Prévia do material em texto
Brasília-DF. Métodos e CálCulos eM engenharia de avaliações Elaboração Blenda Cordeiro Mota Ribeiro Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8 UNIDADE I INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS .................................................................................................. 11 CAPÍTULO 1 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS DE AVALIAÇÃO DE BENS ........................................................... 11 CAPÍTULO 2 HISTÓRIA DAS AVALIAÇÕES .................................................................................................... 24 UNIDADE II NOÇÕES DE ESTATÍSTICA ..................................................................................................................... 28 CAPÍTULO 1 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS ................................................................................................. 28 CAPÍTULO 2 ESTIMADORES DE TENDÊNCIA CENTRAL .................................................................................. 40 CAPÍTULO 3 MEDIDAS DE DISPERSÃO ........................................................................................................ 45 CAPÍTULO 4 ESTATÍSTICA INFERENCIAL ........................................................................................................ 48 UNIDADE III FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ................................................................................... 69 CAPÍTULO 1 MÉTODO COMPARATIVO DE DADOS DE MERCADO ............................................................... 69 CAPÍTULO 2 MÉTODO INVOLUTIVO ............................................................................................................ 90 CAPÍTULO 3 MÉTODO EVOLUTIVO ............................................................................................................ 103 UNIDADE IV OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO.................................................................... 106 CAPÍTULO 1 MÉTODO DA RENDA ............................................................................................................ 106 CAPÍTULO 2 MÉTODO DO CUSTO ............................................................................................................ 109 CAPÍTULO 3 MÉTODOS PARA IDENTIFICAR O VALOR ECONÔMICO E INDICADORES DE VIABILIDADE ECONÔMICA ...................................................................................................................... 115 CAPÍTULO 4 ESTUDO DE CASO ................................................................................................................ 118 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 127 5 Apresentação Caro aluno, A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução O estudo dos métodos e dos cálculos de avaliações é imprescindível para a análise dos imóveis e para o estabelecimento de preços justos por eles. Portanto, os profissionais responsáveis por realizar avaliações precisam dominar as ferramentas matemáticas necessárias para efetuar os cálculos, compreender a dinâmica do mercado, em que o bem está inserido, e assim conseguir determinar de maneira adequada o valor do imóvel. A primeira unidade trata dos conceitos iniciais sobre avaliações, bem como seus aspectos, particularidades e objetivos. Além disso, será abordado como empregar o conhecimento técnico, as considerações e o bom senso na avaliação. Serão analisadas as qualidades necessárias para um bom avaliador, assim como o entendimento dos dados estatísticos que sustentam a hipótese da avaliação e norteiam seus valores. Por fim, ainda será contado um pouco do nascimento das avaliações, com enfoque para o Brasil. A segunda unidade traz uma revisão de Estatística Básica, contendo os conceitos introdutórios, as medidas de posição central (média, mediana, moda), as medidas de dispersão (desvio médio, variância, desvio padrão, coeficiente de variação). O objetivo é proporcionar entendimento sobre Estatística Inferencial, conceito e definições importantes para a estatística inferencial, análise de regressão e modelos de regressão linear simples e múltipla. Eles são bastante utilizados na parte de avaliações, pressupostos e ajustes de modelo de acordo com a ABNT/ NBR, métodos dos mínimos quadrados e transformação de modelos. Na terceira unidade estudaremos os diferentes métodos para avaliação de bens: método comparativo de mercado, método involutivo e o método evolutivo. Essas metodologias serão abordadas conforme as normas brasileiras. Ainda serão evidenciados os procedimentos para cada método e a viabilidade na avaliação dos bens. A quarta unidade ficou reservada para avaliaroutros métodos de avaliação de bens: método de renda, método de custo, os métodos para identificar o valor econômico e indicadores de viabilidade econômica. Esses métodos serão apresentados de acordo às normas brasileiras. Ainda nessa unidade serão explanados os procedimentos para cada método e a viabilidade na avaliação dos bens, além de um estudo de caso mostrando o método comparativo direto de dados de mercado. Bons estudos! 9 Objetivos » Conhecer os conceitos iniciais sobre avaliações de bens imóveis. » Revisar as noções de estatística. » Aprender os métodos utilizados para calcular os valores da avaliação. » Aplicar os métodos disponíveis para a avaliação de móveis. 10 11 UNIDADE IINTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS A primeira unidade trata dos conceitos iniciais sobre avaliações, bem como seus aspectos, particularidades e objetivos. Além disso, será abordado como empregar o conhecimento técnico, as considerações e o bom senso na avaliação. Serão analisadas as qualidades necessárias para um bom avaliador, assim como o entendimento dos dados estatísticos que sustentam a hipótese da avaliação e norteiam seus valores. Por fim, será contado um pouco sobre o nascimento do trabalho de avaliações, com enfoque no Brasil. CAPÍTULO 1 Conceitos introdutórios de avaliação de bens Introdução O procedimento de avaliação de bens é indispensável e determinante para estimar o real valor de mercado. Mensurar esse valor não é tarefa fácil pois, para realizar uma avaliação fidedigna, é necessário levar em consideração diversas particularidades e condições do mercado no momento da avaliação. O avaliador, independentemente da finalidade da avaliação, deve cumprir normas e leis durante a avaliação. Para isso, é necessário que esse profissional tenha um conhecimento técnico e científico e use do bom senso no que diz respeito às particularidades do mercado, para assim valorar os bens com competência e confiabilidade. A avaliação de bens deve ser calculada de forma a obter o valor de mercado mais preciso, pois qualquer erro durante o processo de avaliação pode prejudicar o 12 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS solicitante da avaliação. Essas avaliações devem ser efetuadas conforme normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Assim, utilizando as normas corretas e empregando a metodologia adequada, o procedimento será bem-sucedido. A norma técnica utilizada para a avaliação de bens é a ABNT/NBR 14653 Avaliação de Bens e sua versão atual é composta por sete partes: » Parte 1 – Procedimentos Gerais (2008). » Parte 2 – Imóveis Urbanos (2011). » Parte 3 – Imóveis Rurais (2004). » Parte 4 – Empreendimentos (2002). » Parte 5 – Máquinas, equipamentos, instalações e bens industriais em geral (2006). » Parte 6 – Recursos naturais e ambientais (2009). » Parte 7 – Bens de patrimônios históricos e artísticos (2009). A engenharia de avaliações é uma ciência em movimento, sempre cercada de novidades e novas teorias. Nesse sentido, a ABNT vem publicando constantes revisões da norma de avaliação de bens. Segundo NBR/ABNT 14653-1 (Avaliação de bens-Parte 1: Procedimentos Gerais), a avaliação de bens é uma: “Análise técnica, realizada por um engenheiro de avaliações, para identificar o valor de um bem, de seus custos e frutos e direitos, assim como determinar indicadores de viabilidade de sua utilização econômica, para uma determinada finalidade, situação e data.” (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2002, p.3). Para calcular o valor justo de mercado é necessário que o profissional competente tenha conhecimentos sólidos dos métodos e dos cálculos necessários para realizar uma avaliação minuciosa e correta, como representado na Figura 1. De acordo com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná- Confea-PR (2013), o profissional competente para realizar esse procedimento técnico deve ser portador de um diploma de nível superior, com competência legal, técnica-cientifica, e possuir o registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – CREA ou no Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). 13 INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS │ UNIDADE I Figura 1. Imagem demonstrando a análise durante um trabalho de avaliação. Fonte: http://mdworks.com.br/avaliacoes-e-pericias/. Acesso em: 1/9/2019. É importante frisar algumas práticas que o engenheiro deve seguir durante a avaliação. Além de possuir a devida habilitação profissional e auxiliar o contratante, mostrando as condições reais de mercado em que o bem está inserido, compete ao profissional: » Ser discreto e não revelar informações recebidas pelos clientes ou conclusões laborais. » Utilizar apenas trabalhos referenciados e/ou com permissão para a reprodução, durante a elaboração do seu trabalho » Evitar a realização de avaliações quando houver decisões tendenciosas que envolvam conflitos de interesse. » Negar remuneração profissional abaixo do mercado, com intuito de vencer a concorrência por determinado trabalho de avaliação. Essa postura desvaloriza o valor de prestação de serviço da categoria. » Compartilhar conhecimentos com objetivo de expandir e aprimorar informações técnicas e profissionais. Vale ressaltar que abordagem pública deve ser realiza apenas quando o profissional sentir-se confortável tecnicamente O Engenheiro de avaliações, definição atribuída a quem é habilitado para fazer avaliações, deve atualizar-se constantemente, realizando cursos, congressos, observando o mercado e trocando conteúdos com outros profissionais. Alguns profissionais habilitados e os tipos de avaliações que eles podem realizar estão exemplificados no quadro 1. 14 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS Quadro 1. Exemplos de profissionais competentes e tipos de avaliações realizadas. Profissional legalmente competente Tipo de avaliações Arquiteto Eng.o Civil Imóveis Urbanos Eng.o Mecânico Eng.o Agrícola Processos Mecânicos, Máquinas, Instalações Industriais e Mecânicas, Veículos, Sistemas de Refrigeração. Eng.o Naval Embarcações, Diques, Operações e Tráfego de Serviços Hidroviários. Eng.o de Minas Prospecção e Pesquisa Mineral, Lavra de Minas, Beneficiamento de Minérios. Fonte: Comissão de Avaliação Imobiliária do Estado do Espírito Santo (2011). Os conhecimentos científicos e técnicos empregados na avaliação de bens são regidos pela Engenharia de avaliação (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2001). Essa especialidade da engenharia deve assistir os pareceres em relação aos valores, custos e as possibilidades para aplicação do capital; seja qual for a natureza dos bens. É importante definir o que é um bem para entender a sua classificação. O conceito de bem e a natureza do bem estão claramente explicados na NBR/ABNT 14653-1(Avaliação de bens-Parte 1: Procedimentos Gerais). O bem é determinado como “coisa que tem valor, suscetível de utilização, ou que pode ser objeto de direito, que integra o patrimônio”. (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2001, p.3). Assim, é possível entender que tudo que se agrega um valor econômico, sendo utilizado para suprir as necessidades do seu proprietário como parte integrante do seu patrimônio, é considerado um bem. O bem pode ser dividido em dois grupos: bem tangível e bem intangível. O bem tangível é aquele que pode ser palpável, que tem existência material. Esse tipo de bem pode ser exemplificado como carros, máquinas, equipamentos, matérias-primas e imóveis, como apresentado na Figura 2. Já o bem intangível é aquele que não possui existência física e é simbolizado por direitos, tais como patentes e marcas, direitos autorais e ações, como mostrado na Figura 3. Figura 2. Exemplos de bem tangível. Fonte: http://quantech.com.br/avaliacao-de-bens/. Acesso em: 1/9/2019. 15 INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS │ UNIDADE I Figura 3. Exemplos de Bem Intangível. Fonte: http://www.portal-administracao.com/2014/04/branding-design-estrategico-de-marcas.html. Acessoem: 1/9/2019. Durante um procedimento de avaliação, deve-se observar alguns passos para realizar uma análise de qualidade. Esses passos estão descritos na norma vigente NBR/ABNT 14653-1(Avaliação de bens – Parte 1: Procedimentos Gerais). Estão especificadas algumas das atribuições básicas para que se dê início a uma avaliação de bens. Documentação O responsável pela avaliação deve requisitar todo e qualquer documento do bem, relevante para o parecer laboral e ficar a par de todas as informações importantes e necessárias acerca do que está sendo analisado. Em casos em que os documentos e/ou contratante não expressem as informações necessárias para a formação da avaliação, o engenheiro deve considera-las suficientes, ou não, para prosseguir. Caso decida seguir com o trabalho, o profissional deve explicar abertamente quais são as restrições de fazer uma avaliação com dados insuficientes e/ou desconformes. Vistoria A vistoria é realizada pelo profissional de avaliações, com a finalidade de examinar e de definir as características do bem em questão e sua adaptação no mercado. É importante destacar que não se pode fazer qualquer avaliação de bens sem fazer vistoria. 16 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS Durante a vistoria, é aconselhável listar particularidades físicas e de uso do bem avaliado e outros tópicos pertinentes à composição do valor. Em situações atípicas, quando o bem estiver inacessível, pode ser utilizada uma ocorrência como modelo, se os componentes envolvidos estiverem de acordo. Essa exceção deverá constar claramente no laudo. É ilustrativo descrever, por exemplo, o que é geralmente registrado em avaliação de um imóvel: “[...] o que caracteriza a vistoria é a minuciosa verificação das condições do objeto da Avaliação na data de referência do Laudo, tais como: a localização do imóvel; características da região e entorno do mesmo; o uso e ocupação do solo; características do terreno; características arquitetônicas; técnicas construtivas utilizadas; anomalias construtivas; proximidade de pólos valorizantes ou desvalorizantes (favelas, córregos, estações de tratamento de esgoto, aterros sanitários etc.); análise do mercado onde se encontra inserido o imóvel avaliando.” (Secretaria de Executiva de Administração, 2012, pp 29-30) Ainda durante a vistoria deve ser destacado qualquer pesquisa, plano ou aspecto tecnológico, bem como seus efeitos que possam influenciar o valor bem. Levantamento de dados O passo da avaliação de bens deve ser programado com precedência, considerando: “as características do bem avaliando, disponibilidade de recursos, informações e pesquisas anteriores, plantas e documentos, prazo de execução dos serviços, enfim, tudo que possa esclarecer aspectos relevantes para a avaliação.” (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2001, p.7). Nessa fase da avaliação é aconselhável quantificar diversos dados de mercado, para que possam servir de parâmetro para o bem que está sendo avaliado, em caráter quantitativo. No que tange ao caráter qualitativo, é importante analisar e obter dados de mercado com características similares e atualizados, de acordo com data de avaliação. É relevante detectar, ainda, diferentes e genuínas fontes de referências, a fim de garantir a credibilidade dos dados de mercado, como também analisá-los e expor as suas particularidades significativas. Nesse momento é que se realiza a pesquisa e coleta de dados e informações para entender a situação mercadológica. Assim como é o momento de entender os dados de oferta, que são indicadores de valor de mercado. 17 INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS │ UNIDADE I “Entretanto, deve-se considerar superestimativas, que em geral acompanham esses preços e, sempre que possível, quantificá-las pelo confronto com dados de transações.” (Secretaria de Executiva de Administração, 2012, p. 33.) Esses dados devem ser pesquisados de acordo com o tempo que estão no mercado e em situações de transações, e deve-se indagar qual a condição de pagamento e as datas efetuadas. Metodologia A seleção da metodologia para obter um bom preço de mercado deve estar em concordância com as práticas utilizadas em todo o mundo. Para que isso ocorra é relevante identificar as características do bem em questão e, então, escolher o método. A metodologia correta deve estar em concordância com a natureza do bem avaliado, com o propósito do procedimento de avaliação e com os dados de mercado. Dessa forma, possíveis erros de valoração são evitados. (Comissão Técnica Nacional de Investimentos Imobiliários, 2016) Conforme a NBR/ABNT 14653-1(Avaliação de bens-Parte 1: Procedimentos Gerais) e o Manual de avaliações de bens imóveis do estado do Espírito Santo (2011), os métodos mais usuais para avaliações de propriedades são: » Método comparativo direto de dados de mercado: principalmente aplicado na investigação de valor de mercado de imóveis como escritório, lojas, casas e apartamentos, este método é normalmente utilizado se os dados forem suficientes e similares ao bem que está sendo avaliado. » Método involutivo: aplicado em situações em que não pode ser utilizado o método comparativo direto. Esse método é usado quando não existe os dados amostrais similares ao objeto que está sendo avaliado. Exemplo: avaliação de glebas. » Método evolutivo: utilizado quando se deseja alcançar o valor de mercado em situações que existem dados amostrais similares ao do bem que está sendo avaliado, tais como residências de alto padrão e galpões. » Método da renda: sugerido em ocasiões que se avaliam empreendimentos imobiliários, como shopping-centers e hotéis. » Método para quantificação do custo do bem: Indicado casos em que é preciso obter o custo do bem. 18 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS » Métodos para identificar indicadores de viabilidade da utilização econômica de um empreendimento: São métodos empregados com o objetivo de definir parâmetros de praticabilidade econômica, relacionados com empreendimento, fundamentados no fluxo de caixa e por meio do qual são estabelecidas decisões com base no valor presente líquido, nas taxas internas e no tempo de retorno etc. A seleção do método deve ser fundamentada nas partes que compõe a NBR 14653. Em casos em que, por algum motivo, os métodos da norma não se apliquem, o engenheiro responsável pela avaliação pode escolher basear-se por outra metodologia, mas isso precisa ser adequadamente explicado. Tratamento dos dados Com a finalidade de obter modelos coerentes com a metodologia selecionada, é imprescindível que os dados passem por um tratamento. A NBR/ABNT 14653-2 (Avaliação de bens-Parte 2: Imóveis Urbanos) diz que: “E recomendável, preliminarmente, a sumarização das informações obtidas sob a forma de gráficos que mostrem as distribuições de frequência para cada uma das variáveis, bem como as relações entre elas. Nesta etapa, verificam-se o equilíbrio da amostra, a influência das possíveis variáveis-chave sobre os preços e a forma de variação, possíveis dependências entre elas, identificação de pontos atípicos, entre outros.” (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2011, p.15). Reconhecimento do valor de mercado O reconhecimento do valor deve ser realizado de acordo com o método que seja mais adequado ao mercado em que o bem está inserido. Deve-se, também, apoiá-lo nos tratamentos de dados, para que seja possível aproximar, até 1% do valor encontrado, o resultado da avaliação. Além disso, é necessário que se permita especificar a faixa de variação de preços tolerável de acordo com o valor final, uma vez que seja especificada a probabilidade associada. Dentro desse contexto de identificação do valor de mercado, é significante que o responsável pela avaliação, de acordo com o seu objetivo, verifique o mercado do qual o bem faz parte. Desse modo, é possível apontar no laudo de avaliação a liquidez do bem, explicar a estrutura, o comportamento e o funcionamentodo mercado, ou 19 INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS │ UNIDADE I seja, avaliando e diagnosticando para compreender as variáveis de mercado onde o bem está inserido. Especificação das avaliações A etapa de especificação das avaliações é definida em função do prazo requerido, da utilização de recursos, da facilidade de acesso dos dados e do tipo de tratamento escolhido. O procedimento de avaliação pode ser caracterizado segundo a fundamentação e precisão. » Fundamentação: especificação de acordo com o aperfeiçoamento da avaliação, em relação à escolha da metodologia: em virtude da credibilidade, da qualidade e da quantidade de fácil acesso dos dados amostrais. » Precisão: especificação definida quando é viável quantificar o grau de certeza e o nível de erro admitido durante o trabalho de avaliação. Mas isso varia conforme o tipo de bem avaliado, a finalidade com que está sendo realizada a avaliação, as condições do mercado, o domínio atingido na coleta de dados, os métodos e as ferramentas despendidas. Considerando os graus de fundamentação e precisão, é necessário afirmar que, de acordo com a NBR 14653 (e suas partes), e como regra de especificação, os graus devem estar em ordem numérica, do menor para o maior (crescente), tendo como o menor grau especificação, o grau I e o de maior é o grau III. Vale ressaltar que os graus obtidos na avaliação do valor estimado são vinculados à dedicação que será necessária para a avaliação, sendo considerada maior de acordo com a subjetividade inerente no trabalho de avaliação. O grau de precisão é utilizado apenas no método comparativo direto e utiliza apenas as particularidades do mercado e da amostra representativa e, assim, não admite fixação inicialmente. Laudo de avaliação A finalização do trabalho de avaliação é dada pela construção de um laudo. Esse laudo é um parecer técnico produzido pelo engenheiro responsável pelo procedimento de avaliação, segundo as normas regulamentadoras. 20 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS Esse documento deve abranger requisitos exigidos pela norma vigente. Deve ser compreensível, sucinto, conclusivo e exato. Os modelos apresentados não têm qualquer intenção de restringir o engrandecimento do trabalho, mas determinar padrões básicos para a representação dos laudos, proporcionando uma clara visualização dos dados pertinentes. Seguem abaixo as premissas básicas requisitadas pela norma: » Indicar a pessoa física ou jurídica e/ou seu representante legal que requisitou a avaliação. » Finalidade do procedimento de avaliação. » Apontar e definir as características do bem que está sendo avaliado. » Identificar a(s) metodologia aplicada(s), com explicação da seleção. » Esclarecer a avaliação. » Conclusão da avaliação e a data de referência. » Atributos legal, na íntegra, e assinatura do(s) profissional(is) encarregado(s) do processo de avaliação. » Local e data do laudo. » Outras informações que enriqueçam o trabalho e que constam nas partes da NBR 14653. Os laudos realizados podem ser classificados como: » Completo: possui todos os elementos essenciais para compreensão do trabalho de avaliação. » Simplificado: Composto de toda a informação útil e resumida, para a compressão do trabalho de avaliação. Ainda existe o laudo de uso restrito que cumpre requisitos acordados entre os evolvidos no contrato do trabalho de avaliação. Esse tipo de laudo não pode ser utilizado para outros fins ou apresentação a terceiros. Essa situação deve ser detalhada no laudo de avaliação. As próximas laudas apresentam um modelo de laudo completo e um simplificado, respectivamente. O primeiro foi retirado do Manual de avaliações de bens imóveis do estado do Espírito Santo. Ele mostra a capa, a folha de resumo e o sumário de um laudo técnico para avaliação de um bem imóvel. 21 INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS │ UNIDADE I Figura 4. Capa de um modelo de um laudo para avaliação de um bem imóvel. Fonte: Comissão de Avaliação Imobiliária do Estado do Espírito Santo (2011). Figura 5. Folha resumo de um laudo. LAUDO DE AVALIAÇÃO No XX/ANO – L OU V OBJETO: <descrição sumária do bem, que tem por finalidade descrevê-lo sucintamente, visando a identificar prontamente o imóvel avaliado. Os tipos de bens normalmente avaliados são: terrenos, glebas, residências, prédios, galpões, salas comerciais, lojas, quadras poliesportivas, estacionamentos etc.> OBJETIVO: <obter o valor de locação ou valor venal do imóvel> SOLICITANTE: <Apontar a Secretaria ou Órgão que demandou o serviço de avaliação> LOCALIZAÇÃO: <Endereço completo do imóvel> ÁREA DO TERENO: XXX,XX m². ÁREA CONSTRUÍDA: XXX,XX m². PROPRIETÁRIO: <Apontar o proprietário do imóvel, pessoa física ou jurídica> RESULTADOS DA AVALIAÇÃO: R$ X.XXX,XX <valor por extenso> AVALIADOR: <Nome completo do Responsável Técnico pela avaliação, seguido do no de registro no CREA ou CAU conforme o caso> LOCAL E DATA DO LAUDO DE AVALIAÇÃO Fonte: Comissão de Avaliação Imobiliária do Estado do Espírito Santo (2011). 22 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS Como não é viável colocar neste material um laudo completo, por conta de sua dimensão, então o sumário de um laudo possibilitará elucidar de forma sucinta tudo o que foi explanado anteriormente. O próximo laudo é simples. Ele tem a estrutura simplificada de um laudo de avaliação de um bem imóvel. Figura 6. Exemplo de laudo simples (parte 1). Fonte: http://licita.seplag.ce.gov.br/pub/186352%5C186352_201342511317_ANEXO%20I%20-A%20DO%20TR%20Laudo%20 Simplificado.pdf/. Acesso em: 23/8/2019. 23 INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS │ UNIDADE I Figura 7. Exemplo de laudo simples parte 2. Fonte: http://licita.seplag.ce.gov.br/pub/186352%5C186352_201342511317_ANEXO%20I%20-A%20DO%20TR%20Laudo%20 Simplificado.pdf. Acesso em: 23/8/2019. 24 CAPÍTULO 2 História das avaliações A ciência da avaliação é relativamente nova. Nos primórdios, as avaliações eram feitas de maneira empírica, baseando-se em fatos e relatos de antigos proprietários e moradores das regiões. Assim, os cartórios tinham apenas suspeitas de que, muitas vezes, o valor declarado não era condizente com o valor devido, pois haviam muitas alterações e incoerências nesse sentido.Com todas essas discrepâncias, os métodos desenvolvidos pela ciência começaram a ser aplicados com o intuito de diminuir ou de extinguir os erros decorrentes de uma avaliação. Para isso, eram consultados muitos livros, trabalhos científicos e técnicos, entrevistas com engenheiros e técnicos experientes no assunto. Logo, com todas as informações disponíveis, foram sendo criados e inseridos os mais recentes conceitos de avaliação. No Brasil, o primeiro contato com a engenharia de avaliação foi por meio da publicação da Lei no 601, intitulada como Lei da Terra, em 18 de setembro de 1850. Figura 8. Representação do bem capital após a promulgação da Lei das Terras de 1850. Fonte: http://2.bp.blogspot.com/_FK5QjE4gwZc/TOKvqyx2CnI/AAAAAAAAJYI/ntv7LoVTvFA/s1600/terra.jpg. Acesso em: 23/8/2019. A Lei da Terra pôs fim ao arcaico sistema de concessões de terra que era mantido pelo governo português desde 1375. Com a promulgação dessa lei, surgiu a figura do imobiliário particular, ou seja, o proprietário tinha sua terra, que era registrada em seu nome, nas paróquias. Registros mostram que após a abolição da escravidão, as terras tornaram-se o mais importante bem capital. 25 INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS │ UNIDADE I Assim, a quantidade de terras passou a ditar o poder econômico na época. Antes disso, a importância de uma família era medida pela quantidade e pela qualidade dos escravos que possuía. A partir desse contexto as terras passaram a ser o anseio de ganho financeiro em diversas formas: aluguéis, arrendamentos, produção agrícola, garantias para empréstimos, além da própria venda de todo o terreno ou de suas partes. Esses ganhos financeiros eram a garantia do proprietário de vastos campos, o qual já não tinhamais escravos. Esses fatos tendem a marcar o século XIX, juntamente com o surgimento da especulação imobiliária. Essa realidade iniciou-se graças às transferências de investimentos para o setor imobiliário, o que foi viabilizado por políticas governamentais vigentes nas regiões. Os detentores das primeiras publicações que se têm notícias no Brasil sobre avaliações são: » Instituto de Engenharia da Politécnica. » Instituto de Engenharia da Mackenzie. » Arquivo municipal da cidade de São Paulo. » Setor de engenharia municipal de São Paulo. Os anos de 1918 a 1929 ficaram conhecidos como os anos iniciais da ciência no país. Em 1923, um engenheiro e também diretor de Obras e Viação, chamado Vitor da Silva Freire, juntamente com sua equipe, começaram a utilizar uma nova metodologia para avaliação de terreno, empregando a curva de profundidade Lindsay-Bernard. Já em 1929, esse uso foi consolidado ao ser base para avaliações e para melhorias na prefeitura de São Paulo. Quase uma década depois, o Prof. Lysandro Pereira da Silva levantou questões que foram publicadas na revista Engenharia Municipal, dando ênfase ao modo de produzir renda por meio das terras. O primeiro livro que trata diretamente desse assunto é denominado “Avaliações de Terrenos”. Foi publicado no ano de 1941, por Luiz Carlos Berrini. Mais tarde, em 1949, esse autor publicou o livro “Avaliação de imóveis”, atualizando sua obra previamente citada. Essa obra é famosa até hoje e nomeada como a “Bíblia” das avaliações. Muitos dos conceitos e dos argumentos técnicos de Berrini vieram de sua temporada acadêmica fora do país, principalmente nos 26 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS Estados Unidos, onde os conceitos já estavam em uso desde os meados do século XIX. Ernani Ferraz Nogueira também contribuiu muito para a consolidação da Engenharia de Avaliações naquela época. Além de ter publicado diversas obras, ser o engenheiro chefe da subdivisão de Taxa de Melhoria e Avaliação da Prefeitura de São Paulo, ele ainda foi responsável por introduzir os conceitos importantes e destacar a relevância de uma unidade que mensurasse valor a uma propriedade. A partir dessa preocupação, Ferraz, apresentou fundamentação para três métodos de avaliação, nomeados como: comparativo, de capitalização e de custo de produção. De 1938 a 1945, São Paulo ganhou um novo prefeito. O mandato de Francisco Prestes Maia foi evidenciado por constantes intervenções urbanísticas e por obras grandiosas, o que resultou em diversas desapropriações e documentos técnicos apresentando os trabalhos realizados. Esses trabalhos foram elaborados e publicados na revista “Arquivo Municipal”. No meio de tantas publicações estava o modelo de um laudo. Esse modelo de laudo publicado em 1939, em que constava uma atividade de desapropriação, realizada por Abel Nogueira e Plínio Withaker, foi intitulado como “Avaliação Científica de Imóveis”. (COBREAP, 2013; SILVA, 2003) A literatura de avaliação nacional só obteve ganhos com essas publicações. Aconteceram diversas alterações nas formas de calcular as avaliações e projetar seus valores. Ao longo dos anos, muitos engenheiros e técnicos visionários buscavam a ampliação do conhecimento e publicavam suas teorias científicas com o intuito de tornar essa ciência cada vez mais completa de conhecimentos científicos para sua execução. No início dos anos 50, a ABNT recebe um anteprojeto de normas para avaliação de imóveis, que foi instaurada em 1957 e nomeada por P-NB-74R (SILVA,2003). Essa década ainda foi cenário para marcos importantes, como a criação do Instituto Legal de Engenharia do Rio de Janeiro e o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de São Paulo – IBAPE-SP (COBREAP, 2013). Sendo assim, o que faltava era agrupar todos os conhecimentos acumulados. Deste modo, ocorreu congresso em 1974. Primeiro Congresso Brasileiro de Avaliações do município de São Paulo. Essa cidade contribuiu muito para o aprimoramento da engenharia de avaliação, pois sofreu grandes transformações nesse sentido. Grandes avenidas e linhas de metrô foram construídas, além de toda a reformulação da cidade para tornar-se cada vez mais moderna e eficaz. 27 INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE BENS │ UNIDADE I Durante o Congresso Brasileiro de Avaliações, o engenheiro Domingos S. Barbosa Filho apresentou o trabalho Avaliações de Terra Conflagradas pelas Fraldas Urbanas. Com todo esse material disponível, diversos trabalhos em campo e ações judiciais, houve embasamento suficiente para a formulação de uma norma. Assim, a ABNT lançou a NB 502/1977, denominada norma para avaliação de imóveis urbanos. Nos anos seguintes, continuaram-se as transformações, principalmente em termos de ampliar o conhecimento. No ano de 1980, aconteceu em São Paulo o primeiro Congresso Mundial de Engenharia de Avaliações, consolidando os conhecimentos de diversos autores, de diferentes países. Esse evento deu suporte à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para abrir o primeiro curso de Engenharia de Avaliações, tendo como mentor o professor Hélio Roberto Ribeiro de Caires. No ano de 1989 a NB-502 foi revisada e entrou nos moldes então atuais da ABNT, passando a ser conhecida como NBR 5676 – Avaliação de Imóveis Urbanos. Em 2001, a NBR 14653 (Avaliação de Bens) substituiu a NBR 5676, acrescentando aspectos e categorias distintas, como: imóveis rurais, urbanos, empreendimentos, máquinas, equipamentos, instalações, recursos naturais e ambientais, patrimônio, entre outros. A NBR 14653-2, específica para a avaliação de imóveis urbanos, foi publicada em 2004 e revisada em 2011. Nessa revisão, diversos fatores também foram corrigidos, além conceder maior autonomia aos graus de fundamentação e de precisão. Figura 9. Imagem demostrando objetos utilizados nas avaliações. Fonte: https://creajrpr.wordpress.com/2017/09/12/crea-pr-realiza-workshop-sobre-avaliacoes-e-pericias-de-engenharia-no-dia- 20-de-setembro/. Acesso em: 23/8/2019. Essas são as medidas avaliativas que estão em uso nos dias atuais. Com bases já estabelecidas por outras engenharias, a engenharia de avaliações vem dentro dessa lógica, aproveitando recursos tecnológicos existentes e conceitos, definições e ajustes já disponíveis. Dessa forma, podemos destacar que as noções de economia nortearam as raízes conceituais das avaliações de bens. 28 UNIDADE IINOÇÕES DE ESTATÍSTICA A segunda unidade traz uma revisão de Estatística Básica, contendo os conceitos introdutórios, as medidas de posição central (média, mediana, moda), as medidas de dispersão (desvio médio, variância, desvio padrão, coeficiente de variação).Portanto, essa unidade tem como objetivo proporcionar um breve entendimento da Estatística Inferencial, conceito e definições importantes para a estatística inferencial, análise de regressão e os modelos de regressão linear simples e múltipla, bastante utilizados na parte de avaliações, pressupostos e ajustes de modelo de acordo com a ABNT/NBR, métodos dos mínimos quadrados e transformação de modelos. CAPÍTULO 1 Conceitos introdutórios Introdução Estatística é a ciência capaz de colocar em ordem e interpretar dados por análise e tentativas. O ramo da estatística que aborda coleta, sumarização e descrição de dados é conhecido como estatística descritiva. Essa parte da estatística abrange a estruturação e a síntese desses dados, assim como avaliações e explicações numéricas e gráficas, incluindo os cálculos de medidas, como a média, mediana e o desvio padrão, entre outros. (NASSER, 2013). A parte da inferência estatística abrange a elaboração de conclusões sobre o geral, baseado em analisar uma parte ou amostra do todo. Para legitimar a inferência estatística, essa parte deve representar a população e a probabilidade do erro definida (NASSER, 2013). 29 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II Para as avaliações, é utilizada a base estatística inferencial, por meio do raciocínio indutivo, pois estuda o comportamentode um todo por uma parte do mesmo. Ou seja, uma amostra define toda uma população. Nessa parte, entendemos a teoria da estatística, em que são definidos os meios para planejar o entendimento das amostras e as técnicas de estimação a ser utilizadas. Os dados estatísticos são utilizados como base para as pesquisas científicas e de opinião, para obter as características do que se quer entender, como avaliações, informações populacionais etc. Desse modo, a coleta e o armazenamento de dados são feitos por meio de uma metodologia, para que os resultados possam ser distribuídos para a população como um todo. A evolução da tecnologia está possibilitando encontrar resultados de pesquisas cada vez mais precisos, com informações rápidas, eficazes e concisas, a fim de dar veracidade em menor tempo e sem gerar contestações. Para que a pesquisa seja de qualidade, é necessário que haja um bom planejamento para uma coleta de dados originais. A contagem das informações (apuração) deve ser precisa, tudo deve estar muito bem organizado para que o estudo dos dados e sua posterior demonstração tragam clareza e objetividade à pesquisa. Conceitos e definições » Dados: Informações provenientes de estudos ou experimentos. » Dados primários: informações coletadas diretamente do portador. Ex.: respostas de um formulário. » Dados secundários: informações coletadas de uma pesquisa existente. Ex.: livro didático. » Casos: objetos de um conjunto de dados, também chamados de indivíduos. » Variáveis: características peculiares de cada caso ou de indivíduo, podendo assumir valores e classificações diferentes para indivíduos distintos. Ex.: idade, renda salarial, cor dos olhos, altura e entre outras. » Variável qualitativa: não pode ser comparada ou analisada matematicamente. Ex.: altura, cor dos olhos. » Variável qualitativa nominal: não é mensurável ou posta em ordem. Ex.: cor dos olhos. 30 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA » Variável qualitativa ordinal: pode ser posta em ordem, ainda sem comparação. Ex.: altura. » Obs.: quando o número aparecer como código, a variável continua sendo qualitativa. » Variável quantitativa: pode ser comparada ou analisada matematicamente. Ex.: renda salarial, quantidade de filhos. » Variável quantitativa contínua: o valor pode ser fracionado (números decimais). Ex.: renda salarial. » Variável quantitativa discreta: o valor não pode ser fracionado (números inteiros). Ex.: quantidade de filhos. » População: conjunto de todos os itens que interessam ao estudo de um fenômeno coletivo. Ex.: moradores de um bairro, pacientes de um hospital, estudantes de uma escola. » População finita: valor limitado de dados ou informações. Ex.: moradores de uma casa. » População infinita: valor ilimitado de dados ou informações. Ex.: sorteio de brindes em que todas as pessoas sorteadas podem participar de novo. » Amostra: parte ou subconjunto de uma população escolhida aleatoriamente para representá-la: › Quanto maior for o tamanho da amostra, mais precisas serão as informações. › Quanto mais homogêneas as características da população, menor será a amostra. › Ex. 1: num bairro populoso, a amostra precisa ter, no mínimo, um elemento de cada grupo presente na população. › Ex. 2: num hospital, a amostra deve ter, no mínimo, um paciente de cada enfermidade ou situação. › Ex. 3: numa indústria, a amostra deve ter, no mínimo, um produto de cada lote fabricado. » Amostragem: método que trabalha com dados sob a forma de medida ou contagem de elementos em pequenas quantidades. 31 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II » Amostragem probabilística: todos os elementos da população têm a mesma probabilidade de ser incluída na amostra. » Amostragem aleatória: a seleção não é tendenciosa, pode ser feita por sorteio ou uso da Tabela de Números Aleatórios, que também pode ser gerada no computador. » Amostragem estratificada: a amostra é dividida naturalmente, formando uma subdivisão da amostra (características dos subgrupos: sexo, renda, idade). » Amostragem sistemática por conglomerados: a amostra é selecionada a partir de uma sequência pré-fixada. Utilizada em pesquisas de opinião pública. » Amostragem não probabilística: exige que determinado tipo de elemento da população seja selecionado com base em características específicas. Ex.: de uma sala de aula, selecionar apenas os alunos com baixo rendimento. » Amostragem com reposição: o elemento selecionado volta a fazer parte da população e tem a mesma possibilidade de ser selecionado outra vez. Ex.: num jogo de dados, não se isola um dos lados após seleção. » Amostragem sem reposição: o elemento selecionado perde a oportunidade de ser selecionado outra vez, por que é extraído da população. » Vantagens do processo de amostragem: Pode ser utilizado em quase todas as pesquisas de grande população, exceto quando se faz necessária a aplicação da pesquisa com todos os elementos da população (pesquisa censitária). › Economia: é mais barato fazer o levantamento de uma parte da população. › Tempo: o levantamento dos dados demora menos tempo de ser feito. › Confiabilidade: quanto menos elementos, menor a possibilidade de erros. › Operacionalidade: é mais fácil fazer operações de pequena escala. » Desvantagens do processo de amostragem: o seu uso não é interessante quando a população é muito pequena porque, para selecionar uma 32 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA amostra representativa, essa porção terá quase a mesma quantidade de elementos do universo. › População pequena: a pesquisa deve ser feita com todos os elementos. › Características de fácil mensuração: a variável é facilmente observada. › Necessidade de alta precisão: pesquisa censitária. Tabelas Uma tabela é a organização de dados em linhas e colunas que transmite informações de forma simplificada e ajuda na interpretação dos aspectos. Estrutura de uma tabela: a forma de exposição de dados deve ser de fácil entendimento, concisa e conter todas as identificações e informações necessárias, tanto nas linhas quanto nas colunas. Toda tabela deve apresentar: » Título que descreva os dados listados, inclusive o período de sintetização dos dados. » Linha destinada ao cabeçalho e ao título das colunas. » Fonte de onde foram extraídos os dados e o período. » Colunas destinadas às informações coletadas e calculadas. Figura 10. Notação sigma ou somatório. Fonte: Elaborado pela autora (2017). » Notação Σ [Sigma]: Sigma [Σ] é uma letra grega utilizada em cálculos para representar a soma total das parcelas ou o somatório. » Lemos: somatório dos números que vão de “i” a “n” ou de “1 a n”, em que n poderá ser um número conhecido ou desconhecido. 33 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II » Arredondamento: aplica-se em todas as operações ou medições que necessitam de precisão ou aproximação. Pode ser aplicado nas medidas com régua, trena ou no resultado de uma divisão. Quando o algarismo duvidoso (a ser eliminado) for: » Maior que 5: soma-se uma unidade ao algarismo anterior. Ex.: 18,78m arredondando 18,80m. » Menor que 5: despreza-se apenas o algarismo duvidoso. Ex.: 22,63m arredondando 22,60m. » Igual a 5 com algarismo anterior ímpar: soma-se uma unidade ao algarismo anterior. Ex.: 19,75m arredondando 19,80m. » Igual a 5 com algarismo anterior par: despreza-se apenas o algarismo duvidoso. Ex.: 31,45m arredondando 31,40m. » Distribuição de frequência é um recurso utilizado para organizar dados em classes, de forma a apresentar a quantidade (e/ou a percentagem) de dados em cada classe. Assim, é possível sintetizar e avaliar um grupo de dados sem a necessidade de levar em consideração os valores individuais. Uma distribuição de frequência pode ser apresentada em tabelas ou gráficos. O elemento é real e favorável, ou seja, todos os elementos podem ocorrer com igual probabilidade e seus valores são reais. As frequênciaspodem ser classificadas como variáveis discretas, em que todos os possíveis valores podem ser enumerados. Quando a pesquisa já está totalmente organizada, com os dados e as informações homogeneizadas, as análises de tendência e tomadas de decisões podem ser efetivadas, tendo como base esses fundamentos que estão sendo avaliados. No caso de avaliações, é possível estabelecer esses resultados em formas de tabelas, gráficos, números etc. Alguns modelos de distribuição de frequência comuns são os índices de inflação ou de desenvolvimento humano (IDH), crescimento industrial, crescimento das importações e exportações, entre outros. 34 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA Para avaliações de bens, como imóveis e propriedades, a população seria formada pelos conjuntos desses bens, desde que estivessem na mesma região e/ou com custos semelhantes, ou seja, é um conjunto ordenado. De fato, pode ser considerada uma sequência ininterrupta. Como exemplo de frequência, temos uma tabela que identifica a distribuição de frequência das áreas de 400 lotes de um bairro fictício: Tabela 1. Distribuição de frequência de 400 lotes de um bairro fictício por área. i Área (m²) Quantidade de lotes 1 300 |- 400 14 2 400 |- 500 46 3 500 |- 600 58 4 600 |- 700 76 5 700 |- 800 68 6 800 |- 900 62 7 900 |- 1000 48 8 1000 |- 1100 22 9 1100 |- 1200 6 Fonte: Elaborado pela autora (2017). » Frequência Simples [FS]: ou frequência [F], os valores das repetições dos eventos descritos na coluna anterior. Ex.: Quantidade de Pessoas (acima). » Frequência Relativa [FR]: divisão da frequência simples de cada elemento pelo somatório [total] da frequência simples. Pode ser associado à porcentagem. Tabela 2. Frequência relativa da tabela 1. Item Escolaridade FS FR* Percentual [%]** [1] Alfabetizado 9 0,007240547 0,724054706 [2] 1o ao 5o ano 182 0,146419952 14,64199517 [3] 6o ao 9o ano 332 0,267095736 26,70957361 [4] Ensino Médio [incompleto] 155 0,124698311 12,46983105 [5] Ensino Médio [completo] 369 0,29686243 29,68624296 [6] Superior 34 0,027353178 2,73531778 [7] Analfabeto 74 0,059533387 5,953338697 [8] Não Informou 88 0,07079646 7,079646018 Total [Σ] 1243 1,0000 100,00 Fonte: Elaborado pela autora (2017). 35 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II *Cálculo da frequência .. . freq simplesfreq relativa totaldafreq simples = Eq1. **Cálculo do percentual Percentual = freq. relativa. 100 Eq2. Tabela 3. Frequência acumulada da tabela 2. Item Escolaridade FS FAS* FR FAR** [1] Alfabetizado 9 9 0,007240547 0,007240547 [2] 1o ao 5o ano 182 191 0,146419952 0,153660499 [3] 6o ao 9o ano 332 523 0,267095736 0,420756235 [4] Ensino Médio [incompleto] 155 678 0,124698311 0,545454545 [5] Ensino Médio [completo] 369 1047 0,29686243 0,842316975 [6] Superior 34 1081 0,027353178 0,869670153 [7] Analfabeto 74 1155 0,059533387 0,92920354 [8] Não Informou 88 1243 0,07079646 1,0000 Total [Σ] 1243 ---- 1,0000 ---- Fonte: Elaborado pela autora (2017). » Frequência Acumulada Simples [FAS] e Frequência Acumulada Relativa [FAR]: as frequências acumuladas não têm somatório. O valor do último elemento é sempre igual ao valor total da frequência simples e relativa. Cálculo das Frequências Acumuladas: Somam-se todas as frequências de cada elemento. Distribuição de Frequência – Variável Contínua: quando a variável é contínua, ou seja, os valores entre eles são muito precisos, utiliza-se o processo de agrupamento de classes, para não haver a necessidade de montar uma tabela muito grande com a frequência de valores muito próximos. Ex.: salário mensal dos chefes das famílias do bairro. Amplitude Total [At]: diferença entre o maior e o menor salário. At = Xmax - Xmin Eq3. Intervalo de Classe: qualquer subdivisão da amplitude total, que é composta de Limite inferior [Li] e de Limite superior [Ls]. Barra vertical [ι] ou colchete aberto para a direita “[” indicam inclusão, ou seja, o número a que se referem estão incluídos na classe. Ausência de barra vertical ou colchete aberto para a esquerda “ ] “ indicam exclusão, ou seja, o número a que se referem não estão incluídos na classe. 36 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA Quadro 2. Representação das classes Representação das Classes Comentários 0 ι - ι 100 ou [0;100] Tanto o 0 [Li] quanto o 100 [Ls] estão incluídos nessa classe. Lê-se: intervalo de 0 a 100. 100 ι - 300 ou [100;300[ Apenas 100 [Li] está incluído nessa classe. Lê-se: intervalo de 100 a 300. 300 – ι 600 ou ]300;600] Apenas 600 [Ls] está incluído nessa classe. Lê-se: intervalo de 300 a 600. 600 – 1000 ou ]600;1000[ Nem 600 [Li], nem 1000 [Ls] estão incluídos nessa classe. Lê-se: intervalo de 600 a 1000. Fonte: Elaborado pela autora (2017). Número de Classes [K]: número de linhas que comporá a tabela. Informalmente, essa definição depende da necessidade e sobre o que se pretende analisar. Porém, formalmente, utilizam-se as fórmulas para calcular K: 1. Critério Raiz; n = At = amplitude total K = √n Eq4. 2. Fórmula de Sturges K = 1 + 3,22 . log(n) Eq5. Amplitude do intervalo de classe [h]: Quantidade de elementos da classe. h = At/K Eq6. Gráficos A utilização de gráfico é a maneira mais simplificada de apresentação e de transmissão das informações contidas num conjunto de dados. Esse instrumento de apresentação proporciona uma ampla visão por meio de figuras geométricas que obedeçam ao princípio da proporcionalidade. Descrevemos com palavras (descritiva), construímos tabelas com números (tabular) e construímos os gráficos com desenhos. A estrutura de um gráfico exige: » Título indicativo do objetivo representando a época e o local. » Fonte de onde foram retiradas as informações. » Legenda das informações. » Escalas e as unidades de medidas. 37 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II Cartogramas: representações gráficas compostas de ilustrações relativas às cartas geográficas. Muito utilizado para representar regiões demográficas, históricas e geográficas. Figura 11. Cartograma de Andalucía. ‘ Menos de 16.000 €/Anuales 16000 - 17000 €/Anuales 17000- 18000 €/Anuales Mais 18000 €/Anuales Renta Per Capita y Poblacion em Andalucia Cartogramas Fonte: https://www.cursosgis.com/como-hacer-cartogramas-con-qgis/. Acesso em: 24/8/2019. Diagramas: representações gráficas dispostas em duas dimensões (coordenadas cartesianas), podendo ser linear ou de área. Figura 12. Diagrama. Fonte: Elaborado pela autora (2017). 38 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA Estereogramas: representações gráficas dispostas em três dimensões [volume]. Figura 13. Estereograma. 1- Temperatura 2- Pressão 3- Volume Fonte: Elaborado pela autora (2017). Pictogramas: representações gráficas que utilizam símbolos ou imagens relativas ao tema da pesquisa como elemento de informação. Figura 14. Pictograma. 4o Ano Matutino 60% 40% Fonte: Elaborado pela autora (2017). Gráfico ramo e folha: outra maneira de disposição dos dados em rol onde isolamos o algarismo de ordem maior e o chamamos de ramo, enquanto chamamos de folha o algarismo de ordem menor. Ex.: Idade dos integrantes de uma família exceto as crianças. Rol: 18; 19; 20; 22; 23; 23; 23; 23; 25; 26; 27; 28; 29; 30; 30; 30; 32; 34; 35; 35; 37; 38; 38; 39; 40; 40; 45; 48; 49; 50; 50; 50; 51; 57; 60; 64; 69; 71; 82. 39 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II Figura 15. Gráfico ramo e folha Fonte: Elaborado pela autora (2017). Nesse caso, sabemos que a maior parte dos adultos dessa família concentra-se na faixa dos 20 aos 39 anos. 40 CAPÍTULO 2 Estimadores de tendência central Medidas de Posição Central são medidas de valor intermediário de uma série intermediária, situada entre o menor e o maior valor, cujo cálculo leva à obtenção de valores que fornecem informações sobre a pesquisa. As medidas de tendência central descrevem os fenômenos e focam o centro dos dados no eixo horizontal. As principais medidas são: média,mediana e moda. Média Média é a medida estatística responsável por demonstrar o centro das informações quantitativas. sofre intensa influência dos valores extremos. Média Aritmética Simples [ 'x]: medida estatística responsável por demonstrar o centro das informações quantitativas. Geralmente chamada de média, é a relação entre o somatório dos elementos e a quantidade numérica da série. ' ix x n ∑ = Eq7. ( )2' 1 nx x x n x + +…+ = Eq8. Média Aritmética Ponderada [ 'x]: relação entre o somatório do produto de elemento e frequência e do somatório de frequência. ( )' .i i i x x f f ∑ = ∑ Eq9. Média Aritmética Ponderada para Dados Agrupados em Classes de Frequências [ 'x]: relação entre o somatório do produto de ponto médio e frequência e o somatório de frequência. ( )' . i i PM x f f ∑ = ∑ Eq10. Ponto Médio [PM]: Média Aritmética Simples entre o limite inferior e o limite superior de uma mesma classe. 2 Li LsPM += Eq11. 41 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II Média Geométrica [ 'xg]: Média usada em condições específicas, como padrão de crescimento e razão. ' ng ix x= Π Eq12. Sendo: xi = elementos do fenômeno; n = no de elementos; e Π = (letra grega pi maiúsculo - produtório) produto de todos os elementos da série. Média Harmônica [ 'xgh]: média aplicada em casos de obtenção de velocidade e de tempo médio. Calcula-se utilizando o inverso da média dos inversos. ' 1h i nx x = ∑ Eq13. Mediana Mediana [Md]: ordenam-se crescentemente os elementos e obtém-se a medida. O elemento central “n” ímpar representa a ordem. Se for par, utiliza-se a média aritmética dos dois elementos centrais, ou seja, divide-se a distribuição em duas partes iguais. Mediana para Dados Não Agrupados: considerando as variáveis X Y Z W, tem-se que a quantidade de variáveis é n=4, ou seja, temos uma quantidade par de dados. Então, fazemos a média aritmética dos valores centrais. Nesse caso, será a média aritmética de Y e Z. Md = (Y+Z) / 2 Caso existissem 5 informações, a mediana seria calculada da seguinte maneira: X Y Z W K Se a quantidade de variáveis for n = 5, ou seja, uma quantidade ímpar de dados. Então, ordenamos os dados de forma crescente e utilizamos o valor central. Assim, a mediana entre 5 elementos será o valor central, que corresponde ao terceiro elemento que, no presente caso, será o valor central Z, logo, Md será Z. 42 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA Mediana para Dados Agrupados em Classe [Md]: É necessário que os dados estejam numa tabela de frequência, com dados agrupados. 2 . n fa Md Li h f − = + Eq14. Li = limite inferior da classe que contem a mediana; n = número de termos da série; [Σf ou Σfs] fa = ou fas, frequência acumulada da classe anterior à classe mediana; f = ou fs, frequência da classe mediana; e h = ou At, amplitude da classe mediana. Moda Moda [Mo]: elemento de maior frequência. Uma só tendência usada em várias categorias e pode ser modal, bimodal ou polimodal. Moda para dados não agrupados Moda para Dados Agrupados em Classes de Frequência: para calcular a moda, podem-se usar os processos de King, Pearson e Czuber. Ex.: moda salarial dos chefes de família de um Bairro. Para as fórmulas de King, Pearson e Czuber, é necessário o conhecimento das grandezas abaixo: Limo = limite inferior da classe modal; Fmo = frequência simples da classe modal; Fant = frequência simples da classe anterior à classe modal; Fpost = frequência simples da classe posterior à classe modal; e h = amplitude do intervalo de classe. 43 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II 1. King .postmo ant post F MoK Li h F F = + + Eq15. 2. Pearson ' 3. 2.M xoP Md= − Eq16. 3. Czuber ( ) .2. mo ant mo mo ant post F FMoC Li h F F F − = + − + Eq17. Quadro 3. Comparativo entre as Medidas de Tendência Central. Medidas Vantagens Desvantagens Moda » Fácil de calcular. » Não é afetada por valores extremos. » Pode estar afastada do centro de observações. » Difícil de incluir em equações matemáticas. » A distribuição pode ter mais de uma moda. » Não usa todos os dados disponíveis. Mediana » Fácil de determinar. » Não é afetada por valores extremos. » Parece ser uma medida correta, pois divide a série em partes iguais. » Difícil de incluir em equações matemáticas. » É necessário conhecer todos os valores da distribuição. Média » Fácil de compreender. » Usa todos os dados disponíveis. » Fácil de incluir em equações matemáticas. » É afetada por valores extremos. » É necessário conhecer todos os valores da distribuição. Fonte: Elaborado pela autora (2017). Propriedades dos estimadores Um estimador é apenas uma fórmula, um passo a passo, capaz de converter dados em estimativas. Os estimadores são de diversos tipos, para que possam ser utilizados em diversas situações. Para que o estimador seja escolhido, é preciso utilizar critérios e ser imparcial , ou seja, deve ser justo, evitar manias, não ser tendencioso. O estimador ideal é o que se caracteriza apenas pela razão de amplitude observável. O dispêndio (custo de cálculo) é outro ponto importante a ser levado em conta. Quando todos os requisitos exigidos dos estimadores são seguidos, passa-se a gerar e garantir parâmetros que foram concluídos por inferência ou dedução, e 44 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA introduzidos no mercado, usando o método mínimos quadrados ordinários. Eles são eficientes, consistentes e não tendenciosos. A não tendenciosidade implica dizer que a média de todas as médias possíveis das amostras coletadas está de acordo com a verdade. Mostrando-se, assim, eficiente a dissipação das médias que circulam a verdadeira, na lógica de contrapor a eficiência e o não tendenciosamente, o eficiente apresenta a menor variância. Sabe-se, então, que quanto mais a amostra cresce, mais se aproxima da verdadeira média. 45 CAPÍTULO 3 Medidas de dispersão Medida de dispersão (variabilidade), dentro da matemática, é instrumento para contrastar os erros (desvios) dos elementos da amostragem com relação à medida de tendência central. Para que a avaliação tenha seus elementos equiparados e de acordo com o que foi solicitado, é necessário que sejam levados em consideração a variância, o desvio padrão e o coeficiente de variação. Amplitude total (At) Diferença entre os elementos de valor máximo e de valor mínimo de uma série ou de um rol. At = Xmax – Xmin Eq18. Comparando duas ou mais séries, a série que tiver a maior amplitude será a menos homogênea e mais dispersa. A série de menor amplitude é a mais homogênea e menos dispersa. Desvio médio Desvio Médio Absoluto (DMS): média aritmética dos desvios dos elementos da série, em relação à média da série. Dados de um Rol ou de Dados Brutos: 1. Média Aritmética Simples ' ix x n ∑ = Eq19. 2. |xi - 'x| Módulo de xi menos a média |x1 - 'x | Eq20. |x2 - 'x | Eq21. |x3 - 'x | Eq22. |x4 - 'x | Eq23. 46 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA 3. Desvio Médio Simples ' ixD xMS n ∑ − ∨ = Eq24. Dados Agrupados em Classe de Frequência: 1. Média Aritmética Ponderada: ( )' . i i PM x f f ∑ = ∑ Eq25. 2. (|xi - 'x |.fi): Produto de fi e o módulo de xi menos a média. 3. Desvio Médio Simples: ' .i i i xx f DMS f ∑ − = ∑ Eq26. Variância Variância [σ²]: relação entre o quadrado da diferença de xi e média e a quantidade total de elementos. Dados de um rol 1. Média Aritmética Simples ' ix x n ∑ = Eq27. 2. Quadrado da diferença entre xi e a média - (xi - 'x)² 3. Variância ( ) ' 2 ² 1 ix n x σ ∑ − = − Eq28. Dados agrupados em classe de frequência 1. Média Aritmética Ponderada ( )' . i i PM x f f ∑ = ∑ Eq29. 2. (xi - 'x )².fi: Produto de fi e o quadrado de xi menos a média 47 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II Variância ' 2 2 || .i i i f f xx σ ∑ − = ∑ Eq30. Desvios padrão Desvio padrão [s]: É considerada “a raiz quadrada positiva da média aritméticados quadrados das diferenças entre cada valor e a média aritmética do conjunto.” (Secretaria do Patrimônio da União, p. 136, 2017). ' 2 1 1 n ii X s n x = − = − ∑ Eq31. Ou ainda raiz quadrada da variância. Ou seja, sempre que se deseja calcular o desvio padrão, calcula-se a variância e, em seguida, sua raiz quadrada. 2s σ= Eq32. Coeficiente de variação Coeficiente de Variação [CV]: Medida de dispersão relativa que mede a variação percentual do desvio padrão. É representado pela relação entre o desvio padrão e a média aritmética. 'CV x σ = Eq33. 48 CAPÍTULO 4 Estatística inferencial A inferência estatística tem como finalidade gerar afirmações de determinada particularidade de uma população, sobre a qual se tem interesse, de acordo com dados coletados de parcela dessa população (amostra). Esses levantamentos, de parte da população (amostra), são usados para determinar o todo e pertencem ao dia-a-dia de grande parte das pessoas. Figura 16. Imagem explicativa mostrando o que é população e amostra Amostra Fonte: https://www.netquest.com/blog/br/blog/br/amostragem-probabilistica-amostra-estratificada. Acesso em: 24/8/2019. A estatística inferencial é frequentemente observada numa cozinha. Quando a cozinheira confere se o sal está bom ou não, por meio de porção retirada por uma colher, do prato que está fazendo. Ou mesmo quando uma pessoa sai para comprar uma fruta, e conclui que deve levá-la depois de degustar um pedaço. Todas essas decisões são estabelecidas através de processos amostrais.Um dos sinônimos de inferir é concluir. Então, inferir estaticamente é a conclusão fundamentada em parâmetros estáticos. Os conceitos de inferência estatística são estendidos para a Engenharia de Avaliações com o objetivo de esclarecer o que ocorre no mercado avaliado, de acordo com o levantamento de dado realizado. Assim, é imprescindível o uso da inferência de dados para sanar indagações. Caso exista uma amostra do mercado, então será possível entender, com certa precisão, o seu comportamento. 49 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II Morettin (2010) afirma que essa parte da estatística pode ser analisada de duas estimações de parâmetros e testes de hipóteses sobre parâmetro. » Estimação de parâmetros: utilizado no momento em que os resultados obtidos por meio das amostras são empregados nas inferências sobre a população. » Teste de hipóteses sobre parâmetro: utilizado no momento em que se precisam considerar suposições sobre o valor algum parâmetro. Assim pode ser aprovado, se o dado amostral oferecer indícios favoráveis à hipótese, ou recusado, em situações contrárias. Modelos estatísticos para avaliação de bens Durante os passos para produzir um trabalho de avaliação, logo após a pesquisa de dados de mercado, o responsável pela avaliação deve selecionar os modelos do mercado, utilizando as técnicas de inferência estatística. Os modelos são representações simples do comportamento do mercado. São gerados de acordo com parcela da população e envolvem precauções científicas na sua construção para obterem conclusões precisas e legítimas. Os modelos utilizados permitem que haja alguma parcela de desvio. O modelo estatístico realiza os cálculos para obter um valor médio para cada caso determinado, considerando esse valor o mais plausível da variável resposta. A distinção do valor analisado na realidade e o valor obtido por meio do modelo é o erro. Para minimizar esses erros, é importante escolher a equação mais adequada ao grupo de dados, utilizando os parâmetros próprios que representem a exatidão do modelo. Análise de regressão A análise de regressão compreende a produção de uma análise estatística com a finalidade de comprovar o vínculo entre uma variável dependente com uma(s) variável(is) independente(s). Sob outra perspectiva, a análise de regressão baseia-se em buscar uma equação que demonstre a modificação da variável dependente, por meio da modificação de uma ou de mais variáveis independentes. 50 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA Na tentativa de determinar uma equação que elucida o fenômeno em análise, é possível construir um gráfico, conhecido como diagrama de dispersão, para observar de que modo comportam-se os valores da variável dependente (Y) em função da variável independente (X). Essa variação de Y vinculada a X pode ser simbolizada de diferentes formas: linear, quadrática, cúbico, exponencial e logarítmica, entre outros. Figura 17. Exemplo de diagrama de dispersão. 65 70 75 80 85 Peso 1,95 1,9 1,85 1,8 1,75 1,7 1,6 51,6 Relação entre altura e Peso Fonte: http://comexito.com.br/7ferramentas/curso_sete_ferramentas_04.pdf. Acesso em: 2/9/2019. Tabela 4. Tabela representando peso e altura do gráfico de dispersão acima. Peso(kg) Altura(m) Peso (kg) Altura (m) 80 1,8 79 1,81 78 1,8 78 1,79 77 1,75 74 1,75 81 1,86 72 1,7 78 1,81 69 1,65 80 1,8 81 1,91 69 1,74 78 1,78 79 1,83 80 1,86 76 1,72 69 1,72 75 1,77 79 1,74 74 1,79 76 1,8 76 1,69 76 1,72 77 1,8 78 1,78 Fonte: http://comexito.com.br/7ferramentas/curso_sete_ferramentas_04.pdf. Acesso em: 2/9/2019. 51 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II Para determinar o modelo que visa esclarecer o fenômeno estudado é preciso analisar qual a é melhor curva e a melhor equação de um modelo que sejam capazes de chegar o mais próximo dos pontos mostrados no diagrama. Os pontos do diagrama de dispersão não se acomodam impecavelmente à curva do modelo selecionado. Sempre existirá, em grande parcela dos pontos, um afastamento entre os pontos do diagrama e da curva. Isso ocorre porque o fenômeno que está sendo analisado não é matemático e está à mercê de diversas interferências que ocorrem aleatoriamente. Para diminuir o afastamento, entre os pontos do diagrama e os pontos da curva, são utilizados alguns métodos que se baseiam em alcançar uma relação funcional. Um deles é Método dos Mínimos Quadrados (MMQ), o qual tem o objetivo de conseguir uma equação estimada para que as distâncias entre esses pontos sejam mínimas. Essa discrepância é representada pela equação abaixo: ( )( )221 1 n n i i iy ax bε = − +∑ ∑ Eq34. Para determinar os melhores valores para as constantes “a” e “b” é importante dividir a equação em relação ao valor “a” e ao valor de “b” e igualar cada uma a zero, atendendo a condição de mínimo. ( ) 22 22 * * 0n ni ii i i i ii i y ax b x y a x b x a a ε ∂ − + ∂ ∑ = = − − − = ∂ ∂∑ ∑ Eq35. ( ) [ ] 2 2 2 * 0n ni ii i ii i y ax b y a x b b b ε ∂ − + ∂ ∑ = = − − − = ∂ ∂∑ ∑ Eq36. Resolvendo as equações 35 e 36: 1 n i a =∑ Eq37. 1 1 .n ni ii ia x b n y= =+ =∑ ∑ Eq38. Resolvendo as equações 37 e 38: a = n Eq39. b = Eq40. 52 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA Figura 18. Gráfico mostrando o afastamento do ponto no diagrama e o ponto da curva. Fonte: https://document.onl/documents/aula-05-estatstica-inferencial-aplicada-a-inferencial-aplicada-a-avaliaes-2-3.html. Acesso em: 2/9/2019. A escolha do modelo deve ser racional como o que acorre na realidade. Por isso, é imprescindível considerar alguns aspectos no momento da escolha do modelo: » Deve ser coerente com o grau e no aspecto da curva, para elucidar o fenômeno analisado de forma mais realista. » Englobar somente as variáveis imprescindíveis para análise do fenômeno estudado. A regressão é o método mais usual quando se analisa de que forma uma variável dependente influencia nas demais variáveis que têm relevância na variabilidade encontrada no valor do bem. Nas análises por regressão, se é preciso usar unicamente uma variável independente para representar a variabilidade dos preços, utiliza-se uma função linear, empregando o modelo de regressão linear simples. Contudo, se duas ou mais variáveis independentes forem utilizadas para elucidar essa variabilidade, aplica-se o modelo de regressão linear múltipla. A análise por regressão surgiu nas pesquisas realizadas por Gauss no início do século XIX e até hoje éconsiderada uma parte da estatística mais utilizada em trabalhos científicos. Tratamento dos dados por regressão linear é a maneira exigida pela qual é medido e avaliado um ensaio (experimento), no qual são utilizados mais de um tratamento para a avaliação. Existem os tratamentos quantitativos e os qualitativos. Eles são, respectivamente, os que podem ser medidos e colocados em ordem (quantidades de objetos) e os que não são medidos e não são colocados em ordem (métodos de preparação de alimentos). O grande objetivo é mensurar 53 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II e julgar a consequência de um tratamento disposto a uma determinada média de uma característica especifica ou não. Cabe ao avaliador definir, tecnicamente, a partir de suas experiências e escolhas, o método a ser utilizado, as características dos elementos, examinando todo o conjunto que compõe os dados coletados. Desse modo, poderão calçar toda a pesquisa e seus componentes. No caso específico de avaliação de imóveis, o avaliador está sempre sendo confrontando com imóveis diferentes e distintos (heterogêneos), trazendo toda uma expectativa ao bem avaliado. Por esse motivo, é necessário que o tratamento dos dados colhidos seja bem observado e direcionado quando a escolha for de sua utilização, ou não. É necessário cuidar para que a quantidade de dados e a qualidade dos conhecimentos referentes à amostra, já identificada, sejam suficientes para o tratamento de dados e, a partir disso, escolher utilizar o tratamento científico ou por fatores. A homogeneização é o que regulamenta as diferenças encontradas nos dados coletados do mercado e do imóvel que será avaliado. Existem fatores próprios, muito bem fundamentados e devidamente homogeneizados para realizar essa tarefa. Posteriormente, faz-se o estudo estatístico de todos os resultados. Quando não se pode usar o tratamento de dados por inferência estatística, por conta das amostras serem de pequena quantidade, usa-se o tratamento por fatores. Já no tratamento científico, são empregados os instrumentos da inferência estatística para encontrar forma de explicar o mercado imobiliário. A fundamentação da metodologia inferencial tem como sustentação a desmistificação (dedução) das expressões algébricas, que são responsáveis por fixar e dar forma aos valores de mercado para os imóveis que estejam sendo avaliados. Desse modo, o tratamento científico, que se consiste em determinar o valor de mercado das propriedades, baseia-se nessa fundamentação para sustentar a sua teoria. A utilização da análise de regressão linear múltipla é o procedimento mais utilizado para identificar e fixar valores de imóveis. Exemplos de tratamento de dados na situação de avaliação de propriedades: visitar imóveis com o objetivo de acolher as informações necessárias para montagem de seu valor e de sua variabilidade; observar os aspectos qualitativos e quantitativos; analisar e comparar as características das partes que estão 54 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA envolvidos para que os dados sejam os mais concisos possíveis, a fim de dar confiabilidade às informações colhidas e armazenadas. A quantidade de fatores e suas diversidades fazem do modelo de regressão linear múltipla uma ferramenta que pode determinar e influenciar os preços de um bem. Com esses dados em mãos, os profissionais da área conseguem mensurá-los e transformá-los em dados numéricos, dando início a um processo de comparação clara dos imóveis por meio do tratamento dos dados coletados. Com isso, pode-se criar hipóteses, gráficos, distribuição de frequência de cada amostra e as devidas relações entre elas, dando ao avaliador norteamento no caminho de encontrar o valor do imóvel. Existe uma sequência no tratamento das amostras, seguindo o conceito de regressão linear múltipla, definindo assim o valor (preço) do imóvel: » Identificação das variáveis independentes. » Coleta de dados. » Modificação das variáveis. » Estudo das exploratórias. » Montagem do modelo. » Averiguação detalhada e crítica das variáveis. » Compreensão dos resíduos. » Entendimento comprovado de como seria melhor aplicado o modelo escolhido pelos profissionais de avaliação de imóveis. O modelo utilizado faz a descrição da variável dependente, transformando-a em função de outras variáveis independentes. Regressão linear simples O modelo de regressão linear simples tenta determinar uma equação matemática linear que explique o vínculo entre duas variáveis. Nem todos os casos ficam próximos de uma equação linear, e isso pode ser avaliado pelo diagrama de dispersão, mostrando se essa linearidade está satisfatória ou não. 55 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II Esse modelo é responsável por esclarecer a variação dos preços avaliados no mercado (Yi), conforme as oscilações geradas por somente uma variável (Xi). Esse modelo é interpretado pela função linear: Yi = β0 + β1 Xi + e1 Eq41. Sendo: Yi: nomeado como variável dependente ou variável resposta; Xi: nomeado de variável independente ou covariável; β0 , β1: nomeados de parâmetros da população. ei = Erros aleatórios. O modelo de regressão linear simples é composto de hipóteses basilares: » Xi (variável independente) deve ser definida por números reais que são isentos de mudanças aleatórias. » A quantidade de análises deve ser maior que a quantidade de parâmetros definidos, ou seja, deve ser maior que dois para a regressão linear simples. » Os erros são considerados variáveis aleatórias com distribuição normal, com valor desejado nulo E (εi) = 0 e variância constante Var (εi) = σ². » Erros são considerados autônomos se estiverem sob o estado normalidade. Se o valor desejado dos erros é nulo, então o valor médio Yi pode ser encontrado por: Yi = β0 + β1* Xt Eq42. Como citado anteriormente, é impraticável utilizar todos os dados de uma população. Por isso, é necessário utilizar a amostra. Assim, é possível, por meio de uma equação, representar o modelo: Yi = b0 + b1 Xi + ei Eq43. Sendo: Yi: preços avaliados no mercado; b0 e b1: parâmetros determinados, equivalentes a β0 e β1; e ei: são os estimadores de εi, conhecidos como resíduos do modelo. 56 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA Analisando as equações anteriores, então é possível inferir que o valor médio de mercado será: Yi = b0 + b1 Xi Eq44. Este processo de regressão linear simples é responsável por acomodar as retas aos pontos analisados. Ele estabelece que a reta só tenha relevância para ilustrar o mercado e que os pontos tendam a um comportamento linear. Como mencionado, é utilizado o Método dos Mínimos Quadrados para minimizar a distância entre o gráfico de dispersão e a curva do modelo. Isso minimiza a soma dos quadrados das discrepâncias do valor tabelado e o valor encontrado por aproximação (erros) para a função da equação estabelecida. Regressão linear múltipla No procedimento de avaliação de bens comumente utiliza-se os modelos de regressão múltipla. Isso ocorre por causa da quantidade de variáveis que influenciam no valor de um bem. No modelo de regressão linear múltipla analisa-se uma variável de interesse, ou dependente, em segundo de outras variáveis independente. Busca-se compreender como se comporta uma variável de interesse de acordo com a variabilidade de outras variáveis, permitindo ponderações e suposições. Esse modelo é representado pela equação geral: Yi = β0 + β1X1 + β2X2 + ... + βkXk + ε i Eq45. Sendo: Yi: nomeada como variável dependente; Xi1,... , Xik: nomeadas como variáveis independentes; β0 , ... , βk: parâmetros da população; εi: erros aleatórios; e k = número de variáveis independentes. O modelo de regressão linear múltipla também é baseado nas mesmas hipóteses basilares da regressão linear simples, acrescentando mais uma: » Não admite qualquer relacionamento linear exato entre as variáveis independentes. 57 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II Esse modelo também utiliza amostra paraentender a população e os parâmetros são determinados por intermédio da inferência. Yi = b0 + b1x1 + b2x2 + ... + βkXk + e i Eq46. Yi: variável dependente; Xi1 , ... , Xik: são as variáveis independentes ou explicativas; b0 , ... , bk: parâmetros terminado, equivalentes a β0 , ... , βk; e ei: são os resíduos do modelo, estimadores dos εi. A parcela do erro aleatório fica subentendida. E o valor médio determinado de mercado é representado: Yi = b0 + b1x1 + b2x2 + ... + βkXk Eq47. Para determinar os parâmetros de regressão, geralmente são utilizados o Método dos mínimos quadrados (MMQ) e o Método da Máxima Verossimilhança. O MMQ já foi citado anteriormente e ainda é o mais empregado para determinar os parâmetros β0 , ... , βk que tem por finalidade encontrar constantes b0 , ... , bk para que a soma dos quadrados das discrepâncias entre os pontos estudados e os da curva sejam minimizados. Modelos via de transformação Quanto às variáveis quantitativas, sabendo-se que apresentam, eventualmente, a normalidade, linearidade e assimetria, é necessário fazer o levantamento preliminar de cada variável independente e dependente. Com a ausência da linearidade fica clara a necessidade de modificações de variáveis, para o ajuste, de forma simples. Sendo assim, também o modelo deve ser novamente testado graficamente (ABNT, 2004). Seguindo a linha para avaliações de imóveis, a distribuição normal é evidenciada nos intervalos dos reais. No entanto, os valores dos imóveis são preços praticados no mercado, ou seja, são reais. Então, a distribuição normal torna-se inadequada para avaliações de propriedades. Para que essa situação não se torne um problema maior, foram desenvolvidas algumas soluções. Nesse sentido, a troca da escala parece mais adequada. 58 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA É preciso realizar algumas transformações para ajustar os modelos que estão sendo utilizados para analisar o valor do imóvel. Ao realizar essas transformações, consegue-se ter uma melhor previsão do custo do imóvel. Muitas vezes, essa disposição dos pontos não elucida uma reta, mas exibe uma forma perceptível, conseguindo linearizar-se por transformação de variáveis. Muitas funções não lineares são usadas para obter um relacionamento linear entre variáveis. Dentre as relevantes as funções: » logarítmica; » raiz quadrada; » quadrática; » recíproca; » exponencial; » potencial; » hiperbólica. As transformações mais utilizadas são: potência, exponencial e a logarítmica. E essas serão analisadas a seguir. Potência Y = a Xb Eq.48. Transformada linear ln Y = ln a + b ln X Eq.49. Figura 19. Gráfico mostrando a transformação linear da função Potência. Fonte: https://document.onl/documents/aula-05-estatstica-inferencial-aplicada-a-inferencial-aplicada-a-avaliaes-2-3.html. Acesso em: 2/9/2019. 59 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II Função exponencial Y = a bx E Eq.50. Transformação linear ln Y = ln a + X ln b Eq.51. Figura 20. Gráfico mostrando a transformação linear da função Exponencial Fonte: https://document.onl/documents/aula-05-estatstica-inferencial-aplicada-a-inferencial-aplicada-a-avaliaes-2-3.html. Acesso em: 2/9/2019. Função logarítmica ey =ea +Xb Eq.52. Transformada linear Y = a + b ln X Eq.53. Figura 21. Gráfico mostrando a transformação linear da função logarítmica Fonte: https://document.onl/documents/aula-05-estatstica-inferencial-aplicada-a-inferencial-aplicada-a-avaliaes-2-3.html. Acesso em: 2/9/2019. Ajuste do modelo Coeficiente de determinação (r²) Esse coeficiente é considerado uma das formas de avaliação do ajuste de um modelo. O coeficiente de determinação é uma das formas de avaliar a qualidade do ajuste do modelo. Ele apresenta um dado auxiliar ao resultado de variância da regressão, como objetivo de comprovar se o modelo sugerido foi apropriado para esclarecer o fenômeno. 60 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA Representado por r2, seu valor pode variar de 0 a 1. Esses valores perto de 1 revelam que o modelo sugerido foi apropriado e que a dispersão ao redor da reta de regressão será considerada pequena se comparada aos valores de Y, ao redor da sua média. Representando assim, que a variação explicada é responsável por um boa parcela (porcentagem) da variação total. Considerando uma mesma amostra, esse coeficiente expande-se em conjunto com as variáveis independentes presentes no modelo, deixando de lado os números de graus esquecidos pelos recentes parâmetros determinados. Uma solução para esse impasse é usar o coeficiente de determinação ajustado. Ele pode ser representado da seguinte forma: ( )2 211 11a nr r n k − = − − − − Eq54. Sendo r²: coeficiente de determinação (não-ajustado); n: número de elementos da amostra; e k: número de variáveis independentes. Coeficiente de correlação (r) Esse coeficiente é responsável por mensurar a extensão em volta da equação linear ajustada e isso é realizado conforme o método dos mínimos quadrados. Portanto, o coeficiente de correlação é a medida que descreve o relacionamento das variáveis na amostra utilizada. Esse coeficiente admite valores que vão de -1 a 1. A aproximação de 1 (módulo) revela um ajuste adequado da equação em relação aos dados da amostra. Se os valores aproximarem-se de zero, o ajuste não foi adequado, apontando uma falta de relação linear necessária entre as variáveis. Encontra-se, de forma simplória, o coeficiente de correlação. É necessário, apenas, calcular a raiz quadrada do coeficiente de determinação. 2r r= Eq. 55. De acordo com o valor assumido do coeficiente de correlação, a dispersão de dados poderá ser representada das formas abaixo: 61 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II Figura 22. Representação gráfica das formas de correlação. Variável xVariável xVariável x Va riá ve l y Va riá ve l y Va riá ve l y Negativa Sem correlação Positiva Fonte: http://www.abgconsultoria.com.br/blog/coeficientes-de-correlacao/. Acesso em: 25/8/2019. Testes de hipóteses ou Testes de significância O teste de hipóteses ou teste de significância advém da necessidade de tomada de decisões com o intuito de gerar hipóteses em relação às características da população que está sendo avaliada. São definidas, como uma ordem científica para captura, decisões que têm os dados da pesquisa como base. Em geral, é uma afirmação sobre determinado parâmetro ou parâmetros, como também pode estar reportando-se à natureza da população. Esse teste tem como objetivo comparar suposições, baseado nas amostras analisadas, que suspeitamos que possam ser verdadeiras ou falsas. Geralmente essas hipóteses são geradas com a finalidade de recusá-las ou invalidá-las. Como no caso de avaliar se a regressão linear é apropriada para a análise, é gerada a hipótese de que os regressores são nulos ou melhor, é o que o responsável pela avaliação não deseja que ocorra. Logo, essas hipóteses são definidas como hipóteses nulas (H0). As hipóteses diferentes, maiores ou menores que zero, são conhecidas como hipótese alternativa (H1). Para a realização dos testes de hipótese, são utilizados dois componentes: a hipótese nula e a hipótese alternativa. A hipótese nula, identificada por H0, significa dizer que é uma certificação do valor do parâmetro, condicionada à sua igualdade. Ao testar essa hipótese, procura-se a rejeição, ainda que supostamente seja verdadeira. H0: µ = µ0 H0: µ ≤ µ0 H0: µ ≥ µ0 A hipótese alternativa define-se por HA (H1). 62 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA Sendo a hipótese nula falsa, HA deve ser verdadeira. HA: µ ≠ µ0 HA: µ < µ0 HA: µ > µ0 Se utilizarmos como exemplo as medidas de temperatura corporal, teremos as hipóteses seguintes: Para teste unicaudal ou unilateral: Hipótese nula: H0: µ = 37,5°C Hipótese alternativa: HA: µ < 37,5°C Para teste bicaudal ou bilateral: Hipótese nula: H0: µ = 37,5°C Hipótese alternativa: HA: µ ≠ 37,5°C Devemos encontrar as hipóteses nulas e alternativas. A escolha correta éessencial para o teste de hipótese, sendo a escolha estabelecida pelo critério do pesquisador responsável. Exemplos de escolhas em que esses testes de hipóteses são executados, se as situações forem escolhidas ao acaso, ou estabelecidos anteriormente, devem determinar essa afirmação como hipótese nula. Como exemplo, tem-se a temperatura corporal já citada. Quando se quer dar ênfase a uma alegação, ou comprová-la, então deve-se usar a hipótese alternativa. Conclui-se que utilizar ou não a hipótese nula, estando essa correta ou não, pode gerar dois tipos de erros. Quando H0 é verdadeira e rejeitamos a hipótese, transforma-se em nível de significância do teste de hipótese, sendo denominada por α e β, em que : α = P (erro tipo I) = P (rejeitar H0 | H0 é verdadeira) β= P (erro tipo II) = P (não rejeitar H0 | H0 é falsa) Em outras palavras, no caso de rejeição de uma hipótese se ela for verdadeira, é praticado do erro tipo I=α mas se, por acaso, tomar como verdadeira uma 63 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II hipótese que deveria ser recusado, é praticado o erro do tipo II=β. Em ambos os casos o julgamento foi errôneo. O teste de hipótese tem como objetivo principal determinar as áreas ou regiões de hipóteses nulas, que é o mesmo que estabelecer intervalos de confiança. A finalidade de quem faz a análise é minimizar sempre os erros anteriormente citados e isso deve ser feito por intermédio do aumento da amostra. Assim, é possível aumentar a relevância da amostra e a limpeza amostral realizada, tendo em vista que ao diminuir o tamanho da amostra, corre-se o risco de elevar os erros mencionados. Nível de significância (α) Ao realizar um teste de hipótese, a probabilidade de expor-se a um erro do tipo I é conhecida como nível de significância. É conhecida, geralmente, por α e determinada antes mesmo da retirada das amostras. Os valores geralmente utilizados são de 0,05 e 0,01, que quer dizer que a cada 100 testes realizados, a hipótese é rejeitada 5 vezes, sendo verdadeira. Região crítica Considerada também como região de rejeição. É a região sob a distribuição de probabilidade em que, caso a estatística de teste aconteça nela (região), a hipótese H0 será recusada. P – valor O conhecido P-valor, probabilidade de significância ou nível descritivo, é a probabilidade de encontrar uma estatística de teste com equidade ou maior que a avaliada em uma amostra, sendo a hipótese nula verdadeira. É possível exemplificar o teste que empregam a distribuição T-Student, p-valor é: Prob (T > | tcalculado |) = p-valor (Ministério Da Defesa Exército Brasileiro, 2017). Teste de Hipótese bicaudal para parâmetros de regressão É utilizado para executar o teste de hipótese com o objetivo de confirmar se os regressores diferem de zero. O intuito é compreender se há ou não um relacionamento entre as variáveis dependente ou independente. É por essa razão 64 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA que é denominado bicaudal, já que o desejo é que o valor que multiplica a variável X seja diferente de zero. Esse teste será utilizado na estatística de teste T-Stundent. Para a distribuição de referência normal e se a variância da população é dada por s2, temos: ' t n x s µ− = Eq. 56. Sendo 'x : média; µ : valor de referência; s : vesvio Padrão; n: número de amostras; e E: terá distribuição v=n-1 graus de liberdade. Portanto, esse teste individual de bj tem por finalidade confirmar se a variável relacionada é relevante ou não para a estruturação do modelo. Esse teste é medido pela estatística t student, representado na Figura 23, e é comumente empregado na engenharia de avaliações, pois o desvio padrão da população é determinado através de dados amostrais. Assim, é relevante entender e medir a relevância de uma variável Xj, a qual compõe um modelo com k variáveis independentes e isso é realizado por meio de testes que medem a hipótese nula de que seu correspondente parâmetro βj é significativo ou não de acordo com o nível estabelecido. ( ) j j j b t S b β− = Eq. 57. Sendo bj: estimador do parâmetro βj; e s(bj): desvio-padrão estimado referente ao βj. Para realizar o teste bicaudal em termos de significância α, analisa-se se t é compatível com o tabelado t(1--α/2; n-k-1). Se o valor for maior que t(1--α/2; n-k-1), recusa- se a hipótese nula. Se o valor for menor, a hipótese nula não deverá ser recusada e há possibilidades do parâmetro não ser relevante para a estruturação do modelo. 65 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II Figura 23. Distriuição t—student. Região de Rejeição Região de Rejeição Não Rejeito Ho t/2 -t/2 0 Fonte: http://www.portalaction.com.br/validacao-de-metodologia-analitica/1111-tecnicas-estatisticas-sugeridas. Acesso em: 25/8/2019. Teste de Hipótese unicaudal p Também conhecido como teste de significância do modelo “é o de análise de variância, no qual se compara a variação explicada com a variação não explicada da variável dependente” (SUP, p. 152, 2017). Para esse teste, utiliza-se a distribuição Snedecor. Essa distribuição é utilizada para o teste de significância global, ou análise de variância. Esse teste é responsável por examinar todos os parâmetros que fazem parte do modelo de regressão. Utiliza-se “p” valores de preços analisados sore “k” variáveis independentes. Então, emprega-se o teste de distribuição F de Snedecor, que faz uma comparação da variância explicada pela variância não explicada da variável dependente. Para realizar o teste de significância a nível α, deve-se confrontar Fc com F(α;k; n-k-1) tabelado, obtendo diversos níveis de α. Assim, se Fc é maior que F(α;k; n-k-1), recusa-se a hipótese nula ao nível de α e ao menos um dos parâmetros consegue ser julgado ≠ de zero. O teste Fisher- Snedecor é utilizado para analisar o modelo e é realizado por meio da análise de variância e deve ser descartada se o nível de significância estiver em torno de 1%. Esse teste pode ser analisando na figura 24. 66 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA Figura 24. Imagem representando a Distribuição F de Snedecor. F 1,0 0 Fonte: https://docplayer.com.br/14603942-Estatistica-basica-e-aplicada.html. Acesso em: 25/8/2019. Estimativas intervalares/Intervalos de confiança Diante de todas as análises efetuadas é importante concluir e definir o valor do bem. Para isso, é importante aplicar a avaliação intervalar. Nesse sentido, esse intervalo de confiança é encontrado pela distribuição amostral dos estimadores de acordo com o Ministério Da Defesa – Exército Brasileiro (2017). O Intervalo de confiança normalmente utiliza amostra retirada de uma população. A média aritmética encontrada 'xa é a da amostra representativa. Logo, há uma variação em torno do valor encontrado, em que é possível dizer que o intervalo de confiança é: µ = 'xa ± σ Eq. 58. Sendo µ: média populacional; e σ: erro de amostragem; Em 95% da totalidade de intervalos de confiança de um determinado parâmetro, por exemplo, em um intervalo de 200 amostras escolhidas ao acaso, 10 delas, por média, estão fora do intervalo de confiança. Esse intervalo de confiança deve ser constituído tendo como base a distribuição amostral do estimador, após determinar uma probabilidade. Ex.: 1 -α. No ponto em que o intervalo concluído tenha o parâmetro populacional, então α = ao erro probabilístico. Para uma média populacional, temos dois tipos de 67 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA │ UNIDADE II desvios padrão. São eles: o conhecido (σ) e o desconhecido (σ). O mais usual é o desvio desconhecido. Utilizando intervalo de confiança para obtenção de valores, no caso de pesquisa para avaliação, em que a base é uma amostragem extraída da população, obremos a amostra (não a população) por intermédio da média aritmética. Cria-se, assim, distinções em cima do valor obtido, sendo necessário que se estabeleça um intervalo de confiança. De acordo com a NBR 14.653-2, esse intervalo é chamado de “campo de arbítrio”.Desse modo, ele está entre o valor máximo e o mínimo dos preços já homogeneizados, sendo delimitado em 10% do valor encontrado. Alguns profissionais de avaliação (engenheiros e técnicos) optam por não adotar esse valor de 10% e caso não o utilizem, precisam então justificar sua escolha. A expressão matemática a seguir determina e delimita o campo arbítrio e mostra os extremos do intervalo de confiança: Lc = ( ) ' . 1 c pL tx n σ = ± − Eq 59. tp = vem da tabela de Student (vindo da confiança esperada). Segundo a NBR 14653-2, é desejável que se utilize o intervalo de confiança de 80%, determinando assim t0,90 na tabela. Para fixar: na avaliação fictícia de um terreno urbano, em que logo após a homogeinização tenham sido encontrados os seguintes valores/m² para os imóveis pesquisados: Cinco etapas da resolução: 1. Média Aritmética Simples: 'x = Σxi / n 2. Quadrado da diferença entre xi e a média - (xi - 'x)²: 3. Variância: σ² = [Σ(xi - 'x)²] / (n-1) 68 UNIDADE II │ NOÇÕES DE ESTATÍSTICA 4. Desvio padrão: s = √σ² 5. Intervalo de confiança (limite superior e limite inferior): Para calcular o intervalo de confiança, segundo a norma estabelecida em 80%, indicando t0,90. Limite superior: Ls = ( ) ' .px t n σ + Limite inferior: Li = ( ) ' .px t n σ − A norma ABNT/NBR 14653-2 diz que a amplitude do intervalo de confiança a 80%, para grau de fundamentação dever ser: » Menor ou igual a 30% para grau III. » Menor ou igual a 40% para grau II. » Menor ou igual a 50% para grau I. A amplitude do intervalo de é calculada da seguinte forma: s i i L LAp Y − = Eq. 60. 69 UNIDADE III FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Estudaremos os diferentes métodos para avaliação de bens: método comparativo de mercado, método involutivo e o método evolutivo. Essas metodologias serão abordadas conforme as normas brasileiras. Ainda serão evidenciados os procedimentos para cada método e a viabilidade na avaliação dos bens. CAPÍTULO 1 Método comparativo de dados de mercado Fundamentos do método comparativo de dados de mercado O método comparativo de dados do mercado visa avaliar o valor do mercado do bem por meio do tratamento técnico e da comparação das características dos dados amostrais, com dados semelhantes (ABNT, 2001). A norma ainda sugere que esse método tenha prioridade para indicar o valor de mercado. Deve-se escolher outro método que melhor se adapte como a análise apenas se o método comparativo não puder ser empregado. O processo comparativo objetiva alcançar um valor de mercado que se aproxime do objeto de avaliação, fundamentando-se em outros casos com objetos parecidos, e que seja irrisório caso haja alguma dessemelhança. Vale ressaltar que é inviável encontrar e trabalhar com todos os objetos (população) presentes no mercado e assim é necessário que se utilizem amostras. Quanto mais a população estudada for homogênea, mais homogênea será a amostra retirada. No entanto, o que será analisado não será padronizado. Logo, a população será heterogênea, resultando em amostras heterogêneas. 70 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO As amostras apresentam variação em torno de sua média aritmética, sendo que nas amostras homogêneas a variação é pequena e nas amostras heterogêneas a variação é elevada. No mercado imobiliário, as diferenças físicas dos elementos pesquisados, correspondentes às características intrínsecas e extrínsecas dos imóveis, são as causadoras da variação elevada em torno da média. (SPU, p. 37, 2017) Geralmente, o método comparativo de dados do mercado é utilizado para comparar unidades de imóveis semelhantes. O profissional devidamente habilitado produzirá uma pesquisa de mercado, nas diversas plataformas de informação, até mesmo dos imóveis já vendidos na mesma região, para que seja possível fazer um paralelo com o imóvel que será avaliado, dando credibilidade ao trabalho técnico do avaliador. Esse trabalho é realizado para que um valor possa ser atribuído ao imóvel. Quando se fala em valor, deve-se pensar em um preço de acordo com os demais no mesmo local, ou seja, um valor justo. Determinar o valor de mercado de um determinado bem é o mesmo que providenciar para que se tenha um preço justo, que será pago por um comprador que pensou e desejou o bem. Para a NBR 14653-2 (ABNT, 2011), o proveito da propriedade vem também de toda a vizinhança e de todo tipo de aproveitamento que o imóvel pode ser usado, segundo a legislação do local onde está inserido. E o valor desse imóvel provém do mercado de imóveis, que cobrará um valor esperável (provável), sendo esse negociado de forma clara e espontânea, em uma determinada data, de acordo com as condições apresentadas pelo mercado (NBR 14653/1). Esse método é legitimado pela norma brasileira (NBR 14653/2) e pelas demais responsáveis por normatizar e alinhar as avaliações de imóveis, como as normas regionais do IBAPE/SP. Planejamento da pesquisa Tem como finalidade compor uma amostra que represente os dados de mercado de imóveis, sempre utilizando as particularidades mais semelhantes ao do objeto da avaliação. Nesse planejamento é definida a estrutura da pesquisa, em que são selecionadas as variáveis fundamentais para explanar como se chega ao valor e como acontece o relacionamento de variáveis. E a estratégia da pesquisa indica o alcance da amostragem, técnicas empregadas em coleta e análise de dados, escolha e como serão utilizadas as informações. Indica, ainda, se a análise será qualitativa ou quantitativa e as ferramentas utilizadas para coletar os dados 71 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III Identificação de variáveis do modelo Variável dependente É importante que um seja realizado um estudo do comportamento do mercado e os preços (preço total ou unitário, moeda utilizada como padrão e o tipo de pagamento), e a uniformidade das unidades de medida. Variável independente Esse tipo de variável deve ser selecionada de acordo com fundamentos científicos, princípios técnicos e experiências acumuladas. Algumas dessas variáveis selecionadas na planeamento de pesquisa podem mudar durante o trabalho, pois não serão eficientes para esclarecer como se comporta uma variável explicada. A ABNT/NBR 14653-2(Avaliação de Bens, Parte2: Imóveis urbanos) aconselha sempre utilizar as variáveis quantitativas. Representada pelas particularidades: » Físicas: como área e frente. » Localização: bairro e logradouro. » Econômicas: oferta, época e tipo de negócio. Levantamentos de dados do mercado Todos os componentes que ajudarem na construção do valor devem estar representados e devidamente explicados. O seu agrupamento deve formar uma amostra representativa que deve ser arbitrária e aceitável, empregando todos os indícios possíveis. É imprescindível, para o sucesso do método, que exista um conjunto de todas as informações, e que possam ser transformados estatisticamente em uma amostra do mercado. A amostra, para ser capaz de gerar o valor de mercado, tem que fornecer informações atuais, fáceis de identificar, aleatórias, trazida de diferentes e confiáveis redes de informações e ter caracteres influenciadores na formação dos valores (preços de mercado) dos imóveis. Então, essa amostra deve ter a mesma organização e a mesma base que a população que, no caso da avaliação de imóveis, é todo o conjunto de imóveis coletado em determinada localidade. 72 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Tratamento de dados Para realizar o tratamento de dados amostrais, de acordo com a qualidade e com a quantidade de dados e informações existentes, empregam-se duas formas: » Tratamento de Fatores: usa “fatores” para harmonizar os dados de mercado à média e são realizados por intermédio de estatística descritiva. Figura 25. Representação gráfica do Tratamento de Fatores Testada Valor Fonte: IBAPE (2017). » Tratamento Científico: emprega equações de regressão quetendem a chegar mais próximos dos valores de mercado. Utilizam estatística inferencial. Figura 26. Representação gráfica do Tratamento Científico Testada Valor Fonte: IBAPE (2017). Tratamento de fatores Nesse tipo de tratamento, as diferenças que possam existir entre os dados do mercado e o bem avaliado são homogeneizadas por fatores estabelecidos e, 73 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III logo em seguida, realiza-se a verificação estatística dos resultados que foram homogeneizados. O tratamento de fatores é usado em casos em que se tem uma amostra pequena e não é possível realizar o tratamento científico. O conjunto de fatores aplicado a cada elemento amostral será considerado como homogeneizante quando, após a aplicação dos respectivos ajustes, verificar-se que o conjunto de novos valores homogeneizados apresenta menor coeficiente de variação dos dados que o conjunto original. (SUP, 2017, p. 40) Esses fatores devem representar como o mercado comporta-se nos aspectos espaciais e temporais, considerando: “elasticidade de preços, localização, fatores de forma, de padrão construtivo e depreciação” (SUP, p.40, 2017). Os fatores empregados nesse tipo de tratamento devem ser apresentados frequentemente pelos órgãos regionais, registrados no CONFEA/CREA ou CAU, e devem ser avaliados a cada quatro anos, além de assinalar a região de aplicação. Quando os dados são denominados homogêneos, significa dizer que são simples. Destaca-se que apenas uma característica é suficiente para a realização da análise. Os levantamentos de dados (pesquisas de elementos) buscam por conformidade entre os imóveis que serão avaliados. Faz-se uma seleção rigorosa das informações e das características que serão utilizadas na montagem da valia do bem. Os tratamentos por fatores de homogeneização uniformizam as distinções e utilizam os fatores conceituais (empíricos). Nesse sentido, faz-se a correção dos fatores coletados e selecionados de acordo com a experiência do profissional. Exemplos desses fatores seguem no quadro 4: Quadro 4. Fatores de correção. Fator de oferta (FO) Usado para imóveis em oferta, índice inflacionário de 0,90. Fator de localização (FT) Corrige o posicionamento do imóvel. Fator de zoneamento (FZ) Corrige o potencial construtivo. Fonte: Adaptado de Abunahman (2008). A tabela abaixo apresenta alguns exemplos de valores de preenchimento de correção de fatores. Percebe-se que os coeficientes são sobrepostos aos valores unitários e aos valores por metro quadrado dos elementos coletados, para que se possa conseguir valores homogêneos. 74 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Tabela 5. Preenchimento de fatores de correção. N Vpesq (R$/m²) Fo Ft Fz Vhom (R$/m²) 1 38,89 * 0,90 * 0,91 * 1,00 = 31,85 2 45,00 * 1,00 * 0,91 * 1,00 = 40,95 3 46,88 * 1,00 * 0,83 * 1,00 = 38,91 4 33,33 * 0,90 * 1,00 * 1,00 = 30,00 5 24,44 * 1,00 * 1,11 * 1,00 = 27,13 6 25,00 * 1,00 * 1,00 * 1,33 = 33,25 7 25,00 * 0,90 * 0,91 * 1,33 = 27,23 8 35,00 * 0,90 * 0,91 * 1,00 = 28,67 9 25,00 * 1,00 * 1,00 * 1,33 = 33,25 Fonte: Adaptado de Abunahman (2008). A partir da homogeneização, cria-se a base para obter-se um conjunto de dados que serão utilizados para montagem estatística das pesquisas de avaliações, para melhor levantar a natureza do imóvel e precisar o seu valor. O cálculo das benfeitorias faz parte do processo de avaliações, podendo ser detalhado ou resumido. Em casos de benfeitorias recentes, são calculados os coeficientes de depreciação. Nesse contexto de pesquisa, ainda há itens que devem estar devidamente organizados para que se obtenha uma boa avaliação, como: cálculos estatísticos e das benfeitorias, plantas, mapas, croquis, fotografias, anotação de responsabilidade técnica do profissional responsável. Tratamento científico Nesse tipo de tratamento são utilizados recursos da inferência estatística, com o objetivo de modelos para o mercado, principalmente o imobiliário. Eles compõem equações de regressão de acordo com as informações do mercado analisado. A análise por regressão é a estratégia mais usada quando se precisa avaliar a relação de variáveis A análise por regressão conta com dois modelos: a regressão linear simples e o modelo de regressão múltipla, e são os mais comumente utilizados na Engenharia de Avaliações. Resumo das avalições imobiliárias O imóvel que sofrerá avaliação, as características, os aspectos físicos e todo tipo de informação relativa ao terreno serve para compor a vistoria. A vistoria é uma descrição detalhada de tudo o que existe e que envolve o imóvel. Isso pode determinar situações que favoreçam ou não o valor do bem. 75 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III Para realizar a vistoria, é preciso levar em consideração toda a circunvizinhança do imóvel, para ter ciência de sua capacidade de gerar valores. Pode-se, ainda, ter aspectos físicos com o auxílio de fotografias, plantas arquitetônicas, paisagísticas, desenhos, ambiental e seus aspectos, ou de edificações vizinhas como o mapa da concessionária responsável pelo abastecimento de água. A identificação das variáveis que influencia essa parte vem do conhecimento adquirido na literatura especifica do assunto. No entanto, ao longo da pesquisa, outras variáveis deverão ser incluídas, pois os imóveis diferenciam-se de outros bens em concepção de valor por conta das especificações e de suas particularidades, como valor diferenciado e alto, fixação e tempo de uso, e composição distinta. Pode ser considerado um bem composto e toda essa diferença forma as características dos atributos que o mercado considera como atrativo, nesse sentido, tem-se os exemplos: terrenos únicos, ou com duas frentes, com escolas e hospitais próximos, bairro e segurança patrimonial, transporte públicos, comércio local etc. Pesquisa de mercado, propriamente dita, no caso de avaliações de imóveis, está ligada diretamente ao mercado local de imóveis, em que se contabilizam todos os dados que puderem na coleta de informações, tais como: » As expectativas da região. » Localização do imóvel. » O crescimento econômico. » Os negócios mais promissores. » A capacidade do terreno em relação à construção. » Qual o tipo de saneamento básico da região. » Limpeza urbana. » Proximidade de estabelecimentos de serviços básicos, entre outros. Figura 27. Localização de imóveis. Fonte: http://www.morenaimoveis.com.br/materia/46-a-importancia-da-localizacao-de-um-imovel-na-hora-de-investir. Acesso em: 25/9/2019. 76 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO A mais singular informação pode ser o diferencial para o valor do imóvel. Por isso, os dados devem ser recentes e as fontes devem ser fidedignas. Os cartórios de notas e de registro geral de imóveis , empresas imobil iárias, corretores de imóveis , anúncios de jornais , banco de dados do local do imóvel e , indiscutivelmente, a vis i ta a campo, são os maiores e los de confirmação de tudo que o for levantado. Por essa razão, é preciso que o prof issional tenha cri térios e atenção aos detalhes. As construtoras, as incorporadoras, os vendedores e compradores, os investidores, os bancos de créditos e oficiais, órgãos públicos, secretarias de obras e companhias de habitação também exercem a função de colaboradores na formação do banco de dados da pesquisa. Esses dados de pesquisa abrangem diversos bens, tais como: casas, apartamentos, vagas de garagem, armazéns, lojas, terrenos e glebas (rurais e urbanas e outras fazem parte da divisão do mercado imobiliário). Após a maciça coleta de informações e todos os parâmetros terem sido analisados, pode- se chegar às conclusões e, por meio de estudos gráficos, a composição de valor do imóvel torna-se clara para o avaliador e para o interessando. Figura 28. Representação da importância da avaliação de imóveis. Fonte: https://rankim.com.br/blog/captacao-de-imoveis-a-importancia-da-avaliacao-de-imoveis/.Acesso em: 25/8/2019. A estatística inferencial define as características da população, usando parâmetros dos imóveis, logo após a concepção da relação entre amostra e o todo, quando a conclusão tende a diagnosticar o comportamento do mercado de imóveis. Cria-se uma função para utilizar como luz para entendimento da variável em razão das demais variáveis. Todos os itens pesquisados geram um banco de dados propriamente dito, para ser utilizado nos cálculos estatísticos já homogeneizados, dando margem a 77 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III valores unitários por metro quadrado. Eles compõem a representatividade da amostra, com uma quantidade de elementos (n) a ser implementada nos cálculos estatísticos. Para isso, determina-se as medidas de tendência central e as medidas de dispersão. Para efetivamente realizar a pesquisa que será denominada inferencial, por ter a característica de ser feita por meio de uma amostra, potencializa-se para toda uma população (número de imóveis), pois possuem pelo menos uma característica em comum. Usa-se o parâmetro único e distinto da população (quantidades numéricas a serem interpretadas) e é utilizada a estimativa para calcular os dados observados na amostra, além de estimar-se o valor desconhecido do parâmetro (variação amostral). A unidade amostral (indivíduo, elemento ou grupos do mesmo denominados conglomerados) trará a elucidação da observação de interesse. Nesse caso, estudaremos os conglomerados que podem ser quarteirões, ruas, departamento, lotes de produtos e outros. O planejamento da pesquisa deve ter critérios pré-estabelecidos, para que se consiga demonstrar os dados coletados. Assim, a veracidade dos dados amostrais não será contestada. O uso da clássica estatística não é descartado, porque a falta de elementos pode atrapalhar a pesquisa mas, utilizando o tratamento de fatores, a estatística clássica pode ser empregada. Quando a pesquisa consegue obter um número de dados amostrais acima da média e/ou possui um banco de dados que possa dar as informações necessárias, usa-se a estatística de inferência. Para as avaliações, a pesquisa tende a armazenar o maior número possível de dados referentes a todos os tipos de bens semelhantes. Para que haja uma avaliação com precisão é necessário que se comprovem as informações obtidas. A pesquisa para avaliação de propriedades tem a fundamentação de chegar à conclusão do valor do bem estudado. Esse valor segue um caminho com algumas variações, tais como: » Valor de mercado: quantia aceitável para negociações, dentro de uma data limite e acolhendo as condições do mercado vigente. » Valor em risco: valor que configura o bem que se quer segurar. » Valor patrimonial: conjunto de todos os valores dos bens de uma pessoa física ou jurídica. » Valor residual: verba que define o bem ao final da vida útil. 78 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO A classificação desse tipo de bem já foi citada acima. Ele divide-se em tangível e intangível. Exemplos de como determinar um fundo de comércio: definimos como fundo de comércio de uma empresa o valor do seu sistema comercial (valor do ponto, clientela e faturamento), ou seja, o valor da capacidade de gerar lucros. Assim, a valia de uma empresa é dada pelo valor atual somado ao patrimônio líquido mais o valor atual do seu fundo de comércio. Utiliza-se, para chegar a esses cálculos, a fórmula de Pellegrino: Fc = L / (1+i) n Eq61. fc = fundo de comércio da empresa avaliada; L= lucro líquido total no ciclo de três anos seguidos; i= taxa trimestral de juros; e n = número de trimestres no ciclo de 03 anos. Com os balanços da empresa em ordem e em vigor para a data prevista da avaliação, consegue-se mensurar o valor “L”. A amostra para realização da pesquisa tem sua representação na avaliação da dispersão, para que sejam formadas conclusões prováveis. Então, será preciso supor um pré-conhecimento da função de distribuição da variável “X” em comum acordo com a distribuição de melhor valia para a avaliação de imóveis então, utiliza-se a distribuição de Gauss Figura 29. Curva de Gauss Cerca de 68% da área está a um desvio padrão da média. 68% -3σ -2σ -σ σ +2σ +3σ Cerca de 95% da área está a dois desvios padrão Cerca de 99,7 da área está a três desvios padrão da média. Fonte: https://www.rlmad.net/arquivoblog/art-diversos/as-elites-e-a-curva-de-gauss/. Acesso em: 2/9/2019. 79 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III Para melhor entender a variável dependente, nesse caso, seria o valor por metro quadrado, e as independentes seriam a área integral, tempo de uso, quantidade de quartos, banheiros, suítes, manutenção. Assim, cada variável deve possuir características próprias e seus parâmetros devem estar concisos e bem determinados. Utilizado para obter o grau de precisão de estimativas para o tratamento por fatores, de acordo com a NBR 14653-2, determina-se a utilização do tratamento científico, a partir da regressão linear. Esse modelo dá margem para uma avaliação sem grandes subjetividades, trazendo precisão e confiabilidade aos resultados. A variável dependente para avaliações de imóveis é dada pelo valor à vista do imóvel. Já as variáveis independentes são os seus atributos. Então, o valor de um imóvel é uma associação de informações que influenciam diretamente em sua composição. O modelo de regressão deve ser ajustado ao que se deseja da pesquisa, pois certas características podem não fazer parte do propósito e podem trazer diferenças que atrapalhem o processo. Por causa disso, são realizados testes de variância e de inferência estatística. Denominado como pressupostos, as hipóteses (condições básicas) são a essência que devem ser seguidas. Constituem a relação linear entre a variável dependente e as independentes. Somente as dependentes são: » aleatórias; » possuem normalidade dos resíduos; » possuem média zero dos resíduos; » têm variância constante; » não existe autocorreção dos erros; e » não existe relação exata entre quaisquer das variáveis independentes. Outros requisitos são exigidos, mas, como não existem observações que não sejam reais, as variáveis importantes foram incluídas. É necessário que o número de observações seja maior que o número de coeficientes a ser estimado. 80 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO As condições apresentadas devem ser rigorosamente respeitadas para que o processo de avaliação tenha veracidade e que sua coleta de dados e informações seja fiel ao que foi encontrado. Deve-se levar em consideração que os dados são do tipo probabilístico (melhor ou pior). Então, cabe a sensibilidade do avaliador à análise da gravidade da situação. Prioriza-se o padrão dos resíduos e a existência de informações espúrias. Se ocorrer desvios, troca-se o modelo o mais rápido possível. Análise de resíduos Resíduos são as distintas características das amostras, ou seja, o ajuste entre o que foi avaliado e o que foi dado como informação no uso das equações, deixando alguns aspectos sem definição, como a independência, a média zero e a variância constante. Chegando à distribuição normal, que detectam os erros, com modelo de acordo, os resíduos podem concretizar as informações ou demonstrarão uma resposta negativa para aquela amostra. A análise de resíduos é uma das partes mais importantes na justificativa do modelo. Tem o papel de limpar, verificar os erros (verdadeiros) da amostra após a escolha do modelo a ser utilizado e determinam a equação. Para isso, é necessário que os desvios da amostra não sejam nulos. Os erros do modelo apresentaram amostra nula (média igual a zero). Todos têm a mesma variância (homogeneidade) e tendência normal. Todos os erros são não correlacionados. Caso sejam correlacionados, o modelo não é adequado. Isso pode acontece por conta de dados coletados em diferentes épocas. Desse modo, uma análisegráfica ajuda a identificar a dependência dos erros. O estudo gráfico também consegue demonstrar como é distribuída homogeneidade na reta que condiz com a média da amostra, deixando claro a heterocedasticidade do modelo. O objetivo principal da análise é encontrar possíveis discrepâncias na média zero, tais como: independência, homocedasticidade e normalidade. O significado de média zero está relacionado com a constatação de o valor esperado dos erros ser zero e isso pode ser demonstrado graficamente. O modelo de plotagem 81 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III dos resíduos na vertical, e os valores preditos, sempre os pontos devem estar ao redor de zero. Figura 30. Exemplo de média zero com dados aleatórios. Valores preditos R es íd uo s Fonte: Adaptado de Fiker (2016). A independência corresponde à ausência de autocorrelação dos erros, o gráfico de resíduos (vertical) e sequência de coleta em momentos diferentes (horizontal) é a maneira de identificar a independência dos resíduos, pois estão distribuídos distintamente ao redor de zero. Figura 31. Exemplo de independência dos erros pela plotagem dos resíduos para dados aleatórios. R es íd uo s Sequência de coleta Fonte: Adaptado de Fiker (2016). A constatação da existência de autocorrelação dos erros pode utilizar-se da estatística de Durbin-Watson. ( ) ( ) 12 1 ² n i ii n ii e e d e −= = − = ∑ ∑ Eq. 53. Utilizando-se de valores pré-estabelecidos, d (significância de 5%, 2,5%, e 1% para modelos de 15 a 100 observações), com aproximadamente seis variáveis independentes, está diretamente ligado ao valor da correlação. Então, quando r está perto de zero, d é aproximadamente 2. Assim, os erros atestam que não possuem correlações. 82 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Se encontrada a autocorrelação, é possível que o modelo não sirva para essa avaliação. Para Durbin-Watson com média zero e variância estável, variáveis independentes homogêneas colocam o teste em aprovação. Na amostragem de avaliação de imóveis, geralmente isso não ocorre, pois os dados raramente são coletados em tempos diferentes. Ainda afirma que, estabelecendo limites críticos dL e du, então: Quando du,< d < 4 - du, a hipótese é rejeitada, em função de que os resíduos não são correlacionados de acordo com a hipótese de não autocorrelação, a partir do nível de significância fixado. Quando d < dL, admite-se a hipótese de autorregressão positiva. Quando d > 4 - dL, admite-se a hipótese de autorregressão negativa, dando margem para teste sem fundamentação. Em dados de tempos diferentes é recorrente a autocorrelação. Figura 32. Exemplo de distribuição normal dos erros pela plotagem dos resíduos Valor esperado sob normalidade R es íd uo s Fonte: Adaptado de Fiker (2016). Esse gráfico representa a normalidade dos erros, que podem ser facilmente identificadas pelas padronagens das amostras. Considerado como caminho para fórmulas matemáticas, demonstra que, por mais que a amostra cresça, a sua distribuição será sempre mais próxima da normalidade. Se, por acaso, a normalidade não se apresente, devemos aumentar o número de dados para que seja possível a correção das diferenças. Tomando como base a avaliação de imóveis, e seu envolvimento direto com informações microeconômicas, ocasionalmente a homocedasticidade (variância constante) acontece. A heterocedasticidade é vista, quando em avaliações de imóveis, supostamente os de valor baixo demonstra variações ao redor da média, maior que os de alto valor. 83 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III Figura 33. Gráfico bom (nuvem de pontos) - Homocedástico. Fonte: Adaptado da Secretaria do Patrimônio da União (2017). Figura 34. Gráfico ruim (tendência crescente) - Heterocedástico. Fonte: Adaptado da Secretaria do Patrimônio da União (2017). Multicolinearidade é a relação entre as variáveis dependentes e independentes. Para tratar as informações com multicolinearidade, é aconselhável que sejam realizadas algumas medidas corretivas. Em situações de avaliação de um imóvel, não é necessário ter cuidado com a multicolinearidade, desde que utilizada a estimativa pontual. Normalmente, a multicolinearidade é provocada pela natureza dos dados, especialmente nas áreas de economia com variáveis que traduzem os valores de mercado. Além disso, esse efeito ainda pode acontecer quando é realizada uma amostragem incorreta. 84 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO O efeito que a multicolinearidade acontece quando existem relações lineares entre as variáveis independentes, de modo que ao correlacioná-las torna-se difícil ou impossível isolar suas influências de forma individualizada e alcançar uma estimativa precisa dos efeitos relativos. É muito difícil encontrar variáveis independentes que são perfeitamente possíveis de ser relacionadas. Essa situação pode ser facilmente reconhecida e resolvida, apenas incluindo-se uma ou mais variáveis independentes do modelo. O modelo deve sofrer ajustes, por meio de análise de resíduos e de gráficas, de estudo de suas inadequações e das variáveis. A conclusão das análises é capaz de identificar se o modelo é bom ou ruim. A identificação de valores que destoam do restante das amostras, e suas devidas correções, e a origem das amostras, após investigação, podem encontrar a solução para os modelos escolhidos. Diante das informações colhidas, entendemos que o estudo dos resíduos é o que determina a escolha do modelo de regressão, dá veracidade às informações, dá embasamento para a escolha dos estimadores e formulação dos testes de hipóteses e intervalo de confiança. Para que o modelo escolhido sirva para as avaliações de imóveis, é necessário que sua aplicação ao método funcione dando as devidas variações. Quanto maior for o número de dados, menor será o risco de não adequação do modelo. Quadro 5. Exemplo de identificação e apresentação das variáveis. Variáveis Unidades de medida Descrição Significado Área total m² 150 Área total do imóvel. Consumo de energia Kw 200 Consumo de energia do imóvel. Acessibilidade M 100 Distância até o ponto de ônibus. Idade Anos 10 Idade do imóvel após ser dado o abitese. Dormitórios Unidades 4 Número de quartos no imóvel. Fonte: Adaptado de Fiker (2016). Outliers: considerado um tipo de informação que apresenta uma quantidade de erro muito grande. Traduz-se em uma amostra que será conduzida de forma distinta das outras. Essa caracterização é o chamado outliers (fora de série). Apresentam, graficamente na Figura 29, os resíduos padronizados (ei) versus valores ajustados (Ŷ). 85 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III Figura 35. Exemplo de gráfico de resíduos sem Outliers. Fonte: Adaptado da Secretaria do Patrimônio da União (2017). Figura 36. Exemplo de gráfico de resíduos com Outliers. Fonte: Adaptado da Secretaria do Patrimônio da União (2017). » Campo de arbítrio: anteriormente era considerado o intervalo de confiança, calculado usando a função σ = tp [ s / (n - 1)0,5 ]. De acordo com NBR 14653, para trabalhar com os fatores, o avaliador usará 10%, para todo valor médio, e justificando porque não o adotou. Para fins de cálculo, é fixado arredondamento de 1%. » Depreciação de imóveis: a depreciação de um imóvel consiste na diminuição de seu valor comercial, por conta da depreciação ocorrida. Tal depreciação pode ser física como, por exemplo, o tempo de construção do imóvel; sua linha arquitetônica antiga, ou ruim; o tipo de instalações sanitárias; o tipo de telhado implantado; acabamento; depreciação da região onde o imóvel está inserido. 86 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO » Inadequação quando a planta baixa da casa não é funcional. Exemplo: para alcançar um quarto é necessário passar por dentro do outro. Figura 37. Exemplo de planta adequada. Quarto Quarto SANT. Cozinha Sala Fonte: https://meninadeatitude.com.br/decoracao/modelos-de-plantas-de-casas-pequenas/attachment/planta-baixa-casa-modelo3/. Acesso em: 25/8/2019. » Superação Quando os materiais empregados em alguns cômodos são de melhor qualidade. Exemplo: azulejar o banheiro, em vez de pintar. » Anulação quando a modificação da funcionalidade não é possível. Exemplos: um armazém em determinada área da cidade que, não tendo mais utilidade, não poderia tornar-se outro tipo de imóvel para ser habitado. As depreciações nas avaliações de imóveis devem ser levadas em conta, pois o valor do imóvel pode sofrer grandes perdas em função disso. É comum, em imóveis usados, o valor da depreciação ser maior para identificar e quantificar. Deve ser implantado um fator de depreciação representado nos cálculos. Para isso, é necessário avaliar: » Valor residual. » Idade do imóvel. » Vida útil. 87 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III No final da vida útil de um bem, é dito pelos avaliadores que ele possui um valor residual, que é o mesmo que dizer que é o valor da ruína ou da demolição. Como por exemplo, as empresas de demolição que compram prédios, casas, armazéns antigos ou sem uso pretendendo utilizar para revenda seus materiais reaproveitáveis, como: portas, janelas, peças de madeira em geral, aparelhos sanitários em boas condições, telhas etc. A demolição consegue gerar um valor quando se deduz o valor obtido com a venda dos materiais do custo de demolição e limpeza da área. Para fins de cálculo, foram desenvolvidas fórmulas e métodos, como o método da linha reta, que consiste em: a depreciação é função do bem, ou seja, variação de mesma forma (idêntica) ao longo do período de uso do imóvel. Então, a fórmula é: d = 1 - [(1-r) (x/n)] Eq. 62. d = fator de depreciação r = valor residual x = idade aparente (anos) n = vida útil (anos) Outro método é a parábola de Kuentzle. As depreciações são menores no início e maiores no final. Sendo assim, é compatível com a degradação sofrida pelo imóvel. A equação apresenta-se da seguinte forma: d = 1 - [(1 - r).(x/n)2] Eq. 63. O método de Ross consiste em ser um meio termo entre os dois métodos apresentados acima. Assim, calcula-se o fator de depreciação com a seguinte equação: d = 1 - {(1- r) . (1/2) . [(x/n) + (x/n)2]} Eq. 64. Heidecke nos apresenta outro método, que leva em conta apenas a conservação do imóvel. Segue a tabela: Tabela 6. Tabela de Heidecke. Classificação Referência Estado Depreciação A 1,0 Novo 0,0 B 1,5 Entre novo e regular 0,32 C 2,0 Regular 2,52 D 2,5 Entre regular e reparos simples 8,09 E 3,0 Reparos Simples 18,10 F 3,5 Entre reparos simples e importantes 33,20 G 4,0 Reparos importantes 58,60 H 4,5 Entre reparos importantes e sem valor 75,20 I 5,0 Sem valor 100,0 Fonte: Adaptado da Secretaria do Patrimônio da União (2017). 88 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Alguns avaliadores acham o método incompleto, por conta de não levar em consideração a inutilidade do imóvel, mas os índices são utilizados quando do uso do método em conjunto Ross-Heidecke. Sendo um método misto, utiliza-se da conservação e da idade do imóvel, transformando em números, sendo considerado pelos avaliadores o método mais honesto e mais utilizado: d = {100 - [ k . (1 - r)]} / 100 Eq.65. Em que k é o estado de conservação, encontrado na tabela a seguir: Tabela 7. Tabela de Ross-Heidecke. Idade em % da vida útil Estado de conservação a B c d e f G h 2 1,02 1,05 3,51 9,03 18,9 33,9 53,1 75,4 4 2,08 2,11 4,55 10,0 19,8 34,6 53,6 75,7 6 3,18 3,21 5,62 11,0 20,7 35,3 54,1 76,0 8 4,32 4,35 6,73 12,1 21,6 36,1 54,6 76,3 10 5,50 5,53 7,88 13,2 22,6 36,9 55,2 76,6 12 6,72 6,75 9,07 14,3 23,6 37,7 55,8 76,9 14 7,98 8,01 10,3 15,4 24,6 38,5 56,4 77,2 16 9,28 9,31 11,6 16,6 25,7 39,4 57,0 77,5 18 10,6 10,6 12,9 17,8 26,8 40,3 57,6 77,8 20 12,0 12,0 14,2 19,1 27,9 42,2 58,3 78,2 22 13,4 13,4 15,6 20,4 29,1 42,2 59,0 78,5 24 14,9 14,9 17,0 21,8 30,3 43,1 59,6 78,9 26 16,4 16,4 18,5 23,1 31,5 44,1 60,4 79,3 28 17,9 17,9 20,0 24,6 32,8 45,2 61,1 79,6 30 19,5 19,5 21,5 26,0 34,1 46,2 61,8 80,0 32 21,1 21,1 23,1 27,5 35,4 47,3 62,6 80,4 34 22,8 22,8 24,7 29,0 36,8 48,4 63,4 80,8 36 24,5 24,5 26,4 30,5 38,1 49,5 64,2 81,3 38 26,2 26,2 28,1 32,2 39,6 50,7 65,0 81,7 40 28,8 28,8 29,9 33,8 41,0 51,9 65,9 82,1 42 29,9 29,9 31,6 35,5 42,5 53,1 66,7 82,6 44 31,7 31,7 33,4 37,2 44,0 54,4 67,6 83,1 46 33,6 33,6 35,2 38,9 45,6 55,6 68,5 83,5 48 35,5 35,5 37,1 40,7 47,2 56,9 69,4 84,0 50 37,5 37,5 39,1 42,6 48,8 58,2 70,4 84,5 52 39,5 39,5 41,9 44,0 50,5 59,6 71,3 85,0 54 41,6 41,6 43,0 46,3 52,1 61,0 72,3 85,5 56 43,7 43,7 45,1 48,2 53,9 62,4 73,3 86,0 58 45,8 45,8 47,2 50,2 55,6 63,8 74,3 86,6 60 48,8 48,8 49,3 52,2 57,4 65,3 75,3 87,1 62 50,2 50,2 51,5 54,2 59,2 66,7 76,4 87,7 64 52,5 52,5 53,7 56,3 61,1 68,3 77,5 88,2 89 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III Idade em % da vida útil Estado de conservação a B c d e f G h 66 54,8 54,8 55,9 58,4 63,0 69,8 78,6 88,8 68 57,1 57,1 58,2 60,6 64,9 71,4 79,7 89,4 70 59,5 59,5 60,5 62,8 66,8 72,9 80,8 90,9 72 62,2 62,9 62,9 65,0 68,8 74,6 81,9 90,6 74 64,4 64,4 65,3 67,3 70,8 76,2 83,1 91,2 76 66,9 66,9 67,7 69,6 72,9 77,9 84,3 91,8 78 69,4 69,4 72,2 72,9 74,9 79,6 85,5 92,4 80 72,0 72,0 72,7 74,3 77,1 81,3 86,7 93,1 82 74,6 74,6 75,3 76,7 79,2 83,0 88,0 93,7 84 77,3 77,3 77,8 79,1 81,4 84,8 89,2 94,4 86 80,0 80,0 80,5 81,6 83,6 86,6 90,5 95,0 88 82,7 82,7 83,2 84,1 85,8 88,5 91,8 95,7 90 85,5 85,5 85,9 86,7 88,1 90,3 93,1 96,4 92 88,3 88,3 88,6 89,3 90,4 92,2 94,5 97,1 94 91,2 91,2 91,4 91,9 92,8 94,1 95,8 97,8 96 94,1 94,1 94,2 94,6 95,1 96,0 97,2 98,5 98 97,0 97,0 97,1 97,3 97,6 98,0 99,0 99,8 100 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Adaptado da Secretaria do Patrimônio da União (2017). É possível perceber, por meio das análises acima, que o método de Ross-Heidecke é o que mais se aproxima da média aritmética calculada a partir do resultado dos quatro principais métodos. Figura 38. Gráfico comparativo entre os quatro métodos. Média entre os métodos Ross-Heidecke Ross Kuentzle Linha Reta R$10.000 R$20.000R$30.000 R$40.000R$50.000 R$60.000R$70.000 Valores em reais. Fonte: Elaborado pela autora (2017). 90 CAPÍTULO 2 Método involutivo Fundamentos do método involutivo Conta com a viabilidade padrão técnico-econômica para encontrar o valor do terreno, calçada em sua evolução, seu aproveitamento no eventual empreendimento imobiliário, que esteja de acordo com as características do imóvel e com as condições que o mercado oferece. O aproveitamento total da extensão do terreno pode justificar o pedido de avaliação do terreno ou mesmo de uma gleba. Buscando utilizar ao máximo e de todos os tipos de uso possíveis, realiza-se a investigação. De acordo com a legislação vigente, são traçados planos com os anteprojetos do loteamento ou da construção, observando os demais empreendimentos instalados no local e/ou na região. Um profissional habilitado e experiente nesses tipos de projetos deverá ser contratado para também produzir orçamento de acordo com a situação exigida. A pesquisa de mercado deve estar relacionada com os bens (imóveis) que foram construídos no local anteriormente. Portanto, a avaliação por este método abrange a receita de vendas dos lotes ou construções á prontas e individuais, fundamentadas nos valores encontrados de pesquisa, e ainda considera as demais despesas da transformação da área em loteamento incluindo o lucro do empreendedor e os dispêndios financeiros, e só então determina o valor para à área. O conceito de aproveitamento eficiente deve ser bem explorado quando se estiver tratando do método involutivo. Esse conceito significa que o valor do imóvel é estabelecido pelos recebimentos máximos que é possível alcançar naquele imóvel. A título de exemplo é possível explicar a avaliação de um bem imóvel, uma casa, pelo método involutivo. Para realizar essa avaliação é preciso considerar os possíveis recebimentos que esta casa pode produzir, se ela for transformadaem um imóvel comercial e alugada por um valor melhor, ou ser transformada em uma escola, ou mesmo em outro tipo de comércio. 91 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III O método é bem aplicado quando não há histórico de negociações de imóveis do mesmo tipo. Em um terreno urbano, o objetivo é analisar o negócio (a obra) construído sobre ele, seus custos e possíveis lucros. Quando a avaliação é feita para uma gleba, a viabilidade do empreendimento (loteamento) é verificada e comparada às informações encontradas de um suposto preço do terreno onde está inserido. Segundo as características determinantes da região, faz-se o projeto de loteamento, determinado o número de lotes, com tamanhos iguais aos praticados na região. Certifica-se dos totais dos gastos relativos à gleba, então, o valor será formado pela diferença entre o montante dos gastos e a soma do capital das vendas dos lotes. Glebas em áreas urbanas Gleba urbana é uma área de grandes extensões e que será utilizada em sua totalidade, sendo direcionada para ser subdividido em lotes que, posteriormente, serão urbanizados. Pode ser de natureza urbana e rural. Glebas urbanas serão destinadas para condomínios, comércio, industrial ou mista. As rurais, para propriedades com vocação para cultivo, sítios, chácaras etc. Em uma visita de campo minuciosa, ou vistoria, é necessário estabelecer critérios, tais como verificar a localização, o tamanho da área e os registros e certidões. Isso dá veracidade às informações de legalidade ditas pelos proprietários, evitando possíveis contratempos com problemas de cartórios. Estão inseridas no contexto urbano ou em áreas que estão em desenvolvimento, além de estarem disponíveis para comercialização, tem suas condições de localização, área e topografia favorável ao de imóvel de natureza condominial. Deve-se aproveitar eficientemente o terreno, verificar a relação entre os custos unitários de venda e o preço bruto da gleba, e possuir áreas significativas após a divisão do terreno. Anteriormente, o poder público detinha o parcelamento do solo e das obras de implantação. Com as novas leis de ordenação e uso do solo, tornou-se mais dinâmico esse parcelamento, e os empreendedores estão obrigados a realizar o loteamento de forma completa. 92 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO A regulamentação do solo está inserida na Lei Federal no 6.766/1979, de19 de dezembro de 1979, e cada município tem sua própria lei. Alguns parâmetros prescritos na Lei Federal: » Área mínima: 125m² e frente mínima de 5m, a não ser que a legislação do local (estadual e municipal) tenha outras determinações para o uso do solo. » Respeitar faixa mínima não edificada de 15m para cada lado das margens dos rios ou córregos e do eixo de rodovias, ferrovias e dutos. » As vias dos loteamentos deverão articula-se com as vias adjacentes oficiais, existentes ou projetadas, e harmonizar-se com a topografia. » Exige-se que o município detenha em torno de 35% de área bruta, com uma espécie de doação. Diz que 15% está destinado a equipamentos institucionais e que 20% é para implantação do sistema viário (a Lei Federal suprimiu esse item, contudo, é mantido, em grande parte, pelas leis municipais). Algumas são as proibições a título de resguardar município e população: » Proibição de parcelamento de terrenos que foram inundados em algum momento. » Proibição de parcelamento de terreno de aterros que podem trazer danos, tendo materiais nocivos à saúde pública, sem que estejam previamente saneados. » Proibição do parcelamento de terrenos com declividade igual ou superior a 30%. » Proibição de parcelamento de terrenos em áreas de preservação ecológica ou onde são muito poluídas. O método de avaliação mais usual é o involutivo e se justifica porque diz que a gleba teria um melhor aproveitamento de seu terreno se fosse dividido em lotes, e que o valor dos lotes deve estar de acordo com o praticado no local coletado a partir de pesquisa. Dessa maneira, o avaliador justifica todos os custos com a implantação 93 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III do loteamento, atrelando até mesmo o lucro do empreendedor. A equação para avaliação vem do método involutivo. X + D + L = VL Eq. 66. X = VL - D – L Eq67. Sendo: VL = valor da gleba bruta D = despesas de urbanização e comercialização L = lucro do empreendedor VL = valor de venda dos lotes Modelos mas simplificados também estão disponíveis como: Modelo de Olave: X = {[S(1 – K) . q] ⁄ ((1 + L) )} – D Eq. 68. Modelo de Caires: X = S(1 – K) . [(q ⁄ 1,15) – (1,3 . p)] Eq. 69. Sendo: X – valor da gleba bruta S – área total da gleba K – percentual da gleba a ser destinado a áreas institucionais, verdes e circulação q – valor médio unitário dos lotes circunvizinhos L – lucro do empreendedor (para os métodos simplificados, o valor de L deve entrar na equação pelo decimal correspondente ao percentual de lucro sobre o valor de vendas dos lotes) D – despesas de urbanização e comercialização p – custo unitário médio das obras de urbanização 94 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Figura 39. Exemplo de um projeto de implantação de um loteamento. Fonte: http://www.jarduin.com.br/conjuntos-residenciais-jarduin-le-mont-cotia.html. Acesso em: 25/8/2019. Exemplo padrão de caracterização do terreno: » Terreno com condições físicas de grande potencial para desenvolvimento de empreendimentos seguros. » Dimensões de 50m x 80m, o que resulta em área de 4.000m². » Localização de acordo com o desejado. » A área a ser utilizada é a maior possível. » O entorno demostra a vocação para loteamentos de grande porte. » Na região, a infraestrutura urbana está satisfatória, sem restrições legais ou físicas. » A legislação do município comporta o tipo de construção que será implantada. » O projeto está de acordo com a legislação vigente (taxa de ocupação, de permeabilidade, recuos, gabarito etc.). » O início do empreendimento pode ser logo após os acertos da negociação imobiliária. Projeto hipotético Segundo a NBR 14 653/2 2011, todo o aproveitamento do terreno deve ser realizado. Para isso, será necessário ter um levantamento topográfico da área (planimetria e altimetria). É imprescindível, para o avaliador, a formação do projeto. 95 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III O engenheiro avaliador deve ter um estar atento à legislação urbanística. As unidades devem estar de acordo com as semelhantes da mesma região e de acordo com plano diretor da região, além da quantidade de lotes que possam ser viáveis. A elaboração do anteprojeto, captando o melhor aproveitamento do terreno, deve estar compatível para as leis municipais. Esse anteprojeto deve ser realizado de modo a ser bem aceito pelo público que irá comprá-lo e deve apresentar liquidez. O anteprojeto busca afirmar a viabilidade do terreno, definindo hipoteticamente: os valores de preço de venda, custo com a construção, e a noção da área real que será construída. Busca, ainda, a classe que será implantada (residencial, comercial), qual o grupo de apartamentos, quantos quartos, e vagas de garagem, o padrão, com ou sem elevador, se utilizará a área privativa prevista em média de 56m². Ademais, tem o objetivo de verificar em que tempo as unidades (o menor possível), após o lançamento, estariam totalmente vendidas, deve-se prever cenários diferentes, favoráveis ou não. Exemplo de área de projeção do pavimento, caso o empreendimento seja de apartamentos: 56m² x 6 apartamentos + 60 m² = 396m², significa dizer que cada apartamento terá área igual a 56m². A área de circulação vertical será de 60 m² e cada pavimento terá 6 apartamentos. Pesquisa de valores Para a pesquisa de valores, é necessário ter como base os valores praticados na região, buscar o preço unitário do lote, submeter o mercado imobiliário local ao método de comparação de venda, para ter ciênciade quanto custará as unidades quando estiverem prontas. Ainda, é importante levar em consideração as características físicas do terreno inicialmente e posteriormente após a implantação do empreendimento. Enfim determinar o valor do m² da área total do terreno de acordo com a sua localização. Previsão de receitas As despesas e as receitas são comparadas mês a mês. Ao comprar o terreno, também assumimos outras despesas, como impostos, valores para modificação do terreno com infraestrutura, além de oferecer ao empreendedor a margem de lucro esperada ou próxima da esperada. 96 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO No final, calculamos um lucro bruto do empreendimento, no qual estarão juntos os valores de terreno inicial, os custos e o lucro do incorporador, e mais o fator de comercialização. Deduz-se das vendas as despesas de publicidade, propaganda e corretagem. Não se pode esquecer de incluir na planilha os juros e as taxas de empréstimos mensais, de acordo com a usual do mercado financeiro local. Deve-se levantar um orçamento global com base no anteprojeto, pela área total construída, multiplicando pelo C.U.B (custo unitário básico do Sinduscon) e mais os custos ali não previstos (manutenção), multiplicando pelas verbas de projetos, administração, impostos e lucro da construtora. Posteriormente, soma-se os valores das unidades e, assim, obtem-se o valor do empreendimento pronto, ou seja, todo tipo de despesas necessárias para a construção, modificação do terreno, o lucro obtido, e também as despesas de comercialização, de acordo com as taxas fixas ou não. Para entender a margem de risco é importante elaborar uma planilha contábil de receita e de despesas com os dados de vendas e com o montante de custo de realização da obra. Matematicamente, montou-se uma fórmula para tentar margear os valores dos lotes. VL = VG +DC +DU + L Eq. 70 Sendo: VL = Valor de venda dos lotes VG = Valor de gleba DC = Despesas de compra DU = Despesas de urbanização L = Lucro Quando as áreas forem de pequeno porte, é descartada a necessidade de formulação matemática financeira como juros, riscos, etc. Nesses casos, usa-se: DC = 1,5% x VG = 0,015 x VG Eq. 71. L = 10% x VL = 0,10 VL Eq. 72. A fórmula modifica-se, sendo apresentada assim: VL = VG + 0,015 x DU +0,10.x VL. Eq. 73. 97 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III Então VL (1 – 0,10) = VG (1 – 0,10) + Du ] Eq. 74. VG = 0,90 x VL – DU / 1,015 Eq. 75. Ou VG = 0,8867 x VL – Du / 1,015. Eq. 76. Contudo, sabe-se que o valor de venda dos lotes está diretamente ligado a VL, ao somatório das áreas dos lotes, ao preço médio unitário (que é dependente das características físicas), e ao preço unitário do terreno. Para fins de cálculo, a lei no 6.766/79 institui que no mínimo 35% da gleba deve ser reservada para abertura de ruas e áreas comuns, e está de acordo com a ocupação do solo urbano e com a legislação estadual e municipal vigente. A partir daí designa-se que: S = área efetiva da gleba Su = área útil ∑K = 1 (somatório de valorização) Su = 0,65 x S e VL = q x Su VL = q x (0,65 x S) = 0,65 x q x S Outra modificação ocorre, troca-se VL na fórmula: VG = 0,8867 x (0,65 x q x S) - Du / 1,015. VG = 0,5764 x q x S) - Du / 1,015. Temos então: VG = valor de gleba, 0,5764 = coeficiente resultante de: Dc = 1,5% x VG L= 10% x VG Su= 65% x S q = preço unitário (encontrado após a pesquisa) S = área efetiva da gleba Du = despesas de urbanização 98 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Levantamento do custo de produção do projeto hipotético Por meio do orçamento levantado para a obra é obtido uma média de valores a serem gastos para implantação do empreendimento. Leva-se em conta o preço de compra e de todos os demais custos envolvidos em uma construção, tais como composições de preço de materiais, equipamentos, maquinário, mão de obra, projetos diversos, encargos sociais, taxas, impostos etc. As despesas são colocadas da seguinte forma: Comercialização: gastos envolvidos para realizar um bom relacionamento de venda com o cliente. Exemplo: a corretagem que é valor cobrado pelo corretor. Legais: compras necessárias, os gastos com escritura, registros, certidões, impostos etc. Indiretas: propaganda, publicidade. A previsão para início da obra e sua conclusão está diretamente ligada à comercialização das unidades. Margem de lucro do incorporador O modelo escolhido é apresentado como uma decisão baseada na economia. Pensando em se obter determinado lucro, pode-se dizer que é utilizada a teoria da decisão, em que os riscos são certos em função de suposições para uma possível implantação comercial do empreendimento. Acreditando na teoria de que quanto maior o investimento, maior será o lucro líquido, ou seja, o valor isento de taxas, encargos ou ônus, assim serão alcançados proventos de maneira legal e com tendência de crescimento. Contudo, não se pode esquecer que existem outros gastos e que podem trazer a queda dos rendimentos. Para margear o lucro líquido faz-se, geralmente, uma simulação do fluxo de caixa do empreendimento. É importante analisar os custos de incorporação, em que o mais significativo são os de 2% de impostos federais como: PIS, Confins, contribuição social, dedução da taxa de risco usada entre 5% e 15% do total do lucro bruto. Já o lucro líquido que resta das deduções será inferido ainda da margem destinada ao que seria o lucro líquido do incorporador. Após essas deduções é encontrado o valor do terreno, chamado de valor involutivo do terreno. 99 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III A NBR 14653-3 (ABNT, 2004) chama atenção para que a margem de lucro sugerida para modelos estáticos esteja de acordo com o mercado, já as margens com fluxo de caixa estão diretamente ligadas ao risco do empreendimento que será implantado. Prazos De acordo com a NBR 14653-3 (ABNT, 2004), o projeto imaginário, deve estar de acordo com os caracteres físicos do terreno e sincronizados com os recursos disponíveis, com a tecnologia, inovação do projeto e o mercado imobiliário com suas nuances. Ela destaca, também, que as negociações das unidades, prontas ou não, estejam em harmonia com a estrutura e com o comportamento e a eficiência do mercado. Taxas Em situações que são necessários o uso de modelo dinâmico, é aconselhável esclarecer as taxas de juros, de vacância, de empréstimos, financeiras, de administração, de amortização de hipotecas, de ocupação e cartoriais. Quando são utilizados os modelos dinâmicos, é preciso consultar algumas tabelas pré-fixadas. Nesse contexto, tem-se como exemplo a aplicação de taxas no caso de avaliações de imóveis. Calculo hipotético de benefícios de despesas indiretas (BDI) para um determinado imóvel, construção ou bem pode ser: Taxa de lucro da construtora = 15% Taxa de administração = 12% Taxa financeira (capital) = 10% BDI = 1,15X1,12X1,10 = 1.4168 BDI = 41,68% Todas as porcentagens devem ser multiplicadas, pois incidem-se umas sobre as outras. Modelo Para a NBR 14653-3 (ABNT, 2004), as avaliações têm como parâmetros três modelos distintos para serem utilizados de acordo com a escolha do profissional habilitado de avaliação. São eles: 100 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO » Modelo por fluxos de caixas específicos. » Modelo simplificado dinâmico para aplicação. » Modelo estático. Fluxo de caixas No modelo chamado fluxo de caixa, as condições de operação real são aparentemente demonstradas, mas não são verdadeiras. A recomendação da estrutura básica, do quadro 6 a seguir para montagem do fluxo de caixa, está de acordo com a ANT/NBR 14653, dentro de um contexto que pode gerar os resultados necessários para o avaliador. Essa é a estrutura básica para um bom fluxo de caixa. Quadro 6. Estrutura básica para realizar fluxo de caixa. 1 Receita líquida 1.1 + 1.2 1.1 Receita bruta --- 1.2 Deduções da receita bruta --- 2 Custodireto 2.1 + 2.2 + 2.3 + 2.4 + 2.5 2.1 Custo de mão-de-obra --- 2.2 Custo de matéria-prima --- 2.3 Custo de utilidades --- 2.4 Custo de manutenção --- 2.5 Custo direto de vendas --- 3 Resultado Bruto 1 + 2 4 Custo indireto 4.1 + 4.2 + 4.3 + 4.4 4.1 Despesas administrativas --- 4.2 Despesas com marketing --- 4.3 Despesas gerais --- 4.4 Resultado de operações financeiras --- 5 Resultado operacional 3 + 4 6 Resultado não operacional 6.1 + 6.2 6.1 Receitas não operacionais --- 6.2 Despesas não operacionais --- 7 Resultado antes de tributação 5 + 6 8 Deduções da base tributária 8.1 + 8.2 8.1 Depreciação contábil do ativo imobilizado --- 8.2 Outras deduções da base tributária --- 9 Lucro tributável 7 + 8 10 Impostos e contribuições 10.1 + 10.2 10.1 Imposto de renda --- 10.2 Contribuição social sobre o lucro tributável --- 11 Resultado após a tributação 7 + 10 101 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III 12 Investimento 12.1 + 12.2 + 12.3 + 12.4 12.1 Implantação --- 12.2 Ampliação e melhorias --- 12.3 Reposição/substituição/exaustão --- 12.4 Necessidade de capital de giro --- 13 Renda líquida 11 + 12 Fonte: ABNT (2004). O fluxo de caixa é composto por um emaranhado de receitas, custos, despesas de um empreendimento, no período específico, em um horizonte que é estipulado segundo a natureza do negócio, características da área, estágio tecnológico. Utilizando-se de cenários favoráveis ou não para fim de surpresa nos custos do projeto, a análise de risco faz parte de todo negócio e deve ser dimensionada de forma que não reste sombra de dúvidas sobre a implantação do negócio. Se essa etapa for negligenciada pode levar a danos irrecuperáveis para a incorporadora ou para o negociador. Então o fluxo de caixa é um gerador de valor de um determinado bem, para um determinado investidor, (proprietário específico), em um determinado uso específico. É definido como um valor muitas vezes menor que o do mercado, em determinada data, projetado para alguns supostos pagamentos, de acordo com valor relativo do dinheiro no período que está sendo projetado. A montagem de um diagrama de fluxo de caixa é dada pelos valores levantados, e a matemática financeira transforma esses valores em fórmula matemática para ser utilizado, levando em consideração que os custos do mês sejam constantes, com intervalos iguais (periódicos) e com termos postecipados (juros pagos no fim do respectivo período de contagem). A fórmula aprece como: PV = PMT x [(1 + J)n – 1] / [( 1 + J)n x 1] Eq. 77. Em que: PV = valor presente PMT = termos de uma série finita, uniforme, periódica e postecipada J = taxa de juros compostos n = números de períodos Modelo simplificado dinâmico para aplicação De acordo com a norma NBR 14653, modelo simplificado dinâmico é o modelo em que as receitas são calculadas antecipadamente, no período previsto da obra, 102 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO tendo sua sustentação no fluxo de caixa. Ao adotar o modelo dinâmico, deve-se colocar à mostra as taxas de valorização imobiliária, de crescimento de custo e de despesas, de juros do capital investimento e a mínima de atratividade. Modelo estático A norma 14653 afirma que o modelo estático faz uso das fórmulas simplificas e que deixam de lado a ideia de tempo de ocorrência das despesas e receitas. Segundo a SUP (2017), o modelo estático simplificado utilizado no cálculo do valor do imóvel é representado pela equação: Rl = Pgv - Mgd - Li Eq. 78. Segue: Rl: Valor do terreno Pgv: receita proveniente das unidades vendidas Mgd: despesas totais com: projetos, de obra, comercialização, impostos administração Li: lucro 103 CAPÍTULO 3 Método evolutivo Fundamentos do método evolutivo É capaz de evidenciar o valor de um bem, inserido em determinado mercado, realizando a soma de todos os seus valores e de tudo o que compõe o terreno. É eficaz quando não se tem dados amostrais, semelhantes ao que está sofrendo avaliação como, por exemplo, salões, residências de alto padrão etc. Um dos modos de obter o valor do imóvel é por meio da junção de outros métodos, a partir do custo do terreno, levando-se em conta os gastos de reprodução de benfeitorias quando já estiverem depreciadas, e o fator de comercialização caso seja necessário identificar o valor de mercado, por exemplo. Essa escolha vem por conta da falta de informações que levariam ao uso do método comparativo de dados de mercado, quando as áreas, onde o bem é avaliado, estão inseridas na parte mais urbana do município, e as informações sobre as vendas dos terrenos livres são insuficientes. O método é eficaz pois é possível quantificar o valor do terreno pelo valor total da edificação nele implantada, deduzindo os valores das construções que existam no local. Outra forma da utilização desse método evolutivo é se avaliação quiser chegar ao valor das construções, para isso então é utilizando a subtração inversa, em que se deduz o valor do terreno do valor do imóvel construído nele. Para chegar ao valor, foi desenvolvida uma fórmula matemática de acordo com a NBR 14.653(2004) e a SUP (2017) Vti = (Vtt + Vb) x Fc Eq. 79. Em que: Vti = valor do imóvel Vtt = valor do terreno Vb = valor da benfeitoria Fc = fator de comercialização (vantagem do produto finalizado) 104 UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Se um terreno foi adquirido anteriormente, por exemplo, pelo valor de R$ 20.000.00 e o valor da construção que foi realizada sobre ele obteve custo total de R$ 45.000.00, o custo total do terreno e da construção ficou estabelecido em R$ 65.000.00. Supondo-se que essa construção foi realizada como um negócio, então será vendido. Se o valor de mercado da casa for de R$ 75.000.00, entende-se que o valor a mais, equivale a uma taxa de 25% do valor do imóvel (custo reedição). Isso quer dizer que foi acrescido uma taxa de 1,25% que é conhecido como o fator de comercialização, podendo ser esse fator menor ou maior que a unidade. De posse do valor total do imóvel e do custo das benfeitorias, para se obter o valor do terreno (parcela), extrairíamos o custo total, o fator de comercialização e, logo depois, realizaríamos a subtração. É crucial, para que se tenha êxito na aplicação do método evolutivo, que o valor do terreno seja encontrado pelo método comparativo de dados de mercado. Quando as informações não forem suficientes, utiliza-se o método involutivo. Além disso, as benfeitorias encontradas devem ser adequadas ao método comparativo direto de custo ou também pode-se utilizar o método da quantificação de custo. O fator de comercialização sempre deve ser acrescido, maior ou menor que a unidade, de acordo com as nuances do mercado na época da avaliação. O fator de comercialização não pode deixar de ser encontrado. Para obtê-lo existem maneiras distintas para sua formulação, incluindo a metodologia financeira. Então são usados cálculos matemáticos que têm como base a percentagem do produto obtido em relação à matéria-prima, ou seja, o lucro que foi montado no período de construção pelos capitais e benfeitorias. A expressão de matemática financeira para esse cálculo é: Fc = 1 + [{((tr x Ca)) ⁄ ((tr x Ca))}] Eq. 80. Com. Ca =[(1 + i)n – 1] ⁄ [i x (1 + i)n] Eq. 81. Fc = 1 + {((tr x Ca)) ⁄ [1 – (tr x Ca)] } Eq. 82. Com, Ca = [(1 + i)n – 1] ⁄ [i x (1 + i)n] Eq. 83. Sendo: Fc = fator de comercialização Ca = coeficiente de atualização de uma série de pagamentos 105 FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III tr = taxa de renda líquida mensal para o imóvel i = taxa de juros mensais de mercado n = prazo em meses em execução da obra para reprodução das benfeitorias É indicada, segundo a norma, quando as benfeitorias, ou mesmo o terreno, tiverem representatividade no valor do imóvel de menos que 15% do total. É permitido utilizar apenas os dois itens descritos no quadro a seguir, sem se deixar influenciar pelo grau atingido na avaliação realizada. 106 UNIDADE IVOUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Estudaremos outros métodos de avaliação de bens: método de renda, método de custo, os métodos para identificar o valor econômico e indicadores de viabilidade econômica. Esses métodos serão apresentados de acordo às normas brasileiras. Ainda nessa unidade serão explanados os procedimentos para cada método e a viabilidade na avaliação dos bens, além de um estudo de caso mostrando o método comparativo direto de dados de mercado. CAPÍTULO 1 Método da renda Fundamentos do método da renda Esse método determina o valor de um bem, por meios da valia fixa dele, ou seja, encontra a renda gerada pelo imóvel que pode ser liquida real ou prevista. É importante determinar prazos da capitalização e das taxas eventuais de desconto. Gerando o chamado valor econômico do imóvel, então quaisquer empreendimentos imobiliários como empresas, espaços, vagas de garagens ou cultura podem ser avaliados por esse método, tendo em vista a viabilidade vigente. Também são avaliadas as seções do imóvel, para determinados bens, como por exemplo, uma jazida, ou reserva de óleo. Eles não são encontrados à venda no mercado, então, não são recriáveis. Contudo, nem por isso são elementos sem valor. O mercado, nesse tipo de situação, procura quem está disposto a pagar para obter ganhos por meio do possível rendimento do elemento citado, sendo de curto, médio ou longo prazo. No caso de avaliação nessas condições, o método renda encaixa-se 107 OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE IV perfeitamente. Pensando como o mercado de imóvel, o método prevê a renda que será gerada pelo imóvel, durante sua vida útil, dando forma à evidência de seu valor negociável. Para compreender a teoria, é necessário entender que a renda de um imóvel pode ser o próprio aluguel ou o valor gerado com a venda, em casos especiais: estradas, hospitais e etc. Observa-se a média do valor que será arrecadado no período de doze meses (o último período). O objetivo principal é identificar o valor de imóveis, cujas características são diferentes das demais, do tipo inusitado, também são aplicados em apartamentos e residências sem transações. Cabe então dizer que todo bem capaz de alcançar renda pode ser avaliado pelo método. Nesse caso, entram os equipamentos, máquinas, imóveis, hotéis e etc. Existem alguns fatores que devem ser avaliados no método de renda: » O fluxo de caixa futuro decorrente do ativo avaliado. » A duração de tal fluxo de caixa. » O risco do fluxo de caixa. Esses fatores são considerados os parâmetros fundamentais para avaliar o método de renda. O grande problema de empregar o método de renda é reconhecer o fluxo de caixa advindo do ativo analisado. Diversas proposições necessitam ser avaliadas para calcular adequadamente o fluxo de caixa. Dentre elas está: » Tamanho do mercado. » Segmento adequado do mercado. » Existe crescimento ou não da demanda pelo produto futuramente. » O grau de atuação da empresa no mercado e o valor do produto praticado. Determinando esses elementos é possível obter um fluxo de caixa coerente ao ativo. Após a determinação do fluxo de caixa é necessário subtrair os gastos relacionados à receita. Diversas são as dificuldades de empregar esse método, mas especialistas afirmam que o método de renda é o melhor para avaliação de bens intangíveis. 108 UNIDADE IV │ OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO O estudo de bens intangíveis está mudando consideravelmente nos dias atuais, pois há um interesse maior da propriedade intelectual das empresas. Os altos níveis de competição, aliado com crescimento da capacidade de produção, fazem com que as empresas precisem de marcas fortes para destaca- las no mercado que está a cada vez mais globalizado e acirrado. As marcas são responsáveis por distinguirem os produtos e serviços aparentemente semelhantes, e a habilidade competitiva não está em verificar se o produto é funcional para quem os consome, e sim qual o verdadeiro significado que o produto tem para eles. Essa distinção de produtos e/ou serviços promovidas pelas marcas transformam-se em vantagem econômica quantificável para os seus donos, pois promovem uma recompensa financeira aos seus investimentos. Assim, não há nenhum espanto que as avaliações de bens intangíveis venham atraindo atenção das empresas, pois as marcas são consideradas, entre os bens intangíveis, com poder monetário. Os bens intangíveis mais considerados são: patentes, marcas, nome comercial, direitos autorais e software. Além de know-how, slogans, embalagens, desenhos, métodos de fazer negócios e gráficos. A relevância desses bens é diferente de acordo com o setor que estão inseridas.É instigante perceber como empresários e/ou consultores direcionam a fala para a relevância do marketing para o êxito nos negócios e a sua importância dentro de uma empresa. 109 CAPÍTULO 2 Método do custo Empregado para obter o valor das benfeitorias no método evolutivo, ou ainda se o objetivo do trabalho de avaliação for de indicar o custo do imóvel. Alguns métodos são utilizados para encontrar o custo de reedição do imóvel, que nada mais é que o custo indispensável para renovar um bem, retirando a sua depreciação, de acordo com a condição em que se encontra: » Método da quantificação do custo: Utilizado para indicar o custo de reedição de benfeitorias. Esse custo pode ser encontrado pelo CUB (custo unitário Básico de construção) ou por orçamento detalhado. » Método comparativo direto de custo: Esse método deve levar em conta uma amostra representativa constituída por custos de projetos e obras similares. Método de quantificação de custo Orçamento detalhado O valor do custo de reedição será: C = CTB X BDI Eq. 84. Send: CTB = Custo total de benfeitoria BDI = Benefício e Despesas Indiretas Custo total da benfeitoria Para realizar o custo total de benfeitoria é necessário: » Minuciosa vistoria da benfeitoria. » Plantas bem explicadas do projeto. » Todas as especificações necessárias dos materiais e dos serviços. 110 UNIDADE IV │ OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Realizando os orçamentos e obtendo os unitários dos materiais e serviços necessários nas obras, constrói-se o orçamento detalhado. Esses orçamentos unitários são realizados no mercado de construção nas proximidades da região e em referências técnicas, tais como: “As series mensais de custos e índices publicados pelo SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), da TCPO - Tabelas de Composições de Preços para Orçamento (Editora PINI) e revistas especializadas, tais como A Construção publicada mensalmente e regionalizada, dentre outros. “ (SUP, 2017, p. 65) Benefícios e Despesas Indiretas (BDI) Segundo a ABNT/ NBR 14653-1 é o valor percentual que representa os benefícios e as despesas indiretas acrescidas ao custo direto da construção realizada. Tais que podemos exemplificar: gastos com a Administração local e central, gastos financeiros e tributários, e o benefício do construtor na formação do preço final da obra. Custo unitário básico C = Eq. 85. Sendo: C = custo unitário CUB = custo unitário básico OV = orçamento de valores OIe = orçamento de instalações especiais OFEs = orçamento de fundações especiais OFD = orçamento de fundações diretas A = área equivalente de construção TA = taxa de administração PR = percentual relativo aos custos financeiros Pc = percentual relativo ao lucro de quem está construindo 111 OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE IV Àrea equivalente de construção (A) Esta área corresponde a uma área estabelecida e aparente que, para o CUB, tenha equidade de valor com o real valor definido para área analisada. Essa área será encontrada da seguinte forma: ( )||.nA ACp ACpd Pc= + ∑ Eq. 86. A = área equivalente de construção ACp = área construída padrão ACpd = área construída de padrão diferente Pc = percentualque relaciona a razão entre o custo determinado da área de padrão diferente e a área padrão (SUP, 2017) Para encontrar o valor de um imóvel é necessário determinar: » Vinte e cinco por cento de áreas reais descobertas, como terraços e quintais. » Cinquenta por cento de áreas reais cobertas, como garagens e subsolo. Custo Unitário Básico (CUB) O custo unitário básico é valor gasto em material e o conjunto de trabalhadores por m2 de construção similar à construção que foi avaliada. Esses custos podem ser encontrados em “séries mensais de custos e índices do SINAPI ou dos Sindicatos da Indústria da Construção Civil - SINDUSCON.” (SUP, 2017) O uso das séries mensais requer informar corretamente o padrão de acabamento da edificação e o projeto que estará sendo avaliado. Padrões de acabamento De acordo com ABNT/NBR 12721(Avaliação de custos de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios edilícios), podem ser: » Alto. » Normal. » Baixo. 112 UNIDADE IV │ OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Ainda podendo utilizar um padrão menor e comum. Projetos-padrão O uso das séries mensais deve ser feito de acordo com as diversas edificações e suas características. A NBR/ABNT 12721 mostra quais são os principais projetos, como a residência unifamiliar e a residência popular. Orçamento para elevadores O orçamento para os gastos com elevadores devem ser realizados no mercado da construção civil e deve ser por volta de 8% do custo unitário básico. Orçamento para fundações especiais O orçamento realizado para fundações especiais, como edifícios com estrutura de concreto armado, devem ser na faixa de 7% do valor do custo unitário básico e avaliados no mercado da construção. Orçamento das instalações especiais No caso desse tipo de orçamento, o valor deve estar na faixa de 10% do CUB e, assim como os outros, devem ser realizados no mercado da construção. Taxa de administração A taxa de administração da obra, de acordo com os valores atualizados do mercado, juntamente com averiguação das responsáveis pela construção e da Caixa econômica Federal, define o valor em torno de 10 %. Percentual relativo ao lucro de quem está construindo O valor do percentual do relativo à construtora é definido pela Caixa econômica Federal como 15%. Percentual relativo aos custos financeiros É resultado do custo do capital da obra. Os financiamentos imobiliários têm juros anuais de 10% a 13% estipulados pela Caixa Econômica Federal. É importante entender que o capital não é investido no momento em que se inicia a construção. 113 OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE IV Este percentual ( Pr) pode ser obtido por: . . 12 2 j aT t CPR X= Eq. 87 Sendo Tj.a = Taxa de juros anual t.c = Tempo de construção Custo de reedição Para realizar o cálculo do custo de reedição utilizamos a seguinte fórmula: Cre = A x C x Fde Eq. 88. Sendo: Cre = Custo de reedição A = Área equivalente de construção m2 C = Custo de construção / reprodução por m2 Fde = Fator de depreciação Fator de depreciação (Fd) Para realizar o cálculo do fator depreciação é possível utilizar duas formas: » Analítica: por intermédio de orçamento indispensável para a recomposição do imóvel no estado de novo. » Através do coeficiente de depreciação: considera-se o estado de preservação e os anos de vida da construção. Na Engenharia de avaliações o método comumente aplicado é o de ROSSHEIDECKE. Esse método baseia-se nos anos de vida em percentual e nas diversas condições de preservação das estruturas do imóvel. Ip: idade em percentual de duração, que é corresponde à relação entre a idade aparente (Ia) e vida útil (Vu). O engenheiro de avaliações deve levar em consideração o real estado do imóvel, utilizando a sua idade aparente, e não a verdadeira. 114 UNIDADE IV │ OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Na Tabela 6 estão listados alguns fatores de depreciação e a categoria da sua conservação. Esse quadro é conhecido com critério de HEIDCKE e mostra os estados de conservação de um imóvel. Na Tabela 7 estão apresentadas algumas depreciações físicas conforme a idades e o estado de conservação. Considerado como “df”, a depreciação física em percentual, e acordo de ROSS-HEIDECKE, e pode ser obtido pela equação a seguir: ( )100 100 df Fde − = Eq. 89. Para encontrar o valor de depreciação (Vde) de preservação recente, multiplica-se o valor do estado novo (Vn) pelo fator de depreciação (Fde). Abaixo segue um passo a passo para encontrar o valor atual depreciado por intermédio do método de ROSS-HEIDECKE, baseado nas equações mostradas acima: 1o Passo - Idade em % de duração = 100Ia x Vu ; 2o Passo - Encontrar o valor da conservação (referência); 3o Passo - Encontrar a depreciação física no quadro 21 com os dois primeiros parâmetros encontrados anteriormente; 4o Passo - Encontrar o fator de depreciação: ( )100 100 df Fde − = ; e 5o Passo - Valor depreciado Vde = Vn X fde. 115 CAPÍTULO 3 Métodos para identificar o valor econômico e indicadores de viabilidade econômica Fundamentação Os trabalhos de avaliação utilizados com o objetivo de definir os indicadores de viabilidade econômica para um empreendimento são fundamentados no: “fluxo de caixa projetado, a partir do qual são determinados indicadores de decisão baseados no valor presente líquido, taxas internas de retorno, tempos de retorno, dentre outros.” (ABNT, p.8, 2001). São empregadas para definir valores econômicos ou os indicadores de shoppings, hotéis etc. Procedimentos gerais Documentação basilar Os documentos imprescindíveis para o trabalho de avaliação para determinar indicadores de viabilidade de um empreendimento, de acordo com a SUP (2017) deve ser: » Documentação da situação dominial. » Alvarás e licenças. » Projetos e especificações de engenharia e arquitetura. » Orçamentos de despesas pré- operacionais. » Orçamentos de investimento. » Cronogramas físico-financeiros. » Planos de desenvolvimento (expansões e ampliações previstas). » Pesquisas e estudos de mercado. » Fluxo operacional do empreendimento. 116 UNIDADE IV │ OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO » Balanços e balancetes analíticos. » Relatórios gerenciais de desempenho, incluindo as receitas e despesas. » Projeções de desempenho. » Análises anteriores de viabilidade técnica e econômica-financeira. Coleta de dados A coleta de dados deve ser conforme a NBR 14653-1, tais como orçamento de despesas pré-operacionais, orçamentos de investimento e taxas de juro de mercado. Metodologia A metodologia utilizada para se definir o valor depende da finalidade do trabalho de avaliação, o valor a ser identificado, as particularidades do empreendimento e do mercado no qual está inserido. A metodologia pode ser única ou concomitantemente. Mostrada no quadro abaixo: Quadro 7. Metodologia empregada de acordo com a necessidade da estimativa. Método Valor patrimonial Valor econômico Valor de desmonte Valor de mercado Comparativo Direto de Dados de Mercado Estimativa do valor do terreno, de alguns equipamentos e edificações, de semoventes, móveis e utensílios. Estimativa de taxas de juros, taxas de crescimento, receitas e despesas de referência. Estimativa do valor do terreno, de alguns equipamentos e edificações, de semoventes, móveis e utensílios. Estimativa direta do valor do empreendimento, em mercados específicos. Involutivo Estimativa do valor do terreno. Não aplicável. Estimativa do valor do terreno. Não aplicável. Evolutivo Estimativa do valor patrimonial do empreendimento. Não aplicável. Estimativa do valor das partes do empreendimento, com fator de comercialização adequado. Estimativa do valor do empreendimento, com fator de comercialização adequado. Renda Estimativa do valor de partes ou componentes do empreendimento, tais como: terrenos, jazidas, culturas, direitos (por exemplo, servidão). Estimativa do valordo empreendimento. Cálculo do valor presente da venda das diversas partes ou componentes do empreendimento; Estimativa do valor de partes ou componentes, tais como: terreno, jazida, direitos (por exemplo, servidão). Estimativa do valor do empreendimento em mercados onde as transações sejam efetuadas com base neste tipo de análise. Fonte: SUP (2017). 117 OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE IV Análise retrospectiva Após a coleta dos dados devem ser avaliadas as séries históricas do empreendimento com a finalidade de verificar as tendências dos elementos do trabalho de avaliação, tais como com demonstrações, de preferências por meio de tabelas e gráficos. Fluxo de caixa Determinados os dados para utilizar no fluxo de caixa, deve-se fazer uma simulação de acordo com o empreendimento real. A ABNT/NBR 14653-4 (Avaliação de bens – Parte 4: Empreendimentos) sugere a estrutura básica de contas para o fluxo de caixa: 1. Receita líquida 2. Custo direto 3. Resultado Bruto 4. Custo indireto 5. Resultado operacional 6. Resultado não operacional 7. Resultado antes de tributação 8. Deduções da base tributária 9. Lucro tributável 10. Impostos e contribuições 11. Resultado após a tributação 12. Investimento 13. Renda líquida Especificação das avaliações O trabalho de avaliações para determinar o valor e os indicadores de acordo com a fundamentação está de acordo com Tabela 4 da ABNT/ NBR 14.653-4. 118 CAPÍTULO 4 Estudo de caso Introdução O estudo de caso abordado foi selecionado do XVI COBREAP – CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS – IBAPE/AM – 2011 e tem como objeto de avaliação um avião. No Brasil, o conhecimento técnico é muito restrito para avalições aviárias e esse conhecimento é primordial em diversas operações, como indenização em sinistros e operações de garantia. Esses tipos de bens são avaliados com estatísticas ultrapassadas, parâmetros subjetivos ou catálogos de valor. O mercado para aviões seminovos é bastante aceitável e ativo, em que um encontra uma vasta quantidade de ofertas nos mercados fora do país. Essas ofertas não expressam realmente o valor de venda, porém é possível realizar, por meio de uma amostra representativa, um tratamento estatístico exato, que possa embasar tecnicamente o valor encontrado. Assim, consegue-se definir os efeitos marginais das variáveis relevantes orientadoras de valor e alcançar uma aproximação da avaliação efetuada, levando-se em conta os dados amostrais encontrados. O trabalho avaliado tem a finalidade de avaliar um avião de modelo particular por intermédio da análise de regressão, por regressão linear múltipla utilizando-se o método dos mínimos quadrados ordinários, além de abordar as variáveis basilares e constituintes de valor, a relação entre elas e definir o intervalo de confiança que possibilite mostrar a adaptação da amostra que foi usado. A classificação utilizada, no estudo analisado, foi a sugerida pela American Society of Appraisers, apesar de outras classificações também serem usadas. Os aviões podem ser: comerciais, corporativos, charters, experimentais, usos especiais, militares e clássicos. O avião é composto basicamente de elementos conforme a Figura 40: propulsor, asas, ailerons, flaps, estabilizador horizontal, estabilizador vertical, elevador, cabine, trens de poso ou rodas. A aviação é regida por regulamentos firmes e muitos documentos são necessários, e dentre estes, alguns devem permanecer no avião enquanto estiverem sendo utilizados. 119 OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE IV Esses documentos são: certificado de aeronavegabilidade, certificado de matrícula, diário de bordo, caderneta de célula, caderneta de motor, caderneta de hélice, ficha de inspeção anual de manutenção, ficha de peso e balanceamento, licença de estação de aeronave. Figura 40. Partes do avião. Estabilizador Vertical Controlar guinada con Estabilizador Vertical Mudar guinada Profundor Mudar atitude Flaps Aumentar sustentação e arrasto Airelon Mudar inclinação lateral Spoiler Mudar sustentação, arrasto e inclinação lateral Slats Aumentar sustentação Fuselagem Manter tudo junto, carregar as coisas e pessoas Cabine de comando Motor (turbinas) Gerar tração Asas Gerar sustentação Winglet Diminuir arrasto Estabilizador Horizontal Controlar atitude con Fonte: https://www.grc.nasa.gov/WWW/k-12/airplane/airplane.html e tradução: https://www.monolitonimbus.com.br/partes-da- aeronave/. Acessos em: 25/8/2019. O pleno funcionamento de um avião depende dos planos regulares de manutenção e que devem atender requisitos de acordo com as diferenças encontradas no tipo, tamanho, uso e capacidade do avião. Os mais relevantes são: » IAM – Inspeção Anual de Manutenção. » Inspeção de meia vida dos motores. » Overhaul, ou desmontagem do motor. Outras manutenções e inspeções são realizadas ainda no avião e são de caráter obrigatório, tais como as realizadas nos trens de pouso, fuselagem, hélices, fiação e outros. A regularidade e as espécies das manutenções dependem do fabricante e/ou dos regulamentos da Agência Nacional de Aviação Civil. Ainda é imprescindível que o avião possua um histórico, voltados para o seu valor e a para a aeronavegabilidade. Devendo constar mudanças, novas pinturas, acidentes ou estragos no avião. 120 UNIDADE IV │ OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Análise por regressão A técnica utilizada nessa avaliação foi a de regressão linear e para encontrar a os coeficientes de ajuste pra determinar a equação foi utilizado os métodos dos mínimos quadrados ordinários. O modelo ainda deve passar por alguns testes estatísticos, com o objetivo de comprovar se ele é adequado para representar o relacionamento das variáveis. Mercado Como já foi abordado, o mercado de aviões é considerado bem dinâmico quando seguimos para o fora do país, especialmente nos Estados Unidos. No Brasil, há ofertas relevantes, no entanto a diversificação dos modelos é bem limitada. Aqui no país, mesmo com diversas pesquisas, não houve sucesso na busca de aviões considerados de grande porte, como é o caso do Boeing, Airbus ou Gulfsream. Diferentemente do que acontece no mercado norte-americano, no qual é possível encontrar muitas ofertas para esses tipos de avião. Variáveis de formação de valor Diversos aspectos podem intervir no valor de um avião. Para alguns, são difíceis ou mesmo inviáveis, de mensurar quantitativamente os efeitos sobre o cálculo de um valor. Dentre os principais são: » ano; » horas de voo da fuselagem; » horas de voo do motor; » horas de voo da hélice (se aplicável); » hno da pintura; » aviônica (equipamentos eletrônicos existentes); » histórico de danos do avião; » estado de conservação; » quantidade de decolagens e de aterrisagens; 121 OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE IV » estado de conservação e acabamento interno; e » acessórios. Muito utilizadas na avaliação de aviões, algumas dessas variáveis são complexas de medir quantitativamente, o que acaba interferindo na objetividade da avaliação. É impossível mensurar quantitativamente o estado de conservação e acabamento da parte interior do avião, ou mesmo inserir uma adequação eficaz em variáveis com aviônica ou acessórios, mesmo que admitam medição. É relevante citar as variáveis que são facilmente mensuradas quantitativamente e são mais fáceis de serem encontradas e utilizadas nos trabalhos de avaliação. Citamos como exemplo o ano de fabricação, horas de voo da fuselagem (airframe) e horas de voo do motor. Avaliação Características O objeto da avaliação é um modelo CESSNA CITATION JET CJ2, também conhecido como (CESSNA 525a), que tem os seguintes dados: Quadro 8. Característica do CESSNA CITATION JET CJ2 Característica Valor Altura 4,27 metros Comprimento 14,53 metros Largura 15,19 metros Passageiros 7 (máximo) Tripulantes1 (mínimo) Motor 2 turbinas Williams Rolls FJ44-2C TBO Motores 4.000 horas Empuxo motor 2.490 libras Comprimento mínimo para decolagem 1.024 metros Altitude máxima 45.000 pés (13.716 m) Máxima velocidade de cruzeiro 774 km/h Alcance 2.987 km (1.856 milhas) Comprimento mínimo para aterrisagem 908 metros Peso vazio 3.470 kg Peso máximo na decolagem 5.670 kg Peso máximo na aterrisagem 5.228 kg Capacidade de combustível 1.796 kg Fonte: COBREAP (2011). 122 UNIDADE IV │ OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Figura 41. Cessna Citation CJ2. Fonte: COBREAP (2011). Para esse avião analisado, segue as variáveis utilizadas: Ano: 2002 Horas Vôo: 623,7 Horas Horas Motor: 623,7 Horas Pesquisa de mercado A tabela a seguir representa alguns valores encontrados durante a pesquisa de mercado. Esses dados foram obtidos por meio de análises do mercado internacional e foram estimados 35 valores. Tabela 8. Valores pesquisados. NUM Preço (US) Ano Horas voo fuselagem Horas voo motor No série Local 1 2.725.000,00 2001 1.370,00 1.370,00 525A-0054 Holanda 2 2.750.000,00 2002 3.205,00 3.205,00 525A-0103 EUA 3 2.795.000,00 2001 2.350,00 2.350,00 525A-0005 Itália 4 2.795.000,00 2002 2.420,00 2.420,00 525A-006 EUA 33 5.000.000 2008 465,00 465,00 525A-0317 Brasil Fonte: Adaptado de COBREAP (2011). Resultados Utilizando as três variáveis “ano”, “horas voo” e “horas motor”, obteve-se a seguinte equação: VALOR = -35,8265x108 + 4,7197x108 x Ln(ANO) + 84147 x Ln(HORAS VÔO) - 320398 x Ln(HORAS MOTOR) 123 OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE IV Então o modelo sugerido exibiu os seguintes resultados: » r= 0,8886, resultando em uma correlação bastante forte entre as variáveis dependente e independente; » r2 =0,7897, representa que o modelo esclarece 79% da variação do valor; » Teste estatístico F, demostrando um nível de significância menor que 1%; e » No teste bicaudal t Student, apresentou significância em torno de 5% para as variáveis “ano e horas motor”. E reprovada para a variável “horas voo”. Conclui- se que: Existem sinais de multicolinearidade, pois uma variável avaliada como não significativa, o coeficiente de determinação encontrado foi alto e o teste F indicou um modelo significativo a nível de 6,0x 108 %. » Os fatores de Inflação de Variância: FIVANO = 1,956 FIV HORAS VÔO = 5,318 FIV HORAS MOTOR = 4,668 Em princípio, a multicolinearidade não é severa, pois os valores dos fatores são menores que 10. Logo, optou-se por entender a relação entre as variáveis “horas de voo” e “horas de motor”, com objetivo de analisar minuciosamente a relação entre elas. Esta interação foi apresentada no gráfico abaixo, mostrando uma linearidade das variáveis em questão. Figura 42. Gráfico mostrando a relação horas de motor e horas voo. 0 500 1000 1500 2000 2.500 3000 4000 500 0 500 1000 1500 2000 2.500 3000 3500 Horas de voo H or as d e M ot or Relação Horas voo X Horas Motor Fonte: Adaptado de COBREAP (2011). 124 UNIDADE IV │ OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Analisando o gráfico, é viável descartar uma das variáveis e manter as informações relevantes. Seria tendencioso descartar a variável “horas de voo”, pois teve o maior FIV e não foi relevante ao nível de 5% no teste t student. Porém, no setor de manutenção, existe uma observação importante: a cada 4.000 horas de uso, o motor sofrer à manutenção overhaul. Essa manutenção concede ao motor um estado de novo perante o mercado. Assim, esta variável seria restrita a essa quantidade de horas e caso ultrapasse, não seria relevante para o cálculo do valor e isso não seria satisfatório para a finalidade. Logo, torna-se mais viável utilizar a variável “horas de voo” e rejeitar “horas de motor”, optando pelo modelo: VALOR = -36,2964x108 + 4,7811x108 x Ln(ANO) - 190102 x Ln(HORAS VÔO) Então o modelo sugerido exibiu os seguintes resultados: » r= 0,8763, resultando em uma correlação bastante forte entre as variáveis dependente e independente; » r2 =0,7679, representa que o modelo esclarece que 77% da variação do valor; » Teste estatístico F, demostrando um nível de significância menor que 1%; » No teste bicaudal t de Student, apresentou significância em torno de 5% para as variáveis: ano e horas motor. E reprovada para a variável: horas voo. Com o teste de análise de resíduos, foi definido que existe normalidade, variância constante do erro (homocedasticidade) e não são auto-regressivos. » Fatores de Inflação de Variância: FIVANO = 1,944 FIVHORAS VÔO = 1,944 Concluindo-se que não há multicolinearidade. Levando em conta as variáveis do objeto avaliado, encontramos: VALOR = U$ 3.676.776,10 Com um nível de confiança de 80%, o intervalo de confiança é de:IC80% = U$ 227.891,08 125 OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE IV Esse intervalo de confiança informa o grau de precisão do modelo empregado, de acordo com a expressão abaixo: 80%2 2 227.891,08 12,40% 3.676.776,10 xIc x Valor = = O resultado 12,40% representa um grau de dispersão da amostra em torno da média. o. Assim, confrontando o modelo com três variáveis e com duas, é possível fazer algumas observações: » Há uma melhora pouco significante na correlação com o acréscimo de uma variável, confirmando que o acréscimo de mais uma variável não agrega informações para o modelo e mostra indícios de multicolinearidade. » Analisando o teste F para ambos os modelos, percebe-se uma melhora no modelo de duas variáveis, pois no modelo construído com três variáveis, a significância foi de 6,0x10-8%, enquanto que o de duas variáveis apresentou uma significância de 3,1x10-8%. Porém, analisa-se que essa melhora foi pequena. » A qualidade de ajuste para os modelos de duas e três variáveis é bastante semelhante como mostram os gráficos: Figura 43. Gráfico mostrando o modelo com 3 variáveis. 6e+006 5,5e+00 6 5e+006 4,5e+00 6 4e+006 3,5e+00 6 3e+006 2,5e+00 6 5 10 15 20 25 30 35 Ajustado Efetivo Fonte: Adaptado de COBREAP (2011). 126 UNIDADE IV │ OUTROS FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Figura 44. Gráfico mostrando o modelo com 2 variáveis. 6e+006 5,5e+00 6 5e+006 4,5e+00 6 4e+006 3,5e+00 63e+006 2,5e+00 6 5 10 15 20 25 30 35 Fonte: Adaptado de COBREAP (2011). 127 Referências ABUNAHMAN, Sérgio A. Curso básico de Engenharia Legal e de Avaliações. 4. ed. São Paulo: PINI, 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14653-1: avaliação de bens – parte 1: procedimentos gerais. Rio de Janeiro, 2001. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14653-2: avaliação de bens – parte 2: imóveis urbanos. Rio de Janeiro, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14653-3: avaliação de bens – parte 3: imóveis rurais. Rio de Janeiro, 2004. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14653-4: avaliação de bens – parte 4: empreendimentos. Rio de Janeiro, 2002. Comissão de Avaliação Imobiliária do Estado do Espírito Santo – CAI. Manual de avaliações de bens imóveis do estado do espírito santo. 1. ed. Espírito Santo: Abril, 2011. Comissão Técnica Nacional de Investimentos Imobiliários. Guia de Melhores Práticas em Avaliação Imobiliária. 1. ed. São Paulo: ABRAP, 2016. CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS - XVII COBREAP. PRINCÍPIOS DA AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS - IBAPE/SC – 2013. Disponível em: <http://www.cobreap.com.br/2013/trabalhos-aprovados/2905.pdf>. Acesso em: 14/1/2019. CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS – XVI COBREAP. TRABALHO DE AVALIAÇÃO-IBAPE/AM – 2011. Disponível em: <https://www.ibapemg.com.br/arquivos/download/81_arquivo.pdf.>. Acesso em: 2 de setembro de 2019. CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DO PARANÁ. Confea- PR. Manual de Fiscalização de Engenharia de Avaliações. Curitiba, 2013. DANTAS, Rubens Alves. Engenharia de Avaliações. 2. ed. São Paulo: PINI, 2005. FIKER, José. Manual de avaliações e perícias em imóveis urbanos.4. ed. São Paulo: PINI, 2016. 128 REFERÊNCIAS MINISTÉRIO DA DEFESA – Exército Brasileiro. Departamento de engenharia e construção diretoria de patrimônio imobiliário e meio ambiente. Caderno de orientação Avaliação de imóveis da união: Teoria e prática. 1. ed., 2017. MORCELLI, Aier Tadeu Gabriel. Construção de regressão para estimar o valor dos lotes urbanos do setor 11 de Santa Maria- RS. Santa Maria: UFSM. Dissertação de mestrado em Engenharia de Produção. 2006. MORETTIN, Pedro Alberto; BUSSAB, Wilton O. Estatística Básica. 6. Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. NASSER JR., Radegaz. Avaliação de bens: princípios básicos e aplicações. 2 ed. l. São Paulo: Liv e Ed Universitária de Direito, 2013. NUNES, David Brandão. Proposição de um modelo de regressão linear para avaliação do valor de mercado de apartamentos residenciais. Fortaleza: UFC. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, 2016. SECRETARIA DE EXECUTIVA DE ADMINISTRAÇÃO (SEMAD). Caderno de orientações: Avaliação de imóveis Urbanos. Versão 1.00. Governo do Estado de Pernambuco: Recife, 2012. SECRETARIA DO PATRIMÔNIO DA UNIÃO - SPU. Manual de avaliação de imóveis do patrimônio da União. Maio, 2017. Disponível em: <http:// www.planejamento.gov.br/publicacoes/publicacoes-sobre-patrimonio-da-uniao/ ManualConsolidadofinal.pdf>. Acesso em: 17/1/2019. SILVA, Adriano de Paula; STARLING, Cícero Murta Diniz. Situação atual e perspectivas para o ensino de engenharia de avaliações e perícias no Brasil. Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias- XII COBREAP. Belo Horizonte /MG:2003. Disponível em: <http://www.mrcl.com.br/xiicobreap/ pe22.pdf>. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Referência de figuras Figura 1: MDworks: Projetos comerciais: http://mdworks.com.br/avaliacoes-e- pericias/. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 2: Empresa Quantech: http://quantech.com.br/avaliacao-de-bens/. Acesso em: 2 de setembro de 2019. 129 REFERÊNCIAS Figura 3: Portal da administração: http://www.portal-administracao.com/2014/04/ branding-design-estrategico-de-marcas.html. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 6 e 7: http://licita.seplag.ce.gov.br/pub/186352%5C186352_201342511317_ ANEXO%20I%20-A%20DO%20TR%20Laudo%20Simplificado.pdf. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 8: http://2.bp.blogspot.com/_FK5QjE4gwZc/TOKvqyx2CnI/AAAAAAAAJYI/ ntv7LoVTvFA/s1600/terra.jpg. Acesso e: 2 de setembro de 2019. Figura 9: https://creajrpr.wordpress.com/2017/09/12/crea-pr-realiza-workshop- sobre-avaliacoes-e-pericias-de-engenharia-no-dia-20-de-setembro/. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 11: https://www.cursosgis.com/como-hacer-cartogramas-con-qgis/. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 16: https://www.netquest.com/blog/br/blog/br/amostragem-probabilistica- amostra-estratificada. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 17: Conêxito consultoria: http://comexito.com.br/7ferramentas/curso_sete_ ferramentas_04.pdf. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 18: https://document.onl/documents/aula-05-estatstica-inferencial-aplicada- a-inferencial-aplicada-a-avaliaes-2-3.html. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 19: https://document.onl/documents/aula-05-estatstica-inferencial-aplicada- a-inferencial-aplicada-a-avaliaes-2-3.html. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 20: https://document.onl/documents/aula-05-estatstica-inferencial-aplicada- a-inferencial-aplicada-a-avaliaes-2-3.html. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 21: https://document.onl/documents/aula-05-estatstica-inferencial-aplicada- a-inferencial-aplicada-a-avaliaes-2-3.html. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 22: http://www.abgconsultoria.com.br/blog/coeficientes-de-correlacao. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 23: http://www.portalaction.com.br/validacao-de-metodologia-analitica/1111- tecnicas-estatisticas-sugeridas. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 24: Estatística Básica p. 45: https://docplayer.com.br/14603942-Estatistica- basica-e-aplicada.html. Acesso em: 2 de setembro de 2019. 130 REFERÊNCIAS Figura 25: IBAPE, 2017: http://ibape-nacional.com.br/biblioteca/wp-content/ uploads/2017/09/Tratamento-por-Fatores-x-Regress%C3%A3o-Linear.pdf. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 26: IBAPE, 2017: http://ibape-nacional.com.br/biblioteca/wp-content/ uploads/2017/09/Tratamento-por-Fatores-x-Regress%C3%A3o-Linear.pdf. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 27: Fonte: http://www.morenaimoveis.com.br/materia/46-a-importancia-da- localizacao-de-um-imovel-na-hora-de-investir. Acesso em: 25/8/2019. Figura 28: https://rankim.com.br/blog/captacao-de-imoveis-a-importancia-da- avaliacao-de-imoveis/. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 29: https://www.rlmad.net/arquivoblog/art-diversos/as-elites-e-a-curva-de- gauss/. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 37: https://meninadeatitude.com.br/decoracao/modelos-de-plantas-de-casas- pequenas/attachment/planta-baixa-casa-modelo3/. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 39: http://www.jarduin.com.br/conjuntos-residenciais-jarduin-le-mont-cotia. html. Acesso em: 2 de setembro de 2019. Figura 40: https://www.grc.nasa.gov/WWW/k-12/airplane/airplane.html e tradução: https://www.monolitonimbus.com.br/partes-da-aeronave/. Acesso em: 2 de setembro de 2019. _Hlk181042 _Hlk181081 _Hlk181246 _Hlk182364 _Hlk185248 _Hlk185637 _Hlk3295342 _Hlk185718 _Hlk3295349 _Hlk3295356 _Hlk3295361 _Hlk185732 _Hlk185882 _Hlk186003 _Hlk3295376 _Hlk3295388