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Mercado NC, Souza GDS, Silva MMJ et al. Cuidados e orientações de enfermagem às puérperas... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 11(Supl. 9):3508-15, set., 2017 3508 ISSN: 1981-8963 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.10620-94529-1-SM.1109sup201702 CUIDADOS E ORIENTAÇÕES DE ENFERMAGEM ÀS PUÉRPERAS NO ALOJAMENTO CONJUNTO NURSING CARE AND GUIDELINES FOR PUERPERAE IN ROOMING-IN CUIDADOS Y ORIENTACIONES DE ENFERMERÍA A LAS PUÉRPERAS EN EL ALOJAMIENTO CONJUNTO Nayara Caselato Mercado1, Gean Domingos da Silva Souza2, Mônica Maria de Jesus Silva3, Marcia Grangeira Anseloni4 RESUMO Objetivo: verificar as orientações prestadas pelo enfermeiro à puérpera em Alojamento Conjunto (AC). Método: estudo quantitativo, descritivo e transversal, realizado com 30 puérperas. Na coleta de dados, foi utilizado um formulário. Em seguida, os dados foram analisados, organizados em um banco de dados e apresentados em tabelas com valores absolutos e percentuais. Resultados: a maioria das puérperas relatou que o atendimento do enfermeiro foi ótimo, sentia-se preparada para prestar os cuidados necessários ao recém-nascido em casa, recebeu orientações quanto ao aleitamento materno, cuidado com as mamas e pega correta, banho e banho de sol do recém-nascido. Todas foram orientadas quanto à higiene íntima do recém- nascido, troca de fraldas e cuidados com o coto umbilical. Conclusão: a assistência de enfermagem às puérperas no Alojamento Conjunto está voltada às orientações quanto ao autocuidado e cuidados com o recém-nascido. Descritores: Enfermagem; Alojamento Conjunto; Cuidados de Enfermagem. ABSTRACT Objective: to check the guidelines provided by nurses to the puerperae in the Rooming-in (RI). Method: quantitative, descriptive, and cross-sectional study with 30 puerperae. A form was used to collect data, which were organized in a database, analyzed and presented in tables by means of absolute and percentage values. Results: the majority of the puerperae reported that the assistance provided by the nurses was excellent, that they felt prepared to give the necessary care to the newborn at home, and had received guidance on breastfeeding, breast care and proper sucking, bathing and sunbathing of the newborn, intimate hygiene of the newborn, diaper change and care with the umbilical stump. Conclusion: the nursing care for puerperal mothers in the Rooming-in is focused on guidelines for self-care and care of the newborn. Descriptors: Nursing; Rooming-in Care; Nursing Care. RESUMEN Objetivo: verificar las orientaciones prestadas por el enfermero a la puérpera en Alojamiento Conjunto (AC). Método: estudio cuantitativo, descriptivo y transversal, realizado con 30 puérperas. En la recolección de datos, fue utilizado un formulario. En seguida, los datos fueron analizados, organizados en un banco de datos y presentados en cuadros con valores absolutos y porcentajes. Resultados: la mayoría de las puérperas relató que el atendimiento del enfermero fue óptimo, se sentía preparada para prestar los cuidados necesarios al recién nacido en casa, recibió orientaciones sobre la lactancia materna, cuidado con las mamas y succión correcta, baño y baño de sol del recién nacido. Todas fueron orientadas sobre la higiene íntima del recién nacido, cambiar los pañales y cuidados con el coto umbilical. Conclusión: la asistencia de enfermería a las puérperas en el Alojamiento Conjunto está dirigida a las orientaciones sobre el autocuidado y cuidados con el recién nacido. Descriptores: Enfermería; Alojamiento Conjunto; Atención de Enfermeira. 1Enfermeira, Universidade Paulista/UNIP. Araçatuba (SP), Brasil. E-mail: nayara_caselato@hotmail.com; 2Enfermeiro, Doutor em Fisiologia, Pós-doutorando, University of Florida (USA). Gainesville (FL), Estados Unidos da América/EUA. E-mail: geanunip@gmail.com; 3Enfermeira, Mestre, Doutoranda, Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/EERP. Ribeirão Preto (SP), Brasil. E-mail: monica.mjsilva@yahoo.com.br; 4Enfermeira, Mestre, Docente da Universidade Paulista/UNIP. Araçatuba (SP), Brasil. E-mail: marcia_grangeira@hotmail.com ARTIGO ORIGINAL mailto:nayara_caselato@hotmail.com mailto:geanunip@gmail.com mailto:monica.mjsilva@yahoo.com.br mailto:marcia_grangeira@hotmail.com Mercado NC, Souza GDS, Silva MMJ et al. Cuidados e orientações de enfermagem às puérperas... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 11(Supl. 9):3508-15, set., 2017 3509 ISSN: 1981-8963 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.10620-94529-1-SM.1109sup201702 O puerpério, período compreendido após o parto, é reconhecido como um momento crítico e de modificações biológicas e psicológicas, assim como de inserção social, em que a mulher vivencia as primeiras demandas da maternidade, amamentação, banho e cuidado com o recém-nascido (RN) e a necessidade de seu próprio autocuidado.1-2 Nesse período, é comum que a puérpera sinta-se emocionalmente vulnerável perante a insegurança, ansiedade e dúvidas que permeiam tanto o cuidado com o recém- nascido quanto os reajustes familiares necessários e o autocuidado.3 Ademais, a mãe pode apresentar momentos de dependência dos cuidados de enfermagem oferecidos a ela e ao seu filho, momentos que são decisivos para que o enfermeiro direcione um cuidado que atenda às necessidades de ambos.1 Neste cenário, emerge a demanda de assistência de enfermagem puerperal desenvolvida no Alojamento Conjunto (AC), alicerçada nas necessidades de cuidados voltados à mãe e seu filho. O Alojamento Conjunto é o modelo assistencial adotado no Brasil para o atendimento do binômio mãe-filho, o qual é definido, segundo o Ministério da Saúde, como um sistema hospitalar em que o bebê sadio, logo após o nascimento, permanece, ao lado da mãe, 24 horas por dia em um mesmo ambiente até a alta hospitalar.4 Muito além de um espaço para a permanência do binômio mãe-filho entre 24 e 48 horas, o AC é um ambiente em que a interação entre mãe e filho deve ser incentivada para que ocorra naturalmente. Tal interação deve ocorrer de forma particularizada, acompanhada e voltada para a conscientização da importância do cuidado integral, assistindo o recém-nascido e à mulher não somente em seus aspectos fisiológicos, mas também nos emocionais e sociais e culturais.2 A permanência contínua promovida pelo Alojamento Conjunto possibilita aos pais o recebimento de orientações sobre o cuidado com o filho, além de incentivar a amamentação, favorecer o vínculo entre os familiares e contribuir para a diminuição da incidência de infecção hospitalar.5 Sendo assim, o AC caracteriza-se como um importante local de continuidade das ações que estavam sendo desenvolvidas no período pré-natal,2 no qual o principal enfoque assistencial está na educação e orientação à saúde, para que as puérperas adquiram segurança e tranquilidade ao assumir seu papel de mãe.5 Nesse sentido, o enfermeiro desempenha um papel importantíssimo no atendimento à puérpera, pois ele desempenha, entre outras funções, a de educador6, contribuindo para uma melhora na qualidade de vida da mulher, de sua família e da comunidade em que ela se insere,7 o que faz da atuação desse profissional ser de vasta relevância no Alojamento Conjunto.8 No AC, o enfermeiro deve exercer, juntamente com outros profissionais da saúde, ações concernentes ao cuidado voltado para mãe e filho, sendo responsável, principalmente, pela educação em saúde no que se refere ao incentivo à amamentação, aos cuidados com o recém-nascido,4 esclarecimento de dúvidas, além de apoio à puérpera e recém-nascido e orientação quanto às consultas de crescimento e desenvolvimento, vacinação e planejamento familiar.2 O desenvolvimento dessas ações não requer desseprofissional o uso de equipamentos sofisticados ou mesmo de grandes procedimentos, o que faz com que essa assistência seja classificada, por muitos, como cuidados mínimos de enfermagem. Porém, isso requer do profissional grande habilidade de acolhimento, comunicação, avaliação, monitoramento e disponibilidade, que são itens que requerem tempo e competência profissional, para que as puérperas sintam-se acolhidas pelas ações de enfermagem que denotam atenção às suas necessidades.5 ● Verificar as orientações prestadas pelo enfermeiro à puérpera em Alojamento Conjunto. Estudo quantitativo, descritivo e transversal, realizado em uma maternidade na cidade de Araçatuba, Estado de São Paulo, Brasil, com todas as puérperas que estavam internadas em Alojamento Conjunto, totalizando 30, as quais atenderam aos seguintes critérios de inclusão: ser puérpera, estar internada no setor de Alojamento Conjunto e aceitar participar voluntariamente da pesquisa. Cada puérpera foi informada sobre o estudo e convidada a participar. Mediante seu aceite e anuência, procedeu-se à assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias, sendo uma de posse da pesquisadora e a outra entregue à INTRODUÇÃO OBJETIVO MÉTODO Mercado NC, Souza GDS, Silva MMJ et al. Cuidados e orientações de enfermagem às puérperas... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 11(Supl. 9):3508-15, set., 2017 3510 ISSN: 1981-8963 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.10620-94529-1-SM.1109sup201702 puérpera. Posteriormente, deu-se início à coleta de dados no período de janeiro a fevereiro de 2012, utilizando-se para tanto um formulário aplicado pela pesquisadora por meio de entrevista semiestruturada. O formulário foi composto por variáveis sociodemográficas, que permitiram traçar o perfil das puérperas em estudo, e por questões referentes às orientações prestadas pelo enfermeiro à puérpera, no que condiz ao aleitamento materno, cuidados com o coto umbilical, banho e higiene íntima, troca de fralda e banho de sol. Os dados coletados foram analisados e organizados em um banco de dados, sendo apresentados em tabelas com valores absolutos e percentuais. O presente estudo teve o projeto de pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Paulista (UNIP), Protocolo nº 1223/11, cumprindo as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos do Conselho Nacional de Saúde.9 Entre as 30 mulheres que participaram do estudo, predominaram as puérperas com faixa etária de 16 a 20 anos (36,6%), sendo a idade mínima de 16 anos e a máxima de 35 anos; casadas (60%); com ensino médio incompleto (50%); sem ocupação profissional (66,6%) e com um filho (43,3%). As características sociodemográficas da população em estudo são apresentadas na Tabela 1. Tabela 1. Distribuição de puérperas segundo características sociodemográficas. Araçatuba (SP), Brasil, 2012. Variáveis n % Faixa etária 16 – 20 11 36,6 21 – 25 09 30,0 26 – 30 05 16,2 30 – 35 05 16,2 Escolaridade Ensino fundamental incompleto 01 3,3 Ensino fundamental completo 04 13,4 Ensino médio incompleto 15 50,0 Ensino médio completo 09 30,0 Ensino superior completo 01 3,3 Estado civil Solteira 12 40,0 Casada 18 60,0 Ocupação profissional Sem ocupação 20 66,6 Com ocupação 07 23,4 Estudante 03 10,0 Número de filhos 1 13 43,8 2 09 30,0 3 05 16,2 4 03 10,0 No que diz respeito ao atendimento que o enfermeiro prestou em sua hospitalização, 77% (n=23) das puérperas o relataram como ótimo. Tabela 2. Distribuição das puérperas em relação ao atendimento de enfermagem. Araçatuba (SP), Brasil, 2012. Variáveis n % Atendimento de enfermagem Ótimo 23 77,0 Bom 07 23,0 Em relação às orientações recebidas pelas puérperas do (a) enfermeiro (a), todas as participantes (100%) relataram que receberam orientação quanto aos cuidados com o coto umbilical. Concernente às orientações sobre o aleitamento materno, o presente estudo evidenciou que a maioria das puérperas (77,2%) foi orientada pelo enfermeiro a amamentar seu filho até os seis meses de idade, e 93,4% (n=28) das participantes receberam informações sobre a pega correta da mama pelo recém-nascido para uma amamentação efetiva. Além disso, 90% das puérperas (n=27) referiram que tinham sido orientadas pelo enfermeiro quanto aos cuidados com as mamas durante o período de RESULTADOS Mercado NC, Souza GDS, Silva MMJ et al. Cuidados e orientações de enfermagem às puérperas... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 11(Supl. 9):3508-15, set., 2017 3511 ISSN: 1981-8963 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.10620-94529-1-SM.1109sup201702 amamentação com a finalidade de evitar traumas e ingurgitamento (Tabela 3). Tabela 3. Distribuição das puérperas com relação ao aleitamento materno, segundo orientações recebidas. Araçatuba (SP), Brasil, 2012. Variável n % Orientação sobre o tempo de oferta do aleitamento materno 6 meses 23 77,2 1 ano 01 3,3 2 anos 05 16,2 Não recebeu orientação 01 3,3 Orientação sobre a pega correta Sim 28 93,4 Não 02 6,6 Orientação sobre cuidado com as mamas Sim 27 90,0 Não 03 10,0 Quando questionadas sobre as orientações recebidas quanto ao banho de sol do recém- nascido, 83,8% (n= 25) das puérperas referiram que foram orientadas pelo enfermeiro (a), como demostrado na Tabela 4. Tabela 4. Distribuição das puérperas, quanto às orientações prestadas pela Enfermagem no Alojamento Conjunto. Araçatuba (SP), Brasil, 2012. Variável n % Orientação sobre banho de sol do recém-nascido Sim 25 83,8 Não 05 16,2 Orientação sobre banho do recém-nascido Sim 28 93,4 Não 02 6,6 Orientação sobre a higiene íntima do recém-nascido Sim 30 100,0 No que condiz às orientações sobre o banho do recém-nascido, as quais englobam a temperatura da água, o tempo do banho e o melhor horário para realizá-lo, evidenciou-se que 93,4% (n=28) das puérperas receberam essas informações do (a) enfermeiro (Tabela 4). O presente estudo demonstrou que todas as puérperas (100%) foram orientadas quanto à higiene íntima do recém-nascido, assim como quanto à troca de fraldas. No que se refere ao preparo para realizar os cuidados com o recém-nascido em casa, segundo as orientações recebidas pelo enfermeiro (a), 70% (n=21) das puérperas referiram que se sentiam preparadas para ir para casa e prestar os cuidados necessários ao recém-nascido. Os achados da presente pesquisa permitiram traçar o perfil de puérperas, cujas características predominantes foram: mulheres jovens, em sua maioria entre os 16 e os 20 anos, casadas, com ensino médio incompleto e sem ocupação profissional. Esses resultados assemelham-se aos de um estudo realizado em um município do Estado do Ceará que buscou identificar a percepção das puérperas quanto aos cuidados prestados pela equipe de saúde no puerpério, no qual participaram mulheres com idades entre 15 e 35 anos, em sua maioria casadas e que não haviam concluído o ensino médio.10 Em relação à idade, esses achados estão em consonância com o aumento da incidência da gravidez nos extremos da vida reprodutiva, antes dos 20 e após os 35 anos de idade, observados nos últimos anos.11 E também demonstram a presença de puérperas adolescentes, a qual remete à questão da gestação precoce, permeada pela vivência das novas descobertas.10 No que respeita à escolaridade, os resultados caracterizam um perfil de médio nível instrucional, que perfaz a maioria das participantes do estudo. O puerpério é um período marcado por dúvidas, insegurança, medos, além de ser um momento também de assumirgrande responsabilidade diante do papel de mãe. Dessa forma, o suporte oferecido pela equipe de enfermagem nesse período é pertinente e essencial, uma vez que a puérpera precisa de orientações e esclarecimentos de suas dúvidas, devendo, portanto, o planejamento do cuidado ser instituído com o intuito de favorecer essa fase de adaptação.10 No presente estudo, a maioria das puérperas caracterizou o cuidado recebido pelo enfermeiro no puerpério como ótimo, o que demonstra a satisfação das participantes com as orientações concedidas pelos DISCUSSÃO Mercado NC, Souza GDS, Silva MMJ et al. Cuidados e orientações de enfermagem às puérperas... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 11(Supl. 9):3508-15, set., 2017 3512 ISSN: 1981-8963 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.10620-94529-1-SM.1109sup201702 profissionais e evidencia a qualidade da assistência recebida no Alojamento Conjunto. Os resultados evidenciaram também que todas as puérperas receberam orientações dos profissionais de enfermagem sobre os cuidados com o coto umbilical e a higiene íntima do recém-nascido, e a maioria foi orientada pela equipe de enfermagem quanto ao banho e ao banho de sol. Achados que se opõem aos de um estudo sobre a percepção das puérperas quanto aos cuidados prestados pela equipe de saúde no puerpério, no qual a maior parte das participantes negou a explanação sobre cuidados no puerpério pelos profissionais de saúde das maternidades.10 Na vivência do puerpério, a preocupação está geralmente em torno do recém-nascido, principalmente no que se refere à função materna de prover os cuidados ideais para o desenvolvimento adequado do filho.12 Entre esses cuidados, incluem-se: atenção com o coto umbilical, banho e higiene íntima do recém-nascido, assim como banho de sol. Tratam-se de cuidados cuja compreensão da prática pela puérpera é extremamente importante para a efetivação da educação em saúde desempenhada pelo profissional de saúde, contemplando as necessidades do recém-nascido, incentivando as práticas saudáveis, bem como desestimulando as práticas inadequadas.7 Logo, o profissional de enfermagem detém um relevante papel na assistência à puérpera, uma vez que desempenha a função de educador, proporcionando a promoção da saúde por meio de suas orientações.7 O banho do bebê promove o conforto, ativa circulação, além de eliminar a sujidade e diminuir a flora cutânea. Segundo o Ministério da Saúde, a orientação da mãe quanto à melhor forma de realizá-lo é uma responsabilidade de toda a equipe de enfermagem, o que transfere à puérpera o cuidado, estimula a autoconfiança materna para realizar o banho para usá-lo como instrumento de higiene, conforto e prazer, além de lhe trazer apoio e permitir a observação da interação mãe-filho.13 No que se refere às orientações sobre o aleitamento materno, os achados do presente estudo consolidam que os (as) enfermeiros (as) estão atentos à prática da amamentação, pois a maioria das participantes recebeu orientações no Alojamento Conjunto sobre o aleitamento materno até os seis meses de idade do recém-nascido. Tais resultados são reforçados em um estudo sobre a qualidade da atenção pré-natal e puerperal a adolescentes com filhos nascidos vivos em uma instituição pública de saúde de Teresina, Piauí, no qual 93,2% das participantes receberam orientações, ainda na maternidade, sobre aleitamento materno.14 É importante salientar que a Organização Mundial da Saúde, assim como o Ministério da Saúde do Brasil, recomenda o Aleitamento Materno Exclusivo (AME) até os seis meses de vida. A partir desse período, recomenda-se a introdução da alimentação complementar, porém com a manutenção do aleitamento materno por dois anos ou mais.15 Essa prática é de fundamental importância para a saúde da criança, uma vez que o leite materno apresenta benefícios nutricionais e imunológicos para o crescimento e desenvolvimento infantil, além de contribuir na formação do vínculo afetivo entre mãe e filho.16 Ademais, o aleitamento materno também promove vantagens para a mulher ao contribuir na involução uterina, na diminuição do risco de hemorragia e no retorno ao peso anterior ao da gestação.17 Na unidade de Alojamento Conjunto, o aleitamento materno é incentivado e estimulado em face dessas inúmeras vantagens apresentadas tanto para a mãe quanto para o filho, sendo iniciado nas primeiras horas de vida, o mais breve possível, com orientações adequadas.18 Vale ressaltar que, a exemplo de outro estudo,19 na presente pesquisa, 3% das participantes não receberam orientações sobre o aleitamento materno. Embora o percentual seja pequeno, tal evidência é preocupante considerando que o incentivo ao aleitamento materno é uma recomendação da OMS e do MS e que, para uma efetiva assistência de enfermagem à mulher no puerpério, é essencial haver uma interação entre ela e o (a) enfermeiro (a). Nesse contexto, destaca-se a importância dessa interação para o apoio e o incentivo ao aleitamento materno como importante prática do enfermeiro, para o manejo clínico da amamentação, considerando que, ao sanar as dúvidas e dificuldades, simular a técnica de amamentar e verbalizar a importância das vantagens de amamentar, o enfermeiro adquire a confiança da mulher e contribui para a sua confiança e autoestima no que se refere à prática da amamentação.20 Nesta pesquisa, a grande maioria das puérperas foi orientada no Alojamento Conjunto pelos enfermeiros quanto à pega correta para uma amamentação efetiva, assim como quanto ao cuidado com as mamas. A pega correta, o posicionamento e pega adequados, além dos cuidados com as mamas, Mercado NC, Souza GDS, Silva MMJ et al. Cuidados e orientações de enfermagem às puérperas... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 11(Supl. 9):3508-15, set., 2017 3513 ISSN: 1981-8963 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.10620-94529-1-SM.1109sup201702 são fatores preponderantes para o manejo adequado do aleitamento materno e o consequente aumento das taxas de AME.21 O apoio e a orientação da puérpera no que se refere à técnica correta para a amamentação e os cuidados com as mamas são particularmente importantes, uma vez que reduzem a ansiedade, esclarecem dúvidas relacionadas às técnicas corretas de amamentação e aos problemas associados à mama e oferecem condições para que as mulheres não se sintam desestimuladas.22 Entre as ações e cuidados assistenciais para o estabelecimento do aleitamento materno, é necessário que o enfermeiro tenha conhecimento técnico e científico para intervir nas intercorrências e aconselhar a nutriz sobre detalhes da prática do aleitamento materno, como a posição e pega adequadas, pega correta e a extração manual do leite materno,22 além de atuar nos cuidados com as mamas, tempo das mamadas, utilizando, para tanto, uma comunicação simples e objetiva para o incentivo e o apoio ao aleitamento materno.15,23 Quando a puérpera se encontra em excelentes condições de saúde, os cuidados ao recém-nascido podem ser executados por ela própria, podendo contar com o suporte diário dos familiares,10 contanto que se sinta preparada para executar os cuidados ao seu filho. No presente estudo, a maioria das puérperas relatou que se sentia preparada para ir para casa e prestar os cuidados com o recém-nascido. Fato que está aliado às orientações recebidas pelos profissionais. Resultado semelhante foi corroborado em um estudo sobre a representação da puérpera sobre o Alojamento Conjunto, o qual revelou que o esclarecimento das dúvidas das puérperas durante a internação pelos profissionais que lhe assistem é vista como uma forma de ajudaque qualifica a assistência e reelabora sua representação sobre a hospitalização, sendo uma das estratégias que se pode utilizar para que as puérperas se sintam mais seguras para desenvolver os cuidados com o recém-nascido, assim como para adquirir confiança no profissional que as orienta.24 A segurança e o preparo referido pelas puérperas podem estar associados ao fortalecimento do vínculo com o recém- nascido e à superação de dificuldades e medos, constituindo-se em fatores que tornam a puérpera confiante e a fazem se sentir capaz de prestar os cuidados ao seu recém- nascido.25 A maioria das participantes recebeu orientações do enfermeiro, o que permite inferir que a assistência de enfermagem às puérperas no Alojamento Conjunto está sendo voltada às orientações quanto ao autocuidado, assim como aos cuidados com o recém- nascido, identificando assim o papel da assistência de enfermagem. Considerando que o Alojamento Conjunto apresenta como uma de suas vantagens o oferecimento de condições à equipe de enfermagem para promover o treinamento materno, através de demonstrações práticas dos cuidados indispensáveis ao recém-nascido e à puérpera, esse estabelecimento deve dispor de profissionais capacitados para atender às necessidades do binômio mãe- filho, tornando satisfatória e prazerosa a sua permanência nesse sistema. 1. LLapa-Rodriguez EO, Cunha S, Inagaki ADM, Mattos MCT, Abud ACF. Quality of postpartum nursing care in a mother’s view. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2013 [cited 2016 Sept 20];7(1):76-82. Available from: https://ri.ufs.br/bitstream/123456789/967/1 /QualidadeAssistencia.pdf 2. Nóbrega LLR, Bezerra FPF. Percepções de puérperas adolescentes frente à assistência de enfermagem no alojamento conjunto [Internet]. 2010 [cited 2016 Sept 20];esp(11):42-52. Available from: http://www.revistarene.ufc.br/edicaoespecia l/a05v11esp_n4.pdf 3. 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