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estudos jurídicos dia 12 03 2020

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OAB 1ª FASE – XXII EXAME DE ORDEM 
Direito Administrativo – Aula 01 
Matheus Carvalho 
www.cers.com.br 1 
 
 
 
REGIME JURÍDICO. 
 
- Confere prerrogativas (Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Particular) e restrições (Pe- 
rece da Indisponibilidade do Interesse Público) - São os SUPERPRINCÍPIOS, dos quais decorrem os outros 
Princípios. 
 
- Garrido Falla: Denomina tal circunstância de “ o Bi nôm io do direito administrativo” (prerrogativas e 
sujeições). Maria Sylvia chama de “ B ip olari da de d o Direito Administrativo” . 
 
Princípios decorrentes desses 02 (dois) Princípios (SUB-PRINCÍPIOS). Art. 37, caput, da CF: Princípios Cons- 
titucionais da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. 
 
 LEGALIDADE. A Administração Pública só pode atuar conforme a lei, todas as suas atividades estão subordi- 
nadas aos comandos legais. Diferentemente da Legalidade no âmbito do Direito Civil, onde o que não está proibi- 
do está permitido (art.5°, II, CF). Por outro lado, na Legalidade Administrativa, o administrado só atuará com pré- 
via autorização legal, sem a qual a Administração não pode agir. 
 
IMPESSOALIDADE (art. 37, § 1º, da CF). A Administração Pública tem que agir objetivamente em prol da 
coletividade. Os atos de pessoalidade são vedados, o exercício da atividade administrativa é atribuição da Admi- 
nistração e a ela são imputadas todas as condutas dos agentes públicos. Teoria do Servidor (agente público de 
fato). 
 
- As publicidades da Administração não poderão conter nomes de administradores ou gestores, serão meramen- 
te informativas, educativas ou de orientação social. 
 
OBS: O Novo CPC, define que a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarqui- 
as e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as manifestações processuais, a partir 
da sua vista dos autos. 
 
MORALIDADE. Maurice Hauriou, 1927: noção de Administração proba, a Moralidade Administrativa seria um 
conjunto de regras extraídas da boa e útil disciplina interna da Administração. Representa um conjunto de valores 
que fixam um padrão de condutas que deve ser observado na atividade administrativa, no sentido de que ela atue 
com retidão de caráter, ética, honestidade, decência, lealdade, boa-fé. 
 
- Não basta que as atividades da Administração estejam de acordo com a lei, essas atuações têm que ser condu- 
zidas com Lealdade, Ética e Probidade. 
 
Art.5°, LXXIII da CF/88 Ação Popular para controlar a Moralidade Administrativa dos agentes públicos. 
 
PUBLICIDADE. Transparência no exercício da atividade administrativa. 
 
- Exceções: Assuntos que tratem da segurança nacional; certos interesses sociais, ou de foro íntimo (privacidade, 
intimidade). 
 
EFICIÊNCIA. Introduzido pela EC 19/98, antes já era Princípio Infraconstitucional. A atuação da Administração 
deve ser: 
 
Rápida: Dinamismo, celeridade, descongestionar e desburocratizar. 
Perfeita: Completa, satisfatória. 
Rentável: ótima, máxima com menor custo. 
 
Outros Princípios da Administração Pública: 
 
Princípio da Finalidade Pública. 
 
Finalidade Pública Geral. Impõe que a atuação administrativa seja sempre voltada à coletividade, ao interesse 
público, nunca para atender interesses particulares.
OAB 1ª FASE – XXII EXAME DE ORDEM 
Direito Administrativo – Aula 01 
Matheus Carvalho 
www.cers.com.br 2 
 
 
 
Finalidade Pública Específica. Determinados atos devem atingir fins específicos. Se este ato é praticado para 
atingir outro fim que não seja o seu fim específico, estará ferindo o Princípio da Finalidade Pública (desvio especí- 
fico de finalidade). 
 
Princípio da Presunção de Legitimidade ou Veracidade dos Atos Administrativos. 
 
Até que se prove o contrário os atos da Administração são legais e legítimos (presunção relativa, juris tantum). Sua 
ilegalidade terá que ser provada, e até que se prove os atos serão válidos. 
 
Princípio da Auto-tutela (Constitucional). 
 
A Administração tem prerrogativa de controlar sua própria atuação para corrigir seus próprios atos. PODERÁ 
anular o ato que ela mesma praticou, quando o ato estiver eivado de ilegalidade Súmula 346, STF: “A Admi- 
nistração Pública pode declarar a nulidade de seus próprios atos”. 
 
A Administração PODERÁ invalidar seus próprios atos eivados de ilegalidade (dos quais não se originam direi- tos) 
e revogar atos por motivos de conveniência e oportunidade. Súmula 473, do STF: ”A Administração pode anular 
seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou 
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em 
todos os casos, a apreciação judicial”. 
 
Em todos esses casos de invalidação e revogação, o Poder Judiciário poderá ser provocado e deverá apreciar os 
atos de invalidação e os de revogação. No entanto, a apreciação judicial restringe-se a aspectos formais, não 
havendo controle de mérito, pois não se pode apreciar a conveniência e oportunidade da revogação. Daí o caráter 
de não definitividade do autocontrole da Administração, que não faz coisa julgada. 
 
Lei 9.784/99, art. 53 Processo Administrativo Federal: “A Administração DEVE ANULAR seus próprios atos, 
quando eivados de vícios de legalidade e PODE REVOGÁ-LOS por motivos de conveniência ou oportunida- de, 
respeitados os direitos adquiridos”. 
 
Princípio da Motivação. 
 
Em regra, a Administração deve enunciar as razões que a levaram a expedir determinado ato. Incisos IX e X, do 
Estatuto da Magistratura: As decisões administrativas no exercício de função atípica do judiciário devem ser 
fundamentadas. 
 
Entende-se por Motivo a razão de fato ou de direito que autorizou ou determinou a prática de um ato. Já a 
Motivação se trata da Exigência de explicitação, de enunciação dos motivos. 
 
Exceções ao Princípio da Motivação: A Exoneração ad nutum, que se refere àquela aplicável aos ocupantes de 
cargo em comissão, prescinde de motivação. Entretanto, se a Administração motivar ato que poderia não ser 
motivado, estará vinculada aos motivos que explicitou. Os motivos vinculam todo o ato, e se não forem respeita- 
dos, o ato poderá ser apreciado pelo Judiciário (Teoria dos Motivos Determinantes). Ex. agente destituído por 
improbidade, esta deverá ser provada. 
 
Princípio da Proporcionalidade Ampla ou da Razoabilidade (STF). 
 
Os meios adotados pela Administração, voltados a atingir determinados fins, devem se apresentar como: 
 
a) Adequados: deve lograr com sucesso a realização do fim. 
b) Necessários: entre os diversos meios igualmente adequados, a Administração tem que optar pelo meio que 
menos restrinja o direito do administrado. 
c) Proporcionais, em Sentido Estrito (elemento da proporcionalidade ampla): a Administração deve promover 
ponderação entre vantagens e desvantagens, entre o meio e o fim, de modo que haja mais vantagens que des- 
vantagens, sob pena de desproporcionalidade do ato. 
 
Princípio da Continuidade. 
 
Estampado no art. 6º, §1º, da lei 8.987/95, define que a atuação administrativa deve ser ininterrupta.
 
 
 
 
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2 
DIREITOS DAS OBRIGAÇÕES 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O direito das obrigações é o ramo do Direito Civil que se ocupa em estudar a relação jurídica que existe 
entre devedor e credor, onde este pode exigir daquele o cumprimento de uma prestação, que pode consistir em 
um dar, um fazer ou um não fazer. 
 
A obrigação tem, portanto, três elementos: devedor, credor e vínculo jurídico. O vínculo jurídico é a liga-
ção que existe entre o devedor e o credor, que é composta por dois elementos: débito e responsabilidade. Signifi-
ca que há duas questões ligando devedor e credor: a existência de uma dívida (débito) e a possibilidade de co-
brança judicial em caso de inadimplemento (responsabilidade). 
 
Tema importante diz respeito à obrigação natural. É a obrigação em que o vínculo jurídico é formado 
apenaspelo débito, não existindo responsabilidade. Existe uma dívida, mas, se não for cumprida a prestação, o 
credor não tem o poder de exigi-la judicialmente. No entanto, se adimplida espontaneamente ou até mesmo por 
engano, não se pode exigir devolução, pois o débito existe (art. 882 do CC). É o que chamamos de soluti retentio 
(retenção de pagamento). Exemplo de obrigação natural: dívida de jogo ou aposta. 
 
A obrigação propter rem (em razão da coisa), como o nome sinaliza, é direito obrigacional (confrontan-
do devedor e credor) e não direito real. Todavia, tem uma especificidade: é a obrigação que surge em razão da 
aquisição de um direito real. Ao se adquirir um direito real, seu titular adquire algumas obrigações de devedor 
perante credor. Exemplos: obrigação de pagar condomínio quando se adquire o direito de propriedade de um 
apartamento ou o dever que o proprietário tem de indenizar o possuidor que realiza benfeitorias em seu imóvel, 
nos termos destacados em direitos reais. 
 
Como a obrigação propter rem surge por força da titularidade de um direito real, acompanha o bem se 
houver transferência dele, ou seja, o novo titular do direito real a assume. Exemplo: quem compra um apartamen-
to assume as obrigações de pagar condomínio, até mesmo aquelas que estejam em atraso. 
 
Cuidado: a obrigação propter rem não se consubstancia apenas no pagamento de valor pecuniário. Deve 
ser uma obrigação devedor/credor, mas esta pode ser consubstanciada em um dar (dinheiro ou qualquer bem), 
um fazer ou um não fazer. Assim sendo, o respeito às limitações dos direitos de vizinhança são obrigações prop-
ter rem, pois consistem em obrigações de não fazer do proprietário para respeito a direito de vizinhos. 
 
2. MODALIDADE DAS OBRIGAÇÕES 
 
As modalidades de obrigações decorrem de dois tipos de classificações: básica e especial. Em uma clas-
sificação básica, a depender da natureza da prestação, a obrigação pode ser de três tipos: obrigação de dar, obri-
gação de fazer e obrigação de não fazer. Em uma classificação especial, o CC trata de mais três tipos de modali-
dades: obrigação alternativa, obrigação divisível ou indivisível e obrigação solidária. 
 
2.1. Obrigação de dar 
 
A obrigação de dar é aquela em que a prestação do devedor consiste na entrega de um bem. A obrigação 
de dar pode ser de dois tipos: dar coisa certa ou dar coisa incerta. Na obrigação de dar coisa certa, o devedor tem 
a prestação de entregar um bem específico. Por exemplo, quando alguém vende o cavalo campeão de sua fazen-
da. Já a obrigação de dar coisa incerta é aquela em que o devedor assume a obrigação de dar um gênero em 
certa quantidade - por exemplo, quando alguém vende três cavalos de sua fazenda. 
 
2.1.1. Obrigação de dar coisa certa 
 
É a obrigação de dar um bem específico, não servindo outro de mesma espécie, como quando uma pes-
soa vende o cavalo campeão de sua fazenda. Na verdade, há dois tipos de obrigação de dar coisa certa: dar e 
restituir. A razão é que quando tenho a obrigação de devolver um bem que recebi, não posso impor a entrega de 
outro de mesma espécie. Portanto, tenho obrigação de dar coisa certa tanto quando tenho que entregar um cavalo 
que vendi quanto quando tenho que devolver um cavalo que me foi emprestado. 
 
 
 
 
 
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O tema vem previsto entre os arts. 233 e 242 do CC, onde um único tema é tratado: perda ou deteriora-
ção do bem depois que assumo a obrigação de dar, mas antes da efetiva entrega. Como é obrigação de dar coisa 
certa, não sendo possível a entrega de outro bem equivalente, qual é a consequência? Quem suporta o prejuízo? 
É isso que a prova exigirá de você saber e as possibilidades são muitas, pois pode ser com culpa ou sem culpa do 
devedor, pode ser um dar ou um restituir, pode ser perda ou deterioração ou até mesmo uma melhora no bem. 
 
Questão recorrente em certames, apresento um macete para que você, caro leitor, conheça todos os ca-
sos previstos nos citados artigos. Basta conhecer uma regra básica, à qual somamos duas regras acessórias lógi-
cas: 
 
REGRA BÁSICA: Se o devedor teve culpa na perda do bem, a regra sempre será a mesma: deverá pa-
gar ao credor o equivalente acrescido de perdas e danos. Se o devedor não teve culpa na perda do bem, a regra 
será sempre a mesma: res perit domino (a coisa perece para o dono), será dele o prejuízo. E quem é o dono? 
Depende se a obrigação é de dar ou de restituir. Na obrigação de dar, antes da entrega o dono é o devedor, pois 
a aquisição da propriedade só se dá com a entrega do bem. Na obrigação de restituir, o dono é o credor, pois ele 
sempre foi o dono, uma vez só ter emprestado para o devedor. 
 
REGRA ACESSÓRIA 1: Se ao invés de perda, houver apenas deterioração do bem, a solução é a mes-
ma, mas com uma diferença: ele poderá optar entre a solução da perda supramencionada ou receber o bem dete-
riorado, abatendo-se o valor da deterioração. 
 
REGRA ACESSÓRIA 2: Se a coisa perece para o dono, a coisa também melhora para o dono, ou seja, 
se, ao invés da perda ou deterioração, houver uma melhora no bem antes da entrega, quem dela se beneficiará 
será o dono. 
 
Vamos analisar, com base no macete apresentado, as regras dos arts. 234 a 242 do CC. Qual a conse-
quência da perda, deterioração ou melhora do bem antes da tradição, no caso da prestação de dar e no caso da 
prestação de restituir? 
 
a) Prestação de dar, perda do bem, com culpa do devedor (art. 234): Devedor de um carro por tê-lo vendido 
ao credor, mas antes da entrega o destrói porque provoca um acidente com perda total do carro por dirigir embri-
agado. Será devedor no equivalente (devolve o valor recebido ou não o recebe) acrescido de perdas e danos. 
 
b) Prestação de dar, perda do bem, sem culpa do devedor (art. 234): Devedor de um carro por tê-lo vendido 
ao credor, mas antes da entrega o carro cai em uma ribanceira por ser levado pela correnteza da inundação pro-
vocada por violenta tempestade. Consequência: resolve-se a obrigação, o que significa desfazer o negócio. Veja 
que o dono (devedor do carro) sofreu a perda, pois ficou sem o carro e sem o dinheiro. 
 
c) Prestação de dar, deterioração do bem, com culpa do devedor (art. 236): Devedor de um carro por tê-lo 
vendido ao credor, mas antes da entrega o amassa ao bater por dirigir embriagado. O credor poderá escolher 
entre receber o equivalente mais perdas e danos ou aceitar o bem no estado em que se acha acrescido de perdas 
e danos, incluindo o abatimento do valor em razão da deterioração. 
 
d) Prestação de dar, deterioração do bem, sem culpa do devedor (art. 235): Devedor de um carro por tê-lo 
vendido ao credor, mas antes da entrega o carro é amassado por bater em um poste ao ser levado pela corrente-
za da inundação provocada por violenta tempestade. Consequência: credor poderá optar em resolver a obrigação 
(desfazer o negócio) ou aceitar o carro amassado, abatendo do seu preço o valor perdido pela deterioração. Note 
que é o dono (devedor do carro) que sofre a perda, pois ficou sem dinheiro e com o carro amassado ou sem o 
carro pagando pela deterioração. 
 
e) Prestação de dar, melhora do bem (art. 237): Devedor de uma fazenda por tê-la vendido ao credor, mas an-
tes da entrega o bem se valoriza em razão do acréscimo de terra trazido pela correnteza das águas (fenômeno 
chamado de avulsão). O vendedor poderá pedir aumento de preço, pois é o dono e ele se beneficia com a vanta-
gem. Se o comprador não aceitar pagar o acréscimo, poderá o vendedor resolver a obrigação, ou seja, desfazer a 
venda. E se, ao invés de melhoramento ou acrescido, o bem deu frutos? Os frutos percebidos ou colhidos antes 
da tradição são do devedor, pois ele ainda é dono do bem, mas se pendente quando da tradição, será do credor, 
pois o bem acessório segue a sorte do bem principal. Assim, se o devedor vende uma cadela para entregar tempo 
depois e antes da entrega fica prenha, se na época da entrega o filhote já nasceu será do vendedor, mas se esti-
ver na barriga dacadela na época da entrega, será do comprador. 
 
 
 
 
 
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f) Prestação de restituir, perda do bem, com culpa do devedor (art. 239): Devedor de um carro por tê-lo rece-
bido emprestado do credor, mas antes da entrega o destrói porque provoca um acidente de perda total do carro 
por dirigir embriagado. Será devedor no equivalente (indeniza o valor do carro) acrescido de perdas e danos. 
 
g) Prestação de restituir, perda do bem, sem culpa do devedor (art. 238): Devedor de um carro por tê-lo em 
empréstimo do credor, mas antes da entrega o carro cai em ribanceira levado pela correnteza da inundação pro-
vocada por tempestade. O dono é o credor e ele sofre a perda, ou seja, o devedor não terá que indenizá-lo da 
perda do carro. 
 
h) Prestação de restituir, deterioração do bem, com culpa do devedor (art. 240): Devedor de um carro por tê-
lo recebido emprestado do credor, mas antes da entrega o amassa ao bater por dirigir embriagado. O credor po-
derá escolher entre receber o equivalente mais perdas e danos ou aceitar o bem no estado em que se acha 
acrescido de perdas e danos, incluindo o abatimento do valor em razão da deterioração. 
 
i) Prestação de restituir, deterioração do bem, sem culpa do devedor (art. 240): Devedor de um carro por tê-
lo recebido emprestado do credor, mas antes da entrega o carro é amassado por bater em um poste ao ser levado 
pela correnteza da inundação provocada por violenta tempestade. O dono é o credor, que sofrerá a perda, pois a 
lei diz que ele receberá o bem deteriorado sem direito de indenização. 
 
j) Prestação de restituir, melhora do bem (art. 241 e 242): Devedor de uma fazenda por tê-la recebida empres-
tada do credor, mas antes da entrega o bem se valoriza em razão do acréscimo de terra trazido pela correnteza 
das águas (fenômeno chamado de avulsão). Por evidente, será do credor o ganho, pois ele é o dono do bem, 
recebendo-o de volta valorizado, desobrigado de indenizar. Se para o melhoramento ou acréscimo houve trabalho 
do devedor, é benfeitoria, razão pela qual o art. 242 do CC determina aplicar as regras do direito de indenização 
que o possuidor de boa-fé e de má-fé tem em razão das benfeitorias que faz no bem. 
 
2.1.2. Obrigação de dar coisa incerta 
 
É a obrigação de dar um gênero em certa quantidade, como na venda de três cavalos de uma fazenda. 
Em dado momento, os bens a serem entregues deverão ser escolhidos, o que chamamos de concentração da 
prestação. A quem cabe a escolha? A quem definido no contrato. Se nada for dito, a escolha caberá ao devedor, 
que não poderá escolher o pior nem ser obrigado a escolher o melhor. 
 
Feita a escolha, a obrigação de dar coisa incerta se transforma em obrigação de dar coisa certa, aplican-
do-se as regras que lhe são próprias. No entanto, se antes da escolha o bem se perder ou se deteriorar, mesmo 
que por caso fortuito ou motivo de força maior, o devedor não se exime de cumprir a prestação, pois o gênero não 
perece, podendo o bem ser substituído por outro da mesma espécie para ser entregue ao credor. 
 
2.2. Obrigação de fazer 
 
A obrigação de fazer é aquela em que a prestação do devedor consiste na realização de uma atividade, 
como na contratação da prestação de um serviço. A obrigação de fazer pode ser de dois tipos: personalíssima 
(infungível) ou não personalíssima (fungível). Será personalíssima quando só o devedor puder cumprir a presta-
ção, como na contratação de um pintor famoso para pintura do retrato do credor em um quadro. Será não perso-
nalíssima quando não só o devedor, mas outra pessoa também puder cumprir a prestação, como a contratação de 
um pintor para pintura das paredes de uma casa. 
 
Por que diferenciar? Se for obrigação personalíssima e o devedor se recusa a cumpri-la ou por sua culpa 
se tornou impossível, responde por perdas e danos. Se for obrigação não personalíssima, poderá o credor optar 
em reclamar indenização por perdas e danos ou mandar executar às custas do devedor. Como isso é feito? Ajui-
zamento de ação com orçamento do serviço, pedindo condenação do devedor do fazer a pagar. Todavia, se for 
urgente, poderá o credor mandar executar o fato independente de prévia autorização judicial, buscando em juízo 
depois o ressarcimento do que foi gasto. 
 
As obrigações de fazer podem ser classificadas em obrigação de meio e de resultado ou de fim. Nas 
obrigações de resultado, o devedor se vincula a atingir determinado resultado, sob pena de inadimplemento e, 
consequentemente, dever de indenizar perdas e danos. Já na obrigação de meio, o devedor não se vincula a atin-
gir determinado resultado, mas sim a corresponder no meio para atingi-lo, ou seja, a empregar a diligência na 
busca do resultado. Não responde se o resultado não for atingido, apenas se não empregou a diligência necessá-
ria. Um advogado ou um médico tem obrigação de meio, enquanto que, segundo a jurisprudência do STJ, o cirur-
capítulo 1 • 10
Competência
Organização judiciária brasileira
No Brasil, os órgãos que compõem o Poder Judiciário ocupam se principal-
mente da função jurisdicional, à exceção do CNJ, visto acima, que possui fun-
ção administrativa e regulamentar. O art. 92 da Carta de 1988 nos apresenta os 
Órgãos do Poder Judiciário1.
Ressalta-se, ainda, que a Organização Judiciária tem natureza preponderan-
temente administrativa, mas seus temas sempre estão, em algum grau, ligados à 
dinâmica do processo e do exercício da jurisdição, já que suas normas abrangem 
não somente matéria pertinente à composição e atribuição de juízos e Tribunais, 
mas também à constituição da Magistratura, distribuição dos órgãos auxiliares, 
condições de disciplina do foro etc.
A Justiça Federal de primeira instância é disciplinada pela Lei de Organização 
Judiciária Federal (instituída pela Lei n. 5.010, de 1966), ao passo que cada Estado 
membro da Federação tem sua própria Lei de Organização Judiciária.
A Justiça Federal comum (art. 106 da CF), por sua vez, é composta pelos 
Tribunais Regionais Federais – inovação da CF/88, que extinguiu o Tribunal 
Federal de Recursos – e pelos juízos federais de 1ª instância. A composição dos 
TRFs encontra se prevista no art. 107 da CF, estando sua sede e competência ter-
ritorial disciplinadas pela Lei 7.727/89 (art. 107, § 1º, da CF).
São regionais, podendo compreender mais de uma região geográfica – atual-
mente há 5, com sede no Distrito Federal, no Recife, no Rio de Janeiro, em São 
Paulo e em Porto Alegre.
Têm competência originária (art. 108, I, da CF) e recursal (art. 108, II, da 
CF), para as causas conhecidas originalmente pelos juízes federais (art. 109 da CF). 
Já os juízos federais de 1º grau são divididos em seções judiciárias, que são agrupadas 
1 Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
 I – o Supremo Tribunal Federal;
 I A – o Conselho Nacional de Justiça;
 II – o Superior Tribunal de Justiça;
 III – os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
 IV – os Tribunais e Juízes do Trabalho;
 V – os Tribunais e Juízes Eleitorais;
 VI – os Tribunais e Juízes Militares;
 VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
capítulo 1 • 11
em regiões correspondentes a cada um dos Tribunais Regionais Federais, com sede 
nas respectivas capitais (art. 110 da CF).
As seções judiciárias, por seu turno, podem ser divididas em subseções, o que 
permite a interiorização da Justiça Federal Comum, contribuindo para o acesso à 
Justiça pela eliminação de obstáculos de natureza geográfica.
A competência dos juízos federais de 1ª instância deflui do art. 109 da 
Constituição e se determina, sobretudo, nas “causas em que a União, entidade 
autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, 
rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidente de trabalho e 
as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho” (art. 109, I, da CF). Ao lado 
dos TRFs e dos juízos de 1ª instância, existem os Juizados EspeciaisFederais (art. 
98, § 1º, da CF; Lei n. 10.259/2001). Estes compreendem órgãos de primeira e 
segunda instâncias (art. 14 da Lei n. 10.259/2001).
A Justiça Estadual comum é estruturada pelos preceitos estabelecidos pela 
Constituição Federal (arts. 93 a 100 e 125), pela Constituição Estadual (que defi-
nirá a competência dos Tribunais), bem como pelas respectivas Leis de Organização 
Judiciária (art. 125, § 1º, da CF).
É composta pelos Tribunais de Justiça (TJ) – órgãos de 2ª instância – com 
competência sobre todo o Estado e situados em sua capital; pelos órgãos de 1º 
grau, como os juízes de direito; e o Tribunal do Júri, competente para os crimes 
dolosos contra a vida. 
Ademais, a Constituição Federal facultou aos Estados e ao Distrito Federal, 
em seu art. 98, a criação dos Juizados Especiais, regulados pela Lei n. 9.099/95, 
tendo competência civil e criminal, e compreendendo órgãos de 1ª e 2ª instâncias 
(Turma ou Conselho Recursal, integrado por Juízes e não por Desembargadores).
No âmbito estadual, a partir de 22 de dezembro de 2009, com a Lei n. 
12.153, foram previstos os Juizados Especiais da Fazenda Pública para os Estados, 
o Distrito Federal e os Territórios, sendo que estes, junto com os Juizados Especiais 
Cíveis e Criminais, passarão a integrar o “Sistema dos Juizados Especiais”. Os 
Juizados da Fazenda Pública têm competência absoluta para processar, conciliar, 
julgar e executar as causas cíveis, de interesse dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, cujo valor não ultrapasse 60 (sessenta) salários mínimos, podendo 
ser réus os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como as Autarquias, 
Fundações e Empresas Públicas a ele vinculadas (art. 5º).
capítulo 1 • 12
Uma última observação sobre a nova dimensão da competência da Justiça do 
Trabalho, após a Emenda Constitucional n. 45/20042 .
O Supremo Tribunal Federal já vinha reconhecendo a necessidade do alarga-
mento da competência da Justiça do Trabalho, após o advento da Emenda n. 45. 
Desse modo, a Justiça do Trabalho julgará não apenas ações trabalhistas, mas tam-
bém relações provenientes desta. Por exemplo: discutirá o pagamento de salário e 
possível dano civil decorrente de emprego. Esse entendimento foi acolhido pelo 
STJ, levando ao cancelamento da Súmula 3663.
Essa reformulação de competências gerou duas ADIs, nas quais o STF inter-
pretou conforme a Constituição a dita violação ao pacto federativo ao passar para 
o âmbito federal (Justiça do Trabalho) o que era estadual: na ADI 2.295-6, deci-
diu-se que não se aplica o art. 114 para servidores públicos e para a Administração 
Indireta, devendo ser julgados na Vara de Fazenda Pública se estaduais ou muni-
cipais e na Vara Federal se servidores federais. Já a ADI 3.684-0 excluiu quaisquer 
questões penais da Justiça do Trabalho.
Nessa linha de raciocínio, o STJ4 já decidiu que compete à Justiça do Trabalho 
processar e julgar ação de execução por quantia certa, proposta por empregador 
em face de seu ex-empregado, na qual sejam cobrados valores relativos a contrato 
de mútuo celebrado entre as partes para o então trabalhador adquirir veículo au-
tomotor particular destinado ao exercício das atividades laborais, já que a compe-
tência para julgamento de demanda levada a juízo é fixada em razão da natureza 
da causa, que é definida pelo pedido e pela causa de pedir deduzidos.
2 A atual redação do art. 114 do texto constitucional é a seguinte:
 Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
 I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração 
pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
 II – as ações que envolvam exercício do direito de greve;
 III – as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos 
e empregadores;
 IV – os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita 
à sua jurisdição;
 V – os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o;
 VI – as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;
 VII – as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização 
das relações de trabalho;
 VIII – a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, 
decorrentes das sentenças que proferir;
 IX – outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.
3 CC 101.977 SP, rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 16 9 2009, Informativo STJ, n. 407.
4 CC 124.894-SP, rel. Min. Raul Araújo, j. em 10-4-2013, Informativo STJ, n. 520.
capítulo 1 • 13
Competência
Conceito
Embora seja corrente na doutrina a concepção de competência como “medi-
da da jurisdição”5, sendo a função jurisdicional una e indivisível, afigura se mais 
apropriado referir se ao instituto como os limites em que cada órgão jurisdicional 
exerce, de forma legítima, tal função conferida ao Estado, ou seja, é como se a 
competência fosse o “freio” da jurisdição, definindo as hipóteses em que o magis-
trado julgará. Trata-se da delimitação da função jurisdicional do órgão.
A competência tem natureza jurídica de pressuposto processual, assim como a 
imparcialidade do magistrado.
Essa restrição ao exercício da jurisdição resulta da lei, que traçará os limites 
dentro dos quais ela será exercida. 
A partir daí se infere que nem todo órgão que tem jurisdição é competen-
te para julgar, aleatoriamente, todas as causas apresentadas, devendo obedecer a 
determinadas regras, previamente traçadas, a fim de que se alcance a melhor e 
mais eficiente prestação da atividade jurisdicional, por meio dos diversos órgãos 
judiciais existentes, que, dentro dos limites de sua competência, atuam com plena 
independência, ou seja, a todos os órgãos atribui se jurisdição, mas, para que cada 
um se dedique apenas a uma parcela dessa extensa e complexa função, é delimita-
da sua atuação6. 
Princípios gerais
Juiz natural
Segundo esse princípio, que rege todo o instituto da competência, toda es-
trutura jurisdicional é concebida de forma a haver apenas um órgão jurisdicional 
competente para examinar determinada causa. Não se nega o princípio da unida-
de da jurisdição, mas por meio desse princípio ocorre a concretização, baseada em 
normas constitucionais, ordinárias e infralegais, do exercício da função jurisdicio-
nal. Além disso, exige se que a determinação desse órgão competente se dê por 
critérios abstratos e previamente estabelecidos, vedando sua fixação a posteriori. 
5 CARNEIRO, Athos Gusmão. Jurisdição e competência. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1993, p. 45.
6 FUX, Luiz. Teoria Geral do Processo Civil, 2a edição, Rio de Janeiro: GEN, 2016, p. 94.
 
 
 
 
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2 
1- ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO 
 
A Constituição da República Federativa do Brasil foi promulgada no dia 5 de outubro de 1988 e é dividida em 3 
(três) partes: Preâmbulo, corpo fixo (ou parte dogmática) e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias 
(ADCT). 
 
Para o STF (ADI 2076), o preâmbulo é desprovido de normatividade, não serve de parâmetro de controle de cons-
titucionalidade das leis, tampouco é de reprodução obrigatória nas Constituições Estaduais. Não há hierarquia 
entre as normas do corpo fixo e as do ADCT e ambas servem, em regra, como parâmetro de controle de constitu-
cionalidade. 
 
As normas constitucionais (corpo fixo e ADCT) são divididas em normas constitucionais originárias e normas cons-
titucionais derivadas. As originárias foram promulgadas no dia 5.10.88 e são presumidas absolutamente constitu-
cionais; as derivadas foram inseridas ao texto por meio das Emendas e gozam de presunção relativa de constitu-
cionalidade, ou seja, estão sujeitas ao controle de constitucionalidade.2- PODER REFORMADOR 
 
Como a Constituição de 1988 é rígida (ou super-rígida segundo alguns autores), adota um procedimento mais 
formal e dificultoso para a sua alteração. E este procedimento se encontra no art. 60, que apresenta uma série de 
limitações que devem ser observadas, como a seguir apresentamos. 
 
► Temporais – Segundo doutrina majoritária, não há limitações dessa natureza no art. 60 da CRFB/88. 
A Constituição Imperial de 1824 foi a única que trouxe limitações temporais, fixando no art. 174 que nos 4 
anos posteriores à outorga da Constituição esta não poderia sofrer qualquer alteração. 
► Circunstanciais – art. 60 § 1º. Durante a intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio não é 
possível aprovar alteração do texto da Constituição. São situações de crise, de anormalidades institucio-
nais. Então o objetivo foi de evitar alterações casuísticas. 
► Formais ou processuais – art. 60, I, II e III §§ 2º, 3º e 5º. 
 
A) Iniciativa (art.60, I, II e III): o rol dos legitimados para propor a alteração da Constituição é taxativo. 
 
A legitimidade é concorrente, ou seja, não é necessário que todos os legitimados ajam em conjunto; basta que um 
deles apresente o projeto de emenda. 
 
• 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou 1/3, no mínimo, dos membros do Senado Federal; 
• Presidente da República; 
• Mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, que se manifestem pela maioria rela 
tiva (simples) de seus membros. 
 
Atenção! Não há legitimidade popular para apresentação da PEC! 
 
B) Elaboração (art.60, § 2º): Apresentada a proposta perante o Congresso Nacional, ela será discutida e votada 
em dois turnos, em cada casa separadamente. Será considerada aprovada quando conseguir 3/5 dos votos dos 
membros de cada Casa, em cada turno de votação. 
 
 Câmara dos Deputados – 3/5 equivalem a 308 votos 
 Senado Federal – 3/5 equivalem a 49 votos 
 
• Casa iniciadora: Em regra, será a Câmara dos Deputados (na forma do art. 64, caput). O Senado fica com o 
papel de cada revisora, salvo se iniciar o processo legislativo, pois nessa hipótese, haverá inversão na ordem de 
votação entre as casas, e a Câmara ficará com o papel de casa revisora. 
 
C) Promulgação (art.60, § 3º): Aprovada a proposta nas duas Casas, a emenda será promulgada pelas Mesas da 
Câmara dos Deputados e do Senado, com o respectivo número de ordem. Não há sanção ou veto do Presidente 
da República no que tange à PEC (proposta de emenda à Constituição). 
D) Rejeição da PEC: Matéria objeto de PEC rejeitada ou prejudicada não pode ser reapresentada na mesma ses-
são legislativa! Cuidado: A sessão legislativa vai de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezem-
bro. 
 
 
 
 
 
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2 
– Salário e Remuneração 
 
Art. 457, CLT - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário 
devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber 
 
§ 1º - Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratifi-
cações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador. 
 
§ 2º - Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 
50% (cinqüenta por cento) do salário percebido pelo empregado. 
 
§ 3º - Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como tam-
bém aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a 
distribuição aos empregados. 
 
Súmula 354, TST - GORJETAS. NATUREZA JURÍDICA. REPERCUSSÕES (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 
e 21.11.2003. 
 
As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes, inte-
gram a remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso-prévio, adicional 
noturno, horas extras e repouso semanal remunerado. 
 
Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que 
resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu 
domicílio . 
 
§ 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da 
que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pa-
gamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia na-
quela localidade, enquanto durar essa situação. 
 
Súmula 101, TST - DIÁRIAS DE VIAGEM. SALÁRIO (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 292 da SBDI-1) 
- Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. 
 
Integram o salário, pelo seu valor total e para efeitos indenizatórios, as diárias de viagem que excedam a 50% 
(cinqüenta por cento) do salário do empregado, enquanto perdurarem as viagens. (primeira parte - ex-Súmula nº 
101 - RA 65/1980, DJ 18.06.1980; segunda parte - ex-OJ nº 292 da SBDI-1 - inserida em 11.08.2003). 
 
Art. 458, CLT - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a ali-
mentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do cos-
tume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas 
ou drogas nocivas. 
 
§ 1º Os valores atribuídos às prestações "in natura" deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em 
cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do salário-mínimo (arts. 81 e 82) 
 
§ 2
o
 Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedi-
das pelo empregador: 
 
I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, 
para a prestação do serviço; 
II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrí-
cula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; 
III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte 
público; 
IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde; 
V – seguros de vida e de acidentes pessoais; 
VI – previdência privada; 
VII – (VETADO) 
VIII – vale - cultura 
 
 
 
CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 3 
 
OS: 0020/10/16-Gil 
OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM 
DIREITO EMPRESARIAL 
Prof. Giovani Magalhães 
Apostila 2017 
 
 
I. INTRODUÇÃO AO DIREITO EMPRESARIAL 
Empresário é toda pessoa, natural ou jurídica, que profissionalmente exerce uma atividade econômica organizada para a 
produção ou circulação de bens ou de serviços (art. 966, caput, CC), cabendo destacar que são espécies de empresários 
admitidas no direito brasileiro: o empresário individual, a sociedade empresária e a empresa individual de responsabilidade 
limitada – Eireli1. 
Os sócios e os administradores, juridicamente, não se enquadram no conceito jurídico de empresário estabelecido pelo art. 
966 do Código Civil. Tratam-se, em verdade, de funções societárias em que os sócios devem ser visto como empreendedores 
ou investidores – porque destinam parcela de seu patrimônio para o financiamento de determinada atividade econômica, 
buscando retirar desta o maior retorno financeiro possível – e os administradores, enquanto mandatários – porque recebem 
o poder de administrar uma sociedade, seja esta simples ou empresária2. 
Uma importante distinção introdutória em matéria de direito empresarial é a que se refere às sociedades, simples ou 
empresárias: 
 Sociedade Empresária Sociedade Simples 
Regra Geral: 
Objeto Social (art. 982, caput) Art. 966, caput Art. 966, p. único 
Exceções: 
1. A Lei (art. 982, p. único) S/A, sempre Cooperativa, sempre 
2. ORegistro (art. 984) Rural, facultativo Rural, facultativo 
 
É importante considerar, acerca da capacidade para os atos da vida empresarial: 
Capacidade 
Para ser empresário individual Para ser sócio em sociedade empresária 
Regra geral 18 anos completos, ou por um 
dos casos de emancipação. 
(Art. 972, CC) 
Regra geral 18 anos completos, ou por um dos casos de 
emancipação. 
(Art. 104, I, CC) 
Incapazes Não podem ser empresários, mas 
podem continuar o exercício da 
empresa, a depender de prévia 
decisão judicial. 
(Art. 974, CC) 
Incapazes Podem ser sócios, desde que: sejam 
devidamente representados ou assistidos; não 
sejam administradores; e tenham 
responsabilidade limitada. 
(Art. 974, §3º, CC) 
Impedidos Estão proibidos, mas acaso 
venham a se envolver em 
atividade própria de empresário, 
responderão pelas obrigações 
contraídas. 
(Art. 973, CC) 
Impedidos Podem ser sócios, desde que: não sejam 
administradores; e tenham responsabilidade 
limitada. 
Empresário 
casado 
Poderão alienar ou gravar de 
ônus reais os imóveis relativos ao 
patrimônio da empresa sem 
necessitar de outorga conjugal. 
(Art. 978, CC) 
Sociedade entre 
cônjuges 
Regra geral, é possível. Porém, não podem ser 
sócios numa mesma sociedade contratual, 
cônjuges casados pelo regime da separação 
obrigatória ou da comunhão universal. 
(art. 977, CC) 
 
 
1 Dica 1, de Direito Empresarial, do Manual de Dicas: defensoria pública – federal e estadual, de nossa autoria, publicado pela Editora Saraiva e coordenado 
por Marcelo Hugo da Rocha. 
2 Dica 2, de Direito Empresarial, do Manual de Dicas: defensoria pública – federal e estadual, de nossa autoria, publicado pela Editora Saraiva e coordenado 
por Marcelo Hugo da Rocha. 
 
 
 
CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 4 
 
OS: 0020/10/16-Gil 
OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM 
O Contrato de trespasse é o contrato que tem por objeto a alienação de estabelecimentos empresariais. Acerca do trespasse 
é válido mencionar: 
 
Contrato de Trespasse 
Requisitos de validade O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do 
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem 
da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de 
Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial (art. 1.144, CC). Se ao alienante 
não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do 
estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento 
destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação (art. 1.145, 
CC). 
Sucessão empresarial O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à 
transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo 
solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da 
publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento (art. 1.146, CC). 
Proibição de concorrência Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer 
concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência. No caso de 
arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição persistirá durante o prazo do 
contrato (art. 1.147, CC). 
Sub-rogação contratual Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos 
contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter 
pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da 
publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a 
responsabilidade do alienante (art. 1.148, CC). 
Cessão de créditos A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em 
relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, 
mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente (art. 1.149, CC). 
 
Sobre os livros empresariais, frise-se: 
 
Livros Empresariais 
Livros obrigatórios: a lei impõe a sua escrituração 
Comum todo empresário deve escriturar 
Especiais apenas os empresários que se encontrem em determinadas 
situações devem escriturá-los, além do livro comum 
Livros facultativos: o empresário escritura quando facilitar a escrituração do livro obrigatório ou o 
gerenciamento da atividade 
 
Atualmente, o livro obrigatório comum é o Livro Diário. Todo e qualquer empresário deve mantê-lo, independentemente do 
tamanho e do tipo jurídico, por força de lei. Apesar disto, atualmente, o Código Civil admite a sua substituição por fichas 
quando a escrituração for mecanizada ou eletrônica. No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do 
documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa. 
Requisitos de Escrituração dos Livros Empresariais 
Intrínsecos Conteúdo Art. 1.183, CC A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e 
em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem 
intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas 
ou transportes para as margens. 
Extrínsecos Formalidade Art. 1.181, CC Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o 
caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no 
Registro Público de Empresas Mercantis. 
Art. 1.182, CC Sem prejuízo do disposto no art. 1.174, a escrituração ficará sob a 
responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se 
nenhum houver na localidade. 
 
 
 
 
 
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2 
1. INTRODUÇÃO 
 
São três os sistemas processuais penais existentes no ordenamento jurídico: a) sistema inquisitório ou inquisidor; 
b) sistema acusatório; c) sistema misto, reformado, napoleônico ou acusatório formal. 
 
1.1. SISTEMA INQUISITÓRIO 
No sistema inquisitivo é o juiz quem detém a reunião das funções de acusar, julgar e defender o investigado – que 
se restringe à mero objeto do processo. A ideia fundante deste sistema é: o julgador é o gestor das provas, i.e., o 
juiz é quem produz e conduz as provas. 
O sistema inquisidor possui as seguintes características: a) reunião das funções: o juiz julga, acusa e defende; b) 
não existem partes – o réu é mero objeto do processo penal e não sujeito de direitos; c) o processo é sigiloso, isto 
é, é praticado longe “aos olhos do povo”; d) inexiste garantias constitucionais, pois se o investigado é objeto, não 
há que se falar em contraditório, ampla defesa, devido processo legal etc.; e) a confissão é a rainha das provas 
(prova legal e tarifação das provas); e f) existência de presunção de culpa? O réu é culpado até que se prove o 
contrário. 
O juiz, gestor da prova, busca a prova para confirmar o que pensa (subjetivismo) sobre o fato (ideia pré-
concebida), onde as provas colhidas são utilizadas apenas para comprovar seu pensamento. Ele irá fabricar as 
provas para que confirme sua convicção sobre o crime e o réu. Para tanto, utiliza-se principalmente da confissão 
do réu, obtida mediante tortura ou outro meio cruel, para obter as respostas que lhe convir. Em outras palavras, o 
julgador – representante de Deus na Terra – produz provas para confirmar o fato, utilizando-se de todos os meios 
– lícitos ou não (máxima de Maquiavel) – para obter a condenação do objeto da relação processual. 
Também, é neste período que as provas são tarifadas/valoradas. O testemunho de um clero ou nobre possuíam 
valores muito maiores, por exemplo, ao de uma mulher. A confissão é absoluta e irretratável (daí a expressão 
rainha das provas). 
 
1.2. SISTEMA ACUSATÓRIO 
Diversamente do sistema inquisitório, sua antítese é o sistema processual acusatório, que possui como princípio 
unificador o fato de o gestor da prova ser pessoa/instituição diversa do julgador. Há, pois, nítida separação entre 
as funções de acusar, julgare defender, o que não ocorria no sistema inquisitivo. Destarte, o juiz é imparcial e 
somente julga, não produz provas e nem defende o réu. 
Para facilitar a compreensão desse sistema, eis suas principais características: a) as partes são as gestoras das 
provas; b) há separação das funções de acusar, julgar e defender; c) o processo é público, salvo exceções deter-
minadas por lei; d) o réu é sujeito de direitos e não mais objeto da investigação; e) consequentemente, ao acusa-
do é garantido o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal, e demais princípios limitadores do poder 
punitivo; f) presume-se a não culpabilidade (ou a inocência do réu); g) as provas não são taxativas e não possuem 
valores preestabelecidos. 
 
 
Para diferenciar o sistema acusatório do sistema inquisitório, observe-se o quadro abaixo: 
Características/sistemas Sistema inquisitório Sistema acusatório 
Princípio unificador O juiz é o gestor das provas. 
As partes é que são gestoras das pro-
vas. 
Funções acusar, defender e 
julgar 
Reunidas nas mãos do juiz. Separadas. 
Atos do processo Sigilosos. 
A regra é a publicidade dos atos do 
processo, salvo exceções legais. 
Réu Objeto da investigação. Sujeito de direitos. 
Garantias 
Não há contraditório, ampla defesa ou devido 
processo legal. 
Todas as garantias constitucionais ine-
rentes ao julgamento. 
Provas 
Taxativas, onde a confissão é a rainha das pro-
vas. 
Livre convencimento do juiz e devida-
mente motivadas. 
Presunção 
De culpabilidade, podendo utilizar-se de torturas 
e meios cruéis para obter a confissão. 
De não culpabilidade ou de inocência. 
 
 
 
 
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3 
Julgador É parcial. É imparcial, eqüidistantes das partes. 
 
Ainda, com relação às provas, no sistema acusatório puro, não é possível a realização/determinação de provas 
pelo juiz, de ofício, sob pena de fazer às vezes das partes (neste sentido, Luiz Flávio Gomes, Mirabete, Tourinho 
Filho, Scarance, etc.), embora haja entendimento diverso (Paulo Rangel, Norberto Avena etc.). A corrente contrá-
ria fundamenta-se no princípio da verdade real, no entanto, esse princípio, como parte do sistema acusatório, e 
diante de sua interpretação teleológica e sistemática, não permite – por si só – que o juiz produza provas ou recor-
ra de ofício, v.g., sem determinação pelas partes (p. ex Lei de Falências, Lei de Economia Popular, Lei do Crime 
Organizado, Lei de Interceptação Telefônica, demais dispositivos do CPP). 
Contudo, em um sistema acusatório não puro (ou aparência acusatória), como adotado pelo ordenamento jurídico 
brasileiro, é possível a realização de provas – ex officio – pelo julgador. Todavia, nosso Código de Processo Penal 
(e não o processo penal que não está adstrito ao CPP) ainda resguarda resquícios de um sistema processual 
penal misto, conforme veremos a seguir. 
 
1.3. SISTEMA MISTO 
Por fim, o sistema processual misto contém as características de ambos os sistemas supracitados. Possui duas 
fases: a primeira, inquisitória e a segunda, acusatória. 
A primeira fase é a da investigação preliminar. Tem nítido caráter inquisitório em que o procedimento é presidido 
pelo juiz, colhendo provas, indícios e demais informações para que possa, posteriormente, embasar sua acusação 
ao Juízo competente. Obedece as características do sistema inquisitivo, em que o juiz é, portanto, o gestor das 
provas. 
A segunda fase é a judicial, ou processual propriamente dita. Aqui, existe a figura do acusador (MP, particular), 
diverso do julgador (somente o juiz). Trata-se de uma falsa segunda fase, posto que, embora haja as demais ca-
racterísticas de um sistema acusatório, o princípio unificador (ideia fundante) ainda reside no juiz como gestor da 
prova. 
Há uma corrente doutrinária que diz que o sistema processual brasileiro é misto (Tornaghi, Mougenot), aduzindo 
sua dupla fase: a) a fase investigatória, de características inquisitórias, visto que é pré-processual; b) fase judicial, 
com características acusatórias, iniciada após o recebimento da denúncia ou queixa. A crítica a esta corrente cin-
ge-se ao caráter administrativo (extraprocessual) da investigação preliminar (inquérito policial, p. ex.). 
 
2. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS 
 
2.1. Inércia (Ne procedat iudex ex officio) (artigo 129, I, CRFB/88) 
Como sabemos, a jurisdição é inerte, de forma a garantir a imparcialidade do órgão julgador. 
A inércia decorre do sistema acusatório, que foi opção clara do legislador constituinte que, no artigo 129, inciso I 
da Constituição, entregou ao Ministério Público a privatividade da ação penal pública. 
Caracterizam um sistema acusatório um processo triangular no qual as três funções processuais são entregues a 
entes distintos da relação jurídica, prevalecendo a inércia e a imparcialidade do juiz e o contraditório e ampla de-
fesa, consequência de um processo dialético, que busca garantir a igualdade entre as partes. 
Assim, o princípio da inércia ou da demanda impede que o juiz instaure o processo por iniciativa própria, exigindo-
se a provocação jurisdicional por parte do titular do direito alegado, que no Brasil é, via de regra, o Estado, que se 
faz presente através do Ministério Público. 
Num processo acusatório, acusação, defesa e julgamento estão nas mãos de órgãos distintos, em contraposição 
ao sistema inquisitivo ou inquisitório, no qual as funções de acusar, defender e julgar são realizadas pelo mesmo 
órgão. 
Contudo, apesar de inúmeras críticas, é certo que o nosso sistema processual penal não se caracteriza como um 
acusatório puro uma vez que se verificam inúmeros vestígios inquisitivos no nosso ordenamento jurídico mesmo 
após a Constituição de 1988. Por tal motivo, apesar de algumas críticas, fala-se em acusatório misto. 
 
2.2. Favor rei ou Favor libertatis 
É muito comum que textos sobre Processo Penal indiquem que os princípios do favor rei ou favor libertatis e o do 
in dubio pro reo sejam sinônimos. 
No entanto, favor rei é um princípio gênero do qual a espécie mais conhecida, cujo conceito mais se aproxima do 
gênero, consiste no princípio do in dubio pro reo. 
Poderíamos dizer que o princípio mais importante, mais significativo do Processo Penal é o favor rei ou favor liber-
tatis. 
Nós sabemos que o Estado tem o direito de punir, o qual, num primeiro momento, é abstrato, ou seja, decorre da 
previsão legal de uma conduta punível, já que o legislador estabeleceu uma norma incriminadora. Então, todos 
devem se abster de praticar aquela conduta, prevista na lei como crime, já que o Estado tem o direito abstrato de 
 
 
 
 
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punir quem venha a violar a norma penal. Mas, apesar disso, o indivíduo pratica a conduta criminosa e, nesse 
momento, aquele direito abstrato de punir do Estado se concretiza naquela hipótese. Mas, ainda assim, o Estado 
não pode auto-executar a sanção. O que se deve fazer, então? 
E por que o Estado não pode pegar aquele indivíduo que foi encontrado em estado de flagrância (o que traz uma 
presunção forte de que ele tenha cometido a conduta delituosa) e colocá-lo para cumprir a pena de imediato? A 
resposta poderia ser: em razão do devido processo legal, da ampla defesa, do contraditório, porque ele é presu-
midamente inocente, etc. Isso tudo está certo, mas, na verdade, a resposta correta, ou seja, o que temos que 
entender, é o que está por trás disso. Por que o réu tem direito ao devido processo legal, à ampla defesa, a ser 
considerado presumidamente inocente, etc.? É justamente porque existe algo por trás de todos esses princípios, e 
esse algo é o que se contrapõe ao direito de punir. 
Em oposição ao direito concreto de punir do Estado está o direito à liberdade de cada um de nós, inclusive do 
infrator. O Processo Penal surge na tentativa de dirimir este conflito: direito de punir versus direito à liberdade. 
Problema existe quando surge qualquer tipo de dúvida na solução deste conflito, dúvidas estas que podem ocorrer 
em momentos diversos: na análise de uma nova norma, nasolução de um conflito de duas ou mais normas, na 
análise de um recurso ou ainda na hora do juiz utilizar do seu convencimento para proferir sentença, dentre ou-
tros. Decorrem do favor rei os princípios do in dubio pro reo (encontra-se representado pela absolvição por insufi-
ciência de provas, contida no artigo 386, inciso VII, do CPP), da proibição da reformatio in pejus, da extensibilida-
de das decisões benéficas, o princípio da reserva legal, a irretroatividade da norma penal, a impossibilidade de 
analogia in malam partem, a impossibilidade de revisão criminal pro societate, a impossibilidade do reconhecimen-
to da nulidade, ainda que absoluta, após o trânsito em julgado de sentença absolutória, dentre outros. 
Precisamos, portanto, diferenciar o favor rei, muito mais abrangente e que não está contido especificamente numa 
norma, do in dubio pro reo. 
 
Atenção: Súmula 453 STF- Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do Código de 
Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância 
elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa. 
 
Embora a questão utilizada durante a aula tenha sido uma questão para Tribunais, mencionamos que a própria 
FGV cobrou questão semelhante no primeiro exame unificado. Eis questão: 
 
69. (Exame da Ordem Unificado) João foi denunciado pela prática do crime de furto (CP, art. 155), pois 
segundo narra a denúncia ele subtraiu colar de pedras preciosas da vítima. No decorrer da instrução pro-
cessual, a testemunha Antônio relata fato não narrado na denúncia: a subtração do objeto furtado se deu 
mediante “encontrão” dado por João no corpo da vítima. Na fase de sentença, sem antes tomar qualquer 
providência, o Juiz decide, com base no sobredito testemunho de Antônio, condenar João nas penas do 
crime de roubo (CP, art. 157), por entender que o “encontrão” relatado caracteriza emprego de violência 
contra a vítima. A sentença condenatória transita em julgado para o Ministério Público. O Tribunal, ao jul-
gar apelo de João com fundamento exclusivo na insuficiência da prova para a condenação, deve: 
 
A) anular a sentença. 
B) manter a condenação pela prática do crime de roubo. 
C) abrir vista ao Ministério Público para aditamento da denúncia. 
D) absolver o acusado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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GABARITO: 
 
69 – D 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA 
 
- A matéria está inserida na temática da : sujeição passiva tributária
. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade Art. 121, CTN
pecuniária. 
Parágrafo único. O da obrigação principal diz-se: sujeito passivo
 
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; 
, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa II - responsável
de lei. 
 
- O responsável depende de previsão em : lei
Somente pode estabelecer: (...) a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, Art. 97, CTN. a lei III -
ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, ; e do seu sujeito passivo
 
Sem prejuízo do disposto neste capítulo, pode atribuir de modo expresso a responsabilidade Art. 128, CTN. a lei 
pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsa-
bilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida 
obrigação. 
 
. Salvo disposições de lei em contrário, as , relativas à responsabilidade Art. 123, CTN convenções particulares
pelo pagamento de tributos, podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a do não definição legal sujeito 
das obrigações tributárias correspondentes. passivo 
 
- Classificações da Responsabilidade Tributária:
 
 1. Resp. Pessoal x Resp. Solidária x Resp. Subsidiária;
; 2. Resp. dos Sucessores x Resp. de Terceiros
 3. Resp. por Transferência x 
 Resp. por Substituição (Substituição Tributária).

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