Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

SUMÁRIO 
1 BARRAGENS ............................................................................................. 3 
2 TIPOS DE BARRAGENS ............................................................................ 5 
2.1 Barragem de terra: ............................................................................... 5 
2.2 Barragem de enrocamento com face de concreto: ............................... 5 
2.3 Barragem de contraforte: ...................................................................... 6 
2.4 Barragem de gravidade aliviada: .......................................................... 7 
2.5 Barragem de concreto estrutural com contrafortes: ............................. 8 
2.6 Barragens em arco: .............................................................................. 9 
3 ESTRUTURAS .......................................................................................... 10 
4 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O ROTEIRO BÁSICO PARA 
PEQUENAS BARRAGENS DE TERRA .................................................................... 14 
5 PRINCIPAIS ELEMENTOS DE UMA PEQUENA BARRAGEM DE TERRA
 15 
5.1 Maciço ou aterro ................................................................................. 17 
5.2 Taludes do Maciço ............................................................................. 18 
5.3 Crista do Maciço ................................................................................. 19 
5.4 Base do Maciço .................................................................................. 20 
5.5 Espelho d’água ................................................................................... 20 
5.6 Borda livre ou folga ............................................................................ 21 
5.7 Núcleo central .................................................................................... 21 
5.8 Fundação ........................................................................................... 22 
5.9 Drenagem interna ............................................................................... 22 
 
5.10 Desarenador ................................................................................... 23 
5.11 Altura da barragem ......................................................................... 23 
5.12 Sistema extravasor ......................................................................... 24 
5.13 Tomada de água ............................................................................. 24 
6 DESAFIOS ................................................................................................ 25 
7 CADASTRO DE INSPEÇÃO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS .......... 26 
8 DOCUMENTOS PARA INSPEÇÃO DE SEGURANÇA REGULAR DE 
BARRAGEM: ............................................................................................................. 26 
8.1 Fiscalização de barragens .................................................................. 27 
8.2 Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens – 
SNISB 28 
9 GESTÃO DE BARRAGENS ...................................................................... 28 
10 MEDIDA PREVENTIVA ......................................................................... 29 
10.1 Comunidade impede implantação de barragem que teria três vezes o 
volume da de Fundão ............................................................................................ 30 
11 OBRAS DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA .......................................... 33 
11.1 Mais Segurança .............................................................................. 34 
12 SEGURANÇA DE BARRAGENS ........................................................... 36 
13 Barragens HIDRELÉTRICAS ................................................................ 38 
 
 
 
1 BARRAGENS 
 
Fonte:energiadasbarragens.blogspot.com 
As barragens, definidas como obstáculos artificiais com a capacidade de deter 
água, qualquer outro líquido, rejeitos, detritos, minérios, para fins de armazenamento 
ou controle, podem variar em tamanho desde pequenos maciços de terra, usados 
frequentemente em fazendas, a enormes estruturas de concreto ou de aterro, 
geralmente usadas para fornecimento de água, de energia hidrelétrica, para controle 
de cheias e para irrigação, além de diversas outras finalidades. 
Construídas de forma natural ou artificial sobre córregos, rios ou canais, as 
barragens têm a função de reter e controlar o fluxo de água. Independentemente de 
sua finalidade e do tipo de funcionamento, que varia bastante, elas apresentam um 
elemento comum: em algum ponto do percurso, a água fica retida no reservatório 
formado pelos suportes erguidos. 
Os principais tipos existentes de barragens são as de aterro, de concreto-
gravidade e de concreto em arco. As estruturas acessórias ou adicionais das 
barragens incluem vertedouros, estruturas de descarga, casas de força elétrica e 
unidades de controle. O termo barragem provém etimologicamente da palavra 
 
francesa barrage, do século XII, que deriva das palavras barre, do francês, e barra, 
do latim vulgar, que significam "travessa, tranca de fechar porta". 
As barragens construídas para armazenar e controlar especificamente água se 
destinam geralmente ao abastecimento doméstico e industrial, à irrigação, à 
navegação, à recreação, ao controle de sedimentação, ao controle de cheias e à 
produção de energia elétrica. Algumas barragens têm apenas uma função e são assim 
conhecidas como "barragens de função única". Atualmente, as barragens são 
construídas para servir a diversas funções e são, por isso, conhecidas como 
"barragens de usos múltiplos", que é o caso da Usina de Três Marias (a regularizações 
de vazões a navegação interior e a produção de energia elétrica). 
O Registro Mundial de Barragens, da Comissão Internacional de Grandes 
Barragens (CIGB/ICOLD), considera uma grande barragem a barragem que possua 
altura de 15 metros (independentemente do volume de água armazenável em seu 
reservatório) ou também a que possua altura entre 10 e 15 metros desde que tenha 
capacidade de armazenar mais de três milhões de metros cúbicos de água em seu 
reservatório. De acordo com esse critério, a altura de uma barragem é determinada 
pela diferença da elevação de sua crista até o ponto mais baixo da sua fundação. 
Historicamente, as barragens têm servido como fonte confiável de água para a 
vida das pessoas ao longo dos últimos 5 mil anos, de acordo com registros 
arqueológicos que se baseiam em investigações de ruínas e na observação de 
estruturas ainda em funcionamento. As barragens permitem que as populações 
coletem e armazenem água quando abundante e depois a usem nas épocas de seca. 
Elas têm sido então fundamentais na formação de estoques de água, 
indispensáveis ao estabelecimento e ao sustento de cidades e de fazendas, para a 
irrigação e para a produção de alimentos. 
“As barragens são utilizadas para o abastecimento de água para consumo 
humano e de animais; para a irrigação, a recreação e o paisagismo; para o controle 
da qualidade da água e de enchentes; para a garantia mínima de vazão a jusante; 
navegação; aquicultura; geração de energia elétrica; e contenção de rejeitos”. 
 
2 TIPOS DE BARRAGENS 
A tipologia da barragem é definida em função de sua forma construtiva e do 
material utilizado em seu corpo principal. 
2.1 Barragem de terra: 
É a mais comum no Brasil, caracterizada por vales muito largos e ombreiras 
suaves. Pode ser de terra homogênea, construída com apenas um tipo de material; 
ou de terra zoneada, aquela que, por falta de área de empréstimo com material 
argiloso suficiente para a construção de todo o aterro, prioriza o núcleo argiloso, no 
centro. Por ser uma estrutura menos rígida, permite fundações mais deformáveis, 
transmitindo esforços baixos para as fundações de qualquer tipo de solo ou rocha. 
 
 
Fonte:www.mineirosnaestrada.com.br 
2.2 Barragem de enrocamento comface de concreto: 
É constituída de enrocamentos e placas de concreto sobre o talude de 
montante. Deve ser dada atenção especial à ligação entre as placas de concreto, pois 
https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/concreto-armado-e-protendido-tem-diferentes-propriedades-e-aplicacoes_12306_10_0
 
se apoiam em meio deformável, constituído pela camada de enrocamento que pode 
sofrer recalques significativos no primeiro enchimento. 
Exige atenção também com a ligação entre a face de concreto e a fundação 
para garantir a estanqueidade dessa região. 
Vantagens: construção mais rápida, pois independe do clima; taludes mais 
íngremes, proporcionando menores volumes de material e maior altura da estrutura. 
Desvantagem: a fundação deve ser em rocha sã, pois a estrutura não pode 
sofrer recalques excessivos. 
 
 
Fonte: fengdouglas.files.wordpress.com 
2.3 Barragem de contraforte: 
É um tipo raramente utilizado no Brasil e em queda no exterior, em favor dos 
tipos de gravidade aliviados. 
 
 
 
Fonte:www.mineirosnaestrada.com.br 
2.4 Barragem de gravidade aliviada: 
É alternativa à barragem de gravidade maciça. Nesta última, o concreto está 
mal aproveitado porque as solicitações são muito menores que a resistência do 
concreto. Na comparação, constata-se que a barragem de gravidade aliviada traz 
economia no volume e diminuição das áreas sobre as quais pode agir a subpressão 
e a pressão intersticial. 
 
 
 
Fonte:www.mineirosnaestrada.com.br 
2.5 Barragem de concreto estrutural com contrafortes: 
É formada por uma laje impermeável a montante, apoiada em contrafortes 
verticais, exercendo compressão na fundação, maior do que na barragem de 
gravidade. A fundação, neste caso, deve ser rocha com elevada rigidez. Se 
comparada com as barragens de gravidade, as principais vantagens são menor 
volume e menor subpressão na base. No entanto, as barragens com contrafortes 
exigem um projeto estrutural mais complexo e o uso de um número maior de fôrmas 
na execução dos contrafortes. 
 
 
Fonte:energiadasbarragens.blogspot.com 
2.6 Barragens em arco: 
São particularmente apropriadas para vales estreitos e com boas condições de 
ombreiras. Essas estruturas tiram partido das propriedades de compressão do 
concreto, transmitindo os empuxos hidráulicos para as ombreiras. Vantagens: uso de 
menor quantidade de concreto em comparação com as demais; admitem fundações 
de pior qualidade em relação às barragens em contrafortes, porque uma menor parte 
da carga é efetivamente transferida para a fundação. Desvantagens: exigem boas 
condições e ombreiras (geralmente em rocha), e a concretagem do arco requer 
tecnologia mais sofisticada de locação, fôrma, armação e aplicação. 
 
 
 
Fonte: www.google.com 
3 ESTRUTURAS 
As barragens podem ser constituídas de diversas estruturas funcionais 
necessárias para a sua estabilidade, funcionamento e manutenção: 
O barramento de cursos d’água para a formação de lagos artificiais constitui 
uma das mais antigas técnicas de aumentar as disponibilidades hídricas para 
atendimento de demandas por águas pelas sociedades. São dotadas de mecanismos 
de controle com a finalidade de obter a elevação do nível de água ou criar um 
reservatório de acumulação de água ou de regularização de vazões. Considera-se 
nesse roteiro básico como pequena barragem, quando a altura do maciço, contada do 
nível do terreno à crista, seja menor ou igual a 10 metros. 
Diferentemente do passado, quando os reservatórios só eram vistos pelo lado 
dos benefícios, hoje a sociedade está mais crítica e já olha para o reservatório pelo 
lado dos impactos negativos e de pessoas que são deslocadas sem compensação 
suficiente. Há fortes movimentos organizados contra a construção de grandes 
barragens. Embora haja, em alguns casos, exageros nos males atribuídos aos 
grandes lagos artificiais, é importante que sejam analisados seus pontos e opiniões. 
 
Também, pode-se considerar que, muitas vezes, há exageros na avaliação dos 
benefícios atribuídos a algumas obras. Uma análise técnica, equilibrada e imparcial, 
que forneça subsídios à sociedade e aos decisores, para se construir ou não, ou ainda, 
como operar e proteger os lagos existentes, deve ser sempre considerada. 
Há de se atentar, no entanto, que os impactos ambientais decorrentes desses 
empreendimentos são, na maioria das vezes, diretamente proporcionais à área 
inundada pelo reservatório. A formação de um grande reservatório de água para a 
produção de energia elétrica não deve ser avaliada da mesma forma que a construção 
de um reservatório para abastecimento público ou para a viabilização da atividade 
agropecuária. Não se pode usar as mesmas regras para os dois tipos diferentes de 
empreendimentos, uma pode ser negativa para o meio ambiente e a outra 
extremamente positiva. 
 
 
Fonte:www.atlasdasaguas.ufv.br 
 
A sustentabilidade da agropecuária, na maior parte das propriedades agrícolas, 
é dependente da reservação de água para uso em períodos de escassez, o que é 
geralmente resolvido com a construção de pequenos reservatórios. Em áreas rurais 
utiliza-se a construção da barragem de terra para uma série de finalidades, 
destacando-se a irrigação, seguida de: abastecimento da propriedade, piscicultura, 
recreação, embelezamento, dessedentação de animais, dentre outras. 
Os impactos provocados destes reservatórios geralmente são de pouca 
expressividade face os benefícios que eles podem proporcionar. É de conhecimento 
comum que a manutenção de uma carga hidrostática mais elevada sobre o terreno e 
o aumento da área para infiltração proporcionam maior recarga de água em direção 
aos mananciais subterrâneos. O abastecimento de aquíferos subterrâneos é 
fundamental para aumentar o escoamento de base, minimizando oscilações de vazão 
em cursos d’água superficiais. Com a elevação do nível freático, poderá haver maior 
disponibilização de água para as plantas, por efeito de ascensão capilar, além de 
possibilitar fluxo de água subterrânea suficiente para a manutenção da vazão e 
perenização de pequenos córregos sob influência dessas águas freáticas. 
Com maior recarga dos aquíferos no campo, os reservatórios podem servir 
melhor ao seu mais nobre objetivo: armazenar quando o recurso é abundante, para 
usar no momento de escassez. O aumento da disponibilidade hídrica nas bacias 
hidrográficas, possibilitam também, que as outorgas de direito de uso da água sejam 
concedidas para um maior número de usuários, atendendo, assim, aos múltiplos usos 
da água de maneira mais eficaz. 
Portanto, nada mais pertinente que os órgãos responsáveis pela gestão dos 
recursos hídricos em níveis federal, estadual e de bacia hidrográfica estimulem e 
facilitem a construção de pequenas barragens nas propriedades rurais objetivando o 
uso múltiplo da água na bacia. 
Ainda nessa contextualização destaca-se, também, a possibilidade de utilizar 
os pequenos barramentos com o objetivo de amenizar problemas de inundações em 
áreas urbanas de maior risco, implicando, assim grandes economias. Esse é o anseio 
da gestão integrada, ou seja, compatibilizar riscos e oportunidades na escala da bacia. 
Se ambientes urbanos sofrem cada vez mais com as inundações provocadas pelas 
 
enchentes, pode-se armazenar esse excesso no campo, o que permite atenuar a onda 
de cheia nas cidades e aproveitar essa água para irrigação nos períodos de escassez. 
As pequenas barragens de terra por serem de fácil construção, muitas vezes 
os aspetos técnicos, legais e ambientais são negligenciados. Sabe-se que os 
rompimentos destas pequenas obras são frequentes sendo uma das principais causas 
o suddimensionamento de extravasores, provocando galgamento. Os maiores 
problemas hidrológicos observados advêm dos pequenos barramentos que, num 
efeito dominó, podem vir a comprometer obras maiores e até causar mortes e grandes 
prejuízos econômicos. Nesse contexto, observa-se uma grande lacunana literatura 
especializada quando se trata de metodologias confiáveis direcionadas ao 
dimensionamento de pequenas obras hidráulicas, notadamente os pequenos 
barramentos. 
O projeto de uma barragem requer fundamentalmente a análise e aplicação 
correta de dois itens relevantes relacionados à segurança da barragem quais sejam: 
Estudos hidrológicos 
Desenvolvidos na bacia hidrográfica em estudo onde se determina a vazão 
máxima de cheia e o volume de armazenamento necessário a regularização da vazão 
Estudos hidráulicos 
Utilizados principalmente no dimensionamento do sistema extravasor 
(eliminação do excesso de água e dissipador de energia), do desarenador (eliminação 
dos depósitos do fundo e, ou esvaziamento do reservatório), e da tomada de água 
(estrutura para captação da água represada). 
Com a finalidade de fornecer subsídios aos técnicos que trabalham na área de 
engenharia de recursos hídricos com foco na elaboração e implantação de pequenas 
barragens de terra no estado de Minas Gerais desenvolveu-se o presente documento 
cujo objetivo principal foi desenvolver um "Roteiro Básico para Elaboração de Projetos 
de Pequenas Barragens de Terras" e objetivos específicos: 
a) Estabelecer uma metodologia confiável direcionada ao dimensionamento 
destas obras hidráulicas com base em informações hidrológicas regionais 
de forma que os projetos apresentem maior eficácia, menor impacto 
ambiental e menor custo financeiro e, 
 
b) Apresentar os aspectos legais a serem considerados na construção destas 
obras hidráulicas. 
4 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O ROTEIRO BÁSICO PARA PEQUENAS 
BARRAGENS DE TERRA 
É fundamental esclarecer que o roteiro básico desenvolvido não tem a intenção 
de apresentar a melhor solução para o barramento ou para suas estruturas em relação 
ao empreendimento analisado. Nem pretende abranger os temas abordados com o 
rigor das publicações técnicas de todos conhecido. A proposta deste roteiro é oferecer 
aos técnicos um exemplo de desenvolvimento de um projeto de uma pequena 
barragem de terra, em nível básico, acompanhado dos conceitos e equações 
indispensáveis à sua compreensão. 
A abordagem de maneira simples serve como ferramenta didática e não deve 
induzir o leitor à falsa impressão de que se pode projetar bem e competentemente, 
sem experiência. Julgar corretamente os valores obtidos requer anos de estudo e 
prática. O auxílio a questões sobre métodos construtivos, cálculos estruturais, 
estabilidade, geotecnia, percolação dentre outros, deve ser obtido na bibliografia 
técnica e adequada ao projeto do barramento proposto. 
Sabe-se que a maior parte das pesquisas geotécnicas na área das barragens 
foram e são orientadas para o estudo de obras de grande porte, deixando em segundo 
plano obras menores. Assim sendo, os projetos destas últimas ficam limitados apenas 
a orientações provenientes de manuais técnicos, apostilhas didáticas e 
recomendações empíricas. 
É importante, também, destacar que obras hidráulicas como barramentos, 
mesmo sendo de pequeno porte, distinguem- se por interferir nos cursos d’água e 
estar sujeitas ao poder destruidor das enchentes, envolvendo riscos que jamais 
podem ser desconsiderados. Assim sendo, o dimensionamento de projetos e obras 
necessários ao uso dos recursos hídricos deverão ser executados sob 
responsabilidade de profissional devidamente habilitado no CREA. 
 
5 PRINCIPAIS ELEMENTOS DE UMA PEQUENA BARRAGEM DE TERRA 
Objetivando um melhor entendimento de um projeto de uma pequena barragem 
de terra, apresenta-se as suas principais partes constituintes, bem como, os conceitos 
básicos e os procedimentos metodológicos (estudos hidrológicos e hidráulicos) 
recomendados para o dimensionamento da obra. 
Vista superior do maciço, espelho d’água e canal extravasor. 
 
 
Fonte: www.google.com 
Representação esquemática dos elementos básicos de uma pequena 
barragem de terra. 
http://Fonte:%20www.google.comp
 
 
Fonte: www.google.com 
Vista de perfil da bacia hidráulica, do desarenador e respectiva tubulação 
vertical e do extravasor lateral. 
 
Fonte: www.google.com 
http://Fonte:%20www.google.comp
http://Fonte:%20www.google.comp
 
5.1 Maciço ou aterro 
É a própria estrutura da barragem. Construído transversalmente ao curso 
d’água é a parte responsável por reter a água. 
Etapas de construção do maciço de barragem da bacia do rio Doce - município 
de Itambacuri e bacia do rio Jequitinhonha - município de Medina. 
 
Construção do maciço - scraper conjugado 
 
 
 
Fonte:energiadasbarragens.blogspot.com 
Aplicação água usada na compactação do maciço 
 
 
Fonte:energiadasbarragens.blogspot.com 
 
Jusante inclinação 2:1 
 
Fonte:energiadasbarragens.blogspot.com 
5.2 Taludes do Maciço 
São as faces laterais e inclinadas, paralelas ao eixo do maciço sendo, talude 
de montante o lado que fica em contato com a água, e, jusante, o do outro lado, sem 
contato com a água. O talude de montante deve ser mais inclinado que o de jusante, 
para permitir a maior estabilidade do aterro, devido ao decréscimo da componente 
horizontal da força, que tende a empurrar o maciço da barragem. Recomenda-se 
inclinações de 2,5:1 e 2:1 para os taludes de montante e jusante, respectivamente. 
Vistas de taludes de montante e jusante de uma barragem construída pela 
Ruralminas na bacia do rio Doce - município de Itambacuri. 
Montante inclinação 2,5:1 
 
 
 
Fonte:energiadasbarragens.blogspot.com 
Jusante inclinação 2:1 
 
Fonte:energiadasbarragens.blogspot.com 
5.3 Crista do Maciço 
Na inexistência de fatores como trânsito pesado e certas condições locais, que 
condicionam a largura da crista, podem ser adotados os valores determinados por 
cálculo, utilizando a fórmula empírica do U. S. Bureau of Reclamation. 
 
C = largura da crista da barragem (m); H = altura da barragem (m). 
Vista do início de enchimento do reservatório, do monge e término da 
construção da crista do maciço (C = 3,5 m). 
 
 
 
Fonte:energiadasbarragens.blogspot.com 
5.4 Base do Maciço 
Consiste na projeção da crista e dos taludes de montante e jusante sobre a 
superfície do terreno; é a área do terreno sobre a qual se coloca o aterro. O 
comprimento da base do maciço (B), em metros, pode ser calculada por 
 
em que,C = largura da crista da barragem (m);Zm = projeção horizontal no 
talude de montante;Zj = projeção horizontal no talude de jusante; 
H = altura da barragem (m). 
5.5 Espelho d’água 
Área da represa; superfície d’água acumulada no reservatório. 
 
 
 
Fonte:energiadasbarragens.blogspot.com 
5.6 Borda livre ou folga 
Distância vertical entre o nível da água, quando a represa estiver cheia, e a 
crista do maciço ou do aterro. Normalmente adota-se, como mínimo, o valor de 1,0 
metro. 
 
 
Fonte:energiadasbarragens.blogspot.com 
5.7 Núcleo central 
Quando o material disponível para construção do maciço ou aterro não é bom 
(material homogêneo com predominância de argila), ou ainda, havendo uma camada 
 
arenosa permeável no leito do local, é imprescindível a construção de um núcleo 
central com predominância de argila que intercepte a trajetória da água. Pode-se 
também, ao invés do núcleo central, utilizar diafragma de concreto (simples ou 
armado), principalmente se a fundação for constituída de rocha. 
5.8 Fundação 
Construída transversalmente ao curso d’água e no eixo da barragem. Constitui-
se em uma vala ou trincheira que é preenchida com terra de boa qualidade 
devidamente compactada. A realização de sondagens, necessária na fase de seleção 
do local de construção da barragem, possibilitará o desenho do perfil da seção 
transversal da área, que indicará a profundidade do núcleo impermeável. A sondagem 
poderá ser feita por tradagem, sondagem a percussão, abertura de trincheiras ou por 
meio de ensaios de resistência do solo. Sempre que possível a trincheira deverá ser 
construída sob toda a base do maciço e abrangendouma profundidade até a rocha 
ou estrato impermeável. O equipamento mais apropriado é a retroescavadeira ou 
escavadeira hidráulica. 
 
 
Fonte:energiadasbarragens.blogspot.com 
5.9 Drenagem interna 
Para a linha de saturação manter-se abaixo do pé de uma barragem de terra, 
isto é, dentro de seu corpo, ou para reduzir a subpressão hidráulica, pode-se recorrer 
ao uso de drenos, colocados, geralmente, no terço final do talude de jusante, ou 
 
mesmo construindo-se um enrocamento de pedras no final deste (dreno de pé). Os 
drenos devem ser construídos de modo que as águas de infiltração possam sair sem 
causar erosão no aterro, funcionando como filtros inversos. As camadas periféricas 
devem ser de areia grossa e cascalho miúdo, aumentando-se o tamanho do material 
à medida que se caminha para o centro. 
 
 
Fonte:energiadasbarragens.blogspot.com 
 
5.10 Desarenador 
Objetiva principalmente a eliminação dos depósitos do fundo e ao 
esvaziamento do reservatório. Informações sobre o funcionamento dessa estrutura e 
da fórmula de dimensionamento mais apropriada. 
5.11 Altura da barragem 
A altura de uma barragem é a distância vertical entre a superfície do terreno 
que recebe a barragem e a superfície da água no reservatório, por ocasião da 
ocorrência da vazão máxima de projeto do extravasor, acrescida de uma borda livre 
ou folga. 
 
5.12 Sistema extravasor 
O sistema extravasor de uma barragem corresponde basicamente a construção 
de duas estruturas objetivando: a) permitir o escoamento da vazão máxima de 
enchente e b) proteção do local de restituição das águas vertidas ao curso 
d'água. 
5.13 Tomada de água 
É a estrutura para captação da água represada. Pode apresentar diversas 
formas, entretanto, as mais comuns são aquelas construídas diretamente no 
corpo da barragem ou por meio de torres de tomada inseridas na represa. No 
dimensionamento da tubulação da tomada de água pode-se utilizar a mesma 
fórmula para condutos forçados (equação de Hazen-Willians) utilizada no 
dimensionamento do desarenador. Com base na vazão desejada, comprimento 
da tubulação e do tipo de tubo a utilizar calcula-se o diâmetro necessário. 
 
 
Fonte:www.sunordengenharia.com.br 
 
6 DESAFIOS 
Para projetar e construir barragens, são necessários profissionais qualificados, 
com experiência e maturidade. “Esse é o primeiro grande desafio do 
empreendimento”. O ideal é a formação em nível de pós-graduação, cursos ainda 
raros no país diante do volume de obras. O campus de Tucuruí, da UFPA, por meio 
do Núcleo de Desenvolvimento Amazônico em Engenharia (NDAE) abriu, no início de 
2016, o curso de mestrado profissionalizante de Engenharia de Barragens e Gestão 
Ambiental. 
A Política Nacional de Segurança de Barragens (lei nº 12.334/2010) cria regras 
para a acumulação de água, de resíduos industriais e a disposição final ou temporária 
de rejeitos. Essa política também estabelece que a Agência Nacional de Águas (ANA) 
é a responsável por organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de Informações 
sobre Segurança de Barragens (SNISB); promover a articulação entre os órgãos 
fiscalizadores de barragens; coordenar a elaboração do Relatório de Segurança de 
Barragens; e receber denúncias dos demais órgãos ou entidades fiscalizadores sobre 
qualquer não conformidade que implique em risco imediato à segurança ou qualquer 
acidente ocorrido nas barragens. 
A ANA também fiscaliza o atendimento às normas relativas à segurança de 
barragens em cursos d'água sob sua jurisdição, além de manter o cadastro atualizado, 
com identificação dos empreendedores. 
O SNISB tem, por objetivo, coletar, armazenar, tratar, gerir e disponibilizar, para 
a sociedade, as informações relacionadas à segurança de barragens em todo o 
território nacional. A inserção de informações no sistema está sob a responsabilidade 
de cada entidade ou órgão fiscalizador de segurança de barragens no Brasil. 
Ficou perceptível a fragilidade do sistema quando assistimos ao trágico 
acidente que ocorreu em Mariana (MG), com a barragem de Fundão. 
A segurança e a fiscalização das barragens são o segundo grande desafio 
enfrentado pelo setor. Basta dizer que o último dado gerado pelo Relatório de 
Segurança de Barragens (RSB), emitido pela Agência Nacional de Águas (ANA), 
revela que apenas 3% das barragens cadastradas no sistema foram, de fato, 
https://www.aecweb.com.br/cont/m/cm/mercado-busca-profissionais-qualificados-e-com-experiencia-comprovada_7757
http://www.snisb.gov.br/
http://www.snisb.gov.br/
 
vistoriadas. “Isso demonstra o tamanho do desafio”, lembrando que, segundo a 
agência, o Brasil tem 166 empreendimentos na sua área de atuação. 
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aponta 642, enquanto o 
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) fala em 663 barragens. A 
fiscalização é extremamente importante para o cumprimento da Lei Nº 12.334/2010, 
que estabeleceu a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB). Porém, o 
número de técnicos é insuficiente, além da falta de capacitação dos técnicos na 
execução do serviço. 
7 CADASTRO DE INSPEÇÃO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS 
O rompimento de um barramento pode causar inúmeros transtornos, risco à 
vida, prejuízos econômicos, ambientais e sociais. Então, a inspeção regular das 
barragens torna-se um instrumento de importância essencial para observar algum 
perigo e avaliar a situação de cada barragem outorgada. 
A Agência Nacional de Águas (ANA) tem o papel fundamental de fiscalizar a 
segurança de barragens para as quais outorgou o direito de uso e de orientar as 
medidas preventivas ou corretivas a serem tomadas pelo empreendedor de recursos 
hídricos, que é o responsável legal pela segurança da barragem. 
Com a avaliação realizada por um técnico especializado e experiente, é 
possível apontar, com a antecedência ou urgência requerida, a necessidade de 
recuperar ou reformar a barragem que representa ameaças. A inspeção regular 
deverá ser realizada com a periodicidade estabelecida de acordo com a classificação 
de risco e dano potencial da barragem, devendo ser realizadas pelo empreendedor 
durante os ciclos de inspeções. 
8 DOCUMENTOS PARA INSPEÇÃO DE SEGURANÇA REGULAR DE 
BARRAGEM: 
 Ficha de inspeção devidamente preenchida 
 
 Relatório de inspeção de segurança regular da barragem (elaborado por 
profissional habilitado pelo CREA); 
 Extrato do relatório de inspeção, que deve ser encaminhado para a ANA 
pelo sistema SNIRH. Obedecendo aos prazos estabelecidos em função 
do nível de perigo constatado para a barragem: emergência - em até 1 
dia após a realização da inspeção; alerta- em até 15 dias após a 
realização da inspeção; ou normal e atenção- até 31 de maio de cada 
ano, para as inspeções realizadas durante o Primeiro Ciclo de 
Inspeções; e até 30 de novembro de cada ano, para as inspeções 
realizadas durante o Segundo Ciclo de Inspeções. 
A ficha e o relatório de inspeção deverão ser arquivados junto ao respectivo 
Plano de Segurança de Barragem. 
8.1 Fiscalização de barragens 
A Política Nacional de Segurança de Barragens-PNSB (lei nº 12.334/2010), 
define a ANA como instituição responsável por fiscalizar a segurança de barragens de 
acumulação de água localizadas em rios de domínio da União para as quais emitiu 
outorga, com exceção daquelas utilizadas para a geração de energia elétrica. 
Além disso, é atribuição da ANA organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional 
de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB), assim como promover a 
articulação entre os órgãos fiscalizadores de barragens e coordenar a elaboração do 
Relatório de Segurança de Barragens. 
Todos os empreendedores de barragens fiscalizadas pela ANA devem 
obedecer a Resolução ANA nº 236/2017, que estabeleceu a periodicidade, qualificação 
técnica e conteúdo do Plano de Segurança da Barragem, das Inspeções de 
Segurança Regular e Especial, da Revisão Periódica de Segurançade Barragem e 
do Plano de Ação de Emergência. 
http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/panorama-das-aguas/barragens/cadastro-de-barragens
http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/panorama-das-aguas/barragens/cadastro-de-barragens
http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/todos-os-documentos-do-portal/documentos-sre/barragens/resolucao-ana-no-236-2017
 
8.2 Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens – SNISB 
De acordo com a Política Nacional de Segurança de Barragens, a Agência Nacional 
de Águas (ANA) é a instituição fiscalizadora responsável por manter os cadastros atualizados 
das barragens localizadas em rios de domínio da União, exceto aquelas destinadas para fins 
de aproveitamento hidrelétrico, no Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de 
Barragens (SNISB). 
Apenas as barragens que tenham, no mínimo, um dos requisitos abaixo necessitam 
constar no SNISB: 
 Altura maior ou igual a 15 m; 
 Capacidade total do reservatório maior ou igual a 3 hm³; 
 Reservatórios que contenham resíduos perigosos, conforme normas 
técnicas aplicáveis; 
 Dano potencial associado médio ou alto. 
9 GESTÃO DE BARRAGENS 
Os responsáveis por empreendimentos industriais e minerários que possuem 
barragens de contenção de rejeitos, de resíduos e de reservatórios de água devem 
apresentar à Feam o Cadastro de Barragem, em cumprimento à Deliberação 
Normativa COPAM 87/2005. 
O formulário eletrônico do Cadastro de Barragem está disponível no Banco de 
Declarações Ambientais – BDA - e deve ser preenchido e enviado à Fundação 
Estadual de Meio Ambiente (Feam) exclusivamente em formato digital. 
O BDA permite ao usuário realizar o Cadastro de Barragem e emitir protocolo 
de envio, que deverá ser mantido pelo responsável para fins de comprovação junto 
ao órgão ambiental. O cadastramento das barragens em Minas Gerais tem por 
objetivo promover a classificação quanto ao potencial de dano ambiental e a 
atualização sistemática das informações relativas às auditorias de segurança, visando 
à minimização da probabilidade da ocorrência de acidentes com danos ambientais. 
O medo de ser varrido sem qualquer chance de escapatória por uma onda de 
rejeitos de minério ficou mais evidente em Minas após o emblemático rompimento da 
http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=8251
http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=8251
http://sisemanet.meioambiente.mg.gov.br/
http://sisemanet.meioambiente.mg.gov.br/
 
Barragem do Fundão, em Mariana, em 5 de novembro de 2015. E voltou a se tornar 
pesadelo de gente que vive aos pés desses grandes maciços destinados a represas 
de resíduos depois que a Barragem de Casa de Pedra, em Congonhas, apresentou 
infiltrações graves. 
A estrutura precisou passar por intervenções urgentes e implantar um sistema 
de evacuação de emergência para que as cerca de 4.800 pessoas que residem a 
apenas 250 metros do complexo treinassem procedimentos de salvamento. A 
exemplo dessas comunidades, muitas convivem com o medo de ser dizimadas como 
em Mariana, onde houve 19 mortes – uma das vítimas nem sequer teve o corpo 
localizado. 
Esse tipo de receio persegue diariamente quem mora, por exemplo, abaixo da 
Barragem de Capão da Serra, em Nova Lima, e vê obras sendo feitas no alto do 
represamento sem saber a que se destinam. Da mesma forma, habitantes de alguns 
bairros de Rio Acima, na Grande BH, ameaçados pelos rejeitos tóxicos da barragem 
abandonada da Mundo Mineração, um perigo que pode contaminar até mesmo o Rio 
das Velhas e comprometer o abastecimento da Grande BH. 
10 MEDIDA PREVENTIVA 
Abandonadas desde 2012, as duas barragens da Mundo Mineração, em Rio 
Acima, foram assumidas pelo governo de Minas Gerais neste ano, justamente para 
garantir que os minerais tóxicos acumulados não atinjam moradias e acabem 
ingressando em corpos hídricos da região. O pior dos cenários seria a poluição 
desastrosa do Rio das Velhas, justamente antes da captação realizada pela Copasa 
em Nova Lima, responsável por abastecer cerca de 3 milhões de pessoas da Grande 
BH. 
Ainda que sob essa ameaça, poucas pessoas do entorno sabem do potencial 
de gravidade. “Não tenho conhecimento sobre a barragem, só sei que existe. Muita 
gente fala sobre ela. Já ouvi falar que ela pode uma hora romper. Acho que a 
tendência é que pegue (a onda de rejeitos) umas fazendas e chegue até o Rio das 
Velhas. O pessoal depois do reservatório (captação da Copasa) depende dessa água, 
e a mineração de ouro é contaminada, pode acabar com tudo”, observa o aposentado 
 
Antônio Bosco Ribeiro, de 64 anos, morador de um dos bairros com risco de ser 
atingido em caso de rompimento, o Vila Nossa Senhora do Carmo. 
Uma equipe de pesquisadores do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia 
Nuclear (CDTN) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que faz 
levantamentos sobre as condições das estruturas e possíveis contaminações de 
lençóis freáticos e de corpos hídricos superficiais, relataram que não foram 
identificados riscos imediatos, apesar de as instalações estarem abandonadas e não 
terem passado pelo procedimento de segurança que envolveria o encerramento das 
atividades num empreendimento daquele porte. Os representantes do centro 
confirmaram que vários tipos de tóxico de uso tradicional no processo de produção de 
ouro se encontram dispostos nas barragens de rejeitos revestidas por membranas. 
Um desses tóxicos é o cianeto, que, quando em contato com o homem ou os animais 
em quantidade elevada, pode levar à morte em pouco tempo por parada 
cardiorrespiratória. 
10.1 Comunidade impede implantação de barragem que teria três vezes o 
volume da de Fundão 
Se a luta das comunidades de áreas ameaçadas em caso de rompimento das 
barragens de rejeitos é para que as estruturas sejam monitoradas e apresentem 
garantias de estabilidade, há mineiros que travam outra batalha: a resistência à 
instalação de empreendimentos que venham a tirar a sua paz. Uma dessas estruturas 
é a Barragem Maravilhas 3, que a mineradora Vale deseja construir em Itabirito, 
próximo ao limite com Nova Lima, na Grande BH. Depois de conseguir a Licença de 
Implantação em setembro, sendo confirmada em novembro pelo Conselho Estadual 
de Política Ambiental (Copam), o início das obras está ainda suspenso por força de 
liminar na Justiça concedida em favor do Ministério Público (MP). O barramento tem 
alto potencial poluidor por ter dentro de sua área de alagamento condomínios de Nova 
Lima como o Estância Alpina e o Vale dos Pinhais, além de ameaçar diversos corpos 
hídricos e a própria captação de água da Copasa no Rio das Velhas, responsável pelo 
abastecimento de 3 milhões de habitantes da Grande BH. A Vale afirma que a 
construção segue todos os trâmites e exigências legais. O barramento está projetado 
 
para alcançar uma altura máxima de 86 metros, com capacidade para conter 108 
milhões de metros cúbicos (quase três vezes o volume da Barragem do Fundão, em 
Mariana, que rompeu em 2015, matando 19 pessoas e desalojando milhares). 
A mineradora admite que a construção ainda não tem data definida, mas que 
será feita pelo método de alteamento para jusante (na direção de onde a água deixa 
a estrutura), com um alteamento com aterro compactado e fundação sobre terreno 
natural previsto em projeto. “Esta metodologia permite compactação de todo o corpo 
da barragem, melhor controle da drenagem interna e maior resistência a sismos, além 
de não apresentar risco de liquefação do maciço”, indica a empresa, numa referência 
à técnica construtiva mais tradicional e atualmente malvista, de alteamento a montante 
(na direção de onde a água vem), que é sujeita a vários problemas. 
A técnica a montante era a utilizada na Barragem do Fundão, em Mariana, e 
tem sido alvo de endurecimento de exigências pelas propostas de legislação que 
tramitam na Assembleia Legislativa de Minas Gerais há dois anos, desde a época da 
maior tragédia socioambiental do Brasil.Fonte:www.faculdadearnaldo.com.br 
A Vale sustenta que a construção da represa é necessária para dispor os 
rejeitos provenientes das Instalações de Tratamento de Minério (ITM) das Minas do 
Pico e Vargem Grande, que atualmente correspondem à produção de cinco unidades 
industriais. Informou, também, que foi desenvolvido o estudo de ruptura hipotética 
 
(uma simulação da extensão de estragos em caso de a barragem se romper) com a 
elaboração de mapa de inundação, que consta no Plano de Ação de Emergência de 
Barragens (PAEBM). “Para a barragem de Maravilhas 3, os estudos foram 
desenvolvidos em cumprimento ao processo de licenciamento ambiental e o 
documento PAEBM será protocolado na Defesa Civil municipal e estadual quando da 
entrada de operação desta estrutura”, acrescentou a empresa por meio de nota. 
Uma alegação adicional da Vale é que, durante o processo de licenciamento, 
foram realizadas reuniões com as comunidades próximas ao empreendimento, bem 
como com a Defesa Civil municipal de Itabirito para a “apresentação das ações 
associadas à gestão de segurança e às atividades em desenvolvimento de prontidão 
para gestão de emergências de barragens, como por exemplo o cadastro das pessoas 
dentro da zona de autossalvamento, a implantação de sistema de sirenes e a proposta 
de rotas de fuga e de pontos de encontro”. 
 
 
Fonte:www.google.com 
 
11 OBRAS DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA 
A análise frequente é responsável por apontar necessidades de adaptações ou 
manutenções. 
“A engenharia nacional é mais do que qualificada para construir e realizar 
manutenções em barragens convencionais. Inclusive, nossas estruturas são mais 
seguras do que muitas daquelas existentes em países desenvolvidos”. No entanto, o 
cenário é totalmente oposto quando são abordadas as barragens de rejeitos de 
mineração. “Grande parte do meio técnico concorda que esse tipo de estrutura tem 
problemas e não é segura. São construídas sem os cuidados das convencionais”, 
complementa. 
Na mineração, a atividade principal é a exploração, e a barragem serve 
somente para conter os detritos. Por isso, a estrutura normalmente é encarada pela 
mineradora como um custo. “Visando maximizar seu lucro, a empresa acaba 
reduzindo o investimento destinado para a barragem”. 
Além disso, a estrutura é executada aos poucos e financeiramente não 
compensa construir uma grande estrutura que demorará 30 anos para ser totalmente 
preenchida. Assim, o minerador acaba fazendo um primeiro dique de cinco metros e, 
quando este estiver cheio, começa a construção de outro e, assim, sucessivamente. 
“A obra vai acontecendo aos poucos, o que dificulta a instalação de sistemas 
adequados de drenagem”. 
O próprio método construtivo utilizado em barragens de rejeitos de minérios 
colabora para torná-las inseguras. A estimativa é que 90% dessas estruturas tenham 
sido executadas sobre o próprio material de rejeitos. Esse era o caso da barragem de 
Fundão, em Mariana (MG), que rompeu em novembro de 2015 provocando o maior 
desastre ambiental da história do Brasil. “A alternativa é escolhida por proporcionar 
menor custo”, indica o docente. 
Mesmo após a tragédia de Mariana, efetivamente não houve grandes 
mudanças na execução das barragens de rejeitos de minérios. O Departamento 
Nacional de Produção Mineral (DNPM) – órgão federal responsável por cuidar da 
mineração – passou a exigir relatórios detalhados sobre as condições das estruturas 
 
em todo o país. “Porém, essa ação não é muito efetiva, somente obrigando o 
minerador a apresentar a documentação técnica e a lidar com alguma burocracia”. 
A construção precisa seguir à risca o projeto e tudo deve ser feito levando em 
consideração as condições do entorno 
Prova é que a estrutura de Mariana estava em conformidade com o manual de 
vistorias. O relatório pede somente uma inspeção externa da barragem. Mas, em 
Minas Gerais, foram as pressões internas que se elevaram e causaram o rompimento. 
As revisões das técnicas construtivas, que deviam ser consideradas as 
iniciativas mais importantes, acabaram ficando de lado. “O assunto chegou a ser 
debatido com o impacto inicial causado pela tragédia. No entanto, a discussão esfriou 
e caiu no esquecimento. Com isso, as coisas permanecem da mesma maneira que 
estavam antes do ocorrido”, diz o geólogo. 
Um dos principais cuidados para evitar a reedição da tragédia de Mariana é o 
monitoramento constante e adequado. Essa verificação deve ser realizada com base 
em instrumentos específicos, que têm a função de aferir as reais condições das 
barragens. “O procedimento já ocorre nas estruturas convencionais, mas, nas de 
rejeitos de minérios, as vistorias ficam restritas a análises visuais”. 
11.1 Mais Segurança 
A construção de uma barragem considerada segura começa com a elaboração 
de um estudo do meio físico. Nesse levantamento são classificados os tipos de solo e 
subsolo, estruturas geológicas, condições de água, entre outros elementos. “Também 
é preciso realizar investigação geotécnica, atividade fundamental para qualquer obra 
e, em especial, para as barragens. Afinal, são grandes obras que impõem tensões 
elevadas no solo”, diz o docente. 
Independentemente da tipologia, a execução deve ser feita de acordo com as 
diretrizes das normas técnicas e sempre empregando os materiais adequados. “A 
construção precisa seguir à risca o projeto e tudo deve ser feito levando em 
consideração as condições do entorno”. 
Não existem normas técnicas específicas para essas construções. O que há é 
uma vasta coletânea de diretrizes para cada etapa do projeto e execução. “Mais de 
 
50 normas precisam ser seguidas, como as que norteiam o processo de sondagem e 
de realização do aterro”. 
O Programa Estadual de Construção de Barragens prevê investimentos de R$ 
60 milhões, por meio de recursos da Secreataria de Estado da Agricultura, 
Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), para a implantação de 60 reservatórios 
de água no interior do Estado até este ano, além da retomada das obras da maior 
barragem do Espírito Santo. 
Para a definição dos locais onde ficarão as 34 barragens, foram levados em 
consideração os seguintes fatores: 
 Existência de Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) firmados; 
 Locais que possibilitavam a construção de barragens médias e com uma 
maior relação volume/lâmina; 
 Locais que não necessitavam de desapropriação (áreas doadas); 
 Maior número de usuários beneficiados. 
 
A Seag também está licitando as obras para a construção de 26 barragens de 
uso coletivo em assentamentos de trabalhadores rurais capixabas no Norte do Estado. 
Elas terão capacidade de armazenamento de 1,5 bilhão de litros de água e 
representam um investimento de aproximadamente R$ 14 milhões. 
A Seag também está concluindo as obras da barragem de Pinheiros-Boa 
Esperança, um investimento de R$ 6,1 milhões. Essa barragem será a maior do 
Espírito Santo, com cerca de 270 hectares de área alagada, em uma extensão de 
aproximadamente 10 quilômetros. A capacidade de armazenamento da barragem 
será de 17 bilhões de litros de água, quantidade suficiente para abastecer uma 
população de 310 mil habitantes por um período de um ano. 
A implantação da barragem teve início em 2003. Inicialmente, as obras eram 
tocadas pela prefeitura de Pinheiros, em parceria com o Governo Federal. No entanto, 
ao longo dos anos, o projeto sofreu com inúmeras paralisações. Como forma de dar 
agilidade à conclusão da represa e aumentar a segurança hídrica em toda a região de 
abrangência da barragem, o Governo do Estado decidiu assumir a obra no final do 
ano passado. A expectativa é que o barramento esteja fechado até o primeiro 
semestre de 2017. 
 
As obras de conclusão da represa de Pinheiros-Boa Esperança consistem no 
fechamento da barragem, na delimitação e na recuperação das áreas de preservação 
permanente e na limpeza e na preparação da área que será alagada. Serãoreflorestados aproximadamente 100 hectares no entorno da barragem, cumprindo a 
exigência legal de manter como Área de Preservação Ambiental (APP) uma faixa de 
30 metros a partir da margem da represa. 
Além das barragens citadas, a Companhia Espírito Santense de Saneamento 
(Cesan) e a Seag firmaram um convênio para a elaboração de seis novos projetos de 
barragens de médio porte. De acordo com o convênio, a Cesan vai repassar R$ 600 
mil para que a Seag realize a licitação para elaborar os estudos e projetos básicos 
necessários para contratar as obras de construção das barragens. A prioridade dos 
empreendimentos é para o abastecimento humano, mas os reservatórios também 
podem ser utilizados para outros fins, como geração de energia, irrigação e contenção 
de enchentes. 
O objetivo de construção das barragens é armazenar água para garantir a 
segurança hídrica e a regularidade do abastecimento público. Os municípios 
beneficiados serão Alto Rio Novo, Vila Pavão, Pedro Canário, Ecoporanga, Barra de 
São Francisco e São Roque do Canaã, cidades que estão entre as mais afetadas pela 
crise hídrica. A expectativa é que os projetos de engenharia sejam concluídos até o 
primeiro semestre do ano que vem. 
As barragens deverão ser construídas em áreas estratégicas e atender às 
regiões que historicamente apresentam redução na disponibilidade da água e que 
estão com os mananciais em estado extremamente crítico. A construção das 
barragens também vai reduzir os efeitos das mudanças climáticas no regime de 
chuvas e da baixa retenção de água pelo solo devido ao desmatamento. 
12 SEGURANÇA DE BARRAGENS 
A Lei nº 12.334/2010 estabelece a Política Nacional de Segurança de 
Barragens. A segurança de barragens é a condição que visa manter a sua integridade 
estrutural e operacional da barragem e a preservação da vida, da saúde, da 
propriedade e do meio ambiente. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12334.htm
 
De acordo com lei, a segurança da barragem é responsabilidade do 
empreendedor. Já a responsabilidade pela fiscalização da segurança das barragens 
é dividida entre quatro grupos, de acordo com a finalidade da barragem. A saber: 
 Barragens para geração de energia: Agência Nacional de Energia 
Elétrica (ANEEL); 
 Barragens para contenção de rejeitos minerais: Departamento Nacional 
de Produção Mineral – DNPM; 
 iii) Barragens para contenção de rejeitos industriais: Instituto Brasileiro 
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou 
órgãos ambientais estaduais, a depender da emissão da Licença 
Ambiental; e 
 iv) Barragens de usos múltiplos: Agência Nacional de Águas (ANA) ou 
de órgãos gestores estaduais de recursos hídricos. 
 
Como exemplo de competências, no caso específico do acidente de 
Mariana/MG, a fiscalização da segurança da barragem caberia ao Departamento 
Nacional de Produção Mineral (DNPM), por se tratar de barragem de rejeitos. 
A fiscalização da segurança, por sua vez, não exclui as ações de outros órgãos, 
como a fiscalização relativa ao licenciamento ambiental, outorgas etc. 
Atualmente o IBAMA cobra o cadastramento daqueles que possuem barragens 
em seus empreendimentos, e que são obrigados a se registrarem no Cadastro 
Técnico Federal (CTF), de que trata a Lei 10.165 de 2000. 
Os empreendimentos que possuem barragens, sejam de água, sejam para 
retenção de resíduos/rejeitos, além do Relatório Anual de Atividades Potencialmente 
Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais - RAPP, obrigatoriamente devem 
também preencher o Relatório Anual para Barragens, em específico as pessoas 
físicas e/ou jurídicas que exercerem atividade sujeita à Taxa de Controle de 
Fiscalização Ambiental (TCFA) e que possuam barragens. Algumas informações que 
são fornecidas no relatório: volume do barramento, tipo do produto/resíduo poluente 
nela armazenado, existência de Plano de Ação de Emergência no âmbito do seu 
respectivo licenciamento ambiental, bem como se houve algum tipo de monitoramento 
de sua segurança naquele período. 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L10165.htm
 
13 BARRAGENS HIDRELÉTRICAS 
 
Fonte: www.veja.abril.com.br 
As barragens hidrelétricas constituem hoje a principal fonte de energia elétrica 
no Brasil e uma das maiores produtoras no mundo. São complexas construções que 
utilizam princípios básicos da física para gerar eletricidade, usando a força da água 
represada que, ao ser pressionada a passar pelos dutos dos paredões, impulsiona as 
pás das turbinas que acionam os geradores. 
É uma fonte natural até certo ponto e uma alternativa extremamente viável 
quando a água era encontrada abundantemente e não havia riscos de sua extinção 
no mundo. 
Apesar de serem projetos de engenharia caríssimos por conta de sua difícil 
implantação, da necessidade de estudos prévios detalhados sobre viabilidade e de 
exigir constante manutenção da infraestrutura produtiva, a eletricidade gerada pelas 
barragens hidrelétricas ainda é uma das mais baratas que o homem já produziu. 
 
Grandes dificuldades são encontradas para a construção de barragens como: 
lidar com o regime dos rios, com seus cursos e relevos particulares, com o clima e até 
com a inospitalidade do local a ser atendido por uma quantidade imensa de material 
de construção e de máquinas. 
Ainda assim, são obras que despertam o interesse tanto das construtoras como 
dos governos, pelo seu alto custo, para uns, e pelo seu potencial de geração de 
energia, para outros. 
Além disso, as barragens são usadas para outros fins como a piscicultura, a 
irrigação de áreas do entorno, captação de água para fornecimento a atividades 
industriais, etc. porém, o grande problema delas é o alto custo socioambiental 
causado pelos impactos de sua implantação. 
Para a construção de uma barragem hidrelétrica, é necessário o represamento 
da água de um rio que, sem ter como continuar seu curso natural, alaga grandes 
paragens à sua volta, formando um imenso lago onde antes havia fauna e flora, além 
de comunidades inteiras e povos originários. 
Muitas pessoas perderão suas casas (cidades inteiras já foram alagadas), 
juntamente com suas atividades econômicas, geralmente ligadas ao rio, e várias 
espécies serão ameaçadas, tanto de plantas como de animais, por maior que seja o 
esforço em catalogá-las e mudá-las de região. 
Algumas espécies, simplesmente, não se adaptam, e assim também é com o 
ser humano que é removido de seu habitat natural. 
Por esse motivo é necessário pensar-se em alternativas para a construção de 
barragens hidrelétricas e, principalmente, para nossa forma de consumo de 
eletricidade. Além disso, por serem completamente dependentes dos regimes dos 
rios, as mudanças climáticas que estão ocorrendo no mundo todo podem modificar a 
capacidade de produção de uma barragem, jogando fora grandes quantias gastas. 
Um investimento em novas tecnologias na produção, transmissão e no 
consumo, que minimizem o desperdício, também é uma boa alternativa para diminuir 
nossa necessidade de aumento na produção de energia. 
 
14 A IMPORTÂNCIA DAS BARRAGENS PARA A CONVIVÊNCIA COM A SECA 
A escassez de água sempre foi o grande desafio para a sobrevivência humana 
e animal, sobretudo no Norte e Nordeste de Minas Gerais, onde a estiagem é 
prolongada. Uma alternativa que sempre deu certo foi a construção de barragens 
abertas ou subterrâneas. 
 
 
Fonte: www.veja.abril.com.br 
A técnica desta última é relativamente simples. Consiste em captar e 
armazenar a água da chuva em pequenas valas abertas até a parte impermeável do 
solo. Depois cobre-se com lonas, terra e vegetação rasteira. 
Já as barragens abertas são depósitos de água bem maiores com a finalidade 
de abastecer grandes áreas povoadas ou a atividade agropecuária. Há mais de quatro 
séculos as barragens vêm propiciando enormes benefícios. Apesar de o Brasil ter a 
maior reserva de água potável do mundo, sofremos problemasde contaminação de 
mananciais e irregularidade pluviométrica. As barragens têm demonstrado resultados 
bem exitosos para se evitar isso. 
 
No entanto, necessitam de investimento financeiro, humano e ambiental, além 
de acompanhamento, monitoramento e manutenção, para garantir seu funcionamento 
e evitar acidentes. É exatamente isso que o governo do Estado de Minas vem fazendo. 
Só para se ter ideia, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Integração 
do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Sedinor) liberou R$ 9 milhões para as obras de 
ampliação do sistema de abastecimento de água do município de Montes Claros e R$ 
4,2 milhões para a complementação da Barragem Viamão, em Mato Verde. 
As obras em Montes Claros, que começaram a ser executadas no ano passado, 
vão garantir o abastecimento em toda a cidade e distritos da zona rural 24 horas por 
dia, sem sofrer interrupções. A capacidade de tratamento da Estação de Tratamento 
de Água - ETA Verde Grande será quase dobrada, passando dos atuais 600 
litros/segundo para 1.156 litros/segundo. 
 
Parei aqui 
Já a ETA Morrinhos, que será totalmente modernizada, passará dos atuais 250 
para 400 litros/segundo. Além disso, um novo reservatório será construído com a 
capacidade de 11 mil metros cúbicos e mais dois reservatórios nos bairros Ibituruna e 
Sapucaia. 
Essas ações têm o intuito de amenizar os efeitos da seca em todo o nosso 
Estado, principalmente nas regiões mais secas, pois o total investido já chega a R$ 
34 milhões para essa obra, que faz parte das ações do programa Água Para Todos, 
resultado de convênio firmado em outubro de 2016 entre o governo de Minas Gerais 
e o Ministério das Cidades. 
Não resta dúvida que as barragens são importantes instrumentos de 
desenvolvimento, haja vista que propiciam a geração de energia hidrelétrica, o 
fornecimento de água, a regulagem das cheias e beneficiam diretamente a irrigação, 
o que pode ser traduzido em mais fartura para a mesa dos brasileiros. 
Graças às barragens, o Brasil tem melhores condições de enfrentar os desafios 
da seca e proporcionar uma vida menos cruel para sua gente. Continuaremos nessa 
empreitada de ajudar os mineiros, das mais longínquas cidades, a terem água de 
qualidade durante todo ano. Esse é o compromisso que já estamos cumprindo. 
Barragens de terra são necessárias às atividades rurais 
 
A água é um recurso natural de grande importância para o homem, pois sua utilização é 
indispensável em qualquer atividade. Apesar da sua abundância na Terra, ao longo dos anos, ela 
vem sofrendo agressões intensas e, em consequência, sua disponibilidade vem diminuindo cada 
vez mais. É fácil perceber que a redução na quantidade e na qualidade da água poderá se tornar 
um problema muito sério para a humanidade. Portanto, em qualquer situação, ela deve ser 
utilizada de forma racional, isto é, de maneira não abusiva e sempre evitando-se a contaminação 
dos mananciais. 
 
Tendo em vista que a maioria das bacias de cabeceira, onde nascem os rios, encontram-se em 
propriedades rurais, a preservação da qualidade da água deve iniciar pelo meio rural. Dependendo 
da atividade que o produtor deseja praticar, para que ela seja conduzida de forma eficiente, torna-
se necessário construir uma barragem. Porém, a atual legislação referente à preservação dos 
recursos ambientais reconhece que os cursos d’água, mesmo aqueles que se localizam em 
propriedades particulares, são áreas de preservação permanente e, por isso, a construção de uma 
barragem, que geralmente é feita interceptando um curso d’água, não poderá ser uma decisão 
exclusivamente do produtor. 
 
É preciso haver uma autorização dos órgãos competentes com base em comprovação de que a 
obra será de interesse público ou que favorecerá o desenvolvimento social da região. É preciso, 
também, haver comprovações de que a construção da barragem será conduzida seguindo critérios 
técnicos adequados que resultarão em uma barragem eficiente, segura, sem riscos de 
arrombamentos e dentro das normas de preservação do meio ambiente. 
 
Uma barragem de terra é uma estrutura construída em sentido, geralmente, transversal ao fluxo 
de um curso d’água, de tal forma que permita a formação de um reservatório artificial. Esse terá a 
finalidade de acumular água ou elevar o nível do curso. Quando apenas as águas das chuvas 
serão acumuladas no reservatório, ele é denominado de açude; já aqueles reservatórios que têm 
regime normal de abastecimento (córregos, riachos ou rios) são denominados de represas. 
Dependendo da atividade que o produtor deseja praticar, torna-se necessário a construção de uma 
barragem 
A construção de uma barragem poderá ser feita visando atender a diversas situações, tais 
como permitir o abastecimento uniforme de água para comunidades; armazenar água para ser 
utilizada em irrigações; elevar o nível de um curso de água para possibilitar o abastecimento, por 
gravidade, a sistemas de irrigação, pisciculturas, criatórios de animais (bovinos, equídeos, aves), 
entre outros; e possibilitar a instalação de rodas d’água, associadas a bombas de pistão, para 
realizar bombeamento de água, possibilitando a criação de peixes em tanques-rede; entre outras. 
 
http://www.cpt.com.br/cursos-irrigacao-agricultura
 
Apesar de ser bastante fácil construir uma barragem, para que ela seja feita com segurança e seja 
eficiente, torna-se necessário entender os elementos que a constituem; saber avaliar se um 
determinado local é adequado para construí-la; e dominar as técnicas construtivas. 
 
Com o objetivo de mostrar os critérios técnicos, que garantirão uma barragem eficiente, segura e 
sem riscos de arrombamentos, o CPT – Centro de Produções Técnicas elaborou o 
curso “Construções de Pequenas Barragens de Terra”, no qual você receberá informações do 
professor José Dermeval Saraiva Lopes, engenheiro agrícola, mestre em engenharia agrícola, 
com grande experiência prática. 
 
Após fazer o curso e ser aprovado na avaliação, o aluno recebe um certificado de conclusão 
emitido pela UOV – Universidade On-line de Viçosa, filiada mantenedora da ABED – Associação 
Brasileira de Educação a Distância. 
 
Na construção das barragens de terra são utilizados materiais naturais e equipamentos simples. 
Elas são ideais de serem construídas em vales abertos; em locais que possuam grandes 
quantidades de solo argiloso ou areno-argiloso; e que disponha, pelo menos, em uma de suas 
laterais, de um espaço que possibilite a construção de um extravasor, sem a necessidade de fazer 
grandes cortes no terreno. Todo o solo retirado na abertura do extravasor deverá ser aproveitado 
para a construção do corpo da barragem. 
Geologia de Barragens e a 
importância na Engenharia 
Toda obra de engenharia tem pelo menos parte de sua estrutura em contato com rochas 
ou solos. Conhecer as condições geológicas do local no qual será inserida uma barragem, por 
exemplo, possibilita um projeto executado de forma mais eficiente em vários aspectos. Cabe ao 
geólogo fazer os levantamentos e toda a investigação necessária para trazer ao engenheiro a 
natureza e a situação desses terrenos. 
A obra ideal é aquela que tenha tempo de execução reduzido, e consequentemente, seus 
custos também. Garantir a sua segurança para que não aconteçam desastres no futuro e a 
preservação (ou mínimo desgaste possível) do meio ambiente são itens igualmente considerados 
em um projeto. Não basta somente, como querem alguns profissionais, a adoção de coeficientes 
de segurança mais altos, pois essa medida implica em obras mais caras, provavelmente mais 
demoradas e, claro, menos competitivas. 
http://www.cpt.com.br/
http://www.cpt.com.br/cursos-irrigacao-agricultura/construcao-de-pequenas-barragens-de-terra
 
A vida de uma obra de barramento inicia-se com o projeto da obra, passando pela 
construção e operação. O projeto é constituído por quatro fases: 
1. Inventário ou plano diretor; 
2. Viabilidade;3. Projeto básico; 
4. Projeto executivo. 
Geologia de Barragens explica detalhadamente cada uma das fases do projeto, e a partir 
da vasta experiência do autor na área, são citados exemplos de como a falta da geologia em 
projetos de engenharia aumenta a margem de prováveis desastres. A não valorização do mapa 
geológico é visível no Brasil, fato é, que desastres de barragens estão cada vez mais comuns. 
Irapé 
A barragem de Irapé em Minas Gerais é um exemplo citado pelo autor. Nela, uma análise 
das propriedades químicas ao final da fase de viabilidade permitiu constatar eflorescências sobre 
os testemunhos de sondagens, cuja análise revelou tratar-se de sulfato de cálcio. 
Tal fato levou a desconsiderar para esse projeto as alternativas de barragens de 
enrocamento com face de concreto e de concreto compactado, que foram desenvolvidas como 
mais viáveis, para optar por barragem de terra, cujo projeto foi desenvolvido na fase de projeto 
básico e levado à construção em seguida. A mudança evitou sérios problemas futuros, pois 
certamente os carbonatos do cimento reagiriam com o sulfato do agregado, provocando a 
deterioração do concreto. 
Para a barragem de Irapé, a pesquisa micropetrográfica bem detalhada foi essencial, 
assim como deve ser para outras obras, pois alguns minerais presentes nos agregados podem 
liberar sais quando em presença de água, os quais podem promover mudanças na pega e no 
endurecimento do cimento, além de provocar a deterioração do concreto. 
O conhecimento das condições hidrográficas e hidrológicas, estabilidade dos terrenos, 
composição e propriedade dos solos e rochas, entre outros itens, são fundamentais para uma boa 
investigação. Uma boa investigação é, portanto, um bom projeto. 
Acúmulo de água em 
barragens é solução apontada por 
especialista em irrigação 
http://www.ofitexto.com.br/produto/geologia-de-barragens.html
 
Artigo do presidente da ABID, Helvécio Mattana, destaca as boas técnicas de 
engenharia para a gestão de recursos hídricos 
A crise hídrica, realidade em grande parte do território brasileiro e intensificada 
no segundo semestre deste ano, tem sido tema de diversos estudos, principalmente 
com o intuito de desenvolver novas alternativas para a falta de água e seus efeitos. 
Outra vertente bastante discutida é o uso da água para a irrigação, como forma de 
ampliar a agricultura irrigada no país, que carrega consigo efeitos multiplicadores tanto 
na área econômica, como social. 
Neste sentido e buscando destacar as boas práticas agrícolas que assegurem 
a infiltração e captação de cada gota d’água que cai na propriedade, o engenheiro 
agrônomo e presidente da Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem (ABID), 
Helvécio Mattana Saturnino, desenvolveu o artigo “A riqueza das gotas das chuvas 
não pode ser perdida”. No trabalho, ele busca desmistificar as reservas deste recurso 
em barragens de terra, demonstrando que essa é uma opção viável para manter a 
água da chuva nas bacias hidrográficas, 
Além disso, o engenheiro agrônomo destaca a capacidade, especialmente do 
espaço rural, de coletar as chuvas e fazê-las cada vez mais produtivas ao longo do 
ano, seja para a produção agrícola, garantindo os investimentos dos agricultores ou 
para a regulação do fluxo hídrico ao longo do ano retendo as águas da estação 
chuvosa. 
“Na construção de barragens está a necessidade de conjugar as boas técnicas 
de engenharia com as de gestão dos recursos hídricos, para que cada 
empreendimento seja seguro e atenda às necessidades projetadas. Além disso, pelo 
fato da maioria dos mananciais necessitarem de intervenções em áreas de 
preservação permanente, é imprescindível a licença ambiental para construção das 
barragens. Infelizmente, as dificuldades e morosidade dos processos de 
licenciamento ambiental, têm levado muitos agricultores a desistirem do 
empreendimento”, argumenta Mattana no artigo. De toda forma, ele considera que 
guardar as águas de chuvas em pequenas e médias barragens pode ser considerado 
um estratégico investimento. 
No mesmo artigo, Helvécio faz a divulgação do documento intitulado 
“Construção de barragens para fins de agricultura irrigada- cenário regulatório, 
 
desenvolvido na cidade de Viçosa. A publicação aborda a importância das barragens 
e traz os fundamentos e procedimentos necessários para que esses investimentos 
sejam realizados. O trabalho completo pode ser acessado pelo link: 
https://drive.google.com/viewerng/viewer?url=http://www.ciflorestas.com.br/arquivos/
d_d_d_32086.pdf 
A IMPORTÂNCIA DAS BARRAGENS SUBTERRÂNEAS PARA AS FAMÍLIAS DO SEMI-
ÁRIDO PERNAMBUCANO 
 
INTRODUÇÃO: 
A escassez de água na região do semi-árido se constitui num grande obstáculo à 
permanência humana no meio rural. Uma alternativa para esse problema é a construção das 
Barragens Subterrâneas (BS’s). A técnica é relativamente simples, consiste em captar e armazenar 
a água da chuva no perfil do solo por meio de uma ‘parede’ impermeável transversal ao 
deslocamento da água. De baixo custo, essa tecnologia tem diversificado o sistema agrícola, e 
consequentemente, melhora da qualidade alimentar da família. Com o objetivo de avaliar as 
condições sócio-econômicas das famílias que dispõem das BS’s, faz-se necessário também 
estudar a diversificação de cultivo e produção agrícola. Essa experiência relatada aqui pretende 
mostrar como é possível criar condições de convivência com o semi-árido, tendo por base a 
construção de barragens subterrâneas. 
 
METODOLOGIA: 
Este trabalho teve como principal fonte o Instituto Agrônomo de Pernambuco – IPA, no qual 
foi possível fazer análises quantitativas e qualitativas das BS’s existentes no município de Pedra, 
localizado no Agreste pernambucano, na microrregião do Vale do Ipanema, distante 255 Km da 
capital. Foram recolhidos materiais iconográficos e realizadas visitas “in loco” na qual foi observado 
quatro BS’s, sendo possível analisar os dados obtidos e delinear os resultados vistos em campo. 
 
RESULTADOS: 
As BS’s foram construídas, a priori, para oferecer a possibilidade de uma alimentação mais 
adequada às famílias em época de seca, mas tem surpreendido pelo seu potencial de 
aproveitamento. Elas podem fornecer água para uso doméstico, consumo animal e até irrigação. 
Essas obras somam mais de 500 unidades no semi-árido pernambucano. É fundamental, antes de 
 
construir uma barragem subterrânea, certificar-se da qualidade da água do riacho e do solo 
circundante para não apresentar problemas de salinidade, que é o principal indicador. O outro, não 
menos importante, diz respeito ao modo de construção das BS’s, que pode ser mecanizada ou 
manual. O custo varia entre R$ 500, se for manual, usando a mão-de-obra familiar e dando 
emprego temporário, até R$ 6 mil, se for mecanizada. Os resultados demonstram tanto a 
exploração de culturas anuais, tais como milho, feijão, sorgo, como também culturas perenes: 
manga, graviola, limão, goiaba, acerola. Para a criação de animais, ficou constatado que é melhor 
“criar animais que bebam pouca água”, como afirma um criador de galinhas. Animais de menor 
porte consomem menos água. Todos esses fatores elevam a qualidade de vida da família no semi-
árido, sem que se mostrem necessárias construções de mega barragens e/ou transposições. 
 
CONCLUSÃO: 
Ante o exposto, verifica-se que existem diferentes alternativas para a criação e a exploração 
de reservas hídricas na região do semi-árido. A construção de BS’s, em condições favoráveis, pode 
ser a salvação de milhares de famílias. Diante disso, esse estudo vem propor que a barragem 
subterrânea constitua uma alternativa à captação de água, de forma que incremente a 
produtividade agrícola, bem como vem propor a permanência do homem no campo com condições 
dignas para a sua sobrevivência. 
A segurança das barragens 
brasileiras 
15 de junho de 2009 
63 
As obras de engenharia devem sempre considerar os efeitosde chuvas 
intensas. 
E as barragens não são exceções 
MAIS UMA vez a engenharia brasileira se viu diante de uma tragédia. 
Agora foi o rompimento da barragem de 
Algodões, no Piauí, em 27/5. 
 
Desde o ano passado, Algodões era uma barragem doente, que 
apresentava problemas sérios. Os responsáveis demoraram no diagnóstico e 
subestimaram a doença. O remédio veio fraco e tardio. Com a confirmação de 
pelo menos sete pessoas mortas, esse foi o maior acidente com barragens já 
registrado no país. 
Mais uma vez a chuva foi rapidamente apontada como a culpada pelos 
governantes, pelos responsáveis e pelos irresponsáveis. O rompimento da 
barragem e a inundação resultante foram classificados como súbitos ou 
inesperados. São argumentos que não se sustentam quando avaliados com um 
mínimo de seriedade. 
As obras de engenharia devem sempre considerar os efeitos de chuvas 
intensas. E as barragens não são exceções. Pelo contrário, são projetadas para 
resistir à pior inundação prevista para acontecer em milhares de anos. 
Anualmente, muitas barragens rompem no país. Em reunião técnica 
realizada na ANA (Agência Nacional de Águas), horas antes da tragédia do 
Piauí, falou-se em 800 acidentes ou incidentes com barragens brasileiras nos 
últimos oito anos. Ou seja, em média, a cada três ou quatro dias, uma 
barragem apresenta graves problemas no Brasil. A grande maioria sem 
divulgação na mídia nacional. 
Nesse cenário alarmante, com a população passando a temer as 
barragens, pode parecer contraditório afirmar que a nossa engenharia de 
barragens é uma das mais conceituadas do mundo. Sabemos projetar e 
construir barragens seguras, com tecnologia que nada fica a dever a nenhum 
país. A culpa desses inúmeros acidentes pode ser atribuída à má gestão. 
Existem hoje no Brasil centenas de barragens sem dono, sem um responsável 
privado ou governamental. Centenas de barragens abandonadas, sem 
vistorias, sem avaliação, sem monitoramento, sem manutenção. Precisamos 
urgentemente regulamentar a segurança das barragens. 
No Brasil, políticos e governantes não dão importância à gestão das 
barragens. Se dessem, já teriam aprovado um projeto de lei sobre o assunto 
(PL 1181/03), que tramita há anos e sem pressa na Câmara dos Deputados. 
 
Segurança de barragens tem sido tema frequente de encontros técnicos 
no Brasil, reunindo os maiores 
especialistas nacionais e estrangeiros. Como resultado, em dezembro de 2008, 
duas tradicionais entidades da nossa engenharia, o CBDB (Comitê Brasileiro de 
Barragens) e a ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e 
Engenharia Geotécnica), lançaram uma carta aberta, com recomendações 
relevantes sobre o assunto. A criação de um órgão específico, tal como uma 
comissão federal sobre segurança de barragens, é de extrema importância 
para definir responsabilidades e implantar procedimentos padronizados. É 
assim nos principais países desenvolvidos. 
Um bom exemplo vem de Minas Gerais. Após a ruína da barragem da 
Mineração Rio Verde, em 2001, a pressão da sociedade levou a Secretaria do 
Meio Ambiente a implantar um programa estadual de segurança. Foram 
estabelecidos os requisitos para a concessão e a renovação de licenças das 
barragens de mineradoras classificadas com maior potencial de dano. 
Os proprietários devem apresentar um plano de ações emergenciais, 
delimitando a área afetada no caso de eventual rompimento. E devem ainda 
apresentar anualmente um relatório de segurança, emitido por especialista 
independente. O órgão ambiental tem poder para negar a licença se os 
requisitos não forem atendidos. 
No caso de Algodões, a emergência fora anunciada no início de maio, 
quando milhares de residentes foram removidos das áreas a jusante da 
barragem. A decisão sobre o eventual retorno das famílias não poderia ser 
tomada em ambiente de pressões sociais e políticas. A situação requeria uma 
avaliação especializada, com um painel independente de técnicos. 
Na área da saúde, uma emergência sobre pandemia é tomada em 
reunião de médicos especializados. Na Justiça, as decisões são tomadas por 
magistrados e juízes. Mas a nossa engenharia anda mesmo sem prestígio: a 
decisão sobre o risco de ruptura da barragem Algodões foi tomada por um 
engenheiro cercado de políticos, bombeiros e leigos. As vidas dos moradores 
foram decididas numa reunião de fundo político. 
 
A situação da segurança das barragens permanece indefinida. As 
autoridades precisam se sensibilizar para não repetir erros. Talvez a grande 
tragédia de Algodões possa ao menos contribuir para reverter a situação. 
O conhecimento sobre as implicações do armazenamento de milhões de 
toneladas de rejeitos em barragens, principalmente a longo prazo, ainda não 
são plenos. A construção de grandes barragens de rejeitos tem sido feita há 
mais de um século, e essas estruturas requerem a manutenção da sua 
integridade em perpetuidade. Porém, apenas um período relativamente curto 
de sua existência e desempenho tem sido estudado. 
As tecnologias para projeto e construção avançam de forma constante 
durante o tempo, principalmente motivadas por falhas de barragens que 
sinalizam a necessidade de uma análise mais profunda, bem como a requisição 
de premissas mais conservadoras para projetos. O elevado número de 
acidentes de barragens, de grande magnitude, ocorridos nos últimos anos, 
principalmente em relação as estruturas de mineração, nos remete a questões 
associadas a investigação destas falhas. 
Nos casos históricos, tem-se o rompimento em 1986 da barragem de 
rejeitos da Mina de Fernandinho (Itabirito) que resultou na morte de sete 
pessoas. Ainda na cronologia dos grandes acidentes, destaca-se a Barragem 
da Mineração Rio Verde (Macacos – Nova Lima) em 2001, em uma área de 43 
hectares, com a morte de cinco operários e assoreamento de 6,4 km do leito 
do rio Taquaras. Em 20 de março de 2003, a barragem de um dos reservatórios 
da Indústria Cataguases de Papel se rompeu, liberando cerca de 1,4 bilhões de 
litros de lixívia no córrego Rio Pomba e fazendo com que a FEAM implantasse 
o sistema de fiscalização de barragens no Estado. Em Miraí, na Zona da Mata, 
uma barragem da mineradora Rio Pomba Cataguases se rompeu em 2007, 
resultando em 4.000 moradores desalojados. Para o ano de 2014, tem-se 
registros do desabamento de um túnel na Mina do Pico, em Itabirito e, nesse 
mesmo ano, a barragem da Herculano Mineração que se rompeu em setembro, 
com a morte de 3 pessoas. Por fim, em 2015, o rompimento da Barragem da 
 
Samarco, em Mariana, com a propagação de 62 milhões de m3 de rejeitos e a 
destruição total do Distrito de Bento Rodrigues. 
No cenário Internacional, cita-se em 2010, o rompimento do reservatório 
de lixo tóxico da produção de alumínio na Hungria, no Leste Europeu, com a 
morte de quatro pessoas. A China registrou inúmeros acidentes dessa natureza 
nos últimos anos, com mais de duzentas mortes, sendo que a maioria está 
associada aos efeitos da liquefação em função do grande número de tremores 
de terra. 
O levantamento efetuado em 2014 pelo ICOLD das rupturas de 
barragens ocorridas entre os anos de 1915 a 2014, apresentado no Bulletin 
121, considera as rupturas de barragens em cinco categorias, como pode ser 
visto na Tabela 1 sendo: 
• (1) Rupturas muito graves de barragens de rejeitos, com perdas de vida 
de aproximadamente 20 pessoas e/ou derramamento igual ou superior a 
1.000.000m3 de semi-sólidos e/ou danos em 20km ou mais. 
• (2) Rupturas graves de barragens de rejeitos, com perdas de vida e/ou 
derramamento igual ou superior a 100.000m3 de semi-sólidos e/ou danos em 
20km ou mais. 
• (3) Demais tipos de rupturas de barragens de rejeitos, com falhas de 
engenharia ou de processo, que podem ser classificadas como muito grave ou 
grave, sem perdas de vida. 
• (4) Outros tipos de acidentes relacionados a barragens de rejeitos, 
exceto aqueles que podemser classificados como 1, 2 ou 3. 
• (5) Outros tipos de acidentes não relacionados a rejeitos ou de causas 
desconhecidas, tais como águas subterrâneas, fundação, etc. 
Tabela 1 – Rupturas de barragens de rejeito entre 1915 e 2014 (ICOLD-
2014) 
 
Em relação ao tipo de alteamento e/ou função dos barramentos, tem-se 
que das 268 rupturas cadastradas, 32% refere-se a alteamentos de montante 
 
(87 estruturas) e, deste percentual, cerca de 22% sem indicação de perdas de 
vida humana. Entretanto, tem-se um total de 110 estruturas que não 
apresentam esse tipo de informação, ou seja, 41% das rupturas não podem ser 
classificadas em função do tipo de alteamento, como pode ser visto na Tabela 
2. 
Tabela 2 – Rupturas em função do tipo de alteamento 
 
As rupturas de barragem não estão limitadas a técnicas antigas e 
conservadoras ou para países com efetivo controle na regulamentação. A 
maioria das falhas nas barragens de rejeito ocorrem em minas em operação, 
sendo que 44% das falhas em todo mundo ocorreram nos Estados Unidos 
(ICOLD, 2014). O Brasil está em oitava posição no ranking dos paísescom 
registros de acidentes de barragens, como apresentado na Tabela 3. 
Segundo o ICOLD, tem-se 8 rupturas cadastradas no Brasil, como pode 
ser visualizado na Tabela 4, sendo que a ruptura de Crixás e do Pico de São 
Luís são consideradas de pequena magnitude, com poucos dados disponíveis 
na literatura de barragens. Percebe-se a ausência de muitas informações, o 
que nos leva a concluir que a investigação dos acidentes de barragens ainda é 
um processo moroso e com poucos dados sendo disponibilizados. 
Tabela 4 – Rupturas ocorridas no Brasil 
 
Adaptado de ICOLD-2014 
Desde a emissão inicial do relatório do ICOLD em 2011, que foi 
atualizado em 2014, as rupturas mantêm uma periodicidade de 8 meses, ou seja, 3 
falhas a cada 2 anos. Segundo Chambers (2001), ao longo de uma estimativa de vida 
de 10.000 anos, que é uma estimativa conservadora para garantia da integridade de 
uma estrutura, têm-se uma chance desproporcional de ocorrência de falhas face a 
elevação do número de estruturas. Entretanto, essa periodicidade é relevante se 
considerado o fato de que os avanços tecnológicos para metodologias de disposição 
ocorrem a todo momento, corrigindo e minimizando novas falhas. Ou seja, mesmo 
 
com o advento e implementação de novas tecnologias, os acidentes continuam a 
ocorrer na mesma proporção, o que nos leva a crer que não somente um bom projeto 
garantirá a integridade das estruturas, devendo ser considerados outros fatores para 
a vida útil do empreendimento. 
Em relação a esses fatores, pode-se citar uma consistente campanha de 
investigação geológico-geotécnica para subsidiar o projeto e possíveis intervenções 
durante a operação, acompanhamento das metodologias construtivas adotadas, 
adoção de planos efetivos de monitoramento e manutenção, processos de operação 
condizentes com o que foi considerado no projeto, fiscalização incisiva e corretiva, 
dentre outros. Já são 15 anos desde que o ICOLD iniciou os trabalhos para 
investigação de técnicas construtivas e práticas operacionais de barragens de rejeitos 
na ruptura, sendo que a taxa de falhas por ano tem se mantido constante. 
O galgamento de uma barragem é, geralmente, o precursor de um evento de 
ruptura e pode ser originado em função de um projeto inadequado do sistema 
extravasor, bloqueio dos vertedouros ou decréscimo da crista da barragem e/ou borda 
livre. Os problemas associados a fundação, incluindo a instabilidade geotécnica do 
maciço, também são modos de falha recorrentes, assim como a erosão interna 
causada por infiltração, denominada piping, e os desdobramentos da liquefação dos 
rejeitos. Ainda pode-se associar os modos de ruptura a problemas estruturais 
relacionados a utilização inadequada de materiais de construção, bem como a 
estimativa inadequada dos parâmetros de resistência e falhas no sistema de 
manutenção. O projeto e a construção de uma barragem não são os únicos pontos de 
atenção na garantia de estabilidade de uma estrutura, devendo haver um rígido 
controle de operação, manutenção e fiscalização durante toda a vida útil do 
empreendimento. 
De acordo com os levantamentos e estudos realizados, as principais 
conclusões em relação as causas mais prováveis de rupturas são pontos que devem 
ser observados para garantia da integridade e estabilidade de uma estrutura, tais 
como: 
• Causas associadas a negligência dos detalhamentos, tal como taxas de 
alteamento muito elevadas (inclusive compactação das camadas), mudanças em 
equipes de construção e operação, ultrapassagem das alturas de projeto, mudança 
 
nas propriedades dos rejeitos durante a operação e a ausência de um balanço hídrico 
criterioso na prevenção dos galgamentos; 
• O conhecimento técnico existe para permitir que as barragens sejam 
construídas e mantidas a estabilidade, mas rupturas ocorrem com frequência em 
função de falhas de implantação e, principalmente, operação e manutenção das 
estruturas; 
• A proporção de rupturas tem se mantido a cada ano mesmo com os avanços 
tecnológicos, ou seja, não tem sido dada a devida importância a gestão segura das 
barragens no que diz respeito à manutenção e fiscalização das estruturas; 
• A indústria da mineração opera com o objetivo constante de redução de 
custos, uma vez que é perceptível os anseios de retorno sobre o capital investido face 
a redução dos preços de venda dos minérios. Adiciona-se a isso a utilização de 
profissionais cada vez menos experientes, com habilidades técnicas e operacionais 
não tão apuradas. 
Os relatórios sobre as rupturas em barragens de rejeito são, geralmente, 
incompletos e fortemente tendenciosos, não levando em consideração a base de 
dados mundial dos tipos de falhas históricas. A maioria dos incidentes em barragens 
permanecem não declarados, especialmente nos países em desenvolvimento, uma 
vez que, apesar do entendimento técnico sobre os mecanismos básicos de ruptura, a 
taxa de rupturas por ano se mantém. 
As lições aprendidas, principalmente com as rupturas, consistem em uma base 
de dados essencial no entendimento do funcionamento a longo prazo das barragens 
de rejeito. 
Este texto analisa a adoção de procedimentos de licenciamento ambiental no 
Brasil, na Índia e na China em uma área crítica para a ambição desenvolvimentista 
desses países: a de construção de barragens e geração de infraestrutura hidrelétrica. 
Para tanto, e a partir de análise bibliográfica e documental, são apresentadas 
características dos processos de licenciamento ambiental de três empreendimentos 
internacionalmente conhecidos por seus grandes potenciais hidrelétricos e também 
por seus impactos socioambientais: a usina hidrelétrica de Belo Monte, no Brasil; o 
complexo hidrelétrico do rio Nu, na China; e a barragem de Sardar Sarovar, na Índia. 
Tendo em vista a adoção do instrumento de licenciamento ambiental – bem como 
 
características semelhantes que advêm da condição de países emergentes e grandes 
potências hidrelétricas –, é possível identificar similitudes na operação deste 
instrumento de gestão ambiental. Não obstante, peculiaridades nacionais fazem com 
que esses processos assumam um caráter único, marcado pelas distinções na 
configuração do Estado, nos padrões de interação entre agências governamentais e 
nas formas de ação da sociedade civil organizada. 
Apesar de possuírem cultura, economia e sistemas políticos bastante 
diferentes, Brasil, China e Índia têm sido tratados como parte de um mesmo bloco. Os 
três países fazem parte do grupo denominado BRICS1 e são apontados como 
economias com significativo crescimento econômico, que tendem a aumentar seu 
protagonismo no cenário internacional. Conforme seria esperado, este crescimento 
rápido se faz à custa do uso de recursos naturais, o que pode gerar impactos 
significativos no meio biofísico. Em razão disso,ao mesmo tempo em que as pressões 
sobre recursos naturais aumentam, a busca por protagonismo internacional também 
demanda – ao menos formalmente – que esses países se comprometam com 
regulações, políticas e instrumentos de gestão ambiental internacionalmente 
estabelecidos, como é o caso dos procedimentos de licenciamento ambiental. Em 
gestão ambiental, o processo de emulação de boas práticas é central. É comum que 
um programa, um projeto ou um instrumento de gestão considerado bem-sucedido 
em sua origem seja disseminado e replicado em outros contextos, na tentativa de 
reprodução de seus resultados (Fonseca e Bursztyn, 2009; Milanez e Bührs, 2009). O 
processo de emulação tem significativo alcance no nível internacional, e políticas 
ambientais de países emergentes frequentemente são baseadas em suas congêneres 
originadas em países desenvolvidos. Assim, a adoção de procedimentos de 
licenciamento ambiental por países emergentes é amplamente disseminada a partir 
dos anos de 1980, sob pressão iniciada em âmbito internacional por governos de 
países desenvolvidos, agências multilaterais – tais como o Banco Mundial (Drake et 
al., 2002; Santiso, 2001) – e por organizações da sociedade civil de alcance 
internacional. Este estudo analisa a adoção de procedimentos de licenciamento 
ambiental no Brasil, na Índia e na China em uma área crítica para a ambição 
desenvolvimentista desses países, tanto no quantitativo de sua utilização, quanto nos 
conflitos ambientais gerados: a de construção de barragens e geração de 
 
infraestrutura hidrelétrica. Para tanto, e a partir de análise bibliográfica e documental, 
serão apresentadas características dos processos de licenciamento ambiental de três 
empreendimentos internacionalmente 
conhecidos por seus grandes potenciais hidrelétricos e também por seus 
impactos socioambientais: a usina hidrelétrica de Belo Monte, no Brasil; o complexo 
hidrelétrico do rio Nu, na China; e a barragem de Sardar Sarovar, na Índia. Como o 
objetivo deste artigo é identificar as peculiaridades nacionais na adoção de um 
instrumento de gestão ambiental internacionalmente estabelecido, a pesquisa não 
focará nas peculiaridades legais ou formais do licenciamento. O objetivo é apontar – 
ainda que de forma não exaustiva – a influência de elementos como a configuração 
do Estado, a relação entre agências governamentais e entre Estado e organizações 
da sociedade civil, na forma como o processo de licenciamento ambiental é conduzido 
nesses países. Este texto se estrutura da seguinte forma. A seção 1 apresenta a 
introdução; a seção 2 disserta sobre as similaridades entre Brasil, China e Índia, no 
que tange ao momento histórico de suas economias emergentes e à promoção de 
obras de infraestrutura hidrelétrica. Já a seção 3, com base na descrição de cada 
estudo de caso, apresenta as peculiaridades dos processos de licenciamento 
ambiental nos países estudados, apontando as condições políticas e sociais que 
fazem com que a emulação de políticas ambientais seja incompleta em cada caso, 
reforçando o argumento de que, apesar do processo massivo de replicação de 
instrumentos de gestão ambiental, as condições sociais e políticas nacionais são 
fundamentais para a análise e explicação do sucesso ou fracasso na implementação 
de políticas ambientais. O artigo conclui a sequência, na seção 4, retomando as 
principais similitudes e diferenças nos processos de licenciamento ambiental nesses 
três países e apontando os próximos passos da pesquisa, nas considerações finais. 
2 ESTADO, DESENVOLVIMENTO E GRANDES BARRAGENS: BRASIL, CHINA E 
ÍNDIA No contexto do protagonismo das economias emergentes no cenário global, o 
papel do Estado volta a ser percebido como fundamental para o desenvolvimento. 
Esse novo momento permite remeter a uma fase histórica posterior à Segunda Guerra 
Mundial, em que economias periféricas também obtiveram significativo crescimento 
econômico, com forte presença do Estado na economia. 
 
No entanto, nesse novo ímpeto de interação Estado-economia, as condições 
políticas e sociais não são as mesmas. A economia está mais integrada e globalizada; 
a sociedade civil organizada é importante player na arena política; novos setores de 
política pública, tais como as políticas de direitos humanos e de minorias, se 
estruturaram. Entre essas novas áreas de políticas públicas, a política ambiental se 
destaca. A forte presença estatal na economia (tal como ocorreu no Brasil no período 
Vargas e no regime militar) está geralmente relacionada às políticas industriais e às 
de infraestrutura. O regime militar brasileiro, por exemplo, levou a cabo uma série de 
grandes obras de infraestrutura, tais como a Rodovia Transamazônica e usinas 
hidrelétricas como a Usina Binacional de Itaipú (na fronteira com o Paraguai, no Sul 
do Brasil), Tucuruí e Balbina (ambas na Amazônia brasileira). No entanto, tais obras 
não enfrentaram, em seu momento histórico, grandes obstáculos sociais e/ou 
ambientais, apesar de terem tido impactos significativos em ambas as frentes, como 
no deslocamento de populações indígenas e ribeirinhas, na alteração do volume e 
curso de rios e no alagamento de grandes parcelas de floresta nativa (Fearnside, 
1989). Isso se deve, por um lado, ao fato de que a sociedade civil não se encontrava 
articulada e não tinha importância política significativa na gestão de políticas públicas 
e, por outro, ao fato de que a política ambiental ainda não se encontrava plenamente 
estruturada dentro do aparato estatal. A partir da segunda metade do século XX, 
avançou o ativismo de novos movimentos sociais, que ideologicamente questionam a 
inexorabilidade do progresso científico e tecnológico, com foco na qualidade de vida 
no longo prazo e na importância de valores e conhecimentos tradicionais (Ribeiro, 
1991; Santilli, 2005). Em decorrência disso, e a partir de marcos como as conferências 
das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento (em 1972 e 1992), a 
chamada “questão socioambiental” se fortaleceu como área de política pública e se 
alastrou em múltiplos domínios da política e da sociedade, tanto em âmbito local 
quanto global (Soromenho-Marques, 1994). Tendo em vista essa dinâmica, na política 
do início do século XXI, a ação do Estado, no campo das grandes obras de 
infraestrutura, precisa levar em conta a sociedade civil organizada (Evans, 2012) – 
movimentos indígenas, de atingidos por barragens, ambientalistas. Além disso, todas 
essas questões precisam ser equacionadas 
 
por distintos setores, dentro do aparato governamental, envolvidos em 
diferentes áreas de políticas públicas, tais como política energética, de transportes, 
de direitos de minorias e ambiental. A política energética é elemento estratégico do 
processo de desenvolvimento, já que a geração de energia é condição sine qua non 
para que políticas industriais e de desenvolvimento tecnológico sejam promovidas. 
Assim como é também exemplar para ilustrar a interação e, por vezes, contradição 
entre políticas de infraestrutura e política ambiental. Essa condição de ilustração 
ganha corpo a partir da análise dos processos de licenciamento ambiental de grandes 
usinas hidrelétricas. Do ponto de vista econômico, as barragens são fontes 
importantes de energia para países com alto potencial hidrelétrico. Isso ocorre na 
China, na Índia e no Brasil, que estão entre os países que mais utilizam barragens 
como fonte de energia e de segurança hídrica (EPE, 2011; IEA, 2012; WCD, 2000). A 
tabela 1 mostra que os três países estão ranqueados entre os dez maiores países em 
três categorias-chave. 
Na categoria dos países com maior produção de energia hidrelétrica, a China 
aparece em primeiro lugar, com 722 Terawatts/hora (TWh), representando 20,5% da 
produção hidrelétrica mundial; o Brasil aparece em segundo lugar, com produção de 
403 TWh e 11,5% da produção mundial. A China também lidera o rankingmundial de 
capacidade hidrelétrica instalada, com 171 Gigawatts (GW), enquanto o Brasil 
ocupa a terceira posição, com 79 GW. Com relação ao percentual de energia 
hidrelétrica na matriz energética de cada país, o Brasil ocupa o segundo lugar, com 
78,2% de sua energia elétrica tendo origem hidrelétrica. A China, apesar de ocupar a 
liderança nos dois rankings anteriores, tem apenas 17,2% de sua geração de energia 
oriunda de hidrelétricas. A Índia ocupa a sétima posição nos três rankings citados. É 
importante ter em mente que Brasil, China e Índia, somados, respondem por 35,3% 
de toda a energia hidrelétrica produzida mundialmente. Portanto, um estudo 
comparativo da presença de hidrelétricas nesses países é representativo dos dilemas 
e problemas presentes na construção de barragens em nível global. Analisando sob 
a ótica ambiental, as hidrelétricas provocam sérias consequências. Se, por um lado, 
são reconhecidas fontes renováveis de energia e contribuem para a regularização da 
vazão (evitando enchentes), por outro são responsáveis pelo alagamento de grandes 
parcelas de floresta nativa, pelo desvio e alteração do curso de rios e pela emissão 
 
de metano na atmosfera,2 entre outros impactos no ecossistema e na biodiversidade 
regional. Em relação à questão social, hidrelétricas geram deslocamento e/ou impacto 
direto nos meios de subsistência de populações tradicionais (como indígenas, 
quilombolas e ribeirinhos) e de populações rurais em geral. Ao mesmo tempo, a 
construção de uma hidrelétrica gera fluxo migratório intenso que, sem adequado 
planejamento e preparação, pode ter consequências significativas para o 
planejamento urbano e territorial e para ofertas de serviços públicos básicos, como 
saúde, educação e segurança pública. Do ponto de vista administrativo, grandes 
barragens – assim como outras importantes obras de infraestrutura – são úteis para 
demonstrar dois dos principais gargalos na implementação de políticas públicas em 
países emergentes: os conflitos e a falta de articulação entre órgãos e agências no 
interior do aparato estatal. Em um momento histórico, em que o Estado recupera um 
papel ativo no planejamento e na execução de políticas em diversos setores, a 
recorrência de problemas de coordenação 
tem o potencial de gerar múltiplas ineficiências, tanto por parte da ação estatal, 
quanto em relação a accountability e controle social pela sociedade civil. 3 
LICENCIAMENTO AMBIENTAL EM PAÍSES EMERGENTES: MÚLTIPLAS 
REALIDADES Na sequência, apresentam-se relatos das semelhanças e 
peculiaridades dos processos de licenciamento ambiental no Brasil, na China e na 
Índia, com base em três casos de construção de grandes barragens. Considerando a 
repercussão nacional e internacional, bem como a ampla bibliografia acadêmica em 
torno de tais casos, acredita-se que os mesmos sejam representativos das principais 
dinâmicas e dilemas em torno dos processos decisórios sobre grandes barragens. O 
foco adotado é apontar características do processo decisório de cada país, que variam 
conforme a configuração do Estado, as relações intragovernamentais e o perfil e as 
possibilidades de ação encontradas pela sociedade civil organizada. 3.1 Hidrelétrica 
de Belo Monte, Pará, Brasil O processo decisório de grandes barragens no Brasil 
incorpora um processo de licenciamento ambiental que contempla três etapas 
distintas: Licenciamento Prévio (LP), Licenciamento de Instalação (LI) e 
Licenciamento de Operação (LO). É durante o processo de licenciamento que há 
maior interação entre a burocracia do setor de energia e o setor ambiental, bem como 
é o momento em que a sociedade civil organizada encontra canais ativos e busca 
 
influenciar a política. No momento anterior ao licenciamento ambiental, o processo 
decisório é centrado na burocracia do setor elétrico, tendo pouca interação com 
órgãos ambientais. O processo de licenciamento ambiental brasileiro é bastante 
complexo e considerado – ao menos formalmente – um dos mais rigorosos do mundo. 
Um exemplo disso é que apenas no Brasil – e em nenhum outro país – é adotado um 
processo de licenciamento composto por três fases distintas (World Bank, 2008). O 
grau de abertura ao debate e a manifestação de conflitos e contradições dentro do 
aparato estatal e entre Estado e sociedade civil são significativos, mas a probabilidade 
de veto e de atraso das obras de infraestrutura é alta (Costa, 2010; Carvalho, 2006; 
Pereira, 2013). 
O caso da usina hidrelétrica de Belo Monte, situada no rio Xingu e localizada 
no município de Altamira3 (figura 1), no Pará, é ímpar para explicitar como operam os 
conflitos, contradições e esforços de coordenação intragovernamental no Estado 
brasileiro, em uma área crítica ao desenvolvimento nacional (a de infraestrutura) e em 
que a dimensão da incorporação de padrões de sustentabilidade ambiental representa 
desafio significativo. A intenção de construir Belo Monte remonta ao regime militar, e 
a previsão da obra já constava no Plano Nacional de Energia Elétrica (PNE) 1987-
2010. Neste plano, Belo Monte (anteriormente denominada Kararaô) era tida como 
central para o aproveitamento energético do rio Xingu. Já em 1988, no evento Primeiro 
Encontro dos Povos Indígenas do Xingu que contou com a participação de 3 mil 
pessoas (sendo 650 índios), é identificada mobilização da sociedade civil afetada pela 
usina. A possibilidade de impactos ambientais e sociais, sobretudo afetando 
comunidades indígenas e ribeirinhas, foi a tônica de um discurso que uniu movimentos 
e organizações ambientalistas e sociais nos níveis internacional, nacional e local. Não 
obstante, Belo Monte continuou fazendo parte dos planejamentos energéticos do 
governo federal. Após manifestações sociais e a recusa do Banco Mundial em 
financiar a usina (Hochstetler, 2011), o projeto inicial foi remodelado em 1994, quando 
foi definido que a usina alagaria 516 km2 de área, para um aproveitamento energético 
médio de 4.500 Megawatts (MW), com potência instalada de 11.233 MW. Isso faz de 
Belo Monte a terceira maior usina do mundo. A pressão pela construção aumentou 
em 2001-2002, após o Brasil atravessar um período de racionamento energético 
conhecido como “crise do apagão”. Tal crise evidenciou a precariedade e 
 
vulnerabilidade da matriz energética nacional, apontando a deficiência de 
investimentos em geração e distribuição de energia, que caracterizou a década de 
1990. A construção de Belo Monte estava entre as medidas previstas em um plano 
emergencial que foi elaborado em resposta à crise, para aumentar a oferta de energia. 
Assim, o processo de licenciamento de Belo Monte foi iniciado em 2002 e desde então 
ocorreu um processo conturbado, marcado por conflitos e oposição entre coalizões 
favoráveis e contrárias à usina. 
A coalizão favorável é composta por agências estatais do setor elétrico do 
governo federal; por parte substantiva dos governos locais dos municípios 
circundantes à obra; e por atores ligados à indústria de barragens e de produção de 
alumínio (que serão beneficiados com a geração de energia). Entre os argumentos 
dessa coalizão podem-se citar (Azevedo, 2011; Leite, 2010; Rosa et al, 2004; World 
Bank, 2008): i) a energia hidrelétrica é mais barata e mais sustentável ambientalmente 
que suas alternativas energéticas, como termoelétricas e usinas nucleares; ii) para a 
promoção do desenvolvimento econômico e social nacional, atendendo a demanda 
por suprir o uso comercial e residencial de 190 milhões de brasileiros, é necessário 
ampliar significativamente a oferta de energia no Brasil, em uma taxa de 300 MW por 
ano entre 2008 e 2015; e iii) Belo Monte alagará uma parcela pequena de área (516 
km2 ) se comparado a seu grande potencial hidroelétrico, bem como não alagará 
nenhuma terra indígena. Isso faz com que a construção da usina seja um projeto de 
excelente custo-benefício, com impactos sociais e ambientais pequenos,quando 
comparado ao montante de energia gerado. A coalizão contrária é composta pela 
burocracia do setor ambiental e de setores ligados à questão indígena no governo 
federal, por organizações não governamentais (ONGs)e movimentos preocupados 
com questões ambientais e sociais e também pela atuação significativa do Ministério 
Público (MP). Entre os principais argumentos dessa coalizão podem-se citar: i) a usina 
terá impactos negativos na biodiversidade amazônica, seja com relação à 
biodiversidade situada na área alagada, seja quanto às espécies situadas no regime 
fluvial que a circunda; ii) a construção da obra acarretará danos sociais significativos, 
como o deslocamento de um contingente entre 20 e 40 mil pessoas e impactos diretos 
nos meios culturais e de subsistência de populações indígenas e ribeirinhas da região; 
iii) embora a usina tenha um potencial instado de 11.233 MW, Belo Monte gerará em 
 
média 4.500 MW – este potencial médio faz de Belo Monte uma das usinas de menor 
eficiência energética do país, e para melhor aproveitar os mais de 11 mil MW 
instalados e fazer de Belo Monte uma usina lucrativa, serão construídas outras 
hidrelétricas na região, com impactos sociais e ambientais maiores do que Belo 
Monte; iv) usinas hidrelétricas não são fontes limpas de energia, sendo grandes 
emissoras de metano, gás que contribui, em forma mais acentuada que o CO2 , para 
o advento das mudanças climáticas; e v) a energia gerada pela usina beneficiará 
prioritariamente grandes indústrias de alumínio instaladas na Amazônia, e seus 
benefícios não serão socializados de forma ampla para a população brasileira 
(Fearnside, 2006, 2011; Fonseca e Bourgoignie, 2011; Painel de Especialistas, 2009; 
Zhouri, 2011). É interessante notar que os órgãos ambientais são por vezes vistos 
como atores-chave na coalizão contrária à usina, mas também são por vezes vistos 
como um ator ambíguo, já que foram eles – sobretudo o Instituto Brasileiro do Meio 
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) – que aprovaram o 
licenciamento da usina. 
Essa ambiguidade está intimamente relacionada com a percepção de que as 
relações intragovernamentais, no governo federal, são marcadas por uma assimetria 
de poder. Estudiosos como Fearnside (2011) e Carvalho (2006) argumentam que os 
interesses defendidos por órgãos ligados ao setor ambiental e social seriam 
sistematicamente subjugados por interesses de agências do setor elétrico e de grupos 
econômicos privados. Se, por um lado, os elementos apontados anteriormente 
denotam um processo intrinsecamente conflituoso e marcado por assimetrias de 
poder, por outro, são identificados, entre as agências do governo federal, problemas 
típicos de coordenação intragovernamental, tais como falhas no fluxo de informações 
entre agências do setor elétrico e do setor ambiental (World Bank, 2008). A Casa Civil 
da Presidência da República, órgão formalmente responsável pela coordenação de 
ações entre as diversas agências do governo federal, fez esforços a fim de solucionar 
essas faltas, como a criação de um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), em 2003 
(Costa, 2010). No entanto, os instrumentos de coordenação utilizados pela Casa Civil 
incluem o estabelecimento de datas-limite para a concessão da licença ambiental – 
sem que a possibilidade de não execução da obra seja aventada como uma 
possibilidade real (Rezende, 2009). Também há casos em que presidentes e diretores 
 
dos órgãos ambientais foram substituídos em momentos críticos do processo de 
licenciamento, dando a sensação de que os atores governamentais contrários à 
construção da usina foram neutralizados durante o processo (Fonseca e Bourgoignie, 
2011; Fearnside, 2011; Hochstetler, 2011; Painel de Especialistas, 2009). De todo 
modo, após um longo processo que envolveu audiências públicas, estudos favoráveis 
e contrários à usina e uma grande judicialização do processo,4 a LP foi emitida pelo 
Ibama em 1o de fevereiro de 2010 – contudo, sob a acusação de que houve um 
processo de licenciamento inadequado e apressado, bem como de que a Casa Civil 
(responsável formal pela coordenação intragovernamental) interferiu indevidamente 
na atuação do órgão licenciador (Leitão, 2010). O leilão da usina foi realizado em 20 
de abril, sendo vencedor o Consórcio Norte Energia S/A. Atualmente, a usina de Belo 
Monte encontra-se em construção, com base em uma LI concedida pelo Ibama em 1o 
de junho de 2011. A previsão é de que as obras serão concluídas em 2015. 
Para os que apoiam a construção da barragem, o licenciamento ambiental é 
um processo burocrático e ineficiente, que atrasa em demasiado a execução de obras 
de infraestrutura necessárias ao desenvolvimento nacional. A Índia, como país 
emergente, necessita de energia elétrica e de recursos hídricos capazes de sustentar 
elevadas taxas de crescimento econômico. Nesse contexto, houve, a partir dos anos 
2000, um movimento de setores do governo e de empresários no sentido de simplificar 
e tornar mais céleres os processos de licenciamento ambiental. De acordo com nova 
lei relacionada ao licenciamento ambiental, publicada em 2009, há prazos reduzidos 
para conceder as licenças e os processos de participação social – como as audiências 
públicas – foram simplificados e tiveram seu escopo reduzido.17 16. A exemplo das 
organizações indianas Narmada Bachao Andolan (Movimento Salve o rio Narmada), 
Centro para o Conhecimento Tradicional (Setu), ARCHI-Vahini e organizações 
internacionais como a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos 
Recursos Naturais – International Union for Conservation of Nature (IUCN) – e Oxfam. 
17. Um exemplo disso é que, de acordo com a nova lei, só é permitida nas audiências 
públicas a participação dos cidadãos diretamente impactados pela usina, tais como 
os que serão deslocados. Assim, membros de organizações civis de âmbito nacional 
ou internacional têm espaço menor de intervenção no processo decisório Esse novo 
momento na política ambiental indiana segue uma orientação que favorece o 
 
crescimento econômico, em detrimento da conservação ambiental. Tal momento é 
exemplificado pelo próprio processo de Sardar Sarovar. Após um conflito que se 
arrastou por mais de trinta anos,18 em 2006, uma decisão da Suprema Corte Indiana 
permitiu a construção da última etapa da barragem, que ampliou sua altura para 163 
metros, maximizando os impactos no ambiente natural e no deslocamento 
populacional. Não houve, como em Belo Monte, um redimensionamento do projeto e 
de seus impactos originalmente previstos. Não obstante, o processo decisório de 
Sardar Sarovar contribuiu para o estabelecimento de um movimento 
socioambientalista ativo e órgãos ambientais fortemente institucionalizados, ainda que 
a desigualdade de poder seja a tônica dos conflitos e esforços de coordenação entre 
as agências do Estado. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS: CARACTERÍSTICAS 
COMPARADAS Analisar como as peculiaridades nacionais condicionam o 
licenciamento ambiental em países emergentes foi o objetivo deste artigo. 
Internacionalmente estabelecido, o licenciamento é presente no Brasil, na China e na 
Índia. Tendo em vista a adoção deste instrumento – bem como características 
semelhantes que advêm da condição de países emergentes e grandes potências 
hidrelétricas –, é possível identificar similitudes na operação deste instrumento de 
gestão ambiental. Não obstante, peculiaridades nacionais fazem com que esses 
processos assumam um caráter único, marcado pelas distinções na configuração do 
Estado, nos padrões de interação entre agências governamentais e nas formas de 
ação da sociedade civil organizada. Assim, a comparação entre características dos 
processos de licenciamento ambiental das barragens de Belo Monte, no Brasil; de 
Sardar Sarovar, na Índia; e o complexo hidrelétrico do rio Nu, na China, traz lições 
interessantes para situar o licenciamento ambientalbrasileiro vis-à-vis a outros países 
emergentes. A retomada de alguns pontos discutidos ao longo deste artigo permite a 
elaboração de algumas conclusões preliminares. 18. Conflito marcado por ativismo da 
sociedade civil e disputas intragovernamentais. Para informações detalhadas do 
histórico do processo, ver Peterson (2010). Livro 1868.indb 26 29/08/2013 10:02:57 
Texto para Discussão 1868 27 A Construção de Grandes Barragens no Brasil, na 
China e na Índia: similitudes e peculiaridades dos processos de licenciamento 
ambiental em países emergentes A primeira delas é que, apesar das diferenças nos 
padrões de interação entre agências governamentais, existe, nos três países, uma 
 
polarização entre agências governamentais do setor elétrico e do setor ambiental. 
Cada setor governamental conta com uma coalizão de suporte, sendo frequente a 
existência de alianças entre órgãos e membros do setor ambiental e de organizações 
da sociedade civil socioambientalista, bem como alianças entre órgãos e membros do 
setor elétrico e grupos de interesse econômico e produtivo. No Brasil e na Índia, tendo 
em vista a maior transparência do processo de licenciamento, proporcionada pela 
presença de instituições democráticas, é percebida uma significativa assimetria de 
poder e conflitos entre órgãos do setor elétrico e ambiental, sendo o primeiro 
responsável pelas decisões mais importantes do processo, e o segundo por 
atribuições e possibilidades de ação limitadas, com foco em medidas de mitigação e 
compensação para reduzir o impacto socioambiental. Na China, por sua vez, embora 
haja também conflito entre os setores elétrico e ambiental, a visibilidade dos 
mecanismos que condicionam o conflito é reduzida, na medida em que muitas fases 
do processo de licenciamento ambiental ocorrem em sigilo. Outra conclusão 
importante está relacionada com a abertura do processo à participação da sociedade 
civil, que é maior no Brasil, onde a sociedade conta com múltiplos atores com poder 
de veto. No caso brasileiro, o processo de licenciamento ocorre em período 
relativamente longo, mas no qual os atores contrários à construção da usina 
conseguem algumas conquistas-chave (tais como a remodelação do projeto inicial, 
reduzindo potenciais impactos ambientais de Belo Monte). Até os anos 1990, o 
licenciamento indiano tinha características semelhantes ao brasileiro. Além de 
semelhanças na legislação, há semelhanças no perfil da sociedade civil organizada, 
que tem um caráter predominantemente socioambientalista quando questões 
ambientais e sociais estão imbricadas. Os fortes vínculos entre organizações locais, 
nacionais e internacionais é outro ponto de contado entre Índia e Brasil. No entanto, 
reformas na legislação indiana, realizadas na primeira década do século XXI, tiveram 
o efeito de simplificar o processo de licenciamento ambiental, garantindo maior 
celeridade na construção de grandes barragens. O efeito colateral foi a redução do 
escopo de atuação da sociedade civil, que tem tido menos pontos de veto e menor 
capacidade de influenciar os processos, potencializando impactos socioambientais. 
De Livro 1868.indb 27 29/08/2013 10:02:57 28 Rio de Janeiro, agosto de 2013 toda 
forma, em ambos os países, há uma grande polarização entre os setores elétrico e 
 
ambiental, e a disputa pelo veto – em detrimento da busca por coordenação e 
negociação – é a tônica do processo de licenciamento ambiental. Na China, por sua 
vez, não há procedimentos formais para participação da sociedade civil no 
licenciamento, e a atuação das organizações civis é significativamente centrada em 
redes informais, que buscam angariar apoio de membros influentes no PCC. Apesar 
de tímida quando comparada aos casos brasileiro e indiano, a mobilização em torno 
do licenciamento ambiental no complexo hidrelétrico do rio Nu é apontada como ponto 
de inflexão no processo decisório chinês como um todo (e não apenas na área 
ambiental). Um exemplo disso é que as mobilizações contrárias à construção do 
complexo hidrelétrico do rio Nu alcançaram inédito resultado ao provocar a suspensão 
da construção das barragens. Já que a China está cada vez mais envolvida com 
negociações internacionais na área ambiental, a busca por legitimidade social no 
campo ambiental tem levado ao fortalecimento de órgãos governamentais e a uma 
tolerância maior quanto à mobilização da sociedade civil, respaldada, inclusive, pela 
ação das Gongos, que são organizações da sociedade civil parcialmente controladas 
pelo governo central chinês. Se a atuação das Gongos, na China, ressalta um cenário 
em que os interesses nacionais e locais na república chinesa não são homogêneos e 
apresentam características por vezes conflituosas, o licenciamento da Barragem de 
Sardar Sarovar demonstra a natureza ainda mais conflituosa do federalismo indiano. 
As disputas envolvendo quatro estados da federação possuem, entre seus 
ingredientes, clivagens étnicas e de casta, ampliando a polarização entre os atores e 
grupos envolvidos no processo. Em contraste, ainda que disputas interestaduais 
sejam comuns no federalismo brasileiro, o caso de Belo Monte não mostrou 
significativos conflitos interestaduais. De modo geral, foi identificada uma confluência 
de interesses entre agências do setor elétrico federal e governos locais, relacionando 
a importância da usina ao desenvolvimento regional. Apesar de úteis para ilustrar 
como o licenciamento ambiental opera em países emergentes, com instituições 
políticas e culturais distintas, as breves comparações realizadas nos parágrafos 
anteriores e no corpo do artigo não pretendem esgotar o assunto referente aos 
processos de licenciamento nesses países. Na verdade, as conclusões apenas 
indicam um campo frutífero para estudos que pretendam aprofundar esses pontos de 
comparação, identificando nuances que não foram analisadas neste artigo, que se 
 
baseia em fontes bibliográficas e documentais. Aprofundar alguns elementos 
discutidos anteriormente será o objetivo das próximas fases desta pesquisa, que ainda 
se encontram em andamento. Sem perder de vista a relação entre as peculiaridades 
nacionais no licenciamento e os resultados dos processos decisórios, a etapa seguinte 
desta pesquisa cuidará de analisar, em detalhes, os processos de conflito e 
coordenação intragovernamental entre as esferas burocráticas envolvidas nas áreas 
de políticas de infraestrutura e política ambiental no Brasil, na China e na Índia. 
Obras de grandes impactos sociais, ambientais e econômicos, as barragens 
sempre estiveram associadas ao desenvolvimento da civilização por permitirem 
controlar inundações, gerar energia hidrelétrica, garantir o abastecimento de água 
para consumo humano, irrigar plantações e até para navegação. Para se ter uma ideia 
da importância dessas obras, atualmente quase metade dos rios de todo o planeta 
tem ao menos uma grande barragem, segundo relatório da Comissão Mundial de 
Barragens, entidade ligada ao Banco Mundial. 
Por trás da concepção desses empreendimentos de alta complexidade, estão 
profissionais que precisam contar com uma série de habilidades e domínio de 
disciplinas como geotecnia e mecânica dos solos, além de sólidos conhecimentos 
teóricos e práticos de engenharia. Disposição para viajar para lugares remotos, apreço 
por situações desafiadoras, flexibilidade para assimilar inovações tecnológicas e, 
ainda, capacidade para lidar com as imprevisibilidades da natureza são outras 
características que devem compor o perfil do projetista de barragens. 
Embora as exigências pareçam muitas, há oportunidades à disposição dos 
profissionais que almejam ingressar nesse ramo, especialmente no Brasil, que aposta 
na força de suas águas para ajudar a suportar o aumento da demanda por energia 
aguardado para os próximos anos. Embora a principal matriz energética do País seja 
hídrica, atualmente o Brasil explora apenas 20% do seupotencial hidrelétrico, 
conforme dados do Governo Federal. 
Para aqueles que trabalham diretamente projetando essas estruturas, o 
mercado de trabalho nos últimos 40 anos passou por realidades bem distintas. Na 
década de 1970, época de construção de algumas das maiores usinas brasileiras, 
como Ilha Solteira (1973) e Água Vermelha (1978), as vagas para engenheiros e 
geólogos eram muitas, tanto que não havia técnicos qualificados em quantidade 
 
suficiente para atender ao mercado nacional, tendo em vista o grande número de 
usinas hidrelétricas em construção. Quem conta isso é o consultor João Francisco A. 
Silveira, diretor da SBB Engenharia, que atuou em obras como as das usinas 
hidrelétricas São Simão (MG) e Promissão (SP), entre outras. O engenheiro, que na 
época integrava a equipe de Mecânica de Rochas do IPT (Instituto de Pesquisas 
Tecnológicas do Estado de São Paulo), lembra que tal situação obrigou as empresas 
nacionais a se consorciarem com companhias estrangeiras. "Esse foi o caso da 
Promon Engenharia, em São Paulo, que nesse período se associou à empresa norte-
americana Main para a elaboração do projeto executivo da Usina Hidrelétrica de 
Marimbondo, na fronteira dos Estados de São Paulo e Minas Gerais", conta Silveira. 
Quando a crise econômica mundial abateu a economia brasileira nos anos 
1980, tudo mudou de figura. Com a interrupção dos investimentos, grandes empresas 
de projeto começaram a demitir em resposta à falta de serviço. "A recuperação só 
veio a partir de 1992 de forma que, hoje, temos novamente um mercado bastante 
aquecido, novamente com escassez de profissionais qualificados para conceber 
barragens", revela o projetista da Engevix Engenharia, Paulo Tsuneo Funagoshi, que 
já trabalhou tanto em projetos de barragens de enrocamento com face de concreto, 
como em barragens de concreto rolado de pequenas centrais hidrelétricas. 
Além da atuação em projetos de novas estruturas hídricas, outros dois 
segmentos diretamente relacionados à construção de barragens despontam como 
promissores campos de atuação profissional para os engenheiros. O primeiro deles é 
o de instrumentação, que consiste em processos de medição, monitoramento e 
controle da estabilidade de barragens já implantadas. Realizado principalmente por 
profissionais mais experientes, esse trabalho é de suma importância para operação 
das barragens. "Sem contar que se trata de uma área muito interessante, uma vez 
que envolve investigações empolgantes, muitas vezes desafiadoras, para se ter 
certeza de que as barragens estejam sempre seguras", afirma João Francisco Silveira. 
Os profissionais que buscarem ampliar seus conhecimentos na área de 
sustentabilidade também podem vir a ganhar. Isso porque a tendência é que, cada 
vez mais, os projetos de novas barragens estejam atrelados a soluções que 
minimizem ou compensem o impacto ambiental gerado pela construção e operação 
dessas estruturas, na maior parte das vezes, grandiosas. 
 
O profissional 
Como foi o início de sua carreira?Comecei como desenhista. Naquela época, 
os projetistas faziam os estudos a lápis, em papel-manteiga e depois os desenhistas 
passavam a nanquim para o papel vegetal ou poliéster. Como sempre fui curioso, não 
ficava satisfeito em apenas passar a limpo. Então, procurei saber mais sobre os 
projetos, aprendendo como, por que e para que as decisões de projeto aconteciam. 
Isso me fez ver que cada projeto tinha suas particularidades, que as soluções 
variavam muito de acordo com o local de implantação. Então resolvi investir nessa 
carreira. 
Como se especializou? 
Quando comecei não havia curso específico para projetista de barragens, por 
isso, a minha formação se baseou muito no aprendizado com excelentes profissionais. 
Desde 1986, trabalho na Engevix Engenharia, onde pude colocar em prática todo meu 
aprendizado em barragens de enrocamento com face de concreto, como as da UHE 
Itá, Itapebi, Barra Grande, Campos Novos e Monjolinho, e também, em barragens 
de concreto rolado de várias pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). 
Do que você mais gosta em sua profissão? 
É muito interessante desenvolver um projeto em tridimensional e acompanhar 
sua evolução na obra "in loco". Também dá muito orgulho ver que uma parte de uma 
obra dessa magnitude, que contribui para o desenvolvimento do País e leva mais 
conforto a inúmeras famílias, carrega em si muitas ideias suas. 
Que dicas o senhor daria para o profissional que almeja ingressar nessa 
atividade? 
Em qualquer área, para ter sucesso é preciso gostar muito do que se faz. Além 
disso, é importante realizar cursos de desenhos técnicos, desenvolver a visão 
tridimensional e espacial, bem como dominar ferramentas CAD. Por fim, é importante 
que o profissional seja dedicado, procure entender e mostrar ideias e estar sempre se 
aperfeiçoando, sobretudo em relação ao desenvolvimento de novos softwares. 
 
Currículo 
Formação: engenharia civil e especialização na área de barragens 
(instrumentação, tecnologia, segurança etc). Em empresas de projetos e 
 
concessionárias é possível encontrar também profissionais de nível técnico, que 
auxiliam o projetista principal em algumas etapas do desenvolvimento de uma 
barragem. 
Aptidões: conhecimento sobre geologia, geotecnia e softwares de desenho e 
projeto. Também é importante ser criativo, já que muitas soluções de problemas 
requerem o desenvolvimento de propostas e estratégias inovadoras. 
Disponibilidade: em geral o trabalho requer dedicação por oito horas diárias, 
mas a carga-horária varia de acordo com o volume de projetos. É importante ter 
disponibilidade para viajar para diferentes localidades, inclusive as mais remotas, para 
o acompanhamento das etapas de construção e inspeções de campo. 
Oportunidades de trabalho: em escritórios de projeto, concessionárias de 
energia, empresas de saneamento e órgãos públicos. 
Remuneração média: em empresas de projetos de barragens, o salário inicial 
de um engenheiro gira em torno de R$ 3.500. Já para estagiários, a remuneração é a 
partir de R$ 8,00/hora. 
Extravasamento por canal lateral com declividade e vertedor 
com escada de dissipação de energia 
No dimensionamento do extravasor em canal lateral considera-se dois 
parâmetros básicos: a) descarga máxima prevista de extravasamento; e b) 
características do material natural no local onde se pretende construir o canal 
extravasor. A Figura 15 ilustra um canal extravasor lateral com declividade moderada 
construído fora do aterro. 
Extravasamento por canal lateral sem declividade e vertedor com 
escada de dissipação de energia 
Quando o excesso de água que escoa em canais extravasores deve ser 
restituídas ao curso d’água à jusante da barragem em cota muito abaixo daquela do 
canal extravasor devem ser instaladas estruturas de dissipação, as quais têm fina lidade 
de reduzir o excesso de energia à níveis compatíveis e suportáveis pelas condições de 
montante. 
A solução de dimensionamento, aqui apresentada segue recomendação da 
ELETROBRÁS (1984). O vertedor e a escada de dissipação de energia são necessários 
para a proteção do local de restituição das águas vertidas ao rio. Esta proteção deverá 
ser realizada por uma soleira afogada ao final do canal, seguida de uma escada de 
dissipação de energia construída em alvenaria de pedra argamassada 
 
A soleira afogada deve ser construída com pedras soltas, para ser permeável à 
água. O material para a construção da soleira deve ser determinado, considerando a 
velocidade média do escoamento sobre ela. 
Como a cota de fundo do canal extravasor corresponde ao nível de água normal 
do reservatório, há a necessidade do dimensionamento de uma escada de dissipação 
de energia (Figura 17), para proteção do local de restituição das águas vertidas para 
o rio. Recomenda-se que o comprimento de cada degrau seja, no mínimo, o dobro de 
sua altura. Essa proteção deve acompanhar a topografiado terreno natural. 
A escada deve ter, no mínimo, a mesma largura do canal extravasor, e servir 
como meio de proteção do talude da margem do curso d’água contra a erosão. Os 
degraus da escada devem ser construídos em alvenaria de pedra ou concreto, podendo 
ser cogitada a utilização de gabiões. 
O canal extravasor de seção trapezoidal deve ser dimensionado com base no 
tipo e nas condições do material de que é feito ou com o qual é capeado, na largura 
determinada para o vertedor e na vazão que deve comportar. Dependendo do material 
e de suas condições, pode-se ter diferentes recomendações de taludes a serem 
utilizados (Tabela 2) e velocidades de escoamento de água (Tabelas 4, 5 e 6), para 
que não ocorram problemas de desbarrancamento ou erosão do leito do canal. 
 
 
 
 
 Extravasamento por canal lateral sem declividade e rampa 
extravasora 
A rampa extravasora é muito utilizada como estrutura de dissipação de energia. 
Esta estrutura de dissipação é constituída em uma rampa co declividade de 2:1 ou 
menor, indo de encontro com o fundo do canal. A Figura 19 representa o escoamento 
em uma rampa extravasora através do ressalto hidráulico. 
Ainda segundo o mesmo autor, os ressaltos sempre acontecem quando há 
passagem de um regime supercrítico, caracterizado por um escoamento rápido para 
um outro regime de velocidade mais baixa, denominado subcrítico.Com a criação do 
ressalto, pode haver muita turbulência com redução da velocidade e conseqüente 
diminuição do potencial erosivo. 
Em algumas situações, para dissipação de energia através de ressalto 
hidráulico, este é confinado em estruturas denominadas de bac ia de dissipação, as 
quais possuem o fundo revestido para resistir a força de cisalhamento do escoamento. 
Na prática, raramente a bacia é projetada para conter o ressalto em todo e seu 
comprimento, o que constitui em obras dispendiosas. Para aumentar a dis sipação de 
energia, estabilização do ressalto, e diminuir as dimensões da bacia, com conseqüente 
redução de custos, são construídas obras acessórias, tais como blocos amortecedores, 
blocos de queda e soleiras. Existem bacias com projetos já desenvolvidos e testados, 
denominados bacias USBR. A formação e controle do ressalto também podem ser 
obtidos por meio de estruturas mais simples, como é o caso de uso de soleiras, 
elevação brusca e depressão do fundo do canal. 
Extravasamento através de vertedor em tulipa. 
Normalmente, este dispositivo encontra-se conectado a tubulação do 
desarenador. Utilizado como obra de arte, exige no seu dimensionamento maior 
responsabilidade técnica. De acordo com vários autores pode-se utilizar para o seu 
dimensionamento a equação 
 
 
 
Estimativa do volume de armazenamento para garantir uma 
vazão a ser regularizada 
Os reservatórios têm por finalidade, acumular parte das águas disponíveis nos 
períodos chuvosos, para compensar as deficiências nos períodos de estiagens, 
exercendo um efeito regularizador das vazões naturais. Os estudos são realizados em 
duas etapas, ou seja na primeira estima-se o volume de armazenamento de 
reservatório para regularização de uma determinada vazão de interesse e na segunda 
etapa identifica no campo a bacia hidráulica capaz de armazenar o volume de 
regularização estimado. 
A variabilidade temporal das vazões fluviais tem como resultado visível a 
ocorrência de excessos hídricos nos períodos úmidos e a carência nos períodos secos. 
Nada mais natural que seja preconizada a formação de reservas durante o período 
úmido para serem util izadas na complementação das demandas na estação seca. O 
estudo de um reservatório de regularização de vazões exige o conhecimento de sua 
dimensão, das vazões afluentes, da demanda a ser suprida e das perdas que poderão 
ocorrer. 
Na literatura, sobre o assunto, existem diversos métodos para dimensionamento 
de reservatórios. Neste estudo, foi utilizado o “método da curva de diferenças 
acumuladas”, conforme apresentado em LANNA (1993), para a determinação do volume 
de armazenamento necessário num reservatório para garantir uma determinada 
descarga máxima regularizada. Supõem-se nesta situação que se deseja determinar a 
menor capacidade útil de um reservatório suficiente para atender a maior demanda 
constante de água possível, num determinado período de anos. 
Identificação no campo de uma bacia hidráulica capaz de 
armazenar o volume de regularização estimado e determinação da 
altura da barragem 
 
 
O volume da bacia de acumulação, capaz de armazenar a água, deve ser 
determinado após a obtenção do levantamento planialtimétrico da área a ser inundada 
pelo reservatório. No levantamento de bacias de acumulação de pequena área, a 
diferença de altura entre as curvas de nível pode ser de 1 m, enquanto no de grandes 
bacias esta diferença pode ser de 5 m ou mais. 
A partir da área de cada curva de nível, determina-se o volume parcial de uma 
curva a outra, considerando a formação de troncos de cone invertidos. Somam -se, de 
h em h metros, os volumes parciais até o volume total desejado, correspondendo a 
última curva de nível atingida à altura do vertedor. 
O volume de água a ser armazenada vai depender das necessidades a serem satisfeitas. 
 
 
 
 
Dimensionamento do desarenador 
Objetiva principalmente a eliminação dos depósitos do fundo e ao esvaziamento 
do reservatório. As estruturas mais utilizadas para controle da vazão no desarenador 
são os monges e as torres. 
É a primeira estrutura a ser construída na implantação do projeto, pois, após 
sua construção, o curso de água será desviado para o seu interior, por onde a água se 
escoará, facilitando os trabalhos de construção do maciço da barragem. 
 
 
INSTRUÇÕES A SEREM OBSERVADAS NA CONSTRUÇÃO DE 
BARRAGENS DE TERRA 
É importante verificar se o local onde pretende-se construir a barragem é o mais 
adequado, tanto no aspecto construtivo, quanto no legal. Quanto ao aspecto 
construtivo deve-se ponderar sobre as vantagens e desvantagens de cada situação de 
forma que o local selecionado atenda, da melhor maneira possível, a barragem, a 
represa e o extravasor. Dentre os principais estudos necessários citam-se: 
características topográficas do local, estudos geológicos e geotécnicos. 
 
As principais considerações sobre a construção de uma barragem de terra, 
abrangem, basicamente, dois aspectos: a) localização e construção do maciço e b) 
medidas mitigadoras dos impactos ambientais. 
 
 
4.1 Localização e construção do maciço 
4.1.1 Limpeza do local – recomenda-se efetuar rigorosa limpeza no local onde 
será assentado o maciço, na área de empréstimo, bem como na área a ser inundada 
pelo reservatório. Deve-se retirar árvores, arbustos, e todo material orgânico existente 
nos referidos locais; 
4.1.2 Solo estável – a barragem deve ser assentada sobre solo estável, isto é, 
não sujeito a deslizamentos e a grandes acomodações provocadas pelo peso do aterro. 
Deve-se evitar o assentamento sobre lajeiros de pedra, á vista ou a uma pequena 
profundidade. A infiltração da água do reservatório acarreta escoamento entre o aterro 
e o lajeiro de pedra, o que compromete, seriamente, e estabilidade do aterro. A 
tendência normal é ocorrer deslizamento do aterro em razão de sua frágil soldadura 
às pedras lisas dos lajeiros. As avaliações da textura, consistência e resistência do 
material são fundamentais para caracterização do material a ser utilizado como base 
para as fundações e constituir o maciço de terra da barragem. Em pequenas barragens, 
a caracterização dos solos em laboratório pode ser feita por análise da distribuição das 
frações granulométricas, da pemeabil idade do material e o ensaio de Proctor 
(necessário na fase de construção do maciço de terra). A coleta do material (solo) para 
avaliação da qualidade e a estimativa da quantidade no local pode ser feita podem ser 
realizadas por tradagem,trincheiras ou sondagem. Investigaçõescom furos de trado 
constituem o processo mais simples, rápido e econômico para investigações 
preliminares das condições geológicas subsuperficiais, obtenção de amostras 
deformadas em pesquisas de áreas de empréstimo, determinação do ní vel da águas e 
indicação de mudanças nos tipos de materiais atravessados; 
4.1.3 Preparo da fundação e das ombreiras - a realização de sondagens, 
necessária na fase de seleção do local de construção da barragem, possibilitará o 
desenho do perfil da seção transversal da área, que indicará a profundidade do núcleo 
impermeável. A sondagem poderá ser feita por tradagem, sondagem a percussão, 
abertura de tricheiras ou por meio de ensaios de resistência do solo. Sempre que 
possível a trincheira deverá ser construída sob toda a base do maciço e abrangendo 
uma profundidade até a rocha ou estrato impermeável. O equipamento mais apropriado 
é a retroescavadeira ou escavadeira hidráulica; 
4.1.4. Núcleo central - quando a sondagem acusar a presença de camadas 
permeáveis próximas à superfície e que poderiam permitir a passagem de água, torna -
se necessário a construção de um núcleo impermeável, ou diafragma, que intercepte a 
trajetória da água. Após a abertura da trincheira, faz-se o seu enchimento para 
 
formação do núcleo com material de boa qualidade, e isso se processa em todo o corpo 
da barragem, sendo o núcleo elevado à medida que se eleva o aterro; 
4.1.5. Corpo da barragem - após o enchimento da trincheira inicia-se o 
levantamento do maciço de terra, lembrando que, caso o material do núcleo seja 
diferente do resto do corpo da barragem, o enchimento por camadas deve respeitar os 
limites para deposição de cada material. Antes do lançamento da primeira camada de 
solo, tornam-se necessários o revolvimento (aração) e umedecimento da camada-base 
antes de sua compactação, com objetivo de proporcionar maior liga com a camada 
superior. O aterro, que se constituirá no corpo da barragem, deverá ser feito 
colocando-se camadas finas de 15 a 20 cm de solo e com aplicação de água ao solo 
até que seja alcançado o conteúdo de umidade adequado (nem muito seco nem muito 
encharcado) para se atingir a compactação máxima do aterro. A densidade de solo 
recomendada para pequenas barragens é de 1,5 a 1,7 g cm-3; 
4.1.6 Ausência de nascentes - evitar a presença de nascentes no local de 
assentamento da barragem, pois, após o enchimento da represa, as nascentes tendem 
a aumentar suas vazões, podendo chegar ao ponto de afetar a estabilidade do aterro; 
4.1.7 Ausência de estratificações salinas no leito do reservatório – a presença 
de sais no leito do reservatório acarretará, fatalmente, a ocorrência de água salobra, 
isto é, com excesso de sais diluídos. Este excesso pode advir, também, do carreamento 
dos sais estratificados na bacia de contribuição no período das chuvas; 
4.1.8 Estreitamento da garganta do local de construção do maciço – com eixo 
longitudinal perpendicular às ombreiras, contribui para diminuir o volume a ser gasto 
no maciço e, consequentemente, o custo da obra; 
4.1.9 Área do reservatório e declividade – com área mais espraiada possível e 
com pequena declividade implica numa maior capacidade de armazenamento de água; 
4.1.10 Proximidade do local de extração de material a ser utilizado no aterro - 
quanto maior a distância entre os dois locais, maior será o custo da obra; 
4.1.11 Localização do extravasor – as condições topográficas do local devem ser 
tais que possibilitem o posicionamento do extravasor fora do corpo da barragem.. O 
extravasamento sobre o próprio maciço da barragem não é recomendável para 
barragens de terra, e sim aquelas de alvenaria e/ou concreto; 
4.1.12 Extravasor de segurança - na existência de barragens localizadas à 
montante do local de interesse e havendo condições topográficas favoráveis é 
aconselhável a construção de um extravasor de segurança. Normalmente é construído 
com seção igual ou maior que o vertedor, projetado com baixa declividade e seção 
coberta com vegetação, de forma a oferecer proteção contra a erosão; 
4.1.13 Uso da água por gravidade – sempre que possível, escolher locais de 
posicionamento da barragem que venham a possibilitar o uso da água por gravidade. 
O bombeamento ou elevação mecânica da água só devem ser utilizados quando for 
impossível o uso da gravidade; 
 
4.1.14 Época de construção da barragem – as barragens devem ser construídas 
preferencialmente durante o período seco do ano; 
4.1.15 Lâmina protetora - recomenda-se proteger o talude de montante, no local 
de contato do espelho d’água, utilizando pedras de forma a evitar o solapamento 
acarretado pelas ondas; 
4.1.16 Controle da vegetação aquática – o controle de vegetação aquática como 
as taboas, aguapé, salvínia dentre outras, é de suma importância devido a rápida 
propagação destas espécies podendo ocupar toda área represada. Além de cobrirem 
todo o espelho d’água, impedindo a entrada de luz solar, algumas podem ser tóxicas, 
e, a sua decomposição pode aumentar a demanda de oxigênio da água; 
4.2 Medidas mitigadoras dos impactos ambientais 
4.2.1 Recuperação das “áreas de empréstimo” – aplicação de práticas mecânicas 
e/ou revegetação com espécies nativas; 
4.2.2 Proteção do reservatório com relação ao assoreamento – é conveniente 
que na área da bacia de contribuição sejam realizados serviços de conservação de solo 
em toda sua extensão, como a construção de bacias de captação de água superficial, 
cordões de contorno, terraços, plantio em nível, etc de forma a minimizar o 
assoreamento do reservatório e a contaminação da água com fertilizantes e pesticidas, 
principalmente em áreas de cultivo de culturas anuais; 
4.2.3 Monitoramento da barragem – deve ser monitorada, periodicamente 
(refazer a cobertura vegetal, preenchimento de rachaduras, desobstrução do 
sangradouro, afloramento de água no talude de jusante da barragem, etc), no sentido 
de contribuir para a segurança da obra; 
4.2.4 Alteração da qualidade da água – controle da utilização de fertilizantes e 
defensivos agrícolas à montante do reservatório da barragem, bem como da descarga 
de efluentes orgânicos (águas residuárias de residências, criatórios de animais ou 
agroindústrias). Esses elementos podem trazer problemas com a qualidade da água do 
reservatório, inclusive proporcionando sua eutrofização. 
 
EXEMPLOS DE INCIDENTES E ACIDENTES EM BARRAGENS DE 
TERRA ( l ink: Datashow) 
Parte da palestra apresentada pelo pesquisador Humberto Paulo Euclydes no IV 
Simpósio Nacional sobre Uso da água na Agricultura e I Simpósio Estadual sobre Usos 
Múltiplos da Água, realizado em Passo Fundo, no período de 11 a 14 abril de 201. 
Coordenação do evento: Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Alto Jacuí 
e Universidade de Passo Fundo. Título da palestra: Segurança em pequenas 
barragens para armazenamento de água: Aspectos técnicos e hidrológicos . 
 
http://www.atlasdasaguas.ufv.br/exemplos_aplicativos/Datashow_Palestra_PassoFundo.pps
 
 
 
7. PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS 
De acordo com Art 1º da Lei n 12.334 de 20 de setembro de 2010 que estabelece 
a Política Nacional de Segurança de Barragens e cria o Sistema Nacional de 
Informações sobre Segurança de Barragens e altera a redação do art. 35 da Lei 
nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e do art. 4º da Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, 
no parágrafo único estabelece que esta Lei aplica-se a barragens destinadas à 
acumulação de água para quais quer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos 
e à acumulação de resíduos industriais que apresentem pelo menos uma das seguintes 
características: 
 I - altura do maciço, contada do nível do ponto mais baixo da fundação à crista, maior 
ou igual a 15m (quinze metros); 
 II - capacidade total de reservatório maior ou igual a 3.000.000 m3 (trê s milhões de 
metros cúbitos); 
 III - reservatório que contenha resíduos perigososconforme normas técnicas 
aplicáveis; e 
 IV - categoria de dano potencial associado, médio ou alto, em termos econômicos, 
sociais, ambientais ou de perda de vidas humanas, conforme definido no art. 6 º. 
 
Ainda de acordo com o Art. 2º desta lei, estabelece a definição de Segurança de 
Barragem como sendo a "condição que vise a manter a sua integridade estrutural e 
operacional e a preservação da vida, da saúde, da propriedade e do meio ambiente"; 
e a definição de Gestão de Risco como "ações de caráter normativo, bem como 
aplicação de medidas para prevenção, controle e mitigação de riscos". 
Com base nessa contextualização observa-se que os impactos ambientais 
decorrentes desses empreendimentos apresentam categorias de riscos e de gravidade 
de grandes proporções quando comparados com os impactos advindos da construção 
de pequenas barragens/reservatórios objetivando a reservação de água para uso na 
agricultura irrigada, no abastecimento da propriedade, na dessedentação de animais, 
e na piscicultura. 
 
Não se pode usar as mesmas regras ou o mesmo plano de segurança para os dois tipos 
diferentes de empreendimentos. Por outro lado, é importante que haja algum tipo de 
monitoramento nessas pequenas obras hidráulicas já existentes ou a serem construídas 
nas propriedades rurais. 
 
Sugere-se, então, que o empreendedor rural faça, de forma simplificada, um plano de 
segurança da barragem sob sua responsabilidade, para ser utilizado durante toda v ida 
útil da obra hidráulica. Esse plano deverá conter basicamente dois procedimentos ou 
 
inspeções periódicas a serem realizadas com frequência: a) monitoramento no maciço 
da barragem e b) monitoramento na bacia de contribuição do barramento. De 
periodicidade semestral para o período seco e semanal para o período chuvoso, 
podendo ser aplicadas diariamente em caso de chuvas intensas, ou quando observados 
comportamentos anormais em qualquer dos diversos setores da barragem que possam 
afetar potencialmente a segurança da barragem. 
 
Basicamente os principais problemas a serem monitorados no maciço da barragem são: 
deslocamentos, deformações, recalques, percolação, níveis piezométricos, enquanto 
na bacia de contribuição o principal problema é a identificação das áreas (ou focos) 
mais susceptíveis ao processo erosivo/perda de solos devido a falta de aplicação de 
técnicas de manejo integrado na bacia, podendo comprometer a vida útil do 
reservatório. Identificado os problemas deve-se recorrer um engenheiro qualificado 
com experiência na área. 
 ASPECTOS LEGAIS 
Com base nas informações relativas a localização geográfica e porte do projeto 
da barragem (como: área inundada, volume de acumulação, vazão regularizada, dentre 
outros) apresentada nesse “Exemplo de aplicação” e nos instrumentos legais 
relacionados a construção de pequenos barramentos de terra em território mineiro 
apresentados no documento “Roteiro básico para o dimensionamento de pequenas 
barragens de terra”, conclue-se: 
1. A construção da barragem prevista (área inundada de reservatório menor que 
10 ha) está isenta de l icenciamento ambiental - Deliberação Normativa COPAM nº 74, 
de 09/set/2004 (Art. 01 - Listagem G: Atividades Agrossilvopastoris: códigos G-05-
02-9 e G-05-02-0, no Anexo Único dessa DN); 
2. A construção da barragem está sujeita a outorga de direito de uso de água 
pelo poder público estadual - Lei Estadual nº 13.199/99 de 29/jan/1999, Art. 18; 
3. Com base na “Portaria IGAM N°49 de 01/julho/2010” que estabelece os 
procedimentos para a regularização do uso de recursos hídricos do domínio do Estado 
de Minas Gerais, e no documento “Manual Técnico e Administrativo de Outorga de 
Direito de Uso de Recursos Hídricos no Estado de Minas Gerais”, publicado pelo IGAM 
em 2010, disponível no endereço (http://www.igam.mg.gov.br/outorga/manaulde-
outorga) o usuário encontra todas as informações necessárias ao processo de 
solicitação de outorga, desde o recebimento do requerimento na SUPRAM e sua inclusão 
inicial no Sistema Integrado de Informações Ambientais até anál ise técnica conclusiva 
e a publicação da Portaria de Outorga. 
 
 
 
15 BIBLIOGRAFIA: 
ATLAS digital das águas de Minas; uma ferramenta para o planejamento e gestão dos 
recursos hídricos. Coordenação técnica, direção e roteirização Humberto Paulo 
Euclydes. 2. ed. Belo Horizonte: RURALMINAS; Viçosa, MG: UFV, 2007. 1 CD-ROM. 
ISBN 85-7601-082-8. Acompanha manual. 
ATLAS DIGITAL DAS ÀGUAS DE MINAS - Uma ferramenta para o planejamento e 
gestão dos recursos hídricos. Disponível em: (http://www.atlasdasaguas.ufv.br). 
Acesso em: 10 nov. 2011. 
CARVALHO, J.A. Dimensionamento de pequenas barragens para irrigação. 
Lavras: Editora UFLA., 2008.158p. 
DAKER, A. Captação, elevação e melhoramento da água: a água na agricultura. 
6. Ed. Ver. E ampl. Rio de Janeiro: F. Bastos, 1983.v.2,408 p. 
ELETROBRÁS Manual de microcentrais hidrelétricas. Brasília: Ministério das 
Minas e Energia – ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras S.A – DNAEE 1985. 
344p. 
HIDROTEC- Geração e transferência de tecnologia em recursos hídricos para o 
estado de Minas Gerais. Disponível em: (http://www.hidrotec.ufv.br). Acesso em: 20 
out. 2011. 
LANA, A. E. Regularização de vazões em reservatórios. In: TUCCI,C.E.M. et AL. 
Hidrologia: ciência e aplicação. Porto Alegre: ABRH-EDUSP, 1983.943p. 
LANÇAS, K. P.; SOUZA, A. P.; CARDOSO, L. G. Obras de terra: sistematização e 
pequenas barragens. Brasilia, DF: ABEAS, 1988. 108p. 
LOUREIRO, B. T. Pequenas barragens de terra. Viçosa UFV, Impr. Univ., 1987. 34p. 
IGAM Manual Técnico e Administrativo de Outorga de Direito de Usos de 
Recursos Hídricos no estado de Minas Gerais. Instituto Mineiro de Gestão das 
Águas. Belo Horizonte: IGAM, 2010.234p. 
PORTO, R. M. Hidráulica básica. São Carlos: EESC/USP, 1998.540 p. 
javascript:void(0);
javascript:void(0);

Mais conteúdos dessa disciplina