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Profa Ms Raffaela Angel Profa Dra Juliana Amaral O Ciclo Vital Familiar • Representa as várias etapas pelas quais as famílias passam e os desafios/ tarefas a cumprir em cada etapa, desde a sua constituição em uma geração até a morte dos indivíduos que a iniciaram. As etapas do Ciclo de Vida familiar são permeadas por crises que podem ser previsíveis ou imprevisíveis Por que o foco na família? • Ao se focar a atuação na família, amplia-se a noção de atendimento integral à saúde, em que, a partir de um paciente, as ações são desdobradas para o grupo, com a organização de práticas preventivas coletivas e de promoção de saúde. Trabalhando com a família Atenção Primária • Visam estreitar as relações entre profissionais e famílias, promovendo a compreensão em profundidade do funcionamento do indivíduo e de suas relações com a família e a comunidade OBJETIVOS ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE O Ciclo de Vida das Famílias Uma ferramenta para promoção de saúde Ciclo de vida das famílias • Esta ferramenta divide a história da família em estágios de desenvolvimento • Caracterizando papéis e tarefas específicas a cada um desses estágios Compreensão desses ciclos visa entender a maneira como eles interferem no processo saúde-doença e possibilita à equipe de saúde prever quando e como as doenças podem ocorrer Estágios do Ciclo de Vida da Família Adulto jovem independente Casamento Nascimento do primeiro filho Famílias com filhos pequeno Famílias com filhos adolescentes Lançando os filhos e seguindo em frente Aposentadoria Famílias no estágio tardio: a velhice McGoldrick (1995); Savassi (2011) Estágios do Ciclo de Vida da Família 1. Adulto jovem independente Características Tarefas Tópicos de Prevenção • Autonomia e responsabilização emocional e financeira • Investimento profissional • Síndrome dos filhos canguru (permanência na casa dos pais na vida profissional) • Diferenciação do eu em relação à família; • Desenvolvimento de relacionamentos íntimos com adultos iguais; • Estabelecimento do eu com relação ao trabalho, com independência financeira. • Estilo de Vida • Equilíbrio emocional • Metas • Organização Estágios do Ciclo de Vida da Família 2. Casamento Características Tarefas Tópicos de Prevenção • O novo casal inicia a vida a dois, • Comprometimento com um novo sistema familiar • Renegociação das relações com seus pais e amigos novos e antigos. • Conhecimento recíproco, Construção de regras próprias de funcionamento. • Formação do sistema conjugal e o realinhamento dos outros relacionamentos • Maior autonomia em relação à família de origem e da tomada de decisões sobre filhos, educação e gravidez, divisão de vários papéis do casal de modo equilibrado. • Discutir a importância da comunicação. • Fornecer informação sobre planejamento familiar Estágios do Ciclo de Vida da Família 3. Nascimento do 1° filho Características Tarefas Tópicos de Prevenção Gravidez: profundas transformações e novos acordos. • A relação altera: ela sensível e introspectiva, requer apoio e atenção; • Ele pode não entender e afastar- se Nascimento: função materna Nova alteração: a mãe sente-se sobrecarregada e o pai pode afastar-se mais. • Abertura da família para a inclusão de um novo membro; • Divisão dos papéis dos pais, novo papel materno; • Realinhamento dos relacionamentos com a família ampliada para incluir os papéis dos pais e avós. • Fornecer informações. • Envolver o pai na gestação e no parto. • Discutir desenvolvimento infantil, papel de pais e relacionamento pais e filhos. • Encorajar um tempo para o casal. • Discutir rivalidade entre irmãos. • Discutir o sentimento de “afastamento” dos pais perante o nascimento dos filhos Estágios do Ciclo de Vida da Família 4.Famílias com filhos pequenos Características Tarefas Tópicos de Prevenção Outros filhos: preparar o sistema para a aceitação dos novos membros, • Antecipação de possíveis dificuldades entre os irmãos, novos contatos externos, cada vez mais íntimos com a sociedade, crescente autonomia dos filhos • Novos ajustes das relações e do espaço • Redivisão das tarefas de educação dos filhos, além das tarefas financeiras e domésticas • Papel preponderantemente materno de ajuste e desenvolvimento das crianças, com o estabelecimento de uma vida satisfatória a todos Encorajar um tempo para o casal. • Estimular o diálogo sobre educação dos filhos. • Fornecer informações sobre o desenvolvimento das crianças. Estágios do Ciclo de Vida da Família 5. Famílias com filhos adolescentes Características Tarefas Tópicos de Prevenção Filhos adolescentes/ pais na meia idade/ avós na velhice. Toda família vive uma crise: • Mãe sobrecarregada/ Pai autorizador. • Papel dos avós flexibilidade de suas regras; • Limites mais permeáveis ao exterior, permitir que o adolescente exerça autonomia dentro e fora Adolescente: encontrar a sua própria identidade. Pais: equilibrar a liberdade e considerando a individualidade do adolescente Família: independência dos filhos e fragilidade dos avós: mudança do cuidado para a geração mais velha Preparação dos pais para autonomia dos filhos • Estabelecer relação com o adolescente que reflita aumento de autonomia. • Fornecer informação aos pais sobre desenvolvimento de adolescentes. • Conversar com adolescentes sobre drogas e sexo. • Discutir com o adolescente o estabelecimento de relações ao longo da vida Estágios do Ciclo de Vida da Família 6. Lançando os filhos e seguindo em frente Características Tarefas Tópicos de Prevenção Os filhos começam a sair de casa e deixam para trás os pais novamente sozinhos, um com o outro, vivendo a crise da meia- idade e a perspectiva da incapacidade e morte dos próprios pais. • Aceitar as múltiplas entradas e saídas de membros no sistema familiar • Renegociar o sistema conjugal como um casal (fim do papel de pais) • Incluir os genros, noras e netos • Planejamento financeiro para a aposentadoria. • Encorajar o casal a fazer planos para aposentadoria: atividades de lazer, finanças, moradia. • Explorar o papel de avós. • Discutir a sexualidade e os processos ligados ao envelhecimento. Estágios do Ciclo de Vida da Família 7. Aposentadoria Características Tarefas Tópicos de Prevenção • Novas relações com seus filhos; • Tornam-se avós realinhamento do convívio mais intenso pelo maior tempo disponível, porém com objetivos diferenciados • Ajuste ao fim do salário regular, com redução da renda mensal • Aumento dos gastos com medicações, além da necessidade de prover conforto, saúde e bem- estar. • Organização financeira • Relação com netos: definir papéis • Avaliação de hábitos de vida • Promoção de saúde Estágios do Ciclo de Vida da Família 8. Famílias no estágio tardio: a velhice Características Tarefas Tópicos de Prevenção • Aceitação da mudança dos papéis em cada geração • Papel mais central nas gerações do meio • Abrir espaço no sistema para a sabedoria e experiência dos idosos • Apoiando a geração mais velha, sem superfuncionar por ela. • Funcionamento do sistema, mesmo com o declínio fisiológico, • Lidando com a perda da habilidade e a maior dependência dos outros • Lidar com a perda de um amigo, familiar ou do próprio companheiro (geralmente a mulher sobrevive) e com a proximidade da própria morte. • Discutir tópicos de saúde, planejamento a longo prazo. • Revisar a vida como ferramenta para a saúde mental. • Encorajar interesses individuais e compartilhados. • Preparar para lidar com a perda do companheiro(a) • A partir da estrutura familiar levantam-se dados relevantes para compreender a funcionalidade familiar quais os pontos “fortes” e “fracos” da famíliapara o cuidado domiciliar, onde a família pode cooperar e onde o profissional deverá trabalhar com a família para a melhor assistência. Referências • Brasil. Melhor em casa: A Segurança do Hospital no Conforto do seu Lar. Caderno de Atenção Domiciliar. Volume 2; 2012. • Ditterich RG, Gabardo MCLG, Moysés SJ. As ferramentas de trabalho com famílias utilizadas pelas equipes de saúde da família de Curitiba, PR. Saúde Soc. São Paulo. 2009; 18(3): 515-524. • Ronchi JP, Avellar LZ. Família e o ciclo vital: a fase de aquisição. Psicologia em Revista, Belo Horizonte. 2011, 17(2): 211-225. Crenças • As crenças são o alicerce do nosso comportamento e a essência dos nossos sentimentos. • Através delas, construímos nossas vidas e nos relacionamos com outras pessoas, concordando ou não com suas crenças. Crenças • É determinada por uma estrutura biopsicossocio-espiritual. • Nós formamos nossa identidade na nossa família, comunidade e profissão, com base no sistema de crenças que compartilhamos ou não com os outros. Crenças • É um julgamento subjetivo, deve ser considerado o contexto em que ela se encontra. Facilitadoras no enfrentamento de uma situação Limitadoras no enfrentamento de uma situação CERTA ERRADA Crenças em saúde e doença A forma com que indivíduos e famílias se adaptam, manejam, reagem e enfrentam a doença são consequência das crenças que possuem acerca da doença. Crenças em saúde e doença Crenças da pessoa doente Crenças da família Crenças do profissional Wright; Watson; Bell (1996) “Crenças centrais” • São as que mais importam para o indivíduo, ou seja, aquelas que influenciam grandemente o seu modo de ser e agir em eventos importantes da vida, como a doença. - Boas filhas cuidam de seus pais. - Uma boa pessoa não incomoda os outros com seus problemas. - Devo fazer o bem para alcançar o céu. Crenças dos profissionais sobre família • Nossas crenças como profissionais determinam como vemos a família e, consequentemente, como vamos cuidar dela. - Alcoolismo - Problema congênito - DST Crenças dos enfermeiros “As crenças dos profissionais de saúde influenciam no modo como este vêem, avaliam e o mais importante, como cuidam e intervém sobre as famílias” (WRIGHT; WATSON; BELL, 1996) “As crenças formam a maneira como os enfermeiros se adaptam à determinada situação dentro de sua determinadas unidades” Concluindo • Os membros da família são os experts em suas experiências de doença; • Nós podemos oferecer nossa competência para o manejo da doença; • A relação entre essas duas competências favorece o contexto para mudança. • Nossas crenças influenciam nosso cuidado! Ritos de Passagem & Conceito Ritos de passagem são celebrações que marcam mudanças de status de uma pessoa no seio de sua comunidade. O termo foi popularizado pelo antropólogo alemão Arnold van Gennep no início do século vinte. Outras teorias foram desenvolvidas por Mary Douglas e Victor Turner na década de 1960. Os ritos de passagem são realizados de diversas formas, dependendo da situação celebrada Desde rituais místicos ou religiosos até assinatura de papéis (ou ainda os dois juntos). • Todos os rituais de passagem apresentam três fases: separação, limiar e agregação. Separação: • abrange o comportamento simbólico que significa o afastamento do indivíduo, quer de um ponto fixo anterior na estrutura social, quer de um conjunto de condições sociais ou ambos. Limiar • é uma etapa transitória, um estar no meio entre posições. Agregação • finaliza a passagem. Histórico • Em todas as sociedades primitivas, determinados momentos na vida de seus membros eram marcados por cerimônias especiais, conhecidas como ritos de iniciação ou de passagem. • Essas cerimônias, mais do que representarem uma transição particular para o indivíduo, representava igualmente a sua progressiva aceitação e participação na sociedade na qual estava inserido, tendo, portanto tanto o cunho individual quanto o coletivo. Histórico • Geralmente, a primeira dessas cerimônias era praticada dentro do próprio ambiente familiar, logo em seguida ao nascimento. • Nesse rito, o recém-nascido era apresentado aos seus antecedentes diretos, e era reconhecido como sendo parte da linhagem ancestral. • Seu nome, previamente escolhido, era então pronunciado para ele pela primeira vez, de forma solene. • Alguns anos mais tarde, ao atingir a puberdade, o jovem passava por outra cerimônia. Histórico Mulheres: • Primeira menstruação, marcando o fato que, entrando no seu período fértil, estava apta a preparar-se para o casamento. Rapazes: • Cerimônia geralmente se dava no momento em que ele fazia a caça e o abate do primeiro animal. Significam: “Integração daquela pessoa como membro produtivo da tribo” Atualidade Muitos desses ritos subsistiram embora muitos deles esvaziados do seu conteúdo simbólico. Batismo e festas de aniversário de 15 anos hoje representam muito mais um compromisso social do que a marcação do início de uma nova fase na vida do indivíduo. No entanto, a troca do símbolo pela ostentação pura e simples, acaba criando a desestruturação do padrão social. REFLEXÃO Família A família é o lugar onde se ouvem as primeiras falas, com as quais se constrói a auto-imagem e a imagem do mundo exterior. É fundamentalmente como lugar de aquisição de linguagem que a família define seu caráter social. Nela, aprende-se a falar e, por meio da linguagem, a ordenar e dar sentido às experiências vividas. A família, seja como for composta, vivida e organizada, é o filtro através do qual se começa a ver e a significar o mundo. Esse processo que se inicia ao nascer estende-se ao longo de toda a vida, a partir dos diferentes lugares que se ocupa na família. BASE PARA A VIDA! Criança adulto • A fase de separação se iniciaria no final do ensino médio, quando os estudantes começam a ser afastados do convívio social para se dedicarem ao estudo para o vestibular. • A limiaridade seria o período que vai do final do ensino médio até a divulgação do resultado do exame vestibular, finalizando com a fase da agregação, que vai da matrícula na universidade até os primeiros meses de aula (isto para os que passam no vestibular). Adolescência • Os jovens caracterizam-se precisamente pela busca de outros referenciais para a construção de sua identidade fora da família, como parte de seu processo de afirmação individual e social. Adolescência • Necessitam falar de si no plural, recriando "famílias" (como construção de "nós"), fora de seu âmbito familiar de origem, através dos vários grupos de pares (peer groups), seja em torno de música (rock, rap), outras atividades culturais, esportivas ou outras formas de expressão dos jovens no espaço público. A escolha da profissão • Caráter punitivo • “Ganharas teu dinheiro com o suor do teu rosto” • Caráter estruturador • “O trabalho dignifica o homem” Casamento • Os rituais ou cerimônias que celebram a formação de um novo casal são praticamente universais • Papéis de marido e mulher presumem claramente demarcarem o início de um novo núcleo familiar, a passagem para a adultez e a potencial transição para a parentalidade. Filhos • Deixar de ser filho para ser mãe/pai • No passado os casais tinham maior consciência da iminência da parentalidade, uma vez que a gravidez ocorria logo após o casamento e o início da vida sexual. • Atualidade: controle da natalidade e planejamento familiar. Morte • Luta contra a idéia de finitude • Morte do outro como lembrança da própria morte • Ritos: • Passagem para um outro estágio • Fazer o morto completar a viagem para o seu território definitivo protegendo, dessa forma, a comunidade contra o seu retorno • Dor da perda referências • Brasil. Ministério da Saúde. Saúde da Família [on line]. Aprox 1 pag. Disponível em: http://dtr2004.saude.gov.br/dab/atencaobasica.php • Sarti, C A. A família comoordem simbólica. Psicol. USP , São Paulo, v. 15, n. 3, 2004. Disponível em: <http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 65642004000200002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 30 Out 2009. • Silva A L P; Soares D H P. A orientação profissional como rito preliminar de passagem: sua importância clínica. Psicol. estud., Maringá, v. 6, n. 2, Dec. 2001 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722001000200016&lng=en&nrm=iso>. access on 30 Oct. 2009. doi: 10.1590/S1413-73722001000200016. • Lopes R C S et al . Ritual de casamento e planejamento do primeiro filho. Psicol. estud., Maringá, v. 11, n. 1, Apr. 2006 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 73722006000100007&lng=en&nrm=iso>. access on 30 Oct. 2009. doi: 10.1590/S1413- 73722006000100007. • Bellato R, Carvalho E C. O jogo existencial e a ritualização da morte. Rev. Latino-Am. Enfermagem [serial on the Internet]. 2005 Feb [cited 2009 Oct 30] ; 13(1): 99-104. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692005000100016&lng=en. doi: 10.1590/S0104-11692005000100016.
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