municipais de Saúde CRIE Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais CRMU Centrais de Regulação Médica de Urgência DAB Departamento de Atenção Básica DAC Doenças do Aparelho Circulatório DAR Doenças do Aparelho Respiratório DAD Doenças do Aparelho Digestivo; DAGU Doenças do Aparelho Geniturinário DCNT Doenças Crônicas Não transmissíveis DDA Doença Diarreica Aguda DIP Doenças Infecciosas e Parasitárias DORT Distúrbio Osteomuscular Relacionadas ao Trabalho DSNer Doenças do Sistema Nervoso; DSeTI Doenças do sangue EMAD Equipe multiprofissionais de Atenção Domiciliar ESF Estratégia de Saúde da Família ESPIN Emergência em Saúde Pública de importância Nacional FAP Fundação Assistencial da Paraíba FUNAD Fundação Centro Integrado de Apoio à Pessoa com Deficiência GEMOL Gerência Executiva Médica-Odontológica Legal GRS Gerência Regional de Saúde HEMOBRAS Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia HER Hospital Edson Ramalho HETSHL Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena HIV Vírus da Imunodeficiência Humana HMV Hospital Municipal Valentina HMSI Hospital Municipal Santa Isabel HRG Hospital Regional de Guarabira HRI Hospital Regional de Itabaiana HULW Hospital Universitário Lauro Wanderley IAM Infarto Agudo do Miocárido IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDH Índice de Desenvolvimento Humano IEC Instituto Evandro Chagas ISAS Instituto de Assistência à Saúde ISEA Instituto de Saúde Elpídio de Almeida LACEN Laboratório Central de Saúde Pública LER Lesão por Esforço Repetitivo LIRAa Levantamento de Índice Rápido Amostral LRPD Laboratórios Regional de Prótese Dentária LV Leishmaniose Visceral LTA Leishmaniose Tegumentar Americana MS Ministério da Saúde NAQH Núcleo de Acesso e Qualidade Hospitalar NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família NV Nascidos Vivos OIT Organização Internacional do Trabalho OMS Organização Mundial de Saúde OPM Órteses, Prótese e Meios Auxiliares de Locomoção PAR Planos de Ação Regional PAIR Perda Auditiva Induzida por Ruído PCDT Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas PES Plano Estadual de Saúde PGASS Programação Geral das Ações e Serviços de Saúde PNHOSP Política Nacional de Atenção Hospitalar PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAF Política Nacional de Assistência Farmacêutica PNAN Política Nacional de Alimentação e Nutrição PNSTT Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora PNI Programa Nacional de Imunização PPI Programação Pactuada e Integrada PQAVS Programa de Qualificação das Ações de Vigilância em Saúde RAS Redes de Atenção à Saúde RAPS Rede de Atenção Psicossocial REDOME Registro Nacional de doadores de medula óssea REENTRANS Rede Nacional de Transplante RENAME Relação Nacional de Medicamentos Essenciais RENASES Relação Nacional de Ações e Serviços em Saúde RUE Rede de Atenção às Urgências e Emergências SAD Serviços de Atenção Domiciliar SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgência SAN Segurança Alimentar e Nutricional SES Secretaria de Estado da Saúde SIA Sistema de Informações Ambulatoriais SIH Sistema de Informações Hospitalares SIGTAP Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos SIM Sistema de Informação de Mortalidade SINAN Sistema de Informação de Agravos de Notificação SNVS Sistema Nacional de Vigilância Sanitária SISCNRAC Sistema de Informação em Saúde da Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade SISLAB Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública SISVAN Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional SVO Serviço de Verificação de Óbitos SUS Sistema Único de Saúde TARV Terapia Antirretroviral Combinada TFD Tratamento Fora do Domicílio UBS Unidades Básicas de Saúde UFPB Universidade Federal da Paraíba UPA Unidade de Pronto Atendimento VAN Vigilância Alimentar e Nutricional Sumário APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................... 13 I CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO ....................................................................................... 15 II REGIONALIZAÇÃO ..............................................................................................................16 III ANÁLISE SITUACIONAL ................................................................................................... 20 1 PERFIL DEMOGRÁFICO ............................................................................................... 20 2 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO ............................................................................................. 22 2.1 INDICADORES DE NASCIMENTO .......................................................................... 22 2.2 IMUNIZAÇÃO ............................................................................................................. 25 2.3 INDICADORES DE MORBIDADE ............................................................................ 28 2.3.1 DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS ............................................................................... 29 2.3.2 DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS DE INTERFACE COM A VIGILÂNCIA AMBIENTAL ..................................................................................................................... 39 2.3.3 DOENÇAS E AGRAVOS NÃO TRANSMISSÍVEIS - DCNT ................................ 48 2.3.4 DOENÇAS E AGRAVOS RELACIONADOS AO TRABALHO ............................ 51 2.4 MORTALIDADE ............................................................................................................. 53 2.4.1 MORTALIDADE GERAL ........................................................................................ 53 2.4.2 MORTALIDADE MATERNA .................................................................................. 54 2.4.3 MORTALIDADE INFANTIL ................................................................................... 54 2.4.4 MORTALIDADE POR DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS ........................................ 56 2.4.5 MORTALIDADE POR DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS - DCNT ............................................................................................................................................. 56 2.4.6 ACIDENTES E VIOLÊNCIA - CAUSAS EXTERNAS (CAP. XX, CID 10) .......... 57 HOMICÍDIOS ................................................................................................................... 57 ACIDENTE DE TRANSPORTE ..................................................................................... 58 2.5 CONDIÇÕES DE VIDA, TRABALHO E AMBIENTE .................................................. 58 3 PERFIL ASSISTENCIAL........................................................................................................ 60 3.1 Assistência hospitalar ........................................................................................................ 60 3.2 Assistência ambulatorial ................................................................................................... 63 IV ESTRUTURA DO SISTEMA DE SAÚDE .......................................................................... 65 4.1 Atenção Básica .................................................................................................................. 65 4.2 Segurança alimentar e nutricional ..................................................................................... 68 4.3 Saúde Bucal ....................................................................................................................... 71 4.4 Serviços especializados ..................................................................................................... 72 4.4.1 Hemorrede .................................................................................................................. 73 4.4.2 Assistência Farmacêutica ........................................................................................... 77 4.4.3 Tratamento Fora do Domicílio ................................................................................... 79 4.4.5 Central De Transplante Da Paraíba (CNCDO/PB: Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos da Paraíba) ..................................................................................... 86 4.5 Centros De Referência de Saúde do Trabalhador – CEREST ........................................... 88 4.6 Laboratório Central de Saúde Pública Da Paraíba – LACEN/PB ..................................... 89 4.7 Serviço de Verificação de Óbitos – SVO/PB .................................................................... 93 4.8 AGEVISA ......................................................................................................................... 94 V REDES DE ATENÇÃO A SAÚDE ........................................................................................ 96 5.1 REDE DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ...................................................................... 96 5.2 REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE MATERNO INFANTIL .......................................... 109 5.3 REDE DE CARDIOLOGIA PEDIÁTRICA ................................................................... 111 5.4 REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ....................................................................... 112 5.5 REDE DE ATENÇÃO AS DOENÇAS CRÔNICAS ..................................................... 116 5.6 REDE DE CUIDADOS À PESSOA COM DEFICIÊNCIA ........................................... 121 VI FINANCIAMENTO DA SAÚDE ....................................................................................... 124 VII AUDITORIA ...................................................................................................................... 128 VIII GESTÃO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO EM SAUDE .............................................. 130 IX OUVIDORIA ....................................................................................................................... 134 X DIRETRIZES, OBJETIVOS E METAS ............................................................................... 136 DIRETRIZ 1 .......................................................................................................................... 136 DIRETRIZ 2 .......................................................................................................................... 139 DIRETRIZ 3 .......................................................................................................................... 140 DIRETRIZ 4 .......................................................................................................................... 141 DIRETRIZ 5. ......................................................................................................................... 143 XI MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO .............................................................................. 145 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 148 APÊNDICE I ............................................................................................................................. 151 13 APRESENTAÇÃO O Plano Estadual de Saúde (PES) é um documento que expressa o compromisso do Governo da Paraíba com a saúde e com a construção da cidadania do povo paraibano para o quadriênio 2016-2019. Este instrumento sistematiza o conjunto de proposições do Governo Estadual na área da saúde, apresentando as intenções e os resultados a serem alcançados no período de quatro anos, os quais são expressos em diretrizes, objetivos e metas. O PES revela-se como um instrumento imprescindível para a gestão, tornando-se cada vez mais uma necessidade à medida que o SUS avança rumo a essa consolidação, sobretudo no que concerne à direção única em cada esfera de governo e na construção da rede regionalizada e hierarquizada de ações e serviços. A elaboração deste Plano partiu de uma análise sobre a situação de saúde do estado da Paraíba e da respectiva gestão do SUS, assim como da viabilidade e exequibilidade técnica, financeira e políticas, com identificaçãoe priorização dos principais problemas, a fim de subsidiar o planejamento, a operacionalização, o monitoramento e a avaliação das ações e serviços de saúde, considerando as particularidades de cada uma das 16 Regiões de Saúde do Estado. As prioridades definidas são o resultado de um trabalho desenvolvido de forma transparente, democrática e participativa, envolvendo os gestores e técnicos da Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES/PB), das Gerências Regionais de Saúde e o controle social. Este documento traz, inicialmente, a caracterização do Estado da Paraíba, com a síntese das informações demográficas e econômicas. Em seguida, é descrito o processo de regionalização da saúde, com ênfase nos esforços do governo do Estado em fortalecer as Regiões de Saúde e implantar a PGASS como dispositivos estratégicos para o fortalecimento do SUS no território. Em continuidade, é apresentada a Análise Situacional, com a síntese dos principais agravos e problemas de saúde da Paraíba e de suas regiões, bem como da estrutura dos serviços de saúde e das Redes de Atenção. Por conseguinte, são apresentadas informações sobre despesas e investimentos com saúde, o que é fundamental para viabilizar o aperfeiçoamento da gestão favorecendo uma 14 adequada organização dos gastos e consequente otimização da oferta de serviços e ações de saúde à população, bem como informações referentes a gestão do trabalho e educação em saúde. Por fim são apresentadas as diretrizes, objetivos e metas para o quadriênio 2016-2019. Nesse sentido, se expressa a responsabilidade e compromisso da gestão com o cumprimento das metas estabelecidas no Plano Estadual de Saúde 2016-2019 com a certeza de que o mesmo contribuirá de maneira significativa para a construção coletiva de políticas públicas que melhorem as condições de vida e de saúde em todos os municípios do nosso Estado. 15 I CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO O Estado da Paraíba está situado a leste da Região Nordeste e tem como limites, ao norte o estado do Rio Grande do Norte, a leste o Oceano Atlântico, ao sul Pernambuco e a oeste o Ceará. Apresenta relevo modesto, porém, não muito baixo com 66% do seu território entre 300 e 900 m de altitude. Os rios do estado na maioria são temporários, secam nos períodos de estiagem ou diminuem bastante o volume, principalmente no sertão, o que influi na agricultura da região. Segundo a estimativa de 2014, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado da Paraíba possui uma população de 3.943.885 habitantes distribuída em uma área de 56.469 km², totalizando uma densidade demográfica de 69,84 habitantes /km². Apresenta uma maior concentração populacional na área urbana (75%) em relação à área Rural (25%). Em relação ao sexo, 48,4% (1.824.379) da população paraibana é composta de homens e 51,6% (1.942.149) de mulheres. Os dados do Censo/IBGE possibilitam identificar a distribuição da população considerando cor, etnia e grupos sociais no Estado. Com relação à cor/raça a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio (PNAD, 2007) demonstra que na Paraíba 58,9% dos seus habitantes são pardos; 37,5% brancos; 3,4% pretos e 0,2% amarelos ou indígenas. Quanto à população indígena, a Paraíba possui dois povos, o potiguar e o tabajara. O povo potiguar representa uma população de 12.794 indígenas, localizados em três municípios da região litorânea: Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto, distribuídos em 32 aldeias. O povo Tabajara da Paraíba possui uma população de 539 indígenas, que estão presentes nos municípios de João Pessoa, Bayeux, Caaporã, Conde, Alhandra e Pitimbu. Suas terras ainda não foram identificadas e delimitadas, entretanto, entre 2009 e 2010 foi realizado um Estudo de Fundamentação Antropológica, que reuniu elementos de natureza histórica, sociológica, fundiária, etnográfica e ambiental sobre a área reivindicada, para caracterização étnica dos Tabajara do Litoral Sul da Paraíba. Na Paraíba já foram identificadas 37 comunidades quilombolas distribuídas em todo o território, em sua maioria trata-se de quilombos rurais, contando apenas com três quilombos urbanos: “Paratibe”, em João Pessoa; “Os Daniel”, em Pombal; e “Talhado Urbano”, em Santa Luzia. No total, são 2.693 famílias com aproximadamente 12.000 pessoas. A maioria dos quilombos da Paraíba se encontra em lugares de difícil acesso, 16 devido ao posicionamento geográfico, geralmente no cume de morros e serras ou no fundo de vales. Aproximadamente 1.500 ciganos vivem na Paraíba e mais de 95% deles localizam-se no Sertão do Estado, com maior concentração em Sousa, representando a maior comunidade cigana do Brasil. Agrupados em comunidades, os ciganos de etnia Calon moram na periferia das cidades e não contam com nenhum serviço de infraestrutura, saneamento básico, nem esgotamento sanitário, além do desemprego, provocado pelo preconceito. Estima-se que cerca de 9.610 pessoas no Estado da Paraíba vivem em situação de privação de liberdade, distribuídas em 79 Unidades prisionais, sendo que 9.115(94,8%) são do sexo masculino e 499(5,2%) do sexo feminino. Considerando o regime observa que 7.820(81,34%) estão em regime fechado, 1.185(12,32%) em regime semiaberto e 559(5,8%) em regime aberto. II REGIONALIZAÇÃO A Regionalização da Saúde, prevista desde a Constituição Federal de 1988, configura-se num eixo estruturante do Sistema Único de Saúde e vem sendo aprimorada, desde então, como estratégia para o fortalecimento da articulação entre os gestores no âmbito do processo de discussão/negociação/pactuação interfederativa, base para a efetiva gestão desse sistema, de modo a garantir à população os seus direitos constitucionais. Em continuidade ao processo permanente de aperfeiçoamento do SUS foi publicado em 2011, o Decreto nº 7.508, que regulamenta a Lei 8.080/90 no que diz respeito à organização do SUS, ao planejamento da Saúde, à assistência à saúde e à articulação interfederativa e aponta novos desafios na gestão desse Sistema. O Decreto nº 7.508/2011 deu novas diretrizes à regionalização do SUS incorporando um conceito mais estruturado de redes de atenção à saúde, novos instrumentos de planejamento regional, como o Contrato Organizativo de Ação Pública em Saúde -Coap e o Mapa da Saúde, definindo o rol mínimo de ações, procedimentos e tecnologias oferecidos pelo SUS, dispostos na Relação Nacional de Ações e Serviços em Saúde – Renases e na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – Rename. Além disso, o decreto organiza as relações interfederativas mediante a consagração das 17 Comissões Intergestores Regionais (CIR) como instâncias de pactuação consensual para definição das regras de gestão compartilhada do SUS. O novo modelo de gestão do SUS dispõe sobre a sua organização em regiões de saúde, cujas ações e serviços de saúde de atenção básica, vigilância em saúde, urgência emergência, atenção ambulatorial especializada e hospitalar e a atenção psicossocial, organizados em redes de atenção à saúde de forma a garantir o acesso da população, bem como potencializar os processos de planejamento, negociação e pactuação entre os gestores. O planejamento da saúde em âmbito estadual deve ser realizado de maneira regionalizada, de modo que o Plano Estadual de Saúde expresse, no seu conteúdo, o desenho das regiões de saúde instituídas, bem como as redes de atenção à saúde organizadas no território das regiões e entre estas. A atual configuração da regionalização da saúde na Paraíba, em consonância com a Resolução CIB nº 203/2011, atualizada pela Resolução CIB nº 13/2015, organiza o estado em 16 regiões de saúde distribuídas em 04 Macrorregiões, contemplando os seus 223 municípios. A primeira Macrorregião de Saúde, com sede em João Pessoa, é compostapor 04(quatro) Regiões de Saúde; a segunda com sede em Campina Grande é composta por 05 (cinco) Regiões de Saúde; a terceira com sede em Patos é composta por 03 (três) Regiões de Saúde; e a quarta, com sede em Sousa, é composta por 04 (quatro) Regiões de Saúde (mapa 01). A Paraíba possui ainda 12 unidades técnico-administrativas da Secretaria de Estado da Saúde, denominadas de Gerências Regionais de Saúde, que têm a missão de assumir a responsabilidade sanitária compartilhada no território de abrangência, oferecendo apoio técnico, crítico e reflexivo aos municípios, acompanhando e planejando as ações e serviços de saúde e participando nos diversos espaços de gestão e co-gestão entre os entes federados, fortalecendo o processo de regionalização no estado. 18 Mapa 01- Distribuição espacial segundo as Macrorregiões e Regiões de Saúde na Paraíba Na Tabela abaixo apresentamos uma síntese da organização da regionalização no Estado. Tabela 01 – Síntese Organizacional da Regionalização da Assistência na Paraíba, 2014. Região de Saúde Macrorregião de Saúde Nº de Municípios por Região População 1ª 1 ª 14 1.272.522 2ª 1 ª 25 305.341 3ª 2 ª 12 194.861 4ª 2 ª 12 111.452 5 ª 2 ª 17 119.240 6 ª 3 ª 24 233.768 7 ª 3 ª 18 148.739 8 ª 4 ª 10 116.418 19 9 ª 4 ª 15 174.671 10 ª 4 ª 9 116.093 11 ª 3 ª 7 83.905 12 ª 1 ª 14 174.327 13 ª 4 ª 6 60.132 14 ª 1 ª 11 149.210 15 ª 2 ª 14 149.174 16 ª 2 ª 15 534.032 Fonte: Resolução CIB-E/PB nº. 203/11. IBGE 2014. O Estado da Paraíba apresenta significativas desigualdades regionais, com a maioria de seus municípios possuindo entre 2.000 e 10.000 habitantes, considerados como de pequeno porte, conforme demonstra a Tabela 02. Apenas João Pessoa, Campina Grande, Santa Rita e Patos tem população superior a 100.000 habitantes. Tabela 02 – Demonstrativo da População na Paraíba. Ano 2014. Intervalo da população Quant. de municípios % de municípios Até 2.000 hab. 06 2,7% Entre 2.001 e 10.000 hab. 130 58,3% Entre 10.001 e 50.000 hab. 77 34,5% Entre 50.001 e 100.000 hab. 06 2,7% Acima de 100.000 hab. 04 1,8% Fonte: IBGE, 2014. O grande desafio operacional da regionalização da saúde no estado na atual conjuntura consiste na implantação da Programação Geral das Ações e Serviços de Saúde – PGASS. A SES/PB iniciou no ano de 2015 seu processo de transição da Programação Pactuada e Integrada – PPI para a PGASS, visto que tal instrumento avança no processo de negociação e pactuação intergestores, em que são definidos os quantitativos físicos e financeiros das ações e serviços de saúde a serem desenvolvidos, no âmbito da região de saúde e não mais por ente federado, como preconizado pela PPI. 20 Avança também em relação a seu escopo, que passa a abranger além das ações de assistência à saúde, as ações de vigilância (sanitária, epidemiológica e ambiental) e de assistência farmacêutica. Nesse sentido, foi formado um grupo condutor com representação da SES/PB, das dezesseis regiões de saúde, do COSEMS, das Gerências Regionais de Saúde, dos municípios sedes de Macrorregião de Saúde e do apoio institucional do MS. Esse grupo vem trabalhando no sentido de contribuir com a organização das regiões de saúde e fortalecimento das Redes de Atenção no estado, por meio da execução das etapas (I, II, III e IV) propostas pela PGASS. Assim, em 2015 foram realizadas oficinas em todas as dezesseis regiões de saúde para o desenvolvimento da etapa I, culminando ao final do ano com a construção do Planejamento Regional Integrado. Para o quadriênio 2016- 2019, a gestão estadual assume o compromisso de implantar efetivamente a PGASS em todo o estado da Paraíba. A condução da regionalização no SUS faz parte de uma tarefa complexa exercida pelo estado, porque envolve negociações, consensos, distribuição de recursos financeiros, construção e revisão de mecanismos decisórios para a condução do processo com a participação do coletivo. Diante destes aspectos, é possível inferir que os desafios acerca do processo de regionalização na Paraíba ainda persistem, mas que o Estado vem avançando no sentido de superá-los ao adotar estratégias que fortaleçam o planejamento e seus instrumentos regionais, favorecendo a negociação e coordenação regional e assumindo funções específicas para o avanço da regionalização no Estado. III ANÁLISE SITUACIONAL 1 PERFIL DEMOGRÁFICO Em dez anos, a população paraibana aumentou 9,4%, totalizando 3.766.528 habitantes em 2010 – um acréscimo de 322.703 de pessoas desde 2000. A taxa média geométrica de crescimento anual no período 2000/2010 foi de 0,9%, menor que a média nacional, de 1,17%. Segundo dados estatísticos do IBGE, a população da Paraíba correspondente a 1,97% da população nacional, sendo o estado uma das unidades da federação de menor superfície (0,66% do território nacional, ficando na 21ª posição em ordem decrescente). O censo de 2010 demonstrou ainda que a população 21 urbana da Paraíba monta a 75,4%, em oposição aos 24,6% da zona rural. A densidade demográfica estadual é de 66,73 hab./km². Observa-se que a taxa de fecundidade da Paraíba segue o mesmo comportamento apresentado pela Região Nordeste e pelo Brasil, com taxas abaixo do nível de reposição (TFT = 2,10 filhos), com decréscimo de 20,1%, entre 2000 e 2010. Tabela 03 - Taxa de fecundidade total e diferença relativa. Paraíba, Região Nordeste e Brasil, 2000 e 2010. UF/Região 2000 2010 Diferença Relativa 2000/2010(%) Paraíba 2,53 1,97 -20,1 Nordeste 2,69 2,06 -23,4 Brasil 2,38 1,98 -22,3 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000/2010. Gráfico 01: Taxa de Fecundidade Total. Paraíba, 1991, 2000 e 2010. Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1991,2000 e 2010. As pirâmides de 1991 e 2010 refletem as rápidas transformações que estão ocorrendo na estrutura etária da população paraibana, com redução da população jovem e aumento considerável da população idosa (acima de 60 anos), que representa atualmente 12% da população total enquanto em 1991 essa proporção era de 9%. A população de idosos aumentou 55,8% entre 1991 e 2010, a proporção da população de menores de 15 anos diminuiu 33,2% de 1991 a 2010. Este processo de envelhecimento é resultado da rápida mudança, tanto da taxa de fecundidade quanto da expectativa de vida. 22 Gráfico 02: Distribuição da população por sexo, segundo os grupos de idade. Paraíba, 1991 e 2010 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1991 e 2010. Gráfico 03 : Índice de envelhecimento. Paraíba, 1980-2010 Fonte: IBGE, Censo 1980, 1991, 2000 e 2010. 2 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO 2.1 INDICADORES DE NASCIMENTO Total de nascidos vivos 23 As informações sobre os nascimentos vivos em uma região são essenciais na construção de indicadores de saúde e demográficos, tais como: coeficiente de mortalidade infantil, proporção de baixo peso ao nascer e taxa de fecundidade. Esses indicadores podem ser utilizados em atividades de vigilância epidemiológica e planejamento, bem como na avaliação de políticas, ações e serviços de saúde. No gráfico 04, observa-se que a Paraíba apresentou uma diminuição dos nascimentos, havendo nos anos de 2010 a 2014 uma redução de 2,5% de nascimentos no Estado, com destaque para uma maior redução entre os anos de 2011 e 2012. Gráfico 04 - Total de Nascidos Vivos nos anos de 2010 a 2014. Paraíba, 2014. Nascidos vivos prematuros e nascidos com baixo peso A prematuridade tem sido registrada entre os principais grupos de causas de mortes neonatais no mundo. A análise da série histórica na Paraíba demonstra um aumento de 16,2% nos anos de 2010 a 2012 e uma redução de 4,3% nos anos de 2012 a 2014, conforme gráfico 05. Fonte: Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos - Sinasc24 Gráfico 05 - Total de Nascidos Vivos prematuros nos anos de 2010 a 2014. Paraíba, 2014. O indicador de nascidos vivos com baixo peso revela o número de crianças com peso ao nascer inferior a 2.500 gramas, o que reflete de maneira geral, nos níveis de desenvolvimento socioeconômico e nos de assistência materno-infantil e auxiliam no processo de tomada de decisão no momento do pré-natal e da assistência infantil. Durante os anos de 2010 a 2014, a Paraíba apresentou oscilação, com redução entre os anos de 2010 e 2013 (5,4%) e um leve aumento nos anos de 2013 a 2014 (4,9%). Gráfico 06– Total de Nascidos Vivos com Baixo Peso nos anos de 2010 a 2014. Paraíba, 2014. Fonte: Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos – Sinasc Fonte: Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos - Sinasc 25 Proporção de nascidos vivos de mães com 7 ou mais consultas de pré-natal Constitui-se um importante indicador, uma vez que uma atenção pré-natal de qualidade e humanizada é fundamental para a saúde materna e neonatal. A assistência pré-natal adequada, com a detecção e a intervenção precoce das situações de risco, bem como um sistema ágil de referência hospitalar, além da qualificação da assistência ao parto, são os grandes determinantes dos indicadores de saúde relacionados à mãe e ao bebê que têm o potencial de diminuir as principais causas de mortalidade materna e neonatal. Na Paraíba, considerando a serie histórica de 2010 a 2014, identifica-se uma tendência ascendente de 13,2%, com crescimento ano a ano, dos nascidos vivos cujas mães realizaram, durante a gestação, sete ou mais consultas, refletindo o acesso da assistência pré-natal prestada a essa população. A média de nascidos vivos de mães com 7 ou mais consultas de pré-natal na Paraíba (61,42) segue a mesma tendência da média da região Nordeste (62,78) e encontra-se acima da média quando comparado a do Brasil (45,95). Gráfico 07 – Proporção de Nascidos Vivos de Mães com Sete ou mais Consultas de Pré- Natal nos anos de 2010 a 2014. Paraíba, 2014. Fonte: Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos – Sinasc 2.2 IMUNIZAÇÃO 26 As ações de Vigilância em Saúde, entre as quais as de imunizações, estão definidas em legislação nacional indicando que a gestão das ações deve ser compartilhada pelas três esferas de governo, tendo por base a regionalização, a rede de serviços e as tecnologias disponíveis. Atualmente, o calendário básico dispõe de 16 vacinas contra doenças imunopreveníveis, no Programa de Imunizações; constam também “imunobiológicos especiais”, indicados para pacientes imunodeprimidos ou portadores de algumas doenças crônicas. Estas vacinas estão disponíveis nos Centros de Referência de Imunobiologicos Especiais (CRIE). No Estado, o quadro das doenças imunopreveníveis tem relação com a implantação do Programa de imunização (PNI) em âmbito municipal, onde, apesar dos índices de cobertura apresentados no Estado como um todo encontrarem-se elevados (Tabela 04), não pode deixar de considerar a não homogeneidade destas coberturas, que propiciam a existência de regiões com bolsões de susceptíveis, possibilitando a ocorrência de surtos em populações definidas. Tabela 04: Cobertura Vacinal, Paraíba 2010 a 2014. - Coberturas Vacinais (%) de Rotina para BCG, Hepatite B, Poliomielite, Tetravalente e Tríplice Viral* nos menores de 1 ano de idade. Paraíba, 2010 a 2014. Fonte: Programa Nacional de Imunizações. Dados Atualizados em: 19/08/2015 Fonte: SIAPI/SES-PB *Crianças de 1 ano de idade. Imunobiológico 2010 2011 2012 2013 2014 BCG 110,46 113,41 108,66 112,51 111,91 Rotavírus Humano 77,09 84,38 79,63 89,73 92,41 Meningocócica C 2,33 82,65 86,87 96,81 92,23 Penta ... ... 29,2 97,61 93,18 Pneumocócica 31,16 82,86 83,48 93,34 89,96 Poliomielite 100,95 101,97 92,08 108,24 100,4 Tríplice Viral D1 119,28 102,34 92,72 114,69 120,35 Influenza 81,71 87,21 85,02 86,92 85,38 27 Relacionando os dados da tabela acima aos indicadores do SISPACTO e do PQAVS referente aos anos de 2013 e 2014, reforça a afirmativa de baixa homogeneidade de cobertura no calendário vacinal. Quadro 01: Proporção de vacinas do Calendário Básico de Vacinação da Criança com coberturas vacinais alcançadas. Ano SISPACTO PQAVS 2013* 47,08% 5,38% 2014 43,04% 8,50% *Data da Implantação Fonte: Programa Nacional de Imunizações. Data da consulta dos dados: 19/08/2015 As vacinas são consideradas hoje como um dos principais fatores contribuintes para a redução da morbidade e mortalidade da população mundial, levando a um aumento na expectativa e qualidade de vida, controle de agravos, com grande contribuição para erradicação de várias doenças, sendo então as doenças imunopreveníveis passíveis de imunização. A influenza é uma infecção aguda das vias aéreas com ocorrência durante todo o ano, sendo com maior frequência nos meses do outono e do inverno e que está circulante na Paraíba desde 2009. Pessoas de todas as idades são suscetíveis a infecção pela Influenza e algumas pessoas estão mais propensas a adoecerem e/ou terem complicações graves, especialmente aqueles que têm fatores de risco para agravamento, por esse motivo fazem parte dos grupos prioritários para receberem a vacina da gripe. O gráfico 08 destaca a redução do número de casos para o período de 2010 a 2014 e nenhum registro de óbitos nos anos de 2011, 2013 e 2014, fato que pode se atribuir a implantação da vacina contra a influenza para os grupos de riscos. 28 Gráfico 08: Casos registrados de influenza, Paraíba 2010 a 2014. 0 5 10 15 20 25 30 2010 2011 2012 2013 2014 notificados confirmados óbitos Fonte: SIVEPGRIPE/NDTA SES – PB /Dados atualizados em: 04/08/2015 A meningite pode ser causada por diversos micro-organismos como bactérias, vírus, fungos entre outros. A vacinação protege contra alguns tipos de meningites como: Meningite tuberculosa (BCG); Meningite por Haemofhilus (DTP+Hib); Meningite por influenzae - Tipo B; Meningite por Pneumococos (Pneumocócica 10): Meningite por Meningococo (Meningocócica C). Na Paraíba, no período de 2010 a 2014 foram registrados 1.044 casos de meningite, sendo 115 casos de Meningite não especificada, seguido de 190 casos de Meningite Bacteriana e 63 de Meningite Viral. Apesar do número absoluto de 21 casos captados da doença meningocócica e 01 caso de meningite por Haemofhilus influenzae no mesmo período, ressalta-se o grande impacto causado na população, pelo seu potencial de acometer de forma rápida e fulminante pessoas previamente saudáveis e pelo risco de desencadear epidemias. Destaca-se ainda a introdução da vacina meningocócica C em fevereiro de 2011 e pneumocócica em março de 2010. A vacina Tríplice Viral previne contra Sarampo, Rubéola e Caxumba. Na Paraíba, durante os anos de 2010 a 2014, foram registrados 1.733 casos suspeitos de Sarampo e Rubéola. Destacando-se os anos de 2010, com 57 casos e 2013, com 09 casos confirmados em surtos de Sarampo. 2.3 INDICADORES DE MORBIDADE 29 O Estado da Paraíba apresenta um perfil epidemiológico caracterizado pela crescente prevalência e incidência das doenças transmissíveis e não transmissíveis como também dos agravos, entendendo que alguns dessas doenças/agravos já poderiam ter sido eliminados. Ressaltam ainda os agravos/doenças emergentes e reemergentes, como também os agravos de acidentes e violência, dados esses que serão apresentados a seguir, conformando assim a situação de saúde do Estado. 2.3.1 DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS TUBERCULOSE O Brasil faz parte do grupo dos 22 países de alta carga priorizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que concentram 80% dos casos de tuberculose no mundo, ocupando a 16ª posição em número absolutode casos. A OMS estabeleceu metas desafiadoras para os países em sua estratégia pós-2015, definindo como visão de futuro “Um mundo livre da tuberculose: zero morte, adoecimento e sofrimento causados pela doença”. O Estado da Paraíba segue a proposta da OMS e as recomendações do Programa Nacional de Controle da Tuberculose no que diz respeito às prioridades relacionadas à detecção precoce de casos, ao tratamento do paciente e à sua conclusão com desfecho favorável: a cura, compreendendo que a doença possui grande magnitude, transcendência e vulnerabilidade e com fortes componentes sociais e econômicos. A Taxa de Incidência do estado da Paraíba não ocupa um dos piores índices do país, porém revela que a doença para ser controlada exige uma mudança nas atividades desenvolvidas e que estas precisam estar relacionadas a abordagens que visam à redução do estigma que ainda existe em torno da doença e à melhoria das estratégias para adesão ao tratamento, não perdendo de vista a necessidade de articulação com outras áreas, inclusive fora do setor da saúde. Tabela 06. Taxa de incidência da Tuberculose na Paraíba, no período 2010 – 2014. ANO Taxa Incidência 2010 27,1 2011 28,3 30 2012 29,5 2013 30 2014* 27,8 Fonte: SINAN/TB/GOVE/GEVS/SES/PB. *Dados parciais. Em relação ao índice de sucesso do Programa Estadual de Controle da Tuberculose que corresponde aos Indicadores de Cura e Abandono, sabe-se que a meta nacional para Cura é 85% e para o Abandono índices abaixo de 5%. O estado da Paraíba em 2013 alcançou 65,4% de cura e 14,8% de abandono reforçando a urgente necessidade do trabalho intersetorial para o controle do agravo. Tabela 07. Percentual de Cura e Abandono de Tuberculose, Paraíba 2010 a 2014. ANO %CURA %ABANDONO 2010 69,5 13,1 2011 67,1 14,3 2012 69,5 14,5 2013 65,4 14,8 2014* 64,1 11 Fonte: Sinan/TB/GOVE/GEVS/SES/PB. *Dados parciais. HANSENÍASE Na Paraíba, como no Brasil, a hanseníase vem apresentando uma tendência decrescente nos coeficientes de detecção, porém ainda com patamares elevados que nos coloca como Estado de Alta Endemicidade. Em 2014 o coeficiente de detecção foi de 15,2 por 100 mil habitantes, que corresponde a 588 casos. Na população menor de 15 anos houve registro de 27 casos novos, sendo um coeficiente de detecção de 2,9 por 100 mil habitantes. A proporção de contatos examinados entre os contatos registrados foi de 76%, considerado bom. Quanto ao Grau 2 de Incapacidade Física no momento do diagnóstico obtivemos 7,3%, considerado médio e se traduz pelo atraso no diagnóstico da doença. 31 Gráfico 09. Coeficiente de Detecção Geral e em Menores de 15 anos, Paraíba 2010 a 2014. 3,9 4,5 4,8 3,9 2,9 17,3 18,7 18,5 16,9 15,2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 2010 2011 2012 2013 2014 MENOR DE 15 ANOS POP GERAL Fonte: SINAN/HANSEN/GEVS/SES/PB Em relação aos Indicadores de Cura e Abandono a Paraíba tem alcançado as metas pactuadas pelo Ministério da Saúde, sabendo-se que a meta pactuada para cura é 90% e o abandono em patamares abaixo de 5%.Conforme evidenciado na tabela a seguir: Tabela 08. Percentual de Cura e Abandono de Hanseníase, Paraíba 2010 a 2014. ANO %CURA %ABANDONO 2010 80,2 6,4 2011 79,9 6,3 2012 76,1 4,9 2013 82,3 4 2014 77,9 2,4 Fonte: Sinan/Hansen/GEVS/SES/PB SÍFILIS Na Paraíba, o número de notificações de casos de sífilis congênita e sífilis em gestante vêm aumentando ao longo dos anos. Somente entre os anos de 2010 a 2014 foram notificados 1.113 casos de sífilis congênita e 1.741 casos de sífilis em gestante. 32 O aumento gradual na notificação de casos nos últimos anos deveu-se provavelmente ao fortalecimento dos serviços de pré-natal, por meio da Rede Cegonha, o que propiciou o aumento na cobertura de testagem das gestantes e acompanhamento dos casos e o aumento dos casos de sífilis congênita pode representar os esforços da Vigilância em Saúde do Estado na capacitação de recursos humanos e na detecção, notificação e investigação dos casos de sífilis congênita. A taxa de detecção de sífilis em gestante se mantém superior a taxa de incidência de sífilis congênita, no ano de 2014 a taxa de detecção de sífilis em gestante foi de 6,4 por 1.000 nascidos vivos e a taxa de incidência de sífilis congênita foi de 5,3. Gráfico 10 - Taxas de detecção de sífilis em gestante e número de casos de sífilis congênita por 1.000 nascidos vivos, por ano de notificação. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 2010 2011 2012 2013 2014 Ta xa s (p o r 1 .0 0 0 n as ci d o s vi vo s) Ano de notificação Sífilis Gestante Sífilis Congênita Fonte: SES-PB/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) Apesar da ampliação do diagnóstico, a maioria dos casos continua sendo detectada tardiamente. Em 2014, um total de 15,6% dos casos do SINAN foi notificado no primeiro trimestre de gestação, com 30,4% no segundo trimestre e 48,8% no terceiro. Esses valores são semelhantes aos encontrados nos anos anteriores (Gráfico 11). 33 Gráfico 11. Idade gestacional ao diagnóstico da sífilis por ano. Fonte: SES-PB/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) A penicilina G Benzatina, administrada via parenteral, é a única terapia com eficácia documentada no tratamento de gestantes com sífilis e na prevenção da transmissão vertical da doença para o bebê, apresentando 98% de taxa de sucesso nessa prevenção. Na Paraíba, nos últimos cinco anos 81,9% das gestantes foram tratadas com Penicilina G Benzatina. É importante destacar que 5,9% das gestantes não foram tratadas. Essa situação evidencia falhas na qualidade do atendimento pré-natal e propicia a ocorrência de sífilis congênita. Gestantes tratadas com outro esquema foram 3,4% e informações em branco ou ignoradas representaram 8,8% (Gráfico 12). Gráfico 12 - Esquema de tratamento da gestante com sífilis. 153 532 106 788 59 103 Tratamento da gestante Ign/Branco Penicilina G benzantina 2.400.000 UI Penicilina G benzantina 4.800.000 UI Penicilina G benzantina 7.200.000 UI Outro esquema Não realizado Fonte: SES-PB/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) Quanto a mortalidade infantil por sífilis congênita, no período de 2010 a 2014, o número de óbitos declarados no SIM foi de 44. Em 2014 foi declarado no SIM um total 34 de sete óbitos por sífilis em crianças menores de um ano, o que corresponde a um coeficiente de mortalidade de 0,12 por 1.000 nascidos vivos. Nos últimos cinco anos, na Paraíba, a taxa de mortalidade infantil por sífilis passou de 0,03 por 1.000 nascidos vivos em 2010 para 0,12 em 2014. No Gráfico 13, observa-se a serie histórica para a Paraíba. Gráfico 13 - Taxa de mortalidade por sífilis congênita na Paraíba. 0,03 0,18 0,17 0,21 0,12 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 2010 2011 2012 2013 2014 Mortalidade infantil por Sífilis Congênita Mortalidade infantil por Sífilis Congênita Fonte: SES-PB/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) HIV/AIDS Na Paraíba, a epidemia pelo vírus HIV teve seus primeiros casos registrados no ano de 1985, desde então, as notificações eram feitas apenas nos casos de AIDS. A partir da Portaria 1.271 de 6 de Junho de 2014, ficou definido que a infecção pelo HIV também passa a ser de notificação compulsória. De acordo com os registros do SINAN Net, na Paraíba foram notificados no mesmo período 2.321 casos de AIDS em adulto e 72 em crianças. Estes casos apresentam o maior número de ocorrência em adultos, seguido de jovens e crianças. Esse fato deve-se a faixa etária de maior atividade sexual desprotegida, sendo também os grupos de maiores exposições. Dos 72 casos que ocorreram em crianças, 69 foram por transmissão vertical e 03 ignorados. Os 240 casos que ocorreram em jovens (15 a 24 anos) estão distribuídos 35 segundoa categoria de exposição da seguinte forma: 115 em Heterossexuais, com 53,0% no sexo feminino; 40 em Homossexuais; 11 em Bissexuais, 03 em Usuários de Drogas Injetáveis (UDI), 10 por Transmissão vertical e 61 foram ignorados. Dos 2.081 casos que ocorreram em adultos, 1.092 foram em Heterossexuais dos quais 43,9% estão no sexo feminino. Evidenciamos que a categoria responsável pela elevação dos casos tanto em jovens quanto em adultos é a heterossexual. Observa-se, portanto que temos uma maior prevalência dos casos em adultos do sexo masculino, o que se inverte na população jovem que tem apresentado um maior numero de casos do sexo feminino. O gráfico abaixo representa os últimos 05 anos tendo a prevalência na faixa etária dos 30 a 39 anos de idade, sendo 560 (24,1%) casos no sexo masculino e 269 (11,6%) no sexo feminino. Gráfico 14: Distribuição de casos notificados Aids/faixa etária e sexo maiores de 13 anos, Paraíba, 2010 a 2014. Fonte: SES-PB/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) No período de 2010 a 2014, foram notificados 633 óbitos de pessoas residentes na Paraíba, tendo como causa básica a AIDS (CID10 3D:B20 a B24), sendo a maioria no sexo masculino com 439 (69,4%) e no feminino com 194 (30,6%). A taxa de mortalidade no ano de 2010 foi de 3,0% e em 2011 foi de 3,1% para 100.000 habitantes, no ano de 2012 teve 3,2% e em 2013 observou um aumento em 36 relação aos anos anteriores, com uma taxa de 3,7%. E no ano de 2014 houve um declínio comparando com o ano de 2013, com 3,4 % de óbitos por Aids. Gráfico 15: Casos notificados de Aids/mortalidade na Paraíba, 2010 a 2014. Fonte: SES PB/ Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) Desde o surgimento da terapia antirretroviral combinada (TARV) e da disponibilização de marcadores biológicos, como CD4+ e carga viral, para o monitoramento de sua progressão, houve uma melhora significativa nas taxas de morbidade e mortalidade nas pessoas que vivem com HIV e AIDS. A adesão ao tratamento é determinante na melhoria da qualidade de vida, onde constitui grandes desafios, uma vez que demanda de seus usuários mudanças comportamentais, dietéticas, o uso de diversos medicamentos por toda a vida, além da necessidade, por parte dos serviços, de novos arranjos e oferta de atividades específicas em adesão. HEPATITES VIRAIS As Hepatites Virais têm-se constituído em um problema de Saúde Pública, especialmente os dos tipos B e C, pela sua magnitude e tendência á cronificação. Na série histórica de 1999 a 2013, foram detectados 6.062 casos, sendo 4.620 casos de Hepatite Viral A, 1.214 casos de Hepatite Viral B e 228 casos de Hepatite Viral C (Gráfico 16). 37 Gráfico 16 – Tendência dos coeficientes de detecção de Hepatites Virais A, B e C, PB, 1999 a 2013 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 C B A FONTE DE DADOS: Casos de hepatites virais: Sinan/SVS/MS NOTA: (1) Casos notificados no Sinan até 31 de dezembro de 2013 A tendência dos coeficientes (por 100.000 habitantes) da Hepatite A da série histórica apresentada (Gráfico 16) foi de crescimento até 2005 (21,4) com decréscimo em 2012 (4,0). No entanto, na análise de uma série histórica mais longa, verifica-se que a Hepatite A apresenta um leve decréscimo em 2007 (10,1); crescimento em 2009 (13,3); e após a redução significativa de 2012 (4,0), crescimento acentuado em 2013 (10,6) correspondendo a uma elevação de 250%. Os coeficientes das Hepatites Virais B e C no período analisado evidenciam a mesma tendência da Hepatite A. A Paraíba ocupou em 2013 a primeira posição (maior Taxa) no Nordeste em relação ao coeficiente da Hepatite A, a segunda maior taxa em relação a Hepatite B, e a terceira maior com relação ao coeficiente de casos da Hepatite C. No mesmo ano, de acordo com o esperado para a Hepatite Viral A, a concentração de casos ocorre nos ciclos de vida da criança e do adolescente. Para as Hepatites Virais B e C a ocorrência é maior nos adultos e idosos (Figura 2). Em 2013, a distribuição por gênero das Hepatites Virais A, B e C apresenta um percentual de 14% superior dos homens em relação às mulheres (Gráfico 18). 38 Gráfico 17 - Coeficientes de Detecção de Hepatites Virais, A, B e C, por faixas etárias dos ciclos de vida, PB, 2013. Coeficientes de Detecção de Hepatites Virais, A, B e C, por faixas etárias dos ciclos de vida, PB, 2013 0 a 9 anos 10 a 19 anos 20 a 59 anos 60 e mais A 39 24 3 0 B 1 2 7 3 C 0 0 2 2 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 FONTE DE DADOS: Casos de hepatites virais: SinanNet/Pb NOTA: (2) Casos notificados no Sinan até 10 de Agosto de 2015 Gráfico 18 - Percentual de Hepatites Virais A, B e C, por gênero, PB, 2013 Percentual de Hepatites Virais A, B e C, por gênero, PB, 2013 54,62 48,07 66,66 45,37 51,93 33,33 A B C M F Fonte: Casos de hepatites virais: SINANNET/PB Nota: (4) Casos notificados no Sinan até 10 de Agosto de 2015 39 2.3.2 DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS DE INTERFACE COM A VIGILÂNCIA AMBIENTAL DOENÇA DIARREICA AGUDA Em todo o mundo as doenças diarréicas são consideradas a segunda causa de morte em crianças menores de 5 anos, além disso estima-se que 36% dos casos são causados por Rotavírus (Linhares, 2010). No período de 2010 a 2014 ocorreram 388.867 casos de Doenças Diarreicas Agudas (DDA). O ano de 2013 foi marcado por vários episódios de surto de DDA em todo o estado da Paraíba com 129.916 casos por todo o ano, mantendo o número de casos elevados até a SE 14 de 2014, porém apresentou posteriormente uma diminuição de 24% dos casos quando comparado ao ano anterior, sua incidência neste ano foi de 2.498 casos por 100.000 habitantes. Gráfico 19: Casos de Doenças Diarreicas Agudas – Paraíba, 2010 a 2014 Fonte: SIVEP-DDA/SES-PB DENGUE A dengue é um agravo de grande relevância nacional, constituindo-se sério problema de saúde pública transmitida pelo Aedes aegypti e o Aedes albopictus sendo este ultimo presente em 89 municípios do estado (Figura XX). Na Paraíba no período de 2010 a 2014, registrou-se 62.723 casos notificados de dengue. Dentre esses anos 40 destaca-se 2013 como ano epidêmico, com 18.483 casos notificados e o ano 2014 com 7.551 casos notificados apresentando-se como um ano atípicos, quando comparado com o ano anterior. O que acontece também ao analisar o coeficiente de incidência, conforme evidenciado na tabela abaixo: Tabela 09: Casos notificados e coeficiente de incidência por dengue, Paraíba 2010 a 2014. Ano de Início de Sintomas Casos Notificados Coeficiente de Incidência 2010 8.840 170,99 2011 16.303 317,17 2012 11.549 223,68 2013 18.488 348,94 2014 7.551 142,19 Total 62.723 ****** Referente aos óbitos por dengue observou no gráfico abaixo que os anos de 2012 e 2013 registraram o maior número, enquanto que o ano de 2014 apresentou redução de 52% quando comparado com o ano de 2013. Gráfico 20: Óbitos por dengue, Paraíba 2010 a 2014. Fonte: Sinan Online/NDTA/SESPB Fonte: Sinan Online/NDTA/SESPB. 41 CHIKUNGUNYA Doença produzida pelo vírus chikungunya (CHIKV), transmitida por mosquitos do gênero Aedes, que cursa com enfermidade febril aguda, subaguda ou crônica. A enfermidade aguda se caracteriza, principalmente, por início súbito de febre alta, cefaleia, mialgias e dor articular intensa, afetando todos os grupos etários e ambos os sexos. Em uma pequena porcentagem dos casos a artralgia se torna crônica, podendo persistir por anos. As formas graves e atípicas são raras, mas quando ocorrem podem, excepcionalmente, evoluir para óbito. A febre de chikungunya é uma enfermidade endêmica nos países do Sudeste da Ásia, África e Oceania. Emergiu na região das Américas no final de 2013. O nome chikungunya deriva de uma palavra do idioma makonde, faladono sudeste da Tanzânia, que significa “curvar-se ou tornar-se contorcido”, descrevendo a postura adotada pelos pacientes devido à artralgia intensa. No Brasil em 2014 foram notificados 3.195 casos autóctones suspeitos de febre de chikungunya. Destes, 294 foram descartados, 2.196 foram confirmados, sendo 140 por critério laboratorial e 2.056 confirmados por critério clínico-epidemiológico; 705 continuam em investigação. Foram ainda registrados 93 casos importados confirmados por laboratório. Esses casos foram identificados nas seguintes UFs: Amazonas, Amapá, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima e São Paulo. Na Paraíba, no mesmo período foram notificados 08 casos suspeitos de Chikungunya, e todos descartados. ZIKA O Zika vírus (ZIKAV) é um RNA vírus, do gênero Flavivírus, família Flaviviridae, transmitido pelo Aedes aegypti. Segundo o MS considera definição de caso suspeito os pacientes que apresentem exantema máculopapular pruriginoso, acompanhado de pelo menos dois dos seguintes sinais e sintomas: febre ou hiperemia conjuntival sem secreção e prurido ou poliartralgia ou edema periarticular. No Brasil foram identificados os primeiros casos no Estado de Bahia, seguido do Rio Grande do Norte, na Paraíba, após a realização de inquérito ocorrido nos meses de abril e maio de 2015 da Síndrome Exantemática de Etiologia Desconhecida. Deste estudo foram enviadas 20 amostras para análise no Instituto Evandro Chagas-Pará. 42 Destas 11 foram confirmados para o Zika vírus o que reafirma a circulação da doença no Estado da Paraíba, 4 foram não detectáveis e 5 insatisfatórias para análise. Sobre a descrição dos casos confirmados destaca-se que (45,5%) foram do Sexo Masculino e 54,5% Feminino; e com seguinte histórico de Sintomas: 100 % sem febre, 100% com artralgia, 90,9% com prurido (10 casos), 90,9% mialgia (10 casos), 81,8% (9 casos) fraqueza, 63,6% edema articular (7 casos), 63,6% cefaleia (7 casos), 54,5% (6 casos) dor retro orbital, 36,4% (4 casos) diarreia, 27,3 % (3 casos) dor de garganta, 27,3 % (3 casos) linfadenopatia, 27,3% (3 casos) náusea, 18,2% (2 casos) tosse, 9,1% (1 caso) vômitos, 9,1% (1 caso) coriza e 9,1% (1 caso) hiperemia ocular. Segundo o Ministério da Saúde até a SE 45/2015, 18 Unidades da Federação confirmaram laboratorialmente autoctonia da doença. (BRASIL, Ministério da Saúde; BE Nº 36/2015 Volume 46). Para monitoramento da circulação viral a Secretaria de Estado da Saúde implantou três unidades sentinelas do Zika vírus, nos municípios de Bayeux, Campina Grande e Cajazeiras, conforme recomendação do Ministério da Saúde. Em razão das características da doença, a adoção de estratégia de registro da totalidade dos casos não tem importância epidemiológica, visto que as medidas de controle prescindem da caracterização dos casos individuais. Nesse sentido, o processo de decisão-ação não necessita dispor da informação da totalidade dos casos (notificação universal), para que as atividades de intervenção sejam desencadeadas. Em virtude do aumento de casos de microcefalia na região nordeste o Ministério da Saúde confirmou em 28 de novembro de 2015 a relação entre o vírus Zika e o surto de microcefalia na região Nordeste. O Instituto Evandro Chagas, órgão do ministério em Belém (PA), encaminhou o resultado de exames realizados em um bebê, nascida no Ceará, com microcefalia e outras malformações congênitas. Em amostras de sangue e tecidos, foi identificada a presença do vírus Zika. Tendo em vista a situação, o Ministro da Saúde decretou em 11 de novembro de 2015, Emergência em Saúde Pública de importância Nacional (ESPIN) por alteração do padrão de ocorrência de microcefalias no Brasil. MICROCEFALIA A microcefalia tem etiologia complexa e multifatorial, envolvendo fatores genéticos e ambientais, algumas das causas mais comuns estão: Infecções, Sífilis, 43 Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus, Herpes simples, HIV, traumas, outros vírus e etc. A identificação da microcefalia se dá principalmente pela medição do Perímetro Cefálico (PC), procedimento comum no acompanhamento clínico do recém-nascido, visando à identificação de doenças neurológicas. (Protocolo para investigação e acompanhamento dos casos de microcefalia no estado da Paraíba , 2015). Independente da causa, já é uma condição confirmada. No entanto, em se tratando da vigilância de microcefalias relacionadas ao vírus Zika, todos os casos que, após revisão da aferição das medidas, dos exames ou do critério de enquadramento, não estejam contemplados nas definições estabelecidas para relação com infecção pelo vírus Zika, serão descartados, de acordo com o “Protocolo de vigilância e resposta à ocorrência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus Zika”, da SVS/MS. Ressalte-se, ainda, que o Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc) é o sistema de informação oficial para registro de todas as anomalias congênitas identificadas no pós-parto. Por conseguinte, todos os casos diagnosticados de microcefalia, relacionados ou não à infecção pelo vírus Zika, deverão ser notificados oficialmente neste sistema, que tem o objetivo de fornecer informações sobre as características dos nascidos vivos. Na Paraíba até o dia 26 de dezembro de 2015, foram notificados à Secretaria de Estado da Saúde (SES) 476 casos suspeitos de microcefalia relacionados ao vírus Zika, identificados em 96 municípios (figura 01). Destes, 21 foram confirmados – dois por diagnóstico laboratorial conclusivo para o vírus Zika e os demais por diagnóstico de imagem, 30 casos foram descartados e 425 continuam em investigação pelas Secretarias Municipais de Saúde com apoio da SES e do Ministério da Saúde. Neste período, cinco (5) casos suspeitos evoluíram para óbito - infantil (4) e fetal (1) -, cujas mães são residentes dos municípios de Piancó (01), Conde (1) e João Pessoa (3). Após a conclusão da investigação, um (1) óbito infantil foi descartado - os achados não eram compatíveis com malformação congênita de origem infecciosa. Os demais estão em investigação (Boletim Epidemiológico dos casos suspeitos de microcefalia nº 06/2015). 44 Figura 01 - Distribuição Espacial dos municípios com casos e óbitos suspeitos de microcefalia relacionados à infecção pelo vírus Zika. Paraíba, 2015. DOENÇA DE CHAGAS Na Paraíba, em áreas endêmicas para Doença de Chagas tem ocorrido a redução de transmissão, devido à melhoria das condições de habitação, às ações de controle, à seleção do sangue para transfusão e à detecção precoce e tratamento de novos casos, incluindo casos de transmissão congênita. Em 2011, 46 municípios estavam sob Vigilância para o agravo (baixo risco de infecção) e 152 sob vigilância e controle (médio e alto risco), compreendendo alguns municípios que fazem parte da 3ª a 11ª Região de Saúde. RAIVA Na Paraíba o último caso registrado de Raiva Humana data de 1999 e de Raiva Canina em 2010. No período de 2010 a 2014, foram enviadas 546 amostras de monitoramento da raiva em animais, sendo identificado apenas 01 caso positivo em cães no ano de 2010. Neste mesmo período (2010 a 2014) foram registrados 28 casos em 45 bovinos, 02 em raposa, 01 em morcego e 02 em equino. No período de 2010 a 2014 registramos o atendimento antirrábico humano em 33.642 pessoas, sendo 5.456 em 2010, 5.011 em 2011, 7.284 em 2012, 7.896 em 2013 e 7.905 em 2014. A profilaxia da Raiva Animal tem sido feita através da vacinação tanto nas campanhas como na rotina, de bloqueios focais quando da detecção de focos, além do monitoramento dos animais suspeitos. Na última Campanha Nacional de Vacinação contra a Raiva Animal realizada em outubro de 2014 foram vacinados 606.758 animais, sendo 467.128 cães e 139.630 gatos, alcançandouma cobertura vacinal canina de 90,07%, superando a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde que é de 80,0%. LEISHMANIOSE VISCERAL E TEGUMENTAR As estratégias de controle da Leishmaniose Visceral são geralmente centradas e dirigidas para o controle do reservatório canino, bem como o controle do agente transmissor, diagnóstico e tratamento dos casos humanos. Em virtude da alta taxa de cães soro reagente verificado nas amostras de sangue canino em inquéritos realizados, ficou evidenciada a necessidade de se desenvolver ações mais eficazes e imediatas no controle das leishmanioses no Estado da Paraíba, a exemplo da implantação em todo Estado do Teste Rápido para diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina que consideramos um grande avanço para o controle da doença. A área endêmica da doença encontra-se delimitada, abrangendo cerca de 70% dos municípios do Estado. Na maioria dos municípios, a transmissão ocorre de forma esporádica. Em cerca de 15% destes a magnitude da transmissão é moderada ou intensa, sendo estes responsáveis pelo registro de 60% dos casos humanos. Os principais focos de L.V estão situados nas regiões do Sertão, do Litoral, da Zona da Mata e do Agreste. Nesta última região o surgimento da transmissão do agravo foi observado a partir de meados da década de 90. Nos últimos cinco anos, a transmissão da LV vem crescendo na zona urbana de algumas cidades da 9ª GRS (Cajazeiras), 10ª GRS (Sousa) e 8ª GRS (Catolé do Rocha), além do município de João Pessoa. Recentemente também vem sendo detectado caso esporádico da enfermidade na região do Cariri. No tocante a Leishmania Tegumentar-LTA, ocorre transmissão autóctone em 113 municípios paraibanos. A doença é encontrada na forma cutânea, ocorrendo com maior frequência em maiores de 10 anos, sendo mais prevalente para o gênero masculino. A ocorrência da LTA envolve todas as seis regiões fisiográficas do estado, 46 no entanto, as regiões com maior concentração de casos são as sub-regiões: zona do Agreste e Caatinga Litorânea, Zona do Brejo, Zona da Borborema. Nos anos de 2010 a 2014 foram notificados 255 casos, ocorridos em 22 (2010), 10 (2011), 10 (2012), 15 (2013) e 14 (2014) municípios respectivamente, sendo em 2014 a notificação de 35 casos suspeitos, destes 33 foram confirmados, 18 ocorreram na zona rural e 14 na zona urbana. Em relação à estratificação epidemiológica da LTA no Estado ainda neste ano, tivemos 184 municípios sem registro de transmissão; 19 municípios com baixo risco de transmissão; 12 municípios com médio risco de transmissão; sete municípios com alto risco de transmissão (Cuitegí, Pilões, Piloesinhos, Alagoa Grande, Alagoa Nova, Areia, Poço Dantas) e um município com muito alto risco de transmissão (Matinhas). Casos esporádicos de LTA têm sido registrados a cada ano em regiões consideradas como não endêmicas a exemplo de Vieiropolis e Uiraúna situados na 4ª macrorregião, que após pesquisa entomológica do NEPO, foram encontradas espécies de flebotomíneos incriminadas na transmissão de Leishmanias, consideradas agentes etiológicos da LTA. LEPTOSPIROSE A leptospirose, doença de veiculação hídrica, está associada a precárias condições de moradia e presença de roedores no peridomicílio. Na Paraíba, a leptospirose tem-se mostrado em condições endêmicas, o que tem contribuído para o aparecimento dos casos em áreas onde há acúmulo de resíduos sólidos e/ou moradias e em locais de inundações/enchentes. No período de 2010 a 2014, foram notificados no Estado 323 casos de leptospirose, sendo 88 destes confirmados. Nesses 05 anos, foram registrados 18 óbitos pelo agravo, distribuídos nos municípios de João Pessoa (12), Campina Grande (03), Guarabira (01), Cruz do Espírito Santo (01) e Bayeux (01). ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS Os acidentes ofídicos têm uma grande importância de saúde pública em virtude de sua grande freqüência, sazonalidade e gravidade em alguns casos. Os acidentes ocorridos na Paraíba têm-se mostrado dentro da normalidade e, apesar da Paraíba está localizada na região semiárida, temos uma boa distribuição de insumos com 32 serviços 47 de saúde de referência para estes acidentes. Como acontece normalmente, tivemos um índice maior de acidentes botrópicos com 81,2%, seguidos dos acidentes crotálicos com 13,4% e os elapídicos com 5,3% dos acidentes. PESTE O programa de Controle da Peste desenvolve, rotineiramente, ações de Vigilância Epidemiológica em 45 municípios, que fazem parte do foco natural da peste da Chapada da Borborema, realizando também, eventuais intervenções de ataque de acordo com os índices de alarme sugestivos da possibilidade de ocorrência da peste, tanto em animais como em humanos. O estado da Paraíba é abrangido pelo foco do Agreste, que atravessa os estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, sendo um dos focos mais importantes do Brasil. Conta também, com 02 municípios e 36 localidades situados no foco da Serra do Triunfo. As Gerências Regionais de Saúde na vigilância da Peste, dentro do foco da Chapada da Borborema e da Serra do Triunfo são: 2ª, 3ª, 4ª, 11ª e 12ª. No Estado existem dois laboratórios de apoio funcionando em imóveis cedidos nos municípios de Esperança e Umbuzeiro. ESQUISTOSSOMOSE/ GEO-HELMINTÍASES Doença parasitária de veiculação hídrica, causada pelo Schistossoma mansoni de ocorrência tropical em pessoas que vivem em condições precárias de vida e trabalho. A Paraíba apresenta 67 municípios endêmicos na área que compreende o litoral, agreste e brejo, onde aproximadamente 15% destes possuem localidades com prevalência acima de 5% aferidos em inquéritos trabalhados anualmente através de exames coprologico, e mais 4 municípios focais(Condado, Marizópolis, Sousa e Sumé), para a esquistossomose. As Geo-helmintíases estão presentes em todas as regiões do Estado ocorrendo principalmente nas áreas rurais e periferias de centros urbanos, estima-se que a prevalência varia entre 2 a 36% nos municípios de baixo IDH, sendo 70% desses casos em escolares. TRACOMA 48 O tracoma, doença transmitida pela bactéria Chlamydia Trachomatis, tem sintomas parecidos com a conjuntivite. É muito contagiosa, com fácil poder de transmissão através de ambientes coletivos. Para que seja possível pensar na erradicação mundial do tracoma, faz-se necessária a implantação de programas de saneamento básico em áreas menos favorecidas. Segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa de detecção de tracoma em escolares no Estado da Paraíba foi de 83,5%. O tracoma não foi erradicado e deve permanecer no diagnóstico diferencial de conjuntivite folicular crônica em crianças e adolescentes. Dos 223 municípios do estado Bananeiras e Riachão são endêmicos, sendo registrado um caso em Bananeiras em 2014. 2.3.3 DOENÇAS E AGRAVOS NÃO TRANSMISSÍVEIS - DCNT As DCNT tendem a afetar mais as pessoas de baixa renda, por estarem mais expostas aos fatores de risco e por terem menor acesso aos serviços de saúde. Além disso, essas doenças criam um círculo vicioso, levando as famílias a maior estado de pobreza (WHO, 2011). Existe forte evidência que correlaciona os determinantes sociais, como educação, ocupação, renda, gênero e etnia, com a prevalência de DCNT e fatores de risco (WHO, 2008). No Brasil, os processos de transição demográfica, epidemiológica e nutricional, a urbanização e o crescimento econômico e social contribuem para o maior risco da população ao desenvolvimento de doenças crônicas. Nesse contexto, grupos étnicos e raciais menos privilegiados, como a população indígena e a população negra, quilombola, têm tido participação desproporcional nesse aumento verificado na carga de doenças crônicas (SCHMIDT et al., 2011). Em relação às DCNT a Organização Mundial da Saúde estima que, a cada ano, 100 milhões de pessoas são empurradaspara a pobreza nos países em que se tem de pagar diretamente pelos serviços de saúde (WHO, 2010). Na Paraíba segundo o Sistema de Informação Hospitalar do SUS – SIH/SUS observa-se um cenário onde as doenças do aparelho respiratório são as principais causas de internações, gerando maior custo no Sistema de Saúde do Estado. Em 2010 foram observado 890 internações a cada 100 mil habitantes, demonstrando uma queda significativa nos anos subsequentes, finalizando o ano de 2014 com 595 internações por 100 mil habitantes. Nos últimos anos (2010 - 2014) tem ocorrido uma queda na taxa de internação hospitalar por doenças do 49 Aparelho Circulatório, em relação às neoplasias observa-se um aumento no Estado, passando de 138/100 mil habitantes em 2010 para 174/100 mil habitantes em 2014. Em diabetes foi constatado uma média anual de 80 internações por 100 mil habitantes, no período analisado (Gráfico 21). Gráfico 21 – Taxa de Internação hospitalar por Doenças Crônicas selecionadas, Paraíba, 2010-2014. Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Ministério da Saúde. Os gráficos 22 e 23 demonstram um panorama geral de internações hospitalares por sexo, onde se pode observar uma diferença pequena na taxa de internação do sexo feminino para o masculino, exceto no caso das doenças do aparelho circulatório onde se registra uma quantidade maior de internações no sexo masculino. Gráfico 22 – Taxa de Internação hospitalar por Doenças Crônicas selecionadas, sexo masculino, Paraíba, 2010-2014. Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Ministério da Saúde. 50 Gráfico 23 – Taxa de Internação hospitalar por Doenças Crônicas selecionadas, sexo feminino, Paraíba, 2010-2014. Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Ministério da Saúde. No que se refere à violência, pela sua magnitude e transcendência representa um problema social e de saúde pública que ao longo das décadas vem aumentando sua morbimortalidade em todo país. A partir do trabalho de sensibilização de profissionais de saúde e áreas afins para a notificação de violências no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), identificou-se aumento gradual no número de registros. Em 2010, 789 casos foram notificados no SINAN, no ano de 2011 foram 1.449 notificações, 2012 com 4.131, já 2013 registrou 5.312 e em 2014, foram 2.512 casos de violência. Entretanto, sabe-se que esses números ainda revelam uma grande subnotificação de casos no Estado e, além disso, a qualidade das informações disponíveis ainda não é a desejada, tendo em vista que os profissionais que trabalham com a Ficha de Notificação de Violência Interpessoal/Autoprovocada estão sendo qualificados para uma melhor qualidade das informações colhidas. No período de 2010 a 2014, ocorreram 14.193 notificações no SINAN-PB. Da sua totalidade, 35,7% corresponde a faixa etária de 20 a 39 anos. O local de ocorrência que mais se destaca é a residência com 48,3%, seguido da via pública com 26,7%. No que se refere ao sexo, o maior percentual foi o sexo feminino com 51,4%. Dentre os tipos de violência no sexo feminino, o mais incidente foi à violência física com 56,3%, seguido da violência psicológica/moral 34,9%. 51 2.3.4 DOENÇAS E AGRAVOS RELACIONADOS AO TRABALHO Os acidentes e doenças do trabalho são agravos que repercutem na morbimortalidade da população trabalhadora brasileira, constituindo-se em importante problema de saúde pública. A Vigilância Epidemiológica dos agravos à saúde do trabalhador de notificação compulsória foi implantada de forma gradual em nosso país, a partir de 2007, com a publicação da portaria nº 1.271, de 6 de Junho de2014 onde em seu anexo, define que os agravos à saúde do trabalhador como: Acidente de trabalho fatal; Acidente de trabalho com mutilações e Acidente de trabalho em crianças e adolescentes são de notificação compulsória imediata e deve ser realizada pelo profissional de saúde ou responsável pelo serviço assistencial que prestar o primeiro atendimento ao paciente, em até 24 (vinte e quatro) horas desse atendimento, pelo meio mais rápido disponível . Os acidente com exposição a material biológico e Intoxicações Exógenas (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados) são de notificação semanal, realizada em até 7 (sete) dias, a partir do conhecimento da ocorrência de doença ou agravo e será feita à Secretaria de Saúde do Município do local de atendimento do paciente. No caso dos agravos relacionados ao trabalho a Portaria MS nº 1984 de 12/09/2014 em anexo, define que os agravos relacionados à saúde do trabalhador de Notificação Compulsória a serem monitorados por meio da estratégia de vigilância em unidades sentinelas são: Dermatoses Ocupacionais; Lesões por Esforços Repetitivos (LER), Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT); Pneumoconioses; Perda Auditiva Induzida por Ruído - PAIR; Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho; e Câncer Relacionado ao Trabalho. O quadro 1, mostra a situação dos agravos relacionados a saúde do trabalhador de notificação compulsória registrados no SINAN no período de 2007 a 2014 na Paraíba. Apesar de observarmos o crescimento dos acidentes de trabalho grave, acidentes com material biológico e doenças ocupacionais, a exemplo da LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivo/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), ao longo dos anos, ainda assim há a subnotificação desses dados. Quando analisamos outras doenças como: câncer relacionado ao trabalho, dermatoses ocupacionais, Perda Auditiva Induzida por Ruídos (PAIR), Pneumoconioses, intoxicação exógena relacionada ao trabalho e transtornos mentais relacionado ao trabalho, a subnotificação é ainda maior chegando a ser, em alguns casos, invisíveis, 52 uma vez que no perfil produtivo do Estado da Paraíba contempla atividades econômicas do ramo da agricultura, mineração, indústria, telemarketing entre outros o que são atividades que podem levar ao adoecimento dos trabalhadores do nosso estado. Tendo como base as informações da Organização Internacional do Trabalho - OIT (2013), observa-se que anualmente no processo de trabalho ocorrem 2 milhões e 340 mil mortes. Estatísticas mostram ainda que a cada 15 segundos um trabalhador é morto por Acidente ou doença no trabalho e que o Brasil encontra-se no quarto lugar no ranking mundial de acidentes fatais. Diante deste cenário, precisamos desenvolver estratégias junto à vigilância e à assistência para fortalecer a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora - PNSTT na Paraíba, sabendo que só teremos uma saúde integral e de qualidade quando entendermos que o trabalho é um fator condicionante e determinante no processo saúde doença. Quadro 02 - Número de agravos relacionados à Saúde do Trabalhador notificados no período de 2007 a 2014 no estado da Paraíba. Fonte: SINAN - 13/08/2015 *Acidente de trabalho grave são acidentes com: Acidente de trabalho fatal, acidente de trabalho com mutilações e acidente de trabalho em crianças e adolescentes Ano *Acidente Grave Acidente com Material Biológico Câncer relacionado ao Trabalho Dermatose Ocupacional LER / DORT PAIR Pneumu- coniose Transtorno Mental Intox.Exógena Rel. ao Trabalho 2007 122 8 1 0 37 0 0 2 26 2008 240 29 0 0 67 2 0 1 15 2009 287 114 0 1 144 1 0 1 1 2010 335 206 0 3 153 2 1 2 16 2011 446 344 2 1 130 2 1 3 20 2012 429 489 0 7 87 4 1 12 54 2013 865 641 1 3 190 2 14 ! 2014 743 450 - 3 296 3 31 74 Total 3.467 2.281 4 18 1.104 11 8 66 206 53 2.4 MORTALIDADE 2.4.1 MORTALIDADE GERAL Em 2013, foram notificados ao sistema de informações sobre mortalidade (SIM) um total de 26.544 óbitos no Estado. Desse total, 55,4% foram de indivíduos de sexo masculino.
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