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Comportamento de Cães - Apostila 5

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Pets
Andréa de Paula
Comportamento e
adestramento de cães
C A P Í T U L O
5
Problemas de comportamento
5.1 De onde surgem os problemas de comportamento?
Todo comportamento que um animal apresenta é um comportamento natural 
instintivo, porém em condições não favoráveis para que este animal expresse 
seus comportamentos naturais e suas necessidades básicas fisiológicas, físicas e 
mentais, esses comportamentos podem se tornar um problema. A maioria das 
pessoas compram ou adotam um animal de estimação por impulso, sem conhe-
cer o comportamento da espécie, para que a raça foi desenvolvida, humaniza e 
trata o animal como uma criança, e ainda quer que este se mantenha limpo, em 
silencio, e que aprenda tudo por “telepatia”. Porém um animal não é uma criança, 
e não está preparado para se tornar uma, assim, acaba sendo recompensado sem 
querer pelo seu “mau” comportamento.
Os próprios problemas de comportamento de um cão dizem muito sobre as ne-
cessidades do cão. Deve-se observar com cuidado para entender seu verdadeiro 
motivo. 
Comportamento e adestramento de cães
Andréa de Paula
30 IEPEC
Muitos comportamentos indesejáveis refletem reais necessidades da espécie e 
devem ser respeitados. No entanto, outros problemas precisam ser eliminados, 
independente de serem naturais ou não. Às vezes algum comportamento lhe 
incomoda, mas é natural para o cão. Assim avalie com cuidado suas restrições.
A maioria dos comportamentos possui uma finalidade. Às vezes ela é obvia, 
outras não. Quanto melhor sua percepção, maiores as chances de recuperação 
do animal.
Muitos problemas podem ser resolvidos simplesmente através de atividades que 
substituam o comportamento indesejado e que suprem as mesmas necessidades 
que geram o problema.
Embora a herança genética dos animais seja o fator mais importante para de-
terminar o seu comportamento, observamos que, no caso de animais que rece-
bem um exagerado tratamento humanizado desde a fase de filhote, com pouco 
contato com outros de sua espécie, o ambiente passa a determinar seu modo 
de reagir. Esses cães sofrem com essa perda de identidade, pois não se julgam 
cães para conviver com os de sua espécie e não podem participar de todas as 
atividades da vida de seu dono, afinal, eles não são “humanos”. A causa do 
problema é idealizar a relação e projetar no animal um comportamento que não 
é de sua natureza.
As mesmas contingências da vida contemporânea que levam as pessoas a buscar 
uma proximidade maior com os animais também agravam os problemas da con-
vivência. A rotina de hoje faz com que muitos donos não consigam lhes devotar 
o devido tempo e atenção. Em casos extremos, os cães se tornam agressivos 
ou depressivos. Os mais angustiados pela ausência do dono partem até para a 
automutilação. 
Capítulo 5
Problemas de comportamento
31O portal do agroconhecimento
À medida que os animais crescem e se desenvolvem, os comportamentos inatos 
e específicos começam a surgir e a serem afetados pela experiência (positiva, 
negativa ou ausente). Os problemas comportamentais que surgem à medida em 
que os cães crescem e se tornam adultos podem ser comportamentos normais 
que os proprietários não conseguem controlar ou aceitar em razão de expecta-
tivas inapropriadas, seu estilo de vida ou o ambiente do animal, podem surgir 
como resultado de aprendizado ou condicionamento, ou podem ser causados por 
situações de estresses, conflitos ou causadoras de frustação. Problemas compor-
tamentais que surgem em animais adultos não causados por problemas médicos 
em geral se relacionam com alterações no ambiente do animal que levam à 
ansiedade, conflito, frustação e novas consequências.
Alguns exemplos de comportamentos normais, porém inaceitáveis, podem in-
cluir proteção de objetos e alimentos, agressão protetora em direção a visitantes 
no ambiente domestico, escavação, mastigação e agressão intra-específica. Os 
comportamentos anormais são os considerados disfuncionais. Estes podem se 
associar com ansiedade extrema, estar fora de contexto ou inapropriados com 
relação aos estímulos ou podem ser excessivos, desinibidos ou impulsivos. Esses 
tipos de problemas podem ser causados por fatores herdados, efeito dos fatores 
endógenos e exógenos. Distúrbios compulsivos, medo excessivo, pânico e fobias, 
agressão oriunda de descontrole ou perda de inibição e déficits de aprendizado 
associados com hiperatividade podem todos cair na categoria de comportamen-
tos anormais.
5.2 Filhotes
A influencia do ambiente no comportamento pode, na verdade, entrar em ação 
mesmo antes do nascimento. Com base em estudos com roedores, tem-se des-
coberto que, se um animal prenhe é sujeito a estímulos que mantém um estado 
Comportamento e adestramento de cães
Andréa de Paula
32 IEPEC
de medo constante, seus descendentes serão mais reativos ou emotivos. A redu-
ção no aprendizado dos descendentes também tem sido associadas a distúrbios 
durante o ultimo período de prenhez.
Estudos também mostram que pode haver relação entre a posição fetal e o com-
portamento do animal adulto, onde a exposição do feto à testosterona privilegia o 
sistema nervoso central, de forma que comportamentos masculinos como levan-
tamento da pata, começam a surgir com a maturação, independentemente dos 
níveis de testosterona, no início do comportamento. Também se tem descrito que 
a agressividade por dominância é mais provável de ser observadas em fêmeas 
nascidas de ninhadas predominantemente masculinas e que fêmeas expostas 
à testosterona intra-uterinamente obtiveram mais sucesso quando competiram 
por um osso com fêmeas provenientes de uma ninhada predominantemente 
feminina.
A fase de filhote a fase de vida mais importante e mais critica do cão. Nos 5 
períodos de desenvolvimento do cão, o período de socialização primaria (3ª – 12ª 
semana de vida) é muito importante no desenvolvimento comportamental. Este 
é o processo no qual o cão aprende o comportamento social apropriado ao meio 
social em que vive. Através de interações com os seres vivos o filhote aprende 
as habilidades necessárias para um convívio social adequado. É também cha-
mado de “período crítico”, pois há uma grande facilidade do animal estabelecer 
relações sociais. Evidencias mostram que animais bem socializados tem mais 
chances de se manterem com seus proprietários depois de 1 ano de idade, nesta 
idade é comum os cães serem abandonados ou mortos por apresentarem pro-
blemas de comportamento que poderiam ser evitados com um boa socialização.
O aprendizado social passa por estágios de socialização, desenvolvimentos de 
relações de dominador e subordinado, maturação comportamental e interações 
de grupo. A hierarquia social se estabelece por volta das 15 semanas de vida e 
Capítulo 5
Problemas de comportamento
33O portal do agroconhecimento
permanece por vários anos com algumas oscilações dependendo da raça ou ciclo 
reprodutivo. Assim, qualquer ação que se vise modificar a hierarquia social, deve 
ser feita antes das 15 semanas de vida. 
Cada posição hierárquica e cada atitude têm significado para todos os cães. Essa 
comunicação é importante, de maneira que se o filhote for separado da mãe e 
dos irmãos antes das sete semanas de vidas, está comunicação não se tornará 
natural, criando problemas para o convívio social.
Para o cão a família humana se torna sua matilha, nela ele tentará descobrir qual 
sua posição hierárquica. Sem a consciência de que somos diferentes, entramos 
em uma disputa por liderança com os cães e acabamos ficando nervosos ou 
frustrados com suas reações. Para evitar essa antropomorfização, precisamos 
entender o desenvolvimento comportamental canino.
5.2.1 Períodos do Desenvolvimento Canino
Determinados eventos importantes para o desenvolvimento comportamental 
têm que acontecer em períodos específicos, ou a oportunidade de aprendizado 
será perdida ou muito prejudicada. Um desses períodos estabelece facilmentenovas relações sociais.
O desenvolvimento do comportamento social dos cães pode ser dividido em 
4 períodos: 1- Neonatal (comportamentos restritos); 2- Período de transição 
(quando olhos e ouvidos se abrem e possuem capacidade maior de locomoção); 
3- Período de socialização primária (capaz de procurar interação social não ma-
terna); 4-Período Juvenil (comportamentos adquiridos na socialização primaria 
precisam ser reforçados
Comportamento e adestramento de cães
Andréa de Paula
34 IEPEC
Cães que na fase de socialização não tiveram contato com outros cães ou pessoas 
tendem a ficar com comportamentos sociais inadequados, agredindo-os ou os 
evitando. O mesmo ocorre com cães que não foram expostos a locais diferentes. 
O aprendizado estável se dá por volta das 8 semanas de idade, sendo que episó-
dios traumáticos podem levar uma perda na socialização do filhote.
A manipulação precoce por seres humanos não é só benéfica para a melhora 
das relações sociais entre ambos como também leva a um acelerado desenvol-
vimento físico e do sistema nervoso central. Filhotes que são pegos e levemente 
tocados todos os dias nas primeiras semanas de vida, abrem seus olhos mais 
cedo, começam a explorar mais cedo e tem menos medo de seres humanos.
A oferta de conselhos comportamentais oportunos a novos proprietários de fi-
lhotes pode ajudar a prevenir comportamentos indesejáveis, assimcomo ajuda 
a corrigir problemas inexistentes antes dos animais se tornarem resistentes a 
mudanças.
Ao contrário de que muitos pensam, um filhotinho recém chegado em nossa 
casa está sim apto a receber treinamento. Ele está apto a um aprendizado cons-
tante e é a melhor fase para se iniciar o treinamento, pois o animal ainda não 
desenvolveu “vícios e manias” onde podemos fazer um treino preventivo contra 
problemas de comportamento e não de correção desses, e ainda é a fase onde 
podemos moldar com maior facilidade os comandos e obter a obediência básica 
de uma forma divertida e sem traumas.
5.2.2 Principais reclamações
Os principais problemas de comportamento do filhote são bem simples e rápidas, 
pois são coisas passageiras como o choro nas primeiras noites por causa da 
Capítulo 5
Problemas de comportamento
35O portal do agroconhecimento
separação da mãe e dos irmãos e ainda por estar em um ambiente totalmente 
desconhecido e sozinho. O ideal é não deixar o animal tão sozinho nessas pri-
meiras noites e ir separando na hora de dormir aos poucos. Se possível, colocar 
um pano ou pelúcia com o cheiro da mãe e dos irmãos, algo que ele possa se 
aquecer e ainda um som para não se sentir tão sozinho podendo em alguns casos 
até ter algum trauma por conta disso.
As mordidas e destruições são devido ao nascimento e troca dos dentes e vai até 
cerca dos 7 meses de vida, essa troca de dentes incomoda bastante o animal por 
causa da dor e coceira na gengiva, e dessa forma o cãozinho precisa se aliviar. Se 
o animal não tem opções para roer, este vai procurar objetos dos donos ou ainda 
o próprio dono para morder.
O ideal é que este filhote tenha pelo menos 1 brinquedo de cada textura, tama-
nho, forma e material diferente, e ainda que o dono estimule esse filhote a pegar 
o brinquedo e não outros objetos e dar muita atenção quando o filhote estiver 
com os brinquedos na boca.
 O principal é aprender a fazer as necessidades fisiológicas no local correto.O 
cachorrinho não tem controle do esfíncter, assim não consegue segurar o xixi e 
o cocô por muito tempo, assim o dono quando for ensinar, deve levar o animal 
várias vezes durante o dia até o banheirinho, e quando estiver sem supervisão, 
confinar o animal ou deixar vários banheiros pela casa.
O local e o tipo do banheiro são fundamentais para que o cão aprenda mais 
rápido e fácil, este deve estar localizado longe da água, comida e cama, e ainda 
longe da visão do cão de passagem de pessoas, pois assim ele irá deitar no 
banheiro. É interessante o proprietário retirar todos os tapetes da casa até que o 
cão aprenda a superfície correta do banheirinho para que não confunda o animal 
e nem gere frustração ao dono.
Comportamento e adestramento de cães
Andréa de Paula
36 IEPEC
Importante também é não dar bronca no cão quando ele fizer errado e dar o 
mínimo de atenção possível, o filhote que leva bronca por necessidades do local 
errado pode se tornar medroso, vir a fazer escondido ou comer o cocô por medo, 
pois aprende que não pode fazer na frente das pessoas e não que alí não é certo. 
O ideal é recompensar o animal toda vez que fizer no banheiro dele, assim, logo 
ele irá fazer sempre alí para ganhar a recompensa.
5.3 Problemas alimentares
A maioria dos proprietários acham que seus cães estão morrendo de fome por 
sempre estarem querendo comida. Assim a obesidade nos animais é um proble-
ma cada vez mais freqüente e que causam conseqüências serias.
É compreensível que o animal obeso apresente diversos problemas de saúde. Os 
mais comuns são os problemas ósseos e cardíacos, sendo que uma das regiões 
mais afetadas é a coluna vertebral que fica sobrecarregada com o excesso de 
peso. Problemas nas articulações também são comuns e se a obesidade ocorrer 
no filhote, principalmente os de raças grandes, pode causar displasia coxofemural, 
entre outros problemas como hérnias e prejudicar o desenvolvimento do filhote. 
Além disso os cães obesos têm mais dificuldade para andar, tornam-se mais 
sonolentos, perdem o fôlego mais facilmente e podem desenvolver diabetes.
O mais difícil é convencer os donos de que a situação é séria e requer tratamento. 
Em muitos casos, o animal corre risco de vida. Estes são os principais culpados 
pelo excesso de peso e maus hábitos alimentares de seu animal. Muitos des-
conhecem que a ração atende às necessidades nutricionais e exageram nos 
petiscos e nos alimentos de gente, ou ainda tem dó porque o animal fica olhando 
ou ainda aprendeu a pedir, e acaba dando até alimentos que são perigosos para 
a saúde do animal, podendo ser tóxico e leva-lo a morte.
Capítulo 5
Problemas de comportamento
37O portal do agroconhecimento
Petiscos e refeições desbalanceadas estão entre os problemas mais apontados 
pelos veterinários como causa da obesidade, sobretudo a canina. Se for dar 
petiscos especialmente fabricados para cachorros, o ideal é de um a dois por dia, 
no máximo para cães de porte médio a grande. Ao contrário da embalagem das 
rações, a maioria dos petiscos não informam as calorias de cada unidade. Um 
biscoito médio em forma de ossinho, por exemplo, tem cerca de 90 calorias. Isso 
corresponde a quase um terço das necessidades diárias de um poodle médio.
Cada vez mais confinados, os animais acompanham o estilo de vida do dono. 
Mal saem de casa – se o fazem, é só no momento das necessidades – e passam 
praticamente o dia todo deitados ou dormindo. Quanto mais eles engordam, 
mais sedentários ficam, já que a dificuldade de se locomover aumenta. Entre os 
gatos, o sedentarismo é o principal fator de risco para a obesidade. Se o dono 
não tem tempo de passear com o animal, deve contratar alguém que o faça ao 
menos duas vezes ao dia. E não conta como passeio aquela andadinha breve até 
o poste mais próximo.
No caso dos cães, existem serviços que oferecem trilhas ecológicas e aulas de 
natação e esteira de uma a duas vezes por semana. Exercitar o gato doméstico 
é um pouco mais difícil – ele dorme em média dezesseis horas por dia. O dono 
deve criar situações que o estimulem a se deslocar, como espalhar bolinhas, 
arranhadores e novelos de lã pela casa. Para que ele se movimente em busca 
de comida, vale esconder a ração dentro de um rolo de papel toalha, em caixas 
de papelão suspensas ou embaixo do cesto de roupa.
Cães de algumas raças, como labrador, goldenretriever, collie, cockerspaniel, be-
agle e dachshund, têm predisposição a engordar. Há alterações nos hormônios 
que controlam a saciedade, como a leptina, produzida pelas células adiposas.Cães e gatos obesos têm resistência à substância. A maioria dos gatos obesos 
pertence às raças domésticas – especialmente aqueles que têm pelo curto. A 
Comportamento e adestramento de cães
Andréa de Paula
38 IEPEC
alimentação correta deve começar desde cedo. O filhote que come muito mais 
do que precisa acaba produzindo mais células adiposas, e isso é um facilitador 
da obesidade na fase adulta. 
Segundo um estudo feito pela purina, segue abaixo as tabelas de peso ideal para 
cães e gatos.
Capítulo 5
Problemas de comportamento
39O portal do agroconhecimento
Quando o animal esta no seu peso ideal é mais difícil ocorrer problemas alimen-
tares, principalmente não querer comer.
Os problemas comportamentais de origem alimentare mais comuns em cães são 
a coprofagia, PICA, apetite restrito e comer muito rápido.
5.3.1 Coprofagia
A coprofagia é um comportamento igestivo que compreende o consumo de fezes. 
Cães podem ingerir seletivamente sua fezes, fezes de outros cães, gatos, cavalos, 
coelhos, humanos, etc.
Embora cadelas adultas ingiram as fezes de seus filhotes, todas as outras for-
mas de coprofagia devem ser consideradas anormais. O problema tende a ser 
visto com mais frequência em filhotes, mas a maior parte deles posteriormente 
o supera. Cães podem se viciar em coprofagia como comportamento inócuo 
investigativo ou lúdico e os proprietários devem ter cuidado para não reforçar o 
comportamento, de maneira inadivertida, ao dar mais atenção aos cães quando 
comem fezes.
Animais que são subalimentados ou colocados em um dieta muito restrita podem 
apresentar um apetite voraz, o qual também podem incluir coprofagia. Animais 
que foram superalimentados e os que apresentam afecçõesgastrointestinais po-
dem apresentar quantidades mais altas de ingredientes eliminados nas fezes, 
que podem ficar mais palatáveis.
Se não for possível determinar a causa da coprofagia, as modificações ambientais 
são a melhor chance de sucesso terapêutico. Negar acesso as fezes constitui o 
primeiro passo. O quintal deve ser limpo constantemente de modo que não haja 
Comportamento e adestramento de cães
Andréa de Paula
40 IEPEC
fezes disponíveis ao animal. Para cães que comem a própria fezes o ideal é con-
dicionar o animal a após defecar, ir até o proprietário receber a recompensa longe 
das fezes, assim associando que a recompensa é melhor que comer as fezes.
5.3.2 PICA
A pica é um desejo ou apetite anormal por ingestão de substâncias não alimen-
tares. Embora animais jovens mastiguem uma ampla variedade de substancias, 
esses itens raramente são ingeridos. O comportamento pode ser aprendido, por 
disputa ou como forma de chamar atenção, podendo ser até compulsivo.
Existem muitas causas para esse problema, como genética, desmame precoce, 
estresse, mau funcionamento do controle neural do comportamento relacionado 
ao apetite, ansiedade de separação, compulsão.
Pode-se corrigir o problema mantendo os objetos ingeridos longe do animal, pro-
porcionando brinquedos mastigáveis apropriados ou alterando a dieta para um 
alimento seco, volumoso e nutricionalmente balanceado. Dependendo do nível 
de motivação do animal para mastigar, podem-se usar sabores aversivos nesses 
objetos. Devem- se corrigir os problemas subjacentes que podem incentivar o 
comportamento (como estresse ou ansiedade de separação).
5.3.3 Animal exigente
Cães podem ser exigentes quando se trata de preferências dietéticas. Na maior 
parte dos casos, o problema provém de experiências alimentares anteriores ou 
de respostas herdáveis a situações alimentares, embora problemas médicos sub-
jacentes possam contribuir. Ocasionalmente o animal ficará relutante em comer 
Capítulo 5
Problemas de comportamento
41O portal do agroconhecimento
ração, pois aprendeu que se esperar pelo tempo suficiente, receberá um alimento 
mais palatável.
Para animais que estão no seu peso ideal ou acima do peso, pular refeições pode 
ser um mecanismo natural para manutenção do peso. No caso de animais abaixo 
do peso é necessário uma avaliação do médico veterinário para descartar pos-
síveis processos patológicos como pancreatite, odontopatias, gastrenteropatias, 
nefropatias e hepatopatias.
Regular o apetite, manter o cão no peso ideal e regular a quantidade de petiscos 
e outros alimentos fora das refeições são importantes para o tratamento.
5.4 Agressividade
A agressão é o problema mais comume mais perigoso, não só para os humanos 
como para os outros animais.
Em geral, agressão se refere a comportamento ameaçador ou perigoso, direcio-
nado a outro indivíduo ou grupo. Abrange uma variedade de comportamentos, 
desde posturas corporais sutis e expressões faciais até ataques explosivos.
A melhor maneira de garantir um diagnóstico preciso é combinar um exame físico 
e comportamental, e ainda, observar o cão durante uma exibição agressiva típica, 
tanto de forma direta quanto por meio de observação em vídeos.
Há muitos critérios que são usados para diferenciar um tipo de agressão do outro, 
incluindo as características e o comportamento do agressor, as características do 
alvo e as condições durante as quais a agressão ocorre.
Comportamento e adestramento de cães
Andréa de Paula
42 IEPEC
Embora as formas de agressão sejam descritas individualmente, na maioria dos 
casos ela é multifatorial ou tem causas múltiplas.
5.5 Agressividade por dominância
A existência de uma hierarquia em uma matilha e também o correto aprendi-
zado da linguagem corporal entre os cães proporciona determinadas vantagens 
para um grupo social. Usando sinais característicos e expressões dominantes e 
submissas para se comunicar, o grupo pode reduzir sérios encontros agressivos 
entre os membros.
Os determinantes de dominação dentro da hierarquia incluem tamanho, peso, 
sexo, status hormonal e experiências anteriores.
É mais comum ocorrer em machos não castrados, entre 1 e 3 anos, cães de raça 
e cães que foram tirados muito cedo da mãe. 
Para se obter um diagnóstico exato seguem os seguintes critérios por parte do 
cão:
 » Temperamento agressivo;
 » Sinalização dominante;
 » Resistência a sinalização e a comportamentos dominantes por 
membros da família;
 » Agressão usada para controlar situações sociais com membros da 
família;
Capítulo 5
Problemas de comportamento
43O portal do agroconhecimento
 » Agressão usada para competir por recursos com membros da fa-
mília;
Devemos observar muito bem a situação onde ocorreu a agressão e também 
os sinais e posturas corporais apresentadas pelo cão para não confundir o tipo 
de agressividade. O cão sempre demonstra um sinal, mesmo que seja quase 
imperceptível. 
O proprietário deve sempre evitar confronto com o animal e também evitar as 
situações que sabe que a agressividade sempre ocorre. Estabelecer limites de 
comida, brincadeira, ansiedade e outras situações no convívio diário é muito 
importante para evitar novas agressões.
5.6 Agressividade por posse
Este tipo de agressão pode ser direcionada a pessoas ou a outros animais que 
se aproximam do cão quando ele está próximo ou em posse de algo que ele 
valoriza. Pode ser associada a agressividade por dominância, mas nem sempre 
é o caso.
Existem vários níveis nesse tipo de agressividade, desde o cão que apresenta 
posse esporadicamente por um objeto específico até cão que tem posse por 
tudo e todos a todo momento. É importante identificar todas as situações que 
a agressão pode ocorrer e assim evita-las e impedir com que ocorram, até que 
tenham melhor controle da situação e do cão.
Exercícios de liderança, ensinando o animal a soltar o objeto sob comando, exer-
cícios de exibição para diminuir a agressão quando é abordado enquanto está 
próximo a um objeto que ele protege são importantes.
Comportamento e adestramento de cães
Andréa de Paula
44 IEPEC
A prevenção é fundamental para que o cão não tenha esse tipo de comporta-
mento.
5.7 Agressividade por medo
É provocada por um estímuloque parece ser ameaçador ao cão. Pode ser exibida 
quando o cão é o receptor de posturas ou expressões faciais agressivas, ou é abor-
dado por outro cão ou pessoa que não é familiar, não é amigável, ou de alguma 
forma, representa ameaça ao cão. Em geral ocorre quando o cão é incapaz de 
evitar o estímulo que produz uma resposta agressiva por medo.
Socialização inadequada, experiências traumáticas, punições e genética podem 
contribuir para o desenvolvimento desse tipo de agressividade. Um cão que 
possui baixo limiar para ficar amedrontado e que se encontra com estímulos 
indutores de medo múltiplos e fortes, com pouca chance de fugir, tem alta pro-
babilidade de morder, em especial se a mordida fez o medo se afastar em 
encontros anteriores.
A dessensibilização e o contracondicionamento, assim como uma ótima sociali-
zação como método preventivo são fundamentais para esse tipo de comporta-
mento.
5.8 Agressividade territorial
É direcionada a uma pessoa ou outro animal que não é membro do grupo ou da 
matilha, ou que não é familiar ao cão. A agressividade pode ser manifestada em 
direção a pessoas e animais que se aproximam de mebros da família ou de seu 
território, embora o mesmo cão possa não apresentar esse comportamento em 
Capítulo 5
Problemas de comportamento
45O portal do agroconhecimento
outro ambiente.
O proprietário deve ter um bom controle do cão para a correção do comporta-
mento, assim como o controle do ambiente no qual o animal está inserido. Na 
maioria das vezes o cão auto reforça esse comportamento quando não há o 
controle do ambiente, um exemplo clássico é quando o cachorro tem acesso a 
uma janela, grade ou portão onde passam outros cães e pessoas, começa com 
um latido, e a pessoa ou o cão vai embora simplesmente porque precisa ir, só 
estava passando por ali, mas para o cão, foi ele quem espantou um “intruso”e 
foi recompensado por sua retirada do local. Outra coisa que o proprietário deve 
tomar cuidado é com reforços e recompensas no momento incorreto, ou seja, 
quando o cão manifestar o comportamento agressivo, o dono oferecer petisco 
ou pegá-lo no colo na tentativa de acalmar, está reforçando o comportamento 
agressivo.
O ideal seria o contracondicionamento do animal e uma socialização eficaz.
5.9 Medo
A resposta ao medo é uma resposta fisiológica mais complexa, envolvendo várias 
áreas do cérebro. Quando se percebe uma situação ameaçadora ou que provoca 
medo, um animal deve reagir instintivamente para sobreviver: ele se prepara 
para o confronto ou foge.
Problemas de medo excessivo pode ser causado por tendências comportamen-
tais herdadas, experiências ambientais e socialização precoce e inadequada, 
aversão aprendida por uma experiência desagradável, patologia clínica, ou a 
junção de mais de um fator.
Comportamento e adestramento de cães
Andréa de Paula
46 IEPEC
Quando os animais são colocados a novos estímulos, o resultado dependerá 
da sociabilidade, da experiência anterior com estímulos semelhantes e de sua 
condição emocional ou clínica no momento da exposição. Animais que sofrem 
uma experiência desagradável ou percebem que o estimulo pode ser perigoso, 
podem evitar ou se tornar mais cautelosos ou medrosos com relação a esse estí-
mulo. Um evento muito desagradável pode levar a uma memoria extremamente 
amedrontada e duradoura em relação a esse estímulo. Embora o cão possa ter 
medo apenas a um estímulo, alguns animais podem generalizar estímulos se-
melhantes que lembrem o inicial. Além disso, pode ficar com medo de eventos 
que precedam aquela situação, como por exemplo começar a ter medo do carro 
porque sabe que vai à clínica veterinária toda vez que entra.
Cães muito excitados podem não tomar decisões consistentes e reagirão com 
luta ou fuga. Estados agudos de ansiedade colocarão o animal em estado de hi-
pervigilância , em que as respostas de medo se tornam automáticas e impedem 
qualquer possibilidade de resposta cognitiva ao estímulo, assim, somente se o 
nível de ansiedade for suficientemente reduzido é que poderá tomar decisões 
conscientes. 
Independente da causa, um evento provocador de medo que não tem um re-
sultado positivo, poderá agravar ainda mais o problema. Deve-se evitar punição 
e outras técnicas aversivas de correção e os estímulos devem ser controlados e 
não ameaçadores.
Se o animal escapar da situação ou se uma exibição ameaçadora levar a fuga 
do estímulo, o comportamento foi reforçado de maneira negativa em razão do 
estímulo ameaçador ter sido removido. As tentativas do proprietário de acalmar 
o cão durante um episódio ameaçador também pode reforçar o comportamento.
Capítulo 5
Problemas de comportamento
47O portal do agroconhecimento
O mais importante para o tratamento consiste em identificar e controlar o estímu-
lo provocador de medo, controlar o ambiente e também a resposta do cão para 
depois mudar o comportamento do animal, reforçando positivamente a resposta 
de aceitação e não a de medo.
5.10 Ansiedade de separação
Cães que exibem sinais exagerados de ansiedade quando não tem acesso a 
membros da família ou de outro animal. O problema geralmente ocorre quando 
o proprietário está fora de casa ou quando até está presente mas o animal não 
tem acesso a ele ou o cão não consegue a atenção desejada.
Em situações em que os cães perde o contato com o “grupo”, a ansiedade re-
sultante pode dar origem a comportamentos que atrairão os outros membros do 
grupo, como por exemplo a vocalização, tentam remover barreiras (escavação, 
destruição) ou a tentativa de restaurar contato (aumento de atividade). O proble-
ma subjacente envolve hiperfixação por um ou mais membros da família. O início 
do problema geralmente ocorre com a alteração do tempo que o proprietário 
passa com o cão. Estresse ambiental (mudança de casa ou evento traumático) 
também pode contribuir para esse comportamento.
O comportamento destrutivo pode ser confundido pelo proprietário, que acha 
que é por vingança pelo cão ter sido deixado sozinho. Acontece que geralmente 
o cão pega os objetos que possuem o cheiro do dono, como roupas, o lugar do 
sofá, livros, celular, que são destruídos para lembrar-se do dono.
O tratamento desse comportamento envolve o desenvolvimento da independên-
cia do cão. Isso é feito pela modificação do ambiente, modificação da interação 
entre dono e cão, treino de independência.
Comportamento e adestramento de cães
Andréa de Paula
48 IEPEC
5.11 Compulsão
Pode ser dividido em duas categorias, fisiopatológica (problema físico ou médico) 
e experimentais (exposição ou falta de exposição a interações ambientais e/ou 
sociais).
Um comportamento compulsivo experimental pode surgir durante o desenvolvi-
mento (socialização inadequada), ser reativo (resultante de fatores do ambiente 
ou no manejo) ou condicionado por meio de reforço. Um comportamento anor-
mal reativo em geral resulta de um conflito acarretado pelo nível de excitação 
do animal e pela incapacidade de desempenhar um comportamento apropriado 
para reduzir a excitação. Quando não há manifestação de comportamentos apro-
priados para obter desestimulação,como cavar, latir, marcação urinária, o animal 
pode redirecionar seu comportamento para um alvo menos adequado, envolver-
se em atividades vazias, exibir atividades de deslocamento, ou redirecionar seu 
comportamento para um alvo alternativo.
O tratamento é necessário apenas se o comportamento representar riscos á 
saúde do animal ou se for irritante o suficiente ao proprietário, pois um com-
portamento compulsivo “indefeso” pode se tornar outro que poderá interferir na 
integridade física do animal.
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