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2.3.1 Comércio Exterior e a Teoria das Vantagens Comparativas: No desenvolvimento de sua teoria econômica, Ricardo produz um conjunto de hipóteses voltadas para o desenvolvimento recíproco e o comércio internacional. Na Teoria das Vantagens Comparativas, ele busca explicar os mecanismos que definem a escolha dos produtos a serem produzidos e comercializados entre diferentes países, preservando a vocação individual e a busca da produtividade sistêmica. Tendo em conta a existência de países pobres, sem tecnologia ou recursos naturais que os possibilitem produzir mercadorias a custos reduzidos em relação aos países desenvolvidos, ele buscava analisar alternativas que garantissem a manutenção no longo prazo do comércio entre esses países, ou seja, uma explicação para o comércio entre nações sem vantagens absolutas na produção de nenhum bem. Explicação da Teoria: Parte I Duas pessoas se veem abandonadas em uma ilha deserta e dependentes de sua própria sorte para sobreviver. Uma dessas pessoas é um pescador, capaz de pegar um peixe a cada 10 horas e construir uma cabana a cada 20 horas; a outra é um aprendiz, que pesca um peixe a cada 15 horas e constrói uma cabana a cada 45 horas. Segundo a lógica de Adam Smith, o pescador devia ficar o mais longe possível do aprendiz, construindo e pescando por si mesmo. Mas para Ricardo, o pescador deve dividir os trabalhos com o aprendiz, o que resultará em ganhos coletivos maiores. Calcula-se primeiro quantos peixes e cabanas eles poderiam construir por si próprios, dividindo o trabalho em metade pesca e metade construção. Durante 1 ano o pescador trabalharia 2000 horas, enquanto o aprendiz 3600 horas. Nas 1000 horas de pescaria, o pescador acumularia 100 peixes e nas 1000 horas de construção, construiria 50 cabanas. Já o aprendiz conseguiria 120 peixes em 1800 horas e 40 cabanas no mesmo período. Total seria de 220 peixes e 90 cabanas. Explicação da Teoria: Parte II Analisa-se agora se cada um se especializar naquilo que faz melhor: apesar do pescador fazer melhor cabanas e pesca, a diferença entre a capacidade do pescador e do aprendiz é menor na pesca. Desse modo para Ricardo, o pescador deveria se especializar na construção de cabanas e o aprendiz em pesca. Se o pescador gastar seu tempo construindo apenas cabanas, ele construirá 100; e se o aprendiz gastar seu tempo na pesca, retornará com 240 peixes. Desse modo, torna- se importante definir qual é a atividade que deve se especializar, de modo a obter um sistema geral de vantagens no comércio entro dois países. No caso do pescador e do aprendiz, como o pescador leva 2 vezes mais tempo construindo cabanas, ele deve desistir de 2 jantares a cada vez que constrói uma cabana. Já o aprendiz que leva 3 vezes mais tempo construindo, deve desistir de 3 jantares a cada vez que constrói uma cabana. Essa é sua “vantagem comparativa”. E o sacrifício feito por não produzirem um bem é o seu “custo de oportunidade” – o que deixa de ser feito quando se abandona determinada atividade em favor de outro país. Em suma, a teoria de Ricardo determina que o livre comércio torna possível para as famílias de diferentes países consumir mais mercadorias, independente do grau de desenvolvimento econômico, tecnológico e social. Para Ricardo, apesar do desagrado com os franceses, este fator deve ser esquecido em termos comerciais, uma vez que os agricultores desse país possam fornecer cerais a um custo mais baixo do que aquele produzido internacionalmente à Grã-Bretanha (o que permitiria aos ingleses se dedicar em atividades em que tivessem mais vantagens, como a produção de tecidos). Bloquear a importação de cereais mais baratos afetava os trabalhadores e seus empregadores. A partir do momento em que se buscam em outros países mercadorias que determinam vantagem entre estes de forma geral, pode-se aumentar a riqueza disponível do país para outros gastos, representando, assim, uma riqueza ainda maior.
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