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Folha173 - Cuidado com a ferrugem tardia

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CUIDADO COM A FERRUGEM TARDIA 
J.B. Matiello e S.R. de Almeida – Engs Agrs Mapa e Fundação Procafé 
 
Estamos na época critica para a definição do controle da ferrugem do cafeeiro e, 
ultimamente, surgiram duvidas de como tratar a questão da ferrugem tardia, a infecção que escapa 
dos programas usuais de controle. 
 Sabe-se que o período infectivo da ferrugem, quando o fungo penetra na folhagem, se 
concentra entre novembro-dezembro e março-abril, quando coincidem condições adequadas de 
clima (temperaturas mais altas e umidade das chuvas), com a maior susceptibilidade das plantas, 
devida à transferência de reservas, das folhas para os frutos, na sua granação. Mas, em função do 
período de incubação do fungo na folhagem, a maior infecção vai aparecer um pouco mais tarde, 
entre maio e julho, sobrevindo a desfolha, de julho a setembro. 
 Quando o controle químico fica bem feito, espera-se um nível final de infecção máximo na 
faixa de 10-20% de folhas infectadas, e uma desfolha máxima de 20-30%, nessas condições não 
ocorrendo perdas significativas de produtividade na safra seguinte, em função do ataque da 
ferrugem. 
 Na ocorrência da situação do que chamamos de ferrugem tardia, no entanto, a infecção se 
prolonga até um pouco mais tarde e os níveis finais se situam bem mais altos, na faixa de ate 40-
50% de folhas infectadas, mesmo tendo sido praticado o controle quimico, sobrevindo desfolhas 
superiores a 50-60%, o que já é prejudicial para a produtividade dos cafeeiros. 
 Sabemos que, no controle da ferrugem a época das aplicações é muito importante, e, 
dentro dela, verificou-se que a cobertura do final do ciclo infectivo é mais critica do que o seu 
inicio, uma vez que pequena desfolha inicial pode ser compensada dentro do período de bom re-
enfolhamento. Já, uma desfolha tardia, deixa a planta sem reservas em período essencial, do 
florescimento e de pegamento da florada. 
 Diante dos conhecimentos da pesquisa e tendo em vista as observações das condições 
atuais, relacionadas ao clima e às práticas de manejo utilizadas nas lavouras, ai incluída a forma 
como vem sendo feita a indicação de controle da ferrugem, pode-se verificar que a ferrugem 
tardia, ou o escape no controle, é devida aos fatores em seguida: 
a) Programas de controle iniciando muito cedo e, também, terminando muito cedo, especialmente 
aqueles que preveem somente duas aplicações por ciclo. A primeira ainda muito cedo, 
normalmente em fins de novembro ou inicio de dezembro, frequentemente coincide com muita 
chuva e, assim, pode ser prejudicada, sendo pouco eficiente para a ferrugem. Uma segunda, 60 
dias após, esta, embora coincidindo em período adequado, se torna insuficiente. Os programas 
com 3 aplicações podem coincidir melhor aplicações finais próximas ao fim do período infectivo, 
em final de março a meados de abril. 
b) Adubações insuficientes ou lavadas, por excesso de chuvas (as primeiras parcelas) e reduzidas 
ou canceladas (última parcela), por economia, as quais tornam as plantas mais fracas e mais 
susceptíveis à ferrugem. 
c) Em certos anos, o período chuvoso se estende e, igualmente, as temperaturas demoram a cair, 
mantendo um tempo adicional propício à infecção. 
A solução para evitar a ferrugem tardia ou o escape no controle, seria o uso de uma das 
seguintes alternativas: 
a) Iniciar com uma aplicação protetiva (cobre ou estrobilurina), seguindo-se 2 aplicações de 
formulações de triazol mais estrobirulinas, estas duas iniciando e terminando mais tarde; 
b) Iniciar as aplicações dos sistêmicos mais tarde e adequar um numero apropriado de aplicações, 
2-3, conforme a necessidade observada, sempre com a preocupação com a ferrugem de fim de 
ciclo. 
 
 
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A indicação de iniciar a aplicação, específica para controle da ferrugem, mais tarde, é 
muito adequada, principalmente, onde foram feitas aplicações para proteção da florada, uma vez 
que os fungicida indicados para essa finalidade, propiciam, também, controle regular para a 
ferrugem. Neste caso, poderiam ser executados programas com 2 aplicações adicionais para 
ferrugem , com uso, nelas, da maior dose de registro. 
A aplicação protetiva pode ser feita através da agregação do fungicida (a base de 
estrobilurina e-ou cobre) nas pulverizações de micro-nutrientes, oferecendo proteção inicial contra 
a ferrugem e, também, para a cercosporiose. 
 Nas áreas adequadamente tratadas no maior período infectivo (jan-abr) essa ferrugem tardia 
não preocupa, pois fica restrita a poucas folhas velhas, que irão cair normalmente. No caso de infecção 
um pouco mais alta e em lavouras que vão produzir bem no ano seguinte, pode ser preciso aplicar um 
sistêmico curativo (triazol). 
 
 
Na evolução da ferrugem tardia, especialmente em lavouras com carga alta, o ataque acaba atingindo até o 
último par de folhas do ramo, levando à seca de ponteiros.

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