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FAMÍLIA - IESC III

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1 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
A família representa a proteção, o apoio e também a fonte de 
modelos que direciona a forma como cada um aprende a ser e a 
enfrentar as dificuldades. Nessa perspectiva, os médicos de família e 
comunidade precisam conhecer todos os ingredientes que possam 
compor a fórmula desse antídoto e se aproximar, ainda mais, daqueles 
que enfrentam as situações mais críticas (GUSSO, 2ª ed.). 
A Política Nacional de Atenção Básica de Saúde do Ministério da Saúde, 
publicada em 2006, reafirma a família como sujeito do processo de 
cuidado e define o domicílio como o contexto social em que se 
constroem as relações intra e extrafamiliares e se efetiva a luta pela 
sobrevivência e pelas condições de vida (CHAPADEIRO; ANDRADE; 
ARAÚJO, 2011). 
Família 
↠ Trata-se de um sistema aberto, dinâmico e complexo, 
cujos membros pertencem a um mesmo contexto social 
compartilhado, lugar do reconhecimento da diferença e 
do aprendizado quanto ao se unir ou se separar e sede 
das primeiras trocas afetivo-emocionais e da construção 
da identidade (MS, 2013). 
↠ O conceito sobre o que é família também sofre 
alterações de acordo com as transformações que 
ocorrem na sociedade. A definição de família, embora não 
exclusiva, é a de ser um grupo de pessoas que convivem, 
têm laços intensos de proximidade e compartilham o 
sentimento de identidade e pertencimento, que 
influenciarão, de alguma forma, suas vidas (GUSSO, 2ª ed.). 
↠ Esse grupo, em geral, possui objetivos relacionados 
com a preservação, a nutrição e a proteção daqueles 
que vivem em conjunto e tem seu próprio modo de 
perceber o mundo (GUSSO, 2ª ed.). 
IMPORTANTE: Conhecer os papéis de cada indivíduo da família – 
cuidadores e provedores, quem toma as decisões, quem resolve os 
problemas. 
CONHECER O HISTÓRICO: tipo de família, recurso financeiro, segurança, 
saúde, suporte emocional interno e externo. 
O QUE OBSERVAR DURANTE UMA ABORDAGEM FAMILIAR? 
Tópicos relevantes para observação durante uma abordagem familiar 
no domicílio que facilitarão o entendimento global da estrutura e do 
funcionamento familiar: 
➢ Limites ou fronteiras: espera-se que sejam claros e 
flexíveis, porém podem ocorrer disfuncionalidades quando 
estes são muito rígidos ou emaranhados. 
➢ Papéis: cada integrante do sistema familiar representa 
papéis em sua vida, entre eles estão: de homem, 
empregado, empregador, pai, marido, amigo, irmão, filho, 
torcedor etc. De acordo com cada subsistema familiar, é 
importante que o profissional de Saúde identifique a função 
de cada um naquele contexto para poder resgatar funções 
e papéis, tornando o cuidado integral e, muitas vezes, 
resgatando a funcionalidade da família e extraindo a doença; 
➢ Comunicação: o ser humano utiliza a comunicação 
constantemente, em todos os momentos de sua vida, 
mesmo quando não está falando (comunicação não verbal), 
mas que pode ser percebida por gestos, ações, olhares, 
entre outros; e a comunicação verbal (que diz respeito à 
fala). Nessa última, temos dois tipos de linguagem: na 
primeira, cada formulação possui apenas um sentido, há um 
estímulo e apenas uma resposta; na segunda, cada 
mensagem refere-se a um contexto de outras mensagens, 
não há mensagem e resposta única, e sim respostas 
múltiplas, algumas vezes imaginárias. Na prática do 
trabalhador de Saúde, a comunicação apresenta-se como 
a principal ferramenta de trabalho. E é necessário, portanto, 
estar atento se a mensagem que estamos passando ou 
recebendo está sendo adequadamente entendida. 
➢ Transgeracionalidade: deve-se observar a família nuclear e 
a trigeracional (avós, pais e filhos), avaliando padrões de 
repetição, segredos e rituais que possam estar enraizados 
entre as gerações. 
TIPOS DE FAMÍLIA 
 
↠ Verifica-se ampla variação de organização familiar de 
uma sociedade para outra ou mesmo no interior de uma 
dada sociedade. Contudo, encontram-se, principalmente, 
as seguintes organizações: (CHAPADEIRO; ANDRADE; 
ARAÚJO, 2011). 
➢ Família nuclear, conjugal ou elementar: pai, mãe 
e filhos nascidos dessa união; os irmãos, filhos do 
mesmo pai e da mesma mãe, habitando o 
mesmo espaço e tendo sua união reconhecida 
pelos demais membros da comunidade. 
Pai, mãe e filhos (biológicos ou adotivos). Pai provedor e mãe dona 
de casa. Atentar para violência. 
➢ Família composta: compreende o conjunto de 
cônjuges e de seus filhos na sociedade 
poligâmica, sob duas modalidades: a poliginia (um 
homem com mais de uma esposa) ou a 
poliandria (uma mulher com vários maridos). 
➢ Família extensa: rede familiar ligando 
consanguíneos, aliados e descendentes, ao longo 
de pelo menos três gerações, correspondendo, 
em geral, a uma unidade doméstica (propriedade 
da terra e das habitações). 
2 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Mais de uma geração morando todos juntos. Comum nas classes 
baixas. Confusões de papéis e funções. Atentar aos filhos mais novos 
que acumulam doenças. 
➢ Família unitária: só um membro. 
Ex.: viúvo. Atentar para depressão, incapacidade de realizar as tarefas 
e cuidados pessoais. Auxílio dos vizinhos, da igreja. 
➢ Família monoparental: um dos pais moram com 
os filhos. 
Atentar ao “cuidador” e a saúde das crianças. 
➢ Família reconstruída: família que tinha um 
formato e agora formam uma nova família. 
Atentar sinais psicológicos – ciúmes, mal tratos. 
➢ Família homoafetiva: casais com pessoas do 
mesmo sexo com ou sem filhos. 
Atentar sinais de preconceitos que podem gerar sequelas 
psicológicas sérias. 
➢ Família instituição: instituto que tem função de 
criar e desenvolver uma criança, adolescente ou 
idoso. 
Ex.: orfanato, irmandades religiosas, asilos. 
OBS.: Pode-se afirmar que o modelo de família mais conhecido e 
reconhecido socialmente seja o denominado de “nuclear”, hoje 
adquirindo também as denominações de “natal-conjugal”, “simples”, 
“imediata”, “primária” ou “normal” (CHAPADEIRO; ANDRADE; ARAÚJO, 
2011). 
IMPORTANTE: Entender como a família influencia a saúde dá, ao médico 
de família e comunidade, a oportunidade de antecipar e reduzir os 
efeitos adversos do estresse familiar e usar a família como recurso 
para cuidar das pessoas (GUSSO, 2ª ed.). 
FUNÇÕES DA FAMÍLIA 
 
 
CICLO DE VIDA 
↠ O ciclo de vida familiar é uma sequência de 
transformações na história do desenvolvimento da família. 
Cada família atravessa diferentes fases em suas vidas, e 
cada nova etapa é um desafio para que a família se 
organize e obtenha novamente o equilíbrio. Cada nova 
fase exige mudanças emocionais e realização de tarefas 
práticas para ocorrer o equilíbrio dentro do sistema 
familiar e assim prosseguir para a próxima fase do ciclo 
(GUSSO, 2ª ed.). 
OBS.: O momento de maior vulnerabilidade para o aparecimento de 
sintomas, em geral, coincide com os períodos de transição de uma 
fase à outra do ciclo de vida. O sintoma pode sinalizar que a família se 
imobilizou e está com dificuldades de passar para a fase seguinte 
(GUSSO, 2ª ed.). 
↠ As crises do ciclo de vida familiar podem ser 
previsíveis, esperadas, ou acidentais, inesperadas, que 
ocorrem por adoecimento, acidente, separação ou 
divórcio, perda de emprego, perda de um membro da 
família, e que exigem cuidados específicos. O importante 
é percebê-las conforme a exigência de mudança que a 
situação demanda (GUSSO, 2ª ed.). 
ESTÁGIO PROCESSO 
EMOCIONAL 
MUDANÇAS NECESSÁRIAS 
Saindo de 
casa: jovens 
solteiros 
Aceitar a 
responsabilidade 
emocional e 
financeira (eu) 
Diferenciar-se da família; 
Desenvolver 
relacionamentos íntimos 
com adultos iguais; 
Estabelecer-se 
Financeiramente. 
O novo casal Comprometer-
se com o novo 
sistema 
Formar sistema marital; 
Realinhar 
relacionamentos, incluir 
cônjuge. 
Famílias com 
filhos 
pequenos 
Aceitar novos 
membros no 
sistema 
Ajustar o sistema 
conjugal para criar 
espaço para filhos; 
Unir-se nas tarefas de 
educação dos filhos, 
tanto financeirasquanto 
domésticas; 
Incluir papéis de pais e avós. 
Famílias com 
adolescentes 
Aumentar a 
flexibilidade das 
fronteiras 
familiares para 
incluir 
a independência 
dos filhos e a 
fragilidade dos 
avós 
Modificar o 
relacionamento com os 
filhos; 
Procurar novo foco nas 
questões conjugais e 
profissionais; 
Começar a mudança no 
sentido de cuidar a 
geração mais velha. 
Encaminhando 
os filhos e 
seguindo em 
frente 
Aceitar várias 
saídas e 
entradas 
no sistema 
familiar 
Renegociar o sistema 
conjugal como díade; 
Desenvolver 
relacionamento dos 
adultos e destes com os 
filhos; 
3 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Realinhar os 
relacionamentos, para 
incluir parentes por 
afinidade e netos; 
Lidar com incapacidade e 
morte dos pais (avós). 
Famílias no 
estágio tardio 
de vida 
Aceitar a 
mudança dos 
papéis 
em cada 
geração 
Manter o funcionamento 
e interesses próprios e/ou 
do casal em face do 
declínio biológico; 
Apoiar um papel mais 
central da geração do 
meio; 
Abrir espaço para 
sabedoria dos idosos, 
apoiando-a sem 
superfuncionar por ela; 
Lidar com as perdas. 
 
OBS.: O ciclo de vida familiar de classe popular é caracterizado por um 
menor número de etapas de desenvolvimento decorrentes do 
processo de adaptação. Esse contexto exige que as pessoas exerçam 
tarefas que não são específicas para a fase da vida em que se 
encontram e sim exigidas em uma determinada situação (GUSSO, 2ª 
ed.). 
 
↠ São três as etapas do ciclo de vida familiar da 
população de classe popular: (GUSSO, 2ª ed.). 
➢ Estágio 1 – Adolescente/Adulto jovem solteiro: 
As fronteiras entre a adolescência e a idade 
adulta jovem são confusas. Os adolescentes são 
responsáveis por si mesmos e utilizados como 
fonte de renda a partir dos 10 ou 11 anos de idade. 
➢ Estágio 2 – A família com filhos: Começa sem 
que ocorra necessariamente o casamento, mas 
com a geração de filhos e a busca por formar 
um sistema conjugal, assumir papéis paternos e 
realinhamento dos relacionamentos com a 
família. 
➢ Estágio 3 – A família no estágio tardio da vida: 
Ocorre com frequência uma composição 
familiar com três ou quatro gerações. Sendo 
assim, há pouca probabilidade de haver “ninho 
vazio”, e muitas vezes a base de sustentação 
familiar depende da aposentadoria de um dos 
avós, em geral a avó, que persiste com 
responsabilidades sobre a sobrevivência de 
todos. 
DOENÇA CRÔNICA E O CICLO DE VIDA FAMILIAR 
Quando uma doença crônica acomete um dos membros da família, 
podem ser necessárias mudanças e adaptações para que a família 
continue funcionando. Essas mudanças dependerão de algumas 
características da doença e da combinação entre elas (CORREIA et. al., 
2019). 
 
ENTREVISTA COM A FAMÍLIA 
↠ O encontro com a família, seja para abordar problemas 
biológicos ou psicossociais, estabelece uma interação 
entre interlocutores desconhecidos, que tratam de 
situações em comum, de âmbito privado, entre pessoas 
com motivações diferentes (GUSSO, 2ª ed.). 
↠ Para suavizar possíveis dificuldades, além de utilizar as 
orientações referidas, sugere-se que a consulta seja 
composta das seguintes etapas: (GUSSO, 2ª ed.). 
➢ 1ª Apresentação social: durante a fase inicial, a de 
apresentação, cumprimente cada pessoa 
individualmente. 
➢ 2ª Aproximação: é importante buscar pontos de 
aproximação, conhecer as pessoas, 
independentemente dos problemas, estar 
atento a todo o processo de comunicação – 
verbal e não verbal – e saber sobre seu 
cotidiano, para iniciar o processo de conexão e 
geração de hipóteses sobre a situação. 
4 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
➢ 3ª Entendimento da situação: Solicite que cada 
pessoa mostre seu ponto de vista. O importante 
é ouvir a explicação sobre o problema a partir 
da percepção de cada participante da consulta. 
➢ 4ª Discussão: Encoraje a família a conversar. 
Questione como já lidaram com os problemas 
em outras situações. 
➢ 5ª Estabelecimento de um plano terapêutico: 
Solicite um plano da família, contribua quando 
necessário com informações médicas, 
aconselhe, enfatize as questões em comum, 
realize combinações, lembrando os objetivos, 
questione se há dúvidas e remarque novo 
encontro, se necessário. 
 
Ferramentas de abordagem familiar 
↠ As ferramentas de abordagem familiar têm por 
objetivo o diagnóstico do indivíduo e sua família, sendo 
aplicadas segundo suas necessidades apresentadas 
(CORREIA et. al., 2019). 
GENOGRAMA 
↠ O genograma é uma ferramenta de representação 
gráfica da família. Nele são representados os diferentes 
membros da família, o padrão de relacionamento entre 
eles e as suas principais morbidades. Podem ser acrescentados 
dados como ocupação, hábitos, grau de escolaridade, entre outros, de 
acordo com o objetivo do profissional e dados relevantes da família 
(CHAPADEIRO; ANDRADE; ARAÚJO, 2011). 
↠ O genograma baseia-se no modelo do heredograma, 
mostrando, graficamente, a estrutura e o padrão de 
repetição das relações familiares, as repetições de 
padrões de doenças, o relacionamento e os conflitos 
resultantes do adoecer (MS, 2013). 
OBS.: Não existe uma regra fixa relacionada ao momento da entrevista 
em que o genograma deve ser realizado, assim como não é 
obrigatória a presença de todos os componentes da família para a sua 
elaboração (GUSSO, 2ª ed.). 
REGRAS PARA ELABORAÇÃO DO GENOGRAMA 
↠ O genograma possui dois elementos fundamentais, os 
estruturais e os funcionais, apresentados a seguir. Os 
elementos estruturais trazem as informações relativas à 
composição familiar, data de nascimento, grau de 
escolaridade, ocupação, hábitos, doenças, mortes, 
separações, etc. Os elementos funcionais mostram a 
dinâmica funcional da família (CHAPADEIRO; ANDRADE; 
ARAÚJO, 2011). 
↠ É preciso observar regras básicas na construção do 
genograma, como: (CHAPADEIRO; ANDRADE; ARAÚJO, 
2011). 
➢ Utilizar simbologia padrão, utilizando símbolos e 
siglas. 
➢ Representar pelo menos três gerações. 
➢ Iniciar com a representação do casal e seus 
filhos. 
➢ Indicar o ciclo vital da família. 
➢ Representar as relações familiares. 
➢ Indicar os fatores estressores, como doenças e 
condições. 
➢ Obedecer à cronologia de idade − dos mais 
velhos para os mais novos. 
 
↠ No genograma devem ser registrados três tipos de 
informações: (CHAPADEIRO; ANDRADE; ARAÚJO, 2011). 
➢ Informações demográficas: datas de nascimento 
e de mortes, profissão, grau de escolaridade. As 
idades devem ser colocadas junto às respectivas 
figuras. 
➢ Informações sobre o funcionamento: anotar os 
dados a respeito do estado de saúde, qualidade 
das relações, comportamentos e emoções. 
5 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
➢ Eventos críticos: anotar todos os eventos 
marcantes na família, como morte, nascimento, 
casamento, doenças graves, separação, 
mudança de cidade, entre outros. 
QUANDO CONSTRUIR O GENOGRAMA? 
↠ Como toda ferramenta, esta também tem sua 
aplicabilidade. Pode ser utilizada por todos os membros da 
equipe, mas não deve ser feita como uma tarefa sem 
objetivo. As situações indicadas para sua utilização são: 
➢ Sintomas inespecíficos. 
➢ Utilização excessiva dos serviços de saúde. 
➢ Doença crônica. 
➢ Isolamento. 
➢ Problemas emocionais graves. 
➢ Situações de risco familiar, por violência 
doméstica ou drogadição. 
➢ Mudanças no ciclo de vida. 
➢ Resistência ao tratamento ou dificuldade para 
aceitar o diagnóstico. 
➢ Alteração nos papéis familiares, por eventos 
agudos. 
OBS.: O genograma permite conhecer o indivíduo em seu contexto 
familiar e a influência da família em sua vida; conhecer as doenças mais 
frequentes na família e o padrão de repetição das mesmas, 
possibilitando ações efetivas de promoção de saúde nos seus 
descendentes; além de permitir ao profissional conhecer e explorar 
junto aos familiares suas crenças e padrões de comportamento. Tem 
valor não só diagnóstico, como tambémterapêutico. E, finalmente, 
avalia até que ponto o padrão de relacionamento é saudável ou não 
(CHAPADEIRO; ANDRADE; ARAÚJO, 2011). 
ECOMAPA 
↠ Quando representamos a rede social da família, 
estamos fazendo o ECOMAPA, que é o desenho 
complementar ao genograma na compreensão da 
composição e estrutura relacional da família e a relação 
com o meio que a cerca (CORREIA et. al., 2019). 
↠ Ao construirmos o Ecomapa é necessário colocar 
todos os suportes da família: trabalho, igreja, grupos 
comunitários, clubes, vizinhança e outros que a família cite 
como estrutura de apoio. Uma família que tem poucas conexões 
com a comunidade e entre seus membros necessita maior 
investimento da equipe de Saúde da Família, para melhorar seu bem-
estar (CORREIA et. al., 2019). 
↠ Os círculos externos mostram os contatos da família 
com a comunidade. As linhas indicam o tipo de conexão: 
linhas contínuas representam ligações fortes; linhas 
pontilhadas, ligações frágeis; linhas com barras, aspectos 
estressantes. As setas significam energia e fluxo de 
recursos. Ausência de linhas significa ausência de conexão 
(CHAPADEIRO; ANDRADE; ARAÚJO, 2011). 
O ecomapa da família de Sandra e Fernando demonstra o forte fluxo 
de energia e recursos com o serviço de saúde e trabalho. As setas 
nos dois sentidos significam que esse fluxo é recíproco, os serviços 
de saúde estão direcionados para a família, assim como a família está 
direcionada para os serviços. Essa relação ocorre também com o 
trabalho (CHAPADEIRO; ANDRADE; ARAÚJO, 2011). 
A relação do serviço social com a família também é intensa; contudo, 
a família não demonstra reciprocidade. As barras, na linha que liga o 
genograma à família de origem de Sandra, indicam que as relações 
entre as duas famílias são estressantes (CHAPADEIRO; ANDRADE; 
ARAÚJO, 2011). 
 
PRACTICE 
↠ Instrumento que permite a avaliação do 
funcionamento das famílias. Esse instrumento facilita a 
coleta de informações e entendimento do problema, seja 
ele de ordem clínica, comportamental ou relacional, assim 
como a elaboração de avaliação e construção de 
intervenção, com dados colhidos com a família, facilitando 
o desenvolvimento da avaliação familiar (CHAPADEIRO; 
ANDRADE; ARAÚJO, 2011). 
↠ Deve ser aplicado em reuniões familiares, sendo que 
o profissional tem que ter a clareza de que só uma 
entrevista familiar será insuficiente para se construir com 
a família soluções para resolução do problema 
apresentado (CHAPADEIRO; ANDRADE; ARAÚJO, 2011). 
↠ Funciona como um roteiro para obtenção de 
informações e é focado na resolução de problemas. Cada 
letra significa uma área de investigação. Seria como se 
descompactássemos um arquivo para o entendimento e 
6 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
em seguida o compactássemos novamente para o seu 
funcionamento. Geralmente usado em conferências 
familiares (DIAS; GUIMARÃES). 
 
 
Problema: Como a família percebe, define e enfrenta o problema 
atual (por exemplo, uma doença grave em um dos membros). 
Papéis e estrutura: Aprofunda aspectos do desempenho dos papéis 
de cada um dos familiares e como eles evoluem a partir dos seus 
posicionamentos. 
Afeto: Como se estabelecem as trocas de afeto entre os membros 
e como esta troca reflete e interfere no problema apresentado. 
Comunicação: Como acontecem as diversas formas de comunicação 
entre as pessoas. 
Tempo no ciclo de vida: Correlaciona o problema com as dificuldades 
e as tarefas esperadas dentro das diversas fases do ciclo de vida. 
Doenças na família (passadas e presente): Resgata a morbidade 
familiar e o modo de enfrentamento nas situações pregressas. 
Trabalha com a longitudinalidade do cuidado e a importância do 
suporte familiar. 
Enfrentando o estresse: Como a família lida com o estresse? A 
equipe parte das experiências anteriores e analisa a atual. Identifica 
fontes de recursos internos, explora alternativas de enfrentamento 
se requeridas e interfere se a crise estiver for a de controle. 
Ecologia (ou meio ambiente): Identifica o tipo de sustentação familiar 
e como podem ser usados os recursos disponíveis. Usar o 
instrumento “ecomapa”. 
APGAR FAMILIAR 
↠ Reflete a satisfação de cada membro da família, 
representado pela sigla APGAR que significa: Adaptation 
(Adaptação), Partneship (Participação), Growth 
(Crescimento), Affection (Afeição) e Resolve (Resolução) 
(CORREIA et. al., 2019). 
↠ A avaliação será feita para cada membro da família, 
por questionário de cinco perguntas referentes aos 
aspectos abordados, que serão pontuadas e analisadas 
depois. Os diferentes índices de cada membro devem ser 
comparados para se avaliar o estado funcional da família. 
A partir da aplicação do questionário e da avaliação do 
quadro familiar pode-se desenhar um plano terapêutico 
que poderá ser desenvolvido pelo próprio médico de 
família ou pode exigir a participação de outros 
profissionais, como enfermeiros, psicólogos, psiquiatras, 
terapeutas ocupacionais ou de família (CHAPADEIRO; 
ANDRADE; ARAÚJO, 2011). 
 
Para cada pergunta, pontuar da seguinte forma: quase sempre: 2 
pontos; às vezes: 1 ponto; raramente: zero (CORREIA et. al., 2019). 
A forma de pontuação para a ferramenta APGAR considera: 7 a 10 
pontos: altamente funcional; 4 a 6 pontos: moderadamente funcional; 
0 a 3 pontos: severamente disfuncional (CORREIA et. al., 2019). 
FIRO 
↠ As “Orientações Fundamentais nas Relações 
Interpessoais” − Fundamental Interpersonal Relations 
Orientations (FIRO) − procuram avaliar os sentimentos de 
membros da família, na vivência das relações do cotidiano 
(CHAPADEIRO; ANDRADE; ARAÚJO, 2011). 
↠ Esta ferramenta deve ser utilizada em quatro 
situações: (CHAPADEIRO; ANDRADE; ARAÚJO, 2011). 
➢ Quando as interações na família podem ser 
categorizadas nas dimensões inclusão, controle 
e intimidade, ou seja, a família pode ser estudada 
7 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
quanto às suas relações de poder, comunicação 
e afeto; 
➢ Quando a família sofre mudanças importantes 
ou ritos de passagem, tais como descritos no 
ciclo de vida, e faz-se necessário criar novos 
padrões de inclusão, controle e intimidade; 
➢ Quando a inclusão, o controle e a intimidade 
constituem uma sequência inerente ao 
desenvolvimento para o manejo de mudanças 
da família; 
➢ Quando as três dimensões anteriores 
constituem uma sequência lógica de prioridades 
para o tratamento: inclusão, controle e 
intimidade. 
SIGNIFICADO DE CADA TERMO-CHAVE 
➢ Inclusão: permite conhecer a dinâmica de relacionamento 
na família, como ela se organiza para enfrentar as situações 
de estresse, o papel de cada membro e como são a 
interação e participação de cada um dos membros da 
família. Vamos voltar nossa reflexão para nossa própria 
família − como nos organizamos ao enfrentar um 
problema, quem apoia, quem se afasta, como nos 
comunicamos? 
➢ Controle: mostra como é exercido o poder na família. Ele 
pode ser: dominante − um exerce o poder sobre toda a 
família; reativo − ocorre reação contrária a alguém que 
deseja exercer o papel de dominância; colaborativo − 
compartilhamento de poder entre os membros da família. 
➢ Intimidade: como os membros da família se unem para 
compartilhar entre si os sentimentos. 
Obs.: Essa ferramenta é útil quando, por qualquer motivo, houver 
mudança de papéis na família. Por exemplo: quando o chefe da família 
perde seu emprego e passa a ser sustentado pela esposa, deverá 
haver negociação dos papéis de cada membro da família. Se tal fato 
não se verificar, pode gerar sentimentos de inutilidade em um 
membro e sobrecarga de outro, levando a algum tipo de disfunção na 
família ou até mesmo a um problema orgânico em qualquer membro 
dessa família (CHAPADEIRO; ANDRADE; ARAÚJO, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
GUSSO et. al. Tratado de Medicina de Família e 
Comunidade, 2ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2019. 
CHAPADEIRO, C. A.; ANDRADE, H. S. O.;ARAÚJO, M. R. N. 
A família como foco da Atenção Primária à Saúde. Belo 
Horizonte: Nescon/UFMG, 2011. 
Ministério da Saúde. Caderno de atenção domiciliar. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 
CORREIA et. al. Curso de Especialização em Saúde da 
Família: Família e Abordagem Familiar, 2019. 
DIAS, R. B.; GUIMARÃES, F. G. Abordagem Familiar.

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