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Relatório de obs Psicologia comunitária 2102_AJUSTES

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Relatório de Observação
Aluna: _____________________________ - RA ________________________
Data: 21/02/2020	
Horário de início: 11h30min. Horário de término: 12h30min.
Local e endereço: Núcleo de convivência para adultos em situação de rua, localizado na Rua Promotor Gabriel Netuzzi Perez, 81 - Santo Amaro – São Paulo – SP. 
O Núcleo de convivência para adultos em situação de rua está integrado ao Centro PoP de Santo Amaro, o qual oferece atendimento especializado para pessoas adultas que moram e/ou sobrevivem nas ruas, assegurando assistência por meio de atividades de desenvolvimento, reinclusão social, reinserção familiar e dinâmicas pautadas na ressocialização dos indivíduos assistidos. 
O local fica situado num sobrado estilo residencial com sua fachada pintada de um azul escuro o qual possibilita evidenciar as 2 placas de identificação de fundo branco, sendo uma do Centro Pop e outra do Núcleo de convivência para adultos em situação de rua. Os portões são de ferro pintados da cor branca e todos são fechados com cadeados constantemente. Este espaço está localizado numa região central do bairro de Santo Amaro, onde existem diversos comércios, hospitais, bancos e muitos moradores de rua e pessoas em situação de alta vulnerabilidade, exclusão e privação de direitos. O Núcleo de convivência tem capacidade máxima para atender 50 pessoas por dia e conta atualmente com 35 vagas fixas e 15 vagas voláteis, as quais são destinadas para encaminhamentos realizados pelo Centro POP, outros órgãos estatais e/ou vinculados, CRAS, CREAS ou procura espontânea pelo próprio indivíduo. Entendemos também que alguns conviventes chegam ao local, quando são abordados na rua pelos agentes do Serviço especializado em abordagem social (SEAS).
Ao chegarmos ao local, fomos em 3 alunas, nos apresentamos para a orientadora J., que nos encaminhou para dentro do estabelecimento o qual tinha um espaço aberto, como uma entrada/garagem e colocou 3 cadeiras de plástico para nos sentarmos e para atender as nossas dúvidas sobre o trabalho realizado aos convivente do núcleo. Durante esse momento, observamos que era um horário de bastante movimento, pois se aproximava do horário do almoço. Portanto, a clientela do local - homens e mulheres - chegavam e batiam no portão constantemente para entrarem e pegarem as respectivas senhas para almoçarem. 
	Começamos a questionar J. sobre como o trabalho era realizado e ela nos falou sobre a composição da equipe que contava com: 4 assistentes sociais, coordenadora, gerente, 3 auxiliares de cozinha, 2 seguranças e alguns orientadores (não falou a quantidade de funcionários nessa função). Há também prestação de serviços voluntários realizados uma vez por semana, por meio de atividades colaborativas de musicoterapia e artes plásticas (trabalhos com argila), no período da tarde em dias distintos, por um músico e uma artista plástica. 
Em seguida J. nos conta que o mecanismo usado pelos funcionários para manter o respeito e ordem no espaço é pautada na colaboração coletiva, baseada no respeito e regras estabelecidas no núcleo, onde cada convivente tem direito a: um banho por dia - sendo o mesmo controlado pelos orientadores a serem realizados somente no período da manhã, um café da manhã, um almoço e um café da tarde. Este espaço funciona todos os dias (incluindo os finais de semana e feriado), das 8:00 às 20:00 e são realizadas atividades como: dinâmica em grupo, debates de temas específicos sobre direitos, discussão sobre documentários assistidos, aulas de artes e música. Porém, aos finais de semana a equipe é reduzida e o trabalho se restringe somente a equipe de segurança e a equipe de cozinha, fazendo com que os conviventes tenham liberdade para realizar atividades livres como jogos de baralho e dominó, roda de conversas, assistir TV e descansar. O público atendido neste local normalmente dorme em albergues da região ou possuem barracas que são montadas a noite pelas ruas e/ou pontes e viadutos na região. 
Durante a nossa visita, foi possível observar o comportamento dos conviventes, sendo a maioria composta por homens, entre 18 e 40 anos de idade e que estavam, em grande número feridos e inchados. Eles brincavam muito entre si e também interagiam com os funcionários mostrando-se sempre educados, pois diziam “por favor’’, “obrigada’’ e, ao passar por nós sempre nos cumprimentava dizendo “Boa tarde”. Notamos também que eles falavam muitas gírias como por exemplo; “bagulho’’, “meu”, “tá ligado’’. 
A orientadora J. encerra a conversa conosco pois precisava almoçar, e convida um outro funcionário para auxiliar-nos na visita. Ele então, nos leva para dentro do núcleo para conversarmos com a coordenadora do núcleo que havia terminado uma reunião de equipe. Porém, ao chegarmos em sua sala, que ficava no andar de cima, A. mostrou-se muito atarefada e envolvida com suas atividades e, após explicarmos o motivo de nossa visita, ela nos pede para voltarmos num outro dia pois estava entrando de férias e não poderia nos dar atenção necessária em virtude da grande demanda daquele dia. Com isto, agradecemos a atenção e pegamos o e-mail do Núcleo para agendarmos uma visita em outra data mais oportuna. 
Mesmo, não tivemos acesso total ao espaço, ao adentramos o estabelecimento notamos que havia uma sala que parecia ser multiuso, ou seja, destinava-se a atividades diversas, era a sala de TV e de refeições, sendo este ambiente bem simples.
Desta forma, ficamos entusiasmadas com a possibilidade de visitarmos o local pela segunda vez com o auxílio da coordenadora e/ou de uma assistente social, para nos aprofundarmos na compreensão desse serviço público, especialmente o desenvolvido pelo Centro Pop e enriquecermos o nosso material de pesquisa buscando entender a atuação do psicólogo no serviço de atendimento no âmbito social.
Atualmente, o público fixo atendido neste local é predominantemente do sexo masculino com idade entre 18 e 40 anos e convivem também 2 mulheres e 2 trans apenas. E, cada convivente possui um PIA – Plano Individual de Atendimento, contendo o seu cadastro e suas respectivas metas a serem atingidas. Porém, apesar do objetivo deste serviço ser o fortalecimento de vínculos familiares, inclusão social e autonomia do sujeito, a população atendida tem grande dificuldades de reinserção na sociedade, pois são indivíduos que não gostam e/ou não conseguem cumprir regras. Além disto, todos os conviventes possuem passagem pela polícia e fazem uso de drogas lícitas e/ou ilícitas. A orientadora J. no contou inclusive alguns casos de violência e desentendimento entre os conviventes bastante graves. 
Salientamos que, infelizmente, neste local não existe um acompanhamento constante do serviço de psicólogos, o qual poderia contribuir para o sucesso de um trabalho como este.

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