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Crise do sistema colonial e processo de Independência Aula 10 Sistema colonial: Pacto colonial Mercantilismo Soberania da metrópole Crise do sistema colonial Quais os fatores que levaram o sistema colonial a começar a ruir? Em resumo, o descontentamento com o sistema colonial - Exploração: impostos (lembremos da mineração) - Proibições (manufaturas) - Ideias iluministas (liberdade, igualdade, liberalismo econômico, liberalismo econômico) - Elite colonial - Movimentos de revolta Crise do sistema colonial Movimentos nativistas - Revolta dos irmãos Beckman (1641) - Guerra dos Emboabas (1708/ 1709) - Guerra dos Mascates (1710) - Revolta de Vila Rica (1720) Movimentos emancipatórios - Conjuração mineira (1789) - Conjuração baiana (1798) Revolta dos Irmãos Beckman (1641) A companhia de Comércio do Maranhão, criada em 1682, obteve o monopólio comercio na região do Maranhão, comprometendo-se a fornecer por vinte anos quinhentos escravos africanos por ano, comprar a produção local para vender no mercado europeu e abastecer os colonos com gêneros importados da Europa. Comprometeu-se ainda a incentivar a produção de cravo, baunilha e cacau. Mas os produtos eram de má qualidade e tinham preços altos. Apenas parte da produção local era comprada e, mesmo assim, por preços baixos. Por outro lado, a Companhia não cumpria com regularidade o fornecimento de escravos negros. Diante dessas dificuldades, os grandes proprietários do Maranhão, liderados pelos irmãos Beckman (Tomás e Manuel), rebelaram-se contra os abusos da Companhia em 1684. Seus objetivos compreendiam o fim do monopólio comercial e a liberdade de escravizar os índios. Os revoltosos decidiram ainda, em assembléia realizada na Câmara municipal, a exoneração do capitão-mor, a organização de um novo governo, a expropriação dos depósitos da Companhia e a prisão dos padres jesuítas que queriam impedir a escravidão indígena. O novo governador, nomeado pela Coroa, Gomes Freire de Andrada, prendeu e enforcou os principais lideres da rebelião, deportou outros revoltosos e aniquilou o movimento. Mas um dos objetivos da revolta foi alcançado: a Companhia de Comércio do Maranhão foi extinta por ordem real. Guerra dos emboabas (1708/1709) Os portugueses eram conhecidos como emboabas , palavra de origem tupi que servia para designar “os que não haviam nascido na região”. O principal chefe dos emboabas foi Manuel Nunes Viana, que liderou tropas contra os paulistas, vencendo-os nas regiões de Sabará e Cachoeira do Campo. Em 1709, ocorreu a sangrenta matança de diversos paulistas, no chamado Capão da Traição, por um exército emboaba de mil homens, comandados por Bento do Amaral Coutinho. Procurando acabar com o conflito, a coroa portuguesa interveio na região e passou a exercer austero controle econômico das minas. Em julho de 1711, D. João V elevou São Paulo à categoria de cidade, separando-a administrativamente da região das minas. (COTRIM, Gilberto. História Global. 5ª ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 1999, p.203) Guerra dos Mascates (1710) Até o final do século XVII, Olinda era a principal cidade de Pernambuco. Nela moravam ricos senhores de engenho, que durante muito tempo pensaram que sua fortuna nunca acabaria. Mas foi exatamente isso que aconteceu, devido à queda do preço do açúcar no mercado europeu causada pela concorrência do açúcar antilhano. Com a queda dos preços do açúcar, os senhores de engenho de Olinda começaram a pedir dinheiro emprestado aos comerciantes do povoado de Recife, que cobravam juros altos pelo empréstimo. Enquanto comerciantes do Recife progrediam em seus negócios, os senhores de engenho ficavam cada vez mais pobres e endividados. Aos poucos, foram surgindo ódios e conflitos entre eles. Em tom de provocação, os senhores de engenho apelidaram os comerciantes de Mascates. Conscientes de sua importância, os comerciantes pediram ao rei de Portugal, D. João V, que seu povoado fosse elevado à categoria de vila. Queriam ver Recife independente de Olinda, sem ter que pagar-lhes impostos ou obedecer suas ordens. D. João V atendeu ao pedido dos comerciantes, mas os senhores de engenho não aceitaram sua decisão. Organizaram uma rebelião, liderados por Bernardino Vieira de Melo, invadiram Recife. Sem condições de resistência, os comerciantes mais ricos fugiram para não serem capturados. Essa luta ficou conhecida como guerra dos mascates Em 1711, o governo português interveio, reprimindo duramente os revoltosos. Bernardo Vieira de Melo e outros líderes foram presos e condenados ao exílio. Os mascates reassumiram sua posição, e Recife tornou-se a capital de Pernambuco. A Revolta de Vila Rica (1720) No dia 29 de junho de 1720, cerca de 2 mil revoltosos conquistaram a cidade de Vila Rica, comandado pelo português Felipe dos Santos. Os revoltosos exigiam de D. Pedro de Almeida Portugal, governador da capitania das Minas Gerais, a extinção das casas de fundição. Apanhados de surpresa, o governador fingiu aceitar as exigências e prometeu acabar com as Casas de Fundição. Na verdade, queria apenas ganhar tempo para organizar suas atividades e reagir energicamente. Foi o que aconteceu. Em pouco tempo, os líderes do movimento foram presos e Felipe dos Santos, condenado. Sua pena foi enforcamento em praça pública, no dia 16 de julho de 1720, sendo o seu corpo, posteriormente, esquartejado. Conjuração ou Inconfidência Mineira (1789) Insatisfação generalizada, principalmente dos moradores mais ricos (proprietários de terras e áreas extrativistas de ouro, comerciantes, magistrados, alguns militares e importantes intelectuais), com a administração portuguesa e sua política de arrecadação de impostos adotados na região. A partir da década de 1750, as minas de ouro começaram a dar sinais de esgotamento e a extração do metal diminuiu, assim como se reduziu a arrecadação do “quinto”. A Coroa não aceitava essa redução, alegando que a queda era resultado de fraudes e extravios. Com esse argumento, o governo instituiu o recolhimento anual mínimo de 100 arrobas (1.500 quilos), mas caso esse montante não fosse atingido, impunhase a cobrança da derrama, imposto individual e proporcional aos rendimentos de qualquer pessoa para completar e saldar a cota anual devida. Em 1789, os mineiros deviam aos cofres metropolitanos a quantia de 596 arrobas de ouro em impostos não pagos nos anos anteriores, quando as 100 arrobas não tinham sido atingidas. Eram quase 8.940 quilos de ouro ou 9 toneladas. Eis o porquê da decretação da derrama ser o ponto mais forte a mobilizar os conjurados, embora a proposta “separatista” com relação à Portugal tivesse ganho mais evidência. A Coroa solicita a decretação da derrama. O então governador da província, visconde de Barbacena se deu conta do potencial explosivo contido na ordem de cobrança forçada de impostos atrasados e, enquanto era tramada a revolta, desistiu da cobrança da derrama e decidiu negociar o montante a ser pago pelos principais devedores. Um dos convocados pelo governador visconde de Barbacena para acertar suas contas com a Fazenda Real foi Joaquim Silvério dos Reis, que havia se reunido com os conjurados para articular a rebelião. Ele incorporou-se aos sediciosos justamente na expectativa de se livrar dos débitos, caso o movimento fosse vitorioso. Na presença do governador, Silvério dos Reis traiu os companheiros e delatou a conspiração, em troca do perdão de suas dívidas. Informados da conspiração, o governador da província mandou prender os acusados. Onze dos acusados receberam como sentença o degredo perpétuo nas colônias portuguesas na África. Só Tiradentes teve sua pena de morte mantida. Tiradentes foi enforcado em praça pública. Sua cabeça foi cortada e levada até a cidade de Vila Rica, para ser pregada no alto de um poste. O resto do corpo foi dividido em quatro partes e pregadopelo resto dos caminhos das minas gerais. Conjuração ou Inconfidência Mineira (1789) Tiradentes Esquartejado, 1893, Pedro Américo de Figueiredo e Melo (Pintor Brasileiro, 1843-1905), óleo sobre tela, 270 x 165 cm Conjuração baiana Também conhecida como Revolta dos Alfaiates, a Conjuração Baiana foi uma revolta social de caráter popular ocorrida na Bahia em 1798. Teve uma importante influência dos ideais da Revolução Francesa. Além de ser emancipacionista, defendeu importantes mudanças sociais e políticas na sociedade. Causas: - Insatisfação popular com o elevado preço cobrado pelos produtos essenciais e alimentos. Além disso, reclamavam da carência de determinados alimentos. - Forte insatisfação com o domínio de Portugal sobre o Brasil. O ideal de independência estava presente em vários setores da sociedade baiana. Líderes: - Um dos principais líderes foi o médico, político e filósofo baiano Cipriano Barata. - Outra importante liderança, que atuou muito na divulgação das ideias do movimento, foi o soldado Luís Gonzaga das Virgens. - Os alfaiates Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nascimento. Quem participou: - O movimento contou com a participação de pessoas pobres, letrados, padres, pequenos comerciantes, escravos e ex-escravos. A Revolta: A revolta estava marcada, porém um dos integrantes do movimento, o ferreiro José da Veiga, delatou o movimento para o governador, relatando o dia e a hora em que aconteceria. O governo baiano organizou as forças militares para debelar o movimento antes que a revolta ocorresse. Vários revoltosos foram presos. Muitos foram expulsos do Brasil, porém quatro foram executados na Praça da Piedade em Salvador. (http://www.historiadobrasil.net/conjuracao_baiana.htm, data de acesso: 01/05/2016) O processo de independência Durante as Guerras Napoleônicas, D. João VI foi obrigado a refugiar-se no Brasil: 1808 = família real no Brasil A transferência da Corte eliminou o monopólio comercial, ao mesmo tempo em que se criava no Brasil todo um aparelho de Estado. A família real sob a proteção da esquadra inglesa. Principais medidas de Dom João VI: a-) abertura dos portos às nações amigas (28 de janeiro de 1808) põe fim ao monopólio metrópole – colônia; b-) revogou a proibição imposta em 1785 (Alvará de D. Maria I), de se instalarem indústrias e manufaturas no Brasil (1º de abril de 1808); c-) Tratados de 1810 com a Inglaterra: Tratado de Comércio e Navegação / Tratado de Aliança e Amizade. Presença da família real no Brasil Banco do Brasil Junta do comércio Junta da agricultura e navegação Escola-médico cirúrgica da Bahia Academia de Belas Artes Academia militar Imprensa Régia Missão Artística Francesa (1816): Jean Baptiste Debret Conquista da Guiana Francesa (1809) Anexação da província Cisplatina (independente novamente em 1828: Uruguai) Elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal (1815) Revolução Liberal do Porto (1820) 1821: D. João VI retorna à Portugal, levando consigo a corte e a alta administração, e deixando como regente o príncipe D. Pedro. (Mackenzie – SP) Pode (m) ser considerado (s) característica (s) do governo joanino no Brasil: a) O desenvolvimento da Indústria brasileira graças às altas taxas sobre produtos importados. b) A redução dos impostos e o controle do déficit em função da austera política econômica praticada pelo governo. c) O não-envolvimento em questões externas sobretudo de caráter expansionista. d) A assinatura de tratados que beneficiavam a Inglaterra e o crescimento do comércio externo brasileiro devido a extinção do monopólio. e) A total independência econômica de Portugal com relação à Inglaterra em virtude de seu acelerado desenvolvimento industrial. O caminho da Independência A família real no Brasil produziu uma estrutura administrativa e dotou o Brasil de relativas autonomias As Cortes de Lisboa queriam o retorno à situação de colônia A regência de D. Pedro: - O “dia do fico” (9 de janeiro de 1822) - Tropas portuguesas que se recusaram a apoiar o príncipe regente viram-se obrigadas a deixar o Brasil. - (Agosto) Decretos de D. Pedro anunciando a independência do Brasil, mas ressaltando que o Brasil continuaria como reino-irmão de Portugal. Aos grandes proprietários, senhores de escravos, era dada a garantia de que não ocorreriam grandes mudanças na estrutura social e no sistema de trabalho. Questão Depois da Revolução de 1820, as Cortes adotaram uma posição liberal e recolonizadora em relação ao Brasil. Essas posições (as chamadas políticas das Cortes) provocaram uma série de reações com as quais identificamos os seguintes acontecimentos: a) A volta de D. João VI à Portugal e a elevação do Brasil a Reino Unido. b) A elevação do Brasil a Reino Unido e a abertura dos portos as nações amigas. c) A decisão de D. Pedro de permanecer no Brasil e a revolta das tropas portuguesas aquarteladas no Rio de Janeiro. d) A abertura dos portos as nações amigas e a volta de D. João VI à Portugal. Independência ou morte, por Pedro Américo, 1888. “Os homens que dirigiram o movimento de independência do Brasil estavam empenhados em manter a ordem, evitar a anarquia e combater os ‘excessos’ do povo”. Emília Viotti da Costa
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