Buscar

aula 6 2019 anexo BENS PENHORÁVEIS E IMPENHORÁVEIS

Prévia do material em texto

BENS PENHORÁVEIS E IMPENHORÁVEIS 
(ART. 832 a 834, CPC) 
 
� A principal razão para a existência de bens impenhoráveis está 
relacionada à dignidade da pessoa humana, assegurada pela 
Constituição Federal – art. 1.º, III 
 
� O art. 833 - absolutamente impenhoráveis; 
 
� O art. 834 - impenhorabilidade relativa de bens. 
 
• BENS ABSOLUTAMENTE IMPENHORÁVEIS (833) 
 
I – OS BENS INALIENÁVEIS E OS DECLARADOS, POR ATO 
VOLUNTÁRIO, NÃO SUJEITOS À EXECUÇÃO 
 
Os bens públicos são impenhoráveis – Art. 100, Cod. Civil. No mesmo 
sentido: não há penhora contra a Fazenda Pública. 
 
Os bens particulares podem se tornar impenhoráveis, em atos de vontades 
unilaterais ou bilaterais, como nas doações, testamentos, direitos autorais 
(art. 76, da Lei 9.610/98), instituição de bem de família..., ou ainda, na 
Cédula de Crédito Rural enquanto não resgatado o financiamento – uma 
verdadeira garantia exclusiva do órgão financiador. (Decreto-Lei 167/67, art. 
69). 
 
II – OS MÓVEIS, PERTENCES E UTILIDADES DOMÉSTICAS QUE 
GUARNECEM A RESIDÊNCIA DO EXECUTADO – SALVO SE DE 
ELEVADO VALOR OU INCOMPATÍVEIS COM O MÉDIO PADRÃO 
DE VIDA 
 
Humberto Theodoro Jr., assim interpreta: 
Assim, para evitar abusos ou fraudes, excluíram da impenhorabilidade: (i) 
os bens de elevado valor (como obras de arte, aparelhos eletrônicos 
sofisticados, tapetes orientais, móveis de antiquário, automóveis e etc.); e 
(ii) os bens que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um 
padrão médio de vida (como uma quantidade maior de televisões, 
geladeiras, aparelhos de sou e projeção etc.)” 
 
 III – OS VESTUÁRIOS, BEM COMO OS PERTENCES DE USO 
PESSOAL DO EXECUTADO, SALVO SE DE ELEVADO VALOR; 
 
A justificativa aqui é a mesma encontrada no inciso anterior, lembrando 
sempre que a CF assegura a DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. 
 
 
 
 
IV – OS VENCIMENTOS E OUTRAS VERBAS DE NATUREZA 
ALIMENTAR; 
Art. 7.º, X, da CF (proteção ao salário) 
 
O rol trazido no inciso IV é meramente exemplificativo, podemos incluir 
dentre outros: 
Também são impenhoráveis, por exemplo: (i) os direitos do empregado sobre 
créditos trabalhistas (descabe a penhora no rosto dos autos de reclamação 
trabalhista)]; (ii) a renda de aluguéis (quando destinar-se apenas à subsistência do 
executado-locador); (iii) os honorários de advogado (contratuais ou de 
sucumbência); e (iv) a contracorrente (onde são depositados os ganhos do 
executado ). Caso estejam depositados, na conta bancária, outros valores que não 
sejam referentes ao salário, apenas a quantia que lhe seja correspondente será 
impenhorável. 
 
• EXCEÇÃO – DÉBITO DE NATUREZA ALIMENTAR OU SE 
EXCEDER A 50 SALÁRIO MÍNIMOS MENSAIS (ART. 833, 
§2º, CPC) 
 
V- BENS NECESSÁRIOS OU ÚTEIS À PROFISSÃO – LIVROS, 
MÁQUINAS, UTENSÍLIOS E FERRAMENTAS OU OUTROS BENS 
MÓVEIS 
 
Humberto Theodoro Jr., nos ensina que: 
“A impenhorabilidade, no caso, decorre do dever que cabe ao Estado de 
assegurar condição de trabalho a todos os cidadãos. Protege-se, assim, o 
‘ganha-pão’ em qualquer atividade profissional lícita, qualquer ocupação, 
arte ou ofício, desde as mais rudimentares até as mais sofisticadas, dos 
trabalhadores braçais até os profissionais liberais.” 
E conclui: “Note-se, finalmente, que a lei considera impenhoráveis não 
apenas os bens indispensáveis ao exercício da profissão, mas também os 
úteis a tal finalidade” (Processo de Execução, 8.ª Ed., Leud editora) 
 
VI – O SEGURO DE VIDA 
 
VII – OS MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA OBRA EM 
ANDAMENTO, SALVO SE ESSA FOR PENHORADA. 
 
Os materiais são imprescindíveis para a obra, assim apenas haverá a penhora 
dos materiais se a obra toda por objeto da penhora. 
 
VIII – A PEQUENA PROPRIEDADE RURAL (Art. 5.º, XXVI, CF) 
O elemento é ser uma pequena propriedade rural sob exploração familiar. 
 
“De acordo com o STF e STJ, a pequena propriedade rural, protegida pela 
impenhorabilidade ‘deve ter tamanho suficiente para garantir o sustento 
(subsistência), bem como o desenvolvimento socioeconômico da família 
(CANAN, Ricardo. Impenhorabilidade da pequena propriedade rural. 
Revista do Processo, no. 221, p. 144, 2013; GRAU, Eros Roberto. A ordem 
Econômica na Constituição de 1988. 8.ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 
213) 
 
IX – OS RECURSOS PÚBLICOS RECEBIDOS PELAS 
INSTITUIÇÕES PRIVADAS PARA APLICAÇÃO EM EDUCAÇÃO, 
SAÚDE OU ASSISTÊNCIA SOCIAL 
 
Nesta hipótese, apenas os recursos públicos, recebidos pelas instituições 
privadas para projetos de educação, saúde e assistência social, não sofrem os 
efeitos da penhora. Os demais bens são suscetíveis de penhora. 
 
X – A QUANTIA DEPOSITADA EM CADERNETA DE POUPANÇA 
ATÉ O LIMITE DE QUARENTA SALÁRIOS MÍNIMOS 
A ideia é de possui caráter alimentar. 
Salvo de oriundo de débito alimentar ou se exceder a 50 salário mínimos 
mensais – art. 833, §2º ou 
 
XI – OS RECURSOS PÚBLICOS RECEBIDOS DO FUNDO 
PARTIDÁRIOS POR PARTIDOS POLÍTICOS 
Em regra, os partidos políticos não gozam do privilégio, este é apenas para 
os valores oriundos de recurso público para o fundo partidário. 
 
 
 
 
 
� DEMAIS EXCEÇÕES 
 
� Art. 833, §1.º - Nas hipóteses dos incisos I, II, III, VII e VIII, se o 
débito (executado) for oriundo da aquisição do próprio bem, não há 
impenhorabilidade. 
 
� Lei 8009/90 (Lei que dispõe da impenhorabilidade do bem de 
família) 
o art. 5.ª - Imóvel – Residência da Família – único imóvel utilizado 
pelo casal ou entidade familiar para moradia permanente. Havendo 
pluralidade de imóveis, a penhora recairá sobre o de menor valor. 
 
o Será impenhorável o bem já penhorado em execução fiscal Federal – 
Lei 8212/91 – art. 53, §1º - imediata indisponibilidade do bem para 
particulares, sendo que para as demais Fazendas Públicas (Estadual e 
Municipal) não se opera. 
 
 
 
 
 
 
 
 
• DOS BENS RELATIVAMENTE IMPENHORÁVEIS – 834 
 
Só será permitida a penhora dos bens relativamente impenhoráveis, na 
ausência de outros bens no patrimônio do devedor que possa garantir a 
execução. 
 
Os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis – salvo se destinados ao 
pagamento de pensão alimentícia.

Continue navegando