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A INFLUÊNCIA DO MARKETING POLÍTICO NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

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14
A INFLUÊNCIA DO MARKETING POLÍTICO NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS 
 ROSSO, Maria Angela Maziero ¹
 SIMIONI, Carlos A. ²
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo geral de acompanhar a dinâmica do marketing político ao longo dos anos e encontrar um paralelo entre as estratégias utilizadas pelos marqueteiros e como objetivos específicos pesquisar conceitos sobre marketing político, marketing eleitoral, assessoria de imprensa, imagem pública e mídias sociais, verificar as estratégias de marketing político utilizadas, avaliar as ações da assessoria de imprensa e checar a utilização das mídias sociais na campanha. Na sociedade contemporânea, o sucesso de um político depende da sua visibilidade na opinião pública. O marketing político procura fazer com que o candidato apareça de forma positiva para o eleitorado. A fim de atingir esse objetivo, a atividade utiliza diversos recursos. Dentre eles, a assessoria de imprensa atua como um instrumento fundamental na construção da imagem pública dos candidatos. Foi feito uma pesquisa bibliográfica em livros, artigos e sites sobre o tema escolhido. Conclui-se que com as mudanças que ocorreram, é possível ver que não existe mais os gastos exorbitantes, em função da proibição legal.
Palavras-Chave: Marketing; Político; Assessoria; Campanha
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, nas eleições presidenciais, para governadores e prefeitos parece ser impensável realizar campanhas que escusam o marketing político. Os candidatos parecem ter percebido que o desenvolvimento de suas imagens públicas não pode ser restrito às propagandas eleitorais gratuitas. A sociedade também aparenta estar mais informada, devido à expansão das tecnologias de comunicação. Para obter êxito em uma campanha eleitoral, os profissionais de marketing político se valem de metodologias científicas, ancoram as estratégias em pesquisas eleitorais, utilizam diversas técnicas e variados canais de comunicação. 
Uma das ferramentas poderosas do marketing político é o uso dos veículos de comunicação de forma sistemática, prática, normalmente, desempenhada pela assessoria de imprensa. Ou seja, a assessoria de imprensa procura colocar o candidato em moldes aceitáveis de comunicação e aumentar a sua divulgação na mídia. Além de utilizar o tradicional “corpo a corpo” com o eleitorado, fez uso do planejamento estratégico de marketing, investiu em mídias sociais, realizou um plano de governo colaborativo, procurou aliados políticos e foi auxiliado pela assessoria de imprensa.
O presente trabalho tem como objetivo geral acompanhar a dinâmica do marketing político ao longo dos anos e encontrar um paralelo entre as estratégias utilizadas pelos marqueteiros e como objetivos específicos pesquisar conceitos sobre marketing político, marketing eleitoral, assessoria de imprensa, imagem pública e mídias sociais, verificar as estratégias de marketing político utilizadas, avaliar as ações da assessoria de imprensa e checar a utilização das mídias sociais na campanha. 
Na sociedade contemporânea, o sucesso de um político depende da sua visibilidade na opinião pública. O marketing político procura fazer com que o candidato apareça de forma positiva para o eleitorado. A fim de atingir esse objetivo, a atividade utiliza diversos recursos. Dentre eles, a assessoria de imprensa atua como um instrumento fundamental na construção da imagem pública dos candidatos.
As altas cifras desembolsadas nas campanhas, que cresceram de forma considerável ao longo dos últimos anos; o tempo de televisão e a importância das coligações para conseguir mais alguns preciosos minutos, durante a propaganda eleitoral; o carisma dos candidatos, suas trajetórias políticas e o contexto em que o país se encontrava na época das disputas pelo poder. Cada um desses fatores carrega uma parte importante e relevante na concatenada estratégia de convencimento do eleitor elaborada pelas campanhas.
2. MARKETING POLÍTICO
Uma organização política dispõe de diferentes técnicas para conhecer o público e exercer influências sobre ele e é nisso também que o marketing político se baseia. O marketing político trata-se do processo de criar condições meritórias que diferenciem o candidato dos concorrentes, fazendo uso do mínimo possível de recursos. Portanto, falar em qualidade do produto é o mesmo que falar em conteúdo do candidato, e o marketing é desafiado a provar que tal comparação é viável, real e muito interessante, podendo ser usada para o bem.
Conforme Ferreira Junior (2015, p. 65), podemos definir marketing político como o conjunto de técnicas e métodos de que uma organização política dispõe para conhecer seu público e sobre ele exercer influência. Mais precisamente, é o processo de apresentar de forma favorável um candidato aos seus eleitores, diferenciando-o dos seus concorrentes com o mínimo de recursos, tanto antes quanto durante e após os períodos eleitorais.
Segundo Almeida (2002, p. 44), “O marketing político-eleitoral é entendido como o uso de ferramentas do marketing na atividade política, seja ela de governos, partidos, instituições ou personalidades, estando em momento de campanha eleitoral ou não.” O marketing político não é só mídia, é um composto de ferramentas que se tem para a utilização em várias ações, como por exemplo definição de programa de governo, planejamento estratégico propriamente dito, construção de alianças. 
O marketing político tem as suas próprias características, mostrando o desejo dos políticos, com materiais específicos, tudo dentro das normas. Conforme MANHANELI (2006, p.15), o marketing político desponta, portanto, como um setor específico, com características próprias, que exigem analise do produto dentro do quadro político, abrangendo o desejo dos eleitores, os concorrentes, os segmentos a serem atingidos, os materiais de propaganda, as condições financeiras, a colaboração da família do candidato etc.
2.1. MARKETING POLÍTICO E A SUA ORIGEM
As campanhas eleitorais dependem cada vez mais das técnicas publicitárias para terem sucesso, a estratégia de unir políticos a especialistas em marketing de renome começou em 1952, nos Estados Unidos. Era uma época em que a televisão em preto e branco já estava presente em mais da metade dos lares americanos, mas os candidatos mantinham uma abordagem antiquada: veiculavam apenas reprises na íntegra de seus comícios, no horário da madrugada.
Conforme SILVA (2016, p. 13), a ideia de transformar campanhas políticas em produtos de marketing nasceu nos Estados Unidos da América do Norte, nas eleições presidenciais de 1952. A televisão estava a recém evoluindo e não tinha em todas as casas dos norte-americanos e os candidatos não tinham uma visão necessária de como utilizar o aparelho como instrumento de campanha e não aproveitavam muito do tempo que dispunham na TV, gastando-o com a reprise de comícios e exibindo seus programas apenas de madrugada.
Conforme SILVA (2016), Dwight D. Eisenhower, era o candidato republicano à presidência dos EUA naquele ano e contratou o publicitário Rosser Reeves, criador do slogan do chocolate M&M, então ele seria responsável por comandar toda a estratégia de comunicação da campanha. 
Depois de anos, mais precisamente em setembro de 1960, estava acontecendo pela primeira vez, um debate envolvendo dois candidatos à presidência dos Estados Unidos, de um lado Richard Nixon, pelo partido Republicano, enfrentando o John Kennedy, no partido Democrata. Depois deste debate, que Nixon que era o favorito pelas pesquisas, preferiu contar apenas com a sua competência e sabedoria no embate, Kennedy contratou uma equipe de marketing para assessorá-lo. O resultado favoreceu o democrata, que consolidou a virada no dia da eleição e assumiu a cadeira mais importante da Casa Branca.
Conforme Ferreira Junior (2015, p. 68), o voto no Brasil iniciou no Império, naquele tempo, porém, as eleições eram decididas pelos patrões, únicas pessoas habilitadas a votar e mesmo assim, o voto não era secreto. As eleições ocorriam na igreja matriz, onde os eleitores eram obrigados a assistira uma missa antes de votar.
Na democracia brasileira, o marketing é uma técnica ou uma arma que aos poucos vem substituindo todos os demais métodos político-eleitorais. Para Ferreira Junior (2015), se antes o que decidia era a opinião do chefe do lugar ou de uma rede bem-estruturada de cabos eleitorais, agora o que pesa é a imagem construída na campanha.
Segundo Manhanelli (1988), uma das primeiras aparições discreta em comparação com as campanhas de hoje, do marketing político no Brasil foi feita na campanha presidencial de Jânio Quadros, cuja realização deu-se mais pela intuição do que pela pesquisa.
É possível detectar transformações bem interessantes, com o marketing político ao longo dos anos no Brasil, com o uso das estratégicas usadas pelos políticos e pelas equipes de marketing. A política e o marketing, nos dias de hoje, andam sempre juntos, por melhor que um candidato seja, se ele não estiver bem assessorado, com uma equipe competente cuidando de sua imagem, seus discursos e suas propagandas, dificilmente logrará êxito em alguma eleição de cargo público.
Harold Lasswell (1979) apud SILVA (2016) já dizia que, para se fazer política, o representante deve apresentar oito valores básicos: poder, esclarecimento, riqueza, saúde, habilidade, afeição, respeito e legitimidade. Esse último, para Lasswell, é fundamental para todo e qualquer candidato que busca a eleição e é exatamente neste ponto que o Marketing Político atua.
A Hora do Brasil, tinha como responsável Fontes por implementar um sistema de rede de rádios, e era para enaltecer a imagem de Getúlio, hoje chamado a Voz do Brasil, programa de rádio inaugurado em 1934 e transmitido pela Rádio Nacional (estatal), era responsável por veicular notícias, discursos e apresentações musicais, além de marchinhas para atrair a população brasileira. Para QUEIROZ et al (2005), a inserção de bordões, como “Trabalhadores do Brasil” e a figura do “marmiteiro”, também foram elementos explorados por Fontes e protagonizados por Vargas.
Durante a Ditadura Militar (1964/1985), o sistema era repressivo, tinha a censura e era totalitário, nem na oposição e nem na situação podiam fazer muita coisa, tinha uma dificuldade de se produzir uma campanha consistente de marketing.
Segundo FICO (2004, p. 196) apud em SILVA (2016): os principais objetivos das campanhas do órgão seriam ‘motivar a vontade coletiva para o esforço nacional de desenvolvimento’, ‘mobilizar a juventude’, ‘fortalecer o caráter nacional’, estimular o ‘amor à pátria’, a ‘coesão familiar’, a ‘dedicação ao trabalho’, a ‘confiança no governo’ e a ‘vontade de participação’. [...] também pretendiam atenuar as divergências que sofre a imagem do país no exterior.
Conforme QUEIROZ et al, (2005, p. 27) apud em SILVA (2016): a propaganda adotada pelos militares fez tanto sucesso entre a população como um todo, utilizando as técnicas operacionais mais apuradas para aquela época, que a iniciativa privada buscava ao máximo fazer suas propagandas semelhantes aos modelos usados pelo governo.
Foram reduzidas as propagandas impressas, e utilizaram campanhas em TV e rádio, pois já havia sido usada por Vargas e assim ganharam grande importância nas estratégias de campanha política no Brasil.
Em meados de 1969, tinham os centros de repressão, que eram para neutralizar qualquer forma de oposição ao governo ditatorial, era vário tipos de castigos corporais e psicológicos. Essa prática cruel não era nada amadora, existiam instalações e equipamentos apropriados para a tortura, com profissionais treinados para aplicá-la, que durante o governo Médici, foram registrados os maiores índices de violações aos Direitos Humanos, mas que de forma oficial, os governos militares negavam a prática da tortura. 
O partido que representava a oposição era o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e se diziam representantes do povo brasileiro, denunciando as repressões que estavam acontecendo pelo país. Nesta época o partido da situação era Arena, que representava a ditadura militar. Mas, o presidente Ernesto Geisel instituiu a Lei Falcão, em meados de 1976, para garantir a vitória da ARENA e não deixar crescer o MDB e depois disso os partidos estavam limitados para fazer suas campanhas eleitorais. Silva mostra (2016, p. 16), a prática da Lei Falcão que não vingou: 
A lei recebeu esse ‘apelido’ por ter sido criada pelo então ministro da Justiça, Armando Falcão, para evitar o debate político, garantir a vitória dos parlamentares do partido Aliança Renovadora Nacional (Arena), que apoiava a ditadura militar comandada pelo presidente Ernesto Geisel, e tentar deter o crescimento da oposição aglutinada no partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que havia conseguido eleger 16 senadores para as 21 vagas disponíveis e um grande número de vereadores nas eleições municipais de 1974. A Lei Falcão deu nova redação ao artigo 250 do Código Eleitoral, determinando que, na propaganda eleitoral, os partidos estavam limitados a mencionar a legenda, o currículo e o número do registro do candidato na Justiça Eleitoral. Pela televisão também era permitido divulgar a fotografia do candidato e mencionar local e horário dos comícios.
 
Desde então a Lei que regulamenta a propaganda política no Brasil até os dias de hoje é o artigo 250 do Código Eleitoral, através da Lei nº 9504 de 1997.
2.2. ELEIÇOES PÓS DITADURA
A campanha presidencial de 1989 fez com que o marketing político assumisse toda a sua importância no Brasil, que foi o momento da conturbada eleição de Collor. Para Ferreira Junior (2015, p. 219), as eleições de 1989 tiveram importância histórica e expressivo significado político em virtude das inúmeras novidades que apresentam, principalmente depois de 20 anos de ditadura, e de falta de experiência dos candidatos, fruto da ausência de eleições livres para os principais cargos majoritários durante tanto tempo.
Foi neste ambiente que, com vistas a se transformar em um candidato ideal ou mais que ideal, Collor e sua equipe detectaram, com muita convicção e propriedade, o que se passava na sociedade brasileira principalmente na cabeça do eleitorado. Então Velho (1990, p. 45) explica que:
Collor de Mello se encaixa como uma luva dentro deste universo de heróis salvadores. Estes, insisto, encontraram terreno particularmente fértil em período de crise, deprivativas, anomia desorganização, como assinalam diversos estudos. Sem dúvida a comunicação de massa, sustentada por interesses específicos, reforça as tradições, maquilando e elaborando a figura do herói salvador. O estilo jovem guerreiro sendo acentuado, viagens de jatinho, aparições súbitas, sugerindo o dom da ubiquidade, o ar de vítima/ mártir ameaçado, “não me deixem só”, tudo isso formulado com maior ou menor grau de cálculo e deliberação, concorre para a construção de personagem extraordinário, possivelmente sobre-humano.
Para fazer toda essa imagem, ele contou com um grande projeto, que foi elaborado com base em experiências internacionais e idealizado com o objetivo de gerenciar as informações político-eleitorais para uma campanha presidencial em um país continental como o Brasil. De acordo com Falcão, Grandi e Martins (1992), seu projeto foi dividido em três módulos: análise de informação, atendimento ao eleitor e automação de cadastro.
Conforme Ferreira Junior (2015, p. 224), Collor fez o marketing político seu grande cabo eleitoral, menosprezando o peso e as praxes da tradição da política partidária nesse processo, ele aproveitou a democracia recente e a fragilidade partidária para lançar sua candidatura com base somente nos instrumentos do marketing político. 
Já a campanha de Fernando Henrique Cardoso foi muito mais marcada pelas alianças partidárias do que pelo uso do marketing político. As eleições de 1994, para Meneguello (1994), em virtude de seu caráter geral reforçaram o papel das máquinas partidárias e potencializaram, no processo eleitoral, as administrações locais, a política partidária-representativa local e a militância partidária.
Depois de eleito o FHC, foi um dos principaispolíticos que utilizaram instrumentos de marketing em seu governo, contratou empresas especializadas que eram responsáveis pela elaboração de relatórios sobre o governo, com análises de todas as matérias, como artigos, manchetes, notas e chamadas de primeira página nos principais jornais do país.
Nas eleições de 2002, as práticas de marketing político adotadas pelo Luís Inácio Lula da Silva, não haviam sido feitas na outra disputa para a presidência em 1989. Conforme Ferreira Junior (2015), neste ano de 2002, o PT (Partido dos Trabalhadores) enfatiza, durante a campanha, a importância do partido e do discurso político em detrimento do marketing, posição que começou a ser revista nas campanhas petistas posteriores.
Para Freitas e Garbelini (2017, p. 83), o percurso de marketing nas campanhas eleitorais brasileiras, pode-se perceber que a aplicação das técnicas de venda dos produtos é decisiva na construção das alternativas políticas, independente da ideologia do partido.
Segundo Lima (2002), no exame do mercado de campanhas eleitorais, é possível perceber os seguintes pontos: aumento significativo na utilização de métodos de pesquisa de opinião e busca frenética por informações junto à população na construção do marketing eleitoral de candidatos e de partidos políticos.
As tendências do mercado eleitoral ligadas a aspectos globais e não envolvem só fatores objetivos, mas também os subjetivos, pois o marketing deve estar constantemente atento. Conforme Freitas e Garbelini (2017, p. 84), o mercado eleitoral não difere do tradicional no que diz respeito à importância do marketing para atingir o público alvo, ainda, os profissionais de marketing devem conhecer com profundidade o mercado eleitoral e avaliar suas tendências de comportamento.
Assim como ocorre em outros segmentos mercadológicos, no político também necessita de reunir dados e informações a cada eleição, com o objetivo de compilar aqueles referentes a um extenso período de análise. É possível perceber a evolução dos candidatos desde tempos passados, bem como as tendências para futuras eleições.
Para Freitas e Garbelini (2017), uma das diferenças entre o marketing político e o tradicional é que este último orienta o consumidor, precedendo o produto, ao passo que o primeiro é determinado pelo mercado, ou seja, em vez de atender aos desejos imediatos do público, busca satisfazer os anseios da população em um prazo maior.
Para os mesmos autores, o trabalho publicitário, fundamentado no profissionalismo, visa à completa interação entre as diversas fases necessárias ao desenvolvimento de uma campanha publicitária bem-sucedida, que o objetivo é firmar uma marca, uma ideia, um serviço ou um produto. 
No âmbito eleitoral, o consumidor é o eleitor, e não basta o candidato apresentar questões de saúde, segurança, transporte e educação, um hábito que ficou por muito anos, com a evolução do pensamento dos eleitores, propiciada pela própria educação e pela facilidade de acesso a informações culturais e sociais, a campanha eleitoral precisa oferecer à população elementos que assegurem que o futuro do município, estados ou país será conduzido de forma a satisfazer as necessidades do maior número possível de pessoas.
Para Kuntz (2006), para lidar com o público, é indispensável conhece-lo, ou seja, para criar empatia com os eleitores e, particularmente, saber a quem deve se dirigir, o candidato precisa saber quem são essas pessoas, como pensam e como tomam as decisões de voto.
2.3. COMPOSTO DO MARKETING POLÍTICO
O marketing político, segundo Churchill Junior e Peter (2005, p. 307), utiliza ferramentas como a pesquisa de mercado, realizada pelo comitê do partido, que tem como objetivo conhecer os eleitores, saber quais são suas preocupações e em que segmentos apreciariam ver desenvolvidas as propostas do candidato e então com base na análise dos resultados dessa pesquisa, elabora-se uma plataforma de atuação do político e uma imagem a qual os eleitores se identifiquem.
2.3.1. O político como “produto” do marketing político
O candidato ou política é aquele que deseja ser o representante de um governo, que o objetivo deve ser a prestação de serviços para atender às necessidades e expectativas da população.
Conforme Arantes (2011, p. 140), falando em imagem do partido (como imagem da marca de uma empresa), quais aspectos compõem a imagem de um político? Tom de voz, gestos, vestuários e frases de efeito formam o conjunto de fatores que influenciam na imagem de um candidato e que podem determinar sua escolha por parte do eleitorado.
Pesquisas de mercado são feitas, antes de se construir um planejamento de marketing, e isso aborda o interesse, a necessidade e as expectativas de seu público-alvo. Planejar o produto, no que diz respeito ao político, passa por 11 etapas e é importante lembrar que depende muito dos princípios éticos e morais do político. Conforme afirma Dantas (2010, p. 65), de nada adianta um discurso bonito, comovedor, emocional, apenas para se eleger. Depois quando estiver exercendo a função do cargo ao qual aspirou, terá que mostrar serviço, com decisões [...] coerentes com o seu discurso eleitoral. Segundo o autor, as etapas de planejamento do produto político e algumas de suas aplicações são apresentadas da seguinte forma: avaliação preliminar de mercado, pesquisa inicial do consumidor, definição do mercado-alvo, desenvolvimento, protótipos, estimativa preliminar, preparação do plano de marketing, testes, lançamentos regionais, lançamento nacional e melhoria contínua.
2.3.2. A praça ou composto de distribuições do produto político
O povo cria expectativas e espera que estes anseios sejam atendidos, e para isto, a sociedade está disposta a dar o seu voto para que o candidato seja o representante, nos três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário.
Conforme Arantes (2011, p. 144), se o político quer ocupar um cargo, e para isto, depende do voto do eleitor está ou, na pior das hipóteses, deve encontrar uma maneira de fazer com que sua imagem chegue o mais próximo possível do seu público-alvo.
Segundo ensina Dantas (2010, p. 84), saber o momento certo de estar próximo do público-alvo (eleitor) é um dos pilares da distribuição, conhecido como utilidade de tempo. O outro pilar é chamado de utilidade de lugar, que significa que um produto ou serviço só tem valor para seu consumidor ou usuário se estiver ao seu alcance no momento e no lugar em que sua necessidade e desejo se manifestarem
2.3.3. O preço no marketing político: o voto
O voto é o preço que o eleitor está disposto a pagar pelo produto, no caso o candidato, que ele quer ajudar a eleger, uma vez que acredita que esse governará de maneira a prestar aos cidadãos os serviços que eles esperam ou que necessitam.
Arantes (2011, p. 142) explica que o custo é um limitador na tomada de decisão de compra do consumidor, este quer o mais alto valor pelo menor preço e na política, os eleitores entregam seu voto ao candidato que lhes ofereça e entregue o mais alto valor percebido.
Para o consumidor, o valor é a diferença entre aquilo que ele percebe em relação aos benefícios e o custo que ele tem para obter os produtos ou serviços, caso os benefícios são maiores que os custos, então o valor é alto para o consumidor, que voltará a comprar e ainda recomendará para amigos, parentes e isso, ocorre nas eleições. Conforme Arantes (2011, p. 142), ao escolher um candidato, o eleitor está declarando sua percepção de valor em relação aos serviços que espera que ele prestará aos cidadãos, garantindo-lhes bem-estar.
2.4. METODOLOGIA
Prodanov e Freitas (2009) definem metodologia como sendo um elemento facilitador da produção de conhecimento, capaz de auxiliar a entender a busca de respostas e o próprio processo de posicionarmos, adequadamente, perguntas pertinentes, bem como atribuir à produção científica um alto grau de confiabilidade.
Quanto ao tipo de pesquisa sob o ponto de vista de seus objetivos, utilizou-se a descritiva, sendo que esta se enquadrou melhor ao tipo de trabalho proposto. Para Prodanove Freitas (2009, p. 63), tal pesquisa “observa, registra, analisa e ordena os dados, sem manipulá-los, isto é, sem interferência do pesquisador.” Em outras palavras, McDaniel e Gates (2003, p. 33) relatam que “os estudos descritivos são conduzidos para responder às perguntas quem, o quê, quando, onde e como”.
Este trabalho constituiu-se em um estudo mostrando a dinâmica do marketing político ao longo dos anos e encontrar um paralelo entre as estratégias utilizadas pelos marqueteiros e conceitos sobre marketing político, marketing eleitoral, assessoria de imprensa, imagem pública e mídias sociais, verificar as estratégias de marketing político utilizadas, avaliar as ações da assessoria de imprensa e checar a utilização das mídias sociais na campanha.
3. CONCLUSÃO
O marketing político, como conhecemos hoje, quase nada tem de semelhante àquele iniciado nos Estados Unidos com Eisenhower, assim como a propaganda política de um governo difere muito da adotada em governos como o de Getúlio Vargas e de Emílio Garrastazu Médici. Entretanto, foi essencial buscar as origens dessas áreas para entendermos o quanto elas evoluíram ao longo dos anos e se tornaram esta fortíssima máquina publicitária, capaz de eleger e derrubar governantes, apenas com a implementação de uma estratégia vencedora e convincente.
Dependendo de como o marketing político é feito, é possível eleger, sem dúvidas, qualquer tipo de candidato. Um jovem inexperiente como Kennedy venceu Nixon; um general ditador, como Médici, conseguiu blindar, na medida do possível, as atrocidades que cometia durante o regime repressivo; um sociólogo que levava nas costas um dos índices de desemprego mais altos da história do Brasil, venceu, por duas vezes consecutivas e com facilidade, as eleições para presidente; por fim, um ex-metalúrgico, sindicalista, agitador grevista e visto como agressivo pela maior parte da população, deixou para trás sua alcunha de radical, “incorporou” um personagem e também venceu por duas vezes seguidas as eleições mais importantes do país. Novos, velhos, intelectuais, operários... O marketing provou que consegue de tudo. 
Buscar padrões em objetos que apresentam distâncias consideráveis entre si não é nada fácil. Os quatro anos, responsáveis por separar uma eleição presidencial da outra, formam uma variável considerável, alterando, sempre de maneira relevante, todo o contexto presente outrora. Vale ressaltar, porém, que alguns fatores estudados sugerem, de forma interessante, uma pré-disposição à vitória de determinado candidato, de acordo com as táticas que seu marketing pessoal adote durante a elaboração da campanha no período eleitoral.
A profissionalização daqueles que se encarregam das campanhas políticas dos principais candidatos também se mostrou necessária. Pessoas sem know-how em publicidade e marketing político já não tem mais vez em campanhas grandes. Um bom coordenador de campanha, hoje em dia, já vale muito mais do que propostas consistentes, carisma ou um bom discurso próprio.
Com as mudanças que ocorreram, é possível ver que não existe mais os gastos exorbitantes, em função da proibição legal. As restrições nas doações de pessoas jurídicas também devem causaram alterações relevantes no panorama eleitoral. Porém, creio ser impossível a disputa eleitoral voltar atrás nesse sentido. Com o marketing político já tão evoluído, os mestres da propaganda irão repensar, trabalhar e criar novas fórmulas para atrair, com um orçamento mais enxuto e com menos tempo de televisão, os novos potenciais eleitores.
REFERÊNCIAS
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ARANTES, Elaine Cristina. Marketing de serviços. Curitiba: Ibpex, 2011.
CHURCHILL, Jr., Gilbert A.; PETER, J. Paul. Marketing: criando valor para o cliente. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
DANTAS, Edmundo Brandão. Marketing político: técnicas e gestão no contexto brasileiro. São Paulo: Atlas, 2010.
FALCÃO, E.; GRANDI, R. MARINS, A. (Org.) Voto é marketing... o resto é política. São Paulo: Loyola, 1992.
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_____________ Espionagem, polícia política, censura e propaganda: os pilares básicos da repressão. In: O Brasil Republicano - O tempo da ditadura: regime militar e movimentos sociais em fins do século XX, Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2003, pgs.167-205.
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¹ Graduanda do Curso de Ciência Política, do Centro Universitário Internacional UNINTER.
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